Operação “Última Edição”: Da corrupção à burla, crimes podem ir até 25 anos de prisão

Os alegados crimes cometidos pelo dono da Impala e pelos restantes arguidos podem ir até 25 anos de pena de prisão. Em causa estão os crimes de corrupção, burla, insolvência dolosa e falsificação.

Jacques Rodrigues, dono da Impala, e outros três suspeitos foram detidos fora de flagrante delito esta quinta-feira por suspeitas de crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, insolvência dolosa agravada, burla qualificada e falsificação ou contrafação de documentos no âmbito da caso “Última Edição”. Tudo somado, a pena de prisão — se houver acusação e foram condenados em sede de julgamento — pode ir até 25 anos de prisão, a pena máxima prevista em Portugal, por cúmulo jurídico. Os detidos vão agora ser interrogados pelo Tribunal de Instrução Criminal de Sintra para serem aplicadas as medidas de coação.

Neste processo está em causa suspeitas de um plano criminoso elaborado para “ocultar a dissipação de património”, através da falsificação de elementos contabilísticos de diversas empresas. O prejuízo de diversos credores, como trabalhadores, fornecedores e o Estado, está estimado em cerca de 100 milhões de euros. “Acresce a forte indiciação do desvio de valores com origem nas estruturas societárias, para fora do território nacional, num montante global que ascenderá a largas dezenas de milhares de euros”, referiu a Polícia Judiciária (PJ) em comunicado.

A operação da PJ executou 32 mandados de buscas, dos quais oito domiciliárias e 24 não domiciliárias – seis em empresas com atividade no domínio da Comunicação Social, quatro em sociedades/gabinetes de Revisores Oficiais de Conta e uma em escritório de advogado. Foram constituídos 10 arguidos.

Um dos crimes em causa é o de corrupção ativa no setor privado (artigo 9.º da Lei n.º 20/2008, de 21 de abril). Este tipo de crime é punido com pena de prisão até três anos ou com pena de multa. Segundo a lei, destina-se a “quem por si ou, mediante o seu consentimento ou ratificação, por interposta pessoa der ou prometer a pessoa prevista no artigo anterior [trabalhador do setor privado], ou a terceiro com conhecimento daquela, vantagem patrimonial ou não patrimonial, que lhe não seja devida, para prosseguir o fim aí indicado”.

Mas se o comportamento criminal tiver como objetivo prejudicar a concorrência ou um prejuízo patrimonial para terceiros, o agente é punido com pena de prisão até cinco anos ou com pena de multa até 600 dias.

Relativamente ao crime de corrupção passiva no setor privado (artigo 8.º da Lei n.º 20/2008, de 21 de abril), a lei estipula que o trabalhador do setor privado que, por si ou, mediante o seu consentimento ou ratificação, por interposta pessoa, “solicitar ou aceitar, para si ou para terceiros, sem que lhe seja devida vantagem patrimonial ou não patrimonial, ou a sua promessa, para um qualquer ato ou omissão que constitua uma violação dos seus deveres funcionais é punido com pena de prisão até cinco anos ou com pena de multa até 600 dias”.

Caso o ato cause uma distorção da concorrência ou um prejuízo patrimonial a terceiros, o crime de corrupção passiva no setor privado pune o agente com pena de prisão de um oito anos.

Entre as suspeitas tornadas públicas esta quinta-feira está também a de insolvência dolosa agravada. O crime de insolvência dolosa (artigo 227º do Código Penal (CP)) recai sobre o devedor que com intenção de prejudicar os credores “destruir, danificar, inutilizar ou fizer desaparecer parte do seu património”; “diminuir ficticiamente o seu ativo, dissimulando coisas ou animais, invocando dívidas supostas, reconhecendo créditos fictícios, incitando terceiros a apresentá-los, ou simulando, por qualquer outra forma, uma situação patrimonial inferior à realidade, nomeadamente por meio de contabilidade inexata, falso balanço, destruição ou ocultação de documentos contabilísticos ou não organizando a contabilidade apesar de devida”, “criar ou agravar artificialmente prejuízos ou reduzir lucros; ou “para retardar falência, comprar mercadorias a crédito, com o fim de as vender ou utilizar em pagamento por preço sensivelmente inferior ao corrente”.

Neste tipo de crime o infrator é punido, se ocorrer a situação de insolvência e esta vier a ser reconhecida judicialmente, com pena de prisão até cinco anos ou com pena de multa até 600 dias. Esta pena é agravada, segundo o artigo 229.ª-A do CP, de um terço, nos seus limites mínimo e máximo, se, “em consequência da prática de qualquer dos factos ali descritos, resultarem frustrados créditos de natureza laboral, em sede de processo executivo ou processo especial de insolvência”.

Sobre os arguidos recaem também suspeitas de burla qualificada (artigo 218.º CP). Este tipo de crime recai sobre quem, por meio de erro ou engano sobre factos provocados, com “intenção de obter para si ou para terceiro enriquecimento ilegítimo”, determinar outro a praticar atos que causem, a ele ou a outra pessoa, prejuízo patrimonial de valor elevado.

Neste crime público — que não depende de queixa — o agente é punido com pena de prisão até cinco anos ou com pena de multa até 600 dias. Ainda assim, a pena de prisão pode aumentar para dois a oito anos caso o “prejuízo patrimonial for de valor consideravelmente elevado“, caso o agente “fizer da burla modo de vida” ou “se aproveitar de situação de especial vulnerabilidade da vítima, em razão de idade, deficiência ou doença”, ou até em caso de “a pessoa prejudicada ficar em difícil situação económica”.

Por fim, em “cima da mesa”, estão ainda suspeitas de falsificação ou contrafação de documentos (artigo 256.º do CP). Este crime público pune o agente com pena de prisão até três anos ou com pena de multa. Neste crime está em causa a intenção do agente de “causar prejuízo a outra pessoa ou ao Estado”, de “obter para si ou para outra pessoa benefício ilegítimo”, ou de “preparar, facilitar, executar ou encobrir outro crime” através de várias formas, entre elas a de “fabricar ou elaborar documento falso” ou “abusar da assinatura de outra pessoa para falsificar ou contrafazer documento”.

Caso a falsificação recaia sobre documento autêntico ou com igual força, a testamento cerrado, a vale de correio, a letra de câmbio, a cheque ou a outra documento comercial transmissível por endosso, ou a qualquer outro título de crédito, a pena de prisão vai de seis meses a cinco anos e a pena de multa de 60 a 600 dias. Mas caso seja funcionário e o crime decorra no exercício das suas funções, o agente é punido com pena de prisão de um a cinco anos.

Esta operação decorreu esta quinta-feira foi realizada pela PJ através da Unidade Nacional de Combate à Corrupção, no âmbito de inquérito titulado pelo DIAP de Sintra. A ação policial decorreu em Lisboa, Sintra, Cascais, Oeiras, Amadora, Santo Tirso, Porto, Matosinhos e Funchal.

Em comunicado, a PJ referiu que o objetivo desta ação é a “recolha de elementos probatórios complementares e relacionados com suspeitas de atividades criminosas fortemente indiciadoras da prática dos crimes de corrupção passiva, corrupção ativa, insolvência dolosa agravada, burla qualificada e falsificação ou contrafação de documentos”.

A operação contou com a colaboração de diversas Unidades Nacionais, DLVT, Departamento de Investigação Criminal da Madeira e, ainda, com o apoio pericial da Unidade de Perícia Tecnológica e Informática e da Unidade de Perícia Financeira e Contabilística, da Polícia Judiciária, integrando mais de uma centena de investigadores criminais e peritos, para além de Magistrados Judiciais e do Ministério Público.

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Luís Rodrigues diz que está “por definir” data de entrada para liderança da TAP

  • Lusa
  • 23 Março 2023

O futuro presidente da TAP, Luís Rodrigues, avançou que "ainda está por definir" a data para a entrada em funções na companhia aérea, revelando que vai abandonar a liderança da SATA a 3 de abril.

O futuro presidente da TAP, Luís Rodrigues, avançou esta quinta-feira que “ainda está por definir” a data para a entrada em funções na companhia aérea, revelando que vai abandonar a liderança da SATA a 3 de abril.

“Quando termino aqui [na SATA], em princípio, será no dia 3 de abril. Quando começo do lado de lá, está por definir ainda”, afirmou, quando questionado sobre a sua entrada em funções na TAP.

Luís Rodrigues falava em Ponta Delgada, São Miguel, Açores, acompanhado pelo secretário das Finanças do Governo dos Açores, numa conferência de imprensa que serviu para anunciar a abertura do concurso para a privatização da Azores Airlines (que pertence ao grupo SATA).

A 9 de março, o ministro das Infraestruturas disse que o Governo quer que a ainda presidente executiva da TAP cesse funções “o mais rapidamente possível”, observando que estaria por decidir quem fica ao comando até à chegada de Luís Rodrigues, o novo CEO, em abril.

No mesmo dia, uma comunicação enviada à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), foi indicado que o presidente do Conselho de Administração da TAP, Manuel Beja, e a presidente executiva, Christine Ourmières-Widener, continuam em funções, e não conhecem os prazos previstos para a destituição.

Na sequência do relatório da Inspeção-Geral de Finanças (IGF) sobre o processo de rescisão da TAP com Alexandra Reis, que apontou falhas graves, o Governo decidiu demitir o presidente do Conselho de Administração da companhia aérea, Manuel Beja, e a presidente executiva (CEO), Christine Ourmières-Widener. O Governo escolheu Luís Rodrigues para substituir Manuel Beja e Christine Ourmières-Widener, acumulando os dois cargos.

TAP e SATA “têm de saber onde concorrer e onde cooperar”

Esta quinta-feira, instado pelos jornalistas, Luís Rodrigues rejeitou falar sobre o futuro da TAP e sobre a saída da ainda CEO da companhia aérea: “Não tenho nenhum comentário a fazer”.

Sobre o futuro relacionamento entre a TAP e a SATA, o gestor defendeu que as transportadoras têm de saber “onde concorrer e onde cooperar”. “Defendi [no passado] que a TAP e a SATA como empresas nacionais têm de saber onde concorrer e onde cooperar. É isso que temos feito nos últimos três anos e tenho a certeza que é isso que vamos continuar a fazer”, realçou.

Luís Rodrigues reconheceu ainda que a sua saída da SATA para a TAP “não estava prevista”, mas revelou que abandona a companhia açoriana de “consciência perfeitamente tranquila”.

“Acho que o futuro da SATA está a caminho de estar assegurado, assim o processo de privatização corra bem — e vai correr. As pedras essenciais estão lançadas, os procedimentos estão feitos, o júri está nomeado. Agora é só acolher as propostas dos interessados que vão existir”, reforçou.

A TAP encerrou o ano de 2022 com um lucro líquido de 65,6 milhões de euros, informou a transportadora aérea, em comunicado na terça-feira.

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Fundo comunitário Angels Way levanta 1,2 milhões para investir em startups

Investidores poderão "participar ativamente" no percurso das startups investidas. Para o arranque, o fundo publicação alteração do patamar mínimo do ticket de investimento.

O fundo comunitário Angels Way angariou 1,2 milhões de euros junto de mais de 500 pequenos investidores para investir em 20 startups portuguesas em fase inicial. Os investidores poderão “participar ativamente” no percurso das startups investidas. Para o arranque, o fundo aguarda publicação da alteração do patamar mínimo do ticket de investimento, nos atuais 50.000 euros, para um valor mais baixo.

“É a maior revolução na democratização de investimentos desde a criação da bolsa de valores”, afirma José Serra, managing partner da Olisipo Way, sociedade de investimento em que está a lançar o projeto, citado em comunicado.

“A maior parte dos investidores da Angels Way são eles próprios fundadores de startups ou pessoas com grande experiência profissional que esperavam uma oportunidade para partilhar o seu conhecimento e ajudar empresas em fase inicial a crescerem o seu negócio, aprendendo também e ganhando com o seu sucesso. Contamos também com muitos investidores experientes que têm curiosidade sobre o funcionamento do fundo e querem ter acesso a mais oportunidades”, conclui, o responsável da Olisipo Way, que investe em startups em fase inicial.

O fundo gerido pela comunidade tem um ticket de entrada de 1.200 euros e o máximo de 12.000 euros, para “permitir um maior número de participantes que se regem por um propósito comum de procurar as melhores startups em fase inicial em Portugal”, refere o fundo em comunicado.

Ao todo serão mais de 500 os pequenos investidores que vão integrar o fundo, cuja fase de arranque ocorreu em janeiro, durante a Bitalk Summit. Os investidores não estão necessariamente ligados ao ecossistema empreendedor, sendo composto por managers, a engenheiros, médicos ou professores que tenham conhecimento em diferentes áreas e verticais.

Uma gestão diferente

O fundo também terá um funcionamento diferente de um fundo habitual. Por norma, os fundos são geridos por profissionais, que levantam dinheiro junto a grandes investidores, gerem os ativos, cobrando, por isso, comissões pelo trabalho que realizam e fees de sucesso pelo crescimento do fundo.

Na Angels Way não haverá intermediação, são os próprios investidores que tomam todas as decisões em conjunto, havendo um grupo de investidores alocado a cada startup investida.

“Acreditamos que o investimento em comunidade é o futuro, essencial para exponenciar startups mais fortes. É uma forma de democratizar investimentos, dar mais apoio e visibilidade a projetos inovadores. Este modelo só é possível por ter sido desenvolvida uma tecnologia avançada que gere todas as interações entre os participantes do fundo, a partilha da informação e a transparência total de todos os processos de decisão”, afirma Tocha, executive partner da Olisipo Way, em comunicado.

O arranque do Angels Way — que já angariou mais de um milhão junto a 500 pequenos investidores interessados — está dependente da publicação da alteração legislativa que permite a redução do montante mínimo de investimento, atualmente de 50 mil euros. O fundo ainda está disponível a novos subscritores.

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Primeiro-ministro quer conclusão da União Bancária para garantir estabilidade financeira da UE

  • Lusa
  • 23 Março 2023

Embora o risco de contágio entre instituições bancárias seja hoje menor em caso de falência, António Costa apela a concluir União Bancária para "ajudar a evitar qualquer risco que exista no mercado".

O primeiro-ministro, António Costa, insistiu esta quinta-feira na necessidade de concluir o dossier da União Bancária para assegurar a estabilidade do setor bancário europeu e prevenir uma crise financeira semelhante à de 2008.

“Nós [Portugal] temos insistido que é nos momentos de acalmia que se deve tratar dos problemas, aproveitar os dias de sol para tratar do telhado. Não foi o que aconteceu e agora já há muitas nuvens no ar, convém não perder tempo e concluir este dossier da União Bancária para ajudar a evitar qualquer risco que exista no mercado“, sustentou António Costa, pouco antes do início de uma reunião do Conselho Europeu, em Bruxelas (Bélgica).

António Costa reconheceu que “desde 2008 até agora todo o quadro regulatório do sistema bancário europeu mudou radicalmente” e hoje o risco de contágio entre instituições bancárias é menor em caso de falência.

“Contudo, não devemos esquecer que a União Bancária está ainda incompleta e há um pilar fundamental, que é o da garantia de depósitos, que está por concretizar”, completou o líder do executivo português.

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Colt vai reforçar equipa em 15%. Quer chegar aos 150 colaboradores até junho

Aumentar a contratação de mulheres e "manter níveis salariais superiores à média do mercado nacional" são algumas das prioridades estabelecidas para este ano.

A Colt Technology Services Portugal está empenhada em continuar a reforçar a sua equipa em Portugal. A subsidiária do Grupo Colt tem atualmente em curso uma campanha de recrutamento que pretender aumentar a equipa nacional em mais de 15%, chegando assim aos 150 profissionais até ao final do primeiro semestre. Aumentar a contratação de mulheres, que atualmente representam 32% do total de colaboradores, e “manter os níveis salariais superiores à média do mercado nacional” são algumas das prioridades estabelecidas pela empresa para este ano.

“Em 2023 a empresa vai continuar a investir nas suas pessoas e em novas contratações que lhe permitam ampliar as suas equipas para responder às crescentes necessidades dos seus clientes, tanto em Portugal, como no resto do mundo. Para tal, a subsidiária portuguesa tem uma campanha de recrutamento em marcha com o intuito de aumentar a equipa em mais 15% e chegar aos 150 colaboradores até ao final do primeiro semestre”, anuncia a empresa, citada em comunicado.

No seu radar tem, sobretudo, perfis de software developers (Full Stack Developers, UI Developers, Application Developers), especialistas de segurança (Network Virtualisation & Security Specialists/ Consultants) e especialistas de redes IP (SDWAN and NFVi). Isto além de profissionais para as áreas de vendas, de gestão e de suporte aos clientes.

No ano passado, a Colt Technology Services Portugal investiu cinco milhões de euros em Portugal, na expansão da capacidade da sua rede de longa distância e na ligação a um novo data center em Riba d’Ave, cuja implementação está em curso. Este investimento adicional acresce aos mais de 100 milhões de euros investidos desde que a empresa chegou a Portugal na sua infraestrutura e rede de fibra ótica de alta velocidade e na contratação de recursos humanos, para ampliar a capacidade da operação portuguesa e do hub nacional que liga a Europa ao resto do mundo.

O investimento “vem fortalecer ainda mais a posição da empresa de infraestruturas digitais na Península Ibérica em geral, e em Portugal em particular”, considera a Colt.

Pacote salarial e políticas de inclusão são prioridades para 2023

Para 2023, a Colt Portugal traçou como uma das suas prioridades continuar a implementar e desenvolver as suas políticas de inclusão e diversidade, de modo a ampliar a contratação de mulheres para as suas equipas e aumentar a atual quota de 32%.

“Este é mesmo um grande objetivo para nós. Numa área tipicamente masculina como a nossa, e onde é difícil recrutar mulheres, já conseguimos que o ano passado 45% dos novos contratados fossem mulheres. Na Colt temos uma política de igualdade não só de acesso às carreiras, mas também a nível da paridade salarial e dos benefícios. Um aspeto muito importante se tivermos em conta que em Portugal, apesar das grandes mudanças que temos tido, a maioria das mulheres continua a receber salários substancialmente inferiores aos que recebem os homens”, explica Carlos Jesus, country manager da Colt Technology Services Portugal e VP global service delivery da Colt.

A subsidiária portuguesa irá igualmente reforçar as suas iniciativas para atrair e reter talento, sendo o pacote salarial, segundo a empresa, um fatores de maior competitividade. “A par deste objetivo, iremos manter a nossa política salarial que valoriza o talento. Isto reflete-se em níveis salariais superiores à média do mercado nacional, acrescidos de benefícios e bónus”, conclui o responsável pelo mercado português.

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Cooperativas defendem incentivos à produção agrícola

  • ECO
  • 23 Março 2023

Rendimentos dos agricultores caiu 12% em 2022, reclama confederação que junta cooperativas e Crédito Agrícola de Portugal.

As cooperativas agrícolas exigem iniciativas para fomentar a produção. A confederação Confagri reclama medidas para enfrentar a subida dos custos em Portugal depois de o rendimento dos agricultores ter descido 12% em 2022, refere comunicado divulgado esta quinta-feira.

A entidade diz que “sempre defendeu a isenção do IVA para os bens alimentares para minimizar os impactos desta inflação” e também assume “como prioritário” fomentar a produção”. As declarações surgem depois de o primeiro-ministro ter admitido, pela primeira vez, a descida deste imposto, no debate parlamentar de quarta-feira.

“Propomos um reforço das medidas à produção porque, tal como aconteceu com a Reserva de Crise e com a Medida Excecional de Crise FEADER [Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural], tempos excecionais exigem medidas excecionais”, entende o presidente da Confagri, Idalino Leão.

Para a Confagri, “é urgente que os estrangulamentos operacionais verificados na aplicação do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC) sejam resolvidos urgentemente, de modo que os agricultores possam submeter, atempadamente, as suas candidaturas”.

A confederação defende ainda que os preços da eletricidade e do gasóleo “sejam equiparados” aos praticados em Espanha. “Caso contrário ficamos sempre em desvantagem”, lamentam.

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Endividamento da economia aumenta para 793,9 mil milhões em janeiro

  • ECO
  • 23 Março 2023

Endividamento do setor não financeiro aumentou 140 milhões de euros para 793,9 mil milhões janeiro por conta do setor público.

A dívida total do Estado, famílias e empresas aumentou 140 milhões de euros para 793,9 mil milhões em janeiro, depois de ter caído 1,6 mil milhões no mês anterior. Esta subida deveu-se essencialmente ao aumento do endividamento do setor público, à boleia dos Certificados de Aforro, revelam os dados do Banco de Portugal.

A dívida do setor público aumentou 800 milhões para 353,4 mil milhões no arranque do ano, sobretudo junto dos particulares, que aumentou 1,9 mil milhões, devido à corrida das famílias aos Certificados de Aforro. Já a dívida do setor público junto do exterior aumentou 1,4 mil milhões. Em contrapartida, o endividamento do setor público perante as administrações públicas diminuiu 2,3 mil milhões.

Endividamento da economia aumenta 100 milhões em janeiro

Fonte: Banco de Portugal

Relativamente ao endividamento do setor privado, reduziu-se em 700 milhões para 440,6 mil milhões no primeiro mês do ano.

Registou-se um decréscimo de 400 milhões no endividamento das empresas privadas para 289,4 mil milhões e de 300 milhões na dívida das famílias para 151,2 mil milhões, “traduzindo essencialmente uma redução do endividamento junto do setor financeiro”, justifica a instituição liderada por Mário Centeno.

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Pingo Doce promete “repercutir integralmente” uma descida de IVA no preço dos alimentos

CEO do Pingo Doce diz que descida do IVA nos bens alimentares já devia ter acontecido há um ano e promete não absorver alívio fiscal nas margens de lucro.

A CEO do Pingo Doce assegura que, caso o Governo venha a decidir reduzir o IVA cobrado nos produtos alimentares, essa descida será integralmente refletida no preço final dos produtos nas prateleiras. Já o CEO da Jerónimo Martins, Pedro Soares dos Santos, antevê uma descida “substancial” dos preços dos alimentos na segunda metade deste ano.

“Vamos repercutir integralmente a diminuição do IVA no preço dos produtos”, assegurou Isabel Ferreira Pinto, numa conferência de imprensa em que criticou o Governo por só agora admitir implementar tal medida. “Se o Governo avançar com esta medida, já o devia ter feito há mais de um ano”, atirou.

A declaração surge um dia depois de o primeiro-ministro ter assumido no Parlamento que a descida do IVA dos alimentos está agora em cima da mesa, desde que o retalho se comprometa a descer efetivamente os preços. António Costa falava no debate sobre política geral no Parlamento.

Segundo o governante, o plano de ataque do Executivo passa por ajudas de Estado à produção, acordos com a produção e a distribuição e a redução do IVA dos alimentos, desde que se reflita nos preços. Uma volta de 180 graus para o Governo, que no ano passado, na apresentação do Orçamento do Estado para 2022, considerava que uma descida do IVA seria incorporada pelas retalhistas nas margens, não beneficiando as famílias.

Isabel Ferreira Pinto aceitou comentar o caso espanhol, garantindo que “não é verdade” que a descida do IVA não tenha tido impacto nas carteiras dos consumidores. “Se forem avaliar em Espanha, devido a essa diminuição do IVA, [os preços] subiram menos do que subiram em Portugal. Ajudou as famílias. Acho que o Governo foi o único agente interveniente na cadeia de valor que não fez qualquer tipo de diminuição na sua receita no ano passado. Chegou a altura de tomar medidas para ajudar as famílias portuguesas”, disse a responsável.

O CEO da Jerónimo Martins, Pedro Soares dos Santos (ao centro), com a CEO do Pingo Doce, Isabel Ferreira Pinto (à direita) e a CFO do grupo, Ana Luísa Virgínia (à esquerda)MANUEL DE ALMEIDA/LUSA 23 março, 2023

Soares dos Santos pede garantias de que produtos ficam em Portugal

Quanto aos apoios às empresas da cadeia de valor, Pedro Soares dos Santos salvaguardou que “as ajudas” não deverão ser dadas às empresas de distribuição. “Deem-nas às empresas de produção, com a garantia de que os produtos ficam em Portugal, porque a escassez que aconteceu no ano passado foi muito perigosa”, asseverou.

Confrontado pelo ECO com o plano delineado no dia anterior pelo Governo e os possíveis acordos com a distribuição, o líder do grupo Jerónimo Martins recusou negociar diretamente com o Governo — “se” tiver de ocorrer uma negociação, acontecerá sempre no seio da associação setorial, a APED.

“Vamos esperar para ver o que foi anunciado. A Jerónimo Martins não está a negociar com absolutamente ninguém. Faz-se representar na APED [como fazem todas as outras insígnias]. Essa negociação, se tiver de acontecer, não é com as companhias [diretamente]”, apontou, recusando fazer mais comentários.

Preços devem descer no segundo semestre

Na mesma ocasião, o presidente executivo da Jerónimo Martins disse antever um segundo semestre diferente para as famílias no que toca ao cabaz alimentar.

“Penso que vamos ter uma redução [dos preços no segundo semestre], potencialmente mais substancial — nunca aos valores anteriores, porque os custos já cá estão. Vamos ter um segundo semestre diferente desse ponto de vista. Já estamos a ver os primeiros sinais na área dos vegetais e dos frescos”, rematou Pedro Soares dos Santos.

A conferência de imprensa desta quinta-feira acontece um dia depois de a Jerónimo Martins ter publicado os lucros do ano passado, que atingiram 590 milhões de euros, um crescimento de 27,5% face a 2021.

(Notícia atualizada pela última vez às 13h18)

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Inflação ajudou vendas da Jerónimo Martins. “Mas não é deste crescimento que o grupo gosta”, diz Soares dos Santos

CEO da Jerónimo Martins confirma que inflação puxa pelo negócio agora, mas diz-se insatisfeito, porque vendas com preços altos "destroem sociedades e empresas" no médio prazo.

O presidente do grupo Jerónimo Martins, Pedro Soares SantosMANUEL DE ALMEIDA/LUSA

O líder da Jerónimo Martins assume que a inflação contribuiu para o aumento das vendas do grupo no ano passado. No entanto, Pedro Soares dos Santos garante não estar satisfeito com isso, devido aos problemas causados pela subida generalizada dos preços na economia e na sociedade no médio prazo.

Além disso, numa conferência de imprensa no rescaldo da apresentação dos resultados anuais, o grupo estimou que poderá ter de pagar 700 mil euros no âmbito da contribuição sobre os lucros extraordinários implementada pelo Governo, mas dá como quase certo que a vai contestar.

O grupo internacional que manda no Pingo Doce viu as vendas globais crescerem 21,5% no ano passado em comparação com o ano anterior, totalizando 25,4 mil milhões de euros. “Não posso negar que a inflação ajudou, mas não é deste crescimento que o grupo Jerónimo Martins gosta”, afirmou o presidente executivo numa conferência de imprensa esta quarta-feira.

“Estas vendas assentes em inflação só destroem as sociedades e as empresas a médio prazo. Não permitem às empresas terem crescimentos saudáveis. A inflação é o maior imposto que afeta especialmente as pessoas pobres, retira competitividade às famílias e aos consumidores”, explicou o gestor, posição que viria a repetir várias vezes aos jornalistas.

O presidente da Jerónimo Martins foi ainda mais longe, dizendo que os investidores questionam “cada vez mais” porque é que a retalhista continua a investir em Portugal. “Não há crescimento económico neste século. Estamos cada vez mais num país que está consumido pelo envelhecimento da sua população e é cada vez mais pobre”, justificou, referindo ser necessário uma razão mais económica para manter o negócio no país. Ainda assim, a intenção é manter e continuar a investir na operação.

Soares dos Santos aproveitou a conferência de imprensa para mandar recados aos políticos, relativizando o negócio em Portugal em comparação com dois outros mercados que representam a fatia de leão (80%) do negócio da Jerónimo Martins: a Polónia e a Colômbia. No ano passado, o grupo pagou 845 milhões em impostos, dos quais 679 milhões na Polónia, 148 milhões em Portugal e 18 milhões no mercado colombiano, apontou o gestor durante uma apresentação.

Ainda assim, a empresa poderá ter de pagar 700 mil euros em Portugal com a chamada contribuição sobre os lucros extraordinários, a maioria com o negócio na Madeira (que será taxado a 60% sobre os lucros, notou o grupo). Deste valor, 200 mil dizem respeito ao Pingo Doce. A administradora com o pelouro financeiro, Ana Luísa Virgínia, admitiu que a empresa “quase de certeza” que vai contestar a taxa, por considerar estar a ser penalizada depois dos prejuízos causados pela Covid-19.

(Notícia atualizada pela última vez às 13h04)

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BEI financia EGF em 100 milhões de euros para aumentar recolha de resíduos em Lisboa

Este é o terceiro empréstimo do BEI concedido à entidade gestora de resíduos de Lisboa. Montante servirá para aumentar recolha e tratamento de resíduos dos municípios da capital.

O Banco Europeu de Investimento (BEI) concedeu à EGF, a empresa responsável pelo tratamento e valorização de resíduos urbanos dos municípios de Lisboa, um empréstimo de 100 milhões de euros.

O financiamento concedido e anunciado esta quinta-feira, em Lisboa, permitirá melhorar e aumentar a recolha seletiva de resíduos urbanos e modernizar os centros de triagem e de valorização orgânica da empresa da capital. Além disso, sublinham o BEI e a EGF, este financiamento permitirá cumprir as metas do recém aprovado e anunciado Plano Estratégico Nacional para os Resíduos Urbanos (PERSU 2030) — que não foi, contudo, ainda apresentado e tornado público.

“É um momento de grande alegria e de sensação de dever cumprido, termos sido capazes de reunir as capacidades e competências para concretizar este contrato”, afirmou esta manhã, Emídio Pinheiro, presidente do Conselho de Administração da EGF, frisando ser também uma “grande responsabilidade” concretizar este novo financiamento.

Segundo o responsável, com este montante vão ser financiados alguns projetos visados no plano de investimentos até 2024, no valor de 202 milhões de euros, nomeadamente, o aumento da recolha e tratamento de biorresíduos, a melhoraria dos aterros sanitários e renovação dos centros de triagem e as estações de tratamento de águas residuais (ETAR).

Este é o terceiro empréstimo concedido à EGF. Entre 2019 e 2021, o BEI disponibilizou 75 milhões de euros à EGF, facilitando a construção de novas unidades de valorização de resíduos em todo o país. Nos últimos anos, a entidade comprometeu-se em financiar a implementação da recolha seletiva e de novos processos de valorização de resíduos, bem como para a implantação de novas tecnologias industriais e de instalações mais modernas.

Para Mourinho Félix, vice-presidente do BEI, a gestão de resíduos é uma “área prioritária do banco“, que tem no topo da agenda a descarbonização e a neutralidade carbónica no bloco europeu, até 2050. “Damos prioridade a projetos que promovam a economia circular e promovam a gestão de resíduos”, declarou esta manhã, sublinhando que o setor é crucial para proteger a saúde pública e o meio ambiente.

“Reciclamos apenas um terço do lixo que produzimos (32%). Estamos abaixo da média europeia“, alertou Mourinho Félix.

Em 2017, os 27 Estados-membros, chegaram a acordo para impor o objetivo de reciclagem obrigatória de resíduos urbanos, que deverá crescer gradualmente até atingir os 65% em 2035, devendo atingir antes uma percentagem de 55% em 2025, 60% em 2030. “Temos um caminho longo a fazer até 2030”, concluiu o número dois da liderança do BEI.

Além de ser necessário aumentar a capacidade de reciclagem, Portugal tem que reduzir a quantidade de resíduos que envia para aterro. Até 2035, os 27 Estados-membros têm que atingir a meta de 10% dos resíduos urbanos em aterros sanitários, mas em 2021, de acordo com os dados da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), Portugal registou uma taxa deposição de resíduos urbanos em aterro de 53%.

Questionado se serão necessários mais empréstimos nesse sentido, Mourinho Félix deixa claro que sim, sublinhando que “a distância que temos até 2030 e 2035 é muito significativa”. “Se vamos atingir estes objetivos, temos que aumentar a capacidade de tratamento e reciclagem de resíduos. Vai ser necessário investir“, vincou.

Segundo as estimativas do banco, o valor global afeto ao setor em Portugal desde 1987 está perto de 700 milhões de euros, tendo contribuído para uma atividade de gestão de resíduos mais sustentável no país e para a qualidade de vida dos seus cidadãos.

O plano de investimentos bianual da EGF (2022-2024 está avaliado em 202 milhões de euros e além de contar com o financiamento do BEI, soma ainda o apoio de 28 milhões do Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR) e 71 milhões de euros provenientes de outras fontes de financiamento.

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Banco de Inglaterra sobe juros em 25 pontos, para 4,25%

  • Joana Abrantes Gomes
  • 23 Março 2023

Depois de se saber que a inflação homóloga no Reino Unido avançou inesperadamente para 10,4% em fevereiro, e apesar da turbulência no setor bancário, o BoE subiu os juros pela 11.ª vez consecutiva.

O Banco de Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) decidiu esta quinta-feira aumentar as taxas de juro pela 11.ª vez consecutiva, com uma subida de 25 pontos base, para 4,25%, em linha com as expectativas dos analistas.

A maioria (sete) dos membros do Comité de Política Monetária do BoE votou a favor deste aumento, argumentando que as perspetivas mais fortes do país para o PIB e o emprego poderiam “reforçar a persistência de custos mais elevados nos preços ao consumidor”, enquanto dois membros votaram na manutenção da taxa diretora em 4%, tal como na reunião de fevereiro. Esta decisão atira os custos dos empréstimos para novos máximos de 2008.

Em comunicado, a autoridade monetária liderada por Andrew Bailey perspetiva que os bancos britânicos sejam “resilientes” e estejam “bem posicionados para continuar a apoiar a economia em vários cenários económicos, incluindo num período de taxas de juro mais elevadas”.

O Comité de Política Monetária aponta também para uma melhoria das perspetivas de crescimento económico e de inflação desde a sua última reunião em fevereiro. Porém, o BoE disse que vai “acompanhar de perto” qualquer efeito que as tensões do mercado possam ter sobre as condições de crédito enfrentadas pelas famílias e empresas.

O objetivo é combater a inflação elevada, que permanece nos dois dígitos e acelerou inesperadamente em fevereiro para 10,4%, embora na reunião anterior o banco central inglês admitisse que era provável que a inflação já tivesse atingido o pico.

O BoE segue, assim, a Reserva Federal dos EUA, que na quarta-feira voltou a subir os juros, mas diminuiu a dose para 25 pontos base. Na manhã desta quinta-feira, o Banco Central da Noruega também anunciou um aumento de 25 pontos base da sua taxa de juro diretora, para 3%.

Já o Banco Central Europeu (BCE) decidiu, na semana passada, aumentar as taxas de juro de referência em 50 pontos base, apesar da turbulência que os mercados financeiros assistiram nos últimos dias com a falência de bancos norte-americanos e com o caos em torno do Credit Suisse.

(Notícia atualizada às 12h38)

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Greve dos funcionários judiciais já adiou mais de 21 mil julgamentos e diligências

  • Lusa
  • 23 Março 2023

A greve dos funcionários judiciais já provocou o adiamento de mais de 21 mil diligências e julgamentos nos tribunais e serviços do Ministério Público desde o seu início em 15 de fevereiro.

A greve dos funcionários judiciais já provocou o adiamento de mais de 21 mil diligências e julgamentos nos tribunais e serviços do Ministério Público (MP) desde o seu início em 15 de fevereiro.

Um levantamento feito pela Lusa junto das 23 comarcas existentes em Portugal mostra que o número de julgamentos e diligências que tiveram de ser adiados devido à ação de luta do Sindicato dos Funcionários Judiciais (SFJ) ascende a 21.370, com destaque para a comarca do Porto, onde foi registado o adiamento de 4.184 diligências entre 15 de fevereiro e 17 de março, cerca de 20% do total nacional.

Logo a seguir surge a comarca vizinha de Porto Este, na qual foi reportada uma estimativa de 3.000 adiamentos durante o primeiro mês de greve, em que o SFJ reivindica como prioridade imediata a questão da integração do suplemento processual no vencimento, além das matérias relacionadas com os concursos de acesso e formação, o descongelamento das carreiras, a tabela salarial e o problema do défice de funcionários.

O peso dos números da greve foi mais pronunciado no Norte, com a comarca de Braga a registar o adiamento de 2.994 julgamentos e diligências (2.396 da área judicial e 598 relativas ao MP) entre 15 de fevereiro e 20 de março.

Em Aveiro, a greve já adiou 1.572 diligências (entre 15 de fevereiro e 10 de março). Os efeitos da greve sentiram-se de forma mais evidente nas semanas de 27 de fevereiro a 03 de março (431 diligências adiadas) e de 06 a 10 de março (412), mas o relatório semanal do impacto da greve nesta comarca refere ainda que foram adiadas 241 diligências entre 15 e 17 de fevereiro, 263 na semana de 20 a 24 de fevereiro e 225 entre 13 e 17 de março.

Acima dos mil adiamentos desde o arranque da greve encontram-se também as comarcas de Lisboa, com 1.501, contabilizados até 12 de março; Lisboa Oeste (Sintra, Cascais, Amadora, Oeiras e Mafra), que registou pelo menos 1.391 adiamentos (15 de fevereiro a 17 de março); e Viseu, cuja área geográfica abrange o território de 17 municípios, onde foram adiadas 1.013 diligências (tribunal judicial e MP), entre 15 de fevereiro e 12 de março, devido à greve aos atos processuais decretada pelo SFJ, entretanto prolongada por mais um mês (até 15 de abril).

A comarca de Setúbal indicou o adiamento de 983 diligências até 17 de março; Faro registou 890 adiamentos (15 de fevereiro a 10 de março); Santarém contabilizou pelo menos 694 entre 13 de fevereiro (data em que apenas estava em vigor a greve ao período da tarde convocada pelo Sindicato dos Oficiais de Justiça, SOJ) e 14 de março; e Leiria assinalou 421 entre 10 de janeiro e 10 de março, tendo sido a única a fornecer dados que abrangeram também a paralisação decretada pelo SOJ.

Seguem-se as comarcas da Madeira (375 e só da esfera judicial), Viana do Castelo (365, total indicado pelo SFJ entre 15 de fevereiro e 13 de março), Vila Real (352 de 17 de fevereiro a 17 de março), Lisboa Norte (336 julgamentos entre 15 de fevereiro e 14 de março), Castelo Branco (319 no período de 15 de fevereiro a 18 de março), Coimbra (297, divididos por 132 julgamentos e 165 outras diligências entre 15 de fevereiro e 14 de março), Açores (179 de 15 de fevereiro a 10 de março), Évora (173 entre 15 de fevereiro e 15 de março), Guarda (161, de 15 de fevereiro a 17 de março), Beja (81 até 14 de março), Bragança (80, entre 15 de fevereiro e 17 de março) e, por fim, Portalegre (nove, entre 15 de fevereiro e 20 de março).

Além das variações das datas de contabilização transmitidas pelas comarcas, houve também diferenças assinaláveis no nível de detalhe e nas formas de registo, comunicação e entendimento pelos magistrados relativamente aos adiamentos. Várias reportaram unicamente o total de julgamentos/diligências adiados pela greve, enquanto outras indicaram totais semanais e algumas até estratificaram pelo tipo de atos afetados.

Os totais relatados pelas comarcas superam os números de adiamentos que tinham sido revelados pelo próprio SFJ na semana passada e que apontavam para cerca de 15 mil. Para esta quinta-feira, às 15h00, está prevista uma nova reunião entre o Ministério da Justiça e o sindicato, numa altura em que não é ainda conhecido o parecer solicitado ao Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República sobre a legalidade da greve.

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