5 coisas que vão marcar o dia

O INE vai divulgar dados relativos ao turismo em setembro, ao passo que o Eurostat dá a conhecer os dados sobre a produção industrial. Os combustíveis voltam a ficar mais baratos esta semana.

Esta segunda-feira, o Instituto Nacional de Estatística vai divulgar dados relativos ao turismo, enquanto o Eurostat dá a conhecer os dados sobre a produção industrial. Os combustíveis voltam a ficar mais baratos esta semana. Lá fora, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo vai divulgar o habitual relatório mensal sobre o mercado do petróleo.

Como evoluiu o turismo em setembro?

O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga os dados definitivos relativos à atividade turística referentes a setembro. Na análise provisória, o gabinete de estatísticas indicou que, nesse mês, o turismo português acolheu 2,9 milhões de hóspedes e registou quase 7,7 milhões de dormidas.

Combustíveis voltam a descer

Os combustíveis voltam a ficar mais baratos esta semana. O preço do gasóleo vai descer 6,5 cêntimos por litro e a gasolina deverá ficar 3,5 cêntimos mais barata, apurou o ECO junto de uma fonte do setor. Contas feitas, deverá passar a pagar 1,814 litros por litro de gasóleo simples e 1,788 por litro de gasolina, tendo em conta os valores médios praticados nas bombas na semana passada, divulgados pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), e que já têm em conta os descontos aplicados pelas gasolineiras.

Ministro da Economia participa em conferência

O ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, vai participar esta segunda-feira numa conferência organizada pela Universidade Católica de Lisboa. Sob o mote “O Turismo para além do Turismo: caminhos e desafios para o futuro”, o objetivo é refletir sobre os desafios de desenvolvimento económico, social e ambiental que o setor enfrenta, de forma a garantir a sua sustentabilidade futura.

Eurostat divulga dados da produção industrial

O Eurostat divulga esta segunda-feira uma bateria de estatísticas, incluindo os dados relativos à produção industrial na União Europeia (UE) e Zona Euro no mês de setembro. Em agosto, a produção industrial acelerou 2,5% na Zona Euro e 3,5% na União Europeia (UE), face ao período homólogo.

OPEP publica relatório mensal

É conhecido esta segunda-feira o relatório mensal do mercado de petróleo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), que se debruça sobre as principais questões que afetam o mercado mundial de petróleo e dá também sinais sobre o desenvolvimento do mercado no próximo ano. O documento contempla uma análise dos principais desenvolvimentos que impactam o mercado na procura mundial de petróleo e abastecimento.

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Despesas com a Jornada Mundial da Juventude não contam para dívida das câmaras

Não contam para o limite de endividamento das câmaras as despesas correntes e de investimento, e os empréstimos que contratados para lhes dar cobertura, para a Jornada Mundial da Juventude.

As despesas correntes e de investimento que Lisboa e Loures vão suportar na organização da Jornada Mundial da Juventude não vão contar para os limites de endividamento municipal.

Portugal vai realizar a edição de 2023 do maior evento da Igreja Católica, que decorrerá entre 1 e 6 de agosto e contará com a presença do Papa. As principais iniciativas terão lugar na zona do Parque Tejo-Trancão, numa extensão de cerca de 100 hectares que abrange parte dos concelhos de Lisboa (Parque das Nações) e de Loures (Sacavém e Bobadela).

Uma das 70 propostas de alteração que o Partido Socialista introduziu ao Orçamento do Estado para 2023 visa garantir que as despesas correntes, assim como os empréstimos contraídos para as suportar não são contabilizados no cálculo do limite da dívida das autarquias envolvidas na organização do evento.

No Orçamento do Estado para 2022 já tinham sido excecionados os “encargos decorrentes da celebração de contratos no âmbito da Jornada Mundial da Juventude, para efeitos do limite da dívida das autarquias locais”, ou seja, as despesas de investimento. Mas o PS considera que “a amplitude da norma parece não corresponder à expectativa do legislador, circunscrevendo este limite às despesas de investimento e não às despesas correntes”. “Considera-se necessário alargar o espetro da norma, indo ao encontro da sua pretensão originária”, explica a nota justificativa que acompanha a proposta de alteração ao OE2023 que tem aprovação garantida tendo em conta que os socialistas têm maioria no Parlamento.

Assim não contam para o limite de endividamento as despesas correntes e de investimento, bem como os empréstimos que sejam contratados com a finalidade específica de lhes dar cobertura. A proposta frisa ainda que os empréstimos já contraídos ou a contrair que se destinem, especificamente e apenas, à cobertura de todas as despesas com as Jornadas Mundiais da Juventude não se encaixam nos mecanismos de recuperação financeira municipal.

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Aprovação de orçamentos pelas Finanças condiciona independência de reguladores

Cativações orçamentais e nomeações pelo Conselho de Ministros são duas das principais críticas do estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos relativo às autoridades reguladoras nacionais.

A aprovação prévia de orçamentos e planos de atividades pelo Ministério das Finanças impede a total independência das autoridades reguladoras em Portugal. Um estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) divulgado nesta segunda-feira concluiu que “continua por alcançar” a total separação de poderes entre estas entidades e o poder político. Os autores também sugerem maior especialização dos juízes do Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão.

“A necessidade de aprovação prévia por parte do Ministro das Finanças e da tutela quanto a vários atos e planos, nos quais se destacam os orçamentos, podendo mesmo essa aprovação ser recusada em determinadas situações, é mais uma evidência de que a independência formal face ao poder político continua por alcançar“, referem os autores. Também as cativações sobre verbas que dependam de dotações do Orçamento do Estado ou provenientes da utilização de bens do domínio público são consideradas como uma “forte restrição à autonomia dos reguladores”.

O estudo da FFMS incide sobre as autoridades reguladoras das telecomunicações (Anacom), da energia (ERSE) e da Concorrência. Nas cativações, o maior impacto tem sido sofrido pela Autoridade da Concorrência: “É quase o dobro das outras autoridades”, refere o documento.

Os autores concluem que a ERSE é a entidade reguladora “mais politizada” porque “ao longo dos mais de vinte anos de vida da entidade, 50% das nomeações para o conselho de administração correspondem a indivíduos com experiência política, na sua maioria em cargos no Governo, como Secretário de Estado ou membro de gabinetes governativos”.

Ainda sobre a ERSE, é lembrado o caso de outubro de 2018, quando o deputado do Partido Socialista Carlos Pereira foi indigitado como um dos administradores deste regulador. O nome acabou por ser chumbado pelo Parlamento e, mesmo que o parecer não fosse vinculativo, o deputado acabou por renunciar ao cargo.

A necessidade de aprovação prévia por parte do Ministro das Finanças e da tutela quanto a vários atos e planos, nos quais se destacam os orçamentos, podendo mesmo essa aprovação ser recusada em determinadas situações, é mais uma evidência de que a independência formal face ao poder político continua por alcançar

Também penalizam a independência das autoridades a possibilidade de os administradores serem reconduzidos após o mandato de seis anos; a designação ser competência do Conselho de Ministros “e não, por exemplo, de uma maioria qualificada da Assembleia da República”; “a amplitude das causas que justificam a dissolução do conselho de administração da entidade e a destituição dos seus membros pelo Conselho de Ministros; “a possibilidade de veto do presidente do conselho de administração da entidade, que subverte o princípio da colegialidade”; e ainda o facto de os salários dos administradores serem definidos por uma comissão “cuja maioria dos membros é indicada pelo Governo”.

A duração dos mandatos “distinta do ciclo político” é vista como um dos pontos positivos a nível de independência. Também há destaque positivo por a seleção dos administradores basear-se em competências técnicas; a “concretização dos modos de cessão dos mandatos”; e a “exigência de exclusividade no exercício do cargo e o regime detalhado de incompatibilidades e impedimentos”.

Mais especialização no Tribunal de Supervisão

A análise é feita quase uma década depois da publicação da Lei-Quadro das Entidades Reguladores, que foi uma das medidas incluídas no empréstimo de 78 mil milhões de euros da troika ao Governo português. O estudo nota que o enquadramento das entidades reguladoras “resulta mais da pressão de entidades externas do que da iniciativa dos governos nacionais“.

Na lei de 2013 também foi criado o Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão, localizado em Santarém e que tem ficado conhecido pelos julgamentos da falência do Banco Espírito Santo e também das coimas do Banco de Portugal ao Montepio. O estudo dá conta das limitações deste novo tribunal.

A criação do tribunal em causa não levou a um aumento muito significativo da especialização” tendo em conta as qualificações dos juízes. “As regras dos movimentos judiciais e da seleção dos juízes para o tribunal levaram a que nenhum dos magistrados que já exerceu funções neste tribunal tivesse formação ou experiência significativas na área da concorrência e regulação antes de iniciar funções, e a formação na função, obtida ao fim de dois ou três anos, conflitua com a elevada rotação dos magistrados”, referem os autores.

O estudo recomenda, por isso, que “pelo menos uma parte” dos magistrados seja recrutada entre especialistas em Direito da Concorrência e Regulação”, além de ser promovida uma “maior estabilidade do quadro de magistrados, sem prejuízo de outras soluções ainda mais profundas, ligadas a uma reforma do sistema”.

Por outro lado, a criação deste tribunal permitiu o “acesso a uma justiça mais célere” a reguladores e regulados, por causa dos recursos das decisões, sobretudo na área da Concorrência. Nas outras áreas, continua a ser possível “recorrer das decisões contraordenacionais dos outros reguladores independentes para o Supremo Tribunal de Justiça”, o que tem impactos no tempo de decisão dos processos.

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Alargamento do reporte dos prejuízos fiscais limitado nos DTA

Proposta de alteração do PS limita alargamento do prazo de reporte de prejuízos fiscais só para anos em que não tenha sido atribuído crédito tributário aos beneficiários do Regime Especial de DTA.

Afinal, o alargamento do reporte dos prejuízos fiscais vai ficar limitado aos anos em que não tenha sido atribuído crédito tributário aos beneficiários do Regime Especial de Ativos por Impostos Diferidos, os chamados DTA. Esta é uma das 70 propostas de alteração que o Partido Socialista entregou ao Orçamento do Estado para 2023 naquela que foi uma das novidades mais criticadas pela oposição.

No acordo de concertação social que o Governo assinou com patrões e UGT (a CGTP uma vez mais não subscreveu) estava inscrita a flexibilização do regime de dedução de prejuízos fiscais em sede de IRC. Uma medida que a oposição criticou por ser uma moeda de troca ao aumento do salário mínimo e por beneficiar sobretudo as grandes empresas, nomeadamente os bancos.

O compromisso de que as empresas poderiam deduzir as perdas ao lucro tributável ao longo dos anos seguintes sem um limite temporal para o fazerem que estava no texto final do acordo foi transcrito para a proposta do OE2023. Assim, caiu o limite de cinco anos para o reporte dos prejuízos fiscais, mas baixou de 70% para 65% da coleta o limite dedutível. Além disso, a proposta determina que a dedução a efetuar em cada um dos períodos de tributação “não pode exceder o montante correspondente a 65% do respetivo lucro tributável, não ficando, porém, prejudicada a dedução da parte desses prejuízos que não tenham sido deduzidos, nas mesmas condições, nos períodos de tributação posteriores”.

Mas agora, na discussão do OE na especialidade, o objetivo é limitar este alargamento no caso dos ativos por impostos diferidos (DTA, na sigla em inglês, deferred tax assets) uma vez que este regime “já confere uma proteção específica ao registo de prejuízos por via da atribuição de um crédito fiscal”. “Pretende limitar-se o alargamento do prazo de reporte de prejuízos fiscais apenas para anos em que não tenha sido atribuído crédito tributário aos beneficiários do Regime Especial de Ativos por Impostos Diferidos”, explica a proposta de alteração.

Com a nova redação, que tem aprovação garantida já que o PS tem maioria no Parlamento, o n.º2 do Artigo 52.º determina que “na redação dada pela presente lei, não se aplica aos prejuízos fiscais apurados em períodos de tributação anteriores a 1 de janeiro de 2023 em que se tenha verificado uma das situações previstas no n.º 1 do artigo 6.º do regime especial aplicável aos ativos por impostos diferidos (REAID), aprovado pelo artigo 1.º da Lei n.º 61/2014, de 26 de agosto, na sua redação atual, aplicando-se aos prejuízos fiscais apurados nestes períodos de tributação, o prazo de dedução em vigor em 31 de dezembro de 2022”.

A proposta especifica ainda que o disposto se aplica “aos prejuízos fiscais apurados nos termos do artigo 70.º do Código do IRC, sempre que o grupo integre um sujeito passivo em que se tenha registado” um resultado líquido negativo do período nas suas contas anuais, depois de aprovadas pelos órgãos sociais, nos termos da legislação aplicável ou entre em liquidação por dissolução voluntária, insolvência decretada por sentença judicial ou, quando aplicável, revogação da respetiva autorização por autoridade de supervisão competente.

De acordo com o relatório semestral sobre o Regime Especial aplicável aos Ativos por Impostos Diferidos (REAID), enviado à Comissão de Orçamento e Finanças (COF), até ao final do primeiro semestre deste ano, sete instituições de crédito fizeram 29 pedidos de conversão de ativos por impostos diferidos em crédito tributário no montante global de cerca de 1.372 milhões de euros.

Desse total, a Autoridade Tributária concluiu a apreciação de 21 pedidos, que totalizam 1.131 milhões de euros (incluindo dois que foram objeto de indeferimento), tendo confirmado o montante de 956 milhões de euros.

Do montante confirmado, reembolsou cinco bancos: Haitong Bank, Banco Efisa, Banif – Banco de Investimento, Bison Bank e Novo Banco. Do valor reembolsado, a maior fatia foi para o Novo Banco, cifrando-se em cerca de 380,6 milhões de euros.

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Salários reais vão recuar 1,3% este ano, estima Bruxelas. É a maior queda desde 2014

O aumento dos salários neste ano será travado pela inflação, que dita uma queda nas compensações em termos reais. Bruxelas prevê inflação de 8% em 2022.

A inflação está a ditar uma queda no poder de compra dos portugueses. Os salários reais por empregado deverão recuar 1,3% este ano, segundo as previsões económicas de Outono da Comissão Europeia. As compensações reais dos trabalhadores portugueses não tinham uma queda tão acentuada desde 2014.

Segundo os dados da Comissão, a compensação dos empregados por cabeça em Portugal vai subir 4,6% este ano, mas se for tida em conta a inflação, a remuneração real vai mesmo recuar, em 1,3% face ao ano anterior. Desde 2015 que este indicador não caía e desde 2014 que a queda não era tão abrupta, de acordo com a série estatística da Comissão.

Os dados do INE já têm mostrado esta tendência de perda de poder de compra. As estatísticas mais recentes mostram que a remuneração bruta mensal média por trabalhador português aumentou 4% para 1.353 euros no terceiro trimestre do ano, mas em termos reais, tendo como referência a variação do Índice de Preços no Consumidor, a remuneração bruta total média por posto de trabalho diminuiu 4,7%.

A Comissão Europeia prevê que a taxa de inflação em Portugal se vai fixar nos 8% em 2022 e 5,8% em 2023, ambas mais elevadas que a previsão inscrita pelo Governo no Orçamento do Estado para 2023, de acordo com as previsões económicas de outono. O Executivo estima uma inflação de 7,7% este ano e 4% no próximo. Valores que o Conselho das Finanças Públicas alertou já poderem estar ultrapassados.

Bruxelas explica as projeções apontando que a “inflação aumentou em termos homólogos para 9,5% no terceiro trimestre de 2022 refletindo os altos preços da energia, o que desencadeou efeitos de passagem para outros bens e serviços”. Além disso, “fatores específicos do país relacionados com a seca extrema também elevou a inflação Portugal, com o aumento homólogo dos preços dos alimentos não transformados de 18,1% em setembro em comparação com 12,7% na área do euro”.

Deverá ocorrer uma moderação gradual da inflação nos próximos anos, tendo em conta a “esperada queda nos preços de energia e alimentos, enquanto os preços dos serviços devem permanecer altos, acompanhados por reajustes salariais”.

Tendo em conta este abrandamento esperado da inflação, os salários dos trabalhadores portugueses deverão voltar a crescer em 2023, ainda que apenas 0,4%. Já em 2024 é esperado um crescimento de 0,9%.

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Travão de 2% também se aplica às rendas de escritórios e lojas em 2023

Medida do Governo para limitar subida das rendas a 2% no próximo ano abrange os contratos habitacionais e não habitacionais, confirmou fonte oficial do Ministério da Habitação ao ECO.

No próximo ano, as rendas comerciais também não poderão aumentar mais do que 2%, confirmou fonte oficial do Ministério das Infraestruturas e da Habitação. Este travão definido pelo Governo, tendo em conta o aumento da inflação, aplicar-se-á, assim, a todos os contratos habitacionais e não habitacionais, sem estar estipulado um valor máximo de renda.

O ECO perguntou ao Ministério tutelado por Pedro Nuno Santos se o travão de 2% às rendas, a aplicar em 2023, abrange também os contratos não habitacionais, bem como se será estipulado um teto máximo de renda. “O limite de 2% já em vigor para a atualização das rendas em 2023 aplica-se a todos os contratos que venham a ser atualizados no próximo ano“, respondeu fonte oficial daquele gabinete.

Este travão foi anunciado em setembro pelo Governo, impedindo os senhorios de aumentarem as rendas em mais de 2% em 2023. Isto porque, se as rendas fossem atualizadas de acordo com o coeficiente anual de atualização, que varia consoante a inflação, a subida prevista era de 5,43%. Para compensar os senhorios por esta medida, o Governo vai promover uma redução no IRS e IRC.

Esta semana, durante uma audição no Parlamento, o ministro responsável pela Habitação afirmou que o Governo está a estudar a possibilidade de estender este travão aos novos contratos. “Vamos avaliar a extensão da travagem aos novos contratos, com base nos preços dos contratos anteriores”, disse Pedro Nuno Santos, depois de ter sido noticiado que alguns senhorios estavam a opor-se à renovação dos contratos para escapar a esta medida, pondo os imóveis de novo no mercado de arrendamento com preços mais altos.

Contudo, em declarações ao ECO, a diretora da Associação Lisbonense de Proprietários (ALP) recusou a ideia de que isso esteja a acontecer. “Só quem tem desconhecimento total da lei e do mercado imobiliário é que pode acreditar que o Governo anuncia em setembro uma norma travão e que os senhorios acorrem aos correios a enviar cartas aos inquilinos”, disse Diana Ralha.

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Mais de metade do pacote de apoio às empresas ainda não saiu do papel

Governo anunciou pacote de 1.400 milhões para as empresas, mas algumas das principais medidas ainda não estão no terreno, como a linha de crédito ou o programa de formação alternativo ao lay-off.

Dois meses depois da apresentação do pacote de apoios para as empresas, que levou o título de “Energia para Avançar” e visava ajudá-las a enfrentar o aumento dos preços da energia e dos custos de produção, algumas das medidas mais emblemáticas desse plano ainda não saíram do papel. Foi avaliado em perto de 1.400 milhões de euros, mas mais de metade desse valor está longe de chegar ao terreno.

É o caso da linha de crédito de 600 milhões de euros para as empresas de todos os setores, que sejam “afetadas por perturbações”, desde os altos preços da energia, das matérias-primas e às disrupções nas cadeias de abastecimento. Os bancos, que deverão operacionalizar esta medida dizem ao ECO não ter qualquer indicação adicional – e o Banco de Fomento ainda aguarda a entrada em funções da nova administração, aprovada há duas semanas pelo Banco de Portugal.

E se as duas novas modalidades de apoio no gás natural — em que o limite máximo de apoio pode ascender a dois ou cinco milhões de euros — ainda aguardam luz verde de Bruxelas, outra medida chave neste pacote, como é o programa de formação de 100 milhões para “aproveitar as horas vazias” na produção por causa dos custos da energia, em vez de repetir lay-off simplificado –, ainda marca passo. Os industriais de vários setores, ouvidos pelo ECO, dizem que nesta área da formação apenas estão a abrir concursos no âmbito dos clusters, que já vinham do passado.

Devia haver maior urgência na implementação deste plano, especialmente naquelas medidas que têm impacto direto na tesouraria, como é o caso dos empréstimos e dos auxílios por causa do acréscimo dos custos energéticos.

Mário Jorge Machado

Presidente da ATP - Associação Têxtil e Vestuário de Portugal

“Devia haver maior urgência na implementação deste plano, especialmente naquelas medidas que têm impacto direto na tesouraria, como é o caso dos empréstimos e dos auxílios por causa do acréscimo dos custos energéticos, que deixam as empresas debaixo de muita pressão [ao nível da liquidez]. Também seria importante avançar na formação, pois as empresas têm de planear a sua atividade. Todas as medidas deviam chegar ao terreno com celeridade”, comenta Mário Jorge Machado, presidente da associação do têxtil e vestuário (ATP), notando ser “frequente receber telefonemas de empresários a perguntar se as medidas já estão em vigor”.

Confira tudo o que foi anunciado a 15 de setembro e o que se sabe sobre a execução de cada medida até este momento.

Apoio ao consumo intensivo de gás

A ajuda por empresa é alargada de 400 mil para 500 mil euros. A taxa de apoio que recai sobre a diferença entre os custos suportados em 2021 e em 2022, passa de 30% para 40%. Aplica-se às empresas cujos gastos com gás tenham aumentado para mais do dobro. Outra novidade é a extensão ao setor da indústria transformadora agroalimentar.

O que se sabe? O Presidente da República acaba de promulgar o diploma do Governo que reforça o sistema de incentivos, que tinha sido aprovado a 13 de outubro e que operacionalizou a autorização da Comissão Europeia, devido a matérias de concorrência, chegada a 6 de outubro.

Novas modalidades de apoio no gás

Alargamento da base de acessibilidade das empresas: uma nova modalidade de apoio de 2 milhões de euros para todas as empresas que, neste contexto, registem custos expressivos relativamente à aquisição de gás; e uma nova modalidade de apoio de 5 milhões de euros de apoio específico para a manutenção da atividade industrial, para empresas com custos excessivos, perdas operacionais e em risco de paragem de atividade.

O que se sabe? A medida continua a ser negociada com Bruxelas, tendo em conta que se insere num quadro temporário de apoio a nível europeu. “A criação de novas modalidades de apoio, onde o limite máximo de apoio poderá ascender a 2 milhões de euros, por empresa, ou 5 milhões de euros caso sejam verificadas perdas de exploração, encontra-se ainda em apreciação pela Comissão Europeia”, informou o Governo na última comunicação sobre o tema, no mês passado.

Linha de crédito de 600 milhões de euros

Linha de crédito de 600 milhões de euros para as empresas de todos os setores de atividade, de “garantia mútua”, com um prazo de oito anos e carência de capital de 12 meses.

O que se sabe? A medida ainda não saiu do papel, com os bancos a admitirem não ter informações sobre a operacionalização da medida.

Descarbonização da indústria

Apoio à aceleração da transição energética e da descarbonização, como aposta na competitividade das empresas no futuro. Medida com um orçamento de 290 milhões de euros, 250 dos quais disponibilizados pelo IAPMEI ao setor da indústria e 40 milhões afetos ao setor agroalimentar.

O que se sabe? As empresas já se podem candidatar aos apoios para a descarbonização da indústria. Em causa estão 250 milhões de euros em subsídios a fundo perdido. A novidade são as candidaturas simplificadas para os projetos até 200 mil euros, que verão as decisões de apoio atribuídas num prazo de dez dias.

Fábrica da Corticeira Amorim em Mozelos, Santa Maria da FeiraRicardo Castelo/ECO

Apoio de 100 milhões de euros para a formação

Programa de formação de 100 milhões de euros para apoio ao emprego ativo e formação qualificada dos trabalhadores, destinada apenas à indústria. Até as grandes empresas podem aceder a este mecanismo que pretende funcionar como um alívio de tesouraria e dos custos fixos das empresas.

O que se sabe? As empresas industriais não receberam mais detalhes e as condições da medida, que deverá ser operacionalizada como formação no local de trabalho.

Novos apoios à internacionalização

Numa fase de transição entre quadros comunitários, lançar um novo aviso no valor de 30 milhões de euros para promover a participação das empresas em feiras internacionais, sobretudo com o objetivo de diversificar o destino das exportações.

O que se sabe? As candidaturas já estão abertas e decorrem até ao final do ano. O Ministério da Economia esclareceu numa nota que “os apoios são atribuídos sob a forma de subvenção não reembolsável”. O aviso enquadra-se no mecanismo extraordinário de antecipação das verbas do Portugal 2030.

Apoio extraordinário ao setor ferroviário de mercadorias

Para a ferrovia foi implementado um apoio financeiro extraordinário de 15 milhões de euros para o transporte ferroviário de mercadorias. O apoio é pago por quilómetro e por locomotiva para viagens entre 1 de dezembro de 2021 e 31 de agosto de 2022. Por cada locomotiva elétrica são pagos 2,11 euros por quilómetro; por cada locomotiva a diesel, o apoio é de 2,64 euros por quilómetro.

O que se sabe? A medida está em execução desde a 1 de outubro. A entrada em vigor da medida levou a Medway a suspender a cobrança da sobretaxa energética junto dos seus clientes entre 1 de outubro e 31 de dezembro deste ano.

Prorrogação da revisão dos preços dos contratos públicos

Prorrogação da revisão de preços dos contratos públicos, com foco nas empreitadas de obras públicas, que terminaria no final deste ano. Este regime excecional permite a qualquer empreiteiro, fornecedor de bens ou fornecedor de serviços apresentar um pedido de revisão extraordinária de preços desde que um determinado material, tipo de mão-de-obra ou equipamento de apoio represente, ou venha a representar durante a execução, pelo menos 3% do preço contratual e a taxa de variação homóloga do custo seja igual ou superior a 20%.

O que se sabe? Esta medida era de execução imediata. O mecanismo extraordinário em vigor desde 21 de maio foi prolongado até junho de 2023 “para dar serenidade às empresas de construção”.

Linha de financiamento para o setor social

Linha de financiamento para o setor social de 120 milhões de euros, para as IPSS ou entidades equiparadas sem fins lucrativos fazerem face a necessidades e requisitos, com duração até 31 dezembro 2023. As IPSS vão também ter acesso a uma comparticipação financeira para fazerem face ao aumento do gás, medida que contempla mais 120 milhões de euros.

O que se sabe? As entidades do setor social continuam sem poder aceder a estes empréstimos com condições especiais. Só na semana passada, a 8 de novembro, é que Marcelo Rebelo de Sousa promulgou o diploma do Governo que cria esta linha de financiamento.

Quatro medidas fiscais

O programa “Energia para Avançar” incluía ainda quatro medidas de natureza fiscal, que já estão todas em vigor, indicou ao ECO fonte oficial do Ministério das Finanças:

  • Suspensão temporária do ISP e da taxa de carbono sobre o gás natural utilizado na produção de eletricidade e cogeração. Em vigor desde 1 de outubro.
  • Majoração de 20%, em sede de IRC, nos gastos com eletricidade e gás natural, mas também nas despesas com fertilizantes, rações e outra alimentação para a atividade de produção agrícola. A majoração é aplicável ao período de tributação que se inicie após 1 janeiro de 2022.
  • Prorrogação do mecanismo de gasóleo profissional extraordinário (GPE) até final do ano. Em vigor desde 5 de outubro.
  • Prorrogação da redução temporária do ISP aplicável ao Gasóleo Agrícola até final do ano. Em vigor desde 3 de outubro.

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O erro de Barroso e Constâncio que “podia ter custado caro”

Barroso era presidente da Comissão Europeia, Constâncio vice-governador do BCE, e ambos acreditaram em Sócrates e na aprovação do PEC IV, revela Carlos Costa no livro "O Governador".

Portugal assinou dois memorandos de entendimento no dia 17 de maio de 2011, para aceder a um resgate financeiro da troika de 78 mil milhões de euros, passaram, portanto, mais de 11 anos, mas o livro “O Governador”, da autoria do jornalista Luís Rosa, sobre os dois mandatos de Carlos Costa à frente do Banco de Portugal tem novos dados sobre os bastidores das negociações que levaram Portugal àquele dia. E um deles é o erro de avaliação da Comissão Europeia e do BCE, e dos dois portugueses com posições de relevo nessas duas instituições. “Um erro que nos podia ter custado caro dado que poderia ter esgotado o tempo de que dispúnhamos para acionar um pedido de resgate“, escreve o antigo governador, em discurso direto, num dos capítulos do livro a que o ECO teve acesso.

Carlos Costa revela, pela primeira vez, que o Banco de Portugal foi posto de lado pelas instituições europeias que integravam a troika — a posição do FMI e de Dominique Strauss-Khan foi outra, mas já lá vamos — até ao pedido de resgate. E o antigo governador tem uma explicação para isso. “Na fase que precedeu o início das negociações formais do programa de assistência financeira, o Banco de Portugal foi em grande medida ignorado pelas instituições europeias (…) Tanto a Comissão Europeia, como o BCE não nos consultaram com a frequência e a intensidade que seria de esperar — muito embora o BCE me tivesse consultado, logo depois da minha tomada de posse, sobre a carta que o presidente Jean-Claude Trichet endereçou ao primeiro-ministro José Sócrates, a exemplo do que tinha feito com os primeiros-ministros de Itália e de Espanha”, escreve Carlos Costa.

Quais eram as razões que levaram à subalternização do Banco de Portugal? Carlos Costa refere que “o facto de o vice-presidente do BCE ser um português [Vítor Constâncio] com acesso direto ao primeiro-ministro e o facto de se tratar de uma personalidade que, ao longo do tempo, se tinha perfilado como um mentor da política económica portuguesa, expunha o ministro das Finanças [Teixeira dos Santos] e o governador do Banco de Portugal a um risco de subalternização“.

José Sócrates, à data, em 2010 e 2011, reclamava ter o apoio das instituições europeias, e Carlos Costa admite que tal fosse verdadeiro. E cita, para isso, um telefonema de Jean-Claude Trichet, o governador do BCE, depois do chumbo do PEC IV e do Conselho Europeu em que Sócrates comunica que não consegue assegurar a sua aprovação. No final desse telefonema, pouco usual, refere Carlos Costa, “fiquei com a convicção de que o presidente Trichet não só tinha apostado todas as fichas na aprovação do PEC 4 como também com a convicção de que o primeiro-ministro tinha junto dele uma grande credibilidade. Admito como muito plausível que a aposta de Trichet refletisse um provável, diria natural, resultado de um pedido de conselhos ao dr. Vítor Constâncio, na qualidade de vice-presidente do BCE”.

Considero que houve um erro de diagnóstico não só por parte do BCE, como por parte da Comissão Europeia. Um erro que nos podia ter custado caro dado que poderia ter esgotado o tempo de que dispúnhamos para acionar um pedido de resgate. E, dadas as vicissitudes políticas daquela época, não é de afastar que o triângulo Durão Barroso, Vítor Constâncio e José Sócrates tenha admitido que era possível evitar o resgate ou, pelo menos, que era possível ter um programa diferente dos anteriores, não envolvendo o FMI“, escreve Carlos Costa no livro “O Governador”, do jornalista Luís Rosa.

Com estes erros de avaliação, um pedido de resgate que deveria ter sido feito no final de 2010 ou início de 2011 acabou por ser efetivado no início de abril. Um risco enorme para Portugal, considera Carlos Costa, porque qualquer problema associado às negociações do plano de resgate poderia pôr em causa o reembolso de dívida e atirar a República para um incumprimento de pagamentos.

O papel de DSK

Dominique Strauss-Khan (DSK) era diretor-geral do FMI e, na avaliação de Carlos Costa, “foi um elemento crucial na gestão da grande crise financeira, em particular na União Europeia. Ele influenciou, de forma determinante, o pensamento dos ministros das Finanças no seio do Eurogrupo”. E tinha ascendente sobre Angela Merkel, do Governo de França (DSK é francês) e sobre a Comissão Europeia. Mas a sua autoridade dentro do próprio FMI era tal que lhe permitia aprovar acordos de assistência com os países mesmo antes de os levar ao ‘board’ do Fundo.

Se as negociações não estivessem substancialmente fechadas, não sei como nem quando as teríamos fechado, dada a situação de menor definição que naturalmente se instalou ao nível das instâncias de direção do FMI. Isto é, se as negociações não estivessem fechadas, teríamos corrido o risco de não conseguir cumprir o calendário de reembolso da dívida vincenda”

DSK caiu em maio de 2011. “Foi preso em Nova Iorque a 14 de maio desse ano por suspeitas de assédio sexual de uma empregada do Hotel Sofitel chamada Nafissatou Diallo, tendo apresentado a sua demissão e retirado a sua candidatura às presiden- ciais francesas de 2012”, refere Luís Rosa em nota de rodapé ao livro.

Esta capacidade de DSK de diagnóstico e de resposta aos problemas, de negociação e de validação dos detalhes do programa de ajustamento, foi a grande vantagem de que beneficiou a negociação do programa de assistência ao nosso país. Quando Strauss-Khan saiu [a 18 de maio de 2011], já estava tudo substancialmente fechado com Portugal. Se as negociações não estivessem substancialmente fechadas, não sei como nem quando as teríamos fechado, dada a situação de menor definição que naturalmente se instalou ao nível das instâncias de direção do FMI. Isto é, se as negociações não estivessem fechadas, teríamos corrido o risco de não conseguir cumprir o calendário de reembolso da dívida vincenda“, admite Carlos Costa.

O FMI, como é referido no livro, ocupou sempre o “lugar do condutor” no processo negocial com o Portugal, e foi precisamente a definição do envelope financeiro de assistência do Fundo — 26 mil milhões de euros — que Portugal acabou por ter um programa de 78 mil milhões de euros, quando se falava inicialmente em 90 a 95 mil milhões de euros. “Foi o FMI quem se apresentou mais equipado para fazer o diagnóstico e para elaborar o programa de assistência económica e financeira. Tinha já feito o diagnóstico e tinha a experiência de resgate de sistemas financeiros, experiência que faltava nas instituições europeias (…) Do lado europeu, o diálogo inicial sobre a estabilização do sistema bancário foi conduzido pelo BCE, através do John Fell [hoje diretor-geral adjunto para a Política Macroprudencial e Estabilidade Financeira], que teve um papel de porta-voz europeu no seio da troika. De facto, como a Comissão Europeia esteve silenciosa ou pouco interventiva neste ponto específico, o diálogo inicial foi travado com os representantes do FMI e John Fell, do BCE“.

Um apoio à irlandesa ou espanhola?

O FMI comunicou que disponibilizava 26 mil milhões, o que, por aplicação do princípio de paridade entre as três instituições, implicava que o programa não poderia contar com mais de 78 mil milhões de euros“, escreve Carlos Costa. Este teto tinha várias consequências, uma das quais relacionada com a ajuda à banca. “O montante previsto no programa de assistência financeira para a capitalização dos bancos nacionais não resultou, contrariamente ao que se pode pensar, de um cálculo prévio das suas necessidades de capital adicional“. Assim, acrescenta o antigo governador, “a opção por um modelo à irlandesa ou à espanhola, requereria um montante muito superior e disponibilizado à cabeça, montante que não seria possível encaixar dentro do envelope financeiro disponibilizado“. Mas Carlos Costa refere também que se esse modelo tivesse sido seguido, o Estado acabaria por se tornar principal acionista dos bancos intervencionados, ou seja, uma reversão das privatizações, além do impacto na dívida pública.

Carlos Costa deixa, ainda assim, uma suspeita no ar em relação a JohnFell [hoje diretor-geral adjunto para a Política Macroprudencial e Estabilidade Financeira]. Aquele responsável do BCE defendeu a adoção do modelo irlandês e o envolvimento do fundo norte-americano Blackrock. “Considerei inaceitável a proposta de adoção do modelo irlandês porque não era conciliável com o montante disponível para o programa de estabilização do sistema bancário (…) O que torna legítimo que eu me questione se não haveria naquele momento investidores internacionais à espreita da aquisição, com elevado desconto, de instituições bancárias portuguesas”, refere o antigo governador.

O livro “O Governador” será apresentado esta terça-feira em Lisboa, a partir das 17h30 na Fundação Gulbenkian, com Luís Marques Mendes e Francisco Assis.

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RealFevr capta 10 milhões em ronda de investimento VC com assessoria da Cuatrecasas

Da parte da Cuatrecasas, participou uma equipa liderada pelo sócio de M&A / VC Vasco Bivar de Azevedo, integrada pelos sócios João Mattamouros Resende e Joana Mota Agostinho.

A Cuatrecasas assessorou a startup portuguesa RealFevr, de Web3 e SportsTech, numa ronda de investimento de capital de risco (venture capital ou VC, na sigla inglesa), tendo sido levantados 10 milhões de euros.

Esta ronda foi liderada pela ADvantage, de Israel, e contou com a participação das portuguesas Semapa Next, Shilling Capital Partners e APEX Capital, assim como dos jogadores profissionais de futebol Sérgio Oliveira e Xeka.

De acordo com a RealFevr, os fundos recolhidos servirão para acelerar a expansão internacional, aquisição de mais direitos de propriedade intelectual da área do desporto e lançamento, nas próximas semanas, do primeiro “Web3 Football Moments Game” chamado “FEVR Battle Arena”.

Tratou-se de uma operação VC que envolveu um reajustamento das participações sociais entre os novos investidores e alguns acionistas, bem como aquisição de ações próprias destinadas à constituição de uma stock option pool, e a celebração de vários acordos entre os acionistas e entre a startup e a management team, destinados a reger o relacionamento futuro das partes e a preparação de novas rondas de investimento.

Da parte da Cuatrecasas, participou uma equipa liderada pelo sócio de M&A / VC Vasco Bivar de Azevedo, integrada pelos sócios de M&A João Mattamouros Resende e de Tecnologia, Media e Telecomunicações (TMT) Joana Mota Agostinho, e pelos associados de TMT Nuno Lima da Luz, e de M&A João von Funcke e Henrique Campos Pinheiro.

A Cuatrecasas tem vindo a acompanhar a RealFevr em diversas frentes e, em particular, neste momento importante de expansão do seu negócio, com uma assessoria multidisciplinar nas áreas de propriedade intelectual, proteção de dados pessoais, societário e laboral. O carácter inovador da empresa e das operações que tem efetuado justificaram até uma menção de louvor à assessoria da Cuatrecasas nos FT Innovative Lawyers Awards de 2022, organizados pelo Financial Times.

A RealFevr, fundada em 2015 e que se lançou no mercado das “Fantasy Leagues”, foi a primeira no mundo a lançar um marketplace de NFT de vídeo de futebol. Nestes anos, tem vindo a estabelecer várias parcerias oficiais na área do desporto, das quais se destacam as com Liga Portugal, Federação Portuguesa de Futebol, Torino FC e Beach Soccer Worldwide, para além de parcerias com vários atletas profissionais como Bruno Fernandes, internacional português de futebol que é um dos embaixadores da marca, para além de acionista, ou Madjer, lenda do futebol de praia. Em 2021, lançou ainda um token próprio, o $FEVR.

O total de operações VC assessorado pela Cuatrecasas ao longo deste ano já ultrapassa os 20 milhões de euros, valor que demonstra que se trata de uma das mais ativas sociedades de advogados em Portugal neste tipo de operações. A forte ligação ao ecossistema empreendedor é também patente na iniciativa Cuatrecasas Acelera, já na 7.ª edição, e nas parcerias estratégicas com a Unicorn Factory Lisboa e a Portugal Ventures.

 

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APS anuncia ciclo de formação sobre temas jurídicos

  • ECO Seguros
  • 13 Novembro 2022

A APS vai iniciar, na próxima semana, um Ciclo de 4 cursos de formação com abordagem a temas jurídicos que foram recentemente objeto de um novo quadro regulatório pela ASF.

A Associação Portuguesa de Seguradores (APS) vai iniciar, na próxima semana, um Ciclo de 4 cursos de formação com abordagem a temas jurídicos que foram recentemente objeto de um novo quadro regulatório pela Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) e que são tema de análise, debate e reflexão, atendendo aos impactos no setor segurador.

O ciclo é composto por 4 cursos autónomos: o Curso 1, no dia 15 novembro, intitula-se Segurança e governação das Tecnologias de Informação e Comunicação. Aborda os Sistemas de governação das TIC; Gestão de risco e segurança da informação; Gestão operacional dos serviços e sistemas de TIC; Continuidade das atividades e Políticas e Procedimentos a implementar.

O Curso 2, a ter lugar no dia 16 novembro, centra-se na Subcontratação a prestadores de serviços TIC e de computação em nuvem e inclui a analise das temáticas: Requisitos da subcontratação; Avaliação de prestadores e diligências pré-contratuais; Regulação contratual e Auditorias.

No dia 6 de dezembro, terá lugar o Curso 3, com o assunto Conduta de mercado e tratamento de reclamações. A formação irá analisar Política de tratamento; Gestão de reclamações e provedor; Interlocutor perante a ASF; Breve abordagem à Política de conceção e aprovação de produtos de seguros; Conduta de mercado; Reporte para feitos de supervisão comportamental e divulgação pública de informação e Tratamento de reclamações pela ASF.

O Curso 4, a ser lecionado a 13 de dezembro, Sistema de Governação das Empresas de Seguros e de Resseguros, analisa o sistema de governação; Requisitos de adequação das pessoas; As funções de controlo; Subcontratação; Remuneração e Participação Interna de Irregularidades.

Para mais informações, é possível contactar a APS pelo telefone 213 848 100, através do e-mail form@apseguradores.pt, ou ainda, consultar o site www.apseguradores.pt.

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Previsão da Lloyd’s declara Inglaterra campeã mundial e Portugal eliminado por Espanha nos quartos

  • ECO Seguros
  • 13 Novembro 2022

A Lloyd's diz que a Inglaterra irá derrotar o Brasil na final do Campeonato do Mundo 2022. O modelo de previsão utilizado acertou nos vencedores de 2014 e 2018. Portugal alcança quartos-de-final.

A Lloyd’s de Londres prevê que a Inglaterra poderá vencer o Brasil e emergir vitoriosa no Campeonato Mundial de Futebol de 2022, com Portugal, França, Argentina e Espanha a ficarem para trás.

O dream team dos mais seguráveis da Lloyd’s inclui Nuno Mendes a defesa esquerdo, num alinhamento muito inglês.

A Lloyd’s volta a apostar em previsões, depois de identificar corretamente a Alemanha e a França como vencedoras em 2014 e 2018, respetivamente, utilizando um modelo que classifica as equipas de acordo com o valor coletivo ‘segurável’ dos seus jogadores. O português Nuno Mendes é um dos atletas mais ‘seguráveis’ do campeonato, com um power score de 65,5%. Mas, de acordo com as previsões da Lloyd’s, Portugal sairá derrotado pela Espanha nos quartos-de-final.

A avaliação de cada jogador segurável compreende uma variedade de métricas como salários, patrocínios, idade e posição no campo. Utilizando esta metodologia para simular o torneio, o modelo prevê que a Inglaterra termine no topo do Grupo B, antes de garantir as vitórias por knock-out contra o Senegal, França, Espanha e Brasil.

Este ano, a seguradora compilou a “equipa mais segurável” de jogadores que participam do torneio. O inglês Jude Bellingham é considerado o jogador mais coberto da Copa do Mundo da FIFA, seguido pelo francês Kylian Mbappé e pelo brasileiro Vinícius Júnior.

Jogadores com idades entre os 18-24 anos têm um valor médio segurável de 32 milhões de libras, em comparação com 12 milhões de libras para jogadores com mais de 31 anos.

O valor médio segurável médio dos jogadores avançados continua a ser o mais elevado, com 34 milhões de libras esterlinas.
O grupo B, que inclui a Inglaterra, EUA, Gales e Irão, é o grupo mais forte em termos de valor segurável, ascendendo a um valor acumulado de 3,9 mil milhões de libras.

Com um valor segurável estimado em 3,6 mil milhões de dólares, a companhia inglesa prevê que a Inglaterra se distanciará da França, com um valor segurado de 3,1 mil milhões de dólares, e o Brasil, 2,9 mil milhões de dólares, para reclamar o primeiro lugar.

No total, os jogadores do torneio têm um valor segurável estimado de quase 25,2 biliões de dólares, um aumento de quase 10,3 biliões desde 2018.

“À medida que a Lloyd’s vai acertando nas previsões do Campeonato do Mundo, estamos a destacar a necessidade de proteção a todos os níveis dos jogos – profissionais e amadores – para ajudar clubes, concorrentes e comunidades a tomar decisões mais corajosas tanto dentro como fora do campo”, comentou Bruce Carnegie-Brown, presidente da Lloyd’s.

A firma disse que a pesquisa foi projetada para enfatizar a necessidade de os atletas em todos os níveis e em todos os desportos considerarem pacotes de proteção e coberturas de seguro para aumentar a resiliência e proporcionar mais segurança.

A pesquisa foi apoiada pela Sporting Intelligence e publicada com o Centro de Estudos Económicos e Empresariais (Cebr). Foram analisados os dados anónimos sobre salários de futebolistas para cada uma das 32 equipas participantes do Campeonato do Mundo da FIFA 2022, com base num grupo indicativo de 30 homens para cada nação.

No próximo dia 20 de novembro terá lugar a cerimónia de abertura do Campeonato do Mundo de Futebol e será disputada a primeira partida no Catar.

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Hackers publicam dados sensíveis de milhões de australianos

  • ECO Seguros
  • 13 Novembro 2022

A Medibank pode ser alvo de ação judicial após os dados pessoais de milhões de clientes terem sido desviados. Advogados estão a confirmar possibilidade de indemnizações.

Hackers desviaram informações sensíveis de milhões de clientes da companhia de seguros de saúde australiana Medibank. Os cibercriminosos acederam a uma base de dados da seguradora e desviaram dados que incluem tratamentos clínicos, datas de nascimento, números de telefone e endereços de email.

O desvio de informações de cerca de 9,7 milhões de clientes da Medibank pode custar mais de 129 milhões de dólares à companhia, segundo os analistas da Bloomberg. A seguradora, que já atrasou os aumentos de prémios para os clientes afetados, poderá ter que garantir uma compensação de 500 a 200 mil dólares australianos aos lesados, segundo os analistas.

As ações do Medibank subiram 0,7% na tarde de quarta-feira, em Sydney. As ações caíram cerca de 20% desde que o desvio foi detetado pela primeira vez, há pouco menos de um mês, removendo cerca de 2 mil milhões de dólares australianos do valor de mercado da empresa.

De acordo com publicações australianas, os hackers publicaram parte dos dados recolhidos na dark web, uma área da Internet que não pode ser acedida com navegadores (browsers) convencionais.

A polícia federal australiana confirmou, na semana passada, que hackers russos seriam responsáveis pelo ataque. Um grupo que desvia dados, codifica-os e assim torna-os inutilizáveis é suspeito. Este é um esquema que os cibercriminosos utilizam para extorquir fundos de resgate às empresas. Para pressionar, alguns grupos publicam os dados das vítimas. O Medibank recusou-se a pagar o resgate, e por isso, os agressores estão agora a publicar uma primeira quantidade de dados capturados.

“Infelizmente, pagar o resgate nem sempre garante que os dados não serão divulgados, ou revendidos a outros cibercriminosos“, disse Josh Lemon, que leciona segurança cibernética no Instituto SANS. “Não acredito que pagar o resgate, nesta fase, vá fazer muito mais do que atrasar a rapidez com que os dados poderão ser libertados”, disse o especialista.

A seguradora de saúde poderá agora enfrentar uma ação judicial. O escritório de advogados Maurice Blackburn confirmou que iria rever se os clientes afetados podiam ter direito a indemnização. O advogado principal da firma, Andrew Watson, disse que esta violação de dados foi uma das mais graves registadas na Austrália.

“As empresas que detêm informações sensíveis sobre a saúde dos seus clientes têm a obrigação importante de se certificarem de que as informações são salvaguardadas, de forma proporcional à sensibilidade dos dados”, disse ele.

“O Medibank tem uma responsabilidade acrescida no estabelecimento de maiores salvaguardas para assegurar as informações pessoais e de saúde que recolheu dos seus clientes”, disse o advogado.

Enquanto o governo australiano procura soluções para melhorar as leis de segurança cibernética, a Ministra dos Assuntos Internos, Clare O’Neil, assinalou que, em breve, o pagamento de resgates a hackers, por parte de empresas, poderia ser ilegal.

“Há algumas questões políticas sobre as quais vamos precisar de pensar e consultar, e vamos fazer isso no contexto da estratégia de segurança cibernética“, disse a ministra.

Uma operação de 100 agentes de cibercriminalidade permanente, visando os criminosos, será mobilizada para investigar o caso. “Não vamos parar enquanto os nossos cidadãos forem tratados desta forma e queremos garantir que existem consequências”, disse O’Neil, “vamos, ofensivamente, encontrar estas pessoas e debilitá-las antes que elas possam atacar o nosso país”.

 

 

 

 

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