Câmara de Lisboa aprova delegação de competências em Carlos Moedas com contributos de PS e PCP

  • Lusa
  • 25 Outubro 2021

A proposta de delegação de competências foi aprovada por maioria, com os votos a favor dos vereadores de PSD, CDS-PP, PS, Livre, PCP. BE votou contra.

O novo executivo municipal de Lisboa aprovou esta segunda-feira a delegação de competências da câmara no seu presidente, Carlos Moedas, com a aceitação de propostas do PCP e do PS, inclusive sobre venda ou alienação de património habitacional da autarquia.

Os contributos da vereação do PS, do vereador do Livre Rui Tavares e da vereadora independente Paula Marques (movimento Cidadãos Por Lisboa) na Câmara Municipal de Lisboa foram incorporados na proposta apresentada pelo presidente do executivo, o social-democrata Carlos Moedas, em que a principal alteração visa garantir que “qualquer proposta para venda ou alienação de património habitacional da autarquia, ou com uso para habitação, terá sempre de ir a reunião de câmara para ser analisada e votada por todos os vereadores”, indicou à Lusa o vereador socialista Miguel Gaspar.

“Era esta a principal prioridade política do PS nesta primeira reunião e entendemos como digno de nota o amplo consenso que mereceu”, apontou Miguel Gaspar, ex-vereador da Mobilidade, Segurança, Economia, Inovação e Proteção Civil no anterior executivo municipal de Lisboa, liderado pelo socialista Fernando Medina.

De acordo com Miguel Gaspar, que foi reeleito vereador nas eleições autárquicas de 26 de setembro, na proposta hoje aprovada “foram garantidas no essencial as mesmas condições de exercício das funções do presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML) que vigoraram nos últimos anos, seja pelo efeito da delegação de competências no presidente ou da prática política seguida pelo PS na presidência da CML”.

A proposta de delegação de competências da câmara no seu presidente foi aprovada por maioria, com os votos a favor dos vereadores de PSD, CDS-PP, PS, Livre, PCP, independentes e restantes formações políticas e com o voto contra da vereadora do BE Beatriz Gomes Dias.

Após a aprovação desta delegação de competências, o presidente da Câmara deve apresentar o despacho de distribuição de pelouros, mas o assunto não foi abordado na reunião de hoje, ainda que na sexta-feira o executivo municipal tenha aprovado a proposta sobre os vereadores em regime de tempo inteiro, fixando que são sete, exatamente o mesmo número que os eleitos pela coligação “Novos Tempos”, encabeçada por Carlos Moedas.

Em comunicado, a Câmara Municipal de Lisboa informou que a proposta final aprovada “veio a incluir alterações sugeridas pelo PS, Livre e vereadora independente Paula Marques, bem como as constantes numa proposta complementar apresentada pela CDU [coligação PCP-PEV]”, enquanto a proposta de alterações apresentada pelo BE foi rejeitada.

A proposta dos dois vereadores do PCP na Câmara Municipal de Lisboa, João Ferreira e Ana Jara, foi aprovada por maioria, com os votos contra dos vereadores de PSD e CDS-PP, e determina que, no que respeita a matéria urbanística e conexa, “todas as operações urbanísticas de que resulte acréscimo de superfície de pavimento superior a 800 metros quadrados, ao invés dos 1.800 propostos pelo PSD e CDS, terão de ser submetidas a deliberação do executivo da Câmara Municipal de Lisboa”.

Segundo os comunistas, esta questão relativa à matéria urbanística tem sido recorrente nos anteriores mandatos e tem merecido a oposição dos eleitos do PCP, “que vêem agora alterada esta situação por via da sua proposta”.

“Em termos práticos, esta alteração irá obrigar que a Câmara delibere sobre várias operações urbanísticas que, pelo seu impacto relevante, são de grande importância para a cidade. Não se repetindo a aprovação de determinadas obras sem o escrutínio da Câmara Municipal de Lisboa, permitindo corrigir a tempo erros como alguns cometidos no passado, de que é exemplo, entre outros, o projeto para o Hospital da Marinha”, realçou a vereação do PCP.

Confirmando o voto contra na proposta final de delegação de competências, a vereadora do BE Beatriz Gomes Dias disse que apresentou “um conjunto de propostas de alteração que iam no sentido da defesa da habitação pública e da transparência das decisões da autarquia”, considerando que face ao programa da coligação “Novos Tempos” (PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança), nomeadamente a proposta de venda de habitações municipais, é “errado” que o presidente tenha estes poderes alargados sem escrutínio do executivo camarário.

Beatriz Gomes Dias declarou que as alterações propostas permitiram “aumentar a transparência e o escrutínio das operações urbanísticas em Lisboa”.

Entre as alterações do BE está a competência de “alienar ou onerar bens imóveis de valor até 250 vezes a remuneração mínima mensal garantida, sempre que decorram de regulamento específico, ou de valor até 150 vezes a remuneração mensal mínima garantida nos restantes casos, salvo património que possa ter uso habitacional ou que esteja afeto à Gebalis”.

Na proposta do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, estava “alienar ou onerar bens imóveis de valor até 500 vezes a remuneração mínima mensal garantida, sempre que decorram de regulamento específico, ou de valor até 300 vezes a remuneração mensal mínima garantida nos restantes casos”, a que se juntou o contributo dos vereadores eleito pela coligação PS/Livre: “e desde que não tenham ou possam ter uso habitacional”.

Carlos Moedas foi eleito presidente da Câmara Municipal de Lisboa pela coligação “Novos Tempos” (PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança), que conseguiu 34,25% dos votos, retirando a autarquia ao PS, que liderou o executivo autárquico da capital nos últimos 14 anos.

Segundo os resultados oficiais ainda provisórios, a coligação “Novos Tempos” conseguiu sete vereadores, com 34,25% dos votos (83.121 votos); a coligação “Mais Lisboa” obteve também sete vereadores, com 33,3% (80.822 votos); a CDU (PCP/PEV) dois, com 10,52% (25.528 votos); e o BE conseguiu um mandato, com 6,21% (15.063).

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Conheça seis ideias vencedoras para a bioeconomia azul

  • Capital Verde
  • 25 Outubro 2021

Uma prancha de surf feita de materiais sustentáveis ou um queijo de origem vegetal com algas. Estas são algumas das 6 ideias vencedoras do programa Blue Bio Value Ideação, realizado em Portugal.

Uma prancha de surf feita de materiais sustentáveis, um queijo de origem vegetal com algas e um biofiltro de resíduos de caranguejo que captura CO2. Estas são algumas das 6 ideias vencedoras do programa Blue Bio Value Ideação, realizado em Portugal.

A última edição do Blue Bio Value Ideação Portugal, promovido pela BGI – Building Global Innovators e apoiado cientificamente pela Bluebio Alliance, contou com a participação de 12 equipas que receberam uma orientação especializada para desenvolverem ideias inovadoras com potencial de negócio na área da bioeconomia azul.

A Fundação Oceano Azul e a Fundação Calouste Gulbenkian, em parceria com a NOVA SBE e a Porto Business School, anunciaram, entretanto, os vencedores desta edição do programa, onde se destacam três equipas de Lisboa e outras três equipas do Porto.

Em Lisboa, os participantes responderam a um reverse pitch (um evento onde as organizações dão um plano de negócios aos novos empresários) da Seaculture e da Delta Cafés, que propôs às equipas encontrarem soluções sustentáveis nos setores da aquacultura e dos biomateriais.

Entre as seis equipas que se formaram na capital, apenas três se sagraram vencedoras, nomeadamente a SHIFT, que produziu uma prancha de surf com materiais sustentáveis como o chorão, uma espécie invasora do litoral português, a equipa TUNLI, que criou uma solução de inteligência artificial que permite monitorizar os nutrientes, a qualidade da água e a biomassa em produções de aquacultura, e, ainda, a equipa 7SEAS, que fez um queijo de origem vegetal produzido a partir de algas, rico em vitaminas, proteínas e ácidos gordos ómega-3.

No Porto também se formaram seis equipas, mas neste caso os participantes responderam à reverse pitch da Soja de Portugal e Sonae, que os desafiou a encontrarem soluções sustentáveis não só para o desenvolvimento de novas rações, mas também para novos tipos de comida com ingredientes locais e saudáveis, com mecanismos de controlo de qualidade e rastreabilidade.

As três ideias vencedoras no Porto pertencem à equipa BlueCycle, que criou um filtro de biomaterial feito a partir de resíduos de caranguejo, que torna a produção de biogás mais eficaz ao sequestrar dióxido de carbono, à equipa ROS, que produziu compostos anti-incrustantes sem metais pesados extraídos de algas vermelhas invasoras, e, por último, à equipa GRUE, que fabricou um sensor de carbono para bioreatores de microalgas e que permitirá saber a absorção de carbono de forma automática.

As equipas vencedoras, que contam com participantes de várias instituições académicas, entre elas a Universidade de Aveiro, o ICBAS, o IST, a FCUL, a NOVA SBE, a NOVA FCT e a Universidade Católica, irão receber mentoria da Bluebio Alliance e da BGI, que visa transformar estas ideias em novos negócios sustentáveis.

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Duas manifestações de interesse sobre a Dielmar não foram oficializadas

  • Lusa
  • 25 Outubro 2021

Ministério da Economia assegurou que continuava a trabalhar numa solução e que também estava a trabalhar "para salvaguardar o salário do mês de outubro".

A presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Setor Têxtil da Beira Baixa (STBB) disse esta segunda-feira que as duas manifestações de interesse que surgiram na assembleia de credores da empresa de confeções Dielmar, não foram oficializadas.

No último relatório que houve por parte do senhor administrador [de insolvência] constavam duas propostas. Na última assembleia [de credores] foi colocada ao administrador, a possibilidade e a manifestação de interesse por parte de mais duas entidades que, entretanto, segundo informação que temos, não foi oficializada”, afirmou aos jornalistas a presidente do STBB, Marisa Tavares.

A sindicalista falava após uma concentração dos trabalhadores da Dielmar, em frente a Câmara Municipal de Castelo Branco, onde voltaram a exigir que lhes seja assegurado o pagamento dos salários de outubro.

“Nós sempre dissemos que os trabalhadores não podem ser penalizados neste processo. E foi-nos transmitido [pelo Ministério da Economia] que estavam a trabalhar também nesse sentido”, frisou.

A dirigente sindical sublinhou que tinha preparada para esta segunda uma concentração para decorrer em frente ao Ministério da Economia, mas que a ação foi revertida depois de, na sexta-feira, o próprio Ministério ter feito chegar informação sobre o processo da Dielmar junto do STBB.

Na sexta-feira houve essa informação de que continuavam [a tutela] a trabalhar numa solução e que estavam a trabalhar também para salvaguardar o salário do mês de outubro. Como é óbvio, em vez de irmos a Lisboa, fizemos uma concentração à frente da Câmara de Castelo Branco, porque consideramos que era necessário trabalhar para que amanhã estejamos todos [no Fundão] em unidade como sempre estivemos até aqui”, sustentou.

Marisa Tavares realçou que, independentemente, das propostas que possam surgir na assembleia de credores que decorre na terça-feira, no Tribunal do Fundão, “nós estaremos cá para defender os trabalhadores”.

“Quem tem que analisar as propostas no concreto será o Ministério [da Economia] e os credores, amanhã na assembleia de credores”, concluiu.

A assembleia de credores da empresa de confeções Dielmar reúne amanhã, depois de ter decidido dar mais 15 dias para que as propostas e manifestações de interesse na empresa pudessem ser consolidadas.

A decisão foi tomada na sessão que teve lugar no dia 06 de outubro, no Tribunal do Fundão e durante a qual foram colocadas em cima da mesa duas possibilidades, nomeadamente a de avançar para o encerramento definitivo e liquidação dos bens ou, em contrapartida, optar pelo adiamento de uma decisão para que as propostas pudessem ser fortalecidas.

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Governo britânico anuncia aumento do salário mínimo

  • Lusa
  • 25 Outubro 2021

"Este aumento do salário [...] coloca-nos no caminho para alcançar o objetivo de acabar com os salários baixos até ao fim desta legislatura", avançou o ministro das Finanças do Reino Unido.

O ministro das Finanças britânico, Rishi Sunak, apresenta na quarta-feira o orçamento para o próximo ano, mas já foram antecipadas algumas medidas, incluindo um aumento do salário mínimo.

O Tesouro britânico assinalou esta segunda-feira que o orçamento inclui um aumento do salário mínimo, que passará no próximo ano de 8,91 libras por hora para 9,50 libras (11,26 euros).

“Este é um governo que está ao lado dos trabalhadores. Este aumento do salário […] coloca-nos no caminho para alcançar o objetivo de acabar com os salários baixos até ao fim desta legislatura”, avançou Rishi Sunak.

O novo orçamento britânico pretende corrigir as finanças públicas após um aumento da dívida com a pandemia de Covid-19.

Será um orçamento apertado“, alertam analistas da Capital Economics citados pela AFP.

No fim de semana foram avançadas outras medidas, incluindo um pacote de 6.000 milhões de libras (7.110 milhões de euros) para reduzir os atrasos registados nos cuidados de saúde devido à pandemia ou ainda 5.000 milhões (5.925 milhões de euros) destinados à inovação no setor médico.

Foram também anunciadas verbas de vários milhões para a renovação das linhas de autocarros e comboios regionais, no âmbito da promessa do primeiro-ministro de “reequilibrar” as regiões.

No início do mês já tinha sido divulgado um fundo de 500 milhões de libras (cerca de 590 milhões de euros) para ajudar os mais pobres com as contas da energia e da alimentação no inverno.

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Nove países europeus opõem-se à reforma do mercado da eletricidade

  • ECO
  • 25 Outubro 2021

Áustria, Alemanha, Dinamarca, Estónia, Finlândia, Irlanda, Luxemburgo, Letónia e Países Baixos estão contra uma reforma no mercado de eletricidade na União Europeia.

Há nove países europeus que não apoiam uma reforma no mercado de eletricidade na União Europeia (UE), avança a Bloomberg (conteúdo em inglês).

Em causa está a Áustria, Alemanha, Dinamarca, Estónia, Finlândia, Irlanda, Luxemburgo, Letónia e Países Baixos que justificam a decisão por não poderem apoiar “nenhuma medida que entre em conflito com o mercado interno de gás e eletricidade”, apontam, em comunicado conjunto. Estes países defendem que se deve apostar em medidas para economizar a energia e numa meta de 15% da interconexão do mercado de eletricidade da UE até 2030.

A subida em flecha dos preços do gás natural está a arrastar consigo os preços da eletricidade à medida que os combustíveis aumentam também, num contexto de crescimento da procura, com a retoma da atividade económica.

Nesse contexto, estes nove países alertam que Bruxelas deve ter “muito cuidado antes de interferir no desenho interno dos mercados internos de energia”. Isso não será um remédio para mitigar os atuais preços crescentes da energia associados aos mercados de combustíveis fósseis”, sublinham.

Os ministros da Energia dos países pertencentes à UE vão reunir-se de emergência na terça-feira, para discutir as propostas para travar os aumentos de energia.

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Sem a bazuca europeia, despesa pública diminui em 2022 face a 2021, diz CFP

O Conselho das Finanças Públicas (CFP) avisa na análise ao Orçamento que a despesa primária apresentará no final de 2022 um acréscimo de 3,4 pontos percentuais do PIB face ao pré-pandemia.

É uma análise a uma proposta de Orçamento do Estado para 2022 (OE 2022) que poderá chumbar já esta quarta-feira, a confirmarem-se os anúncios de voto contra do PCP e do Bloco. O Conselho das Finanças Públicas (CFP) endossou as previsões macroeconómicas do Governo, mas deixa vários avisos sobre o futuro. Entre as conclusões está o facto de, se expurgado o efeito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), a despesa pública vai descer em 2022, face a 2021. Porém, o peso da despesa primária continuará significativamente acima do pré-pandemia.

Excluindo o impacto do PRR, a despesa pública deverá registar uma diminuição de 842 milhões de euros (-0,8%) face a 2021, influenciada pelo efeito decorrente da eliminação da maior parte das medidas COVID-19“, escreve a entidade liderada por Nazaré Costa Cabral na análise à proposta de Orçamento do Estado para 2022 (OE 2022) divulgada esta segunda-feira, referindo que a retirada gradual das medidas de emergência resulta numa redução de 5.037 milhões de euros de despesa pública face a 2021.

Apesar deste efeito ajudar o Governo a baixar os gastos do Estado e a diminuir o défice orçamental, o Conselho das Finanças Públicas deixa um alerta semelhante ao que tinha sido feito pelo governador do Banco de Portugal e ex-ministro das Finanças, Mário Centeno, no início deste mês: as contas públicas vão sair da pandemia estruturalmente piores. “Uma comparação com o ano de 2019 revela que mesmo removendo da despesa os one-off, o impacto do PRR e as ‘medidas de emergência’ a despesa primária [excluindo os juros da dívida] prevista para 2022 situar-se-á 3,4 pontos percentuais do PIB acima do valor pré-pandemia“, calcula o CFP, o que corresponde a um acréscimo superior a seis mil milhões de euros.

No início deste mês, Centeno tinha dito que “para o mesmo nível de atividade, temos um peso da despesa retirando todos os efeitos das medidas Covid, one-off e tudo o que é financiado por fundos europeus, um rácio da despesa primária corrente 1,8 pontos percentuais superior ao de 2019″. A diferença entre os valores do Banco de Portugal e do Conselho das Finanças Públicas deverá estar a consideração da proposta do Orçamento, a qual não estava disponível no início deste mês.

De acordo com o CFP, a maior parte desse acréscimo (dois pontos percentuais) corresponde às “componentes mais rígidas” do Orçamento, “designadamente as despesas com pessoal e as prestações sociais”. “Este incremento do peso de despesa rígida ocorre no contexto em que se prevê para o final de 2022 um PIB em volume 1,3% acima do nível de 2019 (e um PIB a preços correntes de 5,5%, mais elevado do que antes da pandemia)”, acrescentam os especialistas em finanças públicas para dar ideia da dimensão deste acréscimo de despesa.

A proposta do OE2022 em si, além do que já vem do passado, implica um aumento de 1.700 milhões de euros da despesa pública com pessoal (salários da função pública) e prestações sociais. Ainda assim, o peso da despesa pública no PIB (incluindo o PRR) desce de 49,1% em 2021 para 46,7% em 2022 graças “exclusivamente” ao crescimento nominal de 6,9% da economia. A carga fiscal deverá baixar de 35% do PIB em 2021 para 34,2% do PIB em 2022, confirma o Conselho.

Nas contas do CFP, a política orçamental planeada para 2022 — a qual está em causa por causa do esperado chumbo no Parlamento — é “expansionista pro-cíclica” ao desagradar o défice estrutural numa décima em 2022 para os 3% do PIB. Porém, “a vertente expansionista da política orçamental é intensificada pelo PRR que permite imprimir à economia um estímulo direto superior a 1% do PIB que não se reflete no agravamento do défice”, notam os especialistas em finanças públicas.

CFP deixa alerta sobre a inflação

Apesar de endossar as previsões do Governo, o Conselho das Finanças Públicas faz um conjunto de avisos à navegação para o próximo ano, entre eles a capacidade de execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e o surgimento de uma variante da Covid-19 resistente às vacinas administradas. Se o Governo tiver de resgatar as medidas de apoio à economia, tal deverá degradar o saldo orçamental no próximo ano, ainda que haja uma dotação orçamental de 400 milhões de euros para fazer face a imprevistos da pandemia, tal como existia no OE2021.

O CFP nota ainda que, no caso de uma situação pandémica agravada, como já se vê noutros países (o que prejudica a procura externa que incide sobre a economia portuguesa), poderá tornar “insuficiente” o apoio financeiro previsto para 2022 à TAP. O mesmo risco é identificado para o Novo Banco: não há nenhuma verba prevista no OE2022, mas o Conselho recorda que a “instituição financeira poderá ainda solicitar um montante até 597 milhões de euros”.

“Assinala-se ainda os riscos associados à eventual ativação das garantias do Estado concedidas no âmbito de algumas das medidas de resposta à crise pandémica (linhas de crédito) e às moratórias de crédito concedidas pelos Bancos aos agentes económicos”, recordam os especialistas em finanças públicas. Na proposta do OE2022, o Ministério das Finanças assume que apenas haverá uma perda de cerca de 100 milhões de euros no próximo ano relacionada com a ativação de garantias estatais.

Ainda mais prejudicial para a economia seria uma evolução da inflação diferente da que é prevista pelos bancos centrais. “A subida dos preços externos de combustíveis fósseis e de matérias-primas, do custo de transporte e distribuição com impacto negativo na capacidade produtiva interna podem induzir uma maior e persistente subida de preços do que considerado nas mais recentes previsões económicas“, alerta o CFP, entidade que têm uma previsão para a taxa de inflação (1,6%) de 2022 bem superior à do Governo (0,9%).

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PEV também vai votar contra o Orçamento

O PEV anunciou esta segunda-feira que vai votar contra o Orçamento de Estado para 2022 na generalidade. O Governo não deu "alternativa ao voto contra", justificou José Luís Ferreira.

O Partido Ecologista “Os Verdes” vai votar contra o Orçamento do Estado para 2022 (OE2022)na generalidade. “A comissão executiva do PEV, tendo ponderado todos os elementos, decidiu que o grupo parlamentar vai votar contra o OE2022”, anunciou o dirigente do partido, José Luís Ferreira.

O PEV justifica a decisão dado que o partido considera que este Orçamento “fica muito longe” de responder “aos principais problemas do país”, bem como de “garantir um desenvolvimento sustentável”. “Se não é quando a economia está a crescer que se recupera o poder de compra e se investe nos serviços públicos, então nunca é tempo”, disse José Luís Ferreira, em declarações transmitidas pelas televisões.

O dirigente do PEV explicou ainda que durante as negociações com o Governo o partido fez chegar propostas em torno de cinco eixos estratégicos, que foram desde os recursos hídricos, ao investimento nos serviços públicos, passando pelas alterações climáticas e pela produção nacional e até ao combate à pobreza.

No entanto, José Luís Ferreira lamenta que “o Governo tenha desistido de procurar soluções” e disse que a resposta do Executivo a estas propostas deixou-os “apreensivos”. Neste contexto, o PEV diz o Governo não deu “alternativa ao voto contra”.

Questionado sobre se esta decisão é definitiva, José Luís Ferreira afirma que “até ao lavar dos cestos é vindima”, mas admite que tem “muitas dúvidas” sobre uma reversão da decisão. “. Mas se o Governo der abertura para acolher as nossas propostas certamente que estaremos disponíveis para ouvir e conversar com o Governo “, sinalizou.

Esta decisão surge, depois de o PCP ter anunciado esta manhã que também vai votar contra o documento, juntando-se ao Bloco de Esquerda, e abrindo caminho ao chumbo do Orçamento.

(Notícia atualizada pela última vez às 17h16)

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GreenVolt dispara 6%, mas Galp e BCP penalizam Lisboa

Bolsa nacional encerrou em terreno negativo, penalizada por pesos pesados como a Galp Energia e o BCP. Destaque para a GreenVolt que disparou quase 6%.

A bolsa nacional encerrou a perder cerca de 0,7% com a maioria das cotadas no vermelho. A contribuir para este desempenho do índice estiveram os títulos de pesos pesados como a BCP e a Galp Energia. A travar uma descida mais acentuada da bolsa estiveram as ações da GreenVolt, que dispararam mais de 6%. Lisboa contrariou, assim, a tendência positiva do resto da Europa.

O PSI-20 perdeu 0,65% para 5.736,55 pontos, com quatro cotadas no verde, 13 no vermelho e duas inalteradas. O destaque desta sessão foram as ações da GreenVolt, que dispararam 6,47% para 7,24 euros, naquela que é a cotação mais alta desde que se estreou em bolsa, em julho. Este desempenho acontece no dia em que a empresa de renováveis sublinhou a previsão de crescer cerca de 40% até 2025, em termos de lucros e de EBITDA.

Ainda nas subidas, destaque para a Jerónimo Martins, que subiu 0,57% para 19,305 euros, acompanhada pela Altri que valorizou 0,09% para 5,63 euros. A Navigator cresceu 0,25% para 3,188 euros.

No lado oposto, e a impedir uma subida do índice, estiveram as ações da Galp Energia, que caíram 3,53% para 9,45 euros, no dia em que o preço do barril de petróleo está a cotar nos 86 dólares, tocando máximos de 2018. Destaque ainda para o BCP que recuou 1,99% para 4,92 euros.

No setor energético, a EDP caiu 0,65% para 4,895 euros, enquanto a EDP Renováveis desceu 0,25% para 23,78 euros. A REN recuou 0,56% para 2,65 euros.

Lisboa contrariou, assim, a tendência positiva que se viveu no resto da Europa, no dia em que o índice de referência europeu, Stoxx-600, valorizou 0,14% para 472,54 pontos. O desempenho alastrou-se a outros índices como o espanhol e o italiano, que subiram 0,15% e 0,93%, respetivamente.

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Susanne Hägglund nomeada managing director da Volvo Car Portugal

A profissional sucede a Edson Ishikawa, que foi desafiado a ocupar o cargo de head of product & consumer offer para a região EMEA.

Susanne Hägglund é a nova managing director da Volvo Car Portugal.

Susanne Hägglund foi nomeada managing director da Volvo Car Portugal. A profissional sucede a Edson Ishikawa, que, depois de sete anos à frente do mercado nacional, foi desafiado a ocupar o cargo de head of product & consumer offer para a região da Europa, Médio Oriente e África (EMEA) e exercerá funções em Gotemburgo.

“A Volvo Car Portugal tem uma excelente reputação entre os clientes portugueses e as vendas da gama Recharge (que inclui veículos 100% elétricos e híbridos plug-in) representaram mais de 54% das vendas a retalho em agosto YTD. Susanne tem o perfil e a liderança certos para continuar a impulsionar o sucesso da empresa à medida que entramos numa fase decisiva da nossa transformação comercial”, afirma Jonh Wakefield, managing director da Volvo Car UK, citado em comunicado.

Susanne Hägglund ingressou na Volvo Cars em 2018 para a direção da estratégia corporativa da marca. Mais tarde foi nomeada para a sua função atual, como vice-presidente e diretora do Car Service Business.

A partir de 1 de janeiro de 2022, a profissional com mais de 20 anos de experiência em consultoria de gestão e business development assumirá o seu novo cargo.

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Model 3 da Tesla torna-se primeiro veículo elétrico a liderar vendas mensais na Europa

  • Joana Abrantes Gomes
  • 25 Outubro 2021

O Model 3, da Tesla, atingiu um crescimento anual de 58%, apresentando um total de 24.591 automóveis registados.

O Model 3, da Tesla, liderou as vendas do mercado automóvel na Europa relativas ao mês de setembro. É a primeira vez que um veículo elétrico lidera nas vendas mensais europeias, disse esta segunda-feira o grupo de investigação JATO Dynamics.

Com um total de 24.591 automóveis registados, o Model 3 atingiu um crescimento anual de 58%, seguindo-se os modelos Clio, da Renault, Sandero, da Dacia, e Golf da Volkswagen.

Os Model 3 e Y, ambos da Tesla, ficaram em primeiro e segundo lugar na categoria dos veículos elétricos. O ID.3, da Volkswagen, ficou na terceira posição.

“O forte desempenho do Modelo 3 é explicado em parte pelo intenso impulso de vendas de fim do trimestre da Tesla”, disse o grupo de investigação, citado pela Reuters (acesso livre).

A JATO Dynamics apontou ainda que setembro tem sido “historicamente um mês forte para os resultados de registo do fabricante norte-americano na Europa, representando em média 68% das suas entregas do terceiro trimestre desde 2018″.

Estes resultados surgem numa altura em que a empresa liderada por Elon Musk aguarda a aprovação final para a sua primeira gigafábrica na Europa, que deverá localizar-se em Gruendheide, perto de Berlim, na Alemanha.

Hertz encomenda 100 mil veículos elétricos da Tesla

A empresa de aluguer de automóveis Hertz anunciou esta segunda-feira que vai comprar 100 mil automóveis da Tesla até ao final de 2022. A Hertz, que surgiu depois de uma reorganização no início deste ano, devido a uma situação de bancarrota, disse em comunicado que os veículos elétricos estarão disponíveis “nos principais mercados dos EUA e em cidades selecionadas na Europa” a partir do início de novembro.

Ao mesmo tempo, a Hertz está a instalar estações de carregamento de veículos elétricos nas suas localizações. “Os veículos elétricos estão agora em voga, e só agora começámos a assistir a um aumento da procura e interesse global”, disse o chefe executivo da empresa, Mark Fields.

“A nova Hertz vai liderar o caminho como empresa de mobilidade, começando com a maior frota de aluguer de veículos elétricos na América do Norte e um compromisso de crescimento da nossa frota de automóveis elétricos”, lê-se no comunicado, citado pela agência de notícias France-Presse.

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PCP acusa Governo de “destruir” Efacec com reprivatização “perigosamente lenta”

  • Lusa
  • 25 Outubro 2021

A bancada comunista questiona o ministério de Siza Vieira sobre se se confirmam os “valores de oferta por parte dos concorrentes, absolutamente atentatórios da dignidade histórica da Efacec”.

O PCP acusa o Governo de estar “a destruir” a Efacec com as “circunstâncias atribuladas e profundamente dolorosas” do processo de reprivatização, reiterando que a manutenção da tutela pública é “condição necessária” para preservar o “enorme potencial” da empresa. Como o ECO revelou, a Efacec já admite cerca de 20 milhões de prejuízos operacionais em 2021, isto é EBITDA negativo, o que é significativamente pior do que os números já apresentados aos dois candidatos à reprivatização, a DST e a Sodécia.

“Independentemente da decisão de reprivatização de 71,73% da Efacec por parte do Governo, que, como é bem conhecido e público, condenámos (e condenamos vivamente, porque é claramente contra o interesse nacional), as circunstâncias atribuladas e profundamente dolorosas em que está a decorrer o processo de reprivatização estão a destruir uma das mais importantes empresas industriais nacionais, agravando, na perspetiva económica, as consequências, já em si más, do processo de reprivatização”, sustenta o grupo parlamentar do PCP numa pergunta dirigida ao ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira.

Para os comunistas, a privatização da empresa “encerra um potencial perigo para a economia e o interesse nacional”: “O putativo vencedor do concurso de privatização pode muito bem entender a Efacec como uma espécie de espólio, do qual retirará as partes que lhe interessem […], deixando cair o resto, ou, mesmo no limite, caso atue nas mesmas áreas, proceder ao seu encerramento”, sustentam.

Rejeitando a “estafada fábula de que o Estado não tem competência para gerir empresas”, o PCP reitera que “não há qualquer dicotomia entre gestão pública e gestão privada”, mas sim “exclusivamente boas ou más gestões, independentemente da natureza do capital”, e critica o “processo dilatório, aparentemente inexplicável, por parte do Governo, que vem paulatina, mas seguramente, destruindo por dentro a empresa”.

“Desde logo na estratégica componente humana, mas também na saúde financeira da empresa, com graves repercussões no mercado e desvalorizando objetivamente a empresa, bem ao contrário daquilo que qualquer entidade detentora de um tão valioso ativo faria perante eventuais interessados, que era, bem ao contrário, valorizar tal ativo, potenciando os seus pontos fortes e atenuando os seus pontos fracos”, argumenta.

Ainda relativamente ao “perigosamente lento” processo de reprivatização, o PCP destaca o “continuado esvaziamento do ativo mais precioso da empresa, ou seja, a sua força de trabalho”, constituída por um “quadro de pessoal altamente qualificado e especializado, mesmo no quadro de um cotejo internacional, designadamente nas vertentes da investigação aplicada, da demonstração e dos sistemas de qualidade”.

Segundo os comunistas, o atual processo “está a destruir a empresa por dentro, retirando-lhe capacidade face às solicitações do mercado, e reduzindo significativamente os níveis de notoriedade face aos seus nichos e segmentos de mercado em geral e aos seus clientes concretos em particular”.

A esta situação acresce, conforme alerta o PCP, a “perigosa diminuição da intensidade dos fatores que determinam os processos motivacionais individuais e coletivos, nomeadamente tendo em atenção a incerteza quanto ao futuro da empresa e do emprego, o que terá inevitavelmente reflexos negativos sobre o desempenho geral da empresa, pois que estamos a falar de pessoas e não de autómatos”.

“São, infelizmente, abundantes, recorrentes e preocupantes as notícias saídas nos meios de comunicação nos últimos meses sobre esta temática, a par e em consonância, com as informações que as organizações dos trabalhadores da empresa nos fazem oportunamente chegar”, nota.

Neste contexto, o PCP questiona o Ministério da Economia e da Transição Digital sobre “quais as razões, […] num quadro de racionalidade económica, […] que levaram o Governo a optar pela decisão de reprivatizar a Efacec” e quais as “exigências contratuais” previstas no concurso de reprivatização “que permitam salvaguardar […] competências e a continuidade da Efacec no seu atual formato produtivo-comercial”.

O grupo parlamentar comunista interroga ainda o executivo sobre “que razões podem efetiva e seriamente explicar […] o escorregamento temporal da alienação” e “até quando pensa o Governo arrastar o completamente destruidor e desvalorizador do Goodwill da Efacec processo negocial em curso”.

“Caso coloque, de forma séria, uma linha temporal inultrapassável, sem resultados que respeitem minimamente o interesse da economia nacional, que pensa o Governo fazer?”, pergunta também o PCP, que pretende ainda saber se se confirmam os “valores de oferta por parte dos concorrentes, absolutamente atentatórios da dignidade histórica da Efacec”, que têm vindo a ser divulgados.

Finalmente, o PCP interroga que medidas pensa o Governo adotar para manter a empresa a funcionar se, mesmo que “a contragosto”, for “obrigado a manter a Efacec na esfera pública”.

O Governo pretende que o processo de reprivatização dos 71,73% do capital social da Efacec atualmente nas mãos do Estado esteja concluído antes do final do ano, tendo a resolução do Conselho de Ministros que aprovou a terceira fase do processo de reprivatização, admitindo a participação dos dois grupos que apresentaram propostas vinculativas – DST SGPS e Sing – Investimentos Globais – sido publicada a 08 de setembro em Diário da República.

Na quinta-feira ao jornal Público, a Parpública adiantou que a terceira fase de negociações “iniciou-se no passado dia 28 de setembro, com diversos encontros com os investidores interessados na aquisição da referida participação social, devendo as propostas finais ser recebidas dentro de cerca de três semanas”.

A aprovação em Conselho de Ministros do decreto de lei para nacionalizar 71,73% do capital social da Efacec decorreu da saída do capital de Isabel dos Santos, filha do ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos, na sequência do envolvimento no caso ‘Luanda Leaks’, no qual o Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação revelou mais de 715 mil ficheiros que detalham alegados esquemas financeiros da empresária.

A Efacec é uma empresa dos setores da energia, engenharia e mobilidade.

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“Nunca tínhamos ido tão longe no diálogo com o PCP como fomos este ano”, diz Governo

O secretário dos Assuntos Parlamentares considera que houve um "esforço enorme" por parte do Governo para se aproximar às reivindicações dos comunistas.

O Governo reagiu esta segunda-feira ao anúncio do PCP de que irá votar contra o Orçamento do Estado para 2022 (OE 2022) na votação na generalidade desta quarta-feira. O secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro, afirmou que “foi feito um enorme esforço” e que “nunca tínhamos ido tão longe no diálogo com o PCP como fomos este ano”. “A não viabilização deste Orçamento põe em causa todos estes avanços” negociados, lembrou.

Duarte Cordeiro nomeou várias alterações à legislação laboral e no Serviço Nacional de Saúde (SNS) em que o Governo cedeu, ainda que parcialmente, ao PCP: “São matérias que o Governo até ao momento nunca esteve disponível para avançar“, recordou o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, dando nota de que o Executivo poderá ir ainda mais longe ao ter “disponibilidade para avançar com a suspensão da caducidade sem prazo“.

Será difícil explicar aos portugueses que todas estas melhorias nas suas vidas estão postas em causa“, concluiu o pivot das negociações entre o PS e a esquerda, deixando uma crítica implícita ao PCP. No início da sua intervenção, Duarte Cordeiro tinha elogiado o PAN e as duas deputadas não inscritas, Joacine Katar Moreira (ex-Livre) e Cristina Rodrigues (ex-PAN), por terem anunciado a abstenção também esta segunda-feira: optaram por uma “posição responsável no momento em que vivemos”, disse.

Relativamente aos próximos dias, “o Governo manifesta a sua disponibilidade até quarta-feira, mas não sentimos da parte dos partidos alguma aproximação em matéria alguma“, disse Duarte Cordeiro, notando que também demonstrou abertura para continuar a negociar na fase de especialidade, mas para tal é preciso a viabilização na votação na generalidade. No caso específico do Bloco, que anunciou o voto contra mas disse que estava disponível para negociar até quarta-feira, Cordeiro disse que “há disponibilidades que são mais retóricas”, o que torna “muito difícil um entendimento”.

Para o governante é preciso um “equilíbrio de bom senso”, assinala, referindo que os partidos têm de ser rever no Orçamento, apesar de não ser o “seu Orçamento”, mas também “não podemos chegar ao final do dia com um Orçamento que não seja do Governo”. “Nunca tínhamos ido tão longe, mas também nunca tínhamos sentido uma exigência negocial tão grande“, acrescentou.

O secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares confirmou ainda que o Conselho de Ministros vai reunir-se esta segunda-feira para avaliar a situação política, preparar o debate do Orçamento do Estado para 2022 que arranca esta terça-feira no Parlamento e para avaliar as “posições a assumir nos próximos dias e todos os possíveis quadros do ponto de vista da análise”.

(Notícia atualizada às 16h40 com mais informação)

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