Empresas podem pedir apoio ao novo salário mínimo a partir de 1 de fevereiro

Compensação à subida do salário mínimo poderá ser pedida entre 1 de fevereiro e 1 de março, numa plataforma que está a ser atualizada para esse fim. Apoio máximo é de 112 euros por trabalhador.

O apoio desenhado para ajudar as empresas a pagarem o novo salário mínimo vai poder ser pedido entre 1 de fevereiro e 1 de março. Depois dessa data, o subsídio — que pode corresponder, no máximo, a 112 euros por trabalhador — caduca.

Em plena pandemia, o Governo decidiu voltar a atualizar o salário mínimo nacional, que em 2022 passa, assim, de 665 euros para 705 euros. Para mitigar o esforço das empresas, e face à “conjuntura adversa”, foi preparada, contudo, uma compensação para os empregadores que tenham ao seu serviço trabalhadores a receber esse valor.

Para as empresas cujos trabalhadores recebiam em 2021 o salário mínimo (então, 665 euros) e passaram a receber o novo montante (os tais 705 euros), o apoio previsto é de 112 euros por trabalhador.

Já para as empresas cujos trabalhadores recebiam mais do que 665 euros, mas menos do que 705 euros, a compensação é de 56 euros por trabalhador. Mas há uma exceção a essa regra: se esse salário superior ao antigo salário mínimo mas inferior ao novo tiver estado previsto num instrumento de regulamentação coletiva de trabalho (revisto ou alterado e 2021), o apoio agora concedido é de 112 euros por trabalhador.

Esta compensação será paga pelo IAPMEI e pelo Turismo de Portugal às entidades empregadoras e pessoas singulares com um ou mais trabalhadores ao seu serviço que se registem numa plataforma que foi criado em 2021 para esse efeito e que está agora a ser atualizada.

Num decreto-lei publicado em dezembro, o Governo já tinha esclarecido que esse registo deverá ser feito até 1 de março (data após a qual o subsídio caduca), mas faltava saber quando arrancava esse período de candidaturas. O IAPMEI esclareceu, entretanto, que a plataforma será disponibilizada a partir de 1 de fevereiro.

Já o pagamento deste subsídio será feito “o prazo máximo de 30 dias contados do término do prazo”. Ou seja, deverá chegar às empresas ainda em março. E para recebê-lo, os empregadores terão de ter, no momento do pagamento, as suas situações tributária e contributiva regularizadas.

No total, esta medida deverá custar aos cofres do Estado “à volta de 100 milhões de euros“, indicou aos jornalistas o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, à saída da reunião de Concertação Social em que foi apresentado aos parceiros sociais o valor final do salário mínimo a vigor em 2022 e os contornos da compensação que o acompanha.

Este apoio é cumulável com outros apoios ao emprego aplicáveis ao mesmo posto de trabalho, incluindo os concedidos no âmbito da pandemia.

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Estas são as dez profissões mais bem pagas em 2022. Quatro ultrapassam os 100.000€, oito são no mundo tech<span class='tag--premium'>premium</span>

Um diretor-geral na área de saúde recebe até 150.000 euros anuais. O mesmo pode receber um diretor comercial. O pódio fica completo com o CIO, com um salário máximo de 140.000 euros.

O atual contexto de pandemia tornou ainda mais evidente e urgente a necessidade de contratar líderes altamente qualificados no setor da saúde. Talvez por isso, e à semelhança do que já aconteceu no ano passado, os diretores-gerais na área da saúdesão os profissionais mais bem pagos em Portugal, com salários anuais que começam nos 120.000 euros e podem facilmente alcançar os 150.000 euros.Seguem-se o diretor comercial -- que passa a figurar a lista e marca presença no pódio -- e o chiefinformationofficer(CIO), o único do Top 3 a ver reforçada a sua remuneração em 2022. O setor tecnológico lidera o rankingdos mais bem pagos ,revela o levantamento das dez profissões mais bem pagas do país, fornecido pelo ManpowerGroup à Pessoas. "Estes profissionais [diretores-gerais na área da

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Do certificado às escolas, isto é o que muda nas regras para travar a pandemia

O teletrabalho mantém-se obrigatório até dia 14, com as escolas a abrir dia 10. Continua a ser necessário apresentar teste para algumas atividades, exceto para quem tem dose de reforço.

Após a semana de contenção, o Governo decidiu manter algumas medidas por mais uns dias, mas no geral as restrições aliviam para os portugueses. Há também novidades quanto aos requisitos para ter acesso a diferentes espaços, sendo que as pessoas com dose de reforço ficam dispensadas de apresentar teste.

Por um lado, o regime de teletrabalho obrigatório vai manter-se até 14 de janeiro, data a partir da qual passa a ser recomendado. A reabertura de bares e discotecas também foi adiada, para 14 de janeiro, continuando a ser necessário teste para entrar. Mantém-se ainda a proibição de consumo de bebidas alcoólicas na via pública, com exceção das esplanadas.

Para compensar as empresas pelo impacto financeiro do encerramento, o Governo retomou o lay-off simplificado, que permite aos empregadores reduzir os horários de trabalho ou suspender os contratos ao mesmo tempo que lhes assegura uma ajuda para o pagamento dos salários. Adicionalmente, as discotecas e bares podem também aceder ao programa Apoiar.

Nas lojas, também continuam os limites relativos à ocupação dos estabelecimentos comerciais, sendo que a ocupação máxima indicativa é de uma pessoa por cada cinco metros quadrados de área.

Quanto às regras de acesso, o certificado digital é obrigatório para:

  • Restaurantes;
  • Estabelecimentos turísticos e alojamento local;
  • Espetáculos culturais;
  • Eventos com lugares marcados;
  • Ginásios.

Já o resultado negativo de teste Covid-19 é obrigatório para acesso a:

  • Visitas a lares;
  • Visitas a pacientes internados em estabelecimentos de saúde;
  • Grandes eventos e eventos sem lugares marcados ou em recintos improvisados
  • Recintos desportivos (salvo decisão da DGS).

No entanto, as pessoas que tomaram a dose de reforço da vacina contra a Covid-19 há pelo menos 14 dias não têm de apresentar teste, sendo que o certificado digital vai passar a indicar a toma da terceira dose findo este período.

Quanto às viagens, foram prorrogadas até 9 de fevereiro as medidas especiais em matéria de testagem para efeitos de voos internacionais, ou seja, é necessário teste negativo para quem chega a Portugal, mantendo-se também as multas para as companhias.

No que diz respeito às escolas, o primeiro-ministro confirmou a reabertura a 10 de janeiro (depois de esta ter sido adiada na semana de contenção). Determinou-se também o fim dos isolamentos de turmas após deteção de caso positivo, pelo que as crianças não vão ter de ficar em casa. Além disso, vai avançar a testagem de docentes e não docentes nas duas primeiras semanas após o regresso às aulas.

Há ainda novas regras para o isolamento, com a atualização da norma da Direção Geral de Saúde. Agora, o isolamento passa a ser aplicado apenas aos casos positivos e coabitantes, e tem a duração de sete dias. Já as pessoas com dose de reforço ficam isentas de isolamento.

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5 coisas que vão marcar o dia

No dia em que entram em vigor novas medidas no âmbito da pandemia, continuam os debates eleitorais para as legislativas.

No dia em que entram em vigor novas medidas no âmbito da pandemia, começa o prazo para as empresas com trabalhadores em casa submeterem à Segurança Social os pedidos de apoios à família. Esta segunda-feira continuam os debates eleitorais para as legislativas, bem como a audição do ex-banqueiro João Rendeiro. Saiba quais são os acontecimentos que vão marcar o dia.

Entram em vigor novas medidas no âmbito da pandemia

Entra esta segunda-feira em vigor um conjunto de novas regras para as medidas que o Governo criou no combate à pandemia. Entre as principais mudanças, destaque para as regras quanto à necessidade de fazer teste e de ficar em isolamento, com o Executivo a decidir que quem tomou a dose de reforço da vacina (terceira) há 14 dias fica dispensado desta obrigatoriedade no acesso a certos estabelecimentos.

Empresas com trabalhadores em casa já podem submeter pedidos de apoio

Arranca esta segunda-feira (e até dia 20 de janeiro) o prazo para as empresas com trabalhadores em casa — devido ao encerramento de creches e ATLs — entregarem à Segurança Social os pedidos de apoios à família. Para os pais que sejam forçados a faltar ao trabalho para ficar com os filhos (até 12 anos), devido ao encerramentos de creches e ATL’s, está disponível este apoio, que corresponde a dois terços da remuneração-base dos trabalhadores por conta de outrem ou a 100% do ordenado, no caso das famílias monoparentais e dos pais que partilhem entre si a assistência aos dependentes.

Continuam debates eleitorais para as legislativas

As eleições legislativas estão cada vez mais perto e os debates que juntam frente a frente os principais líderes parlamentares continuam. Esta segunda-feira é a vez de Catarina Martins, do Bloco de Esquerda, se sentar com Inês de Sousa Real, do PAN, às 18h30, na RTP3. Às 21h a SIC vai transmitir o debate entre Rui Rio, do PSD, e João Cotrim de Figueiredo, da Iniciativa Liberal. Por fim, às 22h, o centrista Francisco Rodrigues dos Santos vai estar frente a frente na CNN com Rui Tavares, do Livre.

Prossegue audição do ex-banqueiro João Rendeiro

É retomada esta segunda-feira a audição de João Rendeiro, que está em prisão preventiva, depois de ter visto recusado pela Justiça sul-africana o pedido de libertação sob uma caução de 2.178 euros. O ex-presidente do Banco Privado Português (BPP) foi preso em dezembro, num hotel na África do Sul, ao fim de três meses a fugir à Justiça. Foi condenado em três processos relacionados com o colapso do banco, tendo o tribunal dado como provado que João Rendeiro retirou do banco 13,61 milhões de euros.

Arrancam candidaturas ao programa “Transformar Turismo”

Arrancam esta segunda-feira as candidaturas ao programa “Transformar Turismo”, com 20 milhões de euros, bem como às linhas de apoio “Territórios Inteligentes”, com quatro milhões de euros, e “Regenerar Territórios”, com 16 milhões de euros. O “Transformar Turismo” visa apoiar um turismo mais sustentável, responsável e inteligente, através do desenvolvimento de produtos, serviços e negócios inovadores com benefícios sociais tangíveis e impacto positivo no meio ambiente.

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Usar aquecedor a óleo pode custar mais de 220 euros na conta da luz até ao fim do inverno

  • Capital Verde
  • 10 Janeiro 2022

Usados todo o inverno, 4 horas por dia, os aquecedores a óleo resultam numa fatura de 222,96 euros, de acordo com a Selectra. Mas há opções mais baratas para aquecer a casa. Descubra quais.

Precisamente há um ano, por estes dias, os portugueses batiam o dente de frio, com temperaturas anormalmente baixas que obrigaram a uma corrida às grandes superfícies que quase fez triplicar a procura por aquecedores, que esgotou a lenha para lareiras e levou mesmo a breves ruturas de stocks de botijas de gás em algumas gasolineiras.

Para piorar a situação, a população estava mais uma vez confinada em casa em teletrabalhado e telescola por causa do coronavírus, o que levou a um aumento dos consumos de energia das famílias e obrigou o Governo a criar uma ferramenta especial para ajudar a pagar a conta da luz de janeiro de 2021.

Até ver, janeiro de 2022 está com temperaturas muito mais amenas, mas ainda assim este é o mês do ano por excelência em que os aquecedores mais trabalham lá em casa e em que as contas da luz surgem mais gordas ao fim do mês.

E precisamente porque nem sempre pensamos duas vezes antes de ligar o aquecedor e no impacto que isso vai ter na fatura, a empresa de comparação de tarifas de energia Selectra fez uma estimativa dos gastos que os consumidores têm ao longo de um mês com o uso de aquecedores.

De acordo com a análise, os aquecedores a óleo são os menos económicos e a alternativa mais rentável passa pelo uso de emissores elétricos.

Os cálculos dos gastos foram feitos com base no uso diário do aquecimento durante quatro horas e consideraram uma habitação com uma potência contratada de 6,9 kVA (família de quatro pessoas), bem como os watts (W) médios dos aquecedores a óleo, convector, infravermelho, ar condicionado e emissor térmico.

Dentro da tarifa bi-horária, os valores ao final do mês de um aquecedor a óleo, que tem uma potência média de 2000W, ficam a 44,59 euros nas horas de ponta e a 22,32 euros nas horas de vazio. No caso da tarifa simples esta opção sairia a 35,76 euros por mês, sendo a mais cara de todas, quer na tarifa bi-horária, quer na simples.

Já o convector e o infravermelho, com potências de 1.500W e 1.200W respetivamente, dão praticamente os mesmos gastos ao final do mês, mas ainda assim é o convector que dá mais despesa, com gastos de 33,44 euros por mês nas horas de ponta e 16,74 euros nas horas de vazio e, no caso da tarifa simples, 26,82 euros. Já o infravermelho gasta 26,76 euros nas horas de ponta e 13,39 euros nas horas de vazio, ficando por 21,46 euros na tarifa simples.

Por fim, o ar condicionado e o emissor térmico são as duas opções que saem mais em conta na fatura da luz. Com uma potência de 1.100W, o uso do ar condicionado tem um custo de 24,53 euros nas horas de ponta e de 12,28 euros nas horas de vazio. Já se for pela tarifa simples gasta 19,67 euros por mês.

Ainda assim, é o emissor térmico que consegue ser mais acessível para os consumidores, uma vez que é o que tem a potência mais baixa, nomeadamente 1.000W, e, consequentemente, tem uns gastos menores do que as restantes opções – 22,30 euros nas horas de ponta, 11,16 euros nas horas de vazio e 17,88 euros na tarifa simples.

E quanto gastará ao longo de todo o inverno?

A mesma tendência é observada se contabilizar o total de gastos com os mesmos aquecedores entre novembro e março (cinco meses), quatro horas por dia. Também aqui o aquecedor a óleo continua a ser o mais dispendioso de todos.

Para ter uma noção, neste caso, com o aquecedor a óleo gastaria 222,96 euros nas horas de ponta, 111,60 euros nas horas de vazio e 178,80 euros na tarifa simples. Já o emissor térmico ficaria a praticamente metade do preço em todas as opções – 111,48 euros nas horas de ponta, 55,80 euros nas horas de vazio e 89,40 euros na tarifa simples.

Os números mostram, por isso, que, apesar de haver uma maior despesa na fatura da luz durante o inverno, pode optar por aparelhos que gastam menos ou até decidir ligá-los apenas nas horas de vazio (no caso de ter uma tarifa bi-horária), já que esta é a opção que sai barata comparativamente às outras possibilidades.

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Ferpinta investe 50 milhões e cria nova fábrica

Empresa de metalomecânica de Oliveira de Azeméis vai receber um crédito fiscal de 4,99 milhões de euros e um apoio a fundo perdido do Compete 2020 de 5,99 milhões de euros.

A Ferpinta, empresa de tubos de aço, vai investir cerca de 50 milhões de euros na criação de uma nova fábrica em Oliveira de Azeméis. Este investimento, a realizar em três anos, deverá criar para já 14 novos postos de trabalho.

“Entre 2021 e 2023 a Ferpinta irá realizar investimentos no valor de 49,98 milhões de euros, envolvendo uma nova unidade industrial, novos produtos e o aumento da capacidade atual”, explicou ao ECO o comendador Fernando Pinho Teixeira. “Este investimento irá também incidir na aposta em tecnologias mais inovadoras e integrá-las nos processos de fabrico, numa abordagem integral do conceito Indústria 4.0, que permite capacitar a empresa das condições necessárias para o desenvolvimento de novos produtos, diferenciados e inovadores”, acrescentou o fundador do grupo e presidente do conselho de administração.

Este é um dos investimentos a que o Executivo vai conceder um incentivo fiscal. João Leão, no final da reunião do Conselho de Ministros da última semana de 2021, anunciou a atribuição de um crédito fiscal máximo de 92 milhões de euros a 26 contratos de investimento que representam um investimento total de 937 milhões de euros na economia. Com este pacote de investimentos, Portugal fechou o ano de 2021 com um valor recorde na atração de investimento contratualizado.

A empresa de metalomecânica vai receber um crédito fiscal de 4,99 milhões de euros e um apoio a fundo perdido do Compete 2020 de 5,99 milhões de euros. Apoios concedidos para a criação da nova unidade industrial “para a manipulação e transformação de chapa, nomeadamente ao nível do seu corte em diferentes formatos e espessuras”. Esta unidade será construída nos pavilhões industriais mandados construir pela empresa chinesa Wuhan Industries, na zona industrial de Loureiro, confirmou fonte oficial da empresa ao ECO. O “pavilhão chinês”, como é conhecido, foi comprado pela Ferpinta em agosto do ano passado, num investimento que rondou 13,7 milhões de euros, de acordo com o jornal regional azemeis.net.

A Ferpinta também se compromete a diversificar a produção. Após a implementação da nova unidade, no setor da metalomecânica, “a empresa estará preparada para começar a produzir tubos com características distintas, que exigem um acabamento diferente, baseado em tratamento térmico, e introduzir na sua gama um produto que atualmente não é produzido pela empresa“, precisou Fernando Pinho Teixeira. “A nível ambiental, este investimento irá trazer ganhos de eficiência produtiva e energética, através do aumento da produção de energia proveniente de fontes renováveis a serem integradas no processo produtivo”, acrescentou o responsável.

O investimento, que já arrancou a 18 de outubro do ano passado, deverá está concluído no final de junho de 2023, deverá criar 14 novos postos de trabalho e compromete-se a manter os atuais 380.

No texto da candidatura apresentada aos apoios do Portugal 2020, a Ferpinta explicava que “pretende continuar a afirmar-se como uma empresa inovadora no desenvolvimento e na produção de tubos em aço de elevada qualidade, enquanto referência no setor mundial e líder no mercado ibérico“. E que pretende com este investimento acompanhar as tendências de mercado e a possibilidade de “executar soluções diferenciadoras”.

A empresa delineou um plano de investimento para responder “à evolução do mercado na procura de novos produtos, como tubos de aço com características mais homogéneas que permitem a sua aplicação a novas finalidades e perfis planos em aço com diferentes espessuras e geometrias”.

Nota: Título alterado. A nova unidade vai operar no setor da metalomecânica, mas não será tubos de aço, precisou ao ECO fonte oficial da empresa.

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Pensões chegam hoje com aumento automático, mas sem extra

A Segurança Social paga esta segunda-feira as pensões de janeiro. Chegam com atualizações até 1% à boleia da inflação, mas sem qualquer aumento extraordinário.

O ano de 2022 poderia ser o sexto consecutivo em que as pensões mais baixas beneficiariam de um aumento extraordinário, mas o chumbo da proposta de Orçamento do Estado levou o Governo a deixar cair essa medida. A Segurança Social paga, assim, esta segunda-feira as primeiras pensões do ano, aplicando-lhes “somente” a atualização decorrente da inflação.

Com base na evolução da economia nacional e do Índice de Preços no Consumidor (IPC), as pensões vão subir, este ano, de forma automática até 1%. As pensões até 886 euros vão ser atualizadas em 1%, as pensões entre 886 euros e 2.569 euros vão subir em 0,49% e as pensões acima de 2.569 euros vão crescer 0,24%.

Segundo confirmou ao ECO o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, as pensões que serão pagas esta segunda-feira (por transferência bancária e vale de correio) já incorporam essas atualizações, que na maioria dos casos darão um acréscimo de menos dez euros aos pensionistas. Esse valor vinha sendo garantido, ano após ano, às pensões mais baixas, através de aumentos extraordinários, mas este ano tal não está garantido (pelo menos, por agora).

Em 2017, depois de terem estado cinco anos congeladas (2011 a 2015), as pensões até 631,98 euros beneficiaram, pela primeira vez, de um aumento extraordinário, cujo objetivo era compensar a perda de poder de compra registada nos anos de congelamento.

O reforço adicional foi pago a partir de agosto desse ano e correspondeu a dez euros para as pensões que não tinham sido de nenhum modo atualizadas entre 2011 e 2015 e a seis euros para as demais. No total, cerca de dois milhões de pensionistas beneficiaram desta medida.

Em 2018, o Governo repetiu a receita: voltou a atualizar de modo extraordinário as pensões até 1,5 vezes o Indexante dos Apoios Sociais (nesse ano, 643,35 euros) partir de agosto, tendo o ministro do Trabalho de então, Vieira da Silva, explicado que esta medida se justificava por estarem em causa “pessoas, geralmente, com longas carreiras contributivas e valores de pensão muito baixos“. Nesse ano, o aumento extraordinário também foi de dez euros para as pensões que não tiveram atualizações entre 2011 e 2015 e de seis euros para as demais.

Já em 2019, no último ano da primeira legislatura de António Costa, o aumento extraordinário das pensões acabou por ser pago logo a partir de janeiro, tendo abrangido o mesmo universo (pensões até 1,5 vezes o IAS, ou seja, 653,64 euros) e correspondido aos mesmos valores (dez e seis euros).

No ano seguinte, o primeiro da atual legislatura, as pensões só foram alvo de aumentos extraordinários a partir de maio, uma vez que o país tinha ido, havia pouco, a eleições e o novo Governo de António Costa tinha, pois, aprovado o Orçamento do Estado no início do ano, em vez de no fim, como geralmente acontece.

Esse aumento extraordinário voltou a abranger as pensões até 1,5 vezes o IAS (nesse ano, 658,2 euros) e a corresponder a dez e seis euros, nas condições já referidas relativamente aos outros anos. O objetivo, explicava então o Governo, era “aumentar o rendimento dos pensionistas com pensões mais baixas“.

2021, em plena pandemia, o modelo escolhido viria a ser diferente: as atualizações extraordinárias foram pagas com efeitos a janeiro, abrangendo as pensões até 658,2 euros e correspondendo a dez euros para todos os pensionistas, mesmo para aqueles cujas pensões tinham sido atualizadas entre 2011 e 2015.

O ano de 2022 seria, assim, o sexto consecutivo de aumentos extraordinários das pensões mais modestas, mas o chumbo da proposta de Orçamento do Estado (OE) levou o Governo a não seguir por esse caminho.

Chegou a estar previsto, fruto da negociação com os partidos mais à esquerda, que as pensões até 1.097 euros teriam, a partir de janeiro, um acréscimo extraordinário de dez euros, mas, após a reprovação do OE, António Costa veio dizer que só colocaria no terreno, até às eleições de 30 de janeiro, os aumentos “normais” das pensões.

Tal não significa, contudo, que este ano não possa vir a ser sinónimo de aumentos extraordinários, uma vez que essa medida pode ainda ser incluída no Orçamento do Estado do Governo que sair desta ida às urnas. Por exemplo, António Costa, na apresentação das linhas gerais do programa eleitoral do PS, prometeu executar integralmente as medidas que estavam no OE que chumbou, caso saia vitorioso, nomeadamente o reforço extra das pensões.

Por agora, a Segurança Social aplicará, contudo, às pensões “somente” a atualização decorrente da inflação. Por essa via, 2,6 milhões de pensionistas veem esta segunda-feira chegar à carteira um cheque reforçado face ao que receberam no mês passado.

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Renovar todos os edifícios com pior desempenho energético custa 471 milhões

Portugal tem cerca de 118 mil imóveis com classe energética "F", ou seja, a menos eficiente. Seriam precisos 471 milhões de euros para passar todos esses imóveis para a classe anterior.

Dos mais de 1,56 milhões de certificados energéticos emitidos desde 2013 para edifícios em Portugal, cerca de 118 mil (7,5%) estão classificados na classe “F”. Para fazer obras que retirassem todos estes edifícios da classe de pior desempenho energético, seriam precisos 471 milhões de euros, de acordo com os números avançados pelo Ministério do Ambiente ao ECO. Quase tanto como o montante que reservado no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para fomentar a reabilitação e a eficiência energética dos edifícios.

Desde 2013 já foram emitidos 1.561.950 certificados energéticos, dos quais 1.380.759 (88% do total) correspondem a imóveis de habitação e 181.191 (12% do total) a imóveis comerciais, de acordo com os dados do Sistema de Certificação de Edifícios (SCE).

Numa análise às classes, um quarto dos certificados são de classe “C” e apenas 2,5% correspondem à classe com melhor desempenho energético (“A+”). Já na classe de pior desempenho energético (“F”) estão 7,5% dos certificados, ou seja, 117.886 imóveis, dos quais 115.672 correspondem a imóveis de habitação e 2.214 a imóveis de comércio ou serviços.

E quanto custaria retirar esses 118 mil imóveis do fundo da escala? Passar uma habitação da classe “F” para a “E” custa, em média, cerca de 4.000 euros, enquanto o mesmo processo para um edifício comercial custa cerca de 3.500 euros, adiantou ao ECO fonte oficial do ministério de Matos Fernandes. Feitas as contas, retirar as 115.672 habitações da última classe custaria cerca de 463 milhões de euros e retirar os imóveis comerciais custaria cerca de 7,75 milhões de euros. Ou seja, um total de 471 milhões de euros.

Estas estimativas do Ministério do Ambiente têm por base um universo de 63.200 certificados de habitação e 900 de comércio. Os dados permitem ainda perceber que passar uma habitação da classe “F” para a “D” — subir dois patamares — custaria cerca de 6.500 euros, mas ascender à classe “C” custaria cerca de 11.500 euros. Nos serviços fica mais barato: 4.500 euros para passar da “F” para a “D” e 5.000 euros da “F” para a “C”.

No PRR está reservada uma fatia de 610 milhões de euros para fomentar a reabilitação energética e a eficiência energética nos edifícios. Ou seja, esta fatura de 471 milhões representa 77% do bolo. A opção do Executivo foi dedicar “80 milhões de euros para edifícios residenciais e da Administração Pública”, sublinhou fonte oficial do Ministério de Matos Fernandes.

Portugal “alinhado com a UE” em dar “prioridade à eficiência energética”

O ministério garante que “tem vindo a apoiar a eficiência energética em edifícios” através de “várias as iniciativas já desenvolvidas a nível nacional”, tais como o Programa de Apoio a Edifícios Mais Sustentáveis, cujas candidaturas foram prolongadas até 31 de março, com um reforço de dotação de 15 milhões.

Em 2002, o Parlamento Europeu e o Conselho Europeu criaram uma diretiva que, entre outros pontos, estabelece que todos os Estados-membros têm de ter um Sistema de Certificação Energética (SCE) nos edifícios. Em 2010, essa diretiva foi revista e trouxe novas metas, muitas alcançáveis através do certificado energético. Em 2013 deu-se uma mudança nas metodologias de avaliação e a classe “G” foi absorvida pela classe “F”.

Em dezembro, a Comissão Europeia avançou com novas propostas de alteração a essa diretiva, entre as quais se prevê que os Estados-membros têm de renovar os edifícios com menor eficiência energética até o final da década, de forma a reduzir as emissões e economizar combustível. Isto porque, apesar de classe “G” ter sido absorvida por muitos países, ainda persiste numa minoria (15%).

O objetivo é implementar uma estratégia de longo prazo que permita promover a renovação de edifícios, contribuindo para um aumento da eficiência energética.

Fonte oficial do Ministério do Ambiente

Assim, uma das propostas em cima da mesa — que tem ainda de ser aprovada –, propõe que esses 15% do parque imobiliário da União Europeia (UE) com pior desempenho — classe “G” na certificação energética — têm de ser atualizados até, pelo menos, à classe “F”. No caso dos edifícios públicos e não residenciais, a meta é 2027, enquanto os edifícios residenciais devem ser renovados até 2030.

Portugal está, assim, alinhado com as metas europeias, uma vez que os edifícios com pior desempenho energético já estão na classe “F”. Contudo, o Governo reconhece que há muito trabalho pela frente. “Portugal está alinhado com a política energética da UE a vários níveis, onde se inclui a prioridade à eficiência energética”, diz fonte oficial do Ministério do Ambiente, salientando que o “objetivo do Governo, e do país, é de implementar uma estratégia de longo prazo que permita promover a renovação de edifícios, contribuindo para um aumento da eficiência energética”.

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7,5% dos edifícios com certificado estão na pior classe energética

No universo de 1,56 milhões de certificados energéticos emitidos desde 2013, 7,5% correspondem a edifícios classificados na pior classe energética.

O Governo tem vindo a desenvolver várias iniciativas para melhorar o desempenho energético dos edifícios. Mas os números mostram que há um longo caminho a percorrer. Dos mais de 1,6 milhões de certificados emitidos desde 2013, a maioria pertence à classe “C”, no meio da escala, e quase 8% estão classificados na pior classe energética — “F”.

“A+”, “A”, “B”, “B-“, “C”, “D”, “E” e “F”. É através desta escala que se calcula a certificação energética dos edifícios, um indicador que dá informações sobre o desempenho energético de um imóvel, tais como a redução de custos com o uso de energia ou a melhoria do conforto térmico. Atualmente, este certificado é obrigatório para várias situações e custa entre 45 euros (habitação) e 950 euros (comércio).

Os números do Sistema de Certificação de Edifícios (SCE) mostram que, desde 2013, o número de certificados pedidos tem vindo a aumentar, até ao total de 1.561.950 até agora — em 2013 foram emitidos 179.990 e, em 2021, foram 202.365.

Analisando os números como um todo, percebe-se que um quarto (25%) dos certificados emitidos corresponde a edifícios na classe energética “C”. Segue-se a classe “D” com 21,5% e a classe “E” com 13%. A classe “A+”, com melhor desempenho energético, tem apenas 2,5% dos certificados emitidos desde 2013, sendo que a pior classe (“F”) diz respeito a 7,5% dos edifícios.

Certificados emitidos por classe energética desde 2013 (dados contabilizados a 6 de janeiro de 2022).Sistema de Certificação de Edifícios (SCE)

A maioria dos certificados foi emitida em Lisboa (407.082) e no Porto (263.162), seguindo-se Setúbal (145.942), Faro (142.381) e Braga (112.890).

Numa análise mais fina, focando apenas nos edifícios habitacionais (1.380.759 — 88% do total), os dados mostram que quase um quarto (23,3%) está classificado na classe “D”, seguindo-se a classe “C” com 22,1% dos certificados. Por outro lado, 8,4% dos edifícios estão na pior classe energética (“F”) e apenas 2,8% estão no topo da tabela, classificados como tendo o melhor desempenho energético.

Os 1,38 milhões de certificados emitidos para edifícios de habitação correspondem a apenas 23% dos quase seis milhões de habitações que existem no país, de acordo com os Censos de 2021.

Já no que toca aos edifícios de serviços, que somam 181.191 certificados (12% do total), quase metade (46,5%) está inscrita na classe “C”. Apenas 1,2% dos certificados pertencem à classe com pior desempenho energético (“F”) e só 0,4% estão na melhor classe (“A+”).

Em declarações ao ECO, fonte oficial do Ministério do Ambiente referiu que “o Governo fará todos os esforços para promover a melhoria contínua do desempenho energético dos edifícios” e que, nesse sentido, tem criado várias iniciativas a nível nacional. Aqui, destaca-se, por exemplo, o Programa de Apoio a Edifícios Mais Sustentáveis, cujas candidaturas foras prolongadas até 31 de março de 2022, com um reforço de dotação de 15 milhões.

Além disso, o ministério de Matos Fernandes nota que o Programa de Recuperação e Resiliência (PRR) vai disponibilizar diretamente 610 milhões de euros para “fomentar a reabilitação energética e a eficiência energética nos edifícios”, “dos quais 80 milhões de euros já estão a ser disponibilizados para edifícios residenciais e da administração pública“.

Em 2002, o Parlamento Europeu e o Conselho Europeu criaram uma diretiva que, entre outros pontos, estabelece que todos os Estados-membros têm de ter um Sistema de Certificação Energética (SCE) nos edifícios. Em 2010, essa diretiva foi revista e trouxe novas metas, muitas alcançáveis através do certificado energético. Em 2013 deu-se uma mudança nas metodologias de avaliação e a classe “G” foi absorvida pela classe “F”.

Em dezembro, a Comissão Europeia avançou com um conjunto de propostas relativas à eficiência energética, entre as quais a que prevê que os Estado-membros têm de renovar os edifícios com menor eficiência energética até o final da década, de forma a reduzir as emissões e economizar combustível. Além disso, Bruxelas propôs ainda que, a partir de 2030, todos os novos edifícios gerem zero emissões líquidas de gases com efeito de estufa.

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O que distingue o PSD e o PS? Um frente a frente dos programas eleitorais

Os principais partidos já apresentaram as suas ideias para o país. Dos salários às pensões, passando pelo crescimento económico e a lei laboral, conheça aqui as diferenças entre PS e PSD.

Rui Rio e António Costa são os dois candidatos a primeiro-ministro nas eleições legislativas antecipadas de 30 de janeiro. É uma repetição do duelo de 2019, mas em circunstâncias diferentes, após dois anos de pandemia. Tanto o PSD como o PS mantêm as linhas gerais que apresentaram aos portugueses há dois anos, mas nem tudo é igual. Rio aposta no crescimento económico e no alívio fiscal para cidadãos e empresas; já Costa coloca a tónica na subida dos salários e na convergência com a Europa.

PSD que Portugal a crescer a 3% ao ano. PS aponta à convergência europeia

O PSD faz da “estagnação” dos últimos 20 anos a sua principal crítica à governação socialista e coloca como objetivo meter Portugal a crescer acima de 3% ao ano. Contudo, segundo o cenário macroeconómico do PSD, vai demorar até que a economia portuguesa consiga chegar a essa taxa de crescimento. Após os crescimentos expressivos de 2021 e 2022, que refletem maioritariamente a recuperação da quebra em 2020 provocada pela pandemia, o PSD vê o PIB a crescer 2,9% em 2023, desacelerando para 2,6% em 2024. Em 2025 volta a acelerar para 2,7% e em 2026 chega ao patamar almejado por Rio: a economia crescerá 3%, se estiver ao leme de um Governo PSD.

O PS promete que Portugal irá convergir em termos económicos entre 2021 e 2026 com a média europeia. O objetivo dos socialistas passa por crescer por ano em média 0,5 pontos percentuais acima da média da União Europeia (27 Estados-membros) e um ponto percentual acima da média da Zona Euro (19 Estados-membros), mas não referem quais as previsões que usam para os cálculos. Ainda não existe um cenário macroeconómico subjacente ao programa eleitoral do PS.

PS e PSD partilham as “contas certas”, mas com caminhos diferentes

O lema das “contas públicas certas” mantém-se entre os socialistas. Os socialistas assumiram que as contas certas vieram para ficar e traçaram o objetivo de baixar a dívida pública para menos de 110% do PIB até ao final da legislatura (2026), sendo que o ponto de partida será os “cerca de 127%” do PIB atingidos em 2021, segundo as Finanças.

“Temos de chegar a 2024 com uma dívida pública que não ultrapasse os 116% do PIB, o nível pré-pandemia, para que em 2026 o rácio esteja abaixo dos 110% do PIB, protegendo a credibilidade internacional do país”, afirmou Costa, revelando um dos objetivos do cenário macroeconómico subjacente ao programa eleitoral do PS e ao programa de Governo, caso vença as eleições como indicam as sondagens.

Mantendo a máxima de “contas públicas certas”, como o PS, a diferença dos social-democratas é que colocam a tónica na redução do peso da despesa pública, passando-a de 48,3% do PIB em 2021 para 42,8% do PIB em 2026. A receita pública também encolhe o seu peso no PIB, mas menos, passando de 44% em 2021 para 42,3% em 2026. É esta dinâmica que permite reduzir o défice de 2,4% em 2022 para 0,5% em 2026, já próximo de um equilíbrio orçamental.

A redução do défice orçamental, a par do crescimento económico, permitirá a diminuição do rácio da dívida pública de 126,9% do PIB em 2021 para 108,9% do PIB em 2026, à semelhança do que prometeu o PS que garantiu que o rácio seria inferior a 110% no final da legislatura. Aqui não há grandes diferenças entre PS e PSD, só na forma de lá chegar.

PS promete salário mínimo de 900 euros. PSD chuta para concertação social

Após ter criticado o aumento do salário mínimo em 2021 por causa da conjuntura de crise, o PSD mantém a sua postura em relação ao salário mínimo, remetendo-o para negociação na concertação social. “Em matéria de salário mínimo nacional, o PSD defende em primeiro lugar que é em sede de concertação social que o tema deve ser decidido, entre os diferentes parceiros sociais“, lê-se no programa eleitoral. Não há números, referindo-se apenas que o aumento deve estar em linha com a inflação “mais os ganhos de produtividade”. E defende que o salário mínimo deve ser igual para o setor público e o setor privado.

E sobre o salário médio? O PSD rejeita um modelo económico “assente em baixos salários” e atribui o facto de maior parte dos trabalhadores receber menos de mil euros à “estrutura empresarial”, ao “eterno problema da produtividade” e ao “dualismo acentuado do mercado de trabalho”. “Apenas uma economia baseada no conhecimento, inovação e I&D permite gerar melhores salários e permite inverter a tendência dos últimos 20 anos“, defende o partido, colocando o foco no crescimento económico (e, como consequência disso, o aumento dos salários).

Tendo sido uma das bandeiras do PS ao longo dos últimos seis anos, o partido continua a apostar no aumento do salário mínimo, apontando para os 900 euros em 2026, aumentando 195 euros durante a legislatura face aos atuais 705 euros. Anteriormente, os socialistas já tinham prometido atingir os 850 euros em 2025, nas negociações do Orçamento para 2022, cujo chumbo ditou a realização de eleições antecipadas.

Além do salário mínimo, o PS propõe-se a atingir a convergência do peso dos salários em Portugal com a média europeia. Para tal, será necessário, segundo as contas do PS, que os salários cresçam 20% nos próximos quatro anos. Costa admitiu que esta é uma meta ambiciosa, mas deixou a certeza de que “o aumento dos salários médicos tem de ser sustentado nos ganhos de produtividade”. Para chegar lá mais rápido o PS quer criar um crédito fiscal em IRC para empresas que aumentem os salários dos trabalhadores e alterações também ao nível do IRS que ainda têm de ser explicadas.

PSD promete alívio fiscal de 800 milhões no IRS. PS quer cumprir medidas do OE2022

A principal promessa do PS na área dos impostos é concretizar o alívio fiscal em sede de IRS que tinha previsto no OE2022: o desdobramento do 3.º e 6.º escalão do IRS para diminuir a tributação sobre a classe média (150 milhões de euros), com retroativos a 1 de janeiro, o que significa que as taxas de retenção na fonte também terão de mudar; aumentar o mínimo de existência (mais 170 mil agregados familiares ficariam isentos); e alargar o IRS Jovem para cinco anos. No programa consta ainda a majoração da dedução por dependente até aos seis anos, em sede de IRS, a partir do segundo filho, de 600 euros para 750 euros em 2022 e 900 euros em 2023. Porém, não refere o englobamento parcial de rendimentos que estava previsto no OE2022.

Às empresas, promete o fim do Pagamento Especial por Conta, um “forte incentivo ao investimento na modernização” com uma dedução à coleta de 25% das despesas de investimento e “estabilidade fiscal” durante a legislatura. Há ainda “um regime de tributação favorável para as startups e para os planos de opção, de subscrição ou de aquisição de valores mobiliários a favor de trabalhadores, conhecidos genericamente como planos de stock options, e reforçar a patent box para 85%”.

Já Rui Rio promete reduzir em 400 milhões de euros por ano o IRS em 2025 e 2026, “sendo em cada ano 350 milhões de euros destinados aos escalões de rendimento até 60 mil euros por ano e 50 milhões de euros destinados aos escalões de rendimento entre os 60 e os 100 mil euros por ano”. Além disso, o PSD promete mexer noutros impostos — como a taxa liberatória de 28% que incide sobre os rendimentos de depósitos a prazo ou dividendos, por exemplo — para reduzir ainda mais a carga fiscal da classe média e quer reduzir a taxa mínima do IMI de 0,3% para 0,25% em 2024.

Para as empresas o PSD tem duas medidas emblemáticas: a redução gradual do IRC de 21% para 17% em 2023 e 2024 e descida temporária do IVA da restauração de 13% para 6% entre julho de 2022 e dezembro de 2023. Para as PME a taxa é reduzida dos atuais 17% para 13%, “alargando-se o limite dos atuais 25 mil euros para 100 mil euros para as empresas sediadas no interior”. E há a promessa de reduzir ou eliminar a derrama estadual, consoante a margem orçamental.

PS promete aumento extra das pensões. PSD quer flexibilizar idade da reforma

António Costa já prometeu que, se sair vitorioso da ida às urnas, executará integralmente as medidas que constavam da proposta de Orçamento do Estado para 2022, o que inclui o aumento extraordinário de dez euros das pensões. Ainda no que diz respeito à Segurança Social, mais especificamente, quanto à sua sustentabilidade, o PS quer alargar a lógica de consignação de receitas fiscais, estimular a adesão a certificados de reforma, fomentar a existência de esquemas complementares de Segurança Social e aprofundar a fuga contra a evasão contributiva. Os socialistas prometem também concretizar a declaração mensal de remunerações única, reduzindo para um único ato os atos mensais de comunicação das remunerações pagas à Segurança Social e a Autoridade Tributária.

Já do lado do PSD, no que se refere à Segurança Social, promete-se a flexibilização da idade de acesso à pensão por velhice e a introdução de mecanismos de reforma a tempo parcial que permitam prolongar a vida ativa, isto é, continuar a trabalhar e a acumular, assim, pensões e rendimentos do trabalho. Essas soluções devem ser encontradas, no entender do partido laranja, na Concertação Social. Além disso, o PSD quer criar, no que diz respeito à aposentação, um “sistema único e universal” para todos os trabalhadores, sejam eles do setor público e do setor privado, dependentes ou independentes. Além disso, quer criar uma nova prestação social “que atenue o empobrecimento dos trabalhadores empregados e incentive a sua participação ativa no mercado de trabalho que tenha em conta a dimensão e composição do agregado familiar”. Quanto à sustentabilidade da Segurança Social, o partido laranja defende a diversificação das fontes de financiamento.

PS traz semana de trabalho de 4 dias. PSD frisa papel da Concertação Social

O chumbo da proposta de Orçamento do Estado para 2022 e a consequente dissolução da Assembleia da República fizeram cair por terra o pacote de mexidas à lei laboral a que o Governo de António Costa deu o nome de Agenda do Trabalho Digno e que chegou mesmo a estar em consulta pública. Caso saia vitorioso da ida às urnas de 30 de janeiro, o PS já prometeu que quer ver aprovadas no Parlamento até ao final de julho todas as medidas previstas neste âmbito, que dizem respeito nomeadamente ao trabalho temporário, ao outsourcing e ao trabalho em plataformas digitais. Outra das promessas feitas pelos socialistas ligadas ao mundo do trabalho é lançar a discussão em torno das novas formas de equilíbrio das várias esferas da vida (pessoal, profissional e familiar), “incluindo a ponderação de aplicabilidade em diferentes setores das semanas de quatro dias”.

Do lado do PSD, a dignificação do trabalho também é destacada, pretendendo o partido laranja desenvolver políticas de emprego assentes no diálogo e no compromisso entre parceiros sociais e na limitação da intervenção do Estado nos processos de negociação coletiva. “Pretendemos dissuadir as múltiplas formas de assédio no local de trabalho, como condicionantes da liberdade e ofensivas da dignidade da pessoa”, promete também o partido de Rui Rio, que defende ainda a promoção da formação profissional ao longo da vida. Neste capítulo, o PSD quer, além disso, uma “aposta firme” na criação de incentivos à inserção dos jovens e desempregados no mercado de trabalho.

PSD quer devolver tempo “perdido” aos professores. PS promete mudar recrutamento

Um dos temas em destaque no programa eleitoral do PS é a educação, comprometendo-se o partindo, nesse âmbito, a construir um Pacto Social para a Educação, bem como rever o regime de recrutamento dos docentes. Como? Através da introdução de “fatores de estabilidade reforçada” no acesso à carreia em questão e no desenvolvimento dos projetos pedagógicos, “reduzindo, sempre que se justifique, a mobilidade entre escolas e possibilitando a vinculação direta em quadro de agrupamento ou quadro de escola”. O PS promete também criar incentivos à aposta na carreira de docente e ao desenvolvimento de funções docentes em zonas do país onde escasseia a oferta destes profissionais.

Do lado do PSD, os professores também têm uma posição de destaque no programa eleitoral. O partido de Rui Rio propõe, por exemplo, recuperar o que falta do tempo “perdido” pelos docentes, ainda que apenas através da aposentação. Os sociais-democratas querem ainda melhorar o modelo de avaliação desempenho e promover a mobilidade dos profissionais entre agrupamentos do mesmo concelho ou de concelhos limítrofes de modo a suprir faltas temporárias de pessoal.

PS compromete-se com dedicação plena na Saúde. PSD aposta na prevenção da doença

Em tempos de pandemia, a saúde assume particular relevante nos programas dos vários partidos. No do PS, promete-se a esse propósito a implementação do regime de trabalho em dedicação plena, como previsto no projeto de Estatuto do SNS, valorizar as carreiras dos enfermeiros (com a reposição dos pontos perdidos aquando da entrada na nova carreira de enfermagem) e a revisão dos incentivos pecuniários e não pecuniários para a atração e fixação de médicos em zonas carenciadas. Além disso, os socialistas querem prosseguir o trabalho de revisão e generalização do modelo das unidades de saúde familiar, aumentar o número de camas da rede geral de cuidado continuados e constituir equipas de cuidados continuados integrados em todos os agrupamentos de centros de saúde. Prometem, além disso, criar a direção executiva do SNS.

Já do lado do PSD, defende-se uma política de saúde orientada para a prevenção da doença, bem como reorganizar o sistema de saúde, realizar a revisão da Lei de Bases da Saúde e um novo modelo de organização e financiamento, com uma forte aposta na digitalização. O partido laranja promete ainda dar um médico de família a cada português, introduzir no SNS uma política de saúde mental, uma de saúde oral e uma de cuidados em fim de vida e reforçar a rede de unidades de cuidados continuados e de cuidados paliativos. Para os mais velhos, o partido de Rui Rio defende também a implementação de um programa de apoio ambulatório aos idosos dependentes, além de frisar a necessidade de reconhecer a importância dos cuidadores informais, garantindo-lhes apoio e formação. Na apresentação do programa eleitoral, Rio defendeu também a negociação com os privados para melhor o serviço público de saúde.

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João Mendonça (Howden): Risco Cyber é “bomba latente” que pode ter proporções catastróficas

  • ECO Seguros
  • 9 Janeiro 2022

O mercado global de (re)seguro entrou em 2022 com procura crescente e agravamento do prémio na transferência de risco, revela a Howden em relatório que foca evolução dos riscos Covid, Clima e Cyber.

João Portugal Mendonça (Howden) sobre atividade M&A: “posso confirmar que estamos com um pipeline muito interessante para 2022″.

Respondendo a questões do ECOseguros, João Mendonça, Diretor Geral da Howden em Portugal ajuda-nos a perceber como, por exemplo, o risco que afetou o grupo Impresa, alvo de ciberataque, tem probabilidade de se materializar num evento de efeito sistémico, atingindo “proporções catastróficas.”

Em relatório acabado de publicar, relativo a renovações no resseguro, o Howden Broking Group realça três riscos: Covid, Clima e Cyber, com impactos difíceis de quantificar e que levantam questões importantes ao nível de preços. Com referência ao 1º dia de 2022, a corretora independente indica que as taxas de renovação de resseguro para riscos catastróficos em P&C (bens e danos/acidentes) subiram 9% em termos anuais, o maior aumento desde 2009, com os preços a acelerarem 15% nas operações de retrocessão, acumulando aumento de 75% desde 2017.

Partindo do panorama global traçado no relatório do grupo britânico, João Mendonça alinha diagnóstico do caso português com a tendência internacional, principalmente à envolvente europeia: “Os mercados de resseguro são, por definição, muito internacionalizados e o mercado Português é aberto e integrado,” disse ao ECOseguros apontando “uma diferença sensível, que terá a ver com a estrutura do negócio segurador em Portugal”. Considerando os ramos Acidentes de Trabalho, Automóvel e Saúde, nos quais se concentra cerca de 2/3 de todo negócio segurador nacional, os modelos de resseguro para estes ramos “são menos impactantes” dado que, pela frequência de sinistros, “é grande a retenção das seguradoras de seguro direto, sendo os respetivos resseguros menos expressivos,” explica.

"O baixo nível de cobertura de riscos catastróficos é simultaneamente uma ameaça e uma oportunidade! A importância da consultoria em prevenção de riscos e gestão de crise junto dos clientes é cada vez maior.”

João Portugal Mendonça

Diretor Geral, Howden Portugal

Identificando mais procura em transferência de risco (resseguro), mas também de agravamento do prémio de risco, a companhia aborda a evolução 2021-22 focando fatores prejudiciais (perdas) que se afiguram estruturais, os 3“CCovid, Clima e Cyber. Estes são riscos de quantificação bastante complexa, complicam os exercícios de modelação e levantam questões relevantes “sobre adequabilidade de preços,” assinala a corretora britânica independente.

Comentando o reflexo desses elementos no mercado nacional, o Diretor Geral da Howden Portugal considera que Covid-19 “impacta na mesma proporção que a atividade económica, mas na estrutura do negócio segurador em Portugal aliviou a sinistralidade sobretudo em Acidentes de Trabalho, Auto e Saúde. No caso da Saúde o efeito inicial (de adiamento) notoriamente já está entrou em reversão com potencial agravamento devido a atrasos de tratamento e redução da atividade de medicina preventiva; no restante, sofrerá o efeito induzido do panorama internacional,” diz João Portugal Mendonça.

O Clima “em termos reais tem impactado menos em Portugal que a experiência internacional, mas é incontornável padecer da mesma tendência que nos outros mercados – mais rigor na subscrição de riscos e maior atenção à sustentabilidade futura; o baixo nível de cobertura de riscos catastróficos é simultaneamente uma ameaça e uma oportunidade! A importância da consultoria em prevenção de riscos e gestão de crise junto dos clientes é cada vez maior.”

Apontando por exemplo o incidente recente que afetou websites do grupo Impresa, o responsável da Howden diz que o risco Cyber “é uma bomba latente que vai tendo alguns estoiros aqui e ali, deixando-nos de sobreaviso para a probabilidade de um acontecimento de efeito sistémico que pode atingir proporções catastróficas. Isto preocupa os Seguradores em todo o mundo, que por um lado querem dar suporte às necessidades do mercado, mas por outro têm que cuidar da sua sustentabilidade. É uma área de negócio muito exigente, que cada dia mais será prioritária para todas as empresas e que requer tratamento por profissionais especializados, nomeadamente na consultoria de prevenção de riscos e na gestão de crise,” considera João Mendonça.

"Para 2022, as expectativas apontam para um equilíbrio (de preços) entre um cenário de risco altamente fluido, por um lado, e resultados de subscrição fortes, por outro”

Times are a-changin' - report

Howden Broking Group

Capacidade de subscrição abundante para desafios mais complexos

Depois de, no início de 2021, ter cunhado o seu relatório anual (sobre renovações de resseguro) sob o título Hard Times, retratando o choque produzido por uma confluência de fatores (pandemia global; tensões geopolíticas; incerteza nos mercados de capitais; maior frequência de catástrofes naturais e crescente preocupação face às alterações climáticas), a corretora independente assume que alguns desses elementos “se dissiparam nos últimos 12 meses,” embora muitos dos seus efeitos perdurem.

Com referência a 1 de janeiro, momento clássico de análise anual à evolução de preços no setor, a Howden escolheu Times are a-changin’ para título do relatório deste ano, por forma a realçar precisamente o fator “mudança,” que classifica como estrutural e “omnipresente” no contexto de desafios atuais. Perspetivando um mix de riscos de perigosidade secundária agravada, inflação crescente, inflação social temporariamente subvalorizada e um mercado cibernético perturbado, a companhia vê mais complexidade num “ambiente de subscrição já complicado”.

Em termos globais, se em 2021 o seguro comercial registou uma taxa ponderada de 12% de aumento do prémio, com alguma moderação” na maioria das linhas de negócio ao longo do ano e não obstante os sucessivos aumentos anuais, “os operadores continuam a utilizar a sua capacidade de forma cautelosa,” assinala a Howden.

Para 2022, as expectativas apontam para um equilíbrio (de preços) entre um “cenário de risco altamente fluido, por um lado, e resultados de subscrição fortes, por outro.” As melhorias nas margens de negócio poderiam ajudar a compensar a pressão de aumentar taxas em 2022, sugere a companhia notando que os compradores (de seguros) se confrontam com quatro anos consecutivos de subida de preços.

"previsão inicialmente estimada de 100 mil milhões de dólares de perdas para a indústria [por causa da Covid-19], parece agora manifestamente improvável

Times are a-changin’ – report

Howden Broking Group

Embora sob cenário macroeconómico incerto e uma correção sem precedentes nos últimos 20 anos, o mercado apresenta-se, em 2022, bastante “resiliente” e “saudavelmente capitalizado” (26 mil milhões de dólares de capital fresco entraram no setor, biénio 2020/21) para gerir desafios de eventuais perdas. Em termos de capacidade de subscrição de risco, o relatório do Howden Broking Group fala de “abundância” e recorda que o setor fechou 2021 com 421 mil milhões de dólares de capital dedicado ao resseguro, um novo recorde.

Covid-19 custa aos seguros globais menos de metade do previsto há 2 anos

Cerca de 40 mil milhões de dólares (39 mil milhões de euros ao câmbio corrente) é o valor de perdas para a indústria seguradora por conta da Covid-19, aponta o mesmo relatório. Prejuízo que é terceiro valor mais elevado da história, supera o custo de danos causados por outras catástrofes como furacão Katrina ou os ataques terroristas de 11/9 de 2001, em Nova Iorque.

Considerando a previsão inicialmente estimada de 100 mil milhões de dólares de perdas para a indústria, avançada no princípio da pandemia (quando há dois anos se noticiaram cancelamento de eventos e encerramento de muitos negócios), essa estimativa parece agora “manifestamente improvável,” mesmo admitindo que subsiste ainda elevada incerteza sobre os efeitos do evento, sustenta o Howden Broking Group.

Para “clarificar” esta assunção e reforçando a ideia de complexidade associada à tríade de riscos (3 “C”), a corretora internacional recorda que, com mais de 35 mil milhões de dólares de perdas (re)seguradas da COVID-19 anunciadas em 2020 (90% dos quais incidindo sobretudo no mercado de P&C, por cancelamento de eventos e cobertura de interrupção de negócios), em 2021 verificou-se montante “muito reduzido” de perdas relatadas, período em que apenas se contabilizaram 1,2 mil milhões de dólares em perdas adicionais de P&C até ao 3º trimestre do ano passado, enquanto as compensações no ramo de Vida aumentaram em 5,5 mil milhões de dólares, com probabilidade de se prolongarem em 2022 por conta do “impacto persistente do vírus na morbidade e mortalidade”.

Desde o início da crise pandémica, muitas seguradoras passaram a aplicar exclusão do risco Covid-19 nas suas apólices e, existindo um limite para cobrir cancelamento de eventos, existem também limites para cobertura de ações cíveis, “quando se atinge 40 mil milhões (de dólares), esgota-se tudo o que foi subscrito”, afirmou David Flandro, especialista de atuarial e Head of Analytics na Howden, citado num artigo da Reuters.

Atividade M&A: “Estamos com pipeline muito interessante para 2022”

Presente em Espanha há mais de 20 anos e com sucursal em Portugal desde 2016, o grupo britânico de corretagem e consultoria também é ativo nos (re)seguros de fusões-aquisições, em particular na área transacional (W&I- Warranties and Indemnities), cobertura muito utilizada nas operações M&A, atividade em que recentemente apontou boa dinâmica de notificações no mercado ibérico.

2021 “foi um ano muito bom e de crescimento para o M&A a nível global, apesar das expectativas relativamente moderadas no início do ano,” diz ao ECOseguros. Particularizando o caso português João Mendonça refere que “a tendência de aquecimento do mercado sentiu-se particularmente na segunda metade do ano”. A nível Ibérico, “embora ainda esteja a ser feita uma análise dos números finais que será publicada no nosso relatório anual, a nossa expectativa aponta para um crescimento em todos os índices (número de apólices colocadas, deal value total, etc), tanto em transações operacionais como de real estate.”

O responsável da Howden Portugal revela que, depois de “operações muito relevantes” em 2021, e partilhando perspetivas enquanto agente neste segmento “posso confirmar que estamos com um pipeline muito interessante para 2022. Temos assistido a um crescente interesse do mercado noutras soluções para riscos específicos, essencialmente em contexto transacional (embora não só) – como sejam temas de Tax, Title Insurance, Riscos Contingentes ou matérias Ambientais”.

A Howden em Portugal concluiu 2021 com “crescimento orgânico significativo, e sobretudo temos tido um grande sucesso em consolidar a nossa imagem em Portugal junto dos agentes do setor e das empresas. Tendo em conta o pipeline atual, 2022 vai confirmar um crescimento e consolidação ainda mais significativos.” Disse ainda que espera “confirmar a trajetória de crescimento orgânico que estabelecemos antes: apostar em talento e desenvolver capacidades de distribuição local das soluções cujo know how dominamos e nos diferenciam (…), e sempre atentos à possibilidade de crescimento por aquisição,” complementou o responsável da unidade portuguesa da Howden Iberia.

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APS começa 5 cursos de formação para seguros em janeiro

Finanças, o European Green Standard, proteção jurídica, sinistros em Acidentes Pessoais e regulamento SFDR são temas que terão cursos de formação a começar ainda este mês de janeiro.

A Associação Portuguesa de Seguros vai dar início este mês de janeiro a 5 cursos de formação destinados a profissionais do setor segurador.

Com toda a informação disponível no site da Academia Portuguesa de Seguros, parte da APS, os temas das formações a terem lugar ou início tratam de finanças, do European Green Standard, proteção jurídica, sinistros em Acidentes Pessoais e regulamento SFDR.

Os cursos são os seguintes:

  • Curso de especialização em Contabilidade, Fiscalidade e Planeamento no Setor Segurador. A ter lugar entre 11 janeiro a 30 junho 2022 é um programa formativo assente em módulos interdependentes realizados a distância, complementados com um workshop presencial final. O curso permite a atribuição de créditos aos Contabilistas Certificados por parte da OCC – Ordem dos Contabilistas Certificados.
  • Regulamento da Taxonomia e o European Green Bond Standard . Tem lugar a 24 janeiro entre as 09.30h e as 12.45h e vai focar Regulamento da Taxonomia – Regulamento (UE) n.º 2020/852 relativo ao estabelecimento de um regime para a promoção do investimento sustentável e o European green bond standard. É uma oportunidade para conhecer o enquadramento da Taxonomia Europeia e dos objetivos da mesma e compreender a classificação de uma atividade como ambientalmente sustentável. Serão ainda abordados os aspetos centrais do European green bond standard.
  • Seguros de Proteção Jurídica. Realiza-se em 25 e 27 janeiro entre as 17.30h e as 19.30h e vai proporcionar conhecimentos técnicos básicos sobre esta modalidade de seguro, que possibilite aos formandos um quadro comparativo e ferramentas básicas de análise e aplicação prática do produto, por meio de uma abordagem de análise de conceitos e estudo de caso.
  • Acidentes Pessoais – Subscrição e Regularização de Sinistros. Em dois dias consecutivos, 27 e 28 janeiro, das 9.30h às 13h , a formação proporciona formação técnica e possibilita aos formandos a aquisição, aperfeiçoamento ou atualização de conhecimentos teóricos e práticos sobre os seguros de acidentes pessoais, incidindo na crescente importância e desenvolvimento desta modalidade, no enquadramento técnico-jurídico, na subscrição do seguro de acidentes pessoais e na gestão de sinistros.
  • Regulamento SFDR relativo à divulgação de informações relacionadas com a sustentabilidade no setor dos serviços financeiros. Realiza-se a 31 de janeiro 2022 das 9.30h às 12.45h e fornece uma visão detalhada sobre o quadro de novidades e deveres que o Regulamento 2019/2088, em articulação com as RTS, impõem no universo de entidades representadas pela APS, visando realizar, nomeadamente, uma introdução aos objetivos da iniciativa europeia, principais conceitos, concretização dos novos deveres e a sua relevância para o setor segurador, requisitos ao nível das entidades, requisitos ao nível do produto, e principais medidas e passos a ter em consideração na implementação do novo regime legal das finanças sustentáveis.

Todas as informações podem ser obtidas aqui .

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