“Se fomos todos enganados temos de tirar consequências” dos fundos Airbus para a TAP, diz Pires de Lima

António Pires de Lima, ex-ministro da Economia, diz que se os 53 aviões comprados pela TAP tiverem sido comprados acima do preço de mercado a capitalização foi ilegal. Mas não é essa a sua opinião.

Já lhe chamaram “doação”, “desconto comercial”, “contribuição” e “cash credit“. Os fundos oriundos da Airbus que David Neeleman usou para capitalizar a TAP na privatização de 2015 têm sido um dos temas quentes da comissão parlamentar de inquérito. Pires de Lima, antigo ministro da Economia, traçou uma linha: se os aviões comprados pela companhia aérea chegaram a preço de mercado foi tudo legal, como acredita. Se vieram mais caros, “é preciso tirar consequências”.

A Atlantic Gateway, de David Neeleman e Humberto Pedrosa, assumiu na compra de 61% da TAP em 2015 o compromisso de capitalizar a companhia aérea com 226,75 milhões de euros. Dinheiro que foi entregue ao empresário de nacionalidade brasileira e americana pela Airbus, no âmbito da desistência de um contrato para a compra de 12 aviões A350 e a aquisição de 53 aeronaves da família A320 e A330.

Uma análise legal da Serra Lopes, Cortes Martins & Associados, pedida pela TAP em 2022 e noticiada pelo ECO, considera que a capitalização poderá ser ilegal, por a companhia ter financiado a sua própria capitalização ao pagar mais do que as concorrentes pelos aviões. Uma avaliação pedida pela transportadora em 2022 à Airborne Capital, uma consultora irlandesa, conclui que a TAP estará a pagar até mais 254 milhões pelas aeronaves.

Já o parecer da Vieira de Almeida que o Governo usou para suportar a privatização em 2015 considera que a operação só violaria a lei “se a aquisição futura dos aviões pela TAP SA no âmbito do contrato não fosse realizada a preços de mercado”. As avaliações apresentadas à altura apontavam, pelo contrário, para um desconto.

“Os pareceres da Vieira de Almeida e da Serra Lopes Cortes Martins vão no mesmo sentido. Se os aviões tivessem chegado à TAP acima do preço justo existiria uma situação de assistência financeira, que é ilegal”, afirmou, assinalando, no entanto, que as avaliações de três entidades realizadas em 2015 garantiam que o negócio foi feito a preço de mercado ou mesmo com um desconto, que quantificou em 4%.

“Se amanhã se viesse a comprovar que os aviões foram comprados acima do preço de mercado e portanto foi a TAP que financiou a Airbus, que por sua vez financiou o senhor Neeleman”, então “estamos perante uma capitalização que não foi capitalização nenhuma”, considerou. “Se fomos todos enganados temos de tirar consequências”, afirmou. “Ainda bem que há instituições, e o Ministério Público, que estão a fazer averiguações”.

A esquerda confrontou Pires de Lima com o facto de o alegado desconto na compra dos aviões ter ido parar à DGN de David Neeleman em vez de diretamente à TAP.

“Eu acho que se põe com ligeireza em causa a Airbus neste processo. É uma empresa detida por Estados europeus e cotada em bolsa. Tenho dificuldade em acreditar que a Airbus se expusesse a fazer um negócio atribuindo a um acionista aquilo que no seu entendimento seria de um cliente seu. Seria um risco reputacional muito sério para a Airbus”, argumentou.

Tenho dificuldade em acreditar que a Airbus se expusesse a fazer um negócio atribuindo a um acionista aquilo que no seu entendimento seria de um cliente seu.

António Pires de Lima

Ex-ministro da Economia

A explicação racional é que a Airbus foi muito beneficiada com a compra de aviões que consta do plano estratégico e o senhor Neeleman usou-se disso. Negociou com Airbus que uma parte do dinheiro que a Airbus ia ganhar devia ser usada para o financiar a ele na capitalização da TAP”, conclui. “O senhor Neeleman apropriou-se de 227 milhões que eram da Airbus”, vaticina. Fez até umas contas rápidas, apontando um valor de 3 mil milhões para o contrato dos A350 e de 6 a 7 mil milhões para a encomenda de 53 aviões.

“O facto de o dinheiro vir da Airbus não significa um crime. O facto de David Neeleman, um empresário hábil, ter ido buscar o dinheiro à Airbus, não é crime”, atirou.

Pires de Lima contesta também a avaliação da Airborne Capital, apesar de afirmar que não conhece o estudo. “A informação que vou tendo é que é mais um parecer relativamente pouco fundamentado do que uma auditoria. Se fosse verdade esse estudo estaria a pôr em causa a honorabilidade do senhor Neeleman, do senhor Pedrosa, de quem os assessorou, da Airbus, do conselho de administração da TAP e dos administradores que vieram depois”, defendeu o ex-governante.

O atual CEO da Brisa avança uma eventual explicação para o relatório pedido à consultora irlandesa. “No âmbito do processo de reestruturação foi pedido à administração para reduzir custos junto de todos os administradores. Considero normal que um conselho de administração, com este mandato, tenha procurado cortar custos não só nos trabalhadores mas também nos fornecedores e tenham procurado matéria para renegociarem contratos. A Airbus é um dos principais fornecedores, se não o principal fornecedor da TAP”, sustentou.

“Quando a privatização foi decidida nós não tínhamos conhecimento dos fundos Airbus”, sublinhou o ex-ministro da Economia. “Algures na segunda quinzena de setembro [de 2015] fui informado pelo secretário de Estado Sérgio Monteiro da intenção da Atlantic Gateway usar fundos da Airbus para assegurar a quase totalidade da capitalização. Tanto para o Sérgio Monteiro como para mim estava claro que esses fundos da Airbus não podiam nunca ser financiados pela TAP. Nunca podiam significar um custo maior para os 53 aviões comprados”, sustentou.

Pires de Lima assinalou ainda que “o compromisso que a Atlantic Gateway assumiu connosco e que está nas cartas anexas de 24 de junho são independentes dos fundos Airbus. Se o senhor Neeleman não tivesse chegado a acordo com a Airbus para este mecanismo teria a obrigação de comprar a TAP à mesma“, argumentou.

Hugo Costa, do PS, confrontou ainda Pires de Lima com o facto de na mesma altura em que fechou o acordo com a Airbus, a brasileira Azul, de que Neeleman era acionista e presidente, também ter acordado com a fabricante uma encomenda de aeronaves. “Não tenho conhecimento. Suponho que sejam processos independentes. Se isso aconteceu não me parece que senhor Neeleman tenha cometido qualquer crime”, afirmou o atual CEO da Brisa.

Os socialistas lembraram ainda que o segundo Governo de Passos Coelho fechou a privatização dois dias depois de ter sido chumbado pela esquerda no Parlamento, esquerda essa que era contra a privatização. “Não é muito fácil ao PS procurar dar lições de ética ao Dr. Pedro Passos Coelho e ao Governo PSD/CDS”, respondeu o ex-ministro. “Vou ignorar a sua provocação porque estamos numa comissão parlamentar de inquérito“, retorquiu Hugo Costa.

Pires de Lima deu ainda os parabéns ao Governo socialista por ter mudado de opinião e estar agora “tão empenhado em privatizar a TAP no segundo semestre de 2023”. Uma operação que vai acontecer em “circunstâncias muito diferentes”. “A TAP agora tem capital em abundância”, como assinalaram Mário Centeno e João Leão, disse.

António Pires de Lima foi ministro da Economia do Governo PSD/CDS entre 2013 e 2015, estando em funções quando foi preparado o processo de privatização de 61% da TAP à Atlantic Gateway de David Neeleman e Humberto Pedrosa. A operação foi fechada a 12 de novembro já no segundo (e curto) Executivo de Passos Coelho, com Miguel Morais Leitão como ministro. Com uma longa carreira de gestor, o atual CEO da Brisa já tinha sido ouvido sobre a companhia aérea no início de abril, mas na Comissão de Economia e Obras Públicas.

A comissão parlamentar de inquérito para “avaliar o exercício da tutela política da gestão da TAP” foi proposta pelo Bloco de Esquerda e aprovada pelo Parlamento no início de fevereiro com as abstenções de PS e PCP e o voto a favor dos restantes partidos. Nasceu da polémica sobre a indemnização de 500 mil euros paga a Alexandra Reis para deixar a administração executiva da TAP em fevereiro de 2022, mas vai recuar até à privatização da companhia em 2015. Tomou posse a 22 de fevereiro, estando a votação do relatório final prevista para 13 de julho.

(notícia atualizada às 20h03)

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Situação de seca agravou-se em maio e chegou a todo território continental

  • Lusa
  • 7 Junho 2023

O IPMA destaca o aumento da classe de seca moderada na região Norte e Centro, na região Sul e alguns locais do Vale do Tejo nas classes de seca severa e extrema.

A situação de seca meteorológica agravou-se em Portugal continental no mês de maio, estando todo o território continental em seca, 35% do qual em seca severa e extrema, revelou esta quarta-feira o IPMA.

O boletim climático do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) referente ao mês de maio refere que se verificou um aumento da área em seca, com todo o território em situação de seca meteorológica. O IPMA destaca o aumento da classe de seca moderada na região Norte e Centro, na região Sul e alguns locais do Vale do Tejo nas classes de seca severa e extrema e a diminuição da classe de seca extrema e aumento da classe de seca severa.

“No final de maio 35% do território encontrava-se em seca severa e extrema (26% e 9% respetivamente) afetando especialmente as zonas do Vale do Tejo, do Alentejo e do Algarve”, precisa aquele instituto. Segundo o IPMA, 25,3% do território está em seca fraca, 39,4 % em seca moderada, 26,3 % em seca severa e 8,9 % em seca extrema.

O documento dá também conta que, em relação ao final de abril, se registou em maio um aumento da percentagem de água no solo na região Norte e parte do Centro, em especial nos distritos de Bragança, Vila Real, Viseu, Coimbra, Guarda e Castelo Branco devido “essencialmente à situação de instabilidade que ocorreu entre os dias 26 e 31 de maio, com ocorrência de aguaceiros, por vezes fortes e de granizo”.

Por outro lado, precisa o boletim, “destacam-se as regiões do Vale do Tejo, do Baixo Alentejo e do Algarve com valores de percentagem de água no solo inferiores a 10%, sendo já em alguns locais iguais ao nível do ponto de emurchecimento permanente”.

O IPMA indica igualmente que o mês de maio em Portugal continental se classificou como muito quente em relação à temperatura do ar e muito seco em relação à precipitação, tendo sido o oitavo maio mais quente desde 1931. O Instituto Português do Mar e da Atmosfera sublinha que, dos 10 meses de maio mais quentes, sete ocorreram depois de 2000.

A temperatura máxima do ar em maio foi a décima mais alta desde 1931 com um valor médio de 24.55 graus centígrados, quase quatro graus acima do valor normal, enquanto a temperatura mínima foi a sétima mais alta desde 2000 com um valor médio de 11,84 graus, 1,34 graus superior ao valor normal.

De acordo com o IPMA, a precipitação total em maio correspondeu a 49% do valor normal, valores inferiores aos deste mês ocorreram em 25% dos anos, desde 1931. O boletim refere ainda que, durante o mês de maio, destaca-se o período de 26 a 31 de maio com ocorrência de aguaceiros, por vezes fortes, de granizo e acompanhados de trovoada, em especial na região interior Norte e Centro.

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Em 43,2% dos media ucranianos existe pelo menos um trabalhador a servir nas Forças Armadas

9,3% dos OCS também indicaram que transferiram apoio dado por leitores para o esforço militar ou para ajudar habitantes de áreas localizadas em zonas da linha da frente do conflito militar.

Quase um ano e meio depois da invasão russa da Ucrânia, também os meios de comunicação locais se tiveram de adaptar à nova realidade. Um dos dados mais relevantes é que em 43,2% dos meios de comunicação locais existe pelo menos um trabalhador a servir nas Forças Armadas Ucranianas, sendo que a quase totalidade destes (95%) mantém o seu trabalho civil.

As equipas editoriais com funcionários a servir militarmente costumam inclusivamente fornecer assistência financeira através da compra de equipamentos militares e equipamentos de proteção individual.

Estes são alguns dos dados revelados no estudo “The State of Local News in Ukraine 2023”, da Ukraine’s Media Development Foundation, cujos inquéritos foram respondidos por 44 meios de comunicação – 39 de âmbito regional e cinco de âmbito nacional.

Entre os meios questionados, 63,6% disse ter mais trabalhadores atualmente do que tinha antes de a guerra estalar, enquanto 27,3% disse ter menos. Quatro equipas editoriais (9%) mantiveram o mesmo número de trabalhadores. No total, os meios de comunicação empregaram 109 trabalhadores durante o ano anterior às respostas, o que levou a um crescimento de cerca de 25%.

A perda de trabalhadores “chave”, no entanto, impactou 18,2% dos meios de comunicação, tendo as suas responsabilidades sido distribuídas entre os restantes funcionários. No total – entre jornalistas, editores, designers, gestores de redes sociais, comerciais, etc. – os 44 meios de comunicação analisados empregam 548 trabalhadores.

A falta de pessoal mantém-se como um problema urgente para a maioria dos media, com apenas oito dos meios inquiridos (18,2%) a dizer que tem os postos de trabalho criativos plenamente preenchidos. No que toca a jornalistas, alguns meios de comunicação não têm editores, sendo que correspondentes e jornalistas de investigação também são bastante procurados.

Metade destes meios disse que as suas subvenções por parte do Estado aumentaram mais de 50% desde o último inquérito (na primavera de 2022), sendo que apenas um meio de comunicação disse que o apoio diminuiu. Cerca de 22% dos inquiridos afirmou que se mantinha na mesma.

Através do inquérito foi ainda possível averiguar que 44,7% dos órgãos de comunicação social locais indicaram que com o seu orçamento conseguiam assegurar três meses de funcionamento em avanço, enquanto 26,3% disse que apenas conseguiria sobreviver até um mês de avanço (em 2022, este número era de 23%). 18,4% disse ter orçamento para seis meses e 10,5% para um ano.

Em média, 75% dos orçamentos destes meios são destinados aos salários dos trabalhadores e 22% a custos administrativos, como renda, viagens de trabalho, combustível ou comunicações.

Apenas 20,5% dos meios questionados disseram que pretendem gastar parte do seu orçamento em marketing, sendo que a média de valor a alocar a este setor por parte dos meios de comunicação é de 16% do orçamento total.

Segundo o relatório, 44,2% contam com apoio financeiro dado pelos leitores, o que acontece mais regulamente através do Patreon e menos através de Paypal, transferências bancárias ou assinaturas. 9,3% dos inquiridos referiu ainda o apoio não material por parte dos leitores, como sejam agradecimentos, mensagens pessoais e nas redes sociais ou participação em inquéritos.

9,3% dos meios de comunicação também indicaram que transferiram o apoio dado por leitores – adquirido através de angariações de fundos etc. – para as forças armadas ou para ajudar habitantes de áreas localizadas na linha da frente do conflito militar.

A quase totalidade dos inquiridos (cerca de 95%) disse que a guerra alterou a sua estratégia de produção de conteúdos, sendo notório um aumento na aposta em notícias. A guerra permanece como a principal fonte de conteúdos, com a maioria dos meios a dar conta de um aumento de conteúdos relacionados com informações da linha da frente, histórias de soldados, voluntários e migrantes, informações sobre armas ou obituários.

Os meios de comunicação maiores produzem cerca de 30 conteúdos diariamente e dispõem de um orçamento anual de dois a três milhões de hryvnia ucranianos (entre cerca de 50 mil e 76 mil euros).

De uma forma geral existe vontade para apostar na criação de mais conteúdos em formato vídeo, com 52,27% das equipas editoriais a referirem ter um desejo claro para apostar neste tipo de conteúdos. Dez dos inquiridos indicou que dispunha de um departamento de vídeo em separado ou que estava a trabalhar para estabelecer um.

Já quanto a podcasts, três equipas editoriais referiram ter começado a trabalhar em podcasts no último ano e sete mencionaram interesse em desenvolver conteúdos neste formato no futuro, aponta o estudo.

Cerca de 43,2% das equipas editoriais diz ter sido sujeita a pressões, em grande parte exercida pelas autoridades locais, as quais ameaçam os jornalistas ou ignoram os seus pedidos de informação, refere a Ukraine’s Media Development Foundation.

Segundo esta fundação, os meios de comunicação procuram ativamente fontes que permitam combater a desinformação mas encontram limitações na perseguição deste objetivo, como o acesso fechado a civis a determinadas zonas. Os meios de comunicação dispõem ainda de informadores dentro dos territórios temporariamente ocupados, mas estes correm sérios riscos de segurança, tendo os inquiridos relatado pelo menos um episódio recente de aprisionamento de um informador.

Devido à fuga das pessoas dos territórios temporariamente ocupados e do medo provocado através dos mecanismos de controlo das autoridades ocupantes, o número de informadores e de informação disponível diminuiu, fazendo com que as notícias de pequenas aldeias ou cidades escasseiem, revela o estudo.

A maioria (81,9%) dos meios de comunicação mantém os seus canais de comunicação exclusivamente em ucraniano. Uma pequena percentagem (9%) disponibiliza os sites tanto em ucraniano como em russo – principalmente na zona mais a Este – e outros 9% disponibilizam tanto em ucraniano como em inglês.

No entanto os meios que disponibilizam versões em russo decresceram significativamente em 2022 e 2023. Eram cerca de 25% os meios que em 2021 disponibilizavam versões em russo, mas logo após os primeiros meses de guerra esta percentagem caiu para 20%.

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Dificuldades na descentralização não se devem à falta de verbas, avança ministra

  • Lusa
  • 7 Junho 2023

Os municípios querem acautelar diversas situações nos autos de transferência de competências em algumas áreas, como a da saúde, adianta Ana Abrunhosa.

A ministra da Coesão Territorial afirmou esta quarta-feira que o Governo tem “urgência em estabilizar” os valores transferidos para os municípios no âmbito da descentralização de competências, assegurando que as dificuldades do processo não se devem à falta de dinheiro.

Segundo Ana Abrunhosa, o que tem dificultado o processo de descentralização em algumas áreas, como a da saúde, não é a falta de verbas disponíveis, mas porque os municípios querem acautelar diversas situações nos autos de transferência de competências.

“O que queremos é estabilizar estes valores, que possamos chegar à conclusão quanto é que estas transferências representam de valor e quanto é que isto representa de percentagem dos impostos para que passe a ser incluído nas transferências regulares do Orçamento de Estado e deixemos de uma vez por todas de ter um Fundo de Financiamento para a Descentralização (FFD)”, disse, sublinhando que ainda não será possível deixar de ter este fundo no Orçamento do Estado para 2024.

“Agora em junho, quando acertarmos todos os reforços, vamos fazer um balanço, vamos reunir com os municípios, vamos verificar com aqueles que nos dizem que as transferências são insuficientes e vamos analisar cada caso per si”, acrescentou, salientando que o objetivo é que as verbas a transferir deixem de “depender de uma decisão numa direção-geral ou do ministério”.

A ministra destacou que atualmente ainda está a decorrer um modelo acordado com a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) para que os municípios reportem “se há ou não necessidade de reforço de verbas em determinada área”, segundo o trabalho de validação dos pedidos de reforço de verbas pelas comissões de acompanhamento da descentralização em cada município.

Ana Abrunhosa realçou que estão em análise pedidos por sete municípios de reforço de verbas em relação aos FFD de 2022 e 2023, além de um pedido de Aveiro, onde já foi concluído “não existir défice”. Os sete municípios com pedidos de reforço apresentaram processos incompletos, pelo que o Governo pediu “informação adicional para permitir uma análise mais cuidada do pedido de reforço”, acrescentou.

“Alguns municípios suscitaram algumas dúvidas relativamente às verbas transferidas. Apontaram necessidades de financiamento, principalmente na área da educação. Na generalidade, estas dúvidas, necessidades, são colmatadas com o reforço de que agora vos falei de 27 milhões na área da educação. O despacho já está assinado”, afirmou. Ana Abrunhosa salientou que o ministério recebeu questões [dúvidas] de 154 municípios, 131 delas no âmbito da educação, 19 no âmbito da ação social, duas na área da saúde e outras duas de outras áreas.

As questões sobre a educação devem-se ao facto de ser uma área “onde a inflação mais se sente”, nomeadamente nos custos de transporte e das refeições escolares, tendo sido pedido aos municípios informações para reforço do preço das refeições. Na saúde, a adesão ronda os 55% dos municípios e a ministra afirmou que está prevista para breve a assinatura de mais um conjunto de autos de transferência.

“É a área onde os custos de manutenção dos edifícios são os mais elevados por metro quadrado. Portanto, as regras acordadas não são o problema. O problema é perceber, nalguns casos, se o centro de saúde precisa ou não precisa de obras e depois o ministério comprometer-se com essas obras no auto de transferência”, explicou.

Já quanto à ação social, a ministra destacou um reforço de 35 milhões de euros em relação à verba inicialmente prevista, tendo sido transferido na terça-feira “o valor entre janeiro e o mês atual para corrigir o valor da ação social”. A ação social “está a decorrer com tranquilidade. Obviamente que implica em alguns municípios contratações. É uma competência que é exigente para os municípios, mas eu diria que é a competência mais natural para os municípios exercerem, até porque muitas das vezes já exerciam”, realçou.

A ministra destacou ainda que a descentralização “está totalmente concluída” em 14 das 22 áreas do processo de transferência para os municípios. O FFD representava 843 milhões de euros no Orçamento do Estado de 2022 e mais de 1.200 milhões de euros no OE de 2023.

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Izidoro celebra centenário cinco anos mais cedo com nova campanha

A campanha vai contar com um conjunto de ativações associadas, visando "trazer novos motivos de comemoração, ajudando os consumidores portugueses com ofertas especiais e prémios".

A marca portuguesa Izidoro celebra o seu centenário com uma nova campanha, lançada cinco anos antes do suposto. O objetivo desta antecipação passa por “reafirmar o seu apoio aos portugueses”, porque “é agora que o país enfrenta desafios económicos e sociais difíceis”.

Com o mote “Izidoro antecipa a celebração dos 100 anos, porque estamos todos a precisar de celebrar”, a nova campanha conta com assinatura criativa da agência Stream and Tough Guy e marca presença em televisão, digital, outdoor e numa ação de correio publicitário.

A produção do filme publicitário é da Playground. O spot conta com versões de 20, 40, 60 e 99 segundos, sendo que apenas as duas mais curtas marcam presença na televisão.

A campanha vai ainda contar com um conjunto de ativações associadas, visando “trazer novos motivos de comemoração, ajudando os consumidores portugueses com ofertas especiais e prémios”.

“Para quê esperar cinco anos quando é agora que os portugueses mais precisam de sorrir, de prémios, de uma produção que seja 100% nacional, e de ter ajuda para celebrar?”, questiona questiona Marco Andrade, diretor de marketing da marca, acrescentando que a Izidoro é “uma marca que se tem distinguido pelo seu atrevimento, e por ter um papel sempre ativo e relevante na vida dos portugueses“.

Neste contexto, e segundo Marco Andrade, a Izidoro “vem agora apresentar uma campanha que é um convite à celebração oferecendo aos portugueses um conjunto de iniciativas que vão ajudar a animar as suas vidas. O filme publicitário traduz isto mesmo, numa metáfora entre o estado em que se encontra o país e a festa do Sr. Izidoro, uma festa familiar que reúne diferentes gerações, com uma cumplicidade simples e autêntica”, diz, citado em comunicado.

Já Miguel Durão, creative partner da Stream and Tough Guy, realça que “é impossível fazer campanhas diferentes sem clientes com coragem para as aprovar“.

“Esta é uma campanha diferente porque poderia facilmente ser uma campanha para os 95 anos da Izidoro. Mas é uma campanha para os 100 anos da Izidoro, cinco anos mais cedo. Uma ideia simples que dá à marca a possibilidade de ser verdadeiramente relevante numa altura muito complicada para o país“, refere Miguel Durão.

No âmbito desta campanha, a Izidoro vai assim promover várias iniciativas, nomeadamente a oferta de um cartão de oferta de cem euros (por dia, ao longo de 100 dias), o lançamento de uma edição de produtos comemorativa do centenário e a entrega de cabazes (no valor de cem euros) aos “aniversariantes que queiram antecipar a celebração de uma idade redonda”.

E “porque as festas nunca são demais”, a marca convida ainda a uma visita ao “Arraial de Santo Izidoro“, entre 22 e 25 de junho, no arraial de Benfica, onde podem ser esperadas “muitas surpresas”.

Mais informações sobre estas iniciativas disponíveis aqui.

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Putin classifica explosão na barragem como um “ato bárbaro”

  • Lusa
  • 7 Junho 2023

Com o apoio dos aliados ocidentais, Kiev "continua a apostar perigosamente na escalada das ações militares", disse o Presidente russo, Vladimir Putin.

O Presidente russo, Vladimir Putin, classificou esta quarta-feira como um “ato bárbaro” a explosão ocorrida na terça-feira na barragem de Kakhovka, no sul da Ucrânia, durante uma conversa telefónica com o seu homólogo da Turquia, Recep Tayyip Erdogan.

Na conversa com o líder turco, Putin denunciou que o alegado ataque provocou “uma grande catástrofe ecológica e humanitária” na região ucraniana anexada de Kherson, segundo informou o Kremlin (Presidência russa) num comunicado. A Rússia proclamou, em 30 de setembro de 2022, a anexação das regiões ucranianas de Kherson, Zaporijia, Donetsk e Lugansk.

O chefe de Estado russo sublinhou ainda que, com o apoio dos aliados ocidentais, Kiev “continua a apostar perigosamente na escalada das ações militares”. “Cometem crimes de guerra, utilizam abertamente métodos terroristas e organizam atos subversivos em território russo”, acrescentou Putin, citado na mesma nota informativa.

No âmbito desta conversa telefónica, Ancara informou que Erdogan sugeriu aos seus homólogos russo e ucraniano a criação de uma comissão de inquérito internacional, após a destruição da barragem de Kakhovka. Numa conversa telefónica com o chefe de Estado ucraniano, Volodymyr Zelensky, “o Presidente Erdogan declarou que poderia ser criada uma comissão com a participação de especialistas das partes beligerantes, das Nações Unidas e da comunidade internacional, Turquia incluída”, anunciou a Presidência turca em comunicado.

Esta comissão teria por missão realizar uma “investigação aprofundada sobre a destruição da barragem de Kakhovka”, precisou Ancara. Também Zelensky indicou ter conversado com Erdogan sobre “as consequências humanitárias e ambientais” das inundações causadas no sul do território ucraniano pela destruição da barragem.

“Falámos das consequências humanitárias e ambientais do ato terrorista russo contra a central hidroelétrica de Kakhovka, incluindo dos riscos para a central nuclear de Zaporijia”, escreveu Zelensky na rede social Twitter, acrescentando “ter apresentado” ao homólogo turco “uma lista das necessidades urgentes para lidar com a catástrofe”.

Erdogan falou, em seguida, com o Presidente russo, Vladimir Putin, dizendo-lhe desejar que o inquérito internacional permita “dissipar quaisquer suspeitas”, indicou a Presidência turca num segundo comunicado. Moscovo e Kiev rejeitam a responsabilidade do ataque à barragem que fornece água à Crimeia, península ucraniana anexada pela Rússia em 2014, e se encontra na rota das tropas ucranianas para uma recuperação dos territórios ocupados.

A destruição da barragem desencadeou uma queda abrupta de torrentes de água no caudal do rio Dniepre, obrigando vários milhares de pessoas a abandonar as zonas inundadas e fazendo temer uma catástrofe ecológica.

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Nova Super Bock Sky promovida em campanha “caída do céu”

Assinada pela agência O Escritório, a campanha está presente em televisão, outdoor e meios digitais. O planeamento de meios está a cargo da Initiative e a ativação digital da Live Content.

A nova Super Bock Sky – uma cerveja mais suave, com menos calorias e alcool recém-chegada ao mercado nacional – é promovida numa campanha multimeios que remete para um “universo mais suave, onde reinam o equilíbrio e a descontração”.

O claimCaída do céu” surge tendo em conta que Super Bock Sky é a primeira cerveja em Portugal a dar resposta a uma “necessidade crescente do consumidor que procura ter um estilo de vida equilibrado, sem abdicar do prazer de uma excelente cerveja“, escreve a marca em comunicado.

Esta nova cerveja “foi pensada ao detalhe para trazer uma oferta inovadora no universo cervejeiro. É uma cerveja única que se distingue pelo seu perfil suave, em resposta a uma vontade concreta do consumidor e numa oferta que ainda não existia em Portugal“, explica citado em comunicado Bruno Albuquerque, diretor de marketing de cervejas e patrocínios do Super Bock Group.

A sua singularidade tinha de ser transmitida na campanha de lançamento, cujo conceito parte precisamente da ideia de que, seja onde for, a Super Bock Sky é a companhia perfeita para momentos de descontração, para quem preza um estilo de vida mais ativo e equilibrado, mas sem abdicar do prazer“, acrescentou o diretor de marketing.

Assinada pela agência O Escritório, a campanha marca presença em televisão, outdoor e meios digitais. O planeamento de meios está a cargo da Initiative e a ativação digital é assegurada pela Live Content.

A Super Bock Sky vai ainda estar em destaque em vários festivais do país, como o Primavera Sound, Super Bock Super Rock, Vodafone Paredes de Coura e Meo Sudoeste.

A nova cerveja de trigo – Crystal Wheat Beer – foi “desenvolvida de raiz, através de um processo inovador e desafiante, no qual foi aplicada toda a mestria cervejeira do Super Bock Group, enquanto resultado da investigação contínua das tendências e necessidades dos consumidores em Portugal”, acrescenta a marca em comunicado.

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Chris Licht já não é CEO da CNN Worldwide

Licht foi afastado da posição depois de um ano "tumultuoso" na CNN, "marcado por layoffs, audiências historicamente baixas e pela moral extremamente baixa dos trabalhadores", escreve a própria CNN.

Foto: Warner Bros Discovery

Chris Licht já não é o CEO da CNN Worldwide, abandonando com efeito imediato o cargo que ocupou há cerca de um ano, avançou em comunicado a Warner Bros. Discovery, empresa-mãe do canal.

Enquanto a empresa procura por um substituto, o posto de liderança agora desocupado vai ser preenchido por Amy Entelis (vice-presidente executiva de desenvolvimento de talentos e conteúdos), Virginia Moseley (vice-presidente executiva editorial) e Eric Sherling (vice-presidente executivo de programação nos EUA) e David Leavy (diretor de operações comercial).

“Eu tenho um grande respeito pelo Chirs, pessoal e profissionalmente”, afirma citado em comunicado David Zaslav, presidente e CEO da Warner Bros. Discovery, acrescentando que o trabalho de liderar a CNN “nunca teria sido fácil, especialmente numa altura de grande disrupção e transformação“.

O presidente e CEO da WBD refere ainda que existe uma “confiança absoluta” na equipa que se encontra de momento, e provisoriamente, a substituir Chris Licht, garantindo que a mesma “vai continuar a lutar pela CNN e pelo seu jornalismo de classe mundial”.

Licht foi afastado da posição depois de um ano “tumultuoso” na CNN, “marcado por layoffs, audiências historicamente baixas e pela moral extremamente baixa dos trabalhadores”, escreve a própria CNN.

“Por várias razões as coisas não correram bem e isso é de lamentar. É realmente de lamentar e, em última instância, isso é culpa minha. Assumo total responsabilidade”, terá dito David Zaslav aos trabalhadores da CNN.

A sua entrada como CEO da CNN deveu-se ao afastamento do CEO anterior, Jeff Zucker, por este não ter divulgado um relacionamento com uma trabalhadora. Chegado à CNN, Licht rapidamente começou a enfrentar várias críticas depois de a sua primeira ação como CEO ter sido a de desmantelar a CNN+, uma aposta da liderança anterior, vista como o futuro do streaming do canal, explica a CNN.

Em dezembro Licht anunciou demissões de trabalhadores em massa, mas o ponto de rutura parece ter sido um programa que teve Donald Trump como convidado, durante o qual o ex-presidente repetiu alegadas falsidades sobre a sua derrota nas eleições presidenciais de 2020 e onde referiu inclusivamente que, caso fosse eleito nas próximas eleições, perdoaria muitos dos seus apoiantes condenados por participarem no ataque ao Capitólio dos EUA, a 6 de janeiro de 2021.

Chris Licht assumiu a posição de CEO da CNN em maio de 2022, após uma carreira na televisão. Mais recentemente, Licht foi vice-presidente executivo da programação especial da CBS e produtor executivo de “The Late Show with Stephen Colbert”. Previamente, desempenhou ainda as funções de vice-presidente da programação da CBS News e foi produtor executivo do programa noticioso matinal “CBS This Morning”. Antes da CBS, Licht foi o co-criador e produtor executivo original de “Morning Joe”, o noticiário matinal da MSNBC.

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Marcelo lembra Costa como aluno “brilhante”, mas que “estudava muito pouco”

  • Lusa
  • 7 Junho 2023

António Costa "teve 17 em 20", disse o Presidente da República, numa ocasião em que lembrou o seu antigo aluno "brilhante" mas que "estudava muito pouco".

O Presidente da República falou esta quarta-feira sobre História de Portugal e a atual realidade do país perante estudantes sul-africanos de português, ocasião em que lembrou o seu antigo aluno António Costa, “brilhante” mas que “estudava pouco”.

Estas referências a António Costa foram feitas por Marcelo Rebelo de Sousa numa sessão com estudantes de língua portuguesa na Universidade de Witwatersrand em Joanesburgo, em que participou juntamente com o primeiro-ministro, depois de ambos terem visitado o Camões – Centro de Língua Portuguesa.

Marcelo Rebelo de Sousa fez uma intervenção inicial em inglês, contendo uma breve síntese da História de Portugal e sobre o país nos dias de hoje. Mas a plateia animou-se quando o Presidente da República se referiu à sua anterior atividade de professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e ao estudante António Costa, que estava ali ao seu lado.

“Quando o primeiro-ministro era um estudante, foi meu aluno, com a idade de 19 anos. Já era inteligente, brilhante e pró-ativo, muito ativo. Estudava muito pouco, estava envolvido na política a maior parte do tempo”, declarou o chefe de Estado. António Costa ainda fez um gesto dando a entender que, na sua perspetiva, as coisas com ele, quando era estudante, não eram bem assim. Mas Marcelo Rebelo de Sousa prosseguiu: António Costa “teve 17 em 20”.

“Em Portugal, o máximo é 20, o que é muito bom para alguém que não estudava nada”, comentou o Presidente da República, gerando uma gargalhada na sala. Mais à frente, nesta mesma sessão, o Presidente da República tentou passar para o primeiro-ministro a resposta a uma das perguntas feitas por estudantes, mas António Costa rejeitou: “Eu não estudei”, alegou, ouvindo-se novamente risos na plateia.

No seu discurso na Universidade de Wits, onde estudou o antigo Presidente da África do Sul e líder da resistência ao regime do ‘Apartheid’, Nelson Mandela, Marcelo Rebelo de Sousa, perante os estudantes de português, defendeu a tese de que “Portugal só aparentemente é pequeno em tamanho”.

“É o país europeu mais antigo, com quase 900 anos. Mas quando falamos do mar que temos sob nossa jurisdição, é quase 20 vezes o tamanho bem conhecido nosso território. E será no futuro 40 vezes, porque a nossa plataforma continental vai ser alargada. Esta é outra maneira completamente diferente de ver Portugal”, sustentou.

Em número de habitantes, referiu o chefe de Estado, o território nacional tem 10 milhões, mas há 12 milhões de portugueses no exterior e que estão em todos os países do mundo, “aqui na África do Sul, a terceira maior comunidade após França e Brasil, depois a África do Sul”.

“Em cada continente há pelo menos um país onde se fala português. Estamos em todo o clado. O português é a segunda língua mais falada no hemisfério sul e a segunda no digital, depois do inglês e antes do espanhol”, advogou, dizendo que esse resultado se deve ao Brasil. “Eles são loucos pelo digital”, comentou.

Em relação ao país de hoje, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que Portugal “é pioneiro na energia limpa”, organiza a Web Summit e possui um número recorde de startups, tendo já oito “unicórnios”, empresas tecnológicas com capital superior a mil milhões de dólares.

“Tivemos de enfrentar quatro desafios ao mesmo tempo: O fim de um império, o último europeu; a transição democrática; as mudanças económicas e sociais: e a Integração na então Comunidade Económica Europeia. Em 12 anos fizemos o que economias importantes europeias fizeram em 50 anos”, acrescentou.

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Cirurgia ao Papa concluída sem complicações após três horas

  • Lusa
  • 7 Junho 2023

Jorge Bergoglio, de 86 anos, já foi transferido para o seu apartamento no 10.º piso do Hospital Gemelli, em Roma.

A cirurgia a que foi esta quarta-feira submetido o Papa Francisco para reparar uma hérnia abdominal foi concluída ao fim de três horas sem complicações, anunciou o Vaticano. “A intervenção terminou: decorreu sem complicações e durou três horas”, indicou o serviço de imprensa do Vaticano num breve comunicado.

Fontes próximas do Vaticano já tinham, pouco antes, referido que Jorge Bergoglio, de 86 anos, tinha sido transferido para o seu apartamento no 10.º piso do Hospital Gemelli, em Roma.

Segundo as mesmas fontes, citadas pela agência de notícias italiana ANSA, a intervenção cirúrgica do Papa, com anestesia geral, foi uma laparotomia com cirurgia plástica da parede abdominal realizada por via laparoscópica para reparar uma hérnia que se formou sobre uma antiga cicatriz abdominal e que ameaçava causar obstrução intestinal.

No hospital romano, Bergoglio foi operado pela equipa do clínico e académico Sergio Alfieri, que já o operara há dois anos. O Papa deverá agora ficar alguns dias internado, razão pela qual a Prefeitura da Casa Pontifícia anunciou antes o cancelamento das suas “audiências especiais e gerais até 18 de junho, por razões de saúde”.

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Hungria prepara presidência da UE apesar de oposição do Parlamento Europeu

  • Lusa
  • 7 Junho 2023

Hungria tem "experiência e "preparação" suficientes para assumir a liderança semestral da União Europeia, uma vez que esta é a segunda vez que um governo de Orbán preside aos destinos da união.

A Hungria está a preparar a presidência rotativa da União Europeia (UE), no segundo semestre de 2024, apesar da oposição do Parlamento Europeu, que alega que o Governo de Viktor Orbán está a violar a legislação comunitária. “A Hungria iniciou os preparativos para a sua presidência da UE”, afirmou o primeiro-ministro ultranacionalista Viktor Orbán, em declarações divulgadas pelo seu gabinete de imprensa e citadas pela agência noticiosa MTI.

Orbán alega que a Hungria tem “experiência e “preparação” suficientes para assumir a liderança semestral da União Europeia, uma vez que esta é a segunda vez que um governo de Orbán preside aos destinos da união. O chefe do Governo húngaro acrescentou que está pronto para enfrentar os desafios que se colocam à Europa.

O Parlamento Europeu (PE) questionou a capacidade da Hungria de cumprir esta tarefa “de forma credível”, citando o afastamento do país dos valores democráticos.

Numa resolução adotada por uma larga maioria de eurodeputados, o Parlamento Europeu instou o Conselho a encontrar uma alternativa à Hungria para assumir a presidência rotativa, mas Budapeste classificou o pedido do PE como inútil e disse que o Parlamento não tem competência para decidir sobre o assunto.

A Comissão Europeia congelou 22 mil milhões de euros em fundos da UE para Budapeste até que o governo húngaro prove que os programas de utilização desses fundos respeitam a Carta Europeia dos Direitos Fundamentais. Tanto a atual presidência sueca como a Comissão Europeia afirmaram que esperam que qualquer presidência do Conselho aja de boa fé e defenda o interesse comum.

Esta semana, dois altos funcionários do Conselho Europeu participaram numa reunião preparatória com membros do governo húngaro em Budapeste.

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Países da UE “têm o direito” a excluir fornecedores de risco das redes 5G, diz Comissão Europeia

Fonte oficial da Comissão Europeia explica porque é importante restringir tecnologia de marcas como a Huawei de todas as partes das redes 5G e explica que decisões como a portuguesa são legítimas.

A Comissão Europeia diz que “os Estados-membros têm o direito a decidir se excluem empresas dos seus mercados por motivos de segurança nacional”. É a reação do executivo da União Europeia (UE) à deliberação portuguesa que impede o recurso a fornecedores de “alto risco” no desenvolvimento das redes 5G em Portugal, uma decisão que afeta empresas como a tecnológica chinesa Huawei.

A vice-presidente Margrethe Vestager já tinha recorrido ao Twitter para dar o apoio político à decisão do Conselho Superior de Segurança do Ciberespaço, que apanhou o setor das telecomunicações de surpresa por abranger não só o núcleo como também a periferia das redes 5G em Portugal: “Felicito o conselho de cibersegurança de Portugal pela decisão ponderada”, escreveu a comissária.

Agora, em resposta a questões do ECO, fonte oficial da Comissão Europeia assegura que “cabe aos Estados-membros tomarem medidas específicas para enfrentar os riscos relacionados com os fornecedores de alto risco em linha com a 5G Toolbox”, a recomendação europeia de 2020 que serviu de base à decisão portuguesa. “Os Estados-membros têm o direito a decidir se excluem empresas dos seus mercados por motivos de segurança nacional na implementação da 5G Toolbox”, sublinha.

Questionada sobre como vê a opção de excluir esses fornecedores das partes periféricas das redes de telecomunicações, a Comissão Europeia refere que “a 5G Toolbox recomenda às autoridades nacionais que apliquem restrições, incluindo as necessárias exclusões, a fornecedores de alto risco”.

“Essas restrições devem aplicar-se não apenas aos elementos críticos da rede (core network e funções de network management e orchestration) mas também a outras partes das redes que os Estados-membros tenham avaliado como ‘altamente sensíveis’, nomeadamente a rede via rádio [RAN]”, acrescenta.

A Comissão Europeia lembra que todos os Estados-membros participaram “na avaliação coordenada de risco no 5G em outubro de 2019″. Dessa avaliação, resultou que, ao contrário do 4G, em que muitas “funções sensíveis” são desempenhadas no núcleo das redes (core), essas tarefas são cada vez mais processadas nas estações de base e antenas no caso do 5G, explica.

Questionada se a Comissão foi consultada pelas autoridades portuguesas antes de o país avançar com a decisão de exclusão tomada a 23 de maio, fonte oficial da Comissão Europeia diz que existem “trocas de informação regulares na implementação da 5G Toolbox entre os Estados-membros, a Comissão e a ENISA, a Agência da União Europeia para a Cibersegurança, integrada no Grupo de Cooperação NIS”.

No dia em que o Financial Times noticiou que a Comissão Europeia está a ponderar forçar os Estados-membros a excluírem fabricantes como a Huawei das redes 5G, porque só um terço dos países terão adotado medidas em linha com a 5G Toolbox, a mesma fonte não quis fazer comentários ao ECO. Mas insistiu na necessidade de se “implementarem as medidas da Toolbox sem atrasos, em particular as que servem para abordar os riscos dos fornecedores de alto risco”.

“A recomendação do Conselho sobre resiliência das infraestruturas críticas de 9 de dezembro de 2022 recordou que os Estados-membros têm de alcançar a implementação das medidas recomendadas na 5G Toolbox e, em particular, que os Estados-membros decretem restrições nos fornecedores de alto risco, considerando que uma perda de tempo pode aumentar a vulnerabilidade das redes na União, e também reforçar a proteção física e não-física das partes críticas e sensíveis das redes 5G, incluindo através de controlos de acesso estritos”, conclui a Comissão.

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