Unicórnios com ADN português já valem mais de 34 mil milhões de euros

São já seis os unicórnios com sangue nacional, que, em conjunto, atingem uma avaliação de mais de 34 mil milhões de euros, segundo as contas do ECO.

Já há mais um unicórnio com ADN português. É a Sword Health, que se junta agora ao “clube” composto pela Farfetch, Outsystems, Feedzai, Talkdesk e Remote, empresas com origem portuguesa que atingiram uma avaliação de mil milhões de dólares. Em conjunto, estes unicórnios que tiveram um dedo nacional na sua criação já valem cerca de 38,5 mil milhões de dólares (34,2 mil milhões de euros).

Este valor corresponde, por exemplo, a 16% do PIB de Portugal (que é cerca de 204 mil milhões de euros, segundo os últimos quatro trimestres disponíveis). Já comparando com o PSI-20, o índice de referência da bolsa de Lisboa, o conjunto dos unicórnios com ADN português traduz-se em 44% do valor do índice (aproximadamente 75 mil milhões de euros, de acordo com os dados da Reuters).

A SwordHealth, criada em 2015 pelo português Virgílio Bento, é então o unicórnio mais recente, que anunciou esta segunda-feira que fechou uma ronda de investimento série D de 189 milhões de dólares. Após esta operação, a startup portuguesa, que criou a primeira solução digital para o tratamento de patologias músculo-esqueléticas, ficou avaliada em dois mil milhões de dólares, atingindo assim este estatuto.

O agora sexto unicórnio nacional foi a terceira empresa com ADN português a atingir estatuto unicórnio este ano. Em março, foi a vez da Feedzai, fundada por Nuno Sebastião, que levantou uma ronda Série D de 200 milhões e ganhou este estatuto, sendo que viu a suaavaliação subir para mais de 1.000 milhões de dólares. Agora, a empresa que desenvolve a tecnologia que ajuda bancos e outras empresas financeiras a prevenir fraudes em pagamentos, lavagem de dinheiro e outros tipos de iniciativas ilícitas, através de inteligência artificial e machine learning, vale cerca de 1,5 mil milhões de dólares, de acordo com informação partilhada pela empresa em outubro.

A Remote foi o outro unicórnio de 2021, ao fechar uma ronda de financiamento de 150 milhões de dólares (126,4 milhões de euros) em julho. A empresa, que tem o português Marcelo Lebre como um dos fundadores, ficou a valer mais de mil milhões de dólares e tornou-se, assim, oficialmente um unicórnio.

O clube de unicórnios com origem portuguesa conta também com outras três empresas. O primeiro unicórnio de todos com sangue nacional foi a Farfetch, fundada por José Neves, que entrou na bolsa de valores de Nova Iorque em setembro de 2018. A retalhista de luxo tem uma capitalização bolsista que a coloca nos 14,57 mil milhões de dólares, segundo os dados mais recentes da Reuters.

Ações da Farfetch valem cerca de 35 dólares

O segundo unicórnio com ADN português foi a OutSystems, fundada por Paulo Rosado, que atingiu este estatuto em 2018. A empresa, que é líder de mercado no desenvolvimento de software low-code, levantou um investimento de mais de 150 milhões em fevereiro deste ano, o que fez elevar a avaliação para 9,5 mil milhões de dólares.

Finalmente, a Talkdesk completa este grupo de unicórnios portugueses. A empresa nasceu em Lisboa em 2011, pelas mãos de Cristina Fonseca e o Tiago Paiva, e tem uma avaliação de 10 mil milhões de dólares, atingida após uma ronda de investimento de 230 milhões de dólares a 12 de agosto.

(Notícia atualizada a 24 de novembro com correção da valorização da Feedzai com informação de outubro)

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Portugueses endividam-se ao ritmo mais rápido em 12 anos

O montante de empréstimos dos portugueses cresceu 3,1% em setembro deste ano, o ritmo mais elevado desde março de 2009. Porém, o stock continua longe dos valores da crise financeira.

O endividamento dos particulares cresceu 3,1% em setembro, em termos homólogos, o ritmo mais elevado desde março de 2009 (3,38%). Os números divulgados pelo Banco de Portugal esta segunda-feira mostram que o ritmo a que os portugueses têm contraído mais dívida acelerou desde que acabou o confinamento do início deste ano.

Apesar de ter acelerado, a taxa de crescimento do endividamento dos particulares ainda não atingiu os níveis registados durante a anterior crise financeira de 2008/2009. O primeiro valor do banco central registado nesta série é o de dezembro de 2008 e nessa altura a taxa era de 5,1%. Não é possível recuar mais na série do Banco de Portugal.

Desde então, o indicador registou uma forte desaceleração até junho de 2011, altura em que Portugal pediu ajuda financeira internacional. Nesse mês a taxa de crescimento foi negativa, ou seja, o volume de empréstimos dos portugueses começou a cair — houve mais reembolsos do que nova dívida a ser contraída — e assim se manteve durante seis anos, até 2017, ano em que inverteu.

Até à pandemia o ritmo foi crescendo, mas nunca chegou a valores expressivos. No final de 2019, mesmo antes do impacto da crise pandémica, os empréstimos dos particulares estavam a crescer 1%, em termos homólogos. Foi já com a Covid-19 em terreno nacional que o ritmo acelerou para 2% e agora para 3%, como mostra o gráfico.

Endividamento dos portugueses cresce ao ritmo mais rápido em 12 anos

Fonte: Banco de Portugal.

Ainda que este crescimento dos empréstimos a particulares seja expressivo em termos históricos, o stock de dívida dos particulares continua bem abaixo dos valores registados em 2011. Atualmente, os portugueses têm uma dívida de 146,6 mil milhões de euros, o valor mais elevado desde setembro de 2014 (146,5 mil milhões de euros).

Porém, está longe dos 165,8 mil milhões de euros registados em junho de 2011, o primeiro mês para o qual o banco central apresenta estes dados. É ainda uma diferença de quase 20 mil milhões de euros. Face ao valor mais baixo dos últimos anos, que foi de 138 mil milhões de euros em 2017, a diferença face ao valor atual é de oito mil milhões de euros.

Stock de empréstimos dos portugueses está em máximos de 2014

Fonte: Banco de Portugal.

Os dados do banco central indicam que é o crédito à habitação, num ambiente de subida generalizada do preço das casas em Portugal, que está a dar gás ao endividamento dos particulares. Os empréstimos para a compra de casa cresceram 3,74% em setembro, em termos homólogos, atingindo o valor mais elevado desde dezembro de 2008 (4,3%).

Porém, mais uma vez, o stock de crédito à habitação dos portugueses não se assemelha aos valores registados no passado. Após ter atingido os 96,7 mil milhões de euros em dezembro de 2019, o valor mais baixo da série, o stock subiu até aos 100 mil milhões de euros em plena pandemia. Contudo, este volume continua a cerca de 25 mil milhões de euros do que se registava em junho de 2011.

Peso dos empréstimos no PIB está longe dos valores do passado

A evolução do stock de empréstimos dos particulares em percentagem do PIB mostra uma conclusão semelhante. O indicador é mais sensível à evolução da economia, a qual contraiu muito em 2020 para agora recuperar em força. Como resultado, o peso no PIB atingiu os 72,5% no primeiro trimestre de 2021, mas já aliviou para 70,95% no terceiro trimestre.

Este valor fica a cerca de cinco pontos percentuais dos 65,35% registados no quarto trimestre de 2019 — o valor mais baixo da série do Banco de Portugal que arranca em 2007 –, antes da pandemia, mas o PIB também ainda não recuperou totalmente do impacto da Covid-19.

O valor atual, praticamente 71%, é o mais elevado desde o quarto trimestre de 2017, mas será preciso esperar pelos próximos trimestres para perceber se o ritmo de crescimento dos empréstimos dos particulares é consistentemente superior ao crescimento do PIB. Acresce que o rácio continua longe dos 94% — a cerca de 24 pontos percentuais — registados no quarto trimestre de 2009.

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Presidente da República diz que “já é tarde” para conceder indulto a Rendeiro

  • Lusa
  • 22 Novembro 2021

“O indulto tem que ser pedido pelo próprio até 30 de julho", disse o Marcelo Rebelo de Sousa, antes de acrescentar que “nesta altura, em novembro, já é tarde”.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse esta segunda-feira que “já é tarde” para o ex-presidente do Banco Privado Português (BPP) João Rendeiro pedir indulto para regressar a Portugal, adiantando que “não é possível sequer examinar”.

O indulto tem que ser pedido pelo próprio até 30 de julho – já passou – e depois tem de ter acompanhado o processo pelo Tribunal de Execução de Penas. Passa por pareceres vários, […] pela posição da ministra da justiça e pela decisão do Presidente [da República]”, indicou à CNN Portugal o chefe de Estado.

Ao canal de televisão de informação, Marcelo Rebelo de Sousa vincou que “nesta altura, em novembro, já é tarde” para o ex-banqueiro solicitar indulto presidencial.

“Não é possível sequer examinar, porque há muitos outros que estão em fila e [devemos] respeitar o prazo”, atentou.

O ex-presidente do Banco Privado Português (BPP) João Rendeiro disse que só regressa a Portugal “se for ilibado ou com indulto do Presidente [da República]”, numa entrevista ao canal CNN Portugal, que arrancou a emissão às 21:00 desta segunda-feira.

Na entrevista que poderá ser vista na íntegra naquele canal de televisão de informação, João Rendeiro convoca Marcelo Rebelo de Sousa, ao citar a possibilidade de um indulto presidencial, mesmo admitindo ser “quase impossível”.

A concessão de indultos de penas é uma competência exclusiva do Presidente da República, que decide após uma audição prévia do Governo, de acordo com os poderes previstos na Constituição da República.

À CNN Portugal, o antigo presidente do BPP considerou-se injustiçado e comparou o seu caso com o do antigo presidente do Banco Espírito Santo (BES) Ricardo Salgado, que disse estar “protegido pelo sistema”.

Como nunca paguei nada a ninguém e não tenho segredos de Estado, sou um poderoso fraco”. Salgado “segue com a sua vida tranquila em Lisboa”, disse na entrevista que foi feita em colaboração com o jornal Tal e Qual.

Segundo a CNN Portugal, no seu ‘site’ oficial na Internet, o paradeiro de João Rendeiro permanece desconhecido, adiantando que o ex-banqueiro foi entrevistado “à distância e através de tecnologias” escolhidas “para proteger rastos de localização”.

O antigo presidente do BPP, condenado no final de setembro a três anos e seis meses de prisão efetiva num processo por burla qualificada, está em parte incerta após ter fugido à justiça.

O colapso do BPP, banco vocacionado para a gestão de fortunas, aconteceu em 2010, já depois do caso BPN e antecedendo outros escândalos na banca portuguesa.

O BPP originou vários processos judiciais, envolvendo burla qualificada, falsificação de documentos e falsidade informática, bem como processos relacionados com multas aplicadas pelas autoridades de supervisão bancária.

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Ranking Corretoras de seguros: Top 20 cresce lucros 27% em ano Covid. MDS continua líder

  • ECO Seguros
  • 22 Novembro 2021

Com margem liquida de 26,1 milhões de euros, as corretoras passaram o primeiro ano de pandemia Covid-19 a aumentar receitas e lucros . Veja a lista das 20 maiores.

As 20 maiores corretoras em Portugal faturaram 165 milhões de euros em 2020 e obtiveram resultados líquidos de 26,1 milhões.

As 20 maiores corretoras em Portugal cresceram as suas receitas em 8% e os lucros em 27% durante o ano de 2020, de acordo com uma pesquisa realizada por ECOseguros por consulta aos relatórios e contas das empresas. No ano passado a MDS manteve a liderança entre as corretoras com receitas de 28,8 milhões de euros, mas a Sabseg, tradicional segunda maior do ranking, cresceu 25% para 26,3 milhões de euros e ficou mais perto de ser nº1.

Em ano de pandemia, as 67 corretoras autorizadas a operar pela ASF, entidade supervisora do setor segurador, realizaram 12,2 % das vendas de seguros em Portugal o que significa que receberam comissões sobre um valor superior a 1.200 milhões de euros de prémios, para além de outras receitas em prestação de serviços como aconselhamento e consultoria de risco. As 20 maiores atingiram uma faturação de 165 milhões de euros, valor superior em 8% ao realizado em 2019. No entanto, o conjunto dos resultados líquidos cresceu 27% para 26,1 milhões de euros, produzindo uma rentabilidade líquida de vendas de 15,8% superior aos 13,5% de um ano antes.

Os corretores de seguros são empresas independentes de qualquer companhia de seguros, nem podem ter qualquer relação com elas e essa é uma condição essencial. São obrigados a consultar várias seguradoras e baseiam a sua atividade numa análise imparcial de um número suficiente de contratos de seguro disponíveis no mercado que lhe permita aconselhar o cliente tendo em conta as suas necessidades específicas. Embora a sua mais valia se manifeste melhor em empresas na avaliação de riscos e otimização dos seus contratos de proteção com as seguradoras, também servem particulares. Com um capital mínimo de 50 mil euros, têm normalmente maior dimensão que os agentes e necessitam de dispor de recursos humanos com formação para exercerem funções chave na organização.

Podem ainda ser distinguidas, no top 20 nacional, as empresas que pertencem a grandes grupos de corretagem internacional como a AON, Marsh, Willis Towers Watson, Verlingue e Verspieren o que lhes permite usufruírem de negócio através de alinhamentos internacionais das casas -mãe, podem pertencer a grupos económicos como a Empremedia (grupo Navigator) ou serem totalmente independentes de capital como a Sabseg e Villas Boas ACP, e até familiares como a F. Rego, Costa Duarte ou João Mata.

Receitas líquidas alteram ranking de receitas brutas

Questão discutida entre os corretores é o facto de as próprias empresas controlarem empresas mediadoras satélites, com ligações ou não de capital. Tal implica que a corretora ceda parte da sua receita de comissões a outros, podendo significar uma grande diferença. Por exemplo a líder MDS cedeu, representando custo, perto de 9 milhões de euros de comissões a outros e a Sabseg 5,2 milhões. Se forem descontadas estas comissões e valorizadas apenas as receitas diretas das empresas a Sabseg seria líder este ano. Também Villas Boas ACP, F.Rego e Verlingue cedem elevado valor de comissões. Pelo contrário outras corretoras poucas comissões atribuem a fornecedores externos como a Willis, Costa Duarte ou Cegrel.

No entanto, dada a dificuldade de distinguir contabilisticamente receitas e conceitos de comissões e trabalhos especializados, ECOseguros segue um modelo internacionalmente normalizado de considerar no ranking o volume de negócios bruto de cada uma das sociedades corretoras autorizadas a operar.

Em relação ao ranking de 2019, o ano passado não trouxe mudanças significativas até ao 8º lugar embora com alguns comportamentos díspares. A MDS manteve a liderança crescendo 7%, menos que a Sabseg (+25%), AON (+13%), Marsh (+9%) e Verlingue, ex-Luso Atlantica (+8%).

A Costa Duarte cresceu 7% mas passou para o 9º lugar por troca com a Melior, ex-Atlas, que decresceu vendas em 2%. Para além desta, no top 20 houve mais cinco empresas a registarem quebra de faturação: Villas Boas ACP (-8%), a Verspieren (-14%), a Corbroker (-18%), a Empremedia (-2%) e a Cegrel (-1%).

Os lucros líquidos das corretoras registaram aumento significativo em 2020 e no conjunto do top 20 houve, por exemplo, aumentos de 2,5 vezes na Sabseg, para mais dobro na AON, 765% na Universalis e de 457% na Secose.

Veja a lista:

 

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Seguros marítimos sofrem com portos e terminais de contentores entupidos

  • ECO Seguros
  • 22 Novembro 2021

Congestionamento de cadeias logísticas amplifica riscos tomados pelas seguradoras. Preços e pressão nas redes de abastecimento podem comprometer a recuperação económica, coincidem seguradoras e ONU.

O mercado de seguro marítimo, excluindo o segmento P&I, cresceu globalmente 6,1% em 2020, beneficiando do efeito combinado da ampliação na base de prémios, taxas de sinistralidade excecionalmente baixas (devido a menor atividade marítima) e sinais de reativação económica “pós-pandemia”. No fecho de 2021, o panorama tornou-se incerto.

O recente IUMI Stats Report 2021, publicado pela União Internacional de Seguros Marítimos (International Union of Marine Insurance), reúne dados da própria associação e outras fontes para indicar que o volume global de prémios de seguro marítimo alcançou 30 mil milhões de dólares em 2020, com evolução positiva em todas as linhas de seguro, excetuando coberturas Proteção e Indemnização (P&I).

A Europa, com 47,7% do seguro contratado continuou maior região de subscrição, seguida da Ásia Pacífico (29,3%), América Latina (9,3%) e América do Norte (7,7%), com restante 6% em “outros”. O setor de carga gerou 17,2 mil milhões ou 57,2% do total e o seguro de casco representou 23,8% (7,1 mil milhões de dólares), o setor energia offshore 12,1% e a responsabilidade marítima (excluindo P&I pelo International Group of P&I Clubs) gerou 6,8%. Em termos absolutos, o incremento global refletiu crescimentos das trocas globais de bens, valores e variação no efetivo da frota.

No entanto, refere a IUMI, o início de 2021 já sinalizava que a manutenção da tendência “é incerta.”

O cenário de incerteza quanto à sustentabilidade da tendência também surge numa lista de tópicos (regulação ambiental, descarbonização no shipping e cibersegurança, entre outros) que – segundo resultados de inquérito apresentado em outubro no Global Maritime Issues Monitor 2021 (publicado pela corretora Marsh em parceria com a IUMI) – terão maior impacto na indústria marítima na próxima década, especialistas de diversas seguradoras apontam agora fatores e riscos que concorrem para ventos incertos.

No mesmo sentido, quando se avalia o grau de preparação do setor transporte marítimo relativamente a questões ambientais e a digitalização, manifesta-se preocupação. À medida que a inteligência artificial vai integrando os sistemas de gestão das operações logísticas e os sistemas de condução autónomos se tornam mais omnipresentes em cada modo de transporte, “todo o ecossistema do movimento de mercadorias irá evoluir”, sinaliza Elisabeth Case, Silent Cyber Leader, US & Canada Cyber Practice, Marsh. “O setor marítimo será afetado de múltiplas formas, incluindo a interoperabilidade dos sistemas de reserva e expedição de carga e os conhecimentos de embarque” eletrónicos (bill of lading), desenvolve a especialista de cyber.

“Estes desenvolvimentos podem alterar a responsabilidade levando à necessidade de adquirir novos e ou alargar programas de seguros que se alinhem com nova regulamentação,” afirma Case citada no Maritime Issues Monitor 2021.

De resto, conforme adverte o IUMI Stats Report 2021, dado que a mudança climática está a aumentar a probabilidade de eventos catastróficos de origem natural. Esta ameaça, conjugada com a grande acumulação de carga em terminais portuários, recomenda que as seguradoras façam monitorização mais atenta dos seus “níveis de exposição”.

Por fim, atualizando uma base de dados pela primeira vez disponibilizada em 2020 e que continua em construção, a União Internacional de Seguros Marítimos indica que, com informação de 25 países, já tem cadastro de 9 mil sinistros totalizando 14 mil milhões de dólares em perdas. Estes números, que abrangem período desde 2013, englobam sinistros identificados com base em cinco indicadores estatísticos (data do sinistro; ano da apólice; perdas incorridas; tipo de dano e modo de transporte).

Entupimento de portos e terminais de carga preocupa seguradores

Num artigo retirado da edição de dezembro Best’s Review, publicação mensal da agência de notação A.M. Best, especialistas de (re)seguradoras globais adiantam explicações. Os estrangulamentos na cadeia global de abastecimento nos últimos 12 meses como efeito da pandemia colocou o seguro marítimo em “águas agitadas”, segundo Alex Berisha, gestor de seguros de carga marítima na Liberty Mutual (EUA).

“Uma questão que emergiu em resultado de problemas na cadeia de abastecimento é a exposição agregada de navios à espera de chegar aos portos de destino e a acumulação carga nos terminais,” reforçou Tom Nasso, head of Ocean Marine no grupo Ascot, acrescentando que os preços e a inflação social têm o seu impacto, como aconteceu no caso do furacão Ida, que deixou “grande número de embarcações a precisarem de ser reparadas,” a inflação já afetava o custo da mão-de-obra e dos materiais. Por outro lado, “a inflação social também está a influenciar o risco de responsabilidade marítima.”

Para Ralph Salce, vice-presidente para a área Ocean Marine na seguradora Tokio Marine America, o congestionamento de carga em vários portos dos Estados Unidos durante longos períodos é principal preocupação para a maioria das seguradoras marítimas neste momento. A acumulação de risco pode significar agravamento de despesa, uma vez que várias apólices em conjunto podem gerar números enormes em termos de perdas por sinistro.

Sean Dalton, vice-presidente executivo e responsável pela área de marinha na Munich Re (EUA), referiu que os valores segurados estão a aumentar como resultado da inflação, da procura e do aumento do preço dos fretes, em particular para carga contentorizada, atualmente em níveis recorde. “Catástrofes naturais, incêndios recorde de navios de carga, perdas de contentores ao mar, remoção de destroços e inflação social são perdas crescentes para seguradoras e resseguradoras marítimas.” Os prémios de resseguro marítimo estão a subir, e, numa perspetiva ajustada ao risco, as taxas acompanham esse movimento. “Os resseguradores marítimos fazem parte de empresas de (re)seguros de bens e acidentes de maior dimensão. Como tal, são afetadas pelos seus resultados, e espera-se que tenham um bom desempenho e que melhorem consistentemente o seu negócio,” detalhou Dalton no artigo da Best’s Review.

Perspetivas da Unctad: Riscos e incerteza nos preços (CiF e FoB)

À medida que a economia global se aproxima do seu “normal”, há sinais otimistas para o comércio marítimo, assume a organização mundial para o Comércio e o Desenvolvimento (Cnuced). Apontando perspetiva positiva para o curto prazo, “alguns dos impactos e legados da pandemia poderão prolongar-se,” admite a Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Cnuced, Unctad na sigla em inglês) no seu recente Review of Maritime Transport – 2021.

A organização projeta um aumento de 4,3% do volume de carga marítima em 2021, excedendo os níveis de 2019, esperando que a carga contentorizada cresça 7,7%. Para os próximos cinco anos (2022-2026), o total do comércio marítimo deverá crescer 2,4% ao ano – em comparação com 2,9% na média das duas décadas anteriores.

Referindo previsões do Fundo Monetário Internacional de que o comércio marítimo irá moderar, em 2021, acompanhando o comportamento da economia global (pib), a Unctad recorda que “as perspetivas económicas globais melhoraram até finais de 2020, apoiadas pelo lançamento de vacinas em regiões avançadas, (…).” Apesar de otimismo moderado, a Unctad adverte que, embora as tendências emergentes sejam encorajadoras, “a incerteza persiste uma vez que a sustentabilidade da recuperação nascente, frágil e divergente depende do percurso da pandemia e uma implementação mais ampla de vacinas em todo o mundo.”

A intensificação da pressão sobre estrutura de custos, ineficiências, e vulnerabilidades na cadeia de abastecimento marítimo, impulsionada principalmente pela perturbação da COVID-19 e os seus efeitos de arrastamento na navegação e nos portos, pode continuar a perturbar as cadeias de abastecimento e prejudicar a recuperação económica, admite a Unctad.

A manter-se, o aumento atual das taxas de frete marítimo para contentores poderá impulsionar os preços globais de importação em 11% e os níveis de preços ao consumidor em 1,5% até 2023. Este aumento no preço dos fretes “terá um profundo impacto no comércio e prejudicará a recuperação socioeconómica, especialmente nos países em desenvolvimento, até que as operações de transporte marítimo regressem ao normal”, afirma Rebeca Grynspan, secretária-geral da Unctad, citada numa fonte externa ao documento.

Além de responder a fatores do mercado global, tais como uma forte procura de transporte marítimo, oferta limitada e escassez de contentores, “os custos de transporte marítimo em itinerários específicos são também determinados por fatores estruturais, incluindo infraestruturas portuárias, medidas de facilitação do comércio e conectividade dos transportes marítimos regulares,” lê-se no relatório acabado de divulgar pela Unctad.

Além das flutuações induzidas pela pandemia, esses fatores, como os preços Cif (cost+insurance and freight) e Fob (free-on-bord) , os mais comuns no comercio internacional, “podem ter um maior impacto nos custos de transporte e comércio competitividade a longo prazo,” explica a organização que, para avaliar as flutuações de preços do transporte marítimo, tem em desenvolvimento uma plataforma (Global Transport Costs Dataset for International Trade-GTCDIT) já acessível online mas que, atualmente, ainda só permite a consulta de dados (preços e itinerários internacionais de comércio e bens) relativos a 2016.

Pandemia obrigou a rever Convenção do Trabalho Marítimo

Com a pandemia e os efeitos da crise sanitária sobre as tripulações do transporte marítimo (e aéreo), um conjunto de organizações internacionais (OMS, OIT, OMI e ICAO) emitiu, em março de 2021, uma declaração conjunta assegurando condições de vacinação prioritária (de marinheiros e tripulantes de aeronaves). Por essa altura, depois de 400 mil marinheiros serem apanhados no mar pela crise sanitária emergente, 200 mil dos quais confinados a bordo de navios para além da expiração dos seus contratos, a IMS (sigla anglo-saxónica por que é designada a Câmara Internacional da Marinha Mercante), emitiu um conjunto de recomendações de boas práticas (também dirigidas aos P&I Clubs) e que passaram a constituir regras para a proteção e um seguro para os homens do mar, com responsabilidade atribuída aos empregadores (armadores e operadores) ao nível de indemnizações por hospitalização, morte decorrentes de ameaças como a pandemia.

Para solucionar a situação de “trabalhos forçados” em que se encontravam centenas de milhares de marinheiros confinados em navios, as agências das Nações Unidas promoveram, através da OIT (ILO) emendas à Convenção de Trabalho Marítimo (MLC – Maritime Labour Convention 2006, as amended) revendo direitos do pessoal embarcadiço e fornecendo também aos operadores dos navios, transitários e proprietários de carga os instrumentos necessários para procedimentos de due diligence aplicáveis a toda a cadeia de abastecimento, explica a Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Cnuced ou Unctad).

Essas orientações, produzidas pelas agências da ONU no âmbito da MLC, têm como objetivo identificar, prevenir, mitigar e abordar impactos adversos dos direitos humanos para os marítimos afetados pela crise de COVID-19.

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Rio recomenda “curso intensivo” a Rangel. Eurodeputado responde que “não concorre para vice-primeiro-ministro”

Rangel diz que é possível ter "uma maioria estável" e acusa Rio de estar a "concorrer para vice primeiro-ministro". O atual líder do PSD recomendou um "curso intensivo" ao eurodeputado.

Paulo Rangel está confiante de que é possível ter “uma maioria estável” e, por isso, apela ao voto útil no PSD. Em entrevista à RTP, o eurodeputado atira contra Rio dizendo que “ao contrário de outros” não está a “concorrer para vice primeiro-ministro”. Em resposta, o atual presidente do PSD diz que Rangel “vai ter que fazer um curso intensivo” caso vença as diretas dos sociais-democratas e, consequentemente, seja candidato a primeiro-ministro.

“Estou convencido de que pode haver uma maioria estável”, apontou Paulo Rangel, referindo que “o voto do PS é inútil” e apelando ao voto nos sociais-democratas nas legislativas, marcadas para 30 de janeiro. Nesse sentido, o eurodeputado, que tal como Rui Rio, entregou esta segunda-feira a formalização da candidatura à liderança do PSD, diz que pretende que o partido seja “uma alternativa clara, com rumo, com visão”.

O eurodeputado garante que caso vença as eleições diretas do PSD, no próximo sábado, se vai “apresentar como um alternativa clara ao PS”. “Temos que pôr o país a crescer e a crescer fortemente”, sinaliza. Para o efeito, Rangel considera ser necessário “fazer uma reforma fiscal” através da redução do IRC e, na medida do possível, de um alívio no IRS, bem como fazer reformas na justiça e na Administração Pública que “apontem para a economia digital”, com o intuito de “simplificar e tornar mais céleres os processos administrativos quer os processos judiciais”.

Paulo Rangel aproveitou ainda para acusar Rui Rio de ser “um líder do sistema” e de estar a “concorrer para vice primeiro-ministro”. “Ao contrário de outros não estou a concorrer para ser vice-primeiro ministro” atirou.

O atual líder dos laranjas não deixou Paulo Rangel sem resposta, sinalizando que “a maior diferença” entre os dois candidatos “é evidentemente a preparação para o cargo de primeiro-ministro”. Nesse sentido, Rui Rio salientou que está há quatro anos à frente do partido, dos quais dois a preparar-se para as eleições. “Paulo Rangel vai ter de fazer um curso intensivo. É dificílimo alguém se conseguir preparar para primeiro-ministro num espaço tão curto de tempo”, ripostou Rui Rio.

E se Paulo Rangel está confiante de que é possível ter maioria absoluta, Rui Rio não descarta vir a governar com o PS, em nome do “interesse nacional”, mas deixa o aviso: “Da minha parte não há apoios grátis, nem eu estou a contar com apoios grátis da parte do CDS, da Iniciativa Liberal ou do Partido Socialista”, rematou.

Por fim, o atual líder dos sociais-democratas referiu ainda que é necessário “mudar a política económica do país”, que, na sua perspetiva, “canaliza o crescimento económico através do consumo público e consumo privado” e “não é capaz de produzir mais e melhor” nem de melhorar os salários. Nesse sentido, Rio defende uma “política económica de apoios para as pequenas e médias empresas” e que não desequilibre a balança de pagamentos.

(Notícia atualizada pela última vez às 22h25)

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Marcelo prevê visitar Moçambique e Dubai em janeiro

  • Lusa
  • 22 Novembro 2021

Durante o mês de janeiro, depois de ser operado a uma hérnia, o Presidente da República prevê ir à Expo no Dubai e a Moçambique.

O Presidente da República anunciou esta segunda-feira que, durante o mês de janeiro, prevê ir à Expo no Dubai e a Moçambique, além abrir o ano judicial e receber “todos” os diplomatas portugueses e estrangeiros.

Falando aos jornalistas depois de ter participado numa conferência organizada pelo ISCTE, intitulada “O futuro do trabalho visto pelos jovens”, Marcelo Rebelo de Sousa começou por antecipar a sua deslocação a Luanda este fim de semana, salientando que se trata “de um convite que estava pendente no quadro da CPLP”.

“[É] uma bienal de debate com jovens, sobre a CPLP e o futuro, e os desafios, económicos, sociais e políticos do futuro. Era para ter sido em outubro, e foi adiada para agora. E, portanto, eu tinha dito que ia, vou”, salientou.

Projetando a sua agenda para o mês de janeiro, Marcelo Rebelo de Sousa referiu que, como todos os anos, irá receber “todos” os diplomatas portugueses e estrangeiros, além de “abrir o ano judicial”.

“Terei pelo meio também, porventura, uma ida à Expo Dubai, (…) e tenho um convite do Presidente de Moçambique que já vem de trás, foi adiado por causa da pandemia, para ir a Moçambique no final de janeiro”, salientou.

Marcelo Rebelo de Sousa desloca-se, entre 26 e 29 de novembro, a Angola, onde participará na Bienal de Luanda “Fórum Pan-Africano para a Cultura de Paz”, uma iniciativa conjunta da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), a União Africana (UA) e o Governo de Angola”.

Marcelo Rebelo de Sousa fez uma visita de Estado a Angola de quatro dias em março de 2019, retribuindo idêntica visita do presidente Angola, João Lourenço, a Portugal, três meses antes.

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Bolsas norte-americanas mistas com subida dos juros

Os principais índices norte-americanos terminaram a sessão desta segunda-feira oscilando entre ganhos e perdas, penalizadas pela subida dos juros da dívida.

As principais bolsas norte-americanas terminaram a sessão mistas, penalizadas pela subida dos juros da dívida o dia em que Jerome Powell foi reconduzido na liderança do banco central norte-americano.

O índice de referência S&P 500 caiu 0,13%, para 4,684.47 pontos, enquanto o industrial Dow Jones avançou 0,08%, para 35.629,86 pontos. Ao mesmo tempo, o tecnológico Nasdaq recuou 1,15 %, para 15.872,31 pontos, depois de ter ultrapassado a fasquia dos 16 mil pontos na sexta-feira.

A sessão desta segunda-feira ficou marcada pela recondução de Jerome Powell na liderança da Reserva Federal norte-americana (Fed). A escolha de Joe Biden estava entre o atual presidente e a governadora Lael Brainard, que tinha inclusivamente sido entrevistada para o cargo. Com esta decisão, Powell, cujo mandato terminava em fevereiro do próximo ano, deverá continuar durante mais quatro anos à frente do banco central. As nomeações terão agora de ser confirmadas pelo Senado, controlado pelos democratas.

No entanto, a subida dos juros da dívida penalizou as cotadas ligadas ao setor tecnológico. Em contrapartida, a puxar por Wall Street estiveram ainda as cotadas ligadas ao setor petrolífero, depois de os membros da OPEP+ terem admitido que poderão ajustar os seus planos de aumento da produção no próximo mês se os países consumidores avançarem com uma ação coordenada de libertação das suas reservas estratégicas de petróleo. Neste contexto, a Chevron Corp ganhou 1,79% para 113,91 dólares, enquanto a Exxon Mobil somou 1,38% para 61,51 dólares.

Nota positiva ainda para a Vonage, que disparou 27% para 20,79 dólares, depois de Ericsson ter chegado a um acordo para comprar a empresa norte-americana por 6,2 mil milhões de dólares.

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Fatores ESG esquecidos nos planos de pensões em Portugal

  • ECO Seguros
  • 22 Novembro 2021

Muitas entidades que gerem planos de pensões na Europa consideram os riscos ambientais, sociais e de governança (ESG), indicam resultados de um inquérito em mais de 10 países, Portugal incluído.

Num setor que gere ativo total estimado em um bilião de euros (€1 trillion), a Mercer realizou levantamento junto de 850 investidores institucionais em mais de 10 países, incluindo Portugal, para descobrir como as entidades gestoras respondem às preocupações de sustentabilidade. Resultados de inquéritos analisados em documentos da série European Asset Allocation Insights 2021 (Mercer), mostram que 76% da amostra considera os riscos ESG nos planos de pensões.

A realidade é diferenciada quando se comparam países: enquanto na Bélgica 100% dos inquiridos afirmam que o fazem, em Portugal a proporção dos planos que ponderam tais riscos é de 40%.

Rui Guerra, Partner and Business Leader da área Wealth na Mercer Portugal, comenta: “Embora estejamos num momento extremamente desafiador para muitos investidores, o período de pandemia viu surgir um aumento de ativos em fundos de investimento sustentáveis em toda a Europa, inclusivamente em Portugal”.

O destacávelInvesting in the Future – Sustainable Investment Survey” revela que em certos países, entre os quais o Reino Unido, já é obrigatório o reporte dessas informações (conforme recomendações TCFD – Task Force on Climate-Related Financial Disclosures). Segundo registou o mesmo inquérito, o setor das pensões na Europa começa a ampliar o foco em fatores sociais (27%), como capital humano e direitos laborais para o próximo ano, enquanto 24% procuram direcionar as preocupações ambientais para temas como a biodiversidade.

“Apesar das questões ambientais continuarem a ser o foco principal, é interessante assistir ao facto de muitos investidores começarem a considerar o impacto social dos seus investimentos. Com a responsabilidade corporativa no topo das agendas, mais empresas querem ter um papel decisivo, apoiando questões como os direitos humanos, a igualdade de remuneração e a igualdade social,” complementa Rui Guerra.

Planos de pensões que consideraram riscos da mudança climática

Fonte: “Sustainable Investment Survey – Investing the Future” – Mercer

Na parte dedicada às questões da mudança climática e transição para uma economia livre de emissões de carbono (net-zero), o documento da Mercer (empresa do grupo Mars McLennan) refere que em cinco dos países inquiridos, mais de metade dos planos de pensões prestam atenção aos riscos colocados pela mudança climática.

Portugal apresenta percentagem nula de planos que integram riscos de investimento colocados pela mudança climática. Entre os inquiridos nos países da Europa (mais o Reino Unido) que não consideram estes riscos, a consultora refere que, de um equivalente a 54% das repostas negativas, pelo menos 24% pensam fazê-lo a partir de 2022.

A crescente importância da sustentabilidade no conjunto dos países estudados reflete-se num grande aumento de investidores “que já utilizam indexação low-carbon ou climática“, em comparação com o ano transato (26% vs 6%). O estudo conclui ainda que a grande maioria dos investidores europeus integra fatores ESG em todos os aspetos dos seus processos operativos, incluindo: seleção de gestores (83%), monitorização de investimentos (88%), reporte (79%) e alocação de ativos (64%).

“Podem ser suficientes pequenos passos para melhorar os fatores ESG nas carteiras de ativos dos investidores. A Mercer está a trabalhar com os investidores na identificação dos objetivos que fazem sentido para cada organização em específico e que possam ter um impacto relevante,” referiu ainda o partner da consultora líder global.

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Coface considera Portugal destino seguro para viajar

  • ECO Seguros
  • 22 Novembro 2021

A seguradora de crédito e avaliação de risco-país vê perspetivas positivas para 2022, mas adverte sobre riscos reais na economia, como ruturas da cadeia de abastecimento ou subida de taxas de juro.

O fundo de recuperação da UE “é crucial para apoiar as perspetivas de crescimento de Portugal que é, em percentagem do PIB, um dos maiores beneficiários do mesmo Next Generation EU, com subsídios diretos de cerca de 6% do PIB,” afirma a Coface, seguradora de crédito que há cerca de uma semana reviu em alta, para A2, a avaliação de risco-país atribuída a Portugal.

“Em termos setoriais, a hotelaria, a restauração e o turismo têm sido os setores mais duramente atingidos e estão a ter mais dificuldades em recuperar para os níveis pré-crise. Portugal está atrás da Europa na recuperação porque o turismo é um dos principais motores económicos do país; contudo, o elevado nível de vacinação (liderando a Europa com quase 90% da população alvo vacinada), irá reforçar a ideia de que Portugal é um país seguro para viajar,” salientou Bruno de Moura Fernandes, economista do Departamento de Investigação Económica da Coface.

Globalmente, tanto na Europa como em Portugal, “as perspetivas são positivas para 2022, mas não devemos esquecer que existem riscos reais para a economia, tais como ruturas da cadeia de abastecimento ou aumento das taxas de juro, caso a inflação seja duradoura.”

Enquanto as perturbações da cadeia de abastecimento e a inflação estão a abrandar, “a dinâmica da recuperação e a retoma no sector do turismo é mais lenta”, esperando-se que “as perspetivas económicas continuem a melhorar gradualmente nos próximos trimestres com o regresso progressivo dos turistas europeus,” nota a Coface.

Dormidas de não residentes já superaram a dos residentes em setembro

De acordo com as estimativas rápidas do Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre dormidas nos estabelecimentos de alojamento turístico (Atividade Turística – Setembro 2021), pela primeira vez desde o início da pandemia, as dormidas de não residentes superaram as dos residentes. O setor registou 2,1 milhões de hóspedes e 5,6 milhões de dormidas em setembro de 2021, correspondendo a aumentos de 52,3% e 58,4%, respetivamente (+35,5% e +47,9% em agosto, pela mesma ordem).

O mercado interno contribuiu com 2,6 milhões de dormidas e aumentou 26,8%, continuando a superar os níveis do período homólogo de 2019 (+15,6%). As dormidas de não residentes duplicaram face a setembro de 2020 (+100,7%) e totalizaram 3,0 milhões de dormidas, mas foram cerca de metade das registadas em setembro de 2019 (-43,9%).

No 3º trimestre de 2021, as dormidas decresceram 30,7% face ao mesmo período de 2019 (+15,8% nos residentes e -52,6% nos não residentes). Comparando com o 3º trimestre de 2020, registaram-se acréscimos de 57,1% (+31,5% nos residentes e +102,4% nos não residentes).

As dormidas registadas nos primeiros nove meses de 2021 já superaram o valor registado para a totalidade do ano de 2020.

Segundo explica o INE, as estimativas abrangem 3 segmentos de alojamento: hotelaria (hotéis, hotéis-apartamentos, apartamentos turísticos, aldeamentos turísticos, pousadas e quintas da Madeira), alojamento local com 10 ou mais camas e turismo no espaço rural/de habitação

Números do INE para os primeiros sete meses do ano indicam que a totalidade dos dezassete principais mercados emissores (de turistas) registou aumentos em julho, tendo representado 87,5% das dormidas de não residentes nos estabelecimentos de alojamento turístico neste mês. Em julho, o mercado britânico representou 13,1% do total de dormidas de não residentes, seguindo-se o espanhol (quota de 16,9%), francês (14,8%) e dos países baixos (6,3%).

Nos primeiros sete meses de 2021, registaram-se aumentos no mercado polaco (+103,8%), suíço (+35,9%) e belga (+30,2%), enquanto os restantes principais mercados registaram decréscimos.

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El Corte Inglés diz que negócio tem impacto de 0,5% no PIB nacional

  • Lusa
  • 22 Novembro 2021

O volume de negócios do El Corte Inglés fixou-se em 628 milhões de euros em 2019 e emprega 4.800 pessoas.

O negócio do El Corte Inglés, que atingiu 628 milhões de euros em 2019, tem um impacto de 0,5% no PIB nacional e gera 147 milhões de euros de receitas para os cofres públicos, divulgou a empresa, citando a Deloitte.

Em comunicado, por ocasião dos 20 anos que está a celebrar em Portugal, a empresa adiantou que o seu negócio em Portugal, gera “segundo um estudo elaborado com critérios da consultora Deloitte, um impacto no PIB [Produto Interno Bruto] nacional de 0,5%”.

Em 2019, o volume de negócios do El Corte Inglés fixou-se em 628 milhões de euros. A cadeia conta com uma área de 112.000 metros quadrados (m2) em Portugal e 4.800 empregos diretos.

O El Corte Inglés, que está a celebrar 20 anos em Portugal, recebe, anualmente, entre as lojas físicas e ‘online’, 72 milhões de visitantes.

“Perseguindo a política de inclusão e diversidade, já emprega diretamente 2,3% de colaboradores com deficiência e continua a investir na formação e integração destes profissionais”, acrescentou na mesma nota.

Por sua vez, conta com 17.000 referências de utilização e comercialização de produtos sustentáveis.

O plano estratégico da empresa prevê investimentos no desenvolvimento de soluções de comércio ‘online’ e multicanal, bem como num grande armazém no Porto.

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Lisboa vai abrir o maior centro de vacinação do país a 1 de dezembro

Carlos Moedas revela que vai nascer na FIL o maior centro de vacinação do país. "O número de utentes vai chegar mais ou menos aos seis mil, que é o dobro da capacidade que temos hoje", realça.

O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, revelou esta segunda-feira que vai abrir em Lisboa, dia 1 de dezembro, o maior centro de vacinação do país. O objetivo é duplicar a vacinação.

“Dia 1 de dezembro vamos lançar o maior centro de vacinação do país, na Fil, onde vamos ter a capacidade de duplicar o número de vacinas que damos hoje por dia. O número de utentes vai chegar mais ou menos aos seis mil, que é o dobro da capacidade que temos hoje”, disse Carlos Moedas na cerimónia de inauguração da CNN Portugal.

O autarca lisboeta adianta ainda que se somar a esta equação a vacina da gripe, a capacidade pode chegar aos nove mil utentes por dia. “Isso vai trazer grandes vantagens”.

“Estamos a trabalhar dia e noite e já fizemos visitas técnicas. Este pavilhão vai localizar-se no pavilhão quatro da FIL. Estamos muito animados e isto é uma boa notícia para Lisboa”, destaca Carlos Moedas.

Numa altura que é “preciso fazer um reforço da estrutura” de vacinação contra a Covid-19, o autarca destaca que a “melhor forma de controlar a pandemia é antecipar as medidas”.

(Notícia atualizada às 20h38 com mais informação)

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