Getlife angaria 6 milhões de euros em ronda de financiamento

  • Servimedia
  • 5 Maio 2022

A Getlife angariou seis milhões de euros numa ronda de financiamento semente. A empresa pretende tornar a criação do seguro de vida mais fácil, sem exames médicos e com cobertura para até 700 doenças.

A Getlife, uma empresa de seguros de vida com sede em Madrid, anunciou hoje a angariação de seis milhões de euros numa ronda de financiamento semente, liderada pela Singular, uma empresa de capital de risco, noticia a Servimedia.

Esta ronda contou com a participação de business angels do setor dos seguros, tais como Gokul Dhringa, antigo vice-presidente de produto da companhia de seguros Ethos, e Chris Adelsbach.

A empresa já tinha angariado um milhão de euros numa ronda pré-semente, a maior do seu género para uma seguradora em Espanha, mas agora conseguiu mais um financiamento, depois de um crescimento significativo nos seus primeiros sete meses de atividade.

A Getlife quadruplicou as suas receitas desde outubro do ano passado e está a finalizar a configuração de uma forte equipa de gestão, que conta com a incorporação de executivos de renome com vasta experiência no setor “insurtech” e “fintech” na Europa.

O capital desta ronda de financiamento permitirá à empresa de seguros de vida continuar a desenvolver o seu negócio, aperfeiçoar o seu produto, expandir a sua equipa técnica e, em última análise, dar-lhe a capacidade de proteger mais famílias.

O seguro de vida é uma indústria de 700 mil milhões de euros na Europa, mas não evoluiu durante 150 anos muito pelo facto de os consumidores considerarem que é necessário passar por um longo e complexo processo de compra, que muitas vezes requer exames médicos e semanas de papelada.

Nesse sentido, a Getlife nasceu com a ideia de contrariar esta tendência e, para isso, usa análises preditivas e tecnologias de dados sofisticadas para remover barreiras tradicionais que impedem as pessoas de obterem uma cobertura justa e políticas sem sobretaxas que não correspondem à situação de saúde do cliente.

Atualmente, com essa análise preditiva e com o uso de tecnologia proprietária, a empresa conseguiu “democratizar” o seguro de vida e criar uma solução com cobertura até 700 doenças, que não obriga os clientes a fazerem check-ups médicos.

“Subscrever seguros de vida é já uma decisão difícil de tomar e fazer com que os clientes passem por um processo de compra doloroso é injusto e ineficiente. Estamos aqui para mudar isso e dar a volta à forma como protegemos as nossas famílias do inesperado, concebendo um produto que seja justo e fácil de comprar sem discriminar as pessoas com base nas suas condições de saúde pré-existentes“, afirmou Guillermo Alén, CEO e co-fundador da Getlife.

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Investimento em imobiliário comercial em mínimos de seis anos

Primeiro trimestre de 2021 registou cerca de 180 milhões de euros em transações, o valor mais baixo desde 2017. Ainda assim, expectativas para o resto do ano são animadoras.

O primeiro trimestre fechou com 180 milhões de euros transacionados em imobiliário comercial, um número 30% inferior ao observado no mesmo período de 2021 e o mais baixo dos últimos seis anos, de acordo com um relatório da JLL. Apesar deste desempenho, a consultora afirma que há muito investimento em pipeline, prevendo, assim, que a atividade cresça de forma significativa no resto do ano.

Os dados do Market Pulse da JLL indicam que o foi um início de ano mais tímido do que o habitual, mas a consultora tem boas perspetivas para o resto de 2022. “O elevado volume de negócios em pipeline com conclusão prevista para os próximos trimestres (…) é uma prova de que o interesse do investidor se mantém em alta“, nota Pedro Lancastre, CEO da JLL Portugal.

“Esperamos que o volume agora transacionado cresça de forma considerável nos próximos trimestres, colocando 2022 entre os melhores anos de investimento do mercado“, acrescenta o responsável, citado em comunicado.

Transações de imobiliário comercial em valor:

Fonte: JLL

Dentro do imobiliário comercial, os escritórios foram a estrela, concentrando 75% do investimento, num total de cerca de 135 milhões de euros. A absorção deste setor cresceu 120% em Lisboa e 112% no Porto, “ao mesmo tempo que continuam os esforços do lado da oferta em prol de um reforço e qualificação do stock capaz de dar resposta às exigências de uma procura robusta e que continua sem sinais de abrandamento”, diz a JLL.

Em alta está também o interesse no setor industrial e logístico, que concentrou 18% do volume de transações. “Após uma década marcada pela tímida procura, vive hoje um momento de crescimento sem precedentes em Portugal, marcando o arranque de um novo ciclo de forte dinamismo do lado da oferta e do investimento”, lê-se no estudo. O número de novos projetos em pipeline está a crescer para dar resposta à procura.

No retalho, a “atividade mostra-se a recuperar progressivamente do impacto da pandemia”, com a maioria dos operadores a retomar os planos de expansão. Nesta fase, as estrelas do setor são os retail parks e o retalho alimentar que, “após comprovarem a sua resiliência perante a adversidade, são agora alvo de interesse renovado”, informa o estudo da JLL. Este setor concentrou 6% do investimento total em imobiliário comercial.

Fora do imobiliário comercial, o mercado residencial “continua a ser um íman de atração de compradores internacionais, que pesam 40% das vendas realizadas pela JLL até março”, refere a consultora. “Mesmo com o investimento crescente no lançamento de novos produtos, a procura continua a exceder largamente a oferta disponível, num cenário que se espera que continue a sustentar os atuais níveis de preços ao longo dos próximos meses.”

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Governo prolonga situação de alerta até 31 de maio

O Executivo prolongou a situação de alerta da Covid até final do mês e o fim das taxas moderadoras no Serviço Nacional e Saúde a partir de junho, com exceção das urgências não referenciadas.

O Governo decidiu prolongar a situação de alerta em todo o território nacional até ao último dia de maio, mantendo-se as medidas atualmente em vigor, tendo em conta o aumento de casos de Covid-19.

No Conselho de Ministros desta quinta-feira foi também aprovado o fim das taxas moderadoras no Serviço Nacional e Saúde a partir de junho, com exceção das urgências não referenciadas, medida que estava no Programa do Governo e que a ministra da Saúde já tinha anunciado no debate do Orçamento do Estado para 2022 na generalidade.

“Estamos a assistir a um aumento da transmissão [da Covid-19], o que não é inesperado”, disse a ministra da Saúde no final da reunião de Conselho de Ministros, lembrando que essa era uma consequência esperada com o retomar da vida normal dos portugueses e pelo facto de existirem em circulação “linhagens da variante Ómicron mais competitivas”.

Marta Temido fez referência ao estudo do Instituto Nacional Dr. Ricardo Jorge que dá conta de uma linhagem da variante Ómicron que, “não sendo mais gravosa, é mais transmissível, o que se traduz num aumento de casos”.

“Estamos a acompanhar a situação”, afirmou a ministra da Saúde, citando os dados do mesmo instituto que apontam para uma incidência da linhagem Ba5 de 20%. “Provavelmente, vamos continuar a assistir a um crescimento da transmissão”, disse Marta Temido. E, apesar da tendência crescente da mortalidade associada a esta pandemia, a responsável admitiu que se pode assistir a “um decréscimo da mortalidade específica por Covid-19”.

“A situação está controlada“, assegurou Marta Temido, apelando à vacinação como “a melhor arma de proteção contra a doença grave e muito grave“. A ministra da Saúde sublinhou a importância de as pessoas que se infetaram no início de 2022 irem agora tomar a dose de reforço da vacina. Além disso, a responsável voltou a admitir que a evolução epidemiológica poderá determinar uma “evolução” do plano para uma dose de reforço antes do outono/inverno.

O momento ótimo para a vacina da população com mais de 80 anos, de acordo com a comissão técnica, deve ocorrer antes do início do outono/inverno, porque a situação está controlada e porque as vacinas de que Portugal dispõe ainda não são as adaptadas e que evitam a transmissão da doença.

Apesar do aumento de número de casos, Marta Temido justificou a decisão de deixar de comparticipar os testes na farmácia à Covid-19, com a multiplicidade de testes disponíveis, nomeadamente nos supermercados. “A alteração da comparticipação dos testes para deteção da Covid decorre da alteração da situação de contexto. Sempre dissemos que a política de testagem iria evoluir de acordo com a situação e a situação agora é distinta e os meios de que a população dispõe para a realização de testes também são distintos”, disse a ministra da Saúde, dando como exemplo “os testes possíveis de adquirir nas grandes superfícies”, que “são uma metodologia de testagem válida e acessível para a população”.

Para os casos suspeitos de Covid-19, continua a existir uma prescrição de teste.

A evolução da situação epidemiológica também já levou ao reforço de escalas na linha SNS24, revelou Marta Temido, porque as 19 mil chamadas recebidas a 26 de abril evoluíram para 34 mil a 3 de maio.

Só urgências sem referenciação ou cuidados de saúde primários pagam taxa moderadora

Quanto à abolição das taxas moderadoras, a ministra da Saúde disse que apenas as urgências sem referenciação da linha SNS24 ou dos cuidados de saúde primários vão ser objeto de cobrança de taxas moderadoras.

“A partir de junho, apenas será devida a cobrança de taxas moderadoras – dentro daquilo que tinham sido os compromissos assumidos na lei de bases da saúde e no Orçamento do Estado – na circunstância de haver utilização de serviços de urgência que não é referenciada pela linha SNS24 ou pelos cuidados de saúde primários, e ainda a possibilidade de essa dispensa também acontecer quando não há uma referenciação, mas as pessoas são encaminhadas para internamento”, explicou.

Marta Temido precisou mesmo que “deixa de ser cobrada taxa moderadora em qualquer consulta”. Ou seja, as consultas subsequentes a uma ida aos hospital, que agora pagam taxa moderadora, vão deixar de pagar.

(Notícia atualizada com mais informações)

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Governo prepara regime excecional de preços para contratos públicos

Conselho de Ministros discutiu proposta de decreto-lei excecional para lidar com subida dos custos das obras públicas e impedir que trabalhos sejam parados por falta de financiamento.

O Governo está a preparar um regime excecional para que as obras públicas consigam suportar o aumento dos preços dos materiais.

A proposta de decreto-lei foi aprovada na generalidade no Conselho de Ministros desta quinta-feira e será agora submetida a consultas junto da Associação Nacional de Municípios, regiões autónomas e empresas de construção, detalhou o ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos.

“O Conselho de Ministros discutiu um decreto-lei que cria um regime excecional, facultativo e temporário para a subida de preços nas empreitadas de obra pública nos contratos de aquisição de bens e de serviços mas que também pode afetar as obras particulares”, detalhou Pedro Nuno Santos. A entrar em vigor, o regime será válido até ao final deste ano.

Sem adiantar valores, o ministro explicou que, por exemplo, um material como o aço, cujo preço sobe mais do que uma determinada percentagem, pode fazer com que o empreiteiro possa apresentar à Infraestruturas de Portugal (IP) uma proposta de revisão de preço. A IP avalia a proposta e pode aceitá-la, recusá-la ou negociar nova proposta. “Se as partes chegarem a acordo, haverá revisão de preço”, detalhou.

Além da IP, entidades como as autarquias ou o Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana poderão beneficiar deste regime excecional, elencou o ministro.

Sentimos a necessidade de criar um regime excecional para revisão de preços nestes contratos e evitar um colapso no processo de investimento público em Portugal

Pedro Nuno Santos

Ministro das Infraestruturas e Habitação

O governante lembrou ainda que a construção vive uma “situação excecional, com pressão inflacionista, com crescimento muito acentuado dos preços das matérias-primas. Houve mesmo matérias-primas que quase duplicaram o seu valor”.

Pedro Nuno Santos assinalou que a situação “está a causar uma grande pressão e constrangimento nas empreitadas públicas. Por isso sentimos a necessidade de criar um regime excecional para revisão de preços nestes contratos e evitar um colapso no processo de investimento público em Portugal”.

IP já tinha dado alerta

A hipótese de um regime de flexibilização de preços na construção já tinha sido admitida na quarta-feira pelo diretor de empreendimentos da IP, José Carlos Clemente, durante um seminário sobre as obras de modernização da Linha da Beira Alta: “Estamos a atravessar um período muito mau, que já tinha resultado da pandemia, com a cadeia de abastecimento fortemente afetada. […] Há problemas com prazos de aprovisionamento e de entrega e há empreiteiros que aparecem constantemente a dizer que os preços estão a aumentar.”

No início desta semana, a própria IP já tinha mostrado preocupação com as consequências que a guerra na Ucrânia terá ao nível do fornecimento de materiais de construção e do seu respetivo custo, numa altura em que a empresa tem um “elevado nível de investimento previsto para o período 2022-2024”.

Só neste ano, a IP prevê uma execução financeira de cerca de 380 milhões de euros, devido, sobretudo, ao programa Ferrovia 2020, que ficará concluído no final de 2023, com praticamente três anos de atraso face ao calendário original. Este valor é superior à execução financeira de 2021, de cerca 196 milhões de euros, que por sua vez representou uma subida de 43% face a 2020.

Depois das conversas com municípios, regiões autónomas e empresas de construção, o diploma será novamente discutido em Conselho de Ministros, para eventual aprovação.

Aviso dos Engenheiros do Norte

Também a secção Norte da Ordem dos Engenheiros deixou um aviso nesta quinta-feira relativamente ao impacto da subida do preço dos materiais na continuidade das obras públicas.

“Na execução contratual impõem-se que os contraentes cumpram adequadamente as suas obrigações contratuais. No entanto, a escassez de matéria-prima bem como a falta de mão-de-obra podem trazer um cenário de dificuldade de execução e, até mesmo, de incumprimento desses mesmos contratos”, assinalou o presidente da Ordem dos Engenheiros – Região Norte (OERN), Bento Aires, citado em comunicado de imprensa.

O mesmo responsável acrescentou que têm chegado à OERN várias manifestações de preocupação de várias empresas e engenheiros.

“Os empresários/donos de obras/fornecedores e clientes estão apreensivos porque o acréscimo dos custos da energia e das matérias-primas tornam imprevisível a conclusão de obras e resposta a clientes, antevendo-se pedidos de rescisão de contratos, paralisação de trabalhos, desvios consideráveis de custos e prazos de entrega de serviços e bens”, detalhou.

Elogios da construção

Questionado sobre a medida, o O presidente da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN), Manuel Reis Campos, recebeu com “agrado” a aprovação do regime excecional, considerando que vai “no bom caminho”.

“É com agrado que tomamos conhecimento desta intenção, que foi aprovada na generalidade [hoje pelo Governo], de um regime excecional e temporário no âmbito dos preços”, adiantou o responsável em declarações à agência Lusa.

(Notícia atualizada às 17h45 com comentário da AICCOPN)

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Rendeiro nunca disse que sofria do coração, diz o Conselho Superior da Magistratura

No processo de apuramento de responsabilidades da fuga de Rendeiro, o Conselho Superior da Magistratura aproveitou para dizer que nunca nos tribunais em Portugal, Rendeiro disse que sofria do coração.

O Conselho Superior da Magistratura garante que João Rendeiro, quando estava a ser julgado em Portugal, nunca revelou que sofria de uma doença cardíaca. Nem tão pouco juntou atestado médico com esse objetivo.

Segundo a defesa de João Rendeiro, a advogada sul-africana June Marks, o arguido sofre de uma condição cardíaca e foi visto pelo médico do Estabelecimento Prisional de Westville, na África do Sul, onde se encontra detido. As informações foram dadas pela advogada do ex-banqueiro, June Marks, que alegou que o ex-banqueiro deve aguardar a decisão acerca do processo de extradição em liberdade por padecer de um probema cardíaco: porém, o documento que alegadamente provaria essa doença foi assinado por um psiquiatra, que a Ordem dos Médicos tentou expulsar.

Agora, no processo de averiguações disciplinares relativamente à alegada responsabilidade na fuga do arguido, o Conselho Superior da Magistratura veio dizer que, ao longo dos três processos, antes ou depois de 2012, “o arguido jamais manifestou que padecesse de doença cardíaca, nem nunca juntou atestado que o atestasse. Apenas num dos processos referiu que iria ser sujeito a uma intervenção cirúrgica à coluna e na sessão seguinte (do dia 13 07-2020), requereu dispensa nas próximas sessões por ir ser sujeito a intervenção cirúrgica à zona da coluna. Sugere-se se dê conhecimento imediato à Procuradoria-Geral da República
relativamente a este ponto”, disse o CSM.

“O meu cliente teve um problema cardíaco devido a febre reumática. O médico está preocupado que as condições na prisão e a tuberculose prevalente nas cadeias de África do Sul possam piorá-lo“, foram as palavras de Marks.

Detido em 11 de dezembro na cidade de Durban, após quase três meses fugido à justiça portuguesa, João Rendeiro foi presente ao juiz Rajesh Parshotam, do tribunal de Verulam, que lhe decretou no dia 17 de dezembro a medida de coação mais gravosa, colocando-o em prisão preventiva no estabelecimento prisional de Westville.

O ex-banqueiro foi condenado em três processos distintos relacionados com o colapso do BPP, tendo o tribunal dado como provado que retirou do banco 13,61 milhões de euros. Das três condenações, apenas duas já transitaram em julgado e não admite mais recursos, com João Rendeiro a ter de cumprir uma pena de prisão efetiva de cinco anos e oito meses e de dez anos.

João Rendeiro foi ainda a mais três anos e seis meses num terceiro processo, sendo que estas duas sentenças ainda não transitaram em julgado.

 

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Guerra pode ter travado atividade económica no final de abril

Indicador diário de atividade económica do Banco de Portugal regista variação homóloga inferior, uma alteração na tendência de estabilidade que se registava nas últimas semanas.

As ondas de choque da invasão russa à Ucrânia já estarão a castigar a atividade económica portuguesa. Na semana terminada a 1 de maio, o Banco de Portugal registou uma alteração na tendência do indicador diário de atividade económica (DEI), que apresentou uma taxa de variação homóloga inferior à da semana anterior.

Mesmo com o início da guerra na Europa, a economia nacional surpreendeu no primeiro trimestre, com o Produto Interno Bruto (PIB) a crescer 2,6% em cadeia. Além disso, nas últimas semanas, o indicador diário de atividade económica (DEI) do Banco de Portugal tinha-se mantido estável.

No entanto, na última semana de abril, já se nota uma queda na variação homóloga do DEI (primeiro gráfico), o que pode significar um abrandamento da atividade económica em Portugal. O recuo também é visível no DEI acumulado num período de três anos (segundo gráfico), que ajuda na comparação com o período pré-pandemia.

Indicador diário de atividade económica:

Fonte: Banco de Portugal

Apesar de diário, o DEI é publicado semanalmente, à quinta-feira. Este indicador “cobre diversas dimensões correlacionadas com a atividade económica em Portugal, sumariando a informação das seguintes variáveis diárias: tráfego rodoviário de veículos comerciais pesados nas autoestradas, consumo de eletricidade e de gás natural, carga e correio desembarcados nos aeroportos nacionais e compras efetuadas com cartões em Portugal por residentes e não residentes”, explica o Banco de Portugal.

Depois do choque da pandemia, as economias ocidentais lidam desde o final de fevereiro com uma série de disrupções provocadas pela invasão russa à Ucrânia (bem como com o próprio conflito). A guerra agravou a subida da inflação, castigando as famílias e as empresas.

Nos EUA, a Fed anunciou na quarta-feira uma subida histórica dos juros para tentar conter a subida de preços, um novo ciclo económico que ameaça com uma recessão.

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Associação que junta capital de risco em Portugal tem nova liderança

Lurdes Gramaxo, sócia da sociedade Bynd Venture Capital, é a nova presidente da associação Investors Portugal, que conta com mais de 500 milhões de euros em ativos sob gestão.

nova liderança na associação que junta os investidores de capital de risco em Portugal. Lurdes Gramaxo, sócia da sociedade Bynd Venture Capital, é a nova presidente da Investors Portugal até 2024.

“Neste próximo triénio, a Investors Portugal pretende implementar um plano ambicioso que trará valor acrescentado, não só para os investidores, como para todo o ecossistema de empreendedorismo em Portugal. Estou certa de que, com esta equipa, conseguiremos alcançar com sucesso a nossa missão e objetivos a que nos propusemos”, assinala Lurdes Gramaxo, citada em comunicado.

Lurdes Gramaxo vai liderar a Associação Portuguesa de Investidores em early stage (em fase inicial) até ao final de 2024. A responsável será porta-voz de uma entidade que agrega 425 business angels e 23 entidades que gerem fundos de capital de risco. No total, a Investors Portugal conta com mais de 500 milhões de euros em ativos sob gestão.

 

A acompanhar Lurdes Gramaxo na direção da Investors Portugal estão investidores e especialistas portugueses na área de capital de risco, como Pedro Bandeira (COREangels), Pedro Falcão (Newzone Ventures), Francisco Ferreira Pinto (Bynd VC), Isabel Neves (Clube de Business Angels de Lisboa), Sérgio Rodrigues (Invicta Angels), Pedro Santos Vieira (Shilling Capital Partners), Pedro Cerdeira (Businessplug.com) e Paulo Bandeira (SRS Advogados).

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Banco de Inglaterra sobe juros para 1% apesar do risco de recessão

O Banco de Inglaterra anunciou um novo aumento de 25 pontos base na taxa de referência, colocando-a em 1%, o nível mais elevado desde 2009.

O Banco de Inglaterra voltou esta quinta-feira a aumentar a taxa de juro de referência em 25 pontos base, colocando-a em 1%, apesar do receio crescente de que o país possa entrar em recessão.

Com a inflação a chegar aos 7% em março, um máximo em três décadas, o Banco de Inglaterra anunciou aquela que é a quarta subida consecutiva nas taxas de juro, deixando-as no valor mais elevado desde 2009

Alguns economistas receiam que o agravamento do custo do dinheiro possa empurrar a economia para uma recessão. O PIB do Reino Unido cresceu apenas 0,1% em fevereiro, travando face aos 0,8% registados em janeiro. As vendas a retalho caíram 1,4% em março, num sinal de que a inflação estará já a travar o consumo.

Nas últimas previsões que divulgou, o Banco de Inglaterra manteve a previsão de um crescimento de 3,75% do PIB este ano, mas apontou para uma contração de 0,25% em 2023.

A decisão do Banco de Inglaterra chega um dia depois de a Reserva Federal ter anunciado um aumento de 50 pontos base que colocou a taxa de referência no intervalo entre 0,75% e 1%.

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Número de novas empresas sobe 21% até abril para 17.282, diz D&B

  • Lusa
  • 5 Maio 2022

Novas empresas nacionais sobem 21% em termos homólogos, para as 17.282 até final de abril, mas mantêm-se abaixo do pré-pandemia. Transportes sobem 102%, e Retalho é o único setor em queda, com -17%.

O número de empresas criadas em Portugal atingiu 17.282 até final de abril, um valor 21% superior àquele registado no mesmo período de 2021, mas continua abaixo dos valores pré-pandemia, segundo dados da Informa D&B.

“Entre janeiro e abril de 2022 quase todos os setores registam uma subida na criação de empresas face a 2021, com destaque para os serviços gerais (+673 constituições, +38%), transportes (+564 constituições, +102%), alojamento e restauração (+515 constituições, +45%), serviços empresariais (+513 constituições, +21%) e atividades imobiliárias (+409 constituições, +27%)”, refere em comunicado.

O setor do retalho foi o único que sofreu uma queda, com menos 17% novas empresas nesse período.

A Informa D&B acrescenta que a subida de nascimentos em 2022 “é também transversal a todas as regiões e distritos, com destaque para a Área Metropolitana de Lisboa (+1.866 constituições, +39%)”.

Em termos mensais, houve uma diminuição de 12,2% para 3.332 novas empresas face a abril de 2021 (3.794).

Apesar deste crescimento, o número de novas empresas está 14% abaixo do registado nos primeiros quatro meses de 2019.

Apenas três setores superam os valores de 2019: atividades imobiliárias (+18%), tecnologias de informação e comunicação (+18%), agricultura e outros recursos naturais (+0,8%)”, acrescenta.

Os encerramentos e as insolvências mantêm-se, por seu turno, abaixo do registado no período homólogo, registando valores inferiores a 2021.

Segundo os dados recolhidos pela Informa D&B, encerraram até 30 de abril deste ano 4.130 empresas, menos 0,6% que no período homólogo e, no mesmo período, registou-se uma descida de 26,1% nas novas insolvências (menos 194 processos para um total de 550).

No mês de abril de 2022 encerraram 757 empresas, menos 22,9% que em igual mês do ano passado.

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Galp abre mais quatro centrais solares e supera 1GW de potência na Península Ibérica

Energética portuguesa iniciou produção de quatro novas centrais fotovoltaicas em Espanha, que poderão proporcionar energia limpa a um total de 140 mil famílias.

A Galp ultrapassou o patamar de 1 gigawatt (GW) de energia produzida a partir de painéis solares na Península Ibérica. A energética portuguesa superou esse patamar porque iniciou a produção em quatro novas centrais fotovoltaicas em Espanha, anunciou a empresa esta quinta-feira em comunicado.

No total, as quatro novas instalações poderão satisfazer as necessidades energéticas de 140 mil famílias e poupar a emissão de cerca de 54 quilo toneladas de dióxido de carbono,

Três das novas centrais ficam em Alcázar de San Juan, em Ciudad Real, e têm uma capacidade total de 150 MW, “estimando-se que venha a fornecer anualmente 295.345 MWh, equivalente às necessidades energéticas de 105 mil famílias”, refere o documento.

A quarta central fica localizada em Chiprana, perto de Saragoça. Com capacidade instalada de 50 MW, poderá produzir anualmente 90.855 MWh de energia, “o suficiente para abastecer 35 mil casas com energia limpa.

“O início das operações de Logro e Alcázar confirma o nosso compromisso de continuarmos a liderar a transição para um sistema energético mais sustentável, aumentando a segurança energética da Península Ibérica e baixando os custos de eletricidade para todos”, destacou o responsável operacional da Galp para as energias renováveis e novos negócios, Georgios Papadimitriou.

A Península Ibérica, com 1,2 GW de capacidade instalada de produção solar, corresponde a 12,5% da carteira total de 9,6 GW de potência que a Galp tem ou vai ter em países como Espanha, Brasil e Portugal. Até 2025, a energética pretende atingir os 4 GW de capacidade; até 2030, o objetivo é chegar aos 12 GW.

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Juízes não foram responsáveis pela fuga de João Rendeiro

O CSM concluiu que nenhum juiz foi responsável pela fuga de Rendeiro, líder do BPP que fugiu para a África do Sul em setembro, poucos dias antes de ter de entrar na cadeia para cumprir pena de prisão.

Sete meses depois, o Conselho Superior da Magistratura (CSM) — órgão que fiscaliza a atividade e decisões judiciais — tomou finalmente uma decisão relativamente ao apuramento de responsabilidades pela fuga do ex-líder do BPP, João Rendeiro concluindo que nenhum juiz foi responsável pela referida fuga.

Segundo o juiz relator da investigação, “percorridos com a devida atenção os 128 volumes e 27.551 folhas, algumas com frente e verso, dos três processos, podemos afirmar sem qualquer dúvida que enxergado não foi o mínimo indício de responsabilidade disciplinar relativamente a qualquer dos vários Juízes de Comarca, da Relação de Lisboa e do Supremo Tribunal de Justiça, únicas entidades a que se dirigem estes autos”.

Porém, o magistrado em causa admite que “não se descortinando indício de responsabilidade disciplinar, há que dizer que nem tudo terá corrido da melhor forma, se bem que sem acção directa dos Juízes”.

E faz o alerta: a comunicação entre os tribunais de primeira instância e os superiores tem de melhorar. “Há que tomar devida nota de que no caso de subida de processo a tribunal (is) superior (es), deverá ser estabelecida relação comunicacional, por forma a que, o tribunal de primeira instância, a quem compete tomada de posição sobre eventual alteração do regime de medidas de coacção, tenha real e atualizado conhecimento do estado dos autos, sobretudo quando na instância superior ocorra alguma alteração no quadro processual”.

Dando e exemplo de um dos processos a que Rendeiro foi condenado, mas cuja dceisão se encontrava em recurso na Relação de Lisboa. “No caso do primeiro processo, os autos subiram ao Tribunal da Relação de Lisboa em 8 de Maio de 2019 e regressaram em 1 de Outubro de 2021, ou seja, 2 anos, 4 meses e 22 dias, após. Nesse período o Juiz 22, titular do processo, não teve conhecimento do estado dos autos, não tendo acesso aos mesmos através do Citius, como esclareceu nas informações que prestou no início deste processo e nas declarações gravadas”.

O CSM decidiu abrir um inquérito de averiguação ao facto de não ter sido prevenida judicialmente a fuga do ex-líder do BPP, João Rendeiro, no final de setembro. Desde 6 de outubro que o processo de averiguações para apurar se há responsabilidade disciplinar por parte de algum dos magistrados responsáveis pelos processos de Rendeiro no caso do antigo presidente do BPP está a ser analisado. Sendo que desde janeiro estão a ser avaliados todos os passos dados no caso e se existe negligência.

No dia 28 de setembro, Rendeiro anunciou no seu blogue pessoal que não pretendia voltar a Portugal. O ex-líder do BPP está condenado a três, cinco e dez anos de prisão efetiva, sendo que duas das decisões já estão transitadas em julgado. No dia 11 de dezembro foi detido na África do Sul. Num artigo publicado no seu blogue “Arma Crítica”, João Rendeiro escreveu, no final de setembro, que não pretendia regressar a Portugal por se sentir injustiçado e que ia recorrer a instâncias internacionais, avançando ter pedido ao advogado para comunicar a decisão à Justiça portuguesa argumentando que se tornou “bode expiatório de uma vontade de punir os que, afinal, não foram punidos”.

O colapso do BPP, banco vocacionado para a gestão de fortunas, aconteceu em 2010, já depois do caso BPN e antecedendo outros escândalos na banca portuguesa. O BPP originou vários processos judiciais, envolvendo crimes de burla qualificada, falsificação de documentos e falsidade informática, assim outro um processo relacionado com multas aplicadas pelas autoridades de supervisão bancárias.

Detido em novembro, João Rendeiro está desde o dia 17 de novembro no estabelecimento prisional de Westville, província de KwaZulu-Natal. O ex-banqueiro estava fugido à Justiça há três meses e as autoridades portuguesas reclamam agora a sua extradição para cumprir pena em Portugal. Foi condenado em três processos distintos relacionados com o colapso do BPP, tendo o tribunal dado como provado que retirou do banco 13,61 milhões de euros.

Em declarações transmitidas através da sua advogada, no início de abril, João Rendeiro garante que está “ansioso pelo início do julgamento”. A defesa acredita que não será extraditado para Portugal e estuda nova abordagem.

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BCE sobe juros em julho? Centeno recomenda “calma”

Questionado sobre as declarações dos membros do BCE, o governador do Banco de Portugal recomendou "calma e ponderação nessas comunicações". Centeno mete travão numa subida dos juros já em julho.

O governador do Banco de Portugal considera que é preciso ter “calma e ponderação” nas declarações sobre as decisões do Banco Central Europeu (BCE) relativa à subida dos juros que se prevê para este ano. Esta é a reação de Mário Centeno às frases de Isabel Schnabel, que admitiu uma subida dos juros em julho, e de Fabio Panetta, que prefere adiar o aumento para setembro, ambos membros da comissão executiva do BCE.

Há uma característica do processo de tomada de decisão de política monetária que é muito importante ter em mente: quando o BCE diz que age dependente dos dados isso é absolutamente verdade“, afirmou Mário Centeno na conferência de imprensa de apresentação do boletim económico de maio do Banco de Portugal, recomendando logo a seguir “alguma calma e ponderação nessas comunicações” de Schnabel e Panetta.

E foi mais além, questionando a que dados terão acesso que outros governadores não têm: “Ou somos dependentes dos dados ou alguém tem acesso a informação que não está disponível a todos e há aqui uma assimetria“, disse, referindo mais tarde que tenta “não privilegiar” a produção de “declarações antes do tempo”, seja porque se tem “informação não pública ou por grande convicção”.

Na terça-feira, a economia alemã Isabel Schnabel, membro da comissão executiva do BCE, disse numa entrevista que “com base na perspetiva atual, um aumento dos juros em julho é possível, na minha opinião”, ressalvando que será preciso “esperar para ver como é que os dados evoluem até ao momento da decisão”. “Falar já não é suficiente, temos de agir”, acrescentou. No final de abril tinha sido a presidente do BCE, Christine Lagarde, a dizer que havia uma “forte probabilidade” de subida dos juros este ano.

Esta quinta-feira, o economista italiano Fabio Panetta, membro da comissão executiva do BCE, concordou que o banco central deve começar a subir as taxas de juro, mas não o deverá fazer em julho: “Seria imprudente agir sem antes termos visto os números do PIB para o segundo trimestre e de discutirmos medidas adicionais sem termos um conhecimento completo sobre como a economia poderá desenvolver“, disse. Esses dados só serão conhecidos no final de agosto pelo que, assim, uma subida dos juros só poderia acontecer em setembro.

No final de abril, a presidente do BCE, Christine Lagarde, já tinha dito que “se a situação continuar tal como se prevê atualmente, há uma forte probabilidade de os juros virem a ser aumentados antes do final deste ano“. A dimensão do aumento e a frequência dos aumentos dependem dos números que chegarem à mesa do conselho de governadores durante os próximos meses, explicou.

Centeno diz que “é desejável” subir os juros, “mas só quando for seguro fazê-lo”

Em resposta a questões dos jornalistas, Mário Centeno concretizou que é desejável” que o BCE suba os juros para normalizar a política monetária, mas advertiu que tal “só” deve acontecer “quando for seguro fazê-lo”. Isto é, explicou mais tarde, quando essa subida dos juros não colocar em risco a recuperação da economia europeia, levando-a para uma estagnação ou até recessão em vez de completar a retoma pós-pandemia.

O economista considera que “o que mais preocupa” os agentes económicos é que o BCE tome decisões de “sobrereação que coloque em causa a retoma económica, a qual ainda não está concluída”. “A estagnação da economia da Zona Euro faz parte do espetro dos cenários possíveis. Não está afastada“, admitiu Centeno, concordando com ideia de Panetta de que é necessário esperar pelos dados do PIB no segundo trimestre dado que. Porém, também reconheceu que “a inflação é um risco para a economia”, daí a preocupação dos bancos centrais.

Estagnação ou mesmo recessão, mais aceleração da inflação, não são os melhores amigos dos bancos centrais“, admitiu. Apesar das dificuldades, o governador do Banco de Portugal argumenta que o BCE tem “todos os instrumentos para agir no sentido de continuar a apoiar e a estimular a retoma da Zona Euro”, garantindo “condições de financiamento para todos os setores”, e isso “ser compatível, o que é absolutamente crucial, com as expectativas de inflação de médio prazo estarem ancoradas preferencialmente a 2%”.

Neste difícil equilíbrio de lutar contra a aceleração da taxa de inflação na Zona Euro, já nos 7,5% em abril, e manter a retoma em andamento, Mário Centeno argumentou que o BCE tem tido uma “flexibilidade enorme” na gestão da política monetária e que esta tem de se tornar “mais neutra”, mas advertiu para o facto de tal não ter um “efeito imediato”, como têm as medidas da política orçamental, mas um “efeito desfasado”.

Nas próximas reuniões de política monetária do BCE, “vamos olhar para os lados e tentar retirar daí os melhores ensinamentos para a política monetária”, garantiu. “A subida de taxas, quando acontecer, e a normalização da política monetária é muito importante e vai acontecer“, afirmou, lembrando que “não nos devemos convencer que os níveis de taxas de juro em 2020 eram os níveis desejáveis” dado que tal refletia problemas estruturais na economia da Zona Euro.

Em relação aos salários, Mário Centeno disse que esta era uma “variável muito escrutinada pelos bancos centrais”, mas que não pode ser avaliada numa “perspetiva de curto prazo”. Para já, não vê pressões estruturais nos salários na Zona Euro, mas isso pode ser “reavaliado perante novos dados” nos próximos meses. E, mais uma vez, recomenda “muita cautela na avaliação das atualizações salariais”.

Como tem feito Lagarde, Centeno recusou comparações com a Reserva Federal norte-americana que aumentou os juros em 50 pontos base na reunião desta quarta-feira, argumentando que nos Estados Unidos houve “muita gente que saiu do mercado de trabalho”, o que criou pressões inflacionistas acrescidas, uma “preocupação que não temos na Europa”.

Com a subida das taxas de juro das dívidas públicas no mercado secundário, Centeno recordou que a fragmentação na Zona Euro “deve sempre manter-nos preocupados”, mas que atualmente “é um risco que não existe nem tem existido”.

(Notícia atualizada às 12h51 com mais declarações)

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