FESAP vai convocar greve da Função Pública para dia 12 de novembro

O líder da FESAP anunciou que será emitido um pré-aviso de greve para dia 12 de novembro, que abrangerá funcionários públicos e trabalhadores das IPSS.

A Federação dos Sindicatos da Administração Pública (FESAP) vai emitir um pré-aviso de greve para dia 12 de novembro, anunciou José Abraão esta quarta-feira, à saída de uma reunião de negociação suplementar com o Governo, da qual disse ter saído “com uma mão vazia e outra cheia de nada“.

A paralisação abrangerá funcionários públicos e trabalhadores das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), coincidindo com a greve já anunciada pela Frente Comum. Também o Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE) admitiu, esta quarta-feira, juntar-se a essa paralisação, mas irá, primeiro, reunir com os partidos que têm assento parlamentar, de modo a tentar, por essa via, garantir atualizações salariais mais expressivas para os trabalhadores do Estado.

Para o próximo ano, o Governo anunciou aumento salariais de 0,9% para todos os funcionários públicos, além de uma subida de 50 euros da remuneração de entrada dos técnicos superiores e da recomposição das carreiras de assistente operacional e assistentes técnicos. Estas medidas foram acolhidas desfavoravelmente pelos representantes dos trabalhadores, daí terem solicitado à ministra da Administração Pública, Alexandra Leitão, uma reunião de negociação suplementar, que decorreu esta quarta-feira.

Em declarações aos jornalistas, à saída desse encontro, o líder da FESAP, José Abraão, explicou que o Governo “não adiantou nem mais uma vírgula” no que diz respeito aos salários e pensões, não deu como certo que a referida subida de 50 euros da remuneração base dos técnicos superiores terá efeitos em janeiro, nem deu as respostas às demais reivindicações desta central sindical, ainda que tenha apresentado alguns ajustamentos aos diploma que fixa, de forma definitiva, o subsídio de penosidade e insalubridade. Saímos “com uma mão vazia e outra cheia de nada“, frisou o sindicalista. Perante esta posição do Governo, a FESAP resolveu emitir um pré-aviso de greve para dia 12 de novembro, que abrangerá os funcionários públicos e os trabalhadores das IPSS.

Para esse dia já está marcada uma paralisação da Frente Comum, que também protesta contra os aumentos salariais propostos pelo Governo, considerando-o insuficientes. À saída da reunião desta quinta-feira, o líder dessa estrutura sindical, Sebastião Santana, confirmou que o Governo apresentou a mesma proposta, que “é rigorosamente nada“, e garantiu que haverá uma “resposta firme” por parte dos trabalhadores a esta “política de estagnação salarial e de carreiras”. “A nossa luta tem força”, assegurou o sindicalista, referindo que isso terá “com certeza peso político” para o Governo.

Também o STE, depois da reunião desta quarta-feira, admitiu juntar-se a essa paralisação marcada para 12 de novembro. À saída do encontro com a ministra da Administração Pública, Helena Rodrigues explicou aos jornalistas que há, entre os associados da estrutura sindical que lidera, “grande disposição para a greve“. Mas antes de decidir se irá ou não seguir esse caminho, o STE quer sentar-se com os vários partidos que têm representação parlamentar. “Se não houver nada de novo [também nesse âmbito], com certeza que teremos de pensar nas formas de luta” que já foram colocadas em cima da mesa pelos outros sindicatos, disse Helena Rodrigues, sublinhando que ter aumentos salariais mais expressivos também seria “uma forma de dinamizar a economia“.

As medidas anunciadas pelo Governo para a Função Pública constam da proposta de Orçamento do Estado, cuja votação acontecerá na próxima quarta-feira, dia 27 de outubro. A aprovação desse documento ainda não está garantida — Bloco de Esquerda e PCP já revelaram que irão votar contar, ainda que tenham mostrado abertura para negociar com o Governo.

(Notícia atualizada às 18h30)

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Ticão deixará de ser exclusivo de Carlos Alexandre e Ivo Rosa já em janeiro

O Ticão vai abrir a 4 de Janeiro, já sem o exclusivo da dupla de juízes, passando a ter uma composição com mais sete juízes, depois de se fundir com o Juízo de Instrução Criminal de Lisboa.

O “Ticão” — o Tribunal Central de Instrução Criminal — que trata dos megaprocessos de criminalidade económico-financeira, vai reabrir a 4 de Janeiro, já sem o exclusivo da dupla Carlos Alexandre e Ivo Rosa, passando a ter uma composição com mais sete juízes, depois de se fundir com o Juízo de Instrução Criminal de Lisboa.

A Assembleia da República aprovou nesta sexta-feira em votação final global o texto da Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias que, por proposta do Governo, funde os dois tribunais. A proposta foi aprovada com a abstenção do PSD, Bloco, CDS, PAN, Chega, IL e da deputada Cristina Rodrigues e o voto a favor das restantes bancadas (PS, PCP, PEV e deputada Joacine Katar Moreira).

“A atual configuração deste tribunal tocante ao número de juízes que aí exercem funções é indutora de um imperfeito grau de aleatoriedade na distribuição de processos e, por via disso, de uma indesejável personalização da justiça, o que não beneficia a adequada perceção pública da objetividade da ação da justiça. Este contexto é agravado pela circunstância de os processos
que correm naquele tribunal adquirirem, em regra, um elevado patamar de mediatização“, conforme se pode ler na introdução da proposta de lei aprovada. Para este tribunal — na fase de instrução — foram parar os processos mais mediáticos da Justiça portuguesa como a Operação Marquês, caso GES/BES, BPP/João Rendeiro, Face Oculta, Operação Furacão. entre outros.

Porém, diz o diploma, “os processos que se encontrem pendentes no Tribunal Central de Instrução Criminal, à data de entrada em vigor da presente lei, mantêm-se na titularidade dos juízes que naquela data se mostrem colocados nesse tribunal, sem que haja lugar à redistribuição dos processos que lhes estejam atribuídos”.

O PSD a conseguiu apenas uma alteração: que passem a estar incluídos nas competências do “Ticão” os crimes de recebimento indevido de vantagem, tráfico de influência e prevaricação punível com pena superior a dois anos – a par dos já existentes de corrupção, peculato e participação económica em negócio.

Como funcionava até aqui o Ticão?

Em causa a existência de apenas dois juízes em funções, Carlos Alexandre, este há mais de 10 anos, e Ivo Rosa, desde 2015, e que leva a que todos os processos “mediáticos” transitem para as suas mãos. E apenas para as suas.

Já a Estratégia Anti-Corrupção sublinhava que a percepeção das decisões do ‘Ticão’ “é agravada pela circunstância de os processos que ali correm terem um grau de mediatização acrescido, pela gravidade dos factos”. O aumento do número de magistrados afetos à realização das missões do Tribunal Central de Instrução Criminal “é a solução consensualmente apontada. Impõe-se, pois, reponderar a composição do Tribunal”, diz o documento.

Entre os processos que caíram no colo de ambos os juízes está a Operação Marquês, onde coube a Carlos Alexandre conduzir a fase de inquérito do processo sendo que acabou por ser o seu colega de profissão, Ivo Rosa, a ser sorteado eletronicamente para assumir a fase de instrução. E desde então está em exclusividade. Já no caso BES, o juiz Carlos Alexandre liderou o inquérito com uma equipa mista de procuradores do Departamento Central de Investigação e Ação Penal e de investigadores da Policia Judiciária.

 

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Governo anuncia esta semana “medida transitória” para travar combustíveis

O primeiro-ministro diz que o Governo está a "a estudar uma medida transitória" para travar o aumento dos preços dos combustíveis, confirmou António Costa no Parlamento.

O primeiro-ministro diz que o Governo está a “a estudar uma medida transitória” para travar o aumento dos combustíveis. Além disso, António Costa defendeu uma revisão do mecanismo de formação de preços da energia na União Europeia (UE).

Num debate na Assembleia da República, o chefe de Governo aponta que as alterações climáticas são um dos maiores desafios estratégicos dos próximos anos, pelo que considera que é necessário responder à crise dos combustíveis “sem perder o norte”. Destaca, nesse sentido, dados que apontam para uma subida bem mais expressiva dos preços do gás natural do que das licenças de carbono.

O primeiro-ministro lembra que o Executivo decidiu devolver a receita extraordinária que o Estado está a receber em IVA sobre o ISP (imposto sobre produtos petrolíferos e energéticos), medida que deverá estar em vigor até ao final de janeiro, e confirmou que o Governo “está a a estudar uma medida transitória” para travar o preço dos combustíveis, disse António Costa, durante o debate parlamentar sobre a reunião do Conselho Europeu.

Posteriormente, já nos Passos Perdidos, António Costa disse aos jornalistas que o Executivo está disponível “para tomar medidas que sejam sustentáveis” e “transitórias”, de forma a responder a este aumento. “Diria que até ao final da semana o Governo anunciará o conjunto dessas medidas”, sinalizou.

Nesse contexto, o primeiro-ministro adiantou ainda que o Governo tem “estado a trabalhar com a Antram e com a Antrop” para encontrar soluções, mas não esquecendo o “objetivo fundamental”, que é o combate às alterações climáticas. “A emergência climática não desapareceu e sabemos que combater a emergência climática tem custos”, afirmou.

Durante o debate, António Costa defendeu ainda a revisão do mecanismo de formação de preços da energia na UE. “É altura de debatermos efetivamente o mecanismo de formação de preços, designadamente a questão de saber se o preço deve manter uma lógica marginalista, o que claramente penaliza países como Portugal, onde a componente de energia renovável já é particularmente significativa”, referiu o primeiro-ministro.

Por fim, o chefe de Governo considerou que é necessário aumentar as interligações elétricas “para que haja um verdadeiro mercado europeu integrado e interligado”, bem como “aumentar as interconexões com outros países terceiros que podem ser fonte de energia limpa”, como, por exemplo, Marrocos e diversificar as fontes de energia, com uma a maior aposta no hidrogénio. Para o primeiro-ministro, Portugal pode ser “porta de entrada” de energia limpa na União Europeia.

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Há mais três mortes e 927 casos de Covid-19. Rt e incidência sobem

  • Joana Abrantes Gomes
  • 20 Outubro 2021

Registaram-se mais três mortes e 927 novas infeções por Covid-19 nas últimas 24 horas. Incidência sobe para 84,4 casos por 100 mil habitantes e risco de transmissibilidade (Rt) para 1,02.

A Direção-Geral da Saúde identificou 927 novos casos de Covid-19, elevando o número total de infetados desde o início da pandemia para 1.081.856. O boletim diário desta quarta-feira revela ainda mais três mortes nas últimas 24 horas, para um total de 18.109 óbitos.

A incidência média no território nacional subiu para 84,4 casos por 100 mil habitantes, enquanto o risco de transmissibilidade (Rt) aumentou para 1,02.

Entre os 286 doentes internados em unidades hospitalares — menos 13 em relação a terça-feira –, 58 estão nos cuidados intensivos (menos dois).

O número de casos ativos volta a aumentar, para um total de 30.368, mais 347 face ao balanço anterior. Há mais 577 pessoas que recuperaram da doença nas últimas 24 horas, totalizando 1.033.379 recuperados do coronavírus desde o início da pandemia.

Em termos regionais, Lisboa e Vale do Tejo mantém-se a região onde se regista a maioria das novas infeções, com 356 novos casos confirmados. Segue-se o Norte (mais 249 casos), o Centro (212 novos casos), o Algarve (41 novos casos) e o Alentejo (40 novos casos). Os arquipélagos dos Açores e da Madeira contabilizaram, respetivamente, mais 16 e 13 novos casos de Covid-19.

As três vítimas mortais por Covid-19 das últimas 24 horas registaram-se no Norte (uma), no Centro (uma) e no Alentejo (uma).

Boletim epidemiológico de 20 de outubro:

Rt e incidência continuam a subir

Os dados da DGS revelam ainda que o valor do Rt, que indica quantas pessoas cada infetado contagia em média, está em 1,02 quer a nível nacional, quer no continente. Trata-se, portanto, de uma ligeira subida face ao último balanço (estava em 1,01 a nível nacional e a 1,02 no continente), o que coloca Portugal na “zona amarela” da matriz de risco do Governo.

Também a incidência (média de novos casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias) voltou a subir, estando agora em 84,4 casos por 100 mil habitantes no território nacional e em 84,8 por 100 mil habitantes no continente (na última atualização estes valores eram 84,3 por 100 mil habitantes e 84,7 por 100 mil habitantes, respetivamente).

(Notícia atualizada pela última vez às 17h12)

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António Costa diz que Anacom “inventou o pior modelo de leilão possível” para o 5G

O primeiro-ministro criticou duramente o regulador liderado por João Cadete de Matos, considerando que a Anacom "inventou o pior modelo de leilão possível" para o 5G, que está a atrasar o país.

Estalou o verniz entre o Governo e a Anacom por causa do 5G. Num debate na Assembleia da República, o primeiro-ministro apontou as baterias ao regulador liderado por João Cadete de Matos, acusando-o de ter desenhado um leilão de frequências que nunca mais acaba e que já está a atrasar “imenso” o país nesta matéria.

“Estamos todos de acordo: o modelo de leilão que a Anacom inventou é, obviamente, o pior modelo de leilão possível, nunca mais termina e está a provocar um atraso imenso no desenvolvimento do 5G em Portugal”, acusou António Costa.

O chefe do Governo foi ainda mais longe, criticando o atual modelo de regulação do setor das comunicações: “Quem construiu essa doutrina absolutamente extraordinária de que é preciso limitar os poderes dos governos para dar poder às entidades reguladoras, deve bem refletir sobre este exemplo do leilão do 5G, para ver se é este o bom modelo de governação económica do futuro”.

Em resposta ao deputado Duarte Marques do PSD, o primeiro-ministro recusou que seja “preciso mudar” o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), defendendo que o documento “prevê que o 5G chegue ao interior ao mesmo tempo em que o mercado há de fazer chegar o 5G às áreas de maior densidade”.

O ECO contactou fonte oficial da Anacom no sentido de obter um comentário às declarações do primeiro-ministro. Encontra-se a aguardar resposta.

O leilão do 5G começou no final do ano passado com uma fase exclusiva para “novos entrantes”. Em janeiro, arrancou a fase principal, que ainda está em curso. Na próxima terça-feira, o leilão de frequências deverá atingir 200 dias de licitações.

(Notícia atualizada pela última vez às 16h27)

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PAN quer “memorando de entendimento” com o Governo para viabilizar OE2022

  • Joana Abrantes Gomes
  • 20 Outubro 2021

Para viabilizar o Orçamento do Estado para 2022 (OE2022), o PAN exige que as propostas do partido sejam "acolhidas" num memorando de entendimento com o Governo.

Mais investimento na saúde e nos transportes públicos são duas das medidas “estruturais” que o PAN quer ver plasmadas no Orçamento do Estado para 2022 (OE2022), para poder colaborar na viabilização do documento. Mas as propostas do PAN que o Governo esteja disponível para acolher em sede de especialidade têm de ficar escritas num “memorando de entendimento”, exigiu esta quarta-feira Inês Sousa Real.

Depois da segunda ronda de negociações, a líder do PAN falou na possibilidade de um acordo escrito para o partido ajudar a viabilizar o documento orçamental, algo que já aconteceu no ano passado, em que foram redigidas por escrito as medidas consensualizadas entre o partido e o Governo.

“Estamos disponíveis para essa mesma responsabilidade. Ou seja, para que fique bastante claro aquilo que são as medidas que o Governo está disponível para acolher em sede de especialidade, caso exista possibilidade de acolher medidas do PAN e uma eventual viabilização do Orçamento”, afirmou Inês Sousa Real, em declarações transmitidas pela SIC Notícias.

A deputada exige, nesse sentido, que o OE2022 inclua um “investimento estrutural nas matérias que são necessárias para fazer avançar o país”, tais como a saúde e o combate à pobreza, inclusivamente a energética. A título de exemplo, Inês Sousa Real refere a necessidade de “valorização das carreiras dos técnicos auxiliares de saúde”, “apoio em matéria de pediatria e de saúde infantil” e medidas em relação aos transportes públicos.

Não pode existir um Orçamento do Estado que seja mais do mesmo. Tem de ser um Orçamento do Estado extraordinário e o compromisso do próprio Governo tem de ser extraordinário“, concluiu a líder do PAN.

O PAN indicará o sentido de voto quanto ao OE2022 este fim de semana, após reunir com a comissão política do partido.

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Patrões criticam “cedência do Governo à esquerda” sobre contratação coletiva

O Governo quer flexibilizar o acesso à arbitragem para prevenir a caducidade dos contratos coletivos, mas os patrões alegam que vai trazer rigidez ao mercado e tirar competitividade às empresas.

O Governo quer que, tanto trabalhadores como empregadores, possam recorrer aos tribunais arbitrais antes do final do prazo dos contratos coletivos, prevenindo a sua caducidade. A medida está a ser entendida como uma “cedência” aos partidos da esquerda com os quais está a ser negociado o Orçamento do Estado para 2022. Os empresários criticam este reforço da arbitragem necessária.

Num documento enviado aos parceiros sociais, o Governo propõe permitir que qualquer uma das partes possa mobilizar a arbitragem necessária, caso não haja acordo sobre revisão total ou parcial de uma convenção coletiva, ficando suspenso o prazo de sobrevigência até à decisão arbitral. Tal, defende o Executivo, irá traduzir-se numa “maior efetividade na prevenção da produção de vazios de cobertura” de instrumentos de regulação coletiva de trabalho.

Atualmente, a arbitragem necessária só pode ser acionada 12 meses após a caducidade do contrato coletivo, por um membro do Governo e somente se não existir outro acordo que seja aplicável. Resultado: a utilização deste mecanismo tem sido reduzida, admitiu a ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho.

De notar que a questão da caducidade das convenções coletivas é, de resto, uma das matérias centrais das negociações entre o Governo, o Bloco de Esquerda e o PCP sobre o Orçamento do Estado para 2022. Tanto bloquistas como comunistas defendem, contudo, que é preciso avançar com a eliminação da caducidade dos contratos coletivos, não estando, portanto, plenamente satisfeitos com a proposta em questão.

Ainda assim, do lado dos empregadores, a leitura é consensual: o reforço da arbitragem na contratação coletiva é uma “cedência” do Executivo de António Costa aos partidos mais à esquerda, uma opção que os patrões criticam.

“São exigências conhecidas dos partidos com os quais o Governo está a negociar o Orçamento do Estado”, sublinha o líder da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP). João Vieira Lopes diz-se desfavorável a esta medida, uma vez que “cria entraves à caducidade” dos contratos coletivos, não sendo este o momento certo, diz, para avançar nesse sentido. “Aparecendo de rompante, com uma reunião de Concertação Social na véspera de um Conselho de Ministros, só significa que o Governo está a usar as matérias laborais para aprovação do Orçamento e não motivado pela dinamização das empresas e da economia”, insiste.

O presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), João Vieira Lopes, defende que “o Governo está a usar as matérias laborais para aprovação do Orçamento.ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

Também a Associação de Transitários (APAT) faz essa leitura. Ana Camacho Soares explica que este reforço da arbitragem “não afeta diretamente” o setor que representa — a convenção coletiva respetiva já caducou –, mas atira que é “negativo“, porque, por um lado, introduz rigidez nas relações laborais e, por outro, é uma cedência à esquerda, sendo este um tema que “não deve ser tratado” num momento em que decorrem as negociações orçamentais.

Na mesma linha, o presidente da Associação Empresarial de Portugal (AEP), Luís Miguel Ribeiro, defende que “é um exemplo que concretiza a maior rigidez laboral, sendo uma cedência à esquerda – das várias que, infelizmente, se perspetivam – para aprovação do Orçamento“. O responsável sublinha que a contratação coletiva serve para adaptar a legislação laboral ao contexto socioeconómico numa determinada altura, pelo que a sua “cristalização” impede a flexibilidade do mercado de trabalho.

Luís Miguel Ribeiro, presidente da AEP.AEP

Luís Miguel Ribeiro frisa, além disso, que esta medida se encaixa num pacote de outras alterações laborais anunciadas pelo Governo, que a AEP vê com preocupação. “Uma legislação laboral desadequada (muito rígida) conduz à perda de competitividade e é um sinal errado e contrário à atratividade de investimento privado, agravando a posição de Portugal nos rankings internacionais de competitividade em matéria laboral, onde já nesta altura compara mal com outros países”.

No setor têxtil, Mário Jorge Machado, da Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal (ATP) critica a proposta do Governo. “Estamos a rigidificar situações que só nos prejudicam por uma visão do mundo que nunca funcionou em lado nenhum”, enfatiza, referindo que, antes, é essencial para a competitividade das empresas haver maior flexibilidade das relações de trabalho.

“Celebrar contratos que não podem ser dados por terminados é salazarento ou comunista. Sempre que se fala de uma das partes querer sair e não haver essa possibilidade é inaceitável”, sustenta o empresário têxtil. Recentemente, a ATP ganhou no Tribunal Constitucional um processo para garantir a caducidade do trabalho coletivo de trabalho. Está agora a negociar um novo contrato coletivo com o sindicato envolvido.

“Proibir a rescisão de contratos ou dizer que os acordos após celebrados não podem ser desfeitos é salazarento e comunista”, diz o presidente da ATP, Mário Jorge Machado.

Também contra a medida está César Araújo, líder da Associação Nacional das Industrias de Vestuário e Confeção (ANIVEC). O responsável entende que, se o contrato coletivo caducar, deve vigorar a lei geral, isto é, o Código do Trabalho. “As partes é que têm de se entender, e não ser decidido por terceiros“, frisa, defendendo que “recorrer a um tribunal é violar a liberdade“.

Hélder Pedro, da Associação Automóvel de Portugal, partilha dessa opinião. “Apenas se deverá recorrer às entidades reguladoras de litígios, quando estão esgotadas todas as soluções, quer estas possam ou não culminar na caducidade”, sublinha. “Devemos priorizar a negociação e o empenho dos representantes de empresas e trabalhadores na tangibilidade de acordo”, acrescenta, argumentando que, outro enquadramento legal, poderá “cristalizar” contratos que não contribuam para a competitividade das empresas, ou para umamaior inflexibilidade negocial“.

Já o vice-presidente executivo da Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP), Rafael Campos Pereira, esclarece que o reforço da arbitragem na contratação coletiva não terá, pelo menos a curto e médio prazo, “qualquer impacto” no setor que representa, na medida em que há um contrato coletivo de trabalho em vigor, que não pretendem denunciar.

Ainda assim, contesta a medida. “Do ponto de vista conceptual, é profundamente errada. Além de estar ferida de inconstitucionalidade, viola de forma flagrante a Convenção 98 da OIT, que consagra o princípio da liberdade de negociação coletiva. Nesse sentido, enquanto organização representativa de um setor muito importante na economia portuguesa, lamentamos profundamente esta cedência do Governo“.

Rafael Campos Pereira, porta-voz da AIMMAP.

O argumento da constitucionalidade foi acenado esta quarta-feira pelo presidente da CIP, António Saraiva, no final da reunião da concertação social. Em conferência de imprensa, insistiu que as medidas que o Governo acrescentou à Agenda do Trabalho Digno, relativamente ao prolongamento da suspensão da caducidade das convenções coletivas de trabalho e o reforço da arbitragem necessária, poderão ser consideradas inconstitucionais e anunciou que vai solicitar essa apreciação aos partidos e ao Presidente da República.

Da parte dos sindicatos, por outro lado, há alguma concordância com a medida. A UGT acha que “nesta fase há que preservar a contratação coletiva que ainda se vai fazendo”, com Sérgio Monte a realçar o esforço em “apresentar uma nova modalidade de arbitragem necessária”, mas aponta que “não é suficiente”.

“Ruído” em cima do mercado laboral

Em declarações ao ECO, o presidente da Associação Portuguesa das Empresas do Setor Privado de Emprego e de Recursos Humanos (APESPE-RH), Afonso Carvalho, destaca que é “essencial não colocar mais ruído no mercado laboral“, pois as empresas e os trabalhadores “precisam de estabilidade”. Mas até admite que a flexibilização proposta pelo Governo até pode ser positiva. “Infelizmente, a Justiça é lenta, pelo que qualquer medida que acelere o processo de arbitragem será certamente bem acolhida”.

O líder da Confederação Portuguesa das Pequenas e Médias Empresas, Jorge Pisco, esclarece, por outro lado, que a medida em causa afetará sobretudo as empresas maiores. Para as mais pequenas, neste momento, a principal reivindicação orçamental é a continuação dos apoios, após o forte impacto da crise pandémica.

Este reforço da arbitragem na negociação coletiva deverá ser aprovado em Conselho de Ministros na próxima quinta-feira, como foi sinalizado o primeiro-ministro, António Costa. “O tema da caducidade tratar-se-á, e bem tratado, nesta Agenda do Trabalho Digno”, disse na semana passada o chefe do Executivo socialista.

De acordo com o relatório anual do Centro de Relações Laborais (CRL), em 2020, a contratação coletiva caiu 30% face ao ano anterior, registando-se 169 convenções que abrangiam 397.638 trabalhadores, quase metade do universo verificado em 2019. Segundo o relatório, a contratação coletiva predominava em três setores de atividade: transportes e armazenagem, indústrias transformadoras e o comércio por grosso e a retalho, reparação de veículos automóveis e motociclos.

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Bitcoin chega aos 65.900 dólares e bate novo máximo histórico

Moeda virtual mais famosa do mundo está a valorizar mais de 5% e chega quase aos 66 mil dólares. Desempenho acontece um dia depois da estreia do primeiro ETF de bitcoin.

A criptomoeda mais famosa do mundo alcançou esta quarta-feira um novo máximo histórico. Está a valer 65.868 dólares (56.569 euros), o valor mais alto de sempre. A bitcoin começou a cotar em 2009, a valer apenas um dólar (0,86 euros), e é hoje a moeda virtual com maior valor de mercado.

A bitcoin está a valorizar 5,13% para 65.868 dólares (56.569 euros), naquele que é o valor mais alto de sempre. O último máximo histórico aconteceu a 14 de abril, dia em que tocou nos 64.869 dólares (55.711 euros).

Este desempenho positivo não é exclusivo da bitcoin, alastrando-se a outras moedas virtuais. O Ether, por exemplo, está a subir 1,96% para 3.866,97 dólares (3.321,07 euros), enquanto a ChainLink valoriza 6,99% para 26,12 dólares (22,43 euros). A KuCoin está a disparar 27% para 14,282 dólares (12,3 euros) e a Zcash quase 28% para 146,02 dólares (125,4 euros). O mesmo acontece com a Polygon, que dispara 21,5% para 1,47 dólares (1,26 euros).

Evolução da cotação da bitcoin desde o início de 2021Reuters

Este novo máximo histórico acontece um dia depois de se ter estreado na bolsa o primeiro ETF de bitcoin. O ProShares Bitcoin Strategy ETF, considerado o primeiro fundo de bitcoin a negociar na bolsa, valorizou quase 5% na estreia em Wall Street. Importa sublinhar que este ETF [Exchange Traded Fund] não detém bitcoin “fisicamente”, apenas replica a cotação da moeda virtual, recorrendo, para isso, a contratos futuros da bitcoin, um instrumento derivado que já existe há alguns anos.

De acordo com dados do Cointelegraph Markets Pro, citados pela Exame, o valor de mercado de todas as moedas virtuais do mundo chegou ontem aos 2,5 biliões de dólares (2,15 biliões de euros). Ou seja, mais do que duplicou desde janeiro, altura em que atingiu o bilião de dólares.

A bitcoin continua a ser a maior criptomoeda em termos de valor de mercado, com cerca de 1,2 biliões de dólares (1,03 milhões de euros) de market cap. Atrás aparecem o Ether com mais de 448 mil milhões de dólares (384,8 mil milhões de euros) e a Binance Coin com 81 mil milhões de dólares (69,6 mil milhões de euros). KuCoin Token, Zcash e Polygon foram as que mais recuperaram na última semana, disparando mais de 20% cada uma.

As moedas virtuais continuam a atrair cada vez mais interessados, somando investidores em todo o mundo, e levando mesmo vários Governos a renderem-se às criptomoedas. Por exemplo El Salvador, que foi o primeiro país do mundo a adotar a bitcoin como uma moeda legal. De acordo com o Presidente daquele país, num único dia foram convertidos mais de três milhões de dólares (2,58 milhões de euros) em bitcoin.

“As pessoas estão a inserir [aplicar] muitos mais dólares (para comprar BTC) do que a retirar das caixas multibanco”, escreveu Nayib Bukele no Twitter no sábado passado, referindo que estes factos podem ser comprovados por qualquer órgão de comunicação social. Só naquele dia foram feitas mais de 24 mil transações em todo o país, notou o responsável.

Na semana passada, foi a vez de a Rússia se manifestar. Vladimir Putin ainda não aceita criptomoedas como meio de pagamento, mas há sinais de tolerância. “As criptomoedas têm o direito de existir e podem ser usadas como meio de pagamento”, disse, numa entrevista à CNBC. Ainda assim, frisou ser “demasiado cedo” para falar do potencial uso deste tipo de moedas na comercialização de petróleo e de outro tipo de bens exportados pelo país.

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CIP diz que propostas do Governo para caducidade dos contratos coletivos são inconstitucionais

Confederação dos patrões defende que medidas sobre a caducidade dos contratos coletivos poderão ser inconstitucionais. Ministra garante que estão enquadradas na lei.

O presidente da CIP defende que as medidas que o Governo acrescentou à Agenda do Trabalho Digno, relativamente ao prolongamento da suspensão da caducidade das convenções coletivas de trabalho e o reforço da arbitragem necessária, poderão ser consideradas inconstitucionais. António Saraiva reitera que irá pedir junto dos partidos e do Presidente da República um pedido de apreciação.

Estas medidas “vêm somar complexidade” e “violam normas da Organização Internacional do Trabalho (OIT)”, reiterou António Saraiva, em conferência de imprensa após a reunião da Concertação Social. Como a CIP não poderá requerer a inconstitucionalidade, irá “junto dos que o podem fazer, solicitar inconstitucionalidade”.

De salientar que as alterações propostas pelo Governo não serão feitas através de um decreto-lei, pelo que estas medidas serão discutidas ainda na Assembleia da República e só depois, se aprovadas, seguem para o Presidente da República, para eventual promulgação.

O líder da CIP não explicou qual a base da inconstitucionalidade, deixando os esclarecimentos para depois, mas apontou que estariam relacionados com o Artigo 56º da Constituição. Já o líder da Confederação do Turismo de Portugal sinalizou que não conhece ainda as bases destas afirmações, mas que se se provar, irão acompanhar a CIP nesta questão.

Já a ministra do Trabalho mostrou-se confiante com a legalidade das propostas, apontando que quando o Governo propõe medidas considera “que elas são enquadradas do ponto de vista legislativo e constitucional”.

Os representantes das confederações das empresas criticaram ainda o timing destas propostas, por serem coincidentes com as negociações do Orçamento do Estado. Os partidos à esquerda têm condicionado a aprovação do Orçamento do Estado para 2022 não só do Orçamento em si, mas também de alterações ao nível de outras leis, como a laboral, admitiu na terça-feira António Costa.

António Saraiva sublinhou que iniciaram “a discussão com 64 propostas” e já vão “em 70”, o que poderá mostrar que o Executivo está a desvalorizar as discussões com os parceiros sociais. Atualmente, parece que o Governo está a “negociar fora da concertação social, ceder fora da discussão com parceiros sociais e a ir cedendo aos parceiros de esquerda na tentativa de obtenção da aprovação do OE”, sublinha Antonio Saraiva.

Por outro lado, da parte dos sindicatos, há alguma concordância com certas medidas, apesar de serem ainda insuficientes. Sobre a caducidade, “que foi em grande parte tema da reunião”, a UGT diz concordar, por achar que “nesta fase há que preservar a contratação coletiva que ainda se vai fazendo”. Além disso, Sérgio Monte realça o esforço em “apresentar uma nova modalidade de arbitragem necessária, curiosamente é a que nunca foi utilizada no país”, mas aponta que “não é suficiente”.

O Governo irá aprovar as propostas no Conselho de Ministros desta quinta-feira, que irão seguir depois para o Parlamento. Questionada sobre as expectativas de aprovação, a ministra apontou que o Executivo acredita que é uma “agenda justa, premente, urgente e necessária”, e que é um “sinal que o país quer dar”.

Quanto às propostas específicas que irão constar, parece ainda estar em aberto, e Ana Mendes Godinho sublinha que serão discutidas entre os ministros. A UGT, por exemplo, avançou com uma nova proposta, que prevê a reposição do trabalho suplementar pelos valores de antes da troika, mas admitindo que “pudesse haver condição de numa primeira fase poder ser pago só a partir de um determinado número de horas”.

(Notícia atualizada às 15h15)

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Professores marcam greve nacional para 5 de novembro

Os professores e educadores farão greve a 5 de novembro em protesto pela valorização da profissão de docente e para procurar desbloquear a negociação com o Governo.

A Federação Nacional dos Professores (FENPROF) decidiu convocar uma greve nacional para 5 de novembro, “dia em que o ministro da Educação estará na Assembleia da República para defender a indefensável proposta de Orçamento do Estado para 2022”. A paralisação abrangerá professores e educadores.

Em comunicado divulgado esta quarta-feira, a estrutura sindical liderada por Mário Nogueira frisa que a proposta de Orçamento do Estado “veio confirmar o desrespeito do Governo pelos professores e educadores ao ignorar em absoluto os seus problemas” e atira que “seria muito importante” aprovar, neste momento, “medidas que promovessem uma crescente atratividade da profissão”, já que escasseiam os docentes.

“Contudo, a atitude dos responsáveis do ministério da Educação vai em sentido contrário, impondo um bloqueio negocial que se estende há anos, deixando agravar os problemas, recusando todo e qualquer processo negocial sobre matéria de muito significado para os docentes”, sublinha a FENPROF.

Perante este cenário, e “com enfoque na exigência de serem retomados o diálogo e a negociação,” a estrutura sindical em causa decidiu convocar uma greve nacional de professores e educadores para 5 de novembro, “dia em que o ministro da Educação estará na Assembleia da República para defender a indefensável proposta de Orçamento do Estado para 2022, na área da Educação”.

Além desta paralisação, estão em debate no seio da FENPROF outras ações e formas de luta, que serão discutidas e votadas na reunião do Conselho Nacional que acontecerá a 22 e 23 de outubro.

A proposta orçamental apresentada pelo Governo tem sido alvo de críticas por parte dos sindicatos, dos patrões do setor privado, dos partidos mais à direita e dos partidos mais à esquerda. Já está mesmo convocada uma outra greve na Administração Pública para 12 de novembro, em protesto contra os anunciados aumentos salariais de 0,9%, que os representantes dos funcionários públicos consideram insuficientes.

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Nova School of Law e Gama Glória lançam curso sobre mobilidade elétrica

  • ADVOCATUS
  • 20 Outubro 2021

O objetivo é proporcionar uma visão completa do regime jurídico da mobilidade elétrica em Portugal e dos desafios jurídicos associados a este setor. O curso tem início a 13 de dezembro.

A NOVA School of Law e a Gama Glória lançaram o primeiro curso em Portugal sobre o regime jurídico da mobilidade elétrica. O objetivo é proporcionar uma visão do regime jurídico da mobilidade elétrica em Portugal e dos desafios jurídicos associados a este setor.

Coordenado por Tiago de Melo Cartaxo e Nevin Alija, da NOVA School of Law, e por Débora Melo Fernandes, advogada da Gama Glória, o curso destina-se aos departamentos jurídicos de operadores económicos do setor (por ex., comercializadores de eletricidade para mobilidade elétrica e operadores de pontos de carregamento), dos municípios e das entidades reguladoras e fiscalizadoras (DGEG, ENSE e ERSE), bem como a advogados e juristas.

“A mobilidade elétrica desempenha um papel essencial na prossecução do objetivo europeu de neutralidade carbónica em 2050. Essa importância saiu reforçada com a apresentação, pela Comissão Europeia, do pacote Fit for 55. Na Europa e em Portugal, assiste-se a um rápido crescimento do número de veículos elétricos e do número de pontos de carregamento. Paralelamente, assiste-se a um número crescente de operadores – quer nacionais quer estrangeiros – a entrarem no mercado da mobilidade elétrica, seja na atividade de operação de pontos, seja na de comercialização de eletricidade, seja ainda em outros serviços de mobilidade associados. Finalmente, vários municípios encontram-se em processo, mais ou menos avançado, de elaboração de regulamentos adaptados a esta realidade, tendo também as regiões autónomas ambiciosos planos de mobilidade elétrica. Estamos, pois, perante uma área em franca e rápida expansão, que merece um interesse cada vez maior do mercado e de várias entidades públicas”, lê-se no programa.

Através deste curso, os participantes terão uma visão aprofundada do enquadramento normativo europeu e nacional aplicável, das várias atividades reguladas e seu relacionamento, dos desafios colocados pelo carregamento público e pelo carregamento doméstico, das questões relativas à ocupação do espaço público, do quadro institucional do setor e do seu regime tarifário, do papel das políticas públicas, dos regimes de incentivos e da regulação no crescimento da rede de carregamento e das implicações ambientais envolvidas.

O curso visa também fornecer ferramentas para os participantes ultrapassarem os desafios e implicações jurídicas colocados pela legislação e regulamentação da mobilidade elétrica.

“O curso será enriquecido pela perspetiva prática daqueles que exercem a sua atividade profissional nesta área. A criação de um ambiente de discussão construtiva e as interações entre os participantes e especialistas e profissionais do setor é crucial para o objetivo prosseguido com este curso”, lê-se no site online.

O curso online decorrerá entre 13 de dezembro de 2021 e 18 de janeiro de 2022 e tem uma duração total de 15 horas.

Programa

13 de dezembro 2021 | 18h00 – 19h30

Conferência de Abertura – “O Contributo da Mobilidade Elétrica para a Neutralidade Climática”

  • Com Eduardo Pinheiro, Secretário de Estado da Mobilidade, e Jorge Vasconcelos, ex-presidente da ERSE, presidente da NEWES.

14 de dezembro 2021 | 18h00 – 20h45

“Enquadramento Europeu”

  • Com Tiago de Melo Cartaxo, NOVA School of Law, e Nevin Alija, NOVA School of Law.

“Introdução ao Regime Jurídico Português: o Decreto-Lei n.º 39/2010”

  • Com Adolfo Mesquita Nunes, Gama Glória.

16 de dezembro 2021 | 18h00 – 20h45

“Modelo Regulatório em Portugal: as atividades da Mobilidade Elétrica e o seu relacionamento”

  • Com Débora Melo Fernandes, Gama Glória.

“Composição da Rede de Carregamento: Pontos de Acesso Público e Pontos de Acesso Privativo”

  • Com Débora Melo Fernandes, Gama Glória.

4 de janeiro 2022 | 18h00 – 20h45

“Mobilidade Elétrica e Ocupação do Domínio Público”

  • Com Jorge Pação, Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.

“Rede de Carregamento e Estacionamento Público”

  • A anunciar.

7 de janeiro 2022 | 18h00 – 20h45

“Mobilidade Elétrica: um balanço do modelo português”

  • Com Alexandre Videira, MOBI.E.

“O Sistema Tarifário da Mobilidade Elétrica”

  • Com Filipe Matias Santos, ERSE.

11 de janeiro 2022 | 18h00 – 20h45

“Mobilidade Elétrica e Urbanismo: os desafios colocados pelo carregamento privativo residencial e não residencial”

  • Com Fernanda Paula Oliveira, FDUC.

“Papel das Políticas Públicas, dos Regimes de Incentivos e da Regulação na Expansão da Mobilidade Elétrica”

  • Com Lúcio Tomé Feteira, NOVA School of Law.

Dia 13 de janeiro 2022 | 18h00 – 20h45

Mesa Redonda: “Realidade e Tendências da Mobilidade Elétrica em Portugal”

  • Com Daniela Simões, Miio Electric, Carlos Ferraz, Prio, Henrique Sánchez, Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos, Luís Tiago Brandão Ferreira, E-Redes, e Nuno Silva, Efacec.

“Mobilidade Elétrica e Ambiente: o Regulamento Europeu de Baterias”

  • Com Nevin Alija, NOVA School of Law e representante da REPER a anunciar

Dia 18 de janeiro 2022 | 18h00 – 19h30

Conferência de Encerramento – “Os Novos Desafios da Mobilidade Elétrica”

  • Com Luís Barroso, presidente do Conselho de Administração da MOBI.E, e convidado a anunciar.

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Portugal recompra 268 milhões de dívida em dólares

IGCP recomprou antecipadamente 268 milhões de dólares em dívida emitida em 2014 e que só vencia em 2024.

Portugal foi esta quarta-feira aos mercados recomprar antecipadamente 268 milhões de dólares em dívida emitida na moeda americana e que tinha maturidade em 2024.

Com esta operação, o IGCP, liderado por Cristina Casalinho, baixou o saldo vivo desta emissão em dólares feita em 2014 para cerca de 3,1 mil milhões de dólares, isto já depois de ter realizado uma operação semelhante em julho e através da qual antecipou reembolsos de 1,12 mil milhões de dólares.

Estas Obrigações do Tesouro foram emitidas em julho de 2014 e vencem apenas daqui a três anos. Por estes títulos, o país paga um cupão de 5,125%.

O IGCP tem seguido uma estratégia de alisamento do perfil de amortizações de dívida pública nos próximos anos, através de operações de troca de dívida e também de recompra de dívida antecipada em dólares.

Com isto, Cristina Casalinho alivia as necessidades de reembolsos a fazer aos mercados nos próximos anos, procurando obter poupanças com estas operações tendo em conta o ambiente de juros baixos promovido pelo Banco Central Europeu (BCE).

De acordo com o boletim mensal do IGCP de setembro, Portugal enfrenta reembolsos de 9,1 mil milhões de euros em 2022, montantes que sobem para 11,4 mil milhões e 11,9 mil milhões em 2023 e 2024.

(Notícia atualizada às 15h23 com mais informações)

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