Patrões vão poder verificar no portal SNS24 se baixas de curta duração são verdadeiras

  • ECO
  • 28 Abril 2023

As baixas de curta duração no portal do SNS24 arrancam a 1 de maio e pretendem facilitar a vida aos cidadãos e evitar milhares de consultas médicas.

A partir de segunda-feira, 1 de maio, dia em que entra em vigor a maioria das alterações à lei laboral no âmbito da Agenda do Trabalho Digno, os trabalhadores passam a poder pedir uma baixa por doença de curta duração, até três dias, no portal do SNS24. Deixa de ser necessária a deslocação a um médico, bastando uma autodeclaração sob compromisso de honra para justificar a ausência. Os patrões, por seu turno, vão poder confirmar a veracidade da mesma.

Além do limite de se poder pedir esta baixa através do SNS24 apenas duas vezes por ano, a entidade patronal vai poder verificar a veracidade da autodeclaração de doença do trabalhador no SNS24, explicaram os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) ao Público. Caberá ao trabalhador comunicar à entidade patronal a ausência por doença, facultando-lhe o código de acesso que recebeu através de SMS ou e-mail na sequência da emissão da autodeclaração. Se a entidade patronal quiser “confirmar a veracidade da autodeclaração”, poderá aceder ao portal do SNS24 “e confirmar se é válida”, preenchendo os respetivos dados.

A medida, que pretende facilitar a vida dos cidadãos e evitar milhares de consultas médicas, permitirá aliviar também a carga de trabalho burocrático dos médicos. Estima-se que, por ano, sejam agendadas cerca de 600 mil consultas para emissão da incapacidade temporária para o trabalho no período até três dias.

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Venda de seguradora leva banco polaco do BCP a lucro de 54 milhões no arranque de 2023

Ainda a lidar com os problemas relacionados com os empréstimos em francos suíços, o Bank Millennium registou lucros pelo segundo trimestre seguido, beneficiando da venda de seguradora.

Apesar de ainda estar contabilizar encargos pesados com contingências legais relacionadas com os empréstimos em francos suíços, o banco polaco do BCP voltou a ter lucros no arranque do ano, com um resultado de 54 milhões de euros, graças, sobretudo, à venda de uma participação numa seguradora.

Foi mesmo o segundo trimestre seguido de resultados líquidos positivos para o Bank Millennium, que teve de colocar de lado cerca de 270 milhões de euros para os riscos com o chamado caso “Francowicze”. Ao todo, já constituiu provisões de mais de mil milhões.

O BCP, que detém 50,1% da subsidiária polaca, adianta que o lucro na Polónia teria sido de 232 milhões de euros se não tivesse o impacto dos encargos com este tema.

Por outro lado, o banco também nota que teve uma receita extraordinária de 127 milhões de euros com a venda de 80% da participação na seguradora, o que ajudou a suportar os resultados trimestrais.

Em termos operacionais, o BCP destaca o aumento de 31% da margem financeira do Millennium Bank, “refletindo o aumento das taxas de juros ocorrido desde outubro de 2021”. As comissões líquidas diminuíram 9%.

O BCP apresenta as suas contas no dia 15 de maio.

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Amazon vê receita subir 9% e regressa aos lucros no primeiro trimestre

  • Lusa
  • 28 Abril 2023

A receita trimestral do gigante do comércio eletrónico Amazon aumentou 9% em termos homólogos para 127,4 mil milhões de dólares. Registou lucros no trimestre.

A receita trimestral do gigante do comércio eletrónico Amazon aumentou 9% em termos homólogos para 127,4 mil milhões de dólares, revelou a empresa em comunicado. A tecnológica obteve lucros de 3,2 mil milhões de dólares, contra um prejuízo de 3,8 mil milhões de dólares nos primeiros três meses do ano passado.

“Gosto de como as nossas equipas estão a trabalhar para os clientes, principalmente no meio de uma economia incerta”, afirmou o diretor executivo da Amazon, Andy Jassy, referindo-se aos temores de que a recessão não tenha ainda acabado.

“O nosso negócio de publicidade continua a apresentar um forte crescimento, em grande parte devido aos nossos investimentos contínuos (…) o que, por sua vez, oferece resultados excecionalmente fortes para as marcas”, enfatizou o diretor executivo.

A previsão da empresa para o segundo trimestre indica que as vendas aumentem entre 5% e 10% em relação ao mesmo período do ano passado.

Após o anúncio dos lucros esta quinta-feira dos lucros, as ações da Amazon subiram 7,38% nas negociações após o fecho dos mercados. Ao longo do ano, as ações do grupo subiram 31%, depois de perderem cerca de metade do seu valor em 2022.

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Hoje nas notícias: Famílias da bolsa, Costa e Prio

  • ECO
  • 28 Abril 2023

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

As manchetes desta sexta-feira são marcadas pelos 620 milhões de euros que as cinco maiores famílias da bolsa de Lisboa vão encaixar com os dividendos provenientes das participações que detêm nas cotadas do PSI; e também pelo projeto liderado pela Prio para instalar uma unidade de produção de combustíveis verdes em Setúbal. Na política, Costa já avisou Marcelo: em caso de dissolução, voltará a apresentar-se como candidato pelo Partido Socialista.

Famílias da bolsa encaixam 620 milhões em dividendos

Os acionistas das maiores empresas da bolsa de Lisboa preparam-se para encaixar, nas próximas semanas, os dividendos relativos aos lucros do ano passado. Só as famílias Soares dos Santos, Azevedo, Amorim, Queiroz Pereira e Mota vão encaixar 620 milhões de euros em remuneração acionista, vinda das participações que detêm nas cotadas do PSI. Apesar de a Jerónimo Martins ter decidido diminuir o dividendo para 0,55 euros por ação (menos 30% do que tinha pago no ano anterior), a família que detém a dona dos supermercados Pingo Doce é a que vai receber a maior parcela.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago).

Em caso de dissolução, Costa voltará a candidatar-se

O aviso está feito: se o Marcelo Rebelo Sousa decidir convocar eleições antes do prazo constitucionalmente previsto (setembro de 2026), António Costa voltará a apresentar-se como candidato pelo PS, terá dito o primeiro-ministro ao Presidente da República, segundo o Expresso. “Não me pronuncio sobre questões internas dos partidos políticos”, afirmou o chefe de Estado, apostado em desvalorizar uma questão que remete para o foro meramente partidário, tentando esbater a ideia de que o primeiro-ministro o está a condicionar. Apesar dos sucessivos problemas e do crescente desgaste do PS e do Governo, as sondagens revelam que António Costa é a figura mais consensual dentro do partido para voltar a ir a votos.

Leia a notícia completa no Expresso (acesso pago).

Medina escondeu durante cinco meses parecer crítico do PRR

O ministro das Finanças, Fernando Medina, escondeu durante cinco meses um parecer da Comissão de Auditoria e Controlo (CAC) sobre o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). No documento, que é de setembro do ano passado, constam várias falhas ao sistema de controlo interno destes fundos, com riscos de conflitos de interesses e de duplo financiamento, segundo o Jornal de Notícias. O Ministério das Finanças rejeitou divulgar o parecer mesmo após a recomendação da Comissão de Acesso a Documentos Administrativos (CADA). Só depois de uma sentença do tribunal é que o mesmo foi revelado.

Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (acesso pago).

Prio lidera projeto de 600 milhões de euros em Setúbal

A Prio lidera um projeto para instalar uma unidade de produção de combustíveis verdes em Setúbal, iniciativa em que também participam mais dois investidores, um nacional e outro internacional. A informação foi revelada ao Jornal Económico pelo CEO da Prio, Emanuel Proença: “Estamos a falar de perto de 600 milhões de euros” de investimento, apontou. A meta é que a unidade comece a operar em 2026.

Leia a notícia completa no Jornal Económico (acesso pago).

Patrões podem verificar veracidade das baixas de curta duração no portal do SNS24

É uma das medidas que entra em vigor já a partir da próxima segunda-feira, com as alterações à Lei laboral, no âmbito da Agenda do Trabalho Digno. Os trabalhadores deixam de ter de se deslocar até ao médico para pedir uma baixa por doença de curta duração (até três dias), bastando uma autodeclaração sob compromisso de hora para justificar a sua ausência, que pode ser pedida no portal do SNS24. Segundo os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), além do limite de duas vezes por ano para pedir baixa via SNS24, a entidade patronal vai ser capaz de verificar “a veracidade” da autodeclaração de doença do trabalhador.

Leia a notícia completa no Público (acesso pago).

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O dia em direto nos mercados e na economia – 28 de abril

  • ECO
  • 28 Abril 2023

Ao longo desta sexta-feira, 28 de abril, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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Lucro do Novobanco sobe 4% para 148,4 milhões no primeiro trimestre

Banco sofreu uma queda de 3% nos depósitos até março, com fuga para os Certificados de Aforro, mas diz que saída de fundos estancou em abril. Margem financeira disparou à boleia da política do BCE.

O Novobanco registou lucros de 148,8 milhões de euros no primeiro trimestre do ano, o que representa uma subida de 4% em comparação com o mesmo período de 2022, com as receitas com juros a dispararem 85% à boleia do aperto do Banco Central Europeu (BCE).

A margem financeira do banco — que corresponde, em grande medida, à diferença entre os juros que ganha nos empréstimos e os juros que paga nos depósitos — atingiu os 246,3 milhões de euros nos três primeiros meses de ano, aumentando 84,5% em termos homólogos, “impulsionada por uma carteira de crédito maioritariamente indexada à taxa de juro variável e pelo ambiente favorável da evolução das taxas de juro”.

De acordo com o banco, em 2022 remunerou os depósitos à taxa média de 0,39%, enquanto cobrou uma taxa média de 3,83% no crédito a clientes. Este desfasamento entre taxas tem sido uma tendência transversal aos outros bancos e uma prática muito criticada no Parlamento, com o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, a exigir ao setor, numa audição, que acelere o aumento dos juros das poupanças, por exemplo.

Quanto às comissões, praticamente estabilizaram nos 68,9 milhões de euros no mesmo período. Somando esta rubrica à margem financeira, o Novobanco obteve um aumento de 55,8% no produto bancário comercial para 315,3 milhões de euros.

Crédito estagna, depósitos quebram à mercê dos Certificados

Tal como anunciou o Totta na véspera, também o Novobanco teve uma quebra nos depósitos, com as famílias a correrem para os Certificados de Aforro. O banco registou uma queda de 3,1% nos depósitos entre janeiro e abril face a dezembro do ano passado, com o stock a baixar para 27,5 mil milhões de euros. Entretanto, já com dados relativos a abril, a fuga parece ter estancado.

Em relação ao crédito a clientes, teve um crescimento ligeiro de 0,2% para 25,7 mil milhões de euros, praticamente estagnando tanto no segmento da habitação (0,1%) como nas empresas (0,1%).

Neste período, aponta o banco liderado por Mark Bourke, “as entradas de crédito não produtivo mantiveram-se em níveis reduzidos, o que juntamente com a atividade de recuperação, contribuiu para o decréscimo do montante de crédito não produtivo”. O rácio NPL (non performing loans) situou-se nos 4,4%.

Nos rácios de solvência, o Novobanco dá conta de um aumento de 100 pontos base nos rácios CET 1 e de solvabilidade total fully loaded para 14,1% e 16,5%. Conforme sublinha, os indicadores não têm em conta os montantes não pagos — e que considera serem devidos pelo Fundo de Resolução — no âmbito do acordo de capital contingente. Estão em curso diligências no tribunal arbitral relativamente às divergências entre as duas partes.

O Novobanco é detido em 75% pelos americanos da Lone Star, que têm como objetivo vender a sua participação para recuperar os 1.000 milhões de euros investidos em 2017. Os outros 25% estão divididos pelo Fundo de Resolução e Estado, através da Direção-Geral do Tesouro e Finanças.

(Notícia atualizada pela última vez às 7h47)

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Parlamento vota esta sexta-feira integração ou opção do regime de previdência dos advogados

Recomendação do PS de criar uma comissão que avalie a eventual integração do regime da Caixa de Previdência dos Advogados no regime geral da Segurança Social deverá ser a única a ser aprovada.

O Parlamento vota esta sexta-feira os projetos-lei do PAN, Livre, Bloco de Esquerda e Chega relativos à possibilidade de opção entre a previdência dos advogados e o regime geral da Segurança Social. Será ainda avaliada e votada a recomendação do PS relativa à criação de uma comissão que pondere a eventual integração da Caixa de Previdência dos Advogados e Solicitadores (CPAS) na SS. Segundo o projeto de resolução, o partido sugere que seja realizada uma “auditoria ao funcionamento” a este sistema de previdência e avaliados “modelos alternativos de proteção social”. O regime da CPAS engloba atualmente mais de 37 mil beneficiários, entre advogados e solicitadores. Esta recomendação deverá ser a única a ser aprovada.

“O direito à proteção na doença, à parentalidade, à proteção na quebra de rendimentos e o respeito pela capacidade contributiva indexada ao rendimento real devem ser assegurados a todos os beneficiários de qualquer sistema de previdência”, lê-se no projeto de resolução. O PS acredita assim que a CPAS, baseando-se em descontos obrigatórios que não estão relacionados com os “rendimentos verdadeiramente auferidos”, tem vindo a revelar-se “desajustada” para os advogados, em “especial os mais jovens”.

“As mudanças na profissão ao longo das últimas décadas, o aumento significativo do número destes profissionais liberais em contextos laborais muito diversificados e a prevalência de fenómenos de precariedade no seu seio, quando não mesmo de desemprego, têm agravado os desequilíbrios entre direitos e deveres perante a CPAS, suscitando fundadas críticas por parte de quem lhe está obrigatoriamente adstrito”, sublinham.

Tantos os advogados como os solicitadores e agentes de execução não descontam para a Segurança Social, mas antes para a CPAS. Desde o dia 1 de janeiro, que passaram a pagar, no mínimo, 267,94 euros por mês à CPAS para poderem usufruir dos direitos sociais que este sistema lhes garante. Este valor é independentemente dos rendimentos que aufiram mensalmente ou mesmo que não aufiram qualquer rendimento.

O PS relembra ainda que a pandemia acabou por “destapar” as fragilidades deste sistema de previdência e que é necessário criar condições para que o “quadro atual seja significativamente alterado e adaptado às realidades e necessidades atuais dos beneficiários”

Que medidas propõe o Partido Socialista?

  • Realização e acompanhamento de uma auditoria, através de entidade independente, tendo em vista o apuramento do património da CPAS e seus encargos, bem como as condições para o pagamento de pensões;
  • Concluída a auditoria, a criação de uma Comissão para a reflexão sobre a eventual integração dos beneficiários da CPAS no regime geral da Segurança Social;
  • Com base nos resultados da auditoria, a Comissão deve refletir sobre os requisitos e impactos sobre a eventual integração dos beneficiários da CPAS na Segurança Social; definir eventuais fases de transição entre regimes e ponderar sobre o período durante qual o atual regime da CPAS passa a ser opcional;
  • A Comissão devera apresentar, no prazo de doze meses após a sua tomada de posse, um estudo e respetivas conclusões quanto aos objetivos definidos.

O que será votado, em concreto?

  • Projeto de Resolução n.º 593/XV/1.ª (Partido Socialista) – Recomenda ao Governo que crie uma Comissão que pondere a eventual integração da Caixa de Previdência dos Advogados e Solicitadores (CPAS) no regime geral da Segurança Social, realizando uma auditoria ao seu funcionamento e avaliando modelos alternativos de proteção social;
  • Projeto de Lei n.º 642/XV/1.ª (Bloco de Esquerda)Retira ao Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social a competência para a instauração e instrução de processos de execução por dívidas à Caixa de Previdência dos Advogados e Solicitadores;
  • Projeto de Lei n.º 643/XV/1.ª (Bloco de Esquerda)Garante o acesso ao regime contributivo da segurança social a advogados, solicitadores e agentes de execução;
  • Projeto de Lei n.º 719/XV/1.ª (Livre)Consagra o direito de os advogados, solicitadores e agentes de execução vinculados a contrato de trabalho subordinado e com exclusividade optarem pelo regime contributivo da Segurança Social, aproxima certos prazos aos do regime geral da Segurança Social e contempla a possibilidade de transferência das contribuições feitas à CPAS que não cumprem o prazo de garantia;
  • Projeto de Lei n.º 724/XV/1.ª (PAN) – Prevê a possibilidade dos advogados, solicitadores e agentes de execução optarem entre o regime contributivo da Segurança Social ou da CPAS e revoga a competência da Segurança Social na instauração de processos de execução por dívidas à CPAS;
  • Projeto de Lei n.º 728/XV/1.ª (Chega) Garante aos Advogados, Solicitadores e Agentes de Execução a possibilidade de escolha do regime contributivo.

Após ter sido chumbado em 2021 o projeto de lei proposto pelo Bloco de Esquerda (BE) – que propunha a integração da CPAS na Segurança Social – este grupo parlamentar voltou a “lutar” pela alteração do regime. O projeto de lei em causa pretende alterar os estatutos da OA e da Ordem dos Solicitadores e dos Agentes de Execução para que estes possam optar entre a Segurança Social e a CPAS.

“Constata-se que há uma parcela da população que simplesmente não usufrui de proteção social digna e a quem não são reconhecidos direitos básicos reconhecidos à restante população, como a proteção na doença, no desemprego ou o efetivo exercício dos direitos de parentalidade. Por outro lado, para além de serem obrigados a fazer contribuições para um sistema que não os protege, estes profissionais são ainda tributados de forma cega, desconsiderando o rendimento real e, assim, violando de forma flagrante o Princípio da Capacidade Contributiva, da Proporcionalidade e da Igualdade”, lê-se no projeto de lei do BE.

A Ordem dos Advogados (OA) “aplaudiu” o projeto de lei apresentado pelo BE, recordando que o descontentamento é geral e que tanto os advogados, como solicitadores e agentes de execução têm o direito a ser tratados de forma igual em relação aos restantes cidadãos, de “forma justa e digna”.

“Negar a possibilidade de opção entre CPAS e Segurança Social é também negar a vontade expressa por milhares de profissionais, mantendo um tratamento desigual (e por conseguinte inconstitucional) entre estes profissionais e todos os demais existentes em Portugal”, lê-se no parecer apresentado pela OA. Este órgão defende que é altura de o Estado assumir, “de uma vez por todas”, a sua obrigação constitucional de garantir que os profissionais em causa sejam respeitados nos seus direitos mais básicos e possam ter acesso à mesma proteção social que os restantes cidadãos deste País, em totais condições de igualdade”.

o presidente da direção da CPAS, Vítor Coelho, defendeu a “manutenção da autonomia e da independência” do regime. “A direção da CPAS não se revê, de todo, nas considerações tecidas e nas posições tomadas pela bastonária e pelo seu Conselho Geral relativamente à CPAS, inclusive no que diz respeito à denominada “livre opção”, aliás rejeitada pela Assembleia da República na anterior legislatura, mas, naturalmente, não deixará de analisar e, caso se enquadrem genericamente no seu programa, ponderar as propostas concretas que vierem a ser apresentadas, os motivos justificativos das mesmas e os estudos subjacentes”, referiu. Isto após a OA anunciar que vai apresentar uma proposta de alteração do regulamento da CPAS.

Advogados devem mais de 150 milhões à Caixa de Previdência

A CPAS já fez saber que o pagamento coercivo de dívidas, a cargo da Segurança Social, vai começar a ser feito a seguir ao verão, em setembro. Atualmente, estão mais de 150 milhões em dívida, relativos a contribuições mensais que um advogado ou solicitador tem de pagar para ter acesso aos benefícios. Esta taxa de incumprimento situa-se à volta dos 21% do total dos beneficiários.

Esta cobrança vai passar a ser feita pelos serviços da Segurança Social. Em causa as alterações da lei — aprovadas em março de 2020 — que passaram a definir que o processo de execução de dívidas à Segurança Social passava também a ser aplicável ao sistema de previdência dos advogados e solicitadores — apesar de estes não estarem sujeitos ao regime geral da Segurança Social — e que se atrasou, segundo a ainda direção da CPAS, já que “foi necessário criar e desenvolver os procedimentos operacionais e informáticos na Segurança Social para que tal se pudesse concretizar, o que ora está em fase de conclusão”, segundo comunicado da CPAS, divulgado em dezembro.

Um comunicado que surgiu horas depois do ato eleitoral e que obrigava os advogados devedores a pagarem até ao dia 31 de dezembro desse ano: “Neste enquadramento, exortamos os beneficiários com contribuições em dívida, a regularizarem, no mais curto espaço de tempo, a sua situação contributiva, sobretudo, como forma de acautelar o seu próprio futuro, evitando a respetiva cobrança coerciva”.

A direção da CPAS justifica este atraso de quase três anos na concretização da lei com a falta de preparação do sistema informático da Segurança Social e ainda pela existência de um conflito jurídico na definição de qual seria o tribunal competente para executar estas dívidas.

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Football Leaks: Rui Pinto sabe se será condenado esta sexta-feira

Rui Pinto vai finalmente conhecer o desfecho do processo em que está acusado de 90 crimes, no caso Football Leaks. A leitura do acórdão está agendada para as 10h00.

Dois anos e sete meses após o início do julgamento, que foi interrompido por diversas vezes, o hacker Rui Pinto vai finalmente conhecer o desfecho do processo em que está acusado, no âmbito do caso Football Leaks. A leitura do acórdão está agendada para as 10h00. Ainda assim não é certo que aconteça, uma vez que está a decorrer uma greve no setor da justiça que tem afetado centenas de sessões de julgamento.

Rui Pinto está acusado de 90 crimes, sendo 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo, visando entidades como o Sporting, a Doyen, a sociedade de advogados PLMJ, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR), e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por extorsão, na forma tentada. Este último crime diz respeito à Doyen e foi o que levou também à pronúncia do advogado Aníbal Pinto.

Entre os visados estão Jorge Jesus, Bruno de Carvalho, o então diretor do DCIAP Amadeu Guerra e os advogados José Miguel Júdice, João Medeiros, Rui Costa Pereira e Inês Almeida Costa.

Mas afinal quem é o famoso hacker? Natural de Mafamude, Vila Nova de Gaia, Rui Pinto, de 34 anos, é considerado por muitos como um denunciante, em inglês whistleblower, e por outros um pirata informático, ou seja hacker.

Corria o ano de 2019, quando Rui Pinto se assumia colaborador do site “Football Leaks”, criado em 2015. Segundo o arguido, esta plataforma surgiu após a divulgação do escândalo de corrupção na FIFA, que levou à detenção de vários dirigentes, e tem como objetivo divulgar a “parte oculta do futebol”. Assim, a partir de Budapeste e através desta plataforma, Rui Pinto divulgou diversos documentos polémicos sobre o futebol português e mundial.

No âmbito de um mandato de detenção europeu, foi detido no dia 16 de janeiro de 2019 em Budapeste. Após o “rebentar” do escândalo, em março de 2019, Rui Pinto foi entregue pelas autoridades húngaras à justiça portuguesa, tendo ficado em prisão preventiva no âmbito de um inquérito do Departamento Central de Investigação e Ação Penal. Inicialmente foi apenas indiciado por seis crimes.

Defesa quer pena suspensa para hacker. MP quer pena efetiva

A defesa de Rui Pinto, advogado Francisco Teixeira da Mota, defendeu em tribunal que a decisão do coletivo de juízes deverá ser a de pena de prisão suspensa, sublinhando que será “suficiente”. No encerramento das suas alegações finais, o advogado do criador da plataforma eletrónica assumiu somente a prática de três crimes de acesso ilegítimo (Sporting, FPF e PLMJ) e quatro de acesso indevido (Sporting, FPF, PLMJ e PGR).

Francisco Teixeira da Mota argumentou ainda sobre o contexto da tentativa de extorsão à Doyen, com o conhecimento de negociações, mas vincou a desistência por escrito, que deveria redundar num facto não provado: “ele escreveu que não queria nem um cêntimo”.

Francisco Teixeira da MotaMARIO CRUZ/LUSA

Também a defesa de Aníbal Pinto, o outro arguidos do processo acusado de extorsão na forma tentada, pediu a absolvição e considerou que a pronúncia contra o seu cliente foi a “cola” para a prisão preventiva de Rui Pinto. Nas alegações finais, o advogado João Azevedo questionou a credibilidade do trabalho dos inspetores da Polícia Judiciária (PJ) que estiveram envolvidos na operação de vigilância ao encontro entre o antigo CEO do fundo de investimento Doyen, Nélio Lucas, e o seu colaborador Pedro Henriques com o arguido Aníbal Pinto, na área de serviço da autoestrada A5, em Oeiras, em 2015.

O advogado considerou que Aníbal Pinto merecia duas medalhas: uma por ter cumprido “religiosamente” o estatuto da Ordem dos Advogados (OA) e outra por ter “recusado a oferta de um milhão de euros [feita por Nélio Lucas] para identificar o seu cliente [Rui Pinto]”. João Azevedo tentou ainda contrariar a acusação de que Aníbal Pinto terá intermediado, com intenção de também lucrar, uma tentativa de extorsão de Rui Pinto à Doyen, afirmando que o arguido se limitou a “representar um cliente num ato legal”.

João Azevedo afirmou o seu cliente questionou a OA sobre se deveria denunciar Rui Pinto às autoridades, lembrando que lhe foi dito que deveria cumprir o estatuto da ordem, ou seja, não denunciar. O advogado rebateu a acusação do MP de que Aníbal Pinto queria receber honorários muito acima do que se praticava, lembrando que “desde o primeiro contacto de Rui Pinto, Aníbal Pinto escreveu sempre que nunca pactuaria com qualquer irregularidade”, lendo uma mensagem de correio eletrónico enviada pelo seu cliente a Artem Lobuzov [nome utilizado por Rui Pinto].

Já o Ministério Público (MP) pediu pena de prisão efetiva para o hacker por crimes de extorsão, acesso ilegítimo e violação correspondência. A procuradora do MP, Marta Viegas, considerou que o único crime que não foi provado foi o de sabotagem informática à SAD do Sporting. No entender do MP, os acessos ilegítimos de Rui Pinto a contas de email de trabalhadores do Sporting, entre os quais Bruno de Carvalho, ex-presidente, e Jorge Jesus, antigo treinador da equipa de futebol, “não foram o motivo da queda do sistema, que já se encontrava em baixo”.

Marta Viegas considerou também provado que o outro arguido do processo, o advogado Aníbal Pinto, deve ser condenado pelo crime de extorsão na forma tentada, pelo qual está acusado. De acordo com a procuradora, Aníbal Pinto teve acesso a toda a rede de caixas de correio, conteúdos que foram depois exfiltrados.

Julgamento sucessivamente interrompido por pedido da defesa

Desde impossibilidade de inquirir testemunhas por se encontrarem de férias até surtos de Covid-19, o julgamento do processo Football Leaks ficou marcado por sucessivos adiamentos. Um deles tem a ver com o o facto de Rui Pinto ter ido às instalações consultar a prova do apenso F e o disco rígido RP3, que contém alguns dos e-mails pirateados pelo próprio.

O arguido Rui Pinto pediu o acesso aos e-mails que terá pirateado por considerar “indispensável para se poder defender em tribunal”. Os e-mails que alegadamente roubou encontram-se no chamado apenso F — uma parte do processo onde a PJ guardou as caixas de correio eletrónico integrais encontradas nos discos apreendidos e que pertencem a responsáveis de clubes de futebol, a alguns dos mais importantes escritórios de advogados portugueses, como a PLMJ.

O objetivo do pedido de cópia do apenso, alegou a defesa de Pinto, seria o de “analisar os ficheiros informáticos constantes no Apenso F, exclusivamente, do ponto de vista técnico, através de pesquisa forense, procedendo à análise de metadados e estruturas de dados, com recurso a ferramentas forenses que lhe permitam ter um conhecimento diferenciado da prova.

“Todos os elementos acedidos ilicitamente por Rui Pinto, que constam do apenso F, apenas podem ser relevantes para a defesa se forem para a acusação, pelo que o arguido não precisa de ir procurá-los, o Ministério Público já o fez e disponibilizou-os aos sujeitos processuais. Permitir ao arguido que consulte e armazene tudo o que obteve ilicitamente e que, por isso, se encontra a ser julgado, apenas com base no jargão intimidatório de ser necessário à defesa é grave e inadmissível, além de ridículo”, alegaram os assistentes, no pedido de recurso que fizeram para a Relação.

A Relação veio decidir que “em caso algum serão entregues as duas pen drives que constituem o apenso F ao arguido para que este pura e simplesmente as consulte”, disseram na altura os desembargadores. Mas aceitou que Rui Pinto tenha acesso aos ditos e-mails nas instalações da PJ, sob a supervisão da mesma. Para os assistentes e para o Ministério Público, o facto de Rui Pinto ter acesso às caixas de correio eletrónico — que no fundo é a razão pela qual está a ser julgado — seria uma duplicação do crime e de penalização das vítimas.

Da prisão preventiva à liberdade

Rui Pinto esteve em prisão preventiva entre o dia 22 de março de 2019 e 8 de abril de 2020 e em prisão domiciliária até ao dia 7 de agosto de 2020, tendo sido libertado “devido à sua colaboração” com a PJ e ao seu “sentido crítico”, mas está, por questões de segurança, inserido no programa de proteção de testemunhas em local não revelado e sob proteção policial.

Na altura em que foi preso preventivamente, a juíza de instrução criminal, Margarida Alves, justificou a medida com a inversão da postura do arguido, que passou a apresentar “um sentido crítico e uma disponibilidade para colaborar com a justiça” e, por outro, dizendo que as fronteiras se encontravam sujeitas a elevados controles devido à pandemia de Covid-19, razão pela qual entendeu “que se mostrava reduzido o perigo de fuga”.

No início de junho de 2020, o Tribunal da Relação de Lisboa negou provimento ao recurso do Ministério Público e manteve a decisão instrutória, proferida em 17 de janeiro de 2020, que pronunciou Rui Pinto por 90 crimes e não pelos 147 que constavam da acusação do MP.

Em setembro de 2019, o MP acusou Rui Pinto de 147 crimes, 75 dos quais de acesso ilegítimo, 70 de violação de correspondência, um de sabotagem informática e um de tentativa de extorsão, por aceder aos sistemas informáticos do Sporting, da Doyen, da sociedade de advogados PLMJ, da Federação Portuguesa de Futebol, da Procuradoria-Geral da República (PGR) e da Plataforma Score e posterior divulgação de dezenas de documentos confidenciais destas entidades.

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Os pontos fortes e fracos das nove opções para o aeroporto de Lisboa

A Comissão Técnica Independente selecionou nove opções estratégicas para o reforço da capacidade aeroportuária. Conheça as principais vantagens e inconvenientes das várias soluções.

A Comissão Técnica Independente (CTI) responsável pela Avaliação Ambiental Estratégica vai avaliar nove opções para o reforço da capacidade aeroportuária na região de Lisboa, que abrangem sete localizações diferentes. Às cinco que constavam da lista inicial definida pelo Governo somam-se quatro, que recuperam propostas do passado.

Na avaliação serão considerados vários critérios, com três a receberem a primazia: a distância ao centro de Lisboa tendo em conta a média europeia de 22 kms, a infraestrutura rodo e ferroviária existente ou planeada e a aérea de expansão (mínimo 1.000 hectares).

Na conferência realizada na quinta-feira ficou patente que da auscultação pública feita pela CTI resulta a preferência, a longo prazo, por um hub intercontinental, distribuidor de voos comerciais, a um aeroporto dual, com duplicação de infraestruturas e gestão articulada.

As opções duais não são recomendáveis porque significam partição de tráfego, diminuindo o potencial hub, não evitam tempo de espera até à construção de uma nova infraestrutura aeroportuária, não garantem capacidade no horizonte de 50 anos, requerendo a construção de um terceiro aeroporto e tendem a aumentar a o congestionamento do sistema de tráfego”, apontou Rosário Macário, coordenadora da área de Planeamento aeronáutico. A solução dual será, no entanto, estudada em várias opções.

Vincada foi também a necessidade de assegurar a resposta aos constrangimentos de curto prazo, ter uma solução para a fase de transição entre infraestruturas e assegurar uma opção estratégica de longo prazo.

É na conjugação destas forças que será selecionada, até ao final do ano, a tão esperada solução para resolver o esgotamento do Humberto Delgado. Veja as opções estratégicas que vão ser estudadas e os pontos fortes e fracos de cada uma:

Pegões

É uma das localizações que foi proposta à CTI no âmbito da consulta lançada no site Aeroparticipa.pt e que só surgiu no universo de opções esta semana. Está na lista final por ser uma solução pouco ou nada estudada, e portanto difícil de excluir, mas que tem também potencial.

Embora tenha esta designação, a área de implantação corresponderia sobretudo ao concelho de Vendas Novas. A seu favor tem o facto de ter uma infraestrutura rodo e ferroviária existente ou planeada, uma área de expansão superior ao mínimo definido de 1.000 hectares, com possibilidade de ir até 4 pistas, e a capacidade para fazer 120 movimentos por hora.

Pegões apresenta conflitos com o espaço aéreo militar, “mas que parece ser resolúvel”, afirmou a coordenadora-geral da CTI. Os riscos catastróficos (inundações/sismos) são considerados menores, a população afetada é muito reduzida, não está em áreas naturais ou corredores migratórios. Não existe Estudo de Impacto Ambiental ou Declaração de Impacto Ambiental. Outro óbice é a distância: fica a 70 kms de Lisboa.

Humberto Delgado + Pegões

A Comissão quer atender às necessidades de curto prazo, numa possível fase de transição entre duas infraestruturas e no longo prazo. Combinar o aeroporto da Portela com Pegões é uma das possibilidades de transição, com a utilização em simultâneo das duas infraestruturas até se adquirir a capacidade adequada para desativar o Humberto Delgado. Aumentar a capacidade deste último foi considerado impossível pelos peritos.

A CTI assume um cenário de conjugação das duas infraestruturas em que seria possível fazer 78 movimentos por hora. Seriam afetadas 560 mil pessoas. É o número mais baixo nas combinações com a Portela.

Rio Frio + Poceirão

É a outra novidade de relevo na lista de “finalistas” da CTI. Rio Frio, na margem Sul, foi a localização escolhida no estudo feito no início dos anos 70 e é recuperada em conjugação com o Poceirão, do qual dista cerca de 10 km.

Quer Rio Frio quer o Poceirão dispõem de infraestrutura rodo e ferroviária existente ou planeada. O primeiro tem capacidade de expansão, podendo chegar a 120 movimentos por hora, enquanto o segundo não poderia crescer e ficaria limitado a 60 movimentos. Mesmo assim, é mais do que os cerca de 40 permitidos na Portela.

A distância é superior à média de 22 kms nas capitais europeias, já que Rio Frio dista 41 kms de Lisboa e o Poceirão 52 kms. A CTI lembra ainda que a opção Rio Frio já foi estudada no passado e rejeitada por razões ambientais, devido à extensão de montado e aquíferos existentes.

Rosário Partidário, coordenadora-geral da CTI, sublinhou que esta solução mista permitiria tirar partido da área logística do Poceirão.

Campo de Tiro de Alcochete

O Campo de Tiro de Alcochete saltou para a lista de opções em 2007. O Laboratório Nacional de Engenharia Civil foi incumbido de fazer um estudo comparativo entre a OTA e Alcochete, pelo então ministro das Obras Públicas, Mário Lino. Divulgado em 2008, o relatório pronunciou-se a favor da segunda opção. Chegou a ser aprovada numa resolução do Conselho de Ministros de 2008 e recebeu luz verde condicionada no Estudo de Impacto Ambiental, mas nunca saiu do papel.

Volta agora como uma das opções estratégicas de avaliação obrigatória definidas pelo Governo. O projeto inicial previa a construção de duas pistas, que podiam avançar de forma faseada, podendo chegar a cerca de 120 movimentos por hora.

A distância também é elevada, ficando a cerca de 41 kms de Lisboa. Encurtar o tempo de viagem exige avultados investimentos rodo e ferroviários. Uma das vantagens é a ausência de conflitos com o espaço aéreo militar. Os riscos catastróficos são considerados menores.

É, entre as opções estudadas, uma das que tem sido mais defendida publicamente. A presidente do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), Laura Caldeira, considerou, em entrevista ao Dinheiro Vivo, que o Campo de Tiro de Alcochete é a opção mais viável. Outro adepto é o bastonário da Ordem dos Economistas, António Mendonça. O novo CEO da TAP, Luís Rodrigues, também defendeu o Campo de Tiro de Alcochete em declarações ao Expresso quando ainda era o presidente executivo da SATA.

Humberto Delgado + Campo de Tiro de Alcochete

Foi uma opção avançada pela própria CTI, “por uma questão de coerência” e é outra das que admite considerar como solução de transição, com o Humberto Delgado a manter-se até se atingir uma capacidade robusta na localização da margem sul do Tejo.

A combinação das duas opções permitiria fazer 78 movimentos por hora, segundo a apresentação que foi disponibilizada esta quinta-feira pela comissão. Tal como qualquer solução que inclua a Portela, afeta um número elevado de pessoas: 565.000.

Portela + Montijo ou Montijo + Portela

O futuro aeroporto do Montijo.ANA - Aeroportos de Portugal

A opção Montijo foi avançada ainda pelo Governo de Pedro Passos Coelho e reaproveitada por António Costa. Em janeiro de 2019, nos últimos meses de Pedro Marques como ministro do Planeamento e Infraestruturas, o Executivo chegou a acordo com a ANA (pertencente à Vinci Airports) para uma solução que contemplava o aumento da capacidade no aeroporto de Lisboa e a construção de uma infraestrutura complementar no Montijo, destinado sobretudo às companhias low cost.

A solução caiu por terra em março de 2021 quando a Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) chumbou a construção do novo aeroporto para a região da grande Lisboa na Base Aérea n.º 6 do Montijo. A razão? O Decreto-Lei n.º 55/2010 dava aos concelhos afetados o poder de vetar a construção. Foi o que fez a Moita e o Seixal, não deixando alternativa ao regulador. O PS e o PSD aprovaram na semana passada, na generalidade, a alteração legislativa que retira o poder de veto.

O Humberto Delgado como aeroporto principal e o Montijo como secundário, ou este último como principal e o primeiro como secundário, são duas das cinco opções estratégicas definidas originalmente pelo Governo.

A grande desvantagem do Montijo é a capacidade limitada de expansão, que fica aquém dos mil hectares considerados como mínimo pela CTI. Além disso, suporta um acréscimo máximo de 50 movimentos por hora, para um total de 98 movimentos, obrigando sempre à manutenção da Portela.

Contra estas opções joga ainda o impacto sobre a população, que é o mais elevado, atingindo 713 mil pessoas, seja qual for a configuração.

Santarém

Se muitas das localizações que serão consideradas já têm vários anos ou décadas, Santarém é recente. O facto de se situar fora da área de concessão da ANA Aeroportos será um dos ingredientes que levou o Governo a incluí-la na lista de opções que a Comissão Técnica Independente terá obrigatoriamente de estudar.

O projeto Magellan 500 é liderado por Carlos Brazão, antigo diretor da Cisco em Portugal, e promovido por um consórcio que, por ora, só tem como elemento conhecido Humberto Pedrosa e o seu Grupo Barraqueiro. Contra si tem sobretudo a distância, um dos critérios prioritários definidos pela CTI: dista 92 kms de Lisboa.

Os promotores argumentam que Santarém permitiria aproveitar as acessibilidades rodoferroviárias já existentes (A1 e Linha do Norte), sem necessidade de incorrer em custos com investimentos públicos não planeados. Com um acesso através de um shuttle ferroviário, o aeroporto ficaria apenas a 30 minutos da capital, sustentam.

Entre as vantagens está o facto de afetar apenas 11 mil pessoas, não ter impacto negativo em áreas naturais de proteção ou em corredores migratórios. Existem conflitos com o espaço aéreo militar, mas que são considerados resolúveis. A CTI assume na apresentação uma capacidade de 90 movimentos por hora.

Portela + Santarém

A comissão vai também avaliar uma solução dual incluindo os dois aeroportos, não sendo claro se será considerada uma perspetiva de transição. Na apresentação, a opção combinada aparece, no entanto, com indicação de 68 movimentos por hora.

O projeto para Santarém é escalável. Os promotores no Magellan 50 argumentam que é possível ter uma pista a funcionar num prazo de até três anos após a autorização da Autoridade Nacional de Aviação Civil.

A solução combinada afetaria 570 mil pessoas nos respetivos cones de aproximação.

As nove opções serão agora objeto de uma avaliação final por parte da CTI, que arranca em maio. Para isso será necessário desenvolver vários estudos, alertou Rosário Partidário, a coordenadora-geral. O relatório com as conclusões terá de ter entregue ao Governo até ao final do ano.

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Medina aposta num crescimento de 0,6% em cadeia no primeiro trimestre. Mas há economistas mais otimistas

Há economistas mais e menos otimistas que o ministro das Finanças na previsão de crescimento para o 1.º trimestre. Medina aposta em 0,6% face ao final de 2022. Previsões oscilam entre 1,2% e 0,2%.

O ministro das Finanças já avançou com a uma estimativa para a evolução da economia nos primeiros três meses do ano. Fernando Medina antecipa que a economia tenha crescido 0,6% em cadeia, contrariando as expectativas mais pessimistas, colocando a meta de crescimento para o conjunto do ano em 1,8%. Mas, entre os economistas, há quem seja ainda mais otimista.

“Tendo por base a informação disponível, que aponta para uma desaceleração do crescimento da procura interna, mas igualmente para um aumento do contributo positivo da procura externa líquida, estima-se que o crescimento homólogo do PIB no primeiro trimestre de 2023 deverá ter-se situado no intervalo de 1,9% a 2,3% (valor central de 2,1%), a que corresponde um crescimento face ao quarto trimestre de 2022 de 1% a 1,4% (valor central de 1,2%)”, avança António Ascensão Costa, na Síntese de Conjuntura do ISEG de abril.

Já Márcia Rodrigues, economista do Millennium bcp, aponta para um crescimento em cadeia de 0,8%. “De acordo com a nossa previsão, a estimativa do PIB deverá apresentar uma taxa de variação em cadeia de 0,8%, o que representa uma aceleração significativa face ao crescimento de 0,3% observado no trimestre anterior. Em termos homólogos, espera-se um crescimento de 1,7%”, escreve a economista na nota de conjuntura divulgada a semana passada.

Fonte: INE.

A explicar este “maior dinamismo da economia” está o aumento das exportações” que beneficiaram da “redução dos preços das matérias-primas, melhoria da procura externa, num quadro de dissipação dos receios de uma crise energética nas principais economias da área do euro, que condicionaram o desempenho da atividade exportadora nos últimos meses de 2022”.

Mas há outro fator a pesar positivamente – o turismo. “A manutenção de níveis de crescimento robustos do turismo deverá ter contribuído para suportar o bom desempenho das exportações de serviços”, acrescenta Márcia Rodrigues.

Entre os economistas menos otimistas que o ministro das Finanças está o Forecasting Lab da Católica (Necep) e o Fórum para a Competitividade. Na “Folha Trimestral de Conjuntura”, o economista João Borges Assunção estima que a economia tenha crescido 0,5% em cadeia, correspondendo a um crescimento de 1,4% em termos homólogos.

“Esta estimativa encerra uma enorme incerteza já que os dados são algo contraditórios, com o indicador diário do Banco de Portugal a sugerir uma forte expansão, mas os volumes de negócios no retalho e nos serviços a sinalizarem um crescimento modesto”, ressalva.

O Necep, cuja previsão foi publicada no início de abril, antecipa que a Zona Euro tenha crescido 0,3% em cadeia e 1,5% face ao primeiro trimestre de 2022.

Além de sublinhar o bom desempenho do indicador diário de atividade do Banco de Portugal, o Fórum para a Competitividade recorda ainda que a “confiança dos consumidores e da generalidade dos setores tem vindo a melhorar, embora de forma moderada, para valores nitidamente superiores aos do quarto trimestre” de 2022.

No entanto, segundo as contas do economista Pedro Braz Teixeira, nos três primeiros meses do ano, “o PIB terá tido um aumento trimestral entre 0,1% e 0,4%, a que corresponderá uma variação homóloga entre 1% e 1,3%”. “O forte abrandamento homólogo face ao crescimento do quarto trimestre (3,2%) deve-se a um efeito base, já que no primeiro trimestre de 2022 o PIB aumentou 2,4% em cadeia”, acrescenta.

O Fórum para a Competitividade sublinha ainda que, “no quarto trimestre, as famílias receberam dois pacotes de ajuda do Estado”, mas, mesmo assim, houve uma “queda no consumo privado”.

Além disso, destaca ainda que, apesar do abrandamento dos preços da energia, a inflação manteve-se elevada (sobretudo ao nível dos alimentos, o que forçou o Executivo a adotar o IVA zero no final de março) e a subida continuada dos juros tem agravado as prestações daqueles que têm créditos bancários.

Esta sexta-feira é também conhecida a estimativa rápida da inflação em abril. O ministro das Finanças antecipa que a “inflação vai baixar bastante” ao longo deste ano. “Já a partir de abril, a inflação deverá registar uma descida significativa, antecipando que, no segundo semestre, haverá meses com inflação inferior a 5,1%”, lê-se no Programa de Estabilidade.

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5 coisas que vão marcar o dia

INE divulga inflação de abril e contas nacionais trimestrais. Eurostat divulga PIB da Zona Euro no 1º trimestre. Novobanco apresentam resultados. Rui Pinto conhece decisão final.

Na última sexta-feira do mês de março, o Instituto Nacional de Estatística (INE) vai publicar a estimativa rápida do Índice de Preços no Consumidor para o mês de abril e ainda a estimativa rápida das Contas Nacionais Trimestrais relativos ao primeiro trimestre do ano. Já o Eurostat publica a estimativa rápida do PIB da Zona Euro no primeiro trimestre de 2023. Em época de apresentação de resultados trimestrais, o Novobanco vai divulgar as contas referentes ao primeiro trimestre. Por fim, o hacker Rui Pinto vai conhecer a decisão final do processo Football Leaks.

INE divulga inflação de abril

O Instituto Nacional de Estatística vai publicar a estimativa rápida do Índice de Preços no Consumidor para o mês de abril. Em março, a subida dos preços em Portugal voltou a abrandar. A taxa de inflação recuou para 7,4% em março, menos 0,8 pontos percentuais em relação a fevereiro. Foi o quinto mês de descidas na inflação, que, apesar de continuar num nível historicamente elevado, está no valor mais baixo em quase um ano.

Eurostat divulga PIB da Zona Euro no 1º trimestre

O Eurostat vai publicar esta sexta-feira a estimativa rápida do PIB da Zona Euro no primeiro trimestre deste ano. O crescimento da economia da Zona Euro abrandou, em 2022, para os 3,5% e a da União Europeia para os 3,6%. Já quanto ao quarto trimestre de 2022, o serviço estatístico europeu estimou um abrandamento no crescimento homólogo do PIB para os 1,9% na Zona Euro e os 1,8% na UE, após ter avançado 2,3% 3 2,5%, respetivamente, no trimestre anterior.

Novobanco apresenta resultados

Em época de apresentação de resultados trimestrais, o Novobanco vai divulgar as contas referentes ao primeiro trimestre deste ano nesta sexta-feira antes da abertura do mercado. Em 2022, o Novobanco registou lucros recorde de 560,8 milhões de euros, três vezes mais do que tinha obtido no ano transato, à boleia do aumento da receita com juros, da venda do edifício-sede e de menos imparidades e provisões. Foi o segundo melhor resultado entre a banca privada, apenas atrás do Santander Totta.

INE divulga contas nacionais trimestrais

O INE divulga também esta sexta-feira a estimativa rápida das Contas Nacionais Trimestrais relativos ao primeiro trimestre de 2023. De acordo com os últimos dados divulgados pelo gabinete de estatística, no quarto trimestre a necessidade de financiamento da economia portuguesa reduziu, passando de 0,9% do PIB no 3º trimestre de 2022 para 0,6%. O Rendimento Nacional Bruto (RNB) e o Rendimento Disponível Bruto (RDB) aumentaram, respetivamente, 2,6% e 2,7% relativamente ao trimestre anterior (11,0% e 10,4%, pela mesma ordem, relativamente a 2021).

Rui Pinto conhece sentença

Está agendada para as 10h00 desta sexta-feira a leitura do acórdão do processo Football Leaks. O hacker Rui Pinto está acusado de 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo, visando entidades como o Sporting, a Doyen, a sociedade de advogados PLMJ, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR), e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por extorsão, na forma tentada. Este último crime diz respeito à Doyen e foi o que levou também à pronúncia do advogado Aníbal Pinto.

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Prestação da casa dá novo salto até 300 euros em maio. Faça aqui a sua simulação

Há sinais de alguma moderação na subida da prestação da casa. Ainda assim, a mensalidade com o crédito à habitação vai dar um novo salto até 300 euros nos contratos que forem revistos em maio.

A prestação da casa vai dar um novo salto no próximo mês. Os contratos de crédito à habitação cujas condições forem revistas em maio vão registar agravamentos até 300 euros na mensalidade, de acordo com as simulações realizadas pelo ECO.

É uma má notícia para as famílias que já têm de lidar com um aumento do custo de vida. A boa (ou menos má) é que começam as surgir os primeiros sinais de moderação destas subidas.

Ainda assim, quem tem crédito à habitação tão cedo não vai ter um alívio na prestação – ninguém vislumbra um regresso aos níveis anteriores a este ciclo, quando tivemos juros negativos na última década. Ou seja, a prestação deverá manter-se em níveis elevados durante bastante tempo, mesmo que a Euribor deixe de subir ou desça de forma ligeira.

Segundo revelou recentemente o governador do Banco de Portugal, o pico da taxa a 12 meses poderá já ter sido dobrado. Porém, em relação aos prazos de 3 e 6 mesesindexantes utilizados em cerca de 70% dos contratos com taxa variável em Portugal –, os valores máximos destas taxas só deverão ser alcançados no verão, segundo Mário Centeno.

Para maio, as contas estão praticamente fechadas – falta saber o valor da Euribor desta sexta-feira para podermos ter a taxa média mensal final de abril e com base na qual serão calculadas as prestações dos contratos que vão ser revistos no próximo mês.

Tomemos como exemplo um empréstimo de 150 mil euros a 30 anos, com um spread (margem comercial do banco) de 1% em cima de uma destas taxas:

  • Euribor a 3 meses: a prestação que vai pagar nos próximos três meses irá subir para cerca de 731,25 euros, mais de 70,59 euros (+10,7%) em relação à prestação que pagava desde fevereiro;
  • Euribor a 6 meses: a prestação que vai pagar nos próximos seis meses irá chegar aos 739 euros, um aumento de cerca de 129,79 euros (20,57%) em relação à prestação que pagava desde novembro;
  • Euribor a 12 meses: a prestação que vai pagar nos próximos 12 meses irá subir para cerca de 782,38 euros, quase mais 300,06 euros (62,2%) em relação à prestação que pagou no último ano.

Embora tratando-se de aumentos que nunca se observaram em muitos anos, as subidas começam agora a ser um pouco menos expressivas do que nos meses anteriores. Uma notícia que pouco serve de consolo para as famílias que continuam a sentir fortes restrições nos seus orçamentos por conta da escalada dos preçosembora em queda pelo quinto mês, a taxa de inflação situou-se nos 7,4% em março, em Portugal.

É justamente por causa da pressão inflacionista que o Banco Central Europeu (BCE) tem aumentado as taxas de juro de referência na Zona Euro e a dar gás às Euribor. O objetivo é reprimir o consumo para quebrar a alta inflação e colocar a taxa em direção ao objetivo dos 2%.

O conselho de governadores reúne-se na próxima semana. Desde julho já aumentou os juros em 350 pontos base e não deverá ficar por aqui.

Taxas Euribor disparam

Fonte: Reuters

Para os países onde há um domínio das taxas variáveis nos empréstimos da casa, esta conjuntura é mais penalizadora. É o caso de Portugal, onde cerca de 90% dos empréstimos à habitação estão associados taxa variável.

Para ajudar as famílias com crédito da casa, o Governo avançou com várias medidas para mitigar o impacto da subida dos juros, incluindo a facilitação da renegociação do contrato com o banco ou a bonificação dos juros.

Em março, a taxa de juro média no conjunto dos contratos de crédito à habitação avançou para 2,829%, o valor mais elevado desde 2009.

Ainda de acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), o capital médio em dívida era de 62.699 euros, com a prestação média a fixar-se nos 331 euros. Isto significa que, em termos médios, o efeito da subida das Euribor em abril vai ser menor do que mostra o cenário base das simulações do ECO – que teve em consideração um empréstimo de 150 mil euros.

O ECO preparou um simulador para calcular a prestação da casa. Faça as contas para o seu caso.

Tenho um crédito à habitação no valor de euros, contratualizado por um prazo de anos, indexado à Euribor a 12 meses (que há um ano estava nos % ), com um spread de %. A prestação da casa que pago atualmente é de 308 euros, mas caso a Euribor a 12 meses passe para %, a prestação passa para 432 euros. (Mude os campos sublinhados para descobrir os números mais próximos da sua previsão.)

Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para abrir o artigo no browser.

As Euribor são calculadas nos empréstimos que os bancos fazem entre si e usadas depois como indexantes nos contratos financeiros, como os empréstimos para a compra de casa. Têm estado em forte aceleração nos últimos meses, com o mercado a ir a reboque das expectativas de um forte aperto do BCE para controlar a espiral de subida dos preços.

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