Mais 12 mortes e 2.948 casos de Covid-19. Incidência recua em Portugal

  • ECO
  • 11 Agosto 2021

Desde o início da pandemia, o país soma 993.241 casos e 17.514 mortes por Covid-19. Até ao momento, contam-se 931.808 pessoas recuperadas da doença.

A Direção-Geral da Saúde (DGS) identificou 2.948 novos casos de infeção por coronavírus, elevando para 993.241 o número de infetados desde o início da pandemia. O boletim desta quarta-feira indica ainda que, nas últimas 24 horas, morreram 12 pessoas com a doença, perfazendo um total de 17.514 óbitos desde a chegada do coronavírus ao país.

Do número total de infetados, a esmagadora maioria está a fazer o tratamento em casa, sendo que 785 (-44) pessoas estão internadas em unidades hospitalares, das quais 181 (-5) nos cuidados intensivos. Há mais de 58 mil sob vigilância das autoridades de saúde, por terem estado em contacto com outras pessoas entretanto diagnosticadas com a doença.

O número de recuperados está, atualmente, nos 931.808, mais 2.261 pessoas face ao balanço anterior. Portugal regista ainda 43.919 casos ativos.

Boletim epidemiológico de 11 de agosto

Lisboa e Vale do Tejo concentrou a maioria das novas infeções registadas nas últimas 24 horas. Dos 2.948 novos casos registados em todo o país, 1.132 foram nesta região, seguindo-se o Norte, com 1.006.

Os dados da DGS revelam ainda que o risco de transmissibilidade (Rt), que mostra quantas pessoas cada infetado contagia em média, está em 0,94 quer a nível nacional, quer no continente. Trata-se de uma subida ligeira face ao último balanço, o que coloca Portugal na zona laranja da matriz de risco.

Por sua vez, a incidência (média de novos casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias) voltou a cair, estando agora em 326,5 casos por 100 mil habitantes a nível nacional e em 331,6 no continente.

(Notícia atualizada às 14h22 com mais informação)

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Dados do emprego “impressionantes” mostram “vitalidade da economia”

Siza Vieira diz que dados do emprego do segundo trimestre "são impressionantes". Já para Mendes Godinho, números mostram que apoios "foram fundamentais" para segurar os postos de trabalho.

O ministro da Economia considera “impressionantes” os dados do emprego divulgados esta quarta-feira, que provam a “vitalidade da economia” portuguesa. Em reação aos mesmos dados, a ministra do Trabalho destaca a importância dos vários apoios extraordinários que foram criados na preservação do emprego durante a atual crise. O INE deu conta de que, no segundo trimestre, a população empregada ultrapassou os níveis pré-pandemia.

“O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou os números do emprego do segundo trimestre de 2021 e os resultados são impressionantes. A população empregada em Portugal, neste período, é um máximo histórico e ultrapassou mesmo os valores do segundo trimestre de 2019“, frisa Pedro Siza Vieira, numa mensagem em vídeo partilhada com os jornalistas.

Por sua vez, num comunicado, Ana Mendes Godinho sublinha que “estes números mostram, uma vez mais, que os apoios extraordinários que foram criados para apoiar as empresas e o rendimento dos trabalhadores foram fundamentais para preservar o emprego durante a crise provocada pela pandemia”.

De acordo com a nota estatística do INE, entre abril e junho, a população empregada fixou-se em 4.810,5 mil pessoas, mais 2,8% do que no trimestre anterior, mais 4,5% do que no período homólogo de 2020 e mais 0,8% do que no segundo trimestre de 2019. O Ministério do Trabalho salienta que esse valor registado no segundo trimestre é o mais elevado desde 2011. É o “valor mais alto da última década“, enfatiza mesmo o gabinete de Mendes Godinho.

Em comparação com os primeiros três meses do ano, o INE indicou que as maiores variações positivas na população empregada foram registadas entre as mulheres, as pessoas dos 55 aos 64 anos, os indivíduos com um nível de escolaridade completo correspondente ao ensino superiores, as empregadas no setor dos serviços (com destaque para as atividades de alojamento, restauração e similares), as pessoas a trabalhar por conta de outrem, as pessoas com contrato sem termo e as empregadas a tempo completo.

Daí que o ministro da Economia destaque também, na sua mensagem em vídeo, que “o setor dos serviços, o mais afetado pela pandemia, criou por si mais de 100 mil empregos, dos quais 25 mil no alojamento, restauração e similares”. Siza Vieira remata sublinhando que a “capacidade de criação de emprego é um sinal de vitalidade da economia“.

No segundo trimestre do ano, a taxa de desemprego fixou-se em 6,7%, menos 0,4 pontos percentuais do que no período compreendido entre janeiro e março, mas mais um ponto percentual do que no período homólogo de 2021. Também a taxa de subutilização do trabalho caiu, fixando-se em 12,3%.

Entre abril e junho, Portugal viveu um processo de desconfinamento progressivo, que devolveu algum ânimo à economia e ao mercado laboral, o que ajuda a explicar os dados divulgados, esta quarta-feira, pelo INE.

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Web Summit regressa a Lisboa este ano em formato presencial

  • Joana Abrantes Gomes
  • 11 Agosto 2021

O evento tecnológico vai retomar o formato presencial na edição deste ano, que decorrerá entre 1 e 4 de novembro, na FIL e Altice Arena, em Lisboa. A organização espera mais de 40 mil participantes.

A Web Summit deste ano vai decorrer em formato presencial, anunciou Paddy Cosgrave, criador do evento. No ano passado, a pandemia tinha forçado a maior conferência de tecnologia e empreendedorismo da Europa a realizar-se na internet. Mas a próxima edição vai voltar à FIL e à Altice Arena, em Lisboa, entre os dias 1 e 4 de novembro.

“A Web Summit recebeu luz verde total e vai realizar-se fisicamente em Lisboa em novembro. Vejo-vos a todos em Portugal”, escreveu Paddy Cosgrave numa publicação na rede social Twitter.

Em declarações à Reuters, os promotores indicaram que têm estado em contacto regular com as autoridades de saúde com vista a criarem um evento “livre de Covid”.

Segundo a responsável de comunicação da Web Summit, Katherine Farrell, ainda não foi decidido se será necessário o uso de máscara ou a realização de um teste de despiste da Covid-19 à entrada. Mas a área está a ser preparada para garantir a possibilidade de distanciamento social entre os participantes.

Os planos atuais do Governo português apontam para o levantamento do uso obrigatório de máscara em áreas exteriores em setembro, mas a máscara ainda será exigida em grandes ajuntamentos e será de uso obrigatório em espaços interiores.

Apesar da realização presencial, as sessões da Web Summit continuarão a ser transmitidas online, como já acontecia antes da pandemia. O evento contará com mais de mil oradores e deverão participar 1.250 startups, avançou a Web Summit, que espera a participação de mais de 40.000 pessoas este ano.

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Roubo de 600 milhões em criptomoedas será o maior da história

A plataforma de criptomoedas Poly Network anunciou que foi alvo de um ciberataque. Terão sido roubados cerca de 600 milhões de dólares em criptomoedas, de acordo com a Reuters.

Cerca de 600 milhões de dólares em criptomoedas terão sido roubados de uma plataforma de finanças descentralizadas (DeFi), naquele que é já considerado o maior ciberataque a este setor, noticiou a Reuters.

Numa publicação no Twitter, a Poly Network revelou ter sido vítima de um ataque informático e publicou os detalhes das “carteiras” de criptomoedas para onde os fundos terão sido transferidos.

Na mesma rede social, a plataforma apelou às corretoras de criptomoedas que impeçam as transferências de fundos a partir das “carteiras” associadas ao alegado roubo. “Vamos tomar medidas legais e apelamos aos hackers que devolvam estes ativos”, rematou ainda a Poly Network.

De acordo com a Reuters, até aqui, o maior roubo de criptomoedas tinha sido os 530 milhões de dólares extraviados da corretora japonesa Coincheck em 2018. Segue-se na lista o histórico colapso da corretora japonesa Mt. Gox, que perdeu 500 milhões de dólares em criptomoedas em 2014.

Alguns utilizadores da referida plataforma queixaram-se no Twitter de que perderam acesso a todo o portefólio de criptomoedas. O caso é ilustrativo dos riscos associados aos investimentos em criptoativos.

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Estado alarga serviços públicos disponíveis por videochamada

Renovar a carta de condução ou confirmar a alteração de morada do cartão de cidadão vai passar a poder ser feito através de videochamada. Mas há mais serviços assim.

Numa altura em que a tecnologia está cada vez mais avançada, e com o objetivo de facilitar a vida aos contribuintes, o Estado vai passar a disponibilizar uma série de serviços por videochamada, evitando deslocações. Atos como renovar a carta de condução ou pedir o registo criminal passará a poder ser feito através de um computador.

Desde junho que as pessoas com mais de 25 anos já podiam pedir a Chave Móvel Digital, renovar e alterar a morada do cartão de cidadão através de videochamada. Mas agora juntam-se outros serviços públicos, naquela que é uma medida no âmbito do “ePortugal mais acessível”, inscrita no programa SIMPLEX’20-21. Assim, através de marcação, pode receber ajuda remota para efetuar estes serviços:

  • Revalidar a carta de condução;
  • Confirmar a alteração de morada do Cartão de Cidadão;
  • Pedir o certificado de registo criminal de pessoas singulares;
  • Associar atributos empresariais com o Sistema de Certificação de Atributos Profissionais (SCAP);
  • Marcar uma consulta no centro de saúde;
  • Alterar os dados associados à Chave Móvel Digital.

Para recorrer à ajuda de um operador basta aceder ao serviço pretendido neste portal, selecionar a opção suporte que se encontra na barra lateral do site e escolher “agendar videochamada”. Depois de preencher os dados pedidos, deve escolher o dia e a hora e, dentro de 15 minutos, receberá um email de confirmação. Na data agendada, será realizada a videochamada que permite aos cidadãos efetuar o serviço online com o auxílio do operador.

Além disso, em comunicado enviado esta quarta-feira, o Governo revela mais novidades. No atendimento telefónico, vai passar a estar disponível o encaminhamento para atendimento direto em assuntos relacionados com a Autoridade Tributária, Instituto dos Registos e Notariado, Instituto da Segurança Social e Serviços de Estrangeiros e Fronteiras, através do Centro de Contacto Cidadão (300 003 990).

O mesmo acontece com o Centro de Contacto Empresa (300 003 980), que permitirá a entrada direta para obtenção de esclarecimentos sobre vários serviços dedicados à atividade económica e o atendimento (em fase de projeto-piloto) para os serviços de alojamento local, saldos e liquidações e feirantes ou vendedores ambulantes.

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DB Schenker nomeia António Paulo como managing director de Portugal e Iberia West Area Manager

António Paulo substitui Luís Marques, que passa a ocupar a posição de CEO do Brasil, Região Américas.

António Paulo, managing director de Portugal e Iberia west area manager da DB Schenker.

A DB Schenker anunciou a nomeação de António Paulo como o novo managing director de Portugal e Iberia west area manager. António Paulo também passa a ser membro do Comité de Direção da Ibéria (IMC). Substitui Luís Marques, que passou a ocupar a posição de CEO do Brasil, Região Américas.

“O António Paulo tem uma levada experiência a liderar equipas, com sucesso no aumento da eficiência e produtividade, e é apaixonado por oferecer soluções inovadoras para responder aos desafios. Estou seguro de que alcançaremos os êxitos que nos permitirão continuar a motivar o foco no cliente, a qualidade do nosso serviço, a excelência operacional e os resultados financeiros da Iberia west”, afirma Juan Carlos Moro, CEO Iberia cluster da DB Schenker, citado em comunicado.

O novo managing director de Portugal entrou na DB Schenker em 2014, primeiro como project manager, tendo passado a head of business development & Iberia automotive competence center e, posteriormente, a head of direct freight – Iberia west. É formado em HR Management & Strategic Organization pelo ISLA – Instituto Superior de Línguas e Administração, e estudou na Universidade Europeia, da Laureate International Universities.

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Adolescentes dos 14 aos 15 podem ser vacinados a partir de dia 21

  • ECO e Carolina Bento
  • 11 Agosto 2021

O coordenador da task-force planeia que a vacinação de jovens entre os 14 e os 15 anos comece sábado, dia 21 de agosto, mas ainda podem ser necessárias alterações.

A task-force da vacinação contra a Covid-19 planeia começar a vacinar os adolescentes entre os 14 e os 15 anos já dia 21 de agosto, para que os jovens dos 12 aos 13 possam ser vacinados uma semana depois, a partir do dia 28, disse esta quarta-feira à Renascença o próprio coordenador, Henrique Gouveia e Melo. Este plano foi elaborado para a mais recente reunião com o Infarmed, mas ainda pode sofrer algumas alterações.

Em declarações à RTP3, o vice-almirante disse que a modalidade “Casa Aberta” vai ser aberta aos jovens entre os 14 e os 15 anos os fins de semana. Com a vacinação das faixas etárias mais jovens, o coordenador da task-force prevê que se cumpra a meta de todos estarem vacinados até 19 de setembro, a tempo do começo das aulas. “Pretende-se acabar nesta data por casa do início do ano escolar”, reforçou Gouveia e Melo.

Esta terça-feira, a vacinação dos jovens entre os 12 e os 15 anos foi aprovada pela Direção-Geral da Saúde (DGS). Esta aprovação pode ser importante para o começo do ano letivo, que acontece em setembro, e o primeiro-ministro assegurou mesmo que a vacinação dos jovens vai acontecer antes de começarem as aulas. “Congratulo-me que a ciência tenha confirmado ser possível cumprir o nosso dever de garantir proteção universal a todas as crianças maiores de 12 anos”, escreveu António Costa, na sua conta oficial no Twitter.

O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, disse ontem, na apresentação da Agenda para a Inovação das Políticas de Juventude, que os jovens deveriam ser vacinados “o mais rapidamente possível”, com uma adesão que espera ser “total”. Contudo, Graça Freitas referiu que, se as crianças não forem todas vacinadas antes do início das aulas, não seria grave porque o impacto na evolução da pandemia em Portugal seria pouco expressivo.

Vacinar para “libertar este país do vírus”

Depois da decisão da DGS, Gouveia e Melo acredita que o país está preparado para “esmagar o vírus” em menos de dois meses e “atingir a imunidade de grupo”. “Estamos a tentar [vacinar] o mais rapidamente possível, para que proteja os portugueses, para que possamos ter a nossa vida e economia recuperada e também que para que ninguém morra com este vírus. Todos nós temos de fazer este último esforço para dar a última pancada ao vírus”.

Esse esforço, disse, tem de partir dos jovens, numa fase em que ainda falta um milhão e meio de pessoas levarem a primeira dose da vacina. “Estamos a facilitar tudo o que é possível facilitar para que os jovens compareçam nos centros de vacinação”, disse o coordenador da task-force. Se os jovens, bem como a população em geral, derem o seu contributo, “até fins de setembro” será possível “recuperar quase a totalidade da normalidade”.

Henrique Gouveia e Melo apelou ainda ao país, afirmando: “Temos de libertar este país do vírus. (…) Não vamos ter um país refém de um vírus”. E, sublinhou, essa libertação tem de ser feita através da vacinação. “A vacinação é segura, é boa e é melhor do que apanhar o vírus. Entre apanhar o vírus e ter uma vacina que nos protege, acho que a estratégia mais simples, mais lógica e mais racional é ser vacinado”, concluiu.

(Notícia atualizada às 11h59 com declarações do Vice-Almirante Gouveia e Melo)

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INE confirma subida da inflação. Rendas deverão subir em 2022

A taxa de variação homóloga do Índice de Preços no Consumidor chegou aos 1,5% em julho, dando ainda mais força às previsões de que as rendas irão subir no próximo ano.

A taxa de inflação bateu mesmo os 1,5% em julho, confirmando a estimativa rápida que tinha sido feita no final do mês passado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Estes dados dão, assim, ainda mais força à previsão de que as rendas das casas irão subir no próximo ano, tal como o ECO tinha avançado, uma vez que, excluindo a habitação, a taxa de inflação fixou-se em 0,29% em julho.

A taxa de inflação deu um salto no mês passado e chegou a 1,5%, estando a variação média dos preços (Índice de Preços do Consumidor) nos últimos 12 meses nos 0,4%. A subida para 1,5% é superior à observada em junho. “Esta aceleração reflete essencialmente a dissipação de efeitos de base, relacionados com o impacto da pandemia”, diz o INE, no destaque publicado esta quarta-feira.

O indicador de inflação subjacente (IPC excluindo produtos alimentares não transformados e energéticos) registou uma variação homóloga de 0,8%, taxa superior em 1,1 pontos percentuais à registada em junho. O agregado relativo aos produtos energéticos apresentou uma taxa de variação de 8,7%, enquanto o índice referente aos produtos alimentares não transformados registou uma variação homóloga de 0,5%.

Por classes de despesa e face a junho, destaque para os aumentos das taxas das classes dos restaurantes e hotéis, dos transportes e das bebidas alcoólicas e tabaco, com variações de -1,1%, 5,3% e 1,5%, respetivamente. Pelo contrário, assinala-se a diminuição da taxa da classe do vestuário e calçado, da habitação, água, eletricidade, gás e outros combustíveis e da saúde, com variações de -0,6%, 1,5% e 2,1%, respetivamente.

Excluindo a habitação, a taxa de inflação fixou-se em 0,29% em julho, o que indica que as rendas irão subir em 2022. Os dados de agosto é que permitirão saber oficialmente que evolução terão as rendas, mas uma subida é o mais expectável, uma vez que, este ano, a taxa média dos preços sem habitação apresentou em todos os meses valores positivos, pelo que seria necessária uma quebra acentuada este mês para o resultado ser diferente.

A estagnação das rendas este ano aconteceu depois da subida de 0,51% das rendas registada em 2020, do aumento de 1,15% em 2019, o de 1,12% em 2018, 0,54% em 2017 e de 0,16% nas rendas atualizadas em 2016 — o aumento de 2022 será, à partida, apenas superior ao registado em 2016. À semelhança do que aconteceu este ano, também em 2015 as rendas tinham ficado congeladas.

(Notícia atualizada às 11h52 com mais informação)

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Daniel Adrião contesta unanimidade na aprovação de congresso presencial do PS

  • Lusa
  • 11 Agosto 2021

O dirigente socialista contestou a informação divulgada em comunicado pelo PS de que a realização presencial do Congresso do partido tinha sido aprovada por unanimidade.

O dirigente socialista Daniel Adrião contestou esta quarta-feira a informação divulgada em comunicado pelo PS de que a realização presencial do Congresso do partido tinha sido aprovada por unanimidade, informando que o mandatário da sua candidatura se opôs.

Daniel Adrião anunciou, em nota enviada à Lusa que o seu representante na Comissão Organizadora do Congresso (COC) e mandatário da sua candidatura, Agostinho Gonçalves, “se opôs à marcação do Congresso Nacional nas datas de 28 e 29 de agosto”.

De acordo com Daniel Adrião, trata-se de “um momento inapropriado à realização de um evento de massas, tendo em conta que o país enfrenta uma séria batalha contra a pandemia de Covid-19, que ainda não está vencida”, uma posição que o primeiro subscritor da moção de estratégia “Democracia Plena” já tinha expressado.

Daniel Adrião obteve cerca de 6% dos votos nas eleições diretas do secretário-geral do PS, cargo que disputou em junho com o atual secretário-geral, António Costa, que foi eleito pela quarta vez com 94%.

Na terça-feira, o gabinete de imprensa do PS divulgou um comunicado em que dava conta que a realização da reunião magna socialista em modo presencial na Portimão Arena, entre 28 e 29 de agosto, tinha sido aprovada por unanimidade pela COC.

A justificação apresentada para a mudança na forma como o congresso socialista se vai processar foi justificada nesse comunicado com a ideia de que “o contexto pandémico em Portugal já permite reunir as condições sanitárias indispensáveis para o efeito”.

Nessa nota, apontava-se para a vacinação contra a Covid-19 de 70% da população com pelo menos uma dose e com a previsão de que, até ao final de agosto, 70% da população já terá completado a vacinação.

“Acresce o facto de as regras estipuladas pela DGS permitirem já o regresso de público a grandes eventos“, acrescentava o comunicado.

O partido reiterava ainda que o congresso se realizará “com o distanciamento físico adequado entre os delegados, respeitando as regras das autoridades de saúde e com o acesso condicionado à apresentação do certificado de vacinação ou teste realizado à entrada”.

Está ainda prevista a participação à distância e o partido garante, por meios digitais, “o direito à credenciação, ao pedido de palavra e à participação nas votações”.

Na segunda-feira, o presidente do partido, Carlos César, tinha já dito à Lusa que o XXIII Congresso Nacional do PS se realizará “na última data aprovada na Comissão Nacional do partido, 28 e 29 de agosto”, na cidade de Portimão.

O líder socialista lembrava que o congresso “já devia ter ocorrido em maio de 2021”, mas que a “data foi sendo sucessivamente adiada” devido à pandemia da Covid-19.

“O congresso decorrerá na Portimão Arena, no Algarve, onde o número de delegados presentes não chegará a metade da capacidade do espaço, com o distanciamento físico adequado dos delegados e com o acesso condicionado ao certificado de vacinação ou teste realizado à entrada do edifício”, acrescentou o socialista.

A 03 de julho, o presidente do PS tinha anunciado que Comissão Nacional do PS aprovara, com 86% de votos favoráveis, a remarcação do 23º Congresso Nacional do partido para 28 e 29 de agosto.

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Desemprego cai para 6,7%. População empregada acima dos níveis pré pandemia

O desemprego voltou a cair. Entre abril e junho, verificou-se uma quebra de 0,4 pontos percentuais dessa taxa face ao valor registado nos primeiros três meses de 2021.

A taxa de desemprego fixou-se, entre abril e junho, em 6,7%, menos 0,4 pontos percentuais (p.p) do que nos primeiros três meses do ano, mas mais um ponto percentual do que no período homólogo de 2020. Já a população empregada aumentou para 4.810,5 mil pessoas, estando já acima dos níveis pré pandemia, de acordo com os dados divulgados, esta quarta-feira, pelo Instituto Nacional de Estatística.

O segundo trimestre do ano ficou marcado pelo processo de desconfinamento progressivo, o que devolveu algum ânimo à economia e ao mercado laboral. Deste modo, a taxa de desemprego caiu 0,4 p.p. em cadeia, fixando-se em 6,7%, valor, ainda assim, superior em um ponto percentual ao registado no trimestre homólogo de 2020 e em 0,3 p.p. ao verificado no segundo trimestre de 2019.

Ou seja, a taxa de desemprego ainda não está nos níveis pré pandemia. Por outro lado, a população empregada já conseguiu recuperar e, entre abril e junho, registou uma subida de 0,8% face ao segundo trimestre de 2019. Há agora 4.810,5 mil pessoas empregadas em Portugal, o que é também sinónimo de um salto de 2,8% face ao início do ano e de um aumento de 4,5% em relação à taxa verificada no período homólogo de 2020.

Esta variação, explica o INE, resultou sobretudo dos acréscimos ocorridos nos seguintes grupos: mulheres (3,3%); pessoas dos 55 aos 64 anos (4,5%); com níveis de escolaridade completo correspondente ao ensino superior (6,2%); empregadas no setor dos serviços (2,9%), “mais concretamente nas atividades de alojamento, restauração e similares (11,3%); a trabalhar por conta de outrem (3%) com contrato sem termo (3,1%); e empregadas a tempo completo (3,3%).

Segundo a nota conhecida esta manhã, o segundo trimestre trouxe ainda uma quebra da taxa de subutilização do trabalho, que se fixou em 12,3%, menos 1,8 p.p. do que no início do ano e menos dois pontos percentuais do que no período homólogo de 2020. Esta evolução é explicada em grande medida, sublinha o INE, pela diminuição do número de inativos disponíveis para trabalhar, mas que não procuram emprego. Durante os períodos de desconfinamento (como o segundo trimestre de 2021), essa procura tende a ser mais fácil do que nos períodos de confinamento — como o primeiro trimestre de 2021 e o segundo trimestre de 2020, períodos que servem agora de base de comparação para os dados de abril a junho — à boleia do levantamento das restrições à mobilidade, o que faz diminuir esse universo de inativos que não procuram um novo emprego.

Já quanto à população empregada ausente do trabalho na semana de referência, há a notar um recuo de 37,5% em relação ao trimestre anterior e uma quebra de 63,1% face ao período homólogo. O principal motivo dessa ausência foi “doença, acidente ou incapacidade temporária”, à semelhança do que “usualmente se observa em segundos trimestres”. Neste grupo, também estão incluídos trabalhadores em lay-off, regime ao qual aderiram menos empresas, entre abril e junho, por efeito do desconfinamento. Este foi, por isso, o terceiro motivo mais frequente para estas ausências.

Em consequência da evolução deste indicador o volume de horas efetivamente trabalhadas disparou 10,6% em cadeia e 32,1% em termos homólogos. “Em média, cada pessoa empregada trabalhou 35 horas por semana”, lê-se na nota divulgada esta quarta-feira.

Por outro lado, no segundo trimestre, 14,9% da população empregada trabalhou sempre ou quase sempre a partir de casa com recurso a tecnologias de informação e comunicação, isto é, esteve em teletrabalho. Em causa estão 717 mil pessoas. A adoção do teletrabalho foi obrigatória durante grande parte do período compreendido entre abril e junho. Só em meados desse último mês é que tal obrigação foi levantada para a generalidade do país, mantendo-se, ainda assim, em vigor em alguns concelhos (isto é, naqueles mais afetados pela pandemia).

Destaque, por fim, para a população ativa, que aumentou 2,3% em cadeia para 5.156,2 mil pessoas. Face ao período homólogo, está em causa uma subida de 5,7%. “Tal refletiu-se na taxa de atividade da população em idade ativa (dos 16 aos 89 anos), que se situou em 59,3%, tendo aumentado 1,3 p.p. em relação ao trimestre precedente e 3,3 p.p. por comparação com o segundo trimestre de 2020”, detalha o INE.

(Notícia atualizada às 11h59)

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Continental quer contratar 500 engenheiros no Porto

A empresa fornecedora de serviços de engenharia do grupo Continental, localizada no Porto, quer chegar a 2025 com 500 colaboradores. Atualmente conta com 100 pessoas.

A Continental Engineering Services Portugal (CES), empresa fornecedora de serviços de engenharia do grupo Continental, quer recrutar 500 colaboradores em Portugal até 2025. O plano estratégico prevê que, em 2022, a empresa chegue aos 250 colaboradores e em 2025 aos 500.

A CES está a recrutar engenheiros de software, engenheiros de SW sistemas embebidos, engenheiros hardware, engenheiros de sistemas, especialistas de cibersegurança, penetration testers e fullstack developpers. As vagas estão disponíveis no Linkedin.

“Dois anos depois somos uma equipa de 100 colaboradores e posso afirmar que fizemos uma excelente aposta em investir no Porto, onde encontrámos uma equipa jovem, comprometida e altamente motivada para fazer face aos desafios tecnológicos que se avizinham e nesse sentido decidimos aumentar o plano de crescimento para 500 engenheiros nos próximos anos”, refere Jochen Diehm, CES Portugal Managing Director, citado em comunicado.

O responsável pela empresa destaca ainda “os projetos inovadores no setor automóvel, o ambiente intercultural – projetos conjuntos em diversas localizações –, a flexibilidade e as oportunidades de carreira face ao crescimento previsto”, como alguns dos principais atrativos da CES.

O grupo adianta ainda que o crescimento do ponto de vista das necessidades dos recursos humanos está alavancado na “elevada procura pelo desenvolvimento de soluções para o setor automóvel, Indústria 4.0 e necessidades na área de Cibersegurança”.

A Continental Engineering Services é uma subsidiária do Grupo Continental que foi fundada em 2006 para fornecer serviços de engenharia às indústrias. Iniciou a sua atividade nas cidades alemãs de Frankfurt e Nuremberga, com 30 engenheiros, mas atualmente emprega perto de 2.000 colaboradores e tem 24 localizações, em 13 países do mundo.

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“As mulheres também percebem de computadores”. E estas abrem o caminho para mais mulheres na tecnologia

Ter exemplos de outras mulheres com carreiras nas tech pode ser crucial para a escolha de outras mulheres. Educar, eliminar preconceitos e sair da zona de conforto é fundamental.

“Desde que comecei a trabalhar na indústria que ouço falar no termo ‘Women in Tech’, as mulheres que inspiram, motivam e abrem o caminho para mais mulheres se sentirem empoderadas numa área maioritariamente masculina. Automaticamente ganhamos esse título quando começamos a trabalhar numa empresa tech, mas o que é que fazemos com ele?”, questiona-se Andreia Tulcidás, community engagement manager na OutSystems.

Há quase três anos no unicórnio de ADN português e com uma passagem pela Microsoft, Andreia Tulcidás foi distinguida pela comunidade Portuguese Women in Tech com o prémio de “Community Leader by Sky Technology Centre – Portugal”. É uma das 14 mulheres premiadas pela quarta edição dos PWIT Awards. Todas elas trabalham em tecnologia, ainda num meio maioritariamente masculino, mas não consideram que seja um meio solitário para as mulheres. E, se alguma vez foi, acreditam que isso está a mudar. Trata-se de um setor para pessoas.

Para Andreia Tulcidás receber esta distinção é algo que a deixa “extremamente orgulhosa”. “Significa que estou a ter um impacto positivo no ecossistema, que estou a contribuir para algo maior do que eu, e que posso vir a ser um exemplo para alguém.”

E é precisamente de ter mais exemplos que se trata. As mulheres já eram – e continuam a ser – uma minoria no ecossistema das tech. Só há uma coisa a fazer: “dar o exemplo”. Dar exposição às profissionais que trabalham no setor, para que sirvam de referência para quem está ou pensa entrar nas tech.

“Quanto mais propagarmos que as mulheres se vão sentir em desvantagem ou em minoria em tech, menos avançamos com a normalização de efetivamente termos mulheres em tech. A coisa mais importante que temos de fazer é continuar a dar o exemplo, é inspirar as novas gerações, mostrando que é banal estar em tech e é como outro trabalho qualquer”, refere Andreia Tulcidás.

“Temos de ensinar que ‘as mulheres também percebem de computadores’ e que ‘não é só coisa de homem’, e desmistificar que temos de ter um background técnico para trabalhar em tecnologia. É mostrar como fazer, em vez de forçar a mudança”, afirma em conversa com a Pessoas.

Se há algum tempo se falava em homens e mulheres em tecnologia, cada vez mais falamos em pessoas na tecnologia.

Mónica Cerquido

Optical developer na Bosch Portugal

Mónica Cerquido, optical developer na Bosch Portugal, tem um olhar otimista. Considera que o paradigma está, finalmente, a mudar e começa a ser normal as mulheres estarem no mundo tecnológico a criarem carreira. “Se há algum tempo se falava em homens e mulheres em tecnologia, cada vez mais falamos em pessoas na tecnologia”, diz a vencedora categoria de “Impact inTechnology” dos PWIT Awards.

Apesar de admitir que a pandemia possa ter condicionado uma “pequena parte a arriscar num meio tecnológico”, Mónica Cerquido considera que a pouca diversidade de género passa, sobretudo, por estigmas do passado. “Hoje, vemos já mulheres como leaders de grandes empresas no setor tecnológico, o que faz com que todos estes estigmas se vão perdendo. E é essa a mensagem que todos devemos querer passar. Mostrar que há mulheres aqui neste mundo tech, e dar exemplos aos mais novos que é normal mulheres e homens trabalharem juntos no desenvolvimento e na implementação de novas tecnológicas, com igual capacidade. Que não há mundos de homens e mulheres. Há apenas mundo, onde homens e mulheres coabitam em conjunto no desenvolvimento tecnológico.”

Educar, arriscar e sair da zona de conforto

Educar miúdos e graúdos, bem como dar exemplos de mulheres com carreiras nas tech, é fundamental para conseguir uma verdadeira diversidade de género nesta indústria. Para Paula Mateus, head of technology finance transformation na Deloitte e a vencedora da categoria “Digital Tansformation Lead”, a questão começa, desde logo, na escolha dos cursos académicos e prolonga-se na retenção das mulheres que optam por carreiras tecnológicas.

“Há pouco tempo apresentaram-me algumas estatísticas, e referiam-me que, desde 2011, cerca de 60% das saídas de alunos das faculdades são mulheres, sendo que destas, apenas 20% saem de cursos mais tecnológicos. Há claramente um trabalho a fazer na atração de mulheres para cursos tecnológicos, demonstrando-lhes o potencial da área, do crescimento e da valorização profissional que podem ter”, diz.

Já no que se refere às mulheres que prosseguem realmente uma carreira tecnológica, Paula Mateus diz que os dados mostram que estas acabam por enveredar por outra via alguns anos depois, o que mostra a dificuldades das empresas de reter talento feminino. Porquê? A resposta está, sobretudo, no equilíbrio entre vida profissional e vida familiar. “É preciso continuar a demonstrar que o equilíbrio pessoal é possível e que ter ambição é algo positivo, que inspira outros (quer sejam mulheres ou homens).”

A vencedora do prémio na categoria de “Software Developer”, Ana Silvério, team leader na Deloitte, considera que o trabalho à distância pode, no entanto, vir a favorecer este fator. “Na minha perspetiva trabalhar em tecnologia tornou-se mais apelativo face à flexibilidade que o trabalho remoto proporcionou. Espero que isso seja evidente para todas as mulheres que queiram ingressar no mundo tecnológico”, refere.

E, para aquelas mulheres que estão indecisas, este é o conselho de Mónica Cerquido: “arriscar, fugir da zona de conforto e ir à descoberta da tecnologia”. “Ignorarem, caso sintam, os estigmas impostos. As mulheres que estão indecisas se devem ou não seguir uma carreira tecnológica, eu convido-as a virem. E virem sem qualquer medo ou preconceito, uma vez que todos temos o nosso lugar neste mundo. Tenho uma experiencia feliz do que é trabalhar neste mundo, e espero que mais mulheres no futuro o possam sentir também”, acrescenta a optical developer na Bosch Portugal.

Carolina Almeida Cruz, fundadora da C-More, foi a vencedora da categoria “Female Activist focus on sustainability and/or climate emergency”, uma das novas categorias desta edição dos prémios. A consultora C-More quer ajudar as empresas a tornarem-se mais sustentáveis, e isso implica a diversidade de género e igualdade de oportunidades. Para a profissional, a resposta está na “mudança de mindset.

Nós, mulheres, temos de ser mais ousadas, temos de assumir quando sabemos e o que aprendemos quando falhámos.

Carolina Almeida Cruz

Fundadora da C-More

“Precisamos de criar as condições para que as mulheres sejam capacitadas na área tech e de aumentar a sua confiança no mercado de trabalho. Nós, mulheres, temos de ser mais ousadas, temos de assumir quando sabemos e o que aprendemos quando falhámos. Por muito que continuemos a afirmar que existem condições e incentivos, temos de combater o estigma de que a tecnologia é um caminho profissional tão válido, para homens como para mulheres (e pessoas não binárias). O género, em pleno séc. XXI, não pode continuar a ser um argumento discriminatório”, defende.

Cândida Jesus, senior consultant na Deloitte Digital, partilha da mesma opinião e fala também de uma mudança de mentalidades. “Arriscar ainda é, infelizmente, uma característica muito masculina. Costuma dizer-se que é importante falhar depressa, porque quanto mais cedo falharmos, mais depressa percebemos as causas desse falhanço e, consequentemente, mais depressa podemos fazer alterações e tentar coisas diferentes para chegarmos ao sucesso”, diz, salientando que “é importante que as mulheres interiorizem que têm direito a errar e a falhar”.

Por outro lado, a profissional — que venceu o prémio de “Product Manager” — acredita que é também preciso desmistificar a tecnologia. “Se falarmos de IT, é importante rejeitar a figura do programador-hacker, do programador-bicho que está fechado numa cave escura sozinho com uma lata de refrigerante e um pacote de batatas fritas a tentar aceder à base de dados do FBI. Programar é um trabalho de equipa. Nenhum homem (ou mulher) é uma ilha e nenhum software deve ser pensado e escrito por uma só pessoa”, defende.

Se falarmos de IT, é importante rejeitar a figura do programador-hacker, do programador-bicho que está fechado numa cave escura sozinho com uma lata de refrigerante e um pacote de batatas-fritas a tentar aceder à base de dados do FBI.

Cândida Jesus

Senior consultant na Deloitte Digital

Joana Pinto, que venceu na categoria de “Founder/Co-founder” por ter cofundado a Clynx, onde assume também o cargo de CEO, defende considera que é fundamental contrariar estas construções da sociedade para mitigá-las. “É necessário um esforço sistemático, e deve incidir particularmente nas fases iniciais do desenvolvimento intelectual e pessoal dos jovens.”

“Esse esforço deve expandir horizontes e apresentar iniciativas que permitam e valorizem, de forma isenta, o contacto com uma gama ampla de escolhas profissionais, bem como capacitar skills como o espírito crítico e a resolução de problemas, de forma a fomentar a edificação das vocações de qualquer pessoa independentemente do seu género”, acrescenta a cofundadora e CEO da Clynx.

Já Mariana Santos Silva, senior manager na Deloitte, faz questão de reforçar o papel dos homens: “há ainda a convicção de que a tecnologia é um mundo homens, mas, se os próprios homens não apoiarem os sonhos das suas filhas, não vamos conseguir com que as tech sejam um mundo de homens e mulheres”. Para a vencedora do prémio da comunidade Portuguese Women in Tech na categoria de “Data & Analytics Expert”, apoiar e incentivar, desde cedo, as crianças e jovens a perseguirem os seus sonhos é fundamental.

“A tecnologia está cada vez mais presente no mundo das crianças, e é nossa obrigação incentivar quem gosta de tecnologia a perseguir os seus sonhos, independentemente de ser rapaz ou rapariga. É natural que os mais jovens, quando têm de fazer uma escolha que diz respeito à carreira profissional a seguir, procurem o reconhecimento e apoio dos seus pares e da sua família. Se continuarmos a incentivar os rapazes a seguir carreiras tecnológicas e as raparigas a seguir outra tipologia de carreiras, as diferenças irão continuar a acentuar-se, o que prejudica todos os setores de atividade.”

A equidade do género, por sua vez, tem o mérito de “tornar qualquer setor mais rico em criatividade e produtividade” e, ao mesmo tempo, “elevar o melhor de cada género”.

Pandemia, uma dupla visão

A pandemia da Covid-19 trouxe boas e más notícias para as mulheres. Por um lado, acabou por sobrecarregar ainda mais o seu dia-a-dia. As mulheres tiveram de desdobrar-se nas várias atividades e lidar com pouco espaço físico e mental, provocando um aumento nos níveis de stress e ansiedade. Mas, por outro lado, há quem defenda que acabou por reforçar a importância da tecnologia em muitas vertentes, contribuindo para a questão da igualdade de oportunidades entre homens e mulheres no setor.

“O crescimento que verificámos neste último ano foi muito acelerado, demorou-se anos a dar alguns passos e no último ano não houve como contorná-los. Deram-se passos gigantes na utilização das novas tecnologias. Existem inclusive estudos que demonstram que as empresas com maior aposta na tecnologia foram as que mais cresceram durante a pandemia e que os perfis de tecnologia foram também dos mais procurados. A procura por pessoas com competência e skills de tecnologia é enorme e o género não tem qualquer relevância na decisão“, acredita Paula Mateus.

Também da Deloitte, Filipa Beleza, customer experience manager, prefere olhar para o lado mais otimista. Distinguida na categoria de “Marketing & Sales Expert”, a profissional acredita que a pandemia tem contribuído para que muitas jovens mulheres, aquando da escolha do seu curso e caminho profissional, equacionem as áreas digitais e tecnológicas de uma forma cada vez mais natural.

“Não creio que a pandemia será, por si só, um catalisador da igualdade de género no mundo tech, mas penso que está a dar um boost interessante e significativo, principalmente às gerações mais novas. E o futuro depende disso mesmo”, afirma.

Cândida Jesus foca-se no aumento do teletrabalho e na implementação deste modelo de trabalho de uma forma mais definitiva, como algumas empresas já decidiram. Vê com algum receio as mudanças significativas e duradouras na sociedade a que isso pode levar.

“Pode aumentar a contribuição dos homens para o cuidados dos filhos e tarefas domésticas, ou pode representar um fardo ainda maior para as mulheres, que podem vir a ter mais dificuldades em conciliar trabalho remunerado e obrigações familiares”, considera a vencedora do prémio na categoria de “Product Manager”. E alerta: “Neste último cenário, corremos o risco de mais mulheres deixarem os seus empregos para se dedicarem à família, poderem ser despedidas, sofrerem de burnout ou depressões. É crucial precaver e combater este último cenário e não deixar que seja um dos desfechos da pandemia”.

Também a cofundadora e CEO da Clynx acredita que se tem vindo a gerar um conjunto de movimento e dinâmicas que, quando da entrada numa fase pós-pandémica, se irão “maturar de forma positiva na sociedade e originar, de forma mais rápida, melhoria”. Mas, por enquanto, é da opinião que “a imposição de confinamento e isolamento na pandemia levou a um fecho do contacto orgânico entre a sociedade, o que não contribui, e provavelmente mitiga, o caminho de evolução na desconstrução dos preconceitos de género que ainda existem”.

“Os preconceitos de género são caracterizados, à semelhança de outros, pela manutenção de ideias que vão passando entre gerações sem necessitarem de ser reconfirmados, conseguindo-o apenas pela falta de contacto com outras realidades ou exemplos que os contrariem”, acrescenta.

A pandemia da Covid-19 foi “catastrófica” para as mulheres. a vários níveis. (…) Na indústria, agravou-se a invisibilidade das mulheres e o gender gap nas oportunidades, carga laboral, nos salários, e nas promoções.

Miriam Santos

As Raparigas do Código

Apesar dos prós e contras, o balanço geral do projeto As Raparigas do Código, que levou para casa o prémio de “Best Digital Inclusion Project started by a Women”, considera que a pandemia da Covid-19 foi, e continua a ser, “catastrófica” para as mulheres, a vários níveis. A fundadora Miriam Santos fala, a nível geral, no elevado número de mulheres em empregos na área da saúde e, focando-se no setor tecnológico, no agravamento do desgaste físico e mental.

“Na indústria, agravou-se a invisibilidade das mulheres e o gender gap nas oportunidades, carga laboral, nos salários, e nas promoções. Na investigação e docência, a sobrecarga fez-se sentir sobretudo na produção científica. Para não mencionar o agravamento da violência doméstica, desemprego e precariedade”, refere.

No entanto, Miriam Santos não deixa de salientar o papel da tecnologia no último ano e meio, dominando quase todas as vertentes da nossa vida, desde a forma como trabalhamos até à maneira como nos relacionamos. “Foi uma constatação coletiva de que o mundo físico já se fundiu com o digital e que temos de decidir entre participar na revolução ou ficar para trás.”

“Para muitas jovens, foi o primeiro contacto com a tecnologia enquanto ferramenta de trabalho, em vez de social. Para muitas mulheres, o derradeiro empurrão para investirem em programas de capacitação digital ou requalificação profissional para o setor das TI”, diz, acrescentando que o projeto sentiu um maior interesse em desenvolver as competências digitais por parte de jovens de todo o país, e de várias áreas de atividade. “Não duvidem, ainda há esperança de vermos o reverso da medalha em breve. Mas é preciso apoiar quem se dispõe a aceitar o desafio”, finaliza.

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