Governo falha prazo para reestruturação das CCDR

  • ECO
  • 4 Fevereiro 2023

Governo tinha definido o fim de janeiro como data-limite para as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional serem reestruturadas, no âmbito da transferência de competências, mas falhou prazo.

O Governo tinha definido o fim de janeiro como data-limite para as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) serem reestruturadas, no âmbito da transferência de competências, mas deixou passar o prazo, noticia o Público (acesso pago).

Em dezembro, uma resolução do Conselho de Ministros definiu o calendário para a descentralização de competências e reforço de poderes, tendo delineado que até ao final de janeiro as CCDR fossem alvo de uma restruturação. Segundo mesmo jornal, o facto da concentração de atribuições das CCDR implicar perda de poder e/ou partilha de competências atualmente a cargo de vários ministérios está a dificultar o processo.

Além disso, as várias crises no Governo terão contribuído para retirar o foco deste processo, dado que apesar de a pasta estar a cargo da ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, há um envolvimento grande do gabinete do primeiro-ministro, que, nesta fase, está a coordenar o processo. Segundo o Público, o diploma ainda não está concluído, mas fonte do Executivo garante que que o trabalho está em curso e será concluído em breve.

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Atraso no concurso do SIRESP custa até 7,4 milhões de euros ao Estado

  • ECO
  • 4 Fevereiro 2023

Período de transição entre contratos do Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal vai custar 1,24 milhões de euros/mês, até um máximo de 7,4 milhões, aos cofres do Estado.

O atraso no concurso do Sistema Integrado das Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP) vai custar 1,24 milhões de euros por mês, até um máximo de 7,4 milhões de euros, aos cofres do Estado, avança o Jornal de Notícias (acesso condicionado).

O contrato realizado por ajuste direto com os fornecedores atuais tinha terminado a 31 de dezembro de 2022, contudo, o Estado viu-se obrigado a negociar mais uma extensão para assegurar a continuidade do sistema até à conclusão do processo de contratação de novos operadores. Por esta extensão “a SIRESP, SA está a pagar 1,24 milhões de euros mensais, cerca de 30% menos do que os 1,77 milhões de euros do contrato que terminou em dezembro de 2022″, segundo revelou a empresa, ao mesmo jornal.

Contas feitas, vão ser “pagos 3,7 milhões de euros, se o período de transição for até 90 dias, e 7,4 milhões, se for até 180 dias”, adiantou ainda o SIRESP, sublinhando que “os montantes irão diminuindo com a entrada em vigor dos novos contratos, após os respetivos vistos do Tribunal de Contas”.

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Fisco vai avaliar e atualizar matrizes das barragens para cobrar IMI

  • Lusa
  • 4 Fevereiro 2023

Fisco vai fazer uma avaliação e atualização das matrizes das barragens e avançar com a cobrança do IMI desta tipologia de bens, segundo um despacho do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais.

A Autoridade Tributária e Aduaneira vai fazer uma avaliação e atualização das matrizes das barragens e avançar com a cobrança do IMI desta tipologia de bens, segundo determina um despacho do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Nuno Félix.

O diploma, a que a Lusa teve acesso, tem em conta e segue o parecer do Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República (PGR), aprovado por unanimidade em 2006, determinando que “a avaliação, a inscrição e a atualização matriciais das construções respeitantes aos aproveitamentos hidroelétricos (…) seja efetuada com base na natureza jurídico-patrimonial resultante do entendimento” que consta daquele parecer.

Para avançar com esta espécie de avaliação geral das barragens para efeitos de IMI, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) terá de fornecer à AT informação sobre “as construções e edificações que constituem prédios”, com base no entendimento que consta do parecer da PGR.

O despacho admite que, caso subsistam dúvidas dos serviços sobre o alcance do entendimento vertido naquele parecer, estas poderão resultar num eventual pedido de clarificação junto da PGR, mas sublinha que tal não pode pôr em risco a cobrança do IMI, tendo por isso de se ter em conta os prazos de caducidade.

Ou seja, o esclarecimento de eventuais dúvidas terá de acautelar que “a liquidação dos impostos correspondentes, que decorram da qualificação jurídico-patrimonial decorrente daquele parecer, conquanto se verifique risco de caducidade ou de prescrição do correspondente crédito tributário”.

Desta forma, ficando o processo de avaliação concluído e sendo as liquidações de IMI efetuadas até 31 de dezembro de 2023, vai ser possível à AT reclamar o IMI relativo aos anos de 2019, 2020, 2021 e 2022.

Este despacho decorre de um requerimento de dois municípios — Miranda do Douro e Mogadouro — sobre o tratamento fiscal em sede de IMI dos equipamentos de aproveitamento hidroelétrico (barragens) e depois de o PS ter anunciado um projeto de resolução em que recomenda ao Governo que clarifique a interpretação da lei sobre cobrança de IMI a barragens.

No final de janeiro, o líder parlamentar do PS afirmou que a bancada socialista quer acabar com a isenção do pagamento aos municípios por empresas detentoras de barragens, em particular a EDP.

Em declarações aos jornalistas, Eurico Brilhante Dias sustentou que a isenção no pagamento do IMI, designadamente aplicada a barragens detidas pela EDP, “não tem fundamento”.

Recorde-se que na sequência do parecer da PGR, a AT concluiu que “as construções e edificações correspondentes às barragens e às instalações afetas ao centro eletroprodutor preenchem o conceito de prédio para afeitos de IMI” devendo por isso “ser avaliados e inscritos na matriz”.

Porém, devido à elevada litigância que este entendimento gerou, em 2016 e após consulta à APA, o IMI deixou de ser cobrado por ser entendimento da APA que as barragens de utilidade pública integram o domínio público do Estado não estando por isso sujeita ao imposto.

A vertente fiscal das barragens saltou para a agenda mediática na sequência da venda pela EDP de seis barragens em Trás-os-Montes (Miranda do Douro, Picote, Bemposta, Baixo Sabor, Feiticeiro e Tua), por 2,2 mil milhões de euros, a um consórcio liderado pela Engie.

Miranda do Douro “satisfeita” com a possibilidade de ser cobrado IMI sobre as barragens

Os presidentes da câmara de Miranda do Douro, Helena Barril, e Mogadouro, António Pimentel, congratularam-se este sábado com a possibilidade de haver pagamento de IMI sobre barragens, após uma luta que já dura há mais de um ano.

A perspetiva de angariarmos esta receita proveniente do Imposto Municipal sobre Imóveis [IMI] será importante para o município de Miranda do Douro e outras autarquias, para que tenhamos mais desafogo financeiro nos cofres municipais e encararmos mais projetos como exequíveis”, disse Helena Barril à agência Lusa.

Questionada sobre a receita fiscal que pode vir a ser recebida pela autarquia de Miranda do Douro, no distrito de Bragança, que tem duas barragens (Miranda e Picote), a autarca social-democrata escusou-se a avançar valores.

“Os imóveis terão de ser avaliados e sobre esta avaliação será necessário perceber qual a taxa de IMI que o município poderá encaixar no futuro. Mas estou convencida de que tratar-se-á de uma receita muito significativa para os cofres da autarquia e que fará toda a diferença para o futuro do município“, vincou Helena Barril.

A autarca destacou ainda o papel importante assumido pelo Movimento Cultural da Terra de Miranda (MCTM) em todo este processo. Helena Barril disse ainda que vai continuar “a lutar“ pela cobrança de outros tributos, como o Imposto do Selo, o Imposto Municipal sobre as Transmissões de Imóveis (IMT) ou o IRC inerentes à transação das seis barragens da bacia hidrográfica do Douro.

Também o presidente da Câmara de Mogadouro destacou “o papel fundamental do MCTM em todo este processo”, realçando igualmente o das duas autarquias ao terem apresentado à Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) uma reclamação devidamente fundamentada a exigir o pagamento dos impostos devidos sobre a transação das barragens, como é caso do IMI e de outros impostos.

Para o autarca social-democrata do distrito de Bragança, “este despacho é devolver o seu ao seu dono”, considerando que esta decisão do Governo já “era esperada”. “Esta decisão tem toda a lógica. A não cobrança do IMI fundamentava-se num parecer muito antigo da Agência Portuguesa do Ambiente [APA] e que, na minha perspetiva, era tendencioso”, frisou o autarca de Mogadouro.

(Notícia atualizada às 14h27 com as declarações dos presidentes da câmara de Miranda do Douro e de Mogadouro)

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Governo anuncia construção do IC31 em perfil de autoestrada

  • Lusa
  • 3 Fevereiro 2023

“A decisão é avançar com o perfil de autoestrada logo desde o início", avançou João Galamba, que quer agora "avançar para poder ter máquinas no terreno em 2025”.

O ministro das Infraestruturas, João Galamba, anunciou esta sexta-feira que a construção do IC31, ligação entre a A23 e a fronteira de Termas de Monfortinho, vai ter perfil de autoestrada. “A decisão é avançar com o perfil de autoestrada logo desde o início. O primeiro troço [IC31] tem declaração de impacto ambiental positivo. Neste momento é avançar para poder ter máquinas no terreno em 2025”, afirmou aos jornalistas João Galamba no final de uma reunião em Castelo Branco, com autarcas da Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa (CIMBB), sobre a estratégia para o desenvolvimento da ligação transfronteiriça – IC31.

O ministro explicou que vai ser publicado brevemente em Diário da República o “Simplex Ambiente” e adiantou que a expectativa do Governo é que este programa possa encurtar alguns prazos. O projetado IC (itinerário complementar) 31 pretende ligar a A23, na zona de Alcains (Castelo Branco), à fronteira com Espanha, nas Termas de Monfortinho (Idanha-a-Nova), e será constituído por dois troços distintos.

Há muitos anos que Castelo Branco ambiciona uma ligação entre a A23 e a EX-A1 da Estremadura espanhola, uma obra estruturante para o desenvolvimento de Castelo Branco, do distrito, da região Centro e até mesmo do país no seu todo. Contudo, esta infraestrutura, cuja construção havia sido anunciada sem perfil de autoestrada, causou um enorme descontentamento e protestos na região.

Em dezembro, a Assembleia Municipal de Castelo Branco aprovou uma moção a solicitar ao Governo português a construção do IC31 em perfil de autoestrada. Os subscritores realçavam que o anúncio do perfil desta ligação “causou enorme deceção em todos os albicastrenses, pois não espelha o perfil de autoestrada” e adiantavam que, “para cumprir plenamente o seu objetivo, esta ligação rodoviária, mais conhecida como IC31, sempre foi vista e prometida como perfil de autoestrada”.

Com o anúncio feito pelo ministro das Infraestruturas, o Governo recua e assume a construção em perfil de autoestrada. João Galamba realçou ainda que vai avançar com o estudo do troço alternativo (o primeiro teve declaração de impacto ambiental negativa).

“Vamos avançar o mais rápido possível com a avaliação de um corredor alternativo para ultrapassar a questão que levou ao chumbo do anterior. O nosso objetivo é ter de facto, o IC31 completo o mais rapidamente possível, com perfil de autoestrada criando assim um eixo fundamental transfronteiriço em articulação com a Junta da Extremadura [Espanha]. O importante agora é garantir que a obra será feita”, concluiu.

Segundo o ministro, a garantia está dada: “É um compromisso do primeiro-ministro e um compromisso do Governo”.

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Comboio do Vouga vai voltar a parar na estação de Espinho

Depois de uma década em que foram investidos 16 milhões de euros, IP aguarda há dois anos e meio autorização para começar a usar envelope de 120 milhões de euros.

O comboio do Vouga vai voltar a parar na estação de Espinho. Mais de década e meia depois do enterramento da linha ferroviária, a Infraestruturas de Portugal (IP) apresentou um projeto para que um passageiro não precise de sair da estação para passar da Linha do Vouga para a Linha do Norte e vice-versa. Além disto, a IP pretende investir 120 milhões para requalificar a única ligação ferroviária nacional feita em via estreita.

Desde 2005 que a estação de Espinho deixou de ser servida pela Linha do Vouga. Para apanhar o comboio em via estreita passou a ser necessário sair da estação e andar mais de 500 metros a pé, onde ficou a nova estação, designada de Espinho-Vouga. A IP quer reverter esta situação.

“A solução em que estamos a trabalhar consiste no prolongamento da Linha do Vouga, criando uma solução do tipo metro de superfície, integrada no local e passando por cima da atual estação”, referiu o responsável do departamento de Mobilidade e Transportes da IP, Paulo Melo, durante um debate que decorreu na quinta-feira no Europarque, em Santa Maria da Feira. A empresa assegura que o túnel da estação de Espinho tem capacidade para suportar um comboio à superfície. Junto ao campo da feira da cidade poderá ser criado um novo apeadeiro.

Projeto da IP para a estação de Espinho voltar a contar com a Linha do Vouga.

Antes disso, a IP pretende investir um total de 120 milhões de euros na Linha do Vouga. Este valor é praticamente 10 vezes acima do montante colocado em obras na última década: 16 milhões de euros. Em 2011, a ligação ferroviária entre Aveiro e Espinho via Sernada do Vouga e Oliveira de Azeméis esteve em risco de ser totalmente encerrada.

Os trabalhos deverão começar pela renovação da via em três troços da Linha do Vouga: Aveiro-Águeda, Espinho-Vila da Feira, Oliveira de Azeméis-Sernada do Vouga. O projeto deveria iniciar-se em 2023 mas a empresa pública “aguarda autorização de encargos plurianuais desde junho de 2021” por parte do Ministério das Finanças. Segue-se a melhoria das estações e apeadeiros assim como o tratamento de taludes, até ao final de 2025.

Para a segunda fase, está a ser estudada a melhoria da velocidade média da linha dos 36 para os 52 km/h e a colocação de catenária com tensão de 750 volts em corrente contínua – a mesma utilizada para as composições do Metro do Porto.

Também está a ser preparada, no concelho de Águeda, a criação dos apeadeiros de Alagoa e Ninho de Águia, assim como a relocalização dos apeadeiros da Aguieira e de Mourisca do Vouga. Este projeto será concretizado após a assinatura de um protocolo entre o município, a IP e a CP.

Os planos incluem ainda a automatização de 70 passagens de nível e a respetiva integração no sistema de sinalização automático.

Com estes trabalhos, a Linha do Vouga poderá recuperar os passageiros perdidos nos últimos anos. Em 2019, foram contabilizados um total de 549.470 utilizadores. O número, no entanto, peca por defeito, pois basta um comboio estar cheio para que o visor não verifique se os utentes compraram ou não o bilhete.

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Setor dos media em Portugal “neste momento não está nada bem”

  • Lusa
  • 3 Fevereiro 2023

"Quando há uma dificuldade, e eu confesso que não percebo este critério, a solução tem sido emagrecer redações", diz o presidente do Sindicato de Jornalistas

O presidente do Sindicato dos Jornalistas afirmou hoje à Lusa que o setor dos media em Portugal “neste momento não está nada bem” e considerou que “mais cedo do que tarde” vai ter que existir “uma resposta global”. “O setor neste momento não está nada bem“, afirmou Luís Simões, adiantando que, face ao contexto do aumento de custos, a alta da inflação, a subida das taxas de juros, os trabalhadores têm defendido atualizações salariais e “é muito rara a empresa que está a responder a estas preocupações”.

No caso da TSF, do grupo Global Media (GMG), assistiu-se aos trabalhadores “a fazerem um plenário e a pedirem à entidade patronal que possa rever os salários”. No Jornal de Notícias (JN), que é do mesmo grupo liderado por Marco Galinha, assiste-se à “preocupação até pela saída do local de trabalho para outro que não oferece garantias, inclusivamente em termos de transportes“, apontou o presidente do SJ.

No âmbito da Media Capital, tanto na TVI como CNN assiste-se a “alguma preocupação”, não só com eventuais reduções do número de pessoas, mas “também suponho com esse aumento salarial que não está a ser feito”, e “vimos na Impresa“, dona da SIC, “os trabalhadores a fazerem um protesto silencioso pela mesma razão”, acrescentou. Mais de 150 trabalhadores da SIC protestaram em silêncio, nas instalações da Impresa, na quarta-feira, por aumentos salariais para todos, para fazer face ao aumento do custo de vida, disse à Lusa Rodrigo Gonçalves, da Comissão de Trabalhadores.

Pelo que vimos, acho que na Lusa há também os trabalhadores a tentarem que — e aqui já estamos a falar no Setor Empresarial do Estado — que seja de alguma forma a componente salarial revista“, prosseguiu Luís Simões. A verba orçamentada de 200 mil euros para aumentos salariais na Lusa “é insuficiente para as reivindicações apresentadas pelos trabalhadores” e o presidente pediu reuniões às tutelas sobre o tema, de acordo com um comunicado da Comissão de Trabalhadores (CT) de janeiro. O caderno reivindicativo para 2023, aprovado pelos trabalhadores da Lusa em 3 de novembro, inclui um aumento mínimo de 120 euros nos salários dos trabalhadores, a atualização do subsídio diário de refeição, pago em cartão, para o valor máximo não tributável, bem como a criação de um subsídio parental de 100 euros por cada filho/a, a ser pago juntamente com a retribuição do mês seguinte ao do regresso da licença parental, entre outros.

O presidente do Sindicato dos Jornalistas apontou que ainda não foi pago subsídio de Natal no jornal A Bola e que “os trabalhadores já perguntaram quando é que será e ainda não tiveram resposta”.

Em suma, trata-se de uma situação que “não é de uma empresa, não é de um jornal”, mas de uma grande maioria dos meios de comunicação social. “Do pouco que vamos sabendo, só mesmo da Cofina não nos chegou este mal estar, não sei se por não existir, se por alguma dificuldade de comunicação“, adiantou o responsável, salientando que o panorama “é negro”.

Por exemplo, o caso do Diário de Notícias (DN), “que, não sendo uma proposta de despedimento, foi um convite à saída de algumas pessoas (…) preocupa-nos” também, até porque o jornal “estava numa situação complicada e com poucas pessoas”, referiu.

Luís Simões salientou que a redução do número de pessoas está “a ser quase também generalizado” no setor dos media em Portugal, em que se assiste ao emagrecimento das redações, “com níveis de trabalho a ficarem incomportáveis para os trabalhadores”. Ou seja, “quando há uma dificuldade, e eu confesso que não percebo este critério, a solução tem sido emagrecer redações”, o que tem “uma consequência trágica”, já que reduzir o número de pessoas reflete-se na perda da qualidade da informação, o que também terá impacto nas vendas, prosseguiu.

Atualmente, “temos provavelmente das gerações com mais habilitações literárias e eu suponho que quando a solução é esvaziar as redações, provavelmente as pessoas exigirão um pouco mais, um jornalista não pode fazer o trabalho de dois, é humanamente impossível”, sublinhou.

O Sindicato dos Jornalistas está a acompanhar as várias situações dos meios de comunicação social em Portugal, procurando manter “primeiro” informados os delegados sindicais e a procurar que estes tentem “pressionar as entidades patronais a ter alguma solução para esta quebra nos rendimentos” e “aumento do volume de trabalho”. Portanto, “estamos a trabalhar em todas estas vertentes (…) e isto é que é muito complicado de dizer porque diz bem da forma como vamos andando, em quase todas as empresas de comunicação, porque não é uma, não são duas, são quase todas”, lamentou.

“É verdade que na RTP houve um aumento”, mas foi um aumento “muito escasso, qualquer coisa como 20 euros, que está muito longe de fazer face aos níveis de inflação, mas mesmo assim houve, é verdade, mas muito reduzido”, sublinhou.

O presidente do SJ salientou que se ouve “recorrentemente” os jornalistas a afirmarem que “há 20 anos que não têm aumentos“, devido às várias ondas de crise. E a crise está a refletir-se “sempre para os jornalistas e 20 anos sem reposição salarial é muito tempo”, considerou. “Acho que mais cedo do que tarde, vamos ter que ter uma resposta global“, considerou, porque os problemas são globais.

Entretanto, “estamos, acho eu, numa fase muito, muito, muito final do contrato coletivo, das negociações” e “espero que não se ultrapasse metade do mês para tentarmos assinar”, disse. “Estamos agora a rever as últimas negociações”, sendo que, aumentando o custo de vida, a inflação, até onde se pode ir em termos de salários de entrada, já que “havia quase um acordo dos 903 euros”. No entanto, “precisamos de ver se podemos ir além disso, porque, na verdade, este ano e nos últimos meses, a realidade transformou-se um bocadinho“, rematou.

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Reis de Espanha chegam a Angola na segunda-feira

  • Lusa
  • 3 Fevereiro 2023

Na visita de três dias serão assinados três memorandos de entendimento: um na área da formação diplomática, outro relativo à indústria 4.0 e um terceiro relacionado com a prática desportiva.

Os reis de Espanha, Felipe VI e Letizia, chegam na segunda-feira a Angola para uma visita de três dias que contempla encontros de alto nível, assinatura de acordos e a participação num fórum empresarial. Segundo o programa a que a Lusa teve acesso, a chegada está prevista para segunda-feira, mas a visita oficial inicia-se apenas na terça-feira com uma deslocação à Praça da República – onde se encontra o Memorial António Agostinho Neto e o jazigo do ex-presidente José Eduardo dos Santos, que morreu no ano passado – a anteceder um encontro com o chefe de Estado, João Lourenço.

No Palácio Presidencial, está prevista uma cerimónia de condecorações e a assinatura de acordos, seguindo-se na parte da tarde uma passagem pelo Banco Económico e um encontro com a comunidade espanhola. Segundo fontes contactadas pela Lusa serão assinados três memorandos de entendimento: um na área da formação diplomática, outro relativo à indústria 4.0 e um terceiro relacionado com a prática desportiva.

Por outro lado, o edifício do Banco Económico será palco de uma apresentação da Universidade Internacional do Cuanza (Cuíto, Bié), que entrou em funcionamento em outubro de 2021, e de duas exposições dedicadas ao pintor catalão Joan Miró. O fórum empresarial, que reúne empresários dos dois países, terá lugar na quarta-feira.

No mesmo dia, os reis de Espanha visitam ainda a Assembleia Nacional e o Museu de História Militar, antes de regressarem ao país na parte da tarde. Trata-se da primeira visita de Estado dos reis de Espanha a um país da África subsaariana e é aguardada “com especial entusiasmo”, como afirmou Felipe VI ao anunciar a deslocação.

O rei destacou os esforços que Espanha tem desenvolvido para aumentar o número de embaixadas em África, assim como “o aumento de contactos em diferentes níveis” com os países africanos. O chefe de Estado de Espanha acrescentou que África é “um continente vasto e plural, com infinitas necessidades e cheio de possibilidades de cooperação”, com vista ao seu desenvolvimento.

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Estados Unidos anunciam novo pacote de ajuda militar a Kiev

  • Lusa
  • 3 Fevereiro 2023

Desde o início da invasão russa da Ucrânia, os EUA já forneceram cerca de 27 mil milhões de euros em ajuda militar a Kiev.

Os Estados Unidos anunciaram esta sexta-feira um novo pacote de ajuda militar à Ucrânia, no valor de 2.175 milhões de dólares (cerca de dois mil milhões de euros), com defesas antiaéreas e mísseis antitanque Javelin.

O porta-voz do Pentágono Pat Ryder explicou que este pacote de ajuda também inclui munições e rockets de longo alcance para os Sistemas de Artilharia de Alta Mobilidade (HIMARS) fornecidos à Ucrânia por Washington.

Desde o início da invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, os EUA já forneceram cerca de 27 mil milhões de euros em ajuda militar a Kiev, sendo o país que mais ajudou a resistir à invasão russa. Nas últimas semanas, Washington anunciou o envio de 31 carros blindados Abrams para Kiev, depois de os aliados ocidentais – como Alemanha, Reino Unido e Espanha – terem anunciado idênticas medidas.

Os EUA também anunciaram o fornecimento de baterias antimísseis Patriot. No caso dos tanques de guerra Abrams, os EUA irão treinar os militares ucranianos no seu uso, num país terceiro, bem como na utilização das baterias Patriot, neste caso em solo norte-americano, no estado de Oklahoma.

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Estado é “pessoa de bem” e vai cumprir acordo sobre bónus na TAP, garante Galamba

  • Lusa e ECO
  • 3 Fevereiro 2023

O ministro das Infraestruturas João Galamba diz que a comissão de vencimentos da TAP não fixou o bónus porque "está inteiramente ligado ao sucesso de reestruturação da TAP".

O ministro das Infraestruturas, João Galamba, disse esta sexta-feira que “o Estado é pessoa de bem” e vai cumprir o que foi acordado relativamente ao bónus da presidente da TAP, se o processo de reestruturação da companhia for bem sucedido.

“Como é sabido, em 2021, houve um processo de recrutamento internacional e foi acordado um conjunto de condições que depois têm que ser ratificadas pela Assembleia Geral, que delegou na Comissão de Vencimentos. A Comissão de Vencimentos deliberou fixar — cumprindo o acordado –, as remunerações brutas. Não fixou, naquele momento, o bónus, por uma razão muito simples, porque o bónus está inteiramente ligado ao sucesso do plano reestruturação da TAP“, afirmou aos jornalistas, João Galamba.

O ministro deslocou-se a Castelo Branco, para se reunir com autarcas da Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa (CIMBB) sobre a estratégia para o desenvolvimento da ligação transfronteiriça – IC31. No final da reunião, João Galamba explicou que o plano de reestruturação da TAP, na altura da deliberação da Comissão de Vencimentos, não estava aprovado.

E foi por isso que a Comissão de Vencimentos entendeu deliberar futuramente a questão do bónus. De qualquer modo, o bónus a ser pago, será pago apenas no final 2025-2026, no final do processo de reestruturação e apenas se este for bem sucedido“, frisou.

O ministro das Infraestruturas deixou ainda um apelo, “a todos os responsáveis políticos para que entendam a importância de que este processo corra bem. Nós vamos entrar numa fase muito delicada, que é a negociação da abertura de capital da TAP. Temos excelentes perspetivas de que possa correr muito bem”. “O apelo que fazemos é de enorme responsabilidade de todos os evolvidos. É um assunto demasiado importante para que seja apenas uma arma de arremesso político”, frisou.

(notícia atualizada às 19h20 com mais declarações)

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Gasolina vai ter um desconto maior em ISP este mês

Finanças anunciam a manutenção do desconto de ISP no gasóleo e um aumento de 2,3 cêntimos por litro no desconto do ISP no caso da gasolina.

Os apoios para mitigar os efeitos do aumento dos preços dos combustíveis vão continuar em vigor durante o mês de fevereiro, anunciou o Ministério das Finanças esta sexta-feira. Enquanto o desconto no ISP no gasóleo continua o mesmo, na gasolina aumenta, em virtude da evolução de preços. Já a atualização da taxa de carbono continua suspensa.

“Face à evolução recente de variação do preço do gasóleo e da gasolina, e em comparação com o mês anterior, estas medidas temporárias resultam numa manutenção do desconto de ISP no gasóleo e num aumento de 2,3 cêntimos por litro no desconto do ISP no caso da gasolina“, lê-se no comunicado.

Em causa está o conjunto de apoios composto pelo desconto aplicável no ISP, equivalente a uma descida da taxa do IVA de 23% para 13%, o mecanismo de compensação por via de redução do ISP da receita adicional do IVA, decorrente de variações dos preços dos combustíveis e a suspensão da atualização da taxa de carbono.

“Considerando todas as medidas em vigor, a redução da carga fiscal passará a ser de 35,9 cêntimos por litro de gasóleo e de 34,8 cêntimos por litro de gasolina”, indicam as Finanças.

Devido à evolução dos preços, os descontos sobre os combustíveis, que vão estar em vigor até ao final de fevereiro, aumentam face ao mês anterior devido ao aumento do apoio na gasolina.

Esta manutenção dos descontos surge mesmo depois do alerta da presidente do Banco Central Europeu para que os Governos comecem a retirar os apoios contra a subida de preços da energia, “à medida que a crise energética se torna menos aguda”.

(Notícia atualizada às 18h55)

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Cerca de 80% do trigo, arroz e cevada consumidos em Angola são importados

  • Lusa
  • 3 Fevereiro 2023

A produção total atual de trigo, arroz e cevada atinge as 30 mil toneladas, sendo a importação superior, representando um "défice enorme" para o país.

A produção angolana de trigo, arroz e cevada regista um défice de 80%, sendo a oferta insuficiente para atender à procura de mercado, informou esta sexta-feira o diretor nacional da Agricultura e Pecuária do Ministério da Agricultura de Angola.

Manuel Dias foi orador no painel “O Desafio da Autossuficiência”, apresentando o tema “Planagrão e Planapecuária”, no 1.º Fórum Nacional da Indústria e Comércio, sob o lema “Desafios da Autossuficiência Alimentar”, organizado pelo Ministério do Comércio e Indústria. Segundo Manuel Dias, a produção total atual de trigo, arroz e cevada atinge as 30 mil toneladas, sendo a importação superior, representando um “défice enorme” para o país.

Quer o trigo quer o arroz quer a cevada, o défice anda por volta de 80%, quer dizer, o que nós produzimos não chega, 10 mil toneladas não é nada”, frisou. O responsável salientou que face a este quadro, o Governo pensou na produção em grande escala, com uma maior produtividade, com maior profissionalismo.

As necessidades são imensas, nós temos desafios, temos choques da pandemia, climáticos, e precisamos de avançar o mais rapidamente possível”, frisou o responsável, indicando que 80% da farinha usada para a produção de pão é importada.

Por sua vez, o moderador do debate, Fernando Pacheco considerou que o que está previsto no Planagrão 2023-2027 para o trigo “é inviável”. “Não há nenhuma hipótese de nós atingirmos essa meta, porque nós não temos experiência suficiente de produção de trigo, que nos permita atingir essa meta. O Brasil que está muito mais adiantado que nós – não há comparação sequer –, só agora começa a ter resultados na produção de trigo, de modo a acabar com a importação nos próximos anos”, referiu o agrónomo angolano.

“Nós dificilmente conseguiríamos fazer isso e a minha opinião: o esforço quer técnico quer financeiro a fazer no trigo deveria ser dado à produção de milho e arroz”, opinou Fernando Pacheco. De acordo com o Planagrão, a produção de milho entre 2017 e 2021 terá aumentado 25%, já o arroz teve uma produção, em 2017, de 8 mil toneladas, ficando um pouco abaixo deste valor em 2021.

Na sua apresentação, Manuel Dias destacou que a importação de milho, nos últimos quatro anos, registou uma taxa de redução de 25%, por outro lado, o arroz, o trigo e a soja verificaram aumento. Em 2021, Angola gastou cerca de 73 milhões de dólares (67 milhões de euros) na aquisição de milho, 263 milhões de dólares (241,7 milhões de euros) para importar arroz, 305 milhões de dólares (280,3 milhões de euros) para o trigo e 149 milhões de dólares (136,9 milhões de euros) para a compra de soja.

Manuel Dias informou ainda que o défice de milho, na campanha agrícola 2020/2021, situou-se em 16%, de arroz 89%, trigo 81% e soja 84%. Relativamente ao Planapecuária 2023-2027, Angola tem um efetivo bovino de cerca de três milhões, seis milhões para o caprino, dois milhões de suínos e três milhões de aves de capoeira.

O executivo angolano aprovou em 2022, o Plano Nacional de Fomento da Produção de Grãos em Angola (Planagrão) para o aumento significativo de arroz, trigo, soja e milho sobretudo nas províncias do leste do país, prevendo recursos avaliados mais de três mil milhões de dólares (2,7 mil milhões de euros).

Também foi aprovado recentemente o Plano Nacional de Fomento da Pecuária (Planapecuária), que visa o aumento da produção nacional de carne bovina, caprina, suína e a produção de ovos e leite, no valor de cerca de 300 milhões de dólares (275,7 milhões de euros).

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CEO da TAP sem contrato de gestão. E isso também trava bónus

Administradores executivos da TAP ainda não assinaram contratos de gestão onde são formalmente definidos os objetivos que depois dão direito à remuneração variável.

Além de o contrato de trabalho, onde estão definidos os prémios a receber pela CEO da TAP, não ter sido aprovado em assembleia geral, também ainda não foi assinado o contrato de gestão entre os administradores e o Estado, que é uma condição para os bónus serem pagos. Diferendo sobre seguro de responsabilidade civil dos gestores terá travado a assinatura.

O contrato de trabalho assinado entre Christine Ourmières-Widener e a TAP em junho de 2021 prevê a atribuição de um bónus entre 2,1 e três milhões de euros caso sejam cumpridos os objetivos do plano de reestruturação, segundo noticia o Jornal Económico. O documento previa que a remuneração extraordinária fosse aprovada em assembleia geral, onde o Estado já era o maior acionista com 72,5%, o que não terá acontecido, avança também aquele jornal e a CNN Portugal.

Só que para receberem os prémios, os administradores executivos da TAP têm também de submeter e ver assinados os respetivos contratos de gestão, onde são definidos os objetivos específicos a alcançar com metas quantificadas, como prevê o Estatuto do Gestor Público. A legislação estabelece que o contrato de gestão “é celebrado no prazo de três meses contado a partir da data da designação do gestor público entre este, os titulares da função acionista [Ministério das Finanças] e o membro do Governo responsável pelo respetivo setor de atividade [Ministério das Finanças]”.

Ao que o ECO apurou, os contratos de gestão com os administradores da TAP ainda não foram assinados, o que na prática também inviabiliza o pagamento dos prémios, já que o documento onde são fixados formalmente os objetivos a cumprir não existe. O motivo para o atraso prende-se com a vontade dos gestores de que o Estado pague um seguro de responsabilidade civil que os proteja caso venham a ser alvo de alguma investigação ou de um processo judicial devido às decisões tomadas, cujas condições não terão sido aceites pelas Finanças. Estes seguros, que no caso da TAP teriam um custo elevado, cobrem encargos jurídicos com a defesa ou o pagamento de multas ou indemnizações. O ECO contactou a TAP e o ministério liderado por Fernando Medina, mas até ao momento não teve resposta.

Quando o Estado comprou a participação de David Neeleman na companhia aérea portuguesa, em julho de 2020, o Governo excecionou no decreto-lei a aplicação de partes do Estatuto do Gestor Público (EGF), nomeadamente a que diz respeito ao processo de seleção dos futuros administradores e a relativa às remunerações. Christine Ourmières-Widener foi selecionada através da consultora Korn Ferry e veio ganhar um salário bruto anual de 504 mil euros.

O diploma não isenta, no entanto, a TAP do cumprimento do Artigo 18.º do EGF, onde se determina que “nas empresas que prestem serviços de interesse geral é obrigatória a celebração de um contrato de gestão”. Ao que o ECO apurou, essa foi na altura a interpretação das Finanças, que indicaram ao Ministério das Infraestruturas a necessidade de atender às exigências daquele Estatuto no que toca a este ponto.

A nova administração liderada por Christine Ourmières-Widener tomou posse em junho de 2021, ainda o plano de reestruturação da companhia aérea não tinha sido aprovado pela Comissão Europeia. O que, na prática, inviabilizava a entrega e assinatura do contrato de gestão, uma vez que as metas operacionais e financeiras a que a TAP seria obrigada ainda não eram conhecidas.

A luz verde de Bruxelas só chegou a 21 de dezembro de 2021, tendo ainda ocorrido até ao final do mês algumas negociações sobre a cedência de 18 slots no aeroporto de Lisboa. A partir daí já seria possível verter no contrato de gestão os objetivos que, a serem cumpridos, dariam lugar ao pagamento do bónus.

Segundo o Jornal Económico, Christine Ourmières-Widener terá direito a um bónus definido em função do cumprimento dos objetivos anuais, num intervalo entre 85% e 120%. O prémio corresponderá à mesma percentagem da remuneração bruta anual de 504 mil euros. Por exemplo, se num dado ano os objetivos forem atingidos a 110%, a CEO receberá uma remuneração variável equivalente a 110% da remuneração. O bónus só será pago após o plano de reestruturação, que vai até ao final de 2025. O contrato celebrado com a presidente executiva tem a duração de cinco anos, pelo que se estende até 2026.

Estado vai pagar bónus, garante ministro

O ministro das Infraestruturas, João Galamba, disse esta sexta-feira que “o Estado é pessoa de bem” e vai cumprir o que foi acordado relativamente ao bónus da presidente da TAP, se o processo de reestruturação da companhia for bem sucedido.

“Como é sabido, em 2021, houve um processo de recrutamento internacional e foi acordado um conjunto de condições que depois têm que ser ratificadas pela Assembleia Geral, que delegou na Comissão de Vencimentos. A Comissão de Vencimentos deliberou fixar — cumprindo o acordado –, as remunerações brutas. Não fixou, naquele momento, o bónus, por uma razão muito simples, porque o bónus está inteiramente ligado ao sucesso do plano reestruturação da TAP“, afirmou João Galamba, citado pela Lusa.

Na altura da deliberação da Comissão de Vencimentos, o plano ainda não estava aprovado. O ministro garantiu que “a Comissão de Vencimentos decidiu deliberar futuramente a questão do bónus.” “O bónus será pago em 2025 ou 2026 no final do plano de reestruturação e se este for bem sucedido”, acrescentou.

A antiga administradora executiva Alexandra Reis, que foi reconduzida na administração integrando a equipa de Christine Ourmières-Widener e saiu da TAP com uma indemnização de 500 mil euros, também nunca chegou a celebrar um contrato escrito de gestão, conforme consta do esclarecimento prestado pela companhia aérea ao Governo.

Curiosamente, o Estatuto do Gestor Público até permite que nos “casos em que se estipularem objetivos de gestão de exigência acrescida, o contrato de gestão pode ainda, excecionalmente, mediante despacho fundamentado do membro do Governo responsável pela área das Finanças e do membro do Governo responsável pelo respetivo setor de atividade, estabelecer um regime específico de indemnização por cessação de funções”.

(notícia atualizada às 19h23 com declarações do ministro das infraestruturas)

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