Hagatong pede mais tempo para negociar seguros de crédito à exportação com Cosec
Nova líder do Banco de Fomento diz que precisa de mais tempo para chegar a acordo com instituição que liderou até há poucas semanas, para que grupo BPF assuma papel de agência de crédito à exportação.
Maria Celeste Hagatong, a nova presidente do conselho de administração do Banco Português de Fomento (BPF) prometeu esta sexta-feira “responder com sucesso e eficiência” à estruturação dos instrumentos de apoio à economia, designadamente do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e do InvestEU, que admitiu serem “muitos exigentes”, incluindo ao nível dos prazos de aplicação.
No discurso de tomada de posse, no Porto, a sucessora de Beatriz Freitas referiu que a instituição financeira deverá “focar-se na eficiência dos apoios concedidos” às empresas, garantindo, desde logo, rapidez no chamado time to market. “Vamos rever os procedimentos internos para que estes chegam ao mercado o mais rapidamente possível” e o BPF tenha “níveis de serviço adaptados aos tempos atuais”.
Além disso, alertou a nova presidente, é necessário que o banco promocional do Estado português “esteja no século XXI em termos de tecnologias, dadas as exigências das empresas, das instituições financeiras e das entidades reguladoras. A gestor avisou, no entanto, que isso “obrigará a investimentos significativos a curto prazo, sem os quais é difícil dar cumprimento aos objetivos e também obrigações” da instituição.
Vamos rever os procedimentos internos para que os apoios chegam ao mercado o mais rapidamente possível [e o BPF tenha] níveis de serviço adaptados aos tempos atuais.
Maria Celeste Hagatong e Ana Carvalho, ambas oriundas da Cosec, foram anunciadas em julho pelo ministro da Economia para substituir Beatriz Freitas, mas o processo de transição arrastou-se no tempo. Primeiro com a análise da comissão interna do próprio banco que avaliou as gestoras, e depois no processo de avaliação do Banco de Portugal, que deu luz verde a ambos os nomes no início de novembro.
Perante o primeiro-ministro, o ministro da Economia e vários secretários de Estado – esta presença “mostra forte empenho do Governo” no tema, notou a gestora –, deixou uma palavra de “gratidão e apreço” à antecessora e assegurou ainda que a nova equipa vai continuar a “identificar e colmatar falhar no sistema financeiro português para dar uma resposta adequada ao setor empresarial”, sem entrar em concorrência com os outros operadores de mercado.
Uma das novidades para o novo mandato é que parte das linhas de seguro de crédito à exportação com garantias do Estado, que atualmente são geridas pela Cosec, vão ser transferidas para o Banco de Fomento. Mas o processo negocial com a sua antiga entidade empregadora ainda não está fechado e Celeste Hagatong reclama agora ao Governo uma extensão do prazo para concluir um acordo.
Num despacho de 20 de junho, o Governo incumbiu o BPF de “proceder, junto da Cosec, ao desenvolvimento de diligências tendentes à assunção plena da função de agência de crédito à exportação pelo Grupo BPF, estabelecendo o prazo final de 31 de dezembro de 2022 para o efeito”. “No entanto, com a entrada em funções de um novo conselho de administração para o BPF, estamos certos de que este prazo será alargado”, sinalizou a nova líder da instituição.
Em 2020, aquando da criação do banco, no documento entregue a Bruxelas no âmbito das ajudas de Estado, o Estado português admitia que o BPF ia oferecer financiamento às exportações, “predominantemente fora do mercado interno” e de acordo com as regras da OCDE. O documento reconhecia, contudo, que este tipo de atividades de financiamento ainda não estava totalmente definido, com as autoridades portuguesas a prometerem enviar um relatório para a Comissão Europeia com a delineação precisa e a amplitude da medida.
Apesar de várias operações problemáticas nos últimos tempos, o Banco de Fomento registou um lucro de 22,86 milhões de euros em 2021, o que representa uma subida de 135% (mais do dobro) em relação ao resultado de 9,7 milhões de euros que tinha sido alcançado no ano anterior.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Hagatong pede mais tempo para negociar seguros de crédito à exportação com Cosec
{{ noCommentsLabel }}