Revolut ultrapassa um milhão de clientes em Portugal

Fintech britânica diz que quase 10% dos portugueses têm conta na Revolut e que Portugal é já o segundo maior polo da empresa depois do Reino Unido, onde tem a sua sede.

A Revolut anunciou esta quarta-feira ter atingido o patamar de um milhão de clientes em Portugal, informação que foi partilhada durante a Web Summit. Citado num comunicado, o fundador do banco digital, Nikolay Storonsky, afirma que “quase 10% dos portugueses têm uma conta Revolut”.

“Após o lançamento do Banco Revolut em Portugal, em dezembro de 2021, a empresa registou um crescimento assinalável durante 2022, duplicando o número de clientes deste mercado durante os primeiros dez meses do ano”, avança a empresa na mesma nota.

A fintech “registou também um aumento na utilização que os clientes portugueses fazem dos seus serviços durante o último ano”, acrescenta. Os pagamentos com cartão aumentaram “mais de 50%” face a 2021, enquanto as transações de “moeda cruzada” (envolvendo duas divisas, como o euro e o dólar) cresceram 58%.

Por fim, a Revolut afirma que, “com mais de 1.170 colaboradores no país, Portugal está a reforçar o seu posicionamento enquanto mercado estratégico para a empresa”. A fintech, baseada em Matosinhos, emprega no país trabalhadores das áreas legais, de recursos humanos, marketing e crescimento, comunicação, engenharia informática, análises de dados, operações, entre outros.

“Portugal é o segundo maior país em termos de colaboradores da Revolut, ficando atrás apenas do Reino Unido, onde a empresa tem a sua sede. O escritório de Matosinhos continua a ser um dos maiores centros tecnológicos da empresa, que é também um dos maiores empregadores da região”, conclui a Revolut.

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CMVM quer regime das mais-valias mobiliárias mais favorável que o de cripto

  • Lusa
  • 2 Novembro 2022

Num parecer enviado à Comissão de Orçamento e Finanças, a CMVM defende o alinhamento entre os regimes de tributação das mais-valias relativas a criptoativos e a instrumentos financeiros.

A CMVM não vê motivo para que o regime fiscal das mais-valias dos criptoativos, previsto no Orçamento do Estado, seja mais favorável que o de outros instrumentos financeiros, defendendo um regime melhor ou idêntico para estes últimos.

Num parecer enviado à Comissão de Orçamento e Finanças (COF), a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) sugere assegurar, pelo menos, o alinhamento entre os regimes de tributação, em sede de IRS, das mais-valias relativas a criptoativos e a instrumentos financeiros.

Em causa está o novo regime de tributação de criptoativos contemplado na proposta de lei do Orçamento do Estado para 2023 (OE2023) que prevê que apenas são tributadas as mais-valias (líquidas de menos-valias) obtidas com criptoativos detidos há menos de um ano, estando isentas as referentes aos detidos há 365 dias ou mais.

Em caso de detenção dos criptoativos há menos de um ano, a taxa aplicável às mais-valias geradas é de 28%. Já no que diz respeito às mais-valias geradas por investimentos em valores mobiliários, a lei em vigor prevê o pagamento de uma taxa liberatória de 28% ou o seu englobamento obrigatório em sede de IRS quando se trata de ativos detidos há menos de um ano e o sujeito passivo tenha um rendimento coletável igual ou superior ao valor do último escalão de imposto.

De acordo com a CMVM, “considerando que o investimento em criptoativos não está sujeito a supervisão e, por outro lado, que o investimento em valores mobiliários, além de regulado, pode ser uma ferramenta de apoio à recuperação económica, à afirmação da competitividade nacional e um apoio relevante à prossecução das agendas ambiental e digital”, o regime fiscal das mais valias mobiliárias “deve ser favorecido em relação ao investimento em criptoativos”.

Nas sugestões que remete à COF, o supervisor dos mercados sugere, em alternativa, que a proposta do OE2023 seja ajustada “no sentido de assegurar, pelo menos, o alinhamento entre os regimes de tributação, em sede de IRS, das mais-valias relativas a criptoativos e a instrumentos financeiros”.

Para a CMVM, o regime de tributação das mais-valias obtidas com criptoativos proposto no OE2023 tem “assimetrias significativas” em relação ao de instrumentos financeiros, sobre as quais, considera, que a incidência do IRS é “claramente mais gravosa”.

O parecer do supervisor alerta, por isso, que “o tratamento fiscal menos favorável dos instrumentos financeiros em relação aos criptoativos é suscetível de contribuir para canalizar as poupanças para esta última esfera que está muito exposta a fraude”.

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Este não é o momento para se discutir a semana de quatro dias, diz Comércio e Turismo

  • Lusa
  • 2 Novembro 2022

No dia em que o Governo apresenta aos parceiros o projeto-piloto da semana de quatro dias de trabalho, os líderes das confederações patronais dizem que é "prematuro" discutir o tema.

A Confederação do Comércio e Serviços (CCP) e a Confederação do Turismo de Portugal (CTP) consideraram esta quarta-feira que este não é o momento para se discutir a semana de quatro dias de trabalho, defendendo que há outras prioridades.

As posições dos presidentes das duas confederações patronais foram proferidas à entrada da reunião da Concertação Social, onde o Governo está a apresentar aos parceiros o projeto-piloto da semana de quatro dias de trabalho. “O que nos parece é que não era um tema prioritário para apresentar na Concertação Social, depois do acordo [sobre rendimentos e competitividade] em que há muitos aspetos a concretizar”, disse o presidente da CCP, João Vieira Lopes.

Sobre o projeto da semana de quatro dias, Vieira Lopes disse não ver “qualquer inconveniente em que se façam experiências”, mas salientou que “não se justificava” uma reunião da Concertação Social “só para isso” havendo questões “tão prioritárias como o problema da energia” ou a concretização do acordo de rendimentos assinado há poucas semanas.

O presidente da CCP considerou que pode haver empresas “com perfil” para a implementação da semana de quatro dias, como é o caso das empresas “na área das tecnologias, da cultura, da criatividade, da publicidade”, mas antevê dificuldades em empresas com atendimento ao público. “Tudo o que tenha a ver com horários de abertura ao público, isso implicaria contratar mais gente o que, além de ser um aumento de custos, não há pessoas [para contratar]”, afirmou.

Também o presidente da CTP, Francisco Calheiros, disse ser “prematuro” discutir o tema, semanas depois da assinatura do acordo de rendimentos e competitividade e numa altura em que o parlamento acabou de aprovar na generalidade a proposta de Orçamento do Estado para 2023, faltando ainda a discussão na especialidade.

Acabámos de assinar um acordo de competitividade e de salários no sentido de se poder aumentar os salários e, neste momento, quando vamos analisar um estudo que passa de cinco para quatro dias a semana de trabalho, é uma diminuição de 20% da produtividade. Não estou a ver como conjugar estas duas situações”, considerou Francisco Calheiros.

Já a secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha, realçou que “a questão da redução do horário de trabalho é uma reivindicação de há muito tempo” da intersindical, que defende um horário semanal de 35 horas para todos os trabalhadores. “[Sobre] esta questão da semana de quatro dias, não temos qualquer problema, desde que não tenha como condição o aumento da jornada diária de trabalho, que é uma conquista dos trabalhadores com mais de 100 anos”, afirmou Isabel Camarinha.

O Governo apresenta na Concertação Social o projeto-piloto da semana de quatro dias de trabalho, cuja experiência deverá arrancar em junho de 2023 em empresas do setor privado, podendo mais tarde ser estendido à administração pública. Segundo o documento do Governo, a experiência-piloto em 2023 será aberta a todas as empresas do setor privado e terá a duração de seis meses, sendo voluntária e reversível e sem contrapartidas financeiras, providenciando o Estado o suporte técnico e administrativo para apoiar a transição.

Segundo o executivo, a experiência “não pode envolver corte salarial e tem de implicar uma redução de horas semanais”. Uma vez que o Estado não oferece nenhuma contrapartida financeira, não será estipulado um número de horas semanais exatas, que “podem ser 32 horas, 34 horas, 36 horas, definidas por acordo entre a gestão e os trabalhadores”, mas a experiência tem de “envolver a grande maioria dos trabalhadores” da companhia, “exceto para grandes empresas, onde pode ser testado em apenas alguns estabelecimentos ou departamentos”.

A experiência-piloto da semana de quatro dias será coordenada por Pedro Gomes, autor do livro “Sexta-feira é o Novo Sábado”.

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Operadora do Nord Stream confirma 2 crateras nos gasodutos

  • Lusa
  • 2 Novembro 2022

A operadora Nord Stream AG detalhou que os fragmentos estão espalhados num raio de 250 metros.

A operadora dos gasodutos Nord Stream confirmou esta quarta-feira a existência de duas crateras, de origem não natural, após a realização de estudos preliminares. As crateras estão separadas por 248 metros e a secção do gasoduto entre as duas está destruída.

Em comunicado, a operadora Nord Stream AG detalhou que os fragmentos estão espalhados num raio de 250 metros. Os dados foram recolhidos por um navio que esteve no local onde foi registada uma das explosões, na zona económica e exclusiva da Suécia.

Segundo a mesma nota, os investigadores vão continuar a analisar os danos nos próximos três a cinco dias.

A Nord Stream AG está também a aguardar autorização por parte das autoridades dinamarquesas para estender a avaliação dos danos à zona económica e exclusiva daquele país.

Os gasodutos Nord Stream um e dois, que ligam a Rússia à Alemanha, estão no centro das tensões geopolíticas, sobretudo, após Moscovo decidir cortar o fornecimento de gás à Europa.

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Portugal tem cinco novos centros de tecnologia e inovação

Portugal já tem 31 centros de tecnologia e inovação de norte a sul do país. O ECO preparou-lhe um mapa interativo. Veja o que fica mais perto de si.

Existem em Portugal cinco novos centros de tecnologia e inovação. A ANI – Agência Nacional de Inovação recomendou ao Ministério da Economia o alargamento da lista existente, sugestão que foi aceite. Assim, Portugal passou a dispor de 31 centros.

Os centros de tecnologia e inovação são os sucessores dos centros tecnológicos e dos centros de interface, e dedicam-se à produção, difusão e transmissão de conhecimento, orientado para as empresas e para a criação de valor económico, contribuindo para a prossecução de objetivos de política pública.

Além disso, têm a sua atuação orientada para as necessidades do mercado, procurando contribuir para dar resposta a desafios como a dupla transição verde e digital, procurando, “em proximidade com o tecido empresarial, dinamizar a investigação aplicada e a inovação, promovendo a qualificação da oferta empresarial, sobretudo das pequenas e médias empresas, e a internacionalização da economia, de modo a potenciar a sua capacidade concorrencial externa, através da melhoria da qualidade dos produtos e processos, potenciando os fatores que promovem a produtividade”, de acordo com o decreto-lei que estabelece o seu regime jurídico.

As fontes de receita destes centros são contribuições, subsídios e subvenções do Estado, mas também fundos europeus. Por isso, são sujeitos a avaliações periódicas em função das quais podem ser decididas alterações ao financiamento público inicialmente estabelecido, integralmente financiado por verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) ou outras fontes de financiamento com origem em fundos comunitários.

Associação CCG/zgdv – Centro de Computação Gráfica; STAR Institute – Associação de Investigação, Ciência e Tecnologias Aplicadas; RAIZ – Instituto de Investigação da Floresta e do Papel; Associação CiTin – Centro de Interface Tecnológico Industrial e SEAPOWER – Associação para o Desenvolvimento da Economia do Mar são os cinco novos centros que a ANI recomendou que fossem reconhecidas depois de analisar as suas candidaturas e por entender que atendendo às suas especificidades também devem ter este estatuto.

A lista completa foi publicada esta quarta-feira em Diário da República, atualizando assim o despacho assinado pelo secretário de Estado da Economia, João Neves, a 5 de agosto deste ano.

Veja o mapa interativo.

 

O mapa interativo não está disponível nas aplicações do ECO. Se está a consultar este artigo através de uma aplicação, carregue aqui para ver o mapa diretamente no seu browser.

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Bolsonaro reconhece derrota junto a juízes do Supremo Tribunal Federal

  • Lusa
  • 2 Novembro 2022

"Acabou", terá dito o Presidente brasileiro aos juízes do STF. Ao mesmo tempo, perderam força os protestos de camionistas, que desde a madrugada de segunda-feira bloqueavam estradas.

O Presidente cessante do Brasil, Jair Bolsonaro, transmitiu aos juízes do Supremo Tribunal Federal (STF) a mensagem de que as eleições acabaram, disse o juiz do STF Luiz Edson Fachin. “O Presidente da República usou o verbo terminar no pretérito, ele disse ‘acabou’. Portanto, devemos olhar para frente“, contou o juiz, citado pelo portal de notícias G1.

Bolsonaro foi à sede do tribunal na terça-feira após falar com juízes do STF, a quem reafirmou a sua derrota nas eleições presidenciais do passado domingo, nas quais Luiz Inácio Lula da Silva se sagrou vencedor e, portanto, voltará a presidir o Brasil por mais quatro anos.

Num comunicado emitido antes do encontro com Bolsonaro, o STF divulgou uma nota afirmando que o Governo reconheceu a sua derrota, que cumpriria a Constituição e chegou até a criticar de forma velada os bloqueios que alguns seguidores têm estado a fazer em várias estradas do país nos últimos dias para protestar contra os resultados das eleições.

“O Supremo Tribunal Federal consigna a importância do pronunciamento do Presidente da República em garantir o direito de ir e vir em relação aos bloqueios e, ao determinar o início da transição, reconhecer o resultado final das eleições”, indicou, numa nota, o STF.

Este comunicado surgiu minutos após Jair Bolsonaro ter discursado na terça-feira no Palácio da Alvorada, naquela que foi a sua primeira declaração depois de ter perdido as eleições de domingo, tendo apelado aos seus apoiantes que abandonassem os protestos e garantido que respeitará a Constituição.

O Presidente brasileiro deixou também a porta aberta para uma transição, já que disse respeitar a Constituição. “Sempre fui rotulado como antidemocrático e, ao contrário dos meus acusadores, sempre joguei dentro das quatro linhas da Constituição. Nunca falei em controlar ou censurar os media e as redes sociais. Enquanto Presidente da República e cidadão, continuarei cumprindo todos os mandamentos da nossa Constituição“, disse.

Depois deste discurso, Jair Bolsonaro seguiu para a sede do STF para uma reunião com vários juízes.

Protesto de camionistas contra vitória de Lula da Silva perde força no Brasil

Os protestos liderados por camionistas apoiantes de Jair Bolsonaro que pedem um golpe militar contra a vitória eleitoral de Lula da Silva no Brasil continuam esta quarta-feira, mas estão a perder força em todo o país, segundo fontes oficiais. Os bloqueios de estradas, que somavam cerca de 500 em 24 dos 27 estados do país na segunda-feira, caíram para 167, com a polícia a negociar com os manifestantes para libertarem completamente o tráfego.

O movimento, que pede uma “intervenção militar”, começou a perder intensidade depois de o Presidente, Jair Bolsonaro, apoiado pela extrema-direita, ter feito uma declaração em que pedia o fim dos bloqueios e indiretamente admitiu a sua derrota ao determinar que o Governo iniciasse o processo de transição com a equipa de Lula da Silva.

De qualquer forma, pequenos grupos de camionistas mantiveram alguns bloqueios, alguns manifestantes fizeram “vigílias” na noite de terça-feira em frente a um quartel do Exército e pediram alguns atos semelhantes que estão a acontecer hoje, feriado no Brasil pelo Dia dos Mortos.

Jair Bolsonaro pronunciou-se sobre os resultados das eleições na terça-feira, cerca de 45 horas depois de a contagem oficial determinar a vitória do líder progressista Luiz Inácio Lula da Silva por uma margem muito estreita de 1,8 pontos percentuais.

Durante o silêncio de Bolsonaro, os seus simpatizantes mais extremistas deram início ao movimento que exige um golpe militar das Forças Armadas para fechar o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF) para manter o atual chefe de Estado no poder.

No entanto, os manifestantes foram contrariados por Jair Bolsonaro na sua declaração, apesar de ter dito que o “movimento popular” foi “resultado da indignação e do sentimento de injustiça pelo desenrolar do processo eleitoral”.

Mesmo assim, Bolsonaro afirmou que “manifestações pacíficas serão sempre bem-vindas”, mas reforçou que seus métodos “não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população, como a invasão de propriedade ou a destruição de património”, e ressaltou que ninguém pode impedir “o direito de ir e vir”.

Com 100% dos votos contados, Luiz Inácio Lula da Silva venceu as presidenciais de domingo por uma margem estreita, recebendo 50,9% dos votos, contra 49,1% para Jair Bolsonaro, que procurava obter um novo mandato de quatro anos.

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OE: Associações de media e música pedem dedução à coleta de subscrições digitais

  • Lusa
  • 2 Novembro 2022

O "pedido de incentivo fiscal à comunicação social e à música representa uma forma neutra de apoio, que respeita a independência dos meios de comunicação em relação aos poderes públicos", defendem.

A Associação Fonográfica Portuguesa, a Audiogest – Associação para a Gestão e Distribuição de Direitos, a Associação Portuguesa de Imprensa e a Visapress – Gestão de Conteúdos dos Media propõem que o OE2023 “considere a dedução à coleta em sede de IRS das despesas com as subscrições digitais de publicações periódicas e música“, com o objetivo de “incentivar o mercado digital nos setores da comunicação social e música e apoiar os leitores e ouvintes“.

Além destas medidas “de verdadeiro incentivo fiscal, estas organizações reivindicam também a resolução definitiva de assimetrias e injustiças fiscais relativas, que discriminam e podem continuar a discriminar negativamente a sua atividade face a entidades congéneres e o setor criativo, em relação a outras áreas da atividade económica”.

“A edição de publicações de imprensa e a edição musical sofreram nos últimos anos uma enorme erosão de receitas com a ‘migração’ para o digital”, recordam.

Aliás, “as deduções à coleta em sede de IRS, já propostas aos responsáveis políticos e governamentais, a fazer, seriam correspondentes a parte dos montantes pagos pelas famílias na subscrição de serviços de ‘streaming’ e de aquisição digital de bens culturais, como subscrições digitais de digitais de imprensa e música”.

Sublinham que o “apoio à transição e adaptação ao mercado digital é hoje um objetivo das políticas públicas nacionais e da União Europeia para os setores das indústrias culturais e criativas, dos quais, nunca é demais salientar a imprensa também faz parte”.

Nesse contexto, o “pedido de incentivo fiscal à comunicação social e à música representa uma forma neutra de apoio, que respeita a independência dos meios de comunicação em relação aos poderes públicos, ao não criar eventuais dependências de subsídios e de outras formas de financiamento conforme recomendação da União Europeia”, acrescentam.

As quatro associações defendem também “a criação de uma majoração, em sede de IRC, para os pagamentos efetuados às entidades de gestão coletiva de direitos de autor e direitos conexos, apoiando assim um conjunto muito significativo de empresas dos mais variados setores (da restauração e hotelaria à radiodifusão, passando pelos promotores de eventos, empresas de distribuição e serviços), que cumpram as suas obrigações para com os criadores, artistas e as industrias culturais e de media, num ano que se adivinha particularmente difícil para algumas destas atividades”.

A votação final do Orçamento do Estado para o próximo ano terá lugar no final deste mês.

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LaLiga bate nos números de espectadores nos estádios

  • Servimedia
  • 2 Novembro 2022

A LaLiga registou números recorde de espectadores que assistem aos jogos nos estádios. Os números ultrapassam as presenças registadas antes da pandemia por Covid-19.

De acordo com a LaLiga, depois de as restrições da pandemia terem acabado, os adeptos regressaram aos estádios com toda a força, de tal forma que conseguiram ultrapassar os números de presenças registados antes da Covid-19, noticia a Servimedia.

Só durante o mês de Outubro, a competição espanhola registou 1,5 milhões de espetadores nos estádios, o que representa uma assistência média de 75,6% durante os cinco dias de jogo deste mês. Estes valores ultrapassam assim a média da época anterior à pandemia (2019-20), que se situava, na Primeira Divisão, em 75,3%.

Nos dois meses anteriores (Agosto e Setembro), os jogos da primeira divisão espanhola já tinham atraído 2,1 milhões de espetadores, com uma assistência média de 76,7% durante os vários dias de jogo disputados em Agosto e Setembro de 2022. Portanto, o total acumulado até agora nesta estação é agora de 3,5 milhões de espetadores, representando uma assistência média de 76,2%.

O jogo com a maior percentagem de capacidade no estádio foi disputado durante a nona jornada entre o Clube Atlético e o Atlético de Madrid, com uma capacidade de 90,7%. Este foi o único jogo que ultrapassou o valor de 90% da capacidade do estádio.

Relativamente ao número total de espetadores, o Clube Atlético é, mais uma vez, um dos protagonistas do jogo com mais adeptos, desta vez, no jogo contra o FC Barcelona, em Barcelona, com 84.817 espetadores, o que representou uma assistência de 85,4%.

Na segunda divisão, os números de presenças nos estádios também excederam os registados antes da pandemia. Especificamente, os estádios da segunda divisão já atraíram um total de 1,3 milhões de pessoas até agora nesta época, o que representa uma média de 55,4% da capacidade.

Especificamente, durante Outubro, 515.779 pessoas assistiram a um jogo no escalão de prata, enquanto em Agosto, 328.515 pessoas assistiram a um jogo, representando uma assistência média de 55,4%, e em Setembro, 503.785 pessoas assistiram a um estádio, um número que representou uma assistência média de 55,4%.

Entre a nona e a décima terceira jornada, a Segunda Divisão trouxe mais de meio milhão de pessoas aos estádios, representando uma assistência média de 55,5%, 2,3 pontos mais elevada do que em Outubro de 2019-2020, antes da pandemia. A frequência média em Outubro de 2020-2021, quando havia restrições Covid-19, era de 47,8%.

Na Segunda Divisão, foi também durante o nono dia de jogo que se registou a assistência máxima para um jogo, neste caso, foi o jogo entre o Burgos CF e o Deportivo Alavés, que se situou na capacidade de 93,9%, com 10.891 espetadores. Além disso, houve outro jogo com uma capacidade superior a 90%, neste caso foi outro jogo da equipa de Burgos, que enfrentou o CD Mirandés no El Plantío diante de 10.483 adeptos, com uma capacidade de 90,4%.

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Reembolsos do Fundo Jessica financiam ‘overbooking’ de programas regionais do Portugal 2020

  • Lusa
  • 2 Novembro 2022

Governo justifica a medida com os “elevados níveis de compromisso na aprovação de algumas tipologias de investimento aprovadas ao abrigo dos programas operacionais regionais do Portugal 2020".

Os reembolsos da componente FEDER do Fundo Jessica após final de 2021 vão financiar o overbooking de execução registado no encerramento dos vários programas operacionais regionais do Portugal 2020, segundo uma resolução publicada esta quarta-feira em Diário da República (DR).

Nos termos da resolução do Conselho de Ministros n.º 105/2022, dado os “elevados níveis de compromisso na aprovação de algumas tipologias de investimento aprovadas ao abrigo dos programas operacionais regionais do Portugal 2020, os reembolsos que vierem a ser recebidos podem ser utilizados para financiamento do overbooking de execução que se verifique em sede de encerramento, em particular, nos investimentos de regeneração e reabilitação urbana”.

“A afetação de verbas estabelecida no número anterior pode ser efetuada até ao limite dos montantes dos reembolsos recebidos por região de incidência dos programas operacionais regionais financiadores”, detalha.

Segundo acrescenta, os reembolsos não utilizados nestes termos “reforçam a dotação dos fundos do Instrumento Financeiro para a Reabilitação e Revitalização Urbanas – IFRRU 2020 ou daquele que lhe suceda no ciclo de financiamento europeu 2021-2027, devendo ser afetos a investimentos nas regiões de origem destes fundos reembolsados, nos termos dos respetivos programas regionais”.

Os necessários movimentos financeiros “serão efetuados através de contas específicas criadas para o efeito e tituladas pela Agência para o Desenvolvimento e Coesão (AD&C)”, sendo a afetação dos reembolsos “determinada pelos membros do Governo com poderes de superintendência sobre a AD&C”.

Segundo se lê na resolução, “não estabelecendo o acordo de financiamento firmado, no âmbito do Fundo JESSICA Portugal, condições para a reutilização dos montantes provenientes dos reembolsos dos empréstimos após 31 de dezembro de 2021”, o objetivo é “garantir que os valores que efetivamente vierem a ser recebidos sejam reencaminhados para cada uma das autoridades de gestão na proporção da área de proveniência dos financiamentos iniciais”.

As estimativas disponibilizadas pelo BEI [Banco Europeu de Investimento] para recebimentos até 2031 da amortização dos créditos da componente FEDER nos empréstimos concedidos pelo Fundo JESSICA Portugal ascendem, para o conjunto das cinco regiões de incidência dos programas operacionais regionais financiadores, a cerca de 80.000.000 euros”, avança.

Gerida pelo BEI, a Iniciativa JESSICA – ‘Joint European Support for Sustainable Investment in City Areas’ – é um instrumento financeiro destinado à reabilitação urbana que foi implementada pelos programas operacionais regionais no âmbito do Quadro de Referência Estratégico Nacional, a que correspondeu o período de programação 2007-2013.

O Fundo JESSICA Portugal constituiu um holding fund, com gestão em Portugal, assegurada pelo BEI, que responde perante um Comité de Investimento onde estão representados todos os programas operacionais regionais e a Direção-Geral do Tesouro e Finanças (DGTF), enquanto entidades financiadoras, respetivamente, da componente Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) e da contrapartida nacional.

O Fundo JESSICA Portugal foi implementado através de investimentos em fundos de desenvolvimento urbano (FDU), selecionados na sequência de um procedimento público lançado pelo BEI. A operacionalização deste instrumento iniciou-se com a assinatura, em 2008, de um acordo de princípios entre o BEI e o Governo português e, posteriormente, com a assinatura de um acordo de financiamento celebrado entre as autoridades de gestão dos programas operacionais envolvidos, a DGTF (em representação do Estado português) e o BEI.

Após o encerramento dos programas operacionais e até final de 2021, as entidades gestoras dos FDU continuaram a reinvestir os montantes reembolsados pelos destinatários finais dos empréstimos concedidos no primeiro ciclo de investimentos (até 31 de dezembro de 2015) em novos financiamentos.

Tal como previsto no acordo de financiamento, a liquidação do Fundo JESSICA Portugal foi determinada pelo Comité de Investimento, que estabeleceu o respetivo encerramento até ao final do ano de 2031, tendo igualmente determinado que os fundos reembolsados após 2021 até à data do encerramento fossem transferidos para as autoridades de gestão dos programas operacionais regionais e para a DGTF, proporcionalmente às respetivas contribuições iniciais para o Fundo.

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Sabonetes da Ach Brito voltam às mãos da família do fundador

Aquiles de Brito, bisneto do criador da centenária produtora de sabonetes e artigos de perfumaria, reassume o controlo da empresa que tem fábrica em Vila do Conde e a marca Claus Porto.

A Ach Brito, a mais antiga fabricante de sabonetes e produtos de perfumaria portuguesa, anunciou esta quarta-feira que a empresa “volta a ser integralmente detida pela família que lhe deu origem e emprestou o nome, na pessoa de Aquiles de Brito, bisneto do fundador”, Achilles de Brito, que em 1918, com o irmão Affonso de Brito, adquiriu os ativos da Claus & Schweder.

A novidade foi comunicada aos clientes através das redes sociais, com a empresa sediada em Vila do Conde a falar de um “regresso a casa”. “Mal podemos esperar pelos próximos capítulos desta história centenária, que continuaremos a escrever com os mesmos valores, ambição e dedicação que nos conduziram até aqui. Com a mesma assinatura de sempre”, lê-se na mesma publicação.

Nos últimos sete anos, esta companhia foi controlada pela Menlo Capital, uma sociedade de capital de risco a quem Aquiles de Brito tinha cedido o controlo (65%), ficando nessa altura com a posição reduzida a 20% do capital. Os restantes 15% ficaram nas mãos de um fundo do Novobanco, que é gerido pela Haitong Global Asset Management.

Já este ano, como há algumas semanas foi noticiado pelo Jornal de Negócios (acesso pago), depois de ter sido atingida a maturidade dos suprimentos (empréstimos à empresa) convertíveis em capital, que tinham sido concedidos no valor de cerca de 1,5 milhões de euros, este “FCR PME Novo Banco” passou a deter na íntegra a Ach Brito, com a transação a ser completada pelo valor simbólico de um euro.

O ECO tentou contactar o administrador da empresa nortenha para obter mais detalhes sobre este processo, sem sucesso até à hora da publicação desta notícia. O Haitong Bank remeteu para uma nota divulgada a 14 de outubro, na qual o banco chinês referia que o “FCR PME Novo Banco” iria ser “liquidado” em dezembro de 2022, “momento em que o processo em causa passará a ser conduzido em exclusivo pelos detentores das participações do dito fundo”.

No ano passado, a faturação da Ach Brito rondou os 4,5 milhões de euros, ligeiramente acima de 2020, mas abaixo ainda do nível anterior à pandemia de Covid-19 (6,2 milhões de euros em 2019). A exportação para 30 mercados representa perto de metade do volume de negócios realizado nos perto de 400 pontos de venda em que tem os produtos à venda.

Atualmente com cerca de 80 funcionários, entre a fábrica de Fajozes, no concelho de Vila do Conde, e as três lojas próprias (duas em Lisboa e uma Porto) que explora com a sua marca de luxo Claus Porto – há alguns anos ganhou fama internacional, sobretudo nos Estados Unidos, quando foi elogiada por Oprah Winfrey –, nos últimos dois exercícios terá acumulado prejuízos de quase dois milhões de euros.

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Metade das mulheres no setor tech sofreu discriminação de género este ano

Nos últimos 12 meses, 49,5% das mulheres que trabalham no setor tech sentiram discriminação de género. Mais de metade considera ter salário injusto e ser pressionada para escolher carreira ou família.

Metade das mulheres que trabalham na área tecnológica experienciou sexismo no local de trabalho nos últimos 12 meses. E mais de metade das inquiridas sente que recebe um salário injusto relativamente aos seus colegas e que tem de escolher entre carreira e família, revela um inquérito realizado pela Web Summit.

“As mulheres devem sentir-se capacitadas e motivadas na indústria tecnológica. Descobrir que uma grande porção das mulheres em tecnologia ainda experimentam sexismo dentro do local de trabalho é desanimador. Na Web
Summit, o nosso objetivo é assegurar que os nossos eventos sejam ambientes em que as mulheres da comunidade tecnológica podem prosperar, e esperamos que estas descobertas ajudem a continuar a conversa”, defende Carolyn Quinlan, vp of community da Web Summit.

Nos últimos 12 meses, 49,5% das mulheres que trabalham na indústria tecnológica afirmam que foram discriminadas pelo seu género, enquanto 66,9% sentem que o facto de serem mulheres faz com que sejam “injustamente” remuneradas, comparativamente aos seus colegas de trabalho do sexo masculino. Ao mesmo tempo, uma percentagem semelhante (62,9%) sente pressão para escolher entre a carreira ou a família.

Ainda assim, a quase totalidade das inquiridas não tem dúvidas das suas capacidades: 92,4% está plenamente confiante que tem capacidade para desempenhar as suas funções. Contudo, 70% sente que tem de se esforçar mais para provar aos colegas que é capaz. No inquérito de 2019, 44% das profissionais mulheres responderam que sentiam essa pressão de provar o seu valor quando comparados com os seus homólogos homens.

O inquérito realizado pela Web Summit foi distribuído através de correio eletrónico às mulheres da comunidade tecnológica da cimeira. A maioria das inquiridas (70,4%) tinha entre 25 e 44 anos de idade. Europa foi a área geográfica mais representada, representando a localização de 78,5% das profissionais.

Este ano, 42% dos mais de 71.033 participantes da conferência tecnológica são mulheres. O valor é, contudo, inferior aos números apurados nas edições anteriores. Em 2019, 46,3% da audiência era do sexo feminino; em 2020, 45,8%; e, no ano passado, pela primeira vez houve mais mulheres do que homens na audiência (50,5%).

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Programa Garantir Cultura continua com atrasos no pagamento do valor total do apoio

  • Lusa
  • 2 Novembro 2022

Segundo o ministro da Cultura, "na componente Cultura, não há praticamente atrasos nenhuns". Porém, alguns empresários relataram à Lusa que ainda não receberam todas as tranches do apoio.

Cerca de um ano e meio depois de terem sido aprovados os projetos apoiados no subprograma do Garantir Cultura para o tecido empresarial, ainda há empresas com parte do valor que lhes foi atribuído por receber.

Com uma dotação total de 53 milhões de euros, o Garantir Cultura é um programa de apoio à criação e à programação artísticas, criado pelo Governo em contexto de pandemia e que foi dividido em dois subprogramas: um para empresas, gerido pelo COMPETE 2020 (sob alçada do Ministério da Economia) e com uma dotação de 30 milhões de euros, e um outro para entidades artísticas, gerido pelo GEPAC (sob alçada do Ministério da Cultura), e com uma dotação de 23 milhões de euros.

Os atrasos nos pagamentos no subprograma destinado a entidades artísticas já eram conhecidos, tendo o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, atualizado em julho numa audição parlamentar o número de projetos afetados. Nessa altura, o governante falou em 30 projetos cujos prazos de pagamento da segunda tranche ultrapassaram os trinta dias. A Lusa pediu uma nova atualização dos dados ao Ministério da Cultura, mas até ao momento não obteve resposta.

Entretanto, esta quarta-feira, o ministro da Cultura, à margem da apresentação da app Portugal Contemporary Art Guide, em Lisboa, afirmou que “na componente Cultura, não há praticamente atrasos nenhuns”. “Julgo que é próximo do zero. A parte da Economia tem estado a trabalhar para recuperar o atraso, não lhe consigo dizer o número exato”, afirmou, em resposta à agência Lusa.

De acordo com dados disponibilizados em 29 de julho, no site do Gabinete de Estratégia, Planeamento e Avaliação Culturais, foram apoiados 1.095 projetos, com 21,8 milhões de euros.

Os atrasos nos pagamentos no subprograma dedicado ao tecido empresarial foram denunciados na semana passada, através de uma carta aberta da Associação Espetáculo – Agentes e Produtores Portugueses (AEAPP), dirigida ao ministro da Cultura.

Na carta, a AEAPP dava conta de que em 39 candidaturas ao Garantir Cultura, no subprograma para o tecido empresarial, de associados seus, “somente para duas é que já foram transferidos integralmente os montantes de apoio concedido, sendo certo que em alguns casos, o pagamento da segunda e terceira tranches está atrasada, entre seis a oito meses”. De acordo com Rafaela Ribas, da AEAPP, em declarações à Lusa, os dois associados que receberam as três tranches terminaram os projetos em junho do ano passado. “Foram os únicos [a receber as três tranches]”, reforçou.

Os pagamentos no subprograma para as entidades artísticas são feitos em duas tranches, de 50% cada uma, já os do tecido empresarial são feitos em três: a primeira é de 50%, a segunda de 35% e a terceira de 15% do valor do apoio concedido.

A lista de projetos apoiados no subprograma para o tecido empresarial foi publicada no site do COMPETE 2020 em 31 de maio do ano passado. E, em 21 setembro do mesmo ano, o então ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, afirmava, na sessão de abertura da iniciativa Trojan Horse was a Unicorn, que o Garantir Cultura já havia apoiado cerca de 600 projetos em várias áreas, com 30 milhões de euros já pagos a produtores culturais, salas de espetáculos.

Ao longo dos últimos meses, a Lusa pediu várias vezes atualizações destes dados ao Ministério da Economia. No anterior Governo, a Lusa era remetida para a tutela da Cultura. Neste Governo, não obteve qualquer resposta.

Segundo Rafaela Ribas, numa reunião em julho deste ano, dois adjuntos da secretária de Estado do Turismo disseram a representantes da AEAPP “ter conhecimento de um compromisso entre ministérios para que ficasse tudo saldado até final de outubro”. A associação reuniu-se com os dois adjuntos, depois de ter solicitado uma reunião com o ministro da Economia e com a secretária de Estado do Turismo.

Entretanto, a Lusa falou com alguns empresários, contemplados com apoios do Garantir Cultura, a quem falta receber parte do apoio, que pediram anonimato. Maria (nome fictício), que tem uma microempresa, recebeu no ano passado o pagamento da primeira tranche, tendo avançado então com o projeto, que terminou no final de dezembro. Cerca de um mês depois, entregou o relatório de execução. No prazo estipulado, 30 dias úteis, recebeu a segunda tranche.

“Recebi um pedido de esclarecimentos em fevereiro, ao qual respondi no mesmo dia. Depois, nunca mais ninguém me disse nada. Enviei pedidos de esclarecimentos e recebi, como muitos, uma resposta a dizer que está a ser tratado, até hoje”, contou, lamentando que “o que começou por ser uma ajuda acabou por ser um pesadelo”.

Também Artur (nome fictício) já recebeu as duas primeiras tranches do apoio ao projeto cujo relatório de execução entregou no dia 18 de fevereiro. Falta agora 15% do valor total, mas “em pequenas empresas sete ou oito mil euros é muito”. Antes de receber a segunda tranche, precisou de recorrer aos bancos, agora está “a evitar fazer o mesmo”, embora já tenha os empréstimos liquidados.

“Vou enviando emails e tentando telefonar, mas nada. É vergonhoso. Foi um presente envenenado, que acabou por asfixiar mais [as empresas]”, desabafou, acrescentando ter conhecimento de casos de empresas “que nem a segunda tranche receberam”.

Esse é o caso da microempresa de Amélia (nome fictício), que tem “a segunda e a terceira tranche por receber”. A primeira tranche foi paga em maio do ano passado, o projeto executado em outubro do mesmo ano e o relatório de execução entregue em dezembro. Entretanto, recebeu do COMPETE 2020 vários pedidos de documentos, que já enviou.

“Estão sempre a pedir as mesmas coisas. Recebi cinco pedidos de esclarecimento desde setembro [deste ano]. Mesmo com os documentos do lado deles, alegam que tenho que enviar mais coisas. Tive que avançar dinheiro, foi necessário recorrer a créditos”, contou. Apesar de sentir “muito desgaste com esta situação”, Amélia acredita que vai “chegar a bom porto”, visto que a empresária fez “tudo certinho e tem que resultar”.

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