Vanguard compra empresa de construção em madeira com fábrica em Esposende

  • Lusa
  • 27 Junho 2022

Promotora imobiliária anuncia "investimento estratégico" de 25 milhões de euros que inclui aquisição da portuguesa Black Oak Company, aumentando capacidade de fabrico e equipa para 100 trabalhadores.

A Vanguard Properties chegou a acordo com a Black Oak Company para entrar no capital da empresa de construção em madeira, assumindo assim o controlo da companhia, com um investimento superior a 25 milhões de euros, anunciou, em comunicado.

“A Vanguard Properties celebrou um acordo de entrada no capital da Black Oak Company, empresa de construção em madeira que detém uma unidade industrial em Esposende. No âmbito deste investimento estratégico superior a 25 milhões de euros, a Black Oak Company passa para o controlo da Vanguard Properties”, referiu o grupo.

Assim, “a promotora imobiliária pretende expandir a fábrica com vista à duplicação da área de implementação para 20 mil metros quadrados e aumentar a capacidade instalada para uma produção anual de 200 estruturas de casas de madeira (‘woodframe’) e mil em CLT (‘cross-laminated timber’) e customizáveis”, de acordo com a mesma nota.

Segundo a Vanguard, “ao longo dos próximos meses, a fábrica em Esposende será reforçada com o aumento da força de trabalho passando de 40 para 100 colaboradores”, sendo que irá “operar no mercado com a marca KŌZŌWOOD”, destacou, referindo que é uma “estratégia de rebranding alinhada com o posicionamento nos mercados internacionais”.

Claude Berda e José Cardoso Botelho, da Vanguard PropertiesFacebook/Vanguard Properties

Para a Vanguard este “é um investimento estratégico que alia a inovação à sustentabilidade, alterando o paradigma no imobiliário em geral e no método construtivo em particular, com casas que são Net Zero Carbon Buildings, isto é, com alta eficiência energética e uma pegada ambiental neutra ou negativa e 90% do processo de construção”.

A empresa acredita que desta forma “estará na vanguarda do setor e tem já previsto a produção de mil casas sustentáveis para os projetos Terras da Comporta e Muda Reserve, cujo início de produção está previsto para o início do quarto trimestre”.

De acordo com o grupo, “os sistemas woodframe e CLT partilham a vantagem de utilizarem um material natural, renovável e reciclável, que promove o reflorestamento, retém o dióxido de carbono e não requer a queima de combustíveis fósseis durante a sua produção”.

“O desenvolvimento de novas tecnologias na engenharia e na arquitetura já permitem que a construção a partir de estruturas em madeira seja hoje uma solução sustentável e competitiva face às estruturas de aço, betão ou alvenaria”, garantiu, indicando que “oferecem ainda maior resistência aos fogos e aos sismos, maior facilidade de transporte e montagem, melhor relação peso/resistência e maior economia dos custos”.

Casa de madeira fabricada pela Black Oak Company

Para a Vanguard, as casas de madeira comercializadas “terão ainda a vantagem de serem produzidas off-site, com cerca de 90% da estrutura em madeira a ocorrer em ambiente fabril e controlado”, uma estratégia que “permite fixar os colaboradores da unidade industrial na região de Esposende, evitando deslocações desnecessárias, promovendo o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, e também reduz a poluição atmosférica, visual e ambiental”.

A Vanguard conta neste momento no seu portefólio “com 22 projetos, urbanos e turísticos”, que se localizam em Lisboa, Oeiras, Algarve e Comporta e somam “uma área bruta de construção de cerca de mil milhões de metros quadrados acima do solo” e um investimento total de cerca de 1,2 mil milhões de euros.

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Assembleia de pilotos da TAP decide hoje sobre greve

O Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil realiza hoje uma assembleia de empresa para discutir a situação laboral na TAP e deliberar sobre o recurso a medidas de ação coletiva.

O Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) convocou uma assembleia para esta tarde onde será discutida a situação laboral na TAP e votada a possibilidade do recurso à greve. Nos últimos dias, quer o ministro das Infraestruturas quer a presidente executiva da companhia têm-se oposto veementemente a esse caminho.

A sessão extraordinária, marcada para as 14h30, tem como ponto único “a apreciação e discussão da situação laboral da TAP, medidas a tomar, incluindo deliberação sobre o recurso a medidas de ação coletiva“. Ou seja, o recurso à greve.

O SPAC quer que os pilotos se pronunciem sobre os próximos passos a dar depois da decisão unilateral da TAP de reduzir de 45% para 35% o corte salarial aplicado este ano aos pilotos, que fica aquém do que era por estes pretendido. A companhia aérea anunciou também que vai repor o subsídio de aterragem (uma ajuda de custo) e subir para 1.410 euros a parte do vencimento que não é sujeita a cortes.

A decisão da comissão executiva da transportadora aérea foi muito contestada pelo SPAC. “A administração da TAP quer os pilotos a voar horas extra, com corte salarial por pilotos a mais. E quando propõe esta incongruência e ela é rejeitada pelos trabalhadores, a administração sente-se no direito de aplicá-la unilateralmente. A isto, chamamos ‘terrorismo empresarial’. Disse ainda que a comissão executiva estava a “tentar empurrar os pilotos para uma greve“. A possibilidade de uma paralisação tem sido contestada pela companhia e pelo Governo.

A CEO da TAP, Christine Ourmiéres-Widener, afirmou na semana passada que uma greve teria “um impacto crítico” para o futuro da companhia aérea. “Se estamos nisto juntos, se compreendemos como o país decidiu salvar a empresa e injetar tanto dinheiro… isso é uma grande responsabilidade”, acrescentou. Na quinta-feira a comissão executiva rejeitou também a realização de um plenário de pilotos, entretanto cancelado por estes.

Uma opinião partilhada pelo ministro das Infraestruturas, que na sexta-feira esteve várias horas reunido com o SPAC. “Esperamos que não haja greves no verão”, porque “as paralisações são altamente disruptivas para a empresa e para o país”, afirmou Pedro Nuno Santos. “Creio que o país não compreenderá depois do esforço que fez para salvar a TAP, que ao segundo ano do plano de reestruturação entre numa situação de conflitualidade social”, acrescentou.

Luís Marques Mendes considerou, no seu espaço de comentário de domingo à noite, na SIC, que uma greve seria “uma imoralidade”, depois de os pilotos terem aceitado cortes salariais para viabilizar a companhia.

A assembleia empresa, que terá lugar num hotel em Lisboa, arranca à hora marcada, desde que se encontrem presentes mais de um quarto do número de associados, ou meia hora depois, com qualquer número de associados.

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Mulheres estrangeiras têm mais dificuldade em encontrar emprego do que homens

Dificuldades ao nível do domínio da língua do país de acolhimento é o obstáculo mais referido. Exigências de vistos de residência ou cidadania é o único obstáculo mais referido por homens.

Na hora de encontrar um emprego, as mulheres estrangeiras (20,3%) encontram maiores obstáculos quando comparados com 13,2% dos homens que nasceram em outro país da UE e que estão em busca de um novo desafio profissional fora do seu país de origem, revelam dados do Labour Force, relativos a 2021, revelados esta segunda-feira pelo Eurostat.

Dificuldades que se acentuam no caso de cidadãos oriundos de países com baixos índices de desenvolvimento humano (HDI). Mais de um terço (35,7%) das mulheres nacionais de um país fora da UE com um baixo ou médio HDI relatam obstáculos em encontrar um trabalho, valor que compara com 31,1% dos homens.

Já no caso de mulheres nacionais de um país fora da UE com um elevado ou muito elevado HDI, 27,3% reporta dificuldades, enquanto apenas 20,9% reporta o mesmo.

Dificuldades ao nível do domínio da língua do país de acolhimento é o obstáculo mais referido, em particular por pessoas nascidos em países com um baixo HDI, com 10,5% das mulheres a referir esse tema vs 9,7% dos homens.

Dificuldade em encontrar emprego devido a exigências de vistos de residência ou cidadania é o único obstáculo mais referido por homens do que por mulheres. No caso de nacionais de um país fora da UE com um baixo ou médio índice de desenvolvimento, o tema é referido por 3,3% dos homens vs 2,8% das mulheres, enquanto o mesmo é apenas referido por 2,1% dos homens e 2,8% das mulheres no caso de nacionais de um país fora da UE com um elevado ou muito elevado índice de desenvolvimento.

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“Juntei-me à equipa para ajudar” a CI&T a crescer em Portugal e na Europa do Sul, diz Miguel Frasquilho

  • Lusa
  • 27 Junho 2022

"Juntei-me à equipa com a missão de ajudar a empresa a crescer em Portugal, numa primeira fase, e depois na Europa do Sul", afirmou Miguel Frasquilho, diretor-geral da CI&T para o Sul da Europa.

O diretor-geral da CI&T para o Sul da Europa, Miguel Frasquilho, diz, em entrevista à Lusa, que se juntou à tecnológica para ajudá-la a crescer em Portugal, na primeira fase, e depois no sul europeu.

O antigo presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) e ex-chairman da TAP assumiu funções de diretor-geral (managing director) para o Sul da Europa da CI&T, consultora tecnológica especialista em transformação digital e cotada na bolsa de Nova Iorque, no início deste ano.

“Juntei-me à equipa com a missão de ajudar a empresa a crescer em Portugal, numa primeira fase, e depois na Europa do Sul”, afirma Miguel Frasquilho, salientando que o objetivo é fazer da Europa “mais um continente de sucesso para a CI&T como já são” as regiões da América do Sul, América do Norte e Ásia-Pacífico.

Este foi “o desafio que me foi lançado pelos fundadores da CI&T, achei um desafio muito interessante, muito aliciante e é neste desafio que estou muito concentrado e empenhado hoje em dia”, asseverou o gestor.

Miguel Frasquilho conta que quando aceitou o convite para presidir a AICEP, em 2014, pelo então primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, tal assentava já “numa opção muito clara” que tinha feito em se aproximar do mundo empresarial, da gestão, e deixar a política partidária, parlamentar mais ativa.

“Essa foi uma opção estrutural”, a que depois se seguiu o convite do atual primeiro-ministro, António Costa, para ser chairman (presidente do Conselho de Administração) da TAP, o que se enquadrava na sua opção.

“Entretanto, mesmo antes da pandemia se iniciar, em 2020, através de um dos acionistas de referência da CI&T que me conhecia (..) tive uma abordagem para me tornar não executivo na CI&T”, relata, acrescentando que foi à sede da tecnológica em Campinas, Brasil.

“Fui, conheci, gostei e tornei-me não executivo na CI&T uns meses depois. Houve uma aposta na Europa, um dos polos em Portugal”, sendo que há outro polo no Reino Unido, prossegue.

“Quando terminei o meu mandato na TAP em junho de 2021 começámos a conversar sobre a possibilidade de estreitarmos as relações profissionais, eu já conhecia obviamente a CI&T, já estava a trabalhar com eles numa ótica não executiva, conhecia também a área de transformação digital em que a CI&T opera e que é especialista” e “formalmente iniciei funções no início de 2022”, relata.

Frasquilho salienta que, sendo a presença da tecnológica recente em Portugal, “há uma falta de conhecimento do que é a CI&T” no país, o que não acontece no Brasil ou nos Estados Unidos.”Em termos de receita, os Estados Unidos são hoje tão importantes para a CI&T como o Brasil, tem um nome feito, mas não tem na Europa”, diz.

Além de Miguel Frasquilho, a CI&T conta ainda com Miguel Malaquias como country manager de Portugal.

Há aqui uma aposta clara em recursos humanos que são locais, que têm o conhecimento das particularidades das regiões onde queremos operar”, onde também se incluem vários recursos de outras origens e que “estão na unidade de crescimento a que nós pertencemos”, salienta.

Sobre o balanço até agora, Frasquilho salienta que a CI&T ainda tem falta de brand awareness [notoriedade da marca] no mercado português, mas “já tem clientes em Portugal”. O responsável não avançou o número de clientes, nem quem são. “Temos a perspetiva de ter mais clientes ainda e depois continuar a crescer nos próximos anos”, refere.

A tecnológica tem dois polos na Europa, um no Reino Unido e outro em Portugal. No mercado português este polo é um “‘delivery center'”, um dos quatro que a tecnológica CI&T detém (dois no Brasil e outro na China). “Isto também mostra que Portugal é um país atrativo para empresas estrangeiras que se pretendam fixar, posicionar” no país, salienta.

O primeiro trabalhador da CI&T foi contratado em setembro de 2020, em plena pandemia, pelo que a sua presença no mercado português tem menos de dois anos.

“Temos cerca de 50 pessoas já em Portugal, a maior parte está na região de Lisboa, mas temos pessoas no norte, no Algarve e no centro, isso permite que em várias regiões possamos ter recursos humanos”, sublinha Frasquilho. De acordo o gestor, o modelo híbrido de trabalho “veio claramente para ficar”.

Questionado se pretende reforçar a contratação das pessoas no mercado português, Miguel Frasquilho diz que sim. “Estamos sempre a crescer e vamos certamente continuar a crescer a bom ritmo porque Portugal foi eleito como delivery center”, mas “não lhe poderei dar um número”, afirma, asseverando: a tecnológica vai “manter o ritmo muito forte de contratação e estamos a falar de colaboradores que são qualificados”.

Sobre se admite dobrar o número de pessoas, o diretor-geral do CI&T para o Sul da Europa refere não ter “um horizonte temporal para isso”, reiterando o objetivo de contratação a “um ritmo forte”.

Também não adiantou o investimento feito pela CI&T, empresa com atividade há 27 anos, no mercado português.

Em termos globais, a CI&T registou até 2019 um crescimento da receita à volta de 30% em termos de média anual. “Em 2020 foi já superior a 40%, em 2021 foi superior a 50%, e no primeiro trimestre deste ano o crescimento da receita foi de 66%”, em termos homólogos.

A pandemia foi uma oportunidade para a tecnológica, mas “agora, que estamos num contexto muito instável, preocupante”, nomeadamente com a guerra na Ucrânia, a subida da inflação, a falta de alimentos, ninguém nesta altura é capaz de dizer com certeza o que irá acontecer”, salienta.

“Temos de estar preparados, temos vindo a estar muito atentos, mas também pensamos que aqui podem surgir oportunidades”, considera

Uma das áreas a que a CI&T dá importância é a da sustentabilidade, inclusão, diversidade (ESG). “Foi uma área que foi criada em 2009, já há 13 anos, e temos objetivos muito ambiciosos. Por exemplo, em 2019 a nossa realidade de diversidade e inclusão abrangia cerca 30% dos trabalhadores da CI&T. O que é que isto significa? Estamos a falar de mulheres, estamos a falar de pessoas com deficiências, negras, da comunidade LGBTQIA+, estamos a falar dos grupos sub-representados”, explica.

Esse número em 2020 “era 35%, em 2021 era 40% e temos o objetivo de atingir 55% em 2025. É uma área a que a CI&T dá praticamente a mesma atenção do que a atingir os resultados que foram anunciados. Provando o sucesso que a CI&T tem tido ao longo dos seus 27 anos, já somos uma empresa cotada em Nova Iorque, o IPO [entrada em bolsa] aconteceu em novembro do ano passado, com free float relativamente reduzido, cerca de 12% para já, mas avaliou a empresa em cerca de 2.000 milhões de dólares”.

Estas metas de 2025 são também para serem aplicadas a Portugal.

“A ideia é que todas as geografias onde a CI&T está, estamos em nove países a nível global, no fundo, repliquem as metas que a CI&T tem. Não lhe vou dizer que em Portugal já estamos neste números porque a operação é muito jovem, nem dois anos tem ainda, mas estamos comprometidos a atingir este objetivo, em 2025 estaremos certamente lá”, considera.

Sobre as áreas de negócios em que operam, o responsável diz que a empresa “é transversal”, onde se incluem os setores financeiro, segurador, saúde, alimentação e bebidas, a indústria transformadora, a educação, entre outros.

Questionado sobre o que espera ter conseguido dentro de um ano, Miguel Frasquilho diz: “Esperamos ter uma posição consolidada em Portugal, esperamos estar daqui a um ano a abordar outros mercados no sul da Europa e que obviamente no norte da Europa aconteça a mesma coisa porque a Europa é o segundo maior mercado digital do mundo”.

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Suspensão da cooperação na área do clima pode ter “efeito catastrófico”, alerta Kremlin

  • Lusa
  • 27 Junho 2022

Conselheiro do Kremlin garante que Moscovo está “muito interessado” na discussão sobre “os problemas do oceano global”

O líder da delegação russa na Conferência dos Oceanos em Lisboa alertou hoje que a suspensão da cooperação na área do clima ou proteção ambiental pode ter um “efeito catastrófico” para o planeta e a sua recuperação “exigir décadas”.

“A suspensão da cooperação na área do clima ou da proteção ambiental não afetará nada além de impedir o progresso nessas áreas. Isso pode ter um efeito catastrófico para o nosso planeta, sendo que a recuperação poderá exigir décadas”, frisou à agência Lusa Ruslan Edelgeriyev, conselheiro do Presidente russo Vladimir Putin que vai encabeçar a delegação russa na conferência das Nações Unidas sobre os oceanos.

No contexto atual de invasão russa da Ucrânia, o diplomata de 46 anos, antigo primeiro-ministro da Chechénia, aludiu à Guerra Fria para reforçar que, mesmo nessa época, os dois blocos (do Leste e do Ocidente) “cooperavam no domínio da proteção ambiental”.

“Se não estamos unidos mesmo nas coisas tão óbvias, como a prevenção das alterações climáticas globais, então como podemos falar das coisas mais complexas?”, questionou Edelgeriyev.

O conselheiro do Kremlin (presidência russa) para os Assuntos Climáticos, que estará na capital portuguesa para a Conferência dos Oceanos, que se realiza entre hoje e 1 de julho, defendeu ainda a “retirada da agenda ambiental e climática para lá da grande política”.

“Espero que os colegas dos outros países europeus estejam de acordo comigo e foquem a discussão sobre questões para as quais esta conferência foi convocada”, frisou Edelgeriyev, descartando também a necessidade de enviar “alguma mensagem especial” para os países a sul da Rússia.

“Em relação a estes países a nossa mensagem é sempre a mesma: estamos prontos para cooperar com todos que estiverem dispostos a cooperar connosco com base em respeito mútuo”, explicou, na resposta por escrito enviada à Lusa.

Já sobre os oceanos em particular, Ruslan Edelgeriyev salientou que enquanto decorre a luta contra as alterações climáticas não devem ser esquecidos outros problemas globais, como a poluição plástica dos oceanos, a acidificação ou a redução da biodiversidade destes.

“Por outro lado, não se deve esconder atrás da existência de outros problemas para adiar a luta contra as alterações climáticas. Do que precisamos é de um progresso equilibrado na solução de todos os problemas globais. Estamos prontos para contribuir para a implementação desta visão”, assegurou.

Ruslan Edelgeriyev frisou que a Rússia tem como objetivo a continuação da cooperação internacional em assuntos como as alterações climáticas e proteção ambiental.

Moscovo está também “muito interessado” na discussão sobre “os problemas do oceano global” bem como os caminhos para “melhorar a qualidade de vida das comunidades costeiras”, apontou.

“A interconexão entre a prosperidade económica, estado de ecossistemas marítimas e alterações climáticas merece uma atenção especial, já que a falta de ação nas próximas décadas pode provocar problemas graves no futuro”, alertou.

Segundo o enviado de Moscovo a Lisboa, na Rússia “discute-se muito ativamente a proibição de produtos plásticos descartáveis”, tema que foi abordado no âmbito do 25.º Fórum Económico Internacional de São Petersburgo, que decorreu entre 15 e 18 de junho.

Para a conferência na capital portuguesa, Ruslan Edelgeriyev pretende “conhecer as melhores práticas e daqui em diante combater este problema juntamente com os outros países”.

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Portugal é dos países europeus onde PME têm maior peso

As micro e pequenas empresas representavam 98,9% do tecido empresarial da UE em 2019, enquanto as médias empresas apenas representavam 0,9% e as grandes empresas 0,2%.

Em 2019, as micro e pequenas empresas representavam a quase totalidade do tecido empresarial na União Europeia (UE), sendo que as médias empresas apenas representavam 0,9% e as grandes empresas 0,2%. Em termos de valor acrescentado, excluindo o setor financeiro, também as micro e pequenas se destacam, com uma quota de 35,3% no bloco comunitário. Portugal está no top 5 onde esta tendência é mais acentuada.

Os dados são relativos a 2019, excluem o setor financeiro e foram divulgados esta segunda-feira pelo Eurostat. As micro e pequenas empresas (empresas com 0-49 trabalhadores) representavam 98,9% do tecido empresarial da UE em 2019, enquanto as médias empresas (empresas com 50 a 249 trabalhadores) apenas representavam 0,9% e as grandes empresas (empresas com 250 ou mais trabalhadores) representavam 0,2% da fatia total.

Nesse contexto, em 2019, as micro e pequenas empresas empregavam quase metade (48,4%) da força de trabalho das empresas não financeiras do bloco europeu, enquanto as médias empresas empregavam pouco mais de um sexto (16%) e as grandes empresas as restantes 35,6%.

Quanto ao valor acrescentado que estas empresas geram para as economias a tendência é semelhante. Em 2019, as micro e pequenas empresas representavam 35,3% do montante total gerado na UE, enquanto nas médias empresas essa percentagem encolhia para 17,1%.

Malta é o Estado-membro onde as micro e pequenas empresas (excluindo o setor financeiro) geram um maior valor acrescentado (55,8% do total) para a economia nacional, seguido pelo Chipre (52,9%), Estónia (52,6%), Itália e Portugal. Em contrapartida, Irlanda, Alemanha, França, Suécia e Polónia são os países onde essa tendência é menor.

Valor acrescentado das micro, pequenas e médias empresas da UE (excluindo o setor financeiro) em 2019Fonte: Eurostat

Quanto às médias empresas, a Estónia é o país onde as empresas com 50 a 249 trabalhadores (excluindo as empresas do setor financeiro) geram um maior valor acrescentado (26% do total), seguido pela Letónia e Lituânia (ambos com 25,1%), Chipre e Bulgária. Quanto a Portugal, é o nono país da UE onde esta tendência é mais acentuada. No polo oposto, está Irlanda, França, Espanha, Bélgica e Alemanha.

 

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Fundo da Faber para economia azul investe na alemã Fuelsave

A sociedade de capital de risco já tem mais investimentos em fase de conclusão que irão ser realizados durante as próximas semanas, diz. Fundo fechou o first closure acima do inicialmente previsto.

Fundo da Faber focado em deep tech para economia azul e ação climática superou o montante inicial previsto de 30 milhões de euros e fechou (first close) nos 32 milhões de euros. O Faber Blue Pioneers I já realizou o seu primeiro investimento, a cleantech alemã Fuelsave. “A Faber tem já mais investimentos no pipeline em fase de conclusão que irão ser realizados durante as próximas semanas.”

“É com um enorme orgulho que anunciamos o first close do Faber Blue Pioneers I acima do objetivo inicial com um conjunto notável de investidores, que se juntam à nossa forte convicção de que a ciência e os empreendedores podem acelerar a inovação e ter impacto positivo na sustentabilidade dos oceanos e na ação climática. É, igualmente, com uma enorme satisfação que damos as boas-vindas à Fuelsave ao portefólio do fundo, por acreditarmos que a sua equipa irá abrir o caminho para a descarbonização da indústria marítima”, afirma Alexandre Barbosa, managing partner da Faber, citado em comunicado.

Anunciado no final do ano passado, o Faber Blue Pioneers I tem como investidores entidades como o Fundo Europeu de Investimento (FEI), o Portugal Blue, a Sociedade Francisco Manuel dos Santos (através do seu braço de investimento Movendo Capital), a Builders Initiative (o braço filantrópico da Builders Vision, uma plataforma de impacto fundada por Lukas Walton com uma estratégia de investimento nos oceanos), a Fundação Calouste Gulbenkian e a Fundação Champalimaud, bem como empreendedores como Peter Rive (cofundador da SolarCity, CEO Aqualink e presidente da Sofar Ocean Technologies) e Pedro Bizarro (cofundador e Chief Science Officer da Feedzai).

O primeiro fundo de venture capital do Sul da Europa especializado em deep tech para a sustentabilidade dos oceanos e ação climática já superou o montante inicial previsto de 30 milhões tem fecho final previsto até ao final de 2022.

“Não obstante termos ultrapassado o objetivo inicial, até final do ano continuaremos o processo de reforço de capital e abertos a acolher investidores que estejam alinhados com a nossa tese de investimento, a par dos atuais”, diz fonte oficial da Faber quando questionado sobre eventuais novos objetivos para o fecho final do fundo.

Rita Sousa e Carlos Esteban (Partners) e por Bruno Ferreira (Venture Partner) lideram o fundo, em colaboração com uma rede de especialistas, como o conselheiro estratégico Tiago Pitta e Cunha (CEO da Fundação Oceano Azul) e os conselheiros científicos Susana Moreira e Joana Moreira da Silva (Investigadores de Ciência e Inovação do Ciimar), entre outros cientistas e especialistas do setor, informa a Faber em comunicado.

O fundo tem a ambição de investir num portefólio de 20 a 25 empresas em fase inicial, que desenvolvam soluções inovadoras de alta tecnologia com ambição global, em áreas como a biotecnologia azul, inovação alimentar, tecnologias para a limpeza dos oceanos ou a descarbonização de múltiplas indústrias, com um claro contributo para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 13 e 14 da ONU”, destaca a sociedade de capital de risco.

Até à data do primeiro fecho, a equipa de investimento (baseada entre Lisboa e Barcelona) já analisou mais de 600 startups, de toda a Europa, “com especial destaque para aquelas que estão a arrancar na Península Ibérica ou noutras geografias e que procuram o parceiro certo para estender as suas operações a Portugal”.

O primeiro investimento do fundo foi na Fuelsave, cleantech alemã focada na descarbonização da indústria marítima, tendo desenvolvido uma tecnologia que permite uma combustão mais eficiente de motores usados por navios.

“O valor investido foi de 1.25 milhões de euros no âmbito da ronda seed da empresa”, informa fonte oficial da Faber à Pessoas.

O fundo tem mais investimentos em fase de conclusão que irão ser realizados durante as “próximas semanas”.

(notícia atualizada às 15h38 com informação sobre o valor investido na cleartech e os objetivos para o fecho final do fundo)

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Turismo contribuiu para um terço da recuperação do PIB em 2021

Atividade turística gerou um contributo direto e indireto de 16,8 mil milhões de euros para o PIB português no ano passado. Segundo o INE, teve um peso de 8%, abaixo do nível pré-pandemia.

Depois de o colapso da atividade turística no primeiro ano da pandemia ter explicado três quartos da queda histórica de 7,6% do PIB em 2020, o turismo contribuiu “em pouco mais de um terço para a recuperação em 2021”, ano em que a riqueza criada no país cresceu quase 5%.

Estes dados fazem parte da estimativa preliminar da Conta Satélite do Turismo para 2021, em que o INE estima que a atividade turística tenha gerado um contributo direto e indireto de 16,8 mil milhões de euros para o PIB em 2021, o que corresponde a 8%. Compara com o peso de 6,6% que tinha tido em 2020 e de 11,8% em 2019.

Dos produtos que mais contribuem para o PIB turístico, como o alojamento, a restauração, os transportes (incluindo os aéreos) e os serviços de aluguer, depois das quebras profundas por causa das restrições sanitárias, alcançaram “crescimentos intensos” (entre 14,4% e 59,1%) em termos homólogos. A exceção foram os serviços de aluguer, que continuaram em terreno negativo.

Os números divulgados esta segunda-feira revelam um aumento nominal de 27,3% do Valor Acrescentado Bruto (VAB) gerado pelo turismo no ano passado, em termos homólogos, que representou 5,8% do VAB nacional (4,8% em 2020), situando-se ainda 2,3 pontos percentuais abaixo do nível pré-pandemia (8,1% do VAB da economia em 2019).

Apesar da recuperação verificada em 2021 face ao primeiro ano da pandemia de Covid, tanto os valores do VAB gerado pelo turismo – totalizou 10.671 milhões de euros – como os do Consumo de Turismo no Território Económico (CTTE) – 21.334 milhões de euros, equivalente a 10,1% do PIB – situaram-se abaixo dos níveis de 2019 e são até inferiores aos de 2016, o primeiro ano da base da Conta Satélite do Turismo.

No ano passado, quer as importações, quer as exportações de turismo registaram um aumento próximo de 30%, ainda numa comparação com o exercício anterior. No entanto, ressalva o destaque do INE, os valores foram ainda inferiores aos registados em 2019: -31% no caso das importações e -45,6% no caso das exportações.

Como eram os salários antes da pandemia?

No que toca ao emprego, o último ano para o qual estão disponíveis dados detalhados consistentes com os resultados finais das contas nacionais é 2019. E nessa altura, antes da pandemia, cerca de 85% do emprego nas atividades características do turismo estava concentrado nos restaurantes e similares (49,5%), nos hotéis e similares (22,5%) e no transporte de passageiros (12,7%).

A remuneração média por trabalhador nas atividades características do turismo era inferior em 3,9% à média nacional, ainda que com “diferenças relevantes” consoante a atividade. Em comparação com o total nacional, a remuneração média por trabalhador foi mais elevada nos transportes de passageiros (147,5%) e inferior à remuneração média nacional na área da restauração (77,2%) e da hotelaria (91,4%).

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Avaliação das casas pelos bancos bate novo recorde em maio

Bancos atribuíram valor mediano de 1.380 euros por metro quadrado em maio, o maior valor de sempre. Montante sobe há nove meses consecutivos.

A avaliação das casas pelos bancos voltou a bater um novo recorde. Em maio, o valor mediano de avaliação bancária foi de 1.380 euros por metro quadrado, mais 24 euros por metro quadrado do que no mês de abril, segundo os dados divulgados esta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estatística.

A avaliação bancária subiu pelo novo mês consecutivo e parece, para já, imune ao início do fim da política expansionista do Banco Central Europeu: em julho, a taxa de juro diretora vai subir 25 pontos base e termina o programa de compra de ativos.

Por tipo de habitação, a avaliação bancária das moradias subiu mais do que para a compra de apartamentos: nos apartamentos, o aumento do valor mediano foi de 1,5% face ao mês passado, para 1.529 euros; nas moradias, o crescimento foi de 1,9%, para 1.104 euros.

Por tipologias, o metro quadrado mais valioso foi para apartamentos com duas divisões (1.550 euros por metro quadrado); as moradias com maior valor de avaliação foram as que tinham quatro divisões (1.158 euros por metro quadrado).

Algarve, Área Metropolitana de Lisboa e Alentejo Litoral foram as regiões em que a avaliação bancária mais superou o valor mediano: no Algarve, a avaliação ficou 33,3% do montante mediano; na região de Lisboa, a diferença foi de 32,5%; no Alentejo Litoral, o desvio foi de 5,3%.

Em sentido contrário, a avaliação bancária na região das Beiras e Serra da Estrela foi de metade em relação à mediana do país.

O valor médio da avaliação bancária tem como base inquéritos aos bancos no âmbito da concessão de crédito à habitação às famílias.

Maio foi o mês com mais avaliações das casas desde o início do ano, no total de 33.130, mais 8% face a igual mês de 2021 e mais 2,4% face a abril de 2022.

(Notícia atualizada pela última vez às 11h31 com mais informação)

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Será o ESG o bicho papão dos seguros ou a nova realidade?

  • BRANDS' ECOSEGUROS
  • 27 Junho 2022

José Rodrigues, diretor geral da Universalis, explica o contexto e impacto das práticas de ESG no mercado segurador, nomeadamente o papel do corretor de seguros.

ESG é a sigla inglesa para Environmental, Social and Governance, que se traduz de forma simplista na língua de Camões, em Ambiental, Social e Gestão Corporativa, ou seja, são um conjunto de indicadores que versam medir as ações que promovam uma atitude empresarial mais sustentável para o ambiente, com responsabilidade social e com melhores práticas dentro da organização.

Passamos do conceito que em 1970 Milton Fridman nos deixou, em que afirmava que a única responsabilidade social de um negócio é aumentar os seus lucros, para um conceito de negócio com significado (purpose), que ajude a promover sociedades mais saudáveis e equitativas, atraindo força de trabalho diversificada, com ativos e investimentos que não coloquem em causa o futuro do nosso Planeta.

O que é que o palavrão ESG tem a ver com seguros? Tudo.

Um dos primeiros alertas no mercado segurador surgiu em dezembro de 2020, quando o Lloyd´s (sexto maior ressegurador mundial) publicou o primeiro relatório ESG, anunciando pela primeira vez que iria definir metas para uma subscrição sustentável, indicando que a partir de janeiro de 2022, deixaria de aceitar novos riscos de algumas atividades relacionadas com carvão e combustíveis fosseis e que iria sair gradualmente desses negócios existentes até 2030.

"As seguradoras não vão subscrever riscos em negócios que possam contribuir para abusos dos direitos humanos, que afetem negativamente a qualidade da água e o seu acesso, que se instalem em países com registo de desprezo pelos direitos humanos, que menosprezem ecossistemas com alta diversidade ou que possam causar danos em habitats críticos, entre outros.”

José Rodrigues

Diretor geral da Universalis

Ora, significa isto que os relatórios ESG começam a ter um peso similar aos relatórios financeiros e as empresas precisam de os exibir, provando que estão a adotar iniciativas ESG transparentes e eficazes ou correm o risco de perderem acesso a cobertura de risco, financiamento e até clientes.

José Rodrigues, diretor geral da Universalis.

O mercado segurador está a caminhar para uma subscrição sustentável, com uma carteira de clientes e negócios que apoiem esta mesma ambição.

Assim sendo, o acesso a seguros e financiamento passará pela triagem das práticas ESG da empresa, desde a forma como o negócio é gerido, até à tipologia de investimentos que faz e dos ativos que possui. Os critérios sociais servirão para mitigar ou agravar o seu risco, levando em consideração a inclusão no ambiente de trabalho e bem-estar. Disputas, protestos no local de trabalho e na comunidade onde o seu negócio está inserido podem afetar negativamente o rating da organização.

As seguradoras não vão subscrever riscos em negócios que possam contribuir para abusos dos direitos humanos, que afetem negativamente a qualidade da água e o seu acesso, que se instalem em países com registo de desprezo pelos direitos humanos, que menosprezem ecossistemas com alta diversidade ou que possam causar danos em habitats críticos, entre outros.

Irá existir mais apetite e melhor preço para riscos que respeitem práticas ESG.

Também ao nível do risco de negócio as seguradoras de crédito, começam a correlacionar o risco de não-pagamento com eventos climáticos severos (que causam interrupções na cadeia de fornecimento) ou entre insolvências e distúrbios sociais (saques e perdas de lucros). Com a incorporação das práticas de ESG no acesso a financiamento, passam a existir novos riscos, que podem advir dos seus clientes já não se conseguirem financiar convenientemente e por essa via aumentar o risco de incumprimento.

Podemos, então, questionar-nos como pode o mercado comparar a performance de dois operadores com igual lucro, mas em que um adota iniciativas transparentes de ESG e outro não?

Nesta fase onde nos encontramos, existem já indicadores definidos e apresentados por várias organizações como é o caso da GRI, SASB, bem como o Fórum Económico Mundial, que no seu relatório, define já um conjunto de métricas ESG. No entanto, as aplicações dos critérios ainda não são totalmente uniformes, pelo que o nível de exigência dependerá do seu cliente, fornecedor, seguradora ou banco.

Tudo isto será uniformizado com a Contabilidade de Impacto, cujo objetivo será refletir nas contas financeiras o seu impacto positivo ou negativo ao nível social, ambiental e de governo da sociedade. Nesse momento não haverá dúvidas que a sustentabilidade deixará de ser um chavão para ser a estratégia e a única forma das empresas aumentarem os seus lucros é serem socialmente responsáveis.

"Num tema tão necessário e complexo como o da sustentabilidade, o papel do corretor assume uma importância ainda mais relevante, já que também cabe a si o papel da consciencialização e formação dos seus clientes, para que se cumpra uma vez mais o objetivo maior do seguro, o de precaver e proteger de eventuais riscos.”

José Rodrigues

Diretor geral da Universalis

O que é que a corretagem de seguros tem a ver com estes temas?

O papel do corretor de seguros passa a ser mais abrangente e passará também por ajudar os seus clientes a responderem aos desafios impostos pelas mudanças climáticas, sociais e de Governance. Caso contrário, não conseguirá colocar riscos complexos no mercado segurador, os seus clientes terão menores capacidades de apresentar cauções ou de demonstrarem robustos plafonds de crédito para continuarem a comprar aos seus fornecedores.

Num tema tão necessário e complexo como o da sustentabilidade, o papel do corretor assume uma importância ainda mais relevante, já que também cabe a si o papel da consciencialização e formação dos seus clientes, para que se cumpra uma vez mais o objetivo maior do seguro, o de precaver e proteger de eventuais riscos.

Mais do que apenas falar sobre o que tem de ser feito, é também chegada a hora de promover ferramentas de informação que permitam de facto implementar a mudança de consciência e de ações em concreto.

O nosso papel continua a ser o de transferir e mitigar risco dos nossos clientes, mas a forma de colocação de risco no mercado segurador está a mudar, pelo que, para continuarmos a desempenhar o nosso papel, o apoio na mudança aos clientes empresariais é fundamental, antes que sejam os reguladores a imporem novas regras ou que a contabilidade de impacto seja uma realidade e aí pode ser tarde de mais.

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Situação de seca severa e extrema em Portugal piorou em junho

Ministério da Agricultura alerta que todo o território continental se encontra em situação de seca extrema ou severa, situação que irá afetar a atividade agrícola nos próximos meses.

A situação de seca severa e extrema em Portugal continental agravou-se durante o mês de junho.

Num despacho publicado, esta segunda-feira, em Diário da República, o Ministério da Agricultura informa que com base nos “dados registados no âmbito da monitorização agrometeorológica e hidrológica relativos ao presente ano hidrológico, a situação de seca em Portugal continental, após uma ligeira melhoria nos meses de março e abril, voltou a apresentar um agravamento significativo nos meses de maio e junho de 2022 com consequentes impactos negativos na atividade agrícola”.

A avaliação, feita com base no índice PDSI – Palmer Drought Severity Index revela que em maio agravou-se a intensidade de seca quando comparado com meses anteriores, com cerca de 97,1 % do território na classe de seca severa e 1,4 % na classe de seca extrema, situação que sofreu um agravamento na primeira quinzena de junho “com a totalidade do território continental em situação de seca severa ou extrema”.

A causa deste agravamento, explica o despacho, prende-se com o “défice de precipitação acumulada acentuado”, 408 milímetros inferior à normal em 15 de junho, e ainda “o valor médio da temperatura média do ar muito superior ao valor ao normal”, dados que coincidem com a informação recolhida pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) e partilhada com o ECO/Capital Verde.

“Desde o final do ano de 2021 tem-se verificado uma descida no volume armazenado em grande parte das bacias hidrográficas, sendo de realçar que todo este ano hidrológico se caracteriza por registar armazenamentos totais inferiores à média, devido à ocorrência de reduzidas afluências às albufeiras, resultantes de precipitações pouco significativas ou nulas durante o ano hidrológico e ao volume consumido para os diversos consumos”, lê-se ainda no despacho.

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Fórum Penal critica presidente do STJ e defende “mini processos” para evitar atrasos na Justiça

Em causa as declarações de Henrique Araújo de que os atrasos na justiça penal, em particular, na criminalidade económico-financeira, resultariam de um alegado excesso de garantias dos arguidos.

A associação de advogados penalistas Fórum Penal critica o presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Henrique Araújo, em matéria de atrasos na justiça.

Em causa as declarações de Henrique Araújo — na semana passada, num encontro com jornalistas — no sentido de que os atrasos na justiça penal, em particular, no domínio da criminalidade económico-financeira, resultariam de um alegado excesso de garantias de defesa dos arguidos.

“Tais declarações falham o alvo e desconsideram as verdadeiras razões que determinam, em certos casos, a morosidade da justiça penal em matéria de criminalidade económico- financeira”, diz o comunicado da associação que reúne advogados como Vânia Costa Ramos, Paulo Sá e Cunha, Paulo Saragoça da Matta, Carlos de Almeida Lemos, Dirce Rente, João Matos Viana, Cláudia Amorim, Rui Patrício, João Medeiros, Inês Almeida Costa, António José Barreiros, Manuel Magalhães e Silva, Francisco Marques Vieira, Germano Marques da Silva, Teresa Serra, Rogério Alves, Raul Soares da Veiga, Carlos Melo Alves, Nuno Cerejeira Namora, Rita Castanheira Neves e Tiago Lopes de Azevedo.

Fundado em 2012, o Fórum Penal foi criado com o objetivo de promover a discussão de questões da advocacia forense e de problemas práticos que se colocam no dia-a-dia da justiça penal, com incidência direta na defesa dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos.

O grupo de advogados considera que as razões paras tais atrasos radicam, essencialmente, na “continuada instauração de processos de dimensões desmesuradas (os chamados “mega-processos”), os quais, devido à sua ingerível complexidade, implicam um prolongamento desrazoável dos tempos de encerramento do inquérito”. Admitem eventuais aperfeiçoamentos do processo penal mas recusam aceitar que “as entropias do processo penal radicam no exercício dos direitos de defesa dos arguidos” e sublinham que essa ideia “constitui uma forma de desinformação da opinião pública e, principalmente, constitui um exercício que, a final, pode levar a que as verdadeiras causas de tais entropias permaneçam inalteradas”

O grupo de advogados considera então importante “uma reflexão conjunta que, no âmbito da justiça penal, permita a implementação da boa prática processual de organizar e instruir processos com um foco claro e circunscrito, de dimensões limitadas, e que permita
chegar a conclusões em tempo útil. Este é o desafio que se deixa a todos os atores da justiça penal”, concluem os advogados.

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