Tempos médios de espera para cirurgia oncológica aumentaram para doentes urgentes

  • Lusa
  • 2 Fevereiro 2024

Aumentou o tempo de espera média dos doentes de nível 4 (urgência diferida) que devem ser operados em três dias.

Os tempos máximos de resposta garantidos para cirurgia oncológica diminuíram em média, mas aumentaram para os doentes que devem ser operados em três dias, segundo uma avaliação de acesso divulgada esta sexta-feira relativa ao triénio 2019-2021.

Na Sessão Comemorativa do Dia Mundial de Luta Contra o Cancro, Donzília Brito, adjunta do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas da Direção-Geral da Saúde (DGS), adiantou que os tempos de espera aumentaram em 2020 devido à covid-19, mas foram recuperados em 2021, atingindo os níveis de 2019, ano pré-pandemia.

“Verificamos que há uma homogeneidade ao longo do triénio, portanto as prioridades não se alteraram, mas verificamos uma coisa interessante, que foi um aumento no tempo de espera média dos doentes de nível 4 (urgência diferida) que devem ser operados em três dias”, disse, acrescentando que não tem explicação para esta situação. Citando dados da unidade de gestão de acesso da Administração Central do Sistema de Saúde, a cirurgiã oncológica adiantou houve um aumento de 20% das cirurgias oncológicas, apesar do decréscimo na altura da pandemia.

A maior parte das cirurgias (73%) foram realizadas por 14 instituições com “alto volume operatório”, mais de 1.000 cirurgias por ano, entre as quais os três IPO (Lisboa, Porto e Coimbra), o Centro Hospitalar de São João, o Centro Hospitalar Universitário de Coimbra e o Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central.

De acordo com a análise, que contou com o apoio do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde da faculdade de medicina da Universidade do Porto, o cancro mais frequentemente operado é o da pele (25%), seguido da mama, bexiga, cólon e reto estômago e próstata. Donzília Brito observou que um quarto da atividade cirúrgica oncológica foi realizada nos três institutos portugueses de oncologia (IPO) e metade em unidades hospitalares não centrais.

Exemplificou que 60% das cirurgias ao cancro do cólon, um terço das cirurgias esofágicas e dois terços das cirurgias de testículo foram feitas fora de centros de referência. “Há centros de referência com atividade cirúrgica igual ou inferior a unidades que não eram classificadas como centros de referência”, salientou.

“Embora saibamos que a associação de volume de atividade operatória têm uma associação positiva com a qualidade, mas não foi feita uma análise de qualidade neste estudo, portanto, os dados não permitem nos dizer isso com segurança, só fazendo uma análise de qualidade”, referiu.

A especialista adiantou que a certificação dos centros pressupõe equipas multidisciplinares e não apenas cirurgiões a fazerem atividade oncológica com alto volume, pelo que, disse, pode haver centros de alto volume que não estejam preparados para ser centros de tratamento da patologia oncológica.

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Licenças para furos, regulação do preço final e apoios do PEPAC. As reivindicações dos agricultores portugueses

  • Joana Abrantes Gomes
  • 2 Fevereiro 2024

Agricultores de Aveiro e do Baixo Mondego criticam custos de produção. No sul do país, setor apela a licenças para captar água e maior regulação dos preços de venda ao consumidor final.

Os protestos de agricultores que começaram na Alemanha, nos Países Baixos, em França e na Polónia alastraram para outros países, inclusive Portugal. Mas as queixas do setor em território nacional não são exatamente as mesmas dos colegas europeus, existindo diferentes reivindicações mesmo entre as várias regiões do país.

Se na zona Centro são os custos elevados dos fatores de produção e os apoios ao setor através do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC) as principais preocupações, mais a sul, especialmente na Península de Setúbal e no Alentejo, mais afetados pela seca, os agricultores pedem que o Governo conceda licenças para fazer furos ou captações de água para rega.

Ainda antes dos protestos, o Governo anunciou um novo pacote de ajuda ao setor, que chega aos 450 milhões de euros e inclui a baixa do Imposto sobre os Produtos Petrolíferos (ISP) para o gasóleo agrícola para o mínimo permitido pela União Europeia (UE). Esta sexta-feira, a ministra da tutela, Maria do Céu Antunes, teve uma reunião “positiva” com representantes dos agricultores, tendo-se comprometido a trazer respostas num novo encontro, que deverá ocorrer na próxima semana.

Aveiro contra custos elevados de produção

Preços justos à produção e proibir pagamentos abaixo dos custos de produção são as principais reivindicações dos agricultores que protestam numa marcha lenta na Estrada Nacional (EN) 109 em Estarreja. Na manifestação organizada pela União de Agricultores e Baldios do Distrito de Aveiro (UABDA), que representa a pequena e média agricultura, ouvem-se queixas acerca da margem de lucro “quase inexistente” e do custo de produção “muito elevado”.

A palha, que comprávamos a sete/oito cêntimos, compramos a 22 cêntimos. A silagem do milho estava a 4/5 cêntimos, está a 10/12 cêntimos“, exemplificou Carlos Pinto, de 37 anos, em declarações à Lusa. Detentor de uma exploração com cerca de 200 animais, este produtor leiteiro diz que a maior parte dos fatores de produção está atualmente ao dobro dos preços, enquanto o leite subiu apenas 10 cêntimos.

Para estes agricultores, não estão tanto em causa as medidas já anunciadas por Bruxelas e pelo Governo, como noutros pontos do país. “Não nos interessam linhas de crédito, nem subsídios. Queremos só um preço justo à produção. Só vamos sair daqui quando a ministra [da Agricultura] nos der resposta a isso”, afirmou Carlos Pinto.

O presidente da UABDA, Carlos Alves, disse que os apoios prometidos pelo Governo “não passam de migalhas”, adiantando que parte do que foi anunciado já se destinava aos agricultores. Estes apoios só beneficiam “os lóbis da agroindústria”, enquanto “os pequenos e médios agricultores, que estão a sofrer na pele, estão a ser deixados de lado”, apontou.

Baixo Mondego quer garantia de ajudas do PEPAC até 2027

Depois de, na quinta-feira, ter entregado um caderno reivindicativo na Direção-Geral de Agricultura e Pescas, o movimento de agricultores do Baixo Mondego continuou os protestos esta sexta-feira na Avenida Fernão de Magalhães, em Coimbra. Neste caso, as principais queixas prendem-se com a perda de rendimentos na última campanha e os cortes nos apoios ao setor, no âmbito do PEPAC — que, entretanto, o Governo já se comprometeu a reverter.

“Esta machadada que foi o corte de 25% das ajudas [relativas à produção integrada] foi o culminar de toda esta insatisfação”, dizia João Pinto da Costa, um dos organizadores do protesto, em declarações à RTP3, denunciando “a grande instabilidade financeira” do setor.

Antes da reunião por videoconferência com a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, que decorreu por volta das 14 horas, João Grilo, outro dos dinamizadores da manifestação em Coimbra, destacou que é preciso esclarecer se para este ano e até 2027 “também está assegurado o mesmo pagamento no âmbito do PEPAC“.

Sobre a linha de crédito de 50 milhões de euros, sem juros, considera “melhor que não ter nada”, mas queixa-se do facto de que os agricultores estarão a endividar-se mais, o que não resolve os problemas do setor.

Agricultores do Baixo Mondego continuam a bloqueiar a avenida Fernão de Magalhães com tratores e alfaias agrícolas no segundo dia de protesto em Coimbra. PAULO NOVAIS/LUSAPAULO NOVAIS/LUSA

Lamego critica atrasos nos seguros das colheitas

Em Lamego, cerca de 120 veículos agrícolas concentraram-se desde o meio-dia junto ao nó da A24. Aqui, os setores do leite e da fruta são os mais representados, protestando, em particular, contra a discrepância das regras entre Portugal e Espanha. “Um dos nossos problemas tem a ver com a utilização de produtos fitofármacos, que está regularizada em Espanha e França e em Portugal não. No combate a determinadas pragas paga-se mais por produto em Portugal. Por exemplo, produtos na ordem de 30 euros por hectare em Espanha e aqui a 140, 150 ou 160 euros. Numa produção de 30 hectares, são 3.000 euros de diferença”, exemplificou um dos agricultores presentes no protesto, em declarações à SIC Notícias.

Reconhecendo que os manifestantes ali presentes não partilham as mesmas preocupações que os agricultores na maioria do país, João Calhau enumerou outros problemas graves para o setor na região de Viseu: os prejuízos causados pela geada e pelo granizo e o seguro de colheitas. “Do seguro que pagamos, cerca de 45% já fica lá, porque é 20% de franquia, 20% de prémio e 5% de áreas não cobertas, ou seja, de um seguro que teoricamente seria benéfico, não é”, contou, em declarações à Lusa, notando que “pior ainda é o atraso no pagamento que, em alguns casos, é de sete meses”.

O seguro em atraso, esclareceu, diz respeito “aos prejuízos causados pela geada e pelo granito em maio de 2023”, não tendo ainda chegado o reembolso. Um dos pedidos destes agricultores é, aliás, a alteração dos seguros. “Não é esta a forma de nos ajudar. Sabemos que há uma grande comparticipação do Estado e nós pagamos muito e não temos nenhum benefício”, reforçou.

Outro problema que afeta os fruticultores tem a ver com “o sistema de proteção de colheitas contra as geadas e granizo”. “Há seis meses que aguardamos o aviso de abertura de candidaturas ao PDR [Programa de Desenvolvimento Rural] para podermos investir na proteção de colheitas, com o antigeadas e antigranizo, para evitar os problemas dos últimos anos“, descreveu.

Segundo João Calhau, da “última reunião com o secretário de Estado soube-se que os avisos estariam publicados até outubro, mas o que é certo é que não saíram e já está novamente na altura da floração, uma fase crucial” para os fruticultores.

Também nesta região o elevado preço da produção é um problema “gravíssimo”, com o fruticultor a assinalar que, “em cerca de três anos, os custos duplicaram, quer os produtos fertilizantes, os fitofármacos, a eletricidade ou o gasóleo“. “Há 20 anos o preço da maçã rondava os 25 cêntimos e hoje permanece, quando os custos de produção estão muito, mas muito mesmo, superiores”, notou.

No Montijo, pede-se mais regulação nos preços e licenças para furos

Os agricultores da Península de Setúbal, bem como de concelhos como Alcácer do Sal, Grândola e Vendas Novas, protestam pela “valorização do setor primário”, o que inclui a exigência por uma maior regulação entre o preço pago ao produtor e o preço pago pelo consumidor final. Segundo André Miranda, que se dedica à exploração de produtos hortícolas em Palmela, a diferença “é de mais de 300%” relativamente ao preço pago à produção.

À semelhança das motivações dos agricultores de outros países da Europa lutam também contra a “concorrência desleal” com países terceiros, que utilizam produtos químicos e adubos na produção, mas que exportam os seus produtos para a Europa sem estarem obrigados a cumprir as regras impostas ao setor na União Europeia. Querem, portanto, uma legislação mais favorável à produção nacional.

“Não existe uma legislação, não existe um controlo sobre a origem desses produtos e para verificar se têm resíduos ou não. Nós cá, na Europa, temos que produzir quase tudo com ‘resíduo zero’. Tudo o que vem de fora, nada é controlado, vale tudo e podem trabalhar de qualquer maneira”, criticou André Miranda.

Outro pedido dos agricultores desta região é o acesso a licenças para fazer captações ou furos de água para rega, queixando-se que o Governo tem ignorado as principais consequências da seca e há vários anos que não concede essas licenças.

Protesto dos agricultores provoca constrangimentos na circulação na IC32 devido a uma marcha lenta nas zonas de Alcochete, Montijo e Moita. RUI MINDERICO/LUSARUI MINDERICO/LUSA

Apelo em Serpa por apoios contra a seca iguais aos espanhóis

Mais a sul do país, os problemas dos agricultores têm maioritariamente a ver com a seca. Em Vila Verde de Ficalho, a três quilómetros de Espanha, apelou-se por um “tratamento igual” ao que recebem os agricultores no país vizinho, bem como pela devolução das ajudas da agricultura biológica e da produção integrada.

“Tivemos a maior seca dos últimos 92 anos e recebemos três vezes menos apoio que os espanhóis e com seis meses de atraso. Temos as nossas explorações sem tesouraria, os nossos agricultores desesperados”, contava António Veríssimo, um dos dinamizadores do protesto, à RTP3, pedindo o “pagamento integral” do contratualizado no Pedido Único do PEPAC de 2023.

Ricardo Castilho, produtor de leite que tem uma exploração de cerca de 400 cabras leiteiras, denunciou também as dificuldades relativas ao “processo burocrático” do licenciamento das produções. “É complicadíssimo. No meu caso, estive perto de sete anos para [conseguir] licenciar a minha exploração”, afirmou.

A isso acrescentam-se “grandes dificuldades” na alimentação dos animais, bem como os preços “caríssimos” das forragens: “Não conseguimos comprar porque já nem há stock, os custos produtivos que temos estão muito altos, as rações duplicaram ou triplicaram, e depois não conseguimos reverter os nossos custos produtivos no que vendemos”. Ricardo Castilho pede, nesse sentido, “algumas das mesmas ajudas” que recebem os vizinhos espanhóis.

O que promete o Governo aos agricultores?

Um dia antes do início dos protestos, o Governo avançou com um pacote de ajuda aos agricultores, no valor de 450 milhões de euros, destinado a mitigar o impacto provocado pela seca e a reforçar o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum. Segundo a informação disponibilizada quinta-feira à Lusa, a maior parte das medidas que integra o “Pacote de Apoio ao Rendimento dos Agricultores”, financiado pelo Orçamento do Estado, entra em vigor ainda este mês, com exceção das que estão dependentes de “luz verde” de Bruxelas.

O primeiro pilar do pacote de ajuda prevê apoios à produção no total de 200 milhões de euros, para todo o país, “assegurando a cobertura das quebras registadas em 2024 e 2025”, e uma linha de crédito de 50 milhões de euros, sem juros, para apoio à tesouraria, destinada a este setor.

A segunda vertente inclui medidas de “reforço dos apoios aos rendimentos” dos agricultores, no valor de 190 milhões de euros. Desde logo, com a luz verde do Ministério das Finanças, Maria do Céu Antunes anunciou uma redução do imposto sobre os produtos petrolíferos do gasóleo agrícola para o nível mínimo permitido na União Europeia, diminuindo de 4,7 cêntimos por litro para 2,1 cêntimos por litro (ou seja, 55%).

A baixa da tributação sobre o gasóleo agrícola, avaliada em 11 milhões de euros por ano, deverá entrar em vigor “o mais tardar na segunda-feira”, segundo avançou esta sexta-feira o ministro Fernando Medina, numa entrevista à Rádio Renascença. A própria ministra da Agricultura já tinha adiantado, na quarta-feira, que o diploma já tinha sido submetido para publicação no Diário da República com “caráter de urgência”. Uma vez publicado, é apenas tempo de as gasolineiras ajustarem os preços ao alívio fiscal.

Maria do Céu Antunes confirmou, ainda na quarta-feira, o reforço de 60 milhões de euros do Pilar 1 do PEPAC, nos apoios à produção dos agricultores, “para assegurar as candidaturas nos ecorregimes ‘agricultura biológica’ e ‘produção integrada’ e o pagamento integral aos agricultores que se candidataram”.

Esta é uma das principais razões que motivou a convocação dos protestos do setor, já que o Instituto de Financiamento de Agricultura e Pescas (IFAP) havia dito, antes do anúncio deste pacote, que os apoios da agricultura biológica e da produção integrada seriam reduzidos em 35% e 25%, respetivamente.

No entanto, pouco antes da conferência de imprensa de quarta-feira, o presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), Álvaro Mendonça e Moura, tinha anunciado que chegou a acordo com o Governo para que esses “cortes” ficassem sem efeito, o que estará sujeito a uma autorização “especial” da Comissão Europeia.

As medidas incluem ainda um reforço de 60 milhões de euros no segundo pilar do PEPAC, o do desenvolvimento rural, “para assegurar, até final de fevereiro, o pagamento da totalidade das candidaturas às medidas de ambiente e clima”. Maria do Céu Antunes disse que foram recebidas no “dobro” do orçamento disponível, pelo que o Governo entendeu ser “determinante” reforçá-lo deste modo e permitir que os agricultores “acelerem” a “transição ecológica”.

Por fim, o Executivo comprometeu-se a submeter a reprogramação do PEPAC em fevereiro para “criar novas medidas de ambiente e clima”, algo feito “a pedido dos agricultores” e em sede do acordo de médio prazo de melhoria de rendimentos. As novas medidas valerão 58 milhões de euros, disse a governante, informando que este pacote é financiado pelo Orçamento nacional sob a forma de auxílios de Estado.

Quanto às críticas dos agricultores que dizem que o apoio chega tarde, a governante revelou, em entrevista à SIC Notícias na quinta-feira, que o Governo “tem vindo [desde] há dois anos a chamar a atenção de que o Plano Estratégico que cada um dos Estados-membros apresentou não está ajustado a esta nova realidade” e não serve as necessidades do setor. Maria do Céu Antunes admitiu mesmo que espera que os protestos dos agricultores, que decorrem em vários países da Europa, ajudem a acelerar o processo.

Esta sexta-feira, a ministra da Agricultura reuniu-se com representantes dos agricultores de vários pontos do país por videoconferência. José Estêvão, representante do Movimento Cívico de Agricultores, disse que a reunião foi “positiva” e que o Governo se comprometeu a levar “respostas” para os problemas da classe a um encontro que deve decorrer já na próxima semana. Entre os temas debatidos estiveram o uso de água, medidas agroambientais e fatores de produção e respetivos custos.

No contexto europeu, a Comissão Europeia vai preparar com a presidência semestral belga do Conselho da UE uma proposta para a redução de encargos administrativos dos agricultores, que será debatida pelos ministros da Agricultura dos 27 Estados-membros do bloco europeu no próximo dia 26 de fevereiro.

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Banco de Portugal não se opõe a reforço da participação na Raize

  • Lusa
  • 2 Fevereiro 2024

A Flexdeal pode assim para aumentar a sua participação no capital na Raize, sendo que a operação permitirá à sociedade “atingir ou ultrapassar o limiar de um terço dos direitos de voto".

A Flexdeal, Sociedade de Investimento Mobiliário para o Fomento da Economia (SIMFE), foi notificada da decisão do Banco de Portugal de “não oposição” ao reforço da sociedade na Raize, segundo um comunicado divulgado esta sexta-feira.

A Flexdeal foi nesta data notificada da deliberação de não oposição do supervisor, Banco de Portugal, para aumentar a sua participação no capital na Raize – Instituição de Pagamentos”, sendo que a operação permitirá à sociedade “atingir ou ultrapassar o limiar de um terço dos direitos de voto”. Isso irá permitir “o reforço do compromisso da Flexdeal com a concretização dos objetivos estratégicos definidos aquando da entrada no capital da Raize em dezembro 2020”, destacou, na mesma nota.

Segundo a Flexdeal, na sequência desta deliberação, o grupo, que “era o maior acionista da Raize desde a Oferta Pública de Aquisição (OPA), concluída em 30 de dezembro de 2020” irá “no prazo de cinco dias úteis concretizar a transmissão de uma participação qualificada na Raize, após o que passará a deter 1.655.049 ações representativas de 33,10% do capital social” da empresa.

O grupo recordou os objetivos que estabeleceu em 2020, que passam por “potenciar a criação de valor para os acionistas da Flexdeal e da Raize através de futuras parcerias que, sem prejuízo da independência entre ambas as sociedades, possam vir a reforçar a posição concorrencial e tecnológica de ambas”.

A empresa quer ainda “procurar contribuir para o lançamento de novas ofertas que constituam soluções inovadoras atraentes quer para investidores na plataforma quer para os tomadores dos empréstimos” e “aumentar a quota de mercado da Raize no mercado de crédito, designadamente junto das médias empresas”.

“Estamos naturalmente satisfeitos com a ‘luz verde’ dada pelo Banco de Portugal a esta operação e muito entusiasmados com o reforço da nossa participação na Raize”, afirmou o presidente do Conselho de Administração da Flexdeal, Alberto Amaral, citado na mesma nota.

 

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Jovens promovem manifesto para ter “voz na matéria”

  • ECO
  • 2 Fevereiro 2024

Sete jovens entre os 19 e os 32 anos lançam manifesto para defenderem uma participação ativa na discussão sobre as decisões políticas que resultarão das eleições de 10 de março.

A pouco mais de um mês das eleições, sete jovens decidiram promover um manifesto para “ter um lugar à mesa” das discussões políticas. “Ter voz na matéria”, é assim que os sete autores do manifesto — Inês Alexandre, Inês Ayer, José Paulo Soares, Mafalda Rebordão, Miguel Herdade, Sara Aguiar e de Silva Sancho — justificam a iniciativa. “Como podemos mudar o paradigma se o palco e o microfone estão destinados ao mesmo grupo de pessoas que está longe de ser representativo ou efetivo?”, lê-se no comunicado de apresentação, a que o ECO teve acesso.

Os jpovens, entre os 19 e os 32 anos, explicam a decisão de lançar este manifesto, que conta com o apoio público de 100 personalidades: “Lançaram um manifesto que serve de apelo aos líderes atuais e aos próprios jovens portugueses. Não se sentindo representados pelas lideranças, estão a construir uma plataforma que no médio a longo prazo facilita a materialização de ideias e soluções para os diferentes desafios sociais que enfrentamos, garantindo que a ponte entre os líderes e as soluções submetidas pelos jovens sejam feitas“.

Ter voz na matéria

Sonhamos com um país. Sonhamos com um país que nos fez ter vontade de crescer e fazer parte da solução. Um Portugal de oportunidades, que chama por uma nova geração de líderes. Temos a ambição, qualificação, talento, vontade e a responsabilidade de fazer a nossa parte: temos uma voz na matéria.

Não somos os que saem e os que ficam, não somos os que participam e os que não participam. Não somos os que querem o divórcio com as origens. Somos, juntos, a força e a convicção que mais nenhuma geração terá de esperar, sair ou desistir para viver.

Há muitas formas, desígnios e caminhos para construir um país. Há um Portugal que espera, enquanto outro Portugal grita por mudança. Um Portugal divide. Outro Portugal acredita que ainda é possível. Um Portugal conforma-se. Outro Portugal quer liderar. Um Portugal desiste. Outro Portugal escolhe lutar.

Mas nós só temos um país e precisamos de todos para lá chegar: que não nos dividam os estratos sociais, as profissões ou as orientações políticas. Que nos una a vontade de criar um país que nos serve melhor, com líderes que nos representam e oportunidades que nos recompensem na mesma medida em que nos esforçamos.

A matéria que Portugal formou é o resultado da geração que nos impulsionou e nos tornou a mais bem preparada de sempre. Agradecemos, mas a gratidão não nos senta nas mesas que devia sentar. Reivindicamos esse investimento pelos que vivem presos pela falta de horizontes, e por quem não consegue sair da pobreza. Pelos que não conseguem sair de casa dos seus pais, pelos precários, e pelos eternos estagiários. Pelos que queriam ficar, pelos que não conseguiram estudar. Pelos que querem fazer mais e melhor.

Crescemos com esta promessa. Muitos de nós foram os primeiros da família a terminar o ensino, muitos de nós são fruto de um esforço coletivo, o orgulho da vila e da cidade. Mas precisamos de mais. Mais espaço, mais vontade, mais atenção, mais oportunidades, mais. Mais lugares à mesa (somos muitos para jantar!).

Um Portugal espera. Outro Portugal escolhe lutar.

Estamos preparados. Deixem-nos arriscar, deixem-nos falhar. Acima de tudo, deixem-nos tentar. Não desistimos deste país, porque temos uma visão, uma opinião e queremos ser parte da solução.

Temos uma Voz na Matéria.

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O Coletivo Matéria não é um partido político nem uma estrutura formal. Os membros e assinantes do Manifesto vêm das mais diferentes orientações e sensibilidades políticas e as suas opiniões apenas vinculam os próprios, tal como qualquer posição do Colectivo Matéria não vincula ninguém em particular.

À data, Coletivo Matéria não conta qualquer financiamento público ou privado. Não tem, nem nunca terá, fins lucrativos.
Este manifesto respeita todas as pessoas, todas as identidades de género e todas as orientações sexuais, respeitando e celebrando todas as culturas, origens sociais, económicas e etnias, pautando-se pelo respeito dos direitos humanos.

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Câmaras de comércio do Norte de Portugal, Galiza e Sul de França querem criar macrorregião

"Precisamos de ter notoriedade para que as políticas públicas nos atendam como têm feito com outras regiões, como do Mediterrâneo e Sul da Europa que levam vantagem", diz o vice-presidente da AEP.

As câmaras de comércio e indústria do Norte de Portugal, Galiza, Astúrias, Cantábria, Burgos, Navarra e País Basco (Espanha) e Nova Aquitânia (França) querem criar a macrorregião do Arco Atlântico para terem mais visibilidade e reforçarem o posicionamento como território mais competitivo, sustentável, atrativo e com capacidade de influência. Em conjunto, ambicionam avançar com projetos comuns nas áreas da transição ecológica e energética ou das tecnologias digitais.

Estas entidades não querem ficar para trás no desenvolvimento económico em relação a outras câmaras de comércio e indústria de outras regiões europeias. “A zona do Sul da Europa tem tido mais incentivos sob o ponto de vista das políticas públicas, na União Europeia, do que estas câmaras que estão a Norte da Europa e da zona do Atlântico”, sublinha o ECO/Local Online o vice-presidente da Associação Empresarial de Portugal (AEP), Paulo Vaz, à margem da 2ª Conferência das câmaras de comércio e indústria do Arco Atlântico que decorreu esta sexta-feira à porta fechada, nas instalações da AEP, situadas em Leça da Palmeira (Matosinhos).

O objetivo desta conferência é estimular uma cooperação mais dinâmica entre estas câmaras de comércio, encontrar eixos de desenvolvimento para lançar projetos comuns e estruturantes que ajudem a promover estas regiões, por exemplo nas áreas da transição digital”, elenca o número dois da AEP em declarações ao ECO. “Precisamos de ter essa notoriedade para que as políticas públicas nos atendam como têm feito com outras regiões, sobretudo no Mediterrâneo e Sul da Europa que levam vantagem.”

A zona do Sul da Europa tem tido mais incentivos sob o ponto de vista das políticas publicas, na União Europeia, do que estas câmaras que estão a Norte da Europa e da zona do Atlântico.

Paulo Vaz

Vice-presidente da Associação Empresarial de Portugal (AEP)

Esta rede de câmaras de comércio do Arco Atlântico nasce no seguimento do memorando de entendimento assinado a 21 de junho de 2023, em Bilbau, com a intenção de reforçar a cooperação destas entidades e transformar o Arco Atlântico num território mais atrativo, dinâmico, aberto, conectado, competitivo e sustentável.

Com intervenção agendada na sessão, a comissária europeia para a Coesão e Reformas, Elisa Ferreira, considerou relevante a existência desta rede de cooperação. “Há um grande interesse entre as diversas regiões; neste caso há uma cooperação já muito antiga entre o Norte de Portugal e a Galiza. As próprias câmaras de comércio e associações empresariais resolveram juntar-se e estabelecer mecanismos de cooperação”, sustenta.

Elisa Ferreira refere ainda que todas elas “têm elementos comuns, por exemplo a inovação nas novas tecnologias das energias limpas ou a inovação tecnológica destas regiões, havendo já cooperações entre elas, nomeadamente no âmbito da gestão dos portos e de outras infraestruturas para aumentar o potencial e a atratividade“.

Estes projetos são depois financiados por fundos europeus. “Grande parte da cooperação é financiada pelos fundos estruturais, em particular pelo programa europeu Interreg”, explica. Apesar das cooperações entre estas câmaras de comércio já existirem, estas “ambicionam crescer e transformar estas cooperações numa coisa mais ampla, politicamente mais consagrada, que são as macrorregiões e têm de convencer os respetivos governos [nesse sentido]”, elucida a comissária europeia.

A criação da macrorregião implica um processo mais burocrático e moroso. “A proposta [para criação da macrorregião] vai primeiro ser submetida a aprovação do Conselho da União Europeia que é o órgão onde têm acento os primeiros-ministros dos países envolvidos, pois as câmaras de comércio têm de sujeitar aos 27 membros a aprovação de que se crie uma macrorregião. Depois, essa proposta é enviada para a Comissão Europeia que analisa, dá parecer e em princípio confirmará”, descreve.

Ambicionam crescer e transformar estas cooperações numa coisa mais ampla, politicamente mais consagrada que são as macrorregiões e têm de convencer os respetivos governos [nesse sentido].

Elisa Ferreira

Comissária Europeia para a Coesão e Reformas

Apesar de este ser um processo burocrático e implicar alguma demora, Elisa Ferreira considera que isso “não quer dizer que esteja tudo parado à espera que haja uma macrorregião, porque entretanto estas cooperações vão sendo financiadas e alimentadas – embora sem se chamarem macrorregiões –, mas geram projetos que são cofinanciados pela Comissão Europeia“.

Conheça as áreas em que a macrorregião pode avançar com projetos:

  • Transição energética e a integração das cadeias de valor das energias renováveis marinhas e do hidrogénio verde, promovendo simultaneamente a economia circular.
  • Transição digital como sendo uma oportunidade para a implementação de serviços avançados.
  • Economia azul e a exploração das possibilidades oferecidas pelos recursos marítimos; a promoção da pesca e aquicultura sustentáveis e das indústrias marítimas.
  • O desafio demográfico.
  • Aposta na indústria 4.0 e na relocalização das cadeias de valor, assim como no turismo sustentável.

Participaram ainda na sessão o presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), António Cunha, o presidente da Câmara de Comércio de Bilbau, Jose Ignacio Zudaire, além de Marian Elorza que ocupa a presidência da Comissão do Arco Atlântico.

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Salário médio declarado à Segurança Social sobe 7,2% para 1.463 euros em 2023

  • Lusa
  • 2 Fevereiro 2024

A remuneração média mensal declarada relativa ao trabalho dependente passou de 1.365 euros em 2022 para 1.463 euros em 2023, um acréscimo bruto de 98 euros.

A remuneração média declarada à Segurança Social pelos trabalhadores por conta de outrem aumentou 7,2% em 2023, para 1.463 euros, segundo dados do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social avançados esta sexta-feira à Lusa. De acordo com a informação, a remuneração média mensal declarada relativa ao trabalho dependente passou assim de 1.365 euros em 2022 para 1.463 euros em 2023, um acréscimo bruto de 98 euros.

Para a variação anual terá contribuído a atualização do salário mínimo nacional que, em 2023, subiu em 55 euros (7,8%), para 760 euros (atualmente o salário mínimo nacional é de 820 euros). O aumento da remuneração média mensal declarada em 2023 ficou acima do referencial que ficou estabelecido no acordo assinado entre o Governo e alguns parceiros sociais para a melhoria dos rendimentos, de 5,1% para 2023.

A subida foi também superior à inflação média de 2023, de 4,3%, medida pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). A evolução da remuneração ajudou ao crescimento da receita da Segurança Social, nomeadamente das quotizações e contribuições quotizações (os descontos a cargo dos trabalhadores e da entidade empregadora).

A receita com contribuições e quotizações cresceu 12,5% em 2023 face ao ano anterior, para 25.107,7 milhões de euros, “fruto da valorização do salário médio (em 7,2%) e do crescimento do emprego (em 5%)”, realça em resposta à Lusa o gabinete da ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho.

De acordo com a execução orçamental divulgada esta semana pela Direção-Geral do Orçamento (DGO), a Segurança Social atingiu um excedente de 5.464,4 milhões de euros no ano passado, um aumento de 1.396,4 milhões de euros face a 2022. O excedente – o maior registado nos últimos anos – deveu-se ao aumento da receita efetiva da Segurança Social em 7,8% para 38.311,4 milhões de euros, face a uma subida da despesa em 4,4%, para 32.847,0 milhões de euros.

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Baixa de Lisboa “será só para residentes e carros eléctricos”, diz Anacoreta Correia

O vice-presidente da Câmara de Lisboa promete alterações substanciais ao esquema de circulação viária no coração da capital, a fim de se cumprirem as exigências ambientais.

O vice-presidente da Câmara de Lisboa, Filipe Anacoreta Correia (CDS), que tem o pelouro da mobilidade, defende que, no futuro, a “circulação automóvel na Baixa de Lisboa será só para residentes e carros elétricos”, afirmou esta sexta-feira, em entrevista ao Público.

“Aquilo que temos visto é que é possível hoje, através de novas tecnologias — isso já acontece, por exemplo, em Madrid —, as pessoas irem ao território desde que se desloquem a um parque de estacionamento. Portanto, sabemos que o espaço público fica estrito aos residentes e também aos carros elétricos, como uma forma de diferenciar e encorajar a circulação de carros não-poluentes”, detalhou.

O objetivo é “reduzir substancialmente o tráfego automóvel, a poluição e a deterioração da qualidade de vida”, sublinhou.

Anacoreta Correia recordou que Lisboa já tem duas zonas de emissões reduzidas (ZER), “onde há a proibição de circulação de carros anteriores a determinadas datas, mas isso não teve qualquer consequência”.

“O que eu quero é ter anéis na cidade que determinem quais são as medidas amigas do ambiente, nomeadamente para impedir a entrada de carros na cidade por não-residentes que sejam sobretudo poluentes. Essas medidas têm que ser calendarizadas, mas também têm que ser vigiadas. Não basta proclamar para apresentar os anéis”, afirmou sem apresentar datas para a implementação dessas mudanças.

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Luís Pedro Martins reeleito presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal

  • Lusa
  • 2 Fevereiro 2024

"Não só temos mais turismo, como temos melhor turismo, de mercados com poder aquisitivo, que ficam mais tempo e que se deslocam por todas as sub-regiões do destino”, sustenta Luís Pedro Martins.

Luís Pedro Martins foi esta sexta-feira reeleito para um segundo mandato de cinco anos na presidência do Turismo do Porto e Norte de Portugal, eleição a que concorreu sozinho e recebeu a totalidade dos 54 votos, anunciou a entidade regional.

Na liderança do Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP) desde 2019, Luís Pedro Martins avança tendo no horizonte “um trabalho que não está acabado e que pode agora conhecer um forte impulso com o financiamento previsto no Programa Regional Norte 2030”, o qual vai permitir “concretizar importantes projetos para a região”, lê-se no comunicado. A nota de imprensa destaca também os nomes de Cancela Moura, Vítor Paulo Pereira, Manuel Tibo e Pedro Mesquita Sousa na lista aprovada e onde, na Mesa da Assembleia Geral, continua João Manuel Esteves e entra Fátima Fernandes.

A lista para o Conselho de Marketing é encabeçada pela Associação do Turismo do Porto, fazendo ainda parte Associação Portuguesa de Empresas de Congressos, Animação Turística e Eventos, a Associação Portuguesa de Agências de Viagens e Turismo, a Porto Business School, a Alfândega do Porto e as câmaras municipais de Macedo de Cavaleiros e do Peso da Régua, prossegue a publicação.

Sobre os “grandes desígnios para os próximos cinco anos”, o TPNP quer “consolidar e reforçar a notoriedade do Porto e Norte de Portugal pela diversidade e sofisticação, desenvolvendo estratégias e projetos que visem a sustentabilidade e a digitalização do setor”, acrescenta o comunicado.

No domínio institucional, a aposta “passa pelo fomento da cooperação estratégica com os vários stakeholders [parceiros] relevantes do território, e para o território, querendo contribuir igualmente para a discussão sobre o modelo, competências e financiamento das entidades regionais de Turismo”, lê-se ainda.

Citado pelo comunicado, o presidente reeleito assinala que nos últimos cinco anos “foram enfrentados os maiores desafios de que há memória, desde uma pandemia a conflitos mundiais”, período em que o “turismo da região soube preparar-se e sair da pandemia de modo estoico”, levando a que, logo em 2022, tenha “superado os números pré-pandémicos”.

“Os resultados validam a estratégia seguida. O ano de 2023, apesar de ainda não ter oficialmente os resultados fechados, aponta para um recorde absoluto em praticamente todos os indicadores da atividade turística”, prevê Luís Pedro Martins.

O comunicado assinala também que “o Porto e Norte registam o maior crescimento ao nível nacional, no número de dormidas, tendo sido ultrapassadas as 12,5 milhões de dormidas, o que significa uma subida de cerca de 15% face ao período homólogo de 2022, reforçando a primeira posição nacional em termos de dormidas dos residentes”. No que respeita a proveitos, prossegue a nota de imprensa, “a subida é ainda mais acentuada, rondando os 30%”.

Não só temos mais turismo, como temos melhor turismo, de mercados com poder aquisitivo, que ficam mais tempo e que se deslocam por todas as sub-regiões do destino”, sustenta Luís Pedro Martins, lembrando o “excelente” comportamento do Douro, Minho e Trás-os-Montes e acreditando que “neste último o crescimento será maior com o reforço da oferta que está em curso”. A tomada de posse para o novo mandato de cinco anos está agendada para 26 de fevereiro, às 18:00, na sede da entidade regional.

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ERC já respondeu a requerimento do BE sobre a Global Media e prepara resposta a novo

  • Lusa
  • 2 Fevereiro 2024

A ERC disse também não poder "para já" apresentar uma data final para a decisão sobre o processo administrativo relativamente à Global Media "face às diligências ainda em curso".

A ERC já respondeu “ao primeiro requerimento” do Bloco de Esquerda (BE) sobre os procedimentos administrativos da Global Media e prepara a resposta a outro que foi remetido na quinta-feira, disse esta sexta-feira fonte oficial à Lusa.

Em 31 de janeiro, o BE fez um requerimento a pedir esclarecimentos dos processos em curso à ERC, depois de em 8 de janeiro o Conselho Regulador, em reunião extraordinária, ter aprovado a abertura de um processo administrativo autónomo para a aplicação da Lei da Transparência e abertura de um procedimento oficioso de averiguações sobre determinadas matérias relativamente à Global Media (GMG).

Contactada pela Lusa a questionar se a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) já deu resposta, fonte oficial disse que sim.

A ERC respondeu ao primeiro requerimento do Bloco de Esquerda relativamente aos procedimentos administrativos sobre a situação do Grupo Global Media”, acrescentou.

Além disso, “informamos também que ontem [quinta-feira, 01 de fevereiro] foi remetido à ERC um novo requerimento subscrito também pelo Bloco de Esquerda, sobre o mesmo assunto, e que a resposta se encontra em preparação”, concluiu a mesma fonte.

Em 24 de janeiro, a ERC confirmou à Lusa que, no âmbito do processo administrativo em curso relativamente à Global Media “recebeu respostas de vários acionistas do grupo”, as quais estão a ser analisadas pelo regulador.

Entretanto esta sexta-feira, fonte oficial adiantou à Lusa que o regulador dos media não pode “para já” apresentar uma data final para a decisão sobre o processo administrativo relativamente à Global Media “face às diligências ainda em curso”.

A abertura do processo administrativo para aplicação do artigo 14.º da Lei da Transparência resulta do facto do regulador considerar que “existem fundadas dúvidas sobre se, entre os detentores do World Opportunity Fund (WOF), existem participações qualificadas nos termos da Lei da Transparência (representando 5% ou mais do capital social e/ou dos direitos de voto do Grupo Global Media)”, de acordo com a deliberação do início de janeiro.

De acordo com a informação da ERC, a participação efetiva da Páginas Civilizadas na GMG é de 50,25% do capital e dos direitos de voto. Esta posição é calculada a partir da soma da detenção direta de 41,51% e da indireta, através da Grandes Notícias Lda, de 8,74%.

O fundo WOF tem uma participação de 25,628% do capital social e dos direitos de voto da GMG. Por sua vez, o Grupo Bel detém uma participação indireta de 17,58%. A KNJ, de Kevin Ho, detém 29,350% e José Pedro Soeiro 20,400%.

Assim, a Global Media é detida diretamente pela Páginas Civilizadas (41,510%), KNJ (29,350%), José Pedro Soeiro (20,400%) e Grandes Notícias (8,740%).

Em 21 de setembro, o WOF adquiriu uma participação de 51% na empresa Páginas Civilizadas.

Entretanto, o Jornal de Notícias, O Jogo, Revistas JN História, Notícias Magazine, Evasões, Volta ao Mundo e a TSF e a Rádio Comercial dos Açores – títulos que eram da Global Media – foram comprados por um grupo de empresários representado por Diogo Freitas da Officetotal Food Brands, de Ponte de Lima.

Na quarta-feira, o presidente da Comissão Executiva da Global Media, José Paulo Fafe, apresentou a demissão por considerar “estarem esgotadas” as condições para exercer as suas funções.

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Inês Coelho e Inês Lopes Silva reforçam equipa da agência NEI

  • + M
  • 2 Fevereiro 2024

Fundada em 2021, a NEI tem na carteira de clientes marcas como a Ikea, Fidelidade, Danone, h3 ou Makro.

Visando uma “maior estrutura, criatividade e diversidade para o trabalho de branded content e marketing de influência em Portugal”, a NEI reforçou a sua equipa com as contratações de Inês Coelho como senior account manager e de Inês Lopes Silva enquanto strategic planner.

Tendo desempenhado no último ano o cargo de consultora de customer & marketing business na Deloitte, Inês Coelho conta também com mais de cinco anos de experiência enquanto content manager na Sonae. É formada em Marketing e Publicidade pelo Instituto Superior de Ciências Empresariais e do Turismo e conta com um MBA da United International Business School.

Inês Coelho diz estar estar entusiasmada em “estar agora do outro lado (o das agências)”, bem como por abraçar o desafio de encontrar “novas oportunidades de nos aproximarmos do consumidor de forma mais ‘relatable’ e humana. Mesmo com o desafio acrescido de trazer media paga e profissionalização a esta área sem que se perca o que tem de melhor: o lado orgânico e natural“.

Já Inês Lopes Silva, até agora brand content manager na startup Kitch e com mais sete anos de experiência em planeamento estratégico e produção de conteúdos em agências como a ComOn e BBDO, assume agora a função de strategic planner na NEI. É licenciada em Ciências da Comunicação pela Universidade Nova de Lisboa e tem um mestrado em Publicidade e Marketing pela Escola Superior de Comunicação Social.

O meu trabalho é e sempre será sobre entender pessoas: observá-las, compreendê-las. E depois como trago as marcas até elas ao encontrar um caminho para a comunicação ser-lhes útil, fazê-las pensar ou simplesmente dar-lhes algo bonito ou com graça (também é preciso). Negar que esse caminho está a ser feito hoje em paralelo por outras pessoas, fora dos meios tradicionais, só porque a palavra ‘influenciador’ nos causa estranheza, parece-me arriscado. A discussão para mim agora é perceber como trabalhar esta influência de forma mais interessante, não em negá-la”, refere citada em comunicado.

A escolha estratégica destes dois perfis foi motivada pelo desejo de trazer uma nova e diferenciada abordagem multidisciplinar a este trabalho de produção de conteúdo para marcas em parceria com todo o tipo de criadores — desde celebridades, passando por artistas até pessoas influentes comuns”, refere-se em nota de imprensa.

Fundada em 2021, a NEI tem na carteira de clientes marcas como a Ikea, Fidelidade, Danone, h3 ou Makro.

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Carma entra no mercado de gestão de influenciadores de lifestyle e beleza com a compra da mmi Analytics

  • + M
  • 2 Fevereiro 2024

A mmi, com 22 escritórios, passa a operar como marca interna do grupo Carma. A aquisição visa a "expansão da oferta de serviços" e o "reforço da posição em mercados fundamentais".

A Carma adquiriu a mmi Analytics, entrando no mercado de gestão de influenciadores, na área de lifestyle e beleza, e passando a oferecer um serviço integrado de análise de media, influenciadores e electronic retailing, anunciou a empresa de media intelligence e media monitoring.

“Os países CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa] são mercados estratégicos para a Carma, e esta aquisição tem impacto em cada um desses mercados, primordialmente em Portugal. Continuamos a aumentar a oferta de serviço, agora nos setores de beleza e luxo, que são bastante dinâmicos e interessantes”, diz Filipe Manuel Pereira, diretor geral da Carma CPLP, citado em comunicado.

“A aquisição da mmi traz à Carma a oportunidade de otimizar, ainda mais, as estratégias de comunicação digital dos nossos clientes, de forma a obter melhores resultados, com base em dados concretos”, acrescenta.

Já Christian Eckley, CEO da mmi Analytics, refere que “esta aquisição é uma excelente notícia para a nossa equipa e para os nossos clientes. Fornece-nos tecnologia, serviços e capacidades superiores em termos de media insights, ao mesmo tempo que permite à mmi melhorar e aumentar a sua oferta como parte de uma organização verdadeiramente global“.

Presente em Portugal desde 2020 através da Carma CPLP, e tendo expandido a sua operação em Portugal em 2021 com a aquisição da Manchete, a Carma pretende com esta aquisição aliar a sua tecnologia e serviços à “profunda experiência, e presença já bem estabelecida, da mmi Analytics nos setores de beleza, moda e lifestyle, refere-se em nota de imprensa.

“O objetivo é otimizar o percurso do cliente através da criação de estratégias de marca direcionadas e de metodologias de avaliação nos meios de comunicação de retalho, comunidades de influenciadores e redes de meios de comunicação tradicionais, à volta do globo”, acrescenta-se na mesma nota.

A mmi, que conta com 22 escritórios internacionalmente, vai assim passar a operar enquanto marca interna do grupo Carma.

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Receita acima do esperado à boleia da inflação permitiu surpresas orçamentais

Nos últimos três anos, marcados por uma inflação elevada, as receitas acabaram por ser maiores do que o previsto no Orçamento do Estado, dando um impulso às contas públicas.

Os últimos anos têm sido marcados por algumas surpresas orçamentais, com as contas públicas a terminarem numa posição melhor que o esperado. Existem vários fatores a influenciar a evolução das finanças do Estado, mas quando se olha para os orçamentos e a sua execução, é possível perceber que se conta com receita a menos e despesa a mais, o que no ajuste de contas acaba por ajudar a equilibrar o saldo orçamental.

No ano passado, segundo os dados divulgados pela Direção Geral do Orçamento esta semana, a receita fiscal ficou 5.500 milhões de euros acima do previsto no Orçamento do Estado. Já do lado da despesa, foram executados menos 2.500 milhões de euros que o projetado na rubrica do investimento. Tal permitiu alcançar um excedente orçamental das Administrações Públicas de 4,3 mil milhões de euros, em contabilidade pública.

Ainda não são conhecidos os valores em contabilidade nacional, que é a que conta para as regras da União Europeia, mas deverão ultrapassar os 2.191 milhões de euros previstos no Orçamento do Estado, e que corresponde a 0,8% do PIB.

Na elaboração dos orçamentos do Estado, algumas tendências são mais difíceis de prever, nomeadamente na altura da pandemia e, depois, com a invasão russa da Ucrânia. Começou a disparar a inflação e esta fez, por sua vez, elevar as receitas fiscais. Mas ao longo do tempo, há certas rubricas que têm vindo a não corresponder ao orçamentado.

Uma análise do Conselho das Finanças Públicas às previsões das Finanças no período dos Governos de António Costa mostra que as projeções tenderam a ser “prudentes”. Quando o CFP avalia o erro médio, verifica que as Finanças subestimam as variáveis macroeconómicas. “Este desvio é mais relevante no caso do emprego, da inflação e do crescimento do PIB nominal, e mais reduzido no caso das previsões para o crescimento do PIB em volume”, lê-se no relatório. Nas componentes do PIB, só para o investimento é que “as previsões do Ministério das Finanças apontam para uma sobrestimação da sua dinâmica”.

Quando se olha para os dados a partir de 2016, em contabilidade pública, é possível perceber que se executou sempre menos despesa do que o orçamentado. A dimensão da sobreorçamentação varia, sendo que há anos em que é menos expressiva, como é o caso de 2021 e 2022. Mas entre 2016 e 2018 rondou os dois mil milhões de euros, atingido os 3,4 mil milhões em 2019.

Já as receitas também eram sobreorçamentadas até 2020, executando-se sempre menos do que o esperado. Mas houve uma viragem em 2021, coincidente também com o disparar da inflação na saída da pandemia. A subida dos preços fez disparar a arrecadação de impostos, por um lado, sobre o consumo, mas impactando também os salários e, por conseguinte, os descontos.

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Nos últimos três anos, esta suborçamentação da receita e sobreorçamentação da despesa ajudou então a que o resultado final fosse mais positivo do que o esperado. Apesar da incerteza à volta da evolução da economia e do contexto internacional, algumas entidades foram alertando para esta possível divergência nas contas.

Como sinalizou Nazaré da Costa Cabral, numa audição no Parlamento no ano passado, “nos últimos anos fomos habituados, por razões que têm a ver com a conjuntura económica recente, a ter surpresas positivas em termos orçamentais, sendo que o que vinha como resultado orçamental acabava por superar as expectativas”. “Porque a maneira como o OE vinha a ser desenhado tinha um conjunto de margem que permitia contenção na execução e depois o comportamento da receita foi sempre surpreendente e ajudou”, recordou.

Mas a presidente do CFP alertou que o Orçamento do Estado para 2024 “pode ser princípio do fim das boas surpresas orçamentais”, já que terá uma execução mais difícil devido ao “espartilho” criado por novas restrições como a redução do IRS e a despesa com pessoal.

Se será ou não, é ainda incerto. Ainda no final do ano passado, a UTAO sinalizou que a receita fiscal que o Estado iria arrecadar em 2023 e 2024 seria maior do que o previsto na proposta do Orçamento do Estado para 2024. “A diferença entre as previsões do Ministério das Finanças e a estimativa da UTAO aponta para uma subvalorização da receita de impostos diretos de 782 milhões de euros em 2023 e 681 milhões de euros em 2024″, indicava o relatório.

Para 2023 estas previsões verificaram-se, mas para 2024 ainda será preciso esperar para ver. Mas há alguns elementos que já se podem antecipar, sendo que por exemplo Fernando Medina já sinalizou que a dívida pública pode descer até 96% do PIB este ano com “relativa facilidade”.

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