Rocha Andrade: “Dizer que o texto descriminalizava a fraude fiscal é indigno”

  • Margarida Peixoto
  • 28 Novembro 2016

O secretário de Estado dos Assuntos Fiscais catalogou de "disparate" a conclusão dos deputados do PSD que apontava para a descriminalização da fraude fiscal no texto inicial da proposta de OE2017.

“Dizer que o texto que estava [na proposta inicial do OE2017] descriminalizava a fraude fiscal é indigno de um deputado” — foi assim que Fernando Rocha Andrade, secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, caracterizou as dúvidas levantadas pela oposição sobre a introdução das declarações automáticas do IRS e as suas consequências no que toca a fraude e evasão fiscal. O assunto ia terminando em novo incidente parlamentar.

“O que estava em causa nesta proposta era muito simples: no âmbito do IRS automático, não é possível valorar como fraude fiscal a mera não confirmação dos elementos que são submetidos pela Autoridade Tributária (AT)”, defendeu o governante. “Se a AT faz a liquidação, coloca os dados e eu não confirmo, nesse contexto não é possível, nem desejável, qualificar como fraude fiscal eu ter aceite os dados da AT”, argumentou ainda. Seja como for, frisou, “a proposta do PS esclarece, mas com o bom senso que falta à proposta do PSD”, garantiu, classificando como “disparate” a leitura que os deputados sociais-democratas fizeram do assunto.

O governante referia-se a uma correção à proposta inicial do OE2017 que os socialistas tiveram de fazer para garantir que a entrega da declaração de IRS de forma automática não abria a porta à fraude e evasão fiscais.

Contudo, a resposta de Duarte Pacheco, deputado do PSD, foi sobre a forma e não o conteúdo da intervenção de Rocha Andrade. “Esta bancada pensava que depois do que aconteceu com um membro do Governo aqui no Parlamento, o Governo tivesse aprendido como se deve comportar e dirigir aos deputados da AR”, criticou, aludindo ao episódio de sexta-feira passada, quando Ferro Rodrigues chegou a ameaçar suspender os trabalhos do plenário por causa dos ânimos exaltados dos deputados. “Vergonha é quando perdem a razão, quando não têm razão e resolvem insultar os membros eleitos pelos portugueses”, sublinhou ainda.

Pedro Nuno Santos, em nome do Governo, defendeu Rocha Andrade, argumentando que o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais procurou apenas defender-se de um “insulto” prévio: “A imputação que também foi feita ao Governo é insultuosa também.”

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Tesla de olhos postos na realidade aumentada

A empresa de Elon Musk contratou dois especialistas na tecnologia, vindos diretamente da equipa que está a desenvolver os Microsoft HoloLens. Integração no automóvel Model 3 é uma hipótese.

O que estará Elon Musk a preparar? De acordo com o site Electrek, a Tesla foi buscar à Microsoft dois peritos da equipa que tem vindo a desenvolver os óculos HoloLens. As contratações parecem indicar que a fabricante de automóveis elétricos estará a voltar-se para a realidade aumentada, segundo a Business Insider.

Andrew Kim, designer sénior da equipa dos óculos de realidade aumentada da Microsoft, terá sido a primeira contratação — e, segundo o site, já atualizou o perfil no LinkedIn, indicando chefiar o departamento de design da Tesla em Hawthorne, Califórnia. A segunda terá sido Yekeun Jeongm, especialista em computer vision na mesma equipa, que desde o ano passado trabalha no departamento homónimo, na Tesla.

A imprensa especializada aponta como provável que a Tesla esteja a trabalhar no sentido de integrar a tecnologia da realidade aumentada nos automóveis Model 3. Outra hipótese é a de integrar a tecnologia no segmento das vendas, permitindo aos potenciais clientes interagirem de formas diferentes com a gama de veículos da empresa.

Recorde-se que a Tesla também está à procura de oportunidades em Portugal, como já confirmou ao ECO fonte da fabricante norte-americana. A empresa está também a recrutar pessoal em Lisboa, para os departamentos de vendas e serviços.

Além disso, Elon Musk deverá decidir em 2017 onde instalar a nova gigafábrica da empresa na Europa e Portugal surge como um dos destinos em cima da mesa, apurou o ECO — quer pela elevada exposição solar, quer pelas importantes reservas de lítio, um recurso mineral usado nas baterias dos automóveis.

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CGD: TC confirma entrega de declarações de rendimentos e património de elementos da administração

Vários elementos da administração da Caixa Geral de Depósitos entregaram hoje declarações de rendimentos e património no Tribunal Constitucional, confirmou ao ECO fonte do Palácio Ratton.

Já deram entrada no Tribunal Constitucional (TC) as declarações de rendimentos e de património de alguns dos administradores da Caixa Geral de Depósitos, confirmou ao ECO fonte oficial do TC.

O Constitucional não confirma os nomes dos administradores que já entregaram as declarações, nem quantos já o fizeram, dizendo apenas que, ao longo do dia de hoje, “deverão dar entrada mais declarações”.

Segundo o Expresso, António Domingues, o presidente demissionário da CGD, será um dos que vai apresentar a declaração. Segundo o semanário, a intenção dos administradores, ao entregarem as declarações, é deixarem claro que, apesar das demissões, não querem desrespeitar a lei, nem esconder rendimentos e património.

 

A CGD comunicou hoje à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) a renúncia ao cargo do seu presidente, António Domingues, e mais seis vogais do conselho de administração.

Nas últimas cinco semanas, foi motivo de polémica a recusa da entrega da declaração de rendimentos e património por parte daqueles responsáveis pelo banco público, bem como a eventualidade de Domingues estar na posse de informação privilegiada, enquanto funcionário do concorrente BPI, quando participou, como convidado, em três reuniões com a Comissão Europeia para debater a recapitalização da CGD.

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Idade de reforma sobe para 66 anos e quatro meses em 2018

  • Cristina Oliveira da Silva
  • 28 Novembro 2016

A idade de acesso à reforma vai voltar a subir em 2018, para os 66 anos e quatro meses. Sair mais cedo do mercado de trabalho implica penalizações.

A idade normal de acesso à reforma vai aumentar um mês em 2018, para os 66 anos e quatro meses. Isto se o Governo não alterar as regras até lá. Já se sabe que o ministro do Trabalho e da Segurança Social quer rever o regime das pensões, mas não se sabe quais as alterações em causa nem quando serão concretizadas.

O aumento da idade legal de reforma é calculado tendo por base os dados da esperança média de vida publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Os dados, ainda provisórios, divulgados hoje, permitem antecipar a idade normal de acesso à pensão que vigorará em 2018. Da mesma forma, também é possível calcular o fator de sustentabilidade que afeta as novas pensões antecipadas que comecem a ser pagas em 2017.

A idade da reforma aumentou de 65 para 66 anos em 2014, quando o Governo liderado por Passos Coelho reviu o regime em vigor. Ficou então definido que os aumentos seriam graduais a partir de 2016, tendo em conta a esperança média de vida. Nesse ano, a idade legal passou a 66 anos e dois meses e em 2017 aumentará um mês. Em 2018, volta a subir um mês, para os 66 anos e quatro meses. O valor calculado pelo ECO foi confirmado pelo Ministério do Trabalho e da Segurança Social.

É possível passar à reforma mais cedo, em determinadas condições: na Segurança Social, as pensões antecipadas estão disponíveis para quem tem mais de 60 anos de idade e 40 e carreira. No entanto, estas pessoas têm de contar com o corte de 0,5% por cada mês de antecipação e ainda com o fator de sustentabilidade (13,88% em 2017). Os desempregados de longa duração também podem aceder à reforma antecipada, em condições específicas mas sujeitos ao fator de sustentabilidade. Há ainda profissões de natureza desgastante que prevêem regimes especiais. Já os funcionários públicos podem passar à reforma antecipada se aos 55 anos contarem 30 de descontos.

Idade legal de reforma pode ser mais baixa em casos específicos

Quem tem longas carreiras contributivas pode aceder mais cedo à pensão sem penalizações, em condições concretas. Aos 65 anos, a idade normal de acesso à pensão baixa quatro meses por cada ano acima dos 40 de carreira, até ao limite dos 65 anos. Por exemplo, uma pessoa com 44 anos de descontos poderá pedir a pensão de velhice aos 65 anos em 2017 ou 2018.

A idade de acesso à pensão continua nos 65 anos no caso de pessoas que, por imposição legal, não possam continuar a desempenhar determinadas atividades, desde que as tenham desempenhado pelo menos nos cinco anos anteriores.

Regime vai mudar

Falta agora saber se a alteração que o Governo pretende fazer ao regime das reformas antecipadas não trará também mudanças à própria idade de reforma. Em entrevista ao ECO, a secretária de Estado da Segurança Social já disse que “voltar a uma idade estanque poderá não fazer muito sentido” mas “equacionar um aumento gradual da idade sem fim, também não”.

Já se sabe que o fator de sustentabilidade é um dos pontos a alterar.

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Rui Vilar ainda pondera se fica na CGD. Outros três ficam se o novo presidente quiser

  • ECO
  • 28 Novembro 2016

António Domingues e outros seis administradores apresentaram a demissão da CGD. Sobram quatro. Um está a ponderar, os outros não vão apresentar demissão.

Rui Vilar, atual vice-presidente não executivo da Caixa Geral de Depósitos (CGD), ainda está a ponderar se vai ficar ou se sai da administração do banco público, na sequência da demissão de António Domingues. É o próprio a dizê-lo, em declarações ao Expresso.

“Estou ainda a ponderar”, disse Rui Vilar, que, no ano passado, foi presidente da CGD. “Aceitei [o convite para ser administrador não executivo da Caixa] por serviço público. Aceitei, aliás, na condição de não receber vencimento. Irei pesar as razões antes de decidir”, referiu ao Expresso.

Entretanto, esta manhã, outros seis administradores da CGD também anunciaram a sua demissão. Sobram, além de Rui Vilar, três administradores: João Paulo Tudela Martins, Pedro Humberto Leitão e Tiago Oliveira Marques, que não apresentaram demissão.

O semanário adianta que estes gestores não vão apresentar demissão e, se o próximo presidente do banco público assim o quiser, irão permanecer na administração da CGD.

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PS pede que se valorize o acordo com Bruxelas, PSD pede informação

João Galamba, deputado socialista, pediu que a demissão da administração da Caixa não ofusque o acordo alcançado com a Comissão Europeia. Já o PSD não desarma no pedido de explicações ao Governo.

Os socialistas querem fechar o assunto, já os sociais-democratas mantêm pressão forte para que sejam prestados esclarecimentos. Perante a demissão de António Domingues — acompanhada já por outros seis gestores da sua equipa — João Galamba, deputado do PS, pediu esta segunda-feira que não se esqueça o acordo conseguido com Bruxelas para recapitalizar a Caixa. Mas Luís Montenegro, líder da bancada do PSD, exigiu ainda mais esclarecimentos.

“O mais importante é garantir que o acordo para a recapitalização do banco público não será afetado”, frisou João Galamba, assegurando que “os processos são independentes” e que “o acordo para a recapitalização é independente da composição concreta do conselho de administração” do banco. “O mais importante foi ter conseguido o que muitos diziam ser impossível, a manutenção na esfera pública e a recapitalização”, sublinhou, numa conferência de imprensa na Assembleia da República.

Galamba assumiu que o PS gostaria “que alguns aspetos [na gestão deste dossier] tivessem corrido melhor” mas acusou o PSD e o CDS de atuar “numa lógica niilista de causar dificuldades ao país.” E frisou: “Se o PSD e o CDS são genuínos quanto às suas afirmações na defesa do banco público valorizem o acordo e não se entreguem à tática de guerrilha partidária.”

Montenegro responde: PSD quer ainda mais informação

“Na guerrilha política, o deputado João Galamba é um verdadeiro especialista”, respondeu Luís Montenegro, líder da bancada parlamentar do PSD, que falou logo de seguida, perante os jornalistas. “Se os deputados do PS acham que o que fortalece o sistema financeiro é o silêncio do maior partido da oposição sobre os problemas, estão muito enganados. O que retira confiança e traz instabilidade é a confusão e a trapalhada” na gestão do dossiê da Caixa.

Montenegro reafirmou assim que os deveres de informação tanto dos administradores da Caixa, como do Governo, sobre as questões que marcaram a polémica não se apagaram com a demissão do presidente do conselho de administração do banco. Desde logo, notou, os gestores devem entregar na mesma as suas declarações de rendimentos e património. Mas não só: “A administração demissionária deve explicar cabalmente as razões da sua saída e o Governo deve dizer muito mais do que o comunicado de ontem à noitinha.”

“O primeiro-ministro tem muito a explicar. Assistimos a declarações do primeiro-ministro a fugir às suas responsabilidades, mas ele é o ator principal deste filme, é o mentor de todo este processo. Não pode dar à sola e não assumir as suas responsabilidades quando o Governo enfrenta dificuldades”, criticou Montenegro.

Há “muitas perguntas” às quais o PSD quer resposta: “Por que se demitiram os administradores da CGD? A que informação tiveram acesso antes de serem nomeados? Como é que os interesses da Caixa estão agora acautelados? Houve, ou não, conflitos de interesse durante o exercício de funções?”, elencou o líder parlamentar do PSD.

Montenegro lembrou ainda que o Governo tem insistido que toda a informação que foi utilizada no processo negocial com a União Europeia, para o desenho do plano de recapitalização da Caixa Geral de Depósitos, era pública. Se assim é, o Governo já devia ter enviado ao Parlamento toda a documentação que esteve na base dessas reuniões e do plano de recapitalização que foi negociado com Bruxelas”, frisou.

“Andamos há 11 meses a apresentar ao Governo a necessidade de dar explicações que o Governo nunca quis dar. Perante isto tudo, o primeiro-ministro continua a dizer ao país que isto não é nada com ele”, disse ainda.

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Marcelo sobre a CGD: “As pessoas mudam mas as instituições fortes permanecem”

O Presidente da República comenta assim a demissão de António Domingues e de mais seis administradores da Caixa Geral de Depósitos.

As pessoas mudam, mas as instituições fortes permanecem“. É desta forma que o Presidente da República comenta a demissão de António Domingues e de mais seis administradores da Caixa Geral de Depósitos.

O Presidente da República respondeu assim aos jornalistas, depois de, ontem, ter defendido a estabilização do sistema financeiro português como uma “prioridade nacional”. Nesse discurso, reconheceu que este é um processo difícil e que os obstáculos aparecem quando menos se espera.

“Aparecem contratempos, os mais inesperados? Aparecem”, disse. Mas o importante, sublinhou, é que no dia seguinte é preciso “acordar e continuar o caminho, com determinação, sabendo exatamente que é uma prioridade nacional”.

O Governo anunciou a demissão de António Domingues no domingo à noite, através de um comunicado do Ministério das Finanças. Esta manhã, seguiram-se mais seis administradores do banco público. Entretanto, António Costa já assegurou que deverá ser anunciado um novo nome para presidir à CGD ainda esta semana.

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“Teatro fragiliza CGD”. O mercado vai penalizar?

Demissão de Domingues prejudica imagem da Caixa Geral de Depósitos, mas pode afetar emissão de dívida? Alguns analistas dizem que sim, outros têm opinião diferente. Mercado divide-se.

“Teatro que fragiliza”. “Ruído prejudicial”. “Custo da emissão pode ser mais alto”. “Não há clima de instabilidade”. “Sem impacto significativo na emissão”. As opiniões dos analistas em relação às consequências da demissão de António Domingues da presidência da Caixa Geral de Depósitos (CGD) estão longe de ser consensuais. Mas há um ponto em comum: apetite do mercado na emissão do banco público no âmbito do processo de recapitalização vai depender sempre do tipo de dívida e da taxa de juro oferecida. O que esperar? Ninguém sabe muito bem ainda.

O Governo adiantou na última semana que tem recebido “respostas positivas” do contacto que a administração agora demissionária já realizou com potenciais investidores interessados em participar na emissão de dívida subordinada no montante de 1.000 milhões de euros. Mas esta operação de charme junto do mercado poderá ter voltado à estaca zero na sequência da demissão de Domingues do banco público, cuja indefinição poderá acarretar custos de reputação para a instituição.

“Todo este ruído é prejudicial à CGD e ao processo de recapitalização, nomeadamente na componente de colocação de dívida em privados. Não era uma tema muito focado nas análises da imprensa internacional. Mas, naturalmente, os potenciais interessados em ficar com a dívida a emitir estão atentos a tudo isto”, declarou ao ECO o presidente da IMF, Filipe Garcia. “Agora tudo depende da solução que será encontrada. Creio que há espaço para encontrar uma solução que facilite a emissão de dívida a privados. A situação anterior é que não oferecia segurança tendo em conta a fragilidade crescente de António Domingues”, salienta ainda.

"Todo este ruído é prejudicial à CGD e ao processo de recapitalização, nomeadamente na componente de colocação de dívida em privados. Não era uma tema muito focado nas análises da imprensa internacional. Mas, naturalmente, os potenciais interessados em ficar com a dívida a emitir estão atentos a tudo isto.”

Filipe Garcia

Presidente da IMF

Para Pedro Lino, da DifBroker, “o interesse dos investidores terá sempre a ver com as garantias dadas e a taxa de juro proposta”. “Mas é certo que este teatro fragiliza a CGD que está sem administração efetiva há um ano, sem estratégia, e como resultado o custo da emissão poderá ser mais alto“, reforçou o CEO da corretora.

Um outro analista que costuma estar envolvido em operações de emissão de dívida também salientou os “riscos acrescidos” que resultam da indefinição no banco público. Não se sabendo ainda qual é o instrumento de dívida que a CGD vai emitir, torna-se difícil de avaliar o interesse dos investidores. “Haverá mais facilidade e mais apetite se for um instrumento menos subordinado, menos associado ao capital. Quanto mais subordinada e de capital for, mais difícil é a operação”, explica esta fonte.

“Sem impacto significativo”

Em todo o caso, com o plano de recapitalização já adiado para depois do primeiro trimestre do próximo ano, nem todos os analistas ouvidos pelo ECO acreditam que a demissão de alguns membros da equipa de gestão da Caixa, incluindo Domingues, tenha impacto material na emissão de dívida subordinada.

“Não será provavelmente de esperar um impacto significativo a não ser o adiamento do processo”, assume Albino Oliveira, da Patris Investimentos. “Embora seja relevante o nome do presidente da instituição (em termos de transmitir confiança aos investidores), mais importante serão provavelmente a situação económica e financeira do país, assim como a posição de capital (que irá melhorar com a injeção de capital por parte do Estado) e a qualidade dos ativos de balanço do banco”, justifica Oliveira.

"Embora seja relevante o nome do presidente da instituição (em termos de transmitir confiança aos investidores), mais importante serão provavelmente a situação económica e financeira do país, assim como a posição de capital (que irá melhorar com a injeção de capital por parte do Estado) e a qualidade dos ativos de balanço do banco.”

Albino Oliveira

Patris Investimentos

Henrique Dias, gestor da corretora XTB, tem opinião semelhante: “A meu ver, não existirão grandes consequências nos custos da emissão de dívida, nem na capacidade da CGD honrar os seus compromissos. Não há perceção de que tenha havido uma rutura à estratégia de recapitalização”.

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CGD: Nova administração deverá continuar plano negociado com Bruxelas

  • Lusa
  • 28 Novembro 2016

Valdis Dombrovskis considera que a nova administração da CGD deverá manter acordo fechado em agosto sobre a recapitalização da instituição.

O comissário europeu para o Euro, Valdis Dombrovskis, disse esta segunda-feira que a nova administração da CGD deverá dar seguimento ao acordo de princípio fechado em agosto sobre a recapitalização do banco público.

“O acordo de princípio sobre recapitalização já foi negociado em agosto e a Comissão Europeia continuará a trabalhar com base nele”, disse Dombrovskis, em conferência de imprensa, sublinhando ser “importante que as autoridades portuguesas e a nova gestão da Caixa Geral de Depósitos continuem a cumprir o acordo”.

António Domingues, bem como seis vogais do Conselho de Administração, demitiu-se de presidente da CGD, após cinco semanas de polémica em torno da recusa da entrega da declaração de rendimentos.

O primeiro-ministro português, António Costa, já anunciou que o substituto do ex-BPI será conhecido ainda esta semana.

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CDS acusa PCP: “O único offshore que existe em Portugal continental é a Festa do Avante”

  • Margarida Peixoto
  • 28 Novembro 2016

O adicional ao IMI aqueceu o debate na Assembleia da República, no último dia de votações do Orçamento do Estado para 2017 na especialidade. CDS acusou PCP de escapar ao novo imposto.

Os deputados do CDS e do PCP acenderam o debate na Assembleia da República com críticas mútuas sobre as suas posições partidárias no que diz respeito ao adicional ao IMI. João Almeida, deputado e porta-voz do CDS, acusou o PCP de escapar ao novo imposto sobre o património. E não só: “O único offshore que existe em Portugal continental é a Festa do Avante, onde quem paga não tem recibo.”

De um lado o CDS, do outro o PCP. Paulo Sá, deputado comunista, começou por enunciar o que considera serem as vantagens do novo imposto sobre o património, por oposição ao anterior imposto de selo. “O PCP bateu-se pela criação do novo imposto sobre o património de elevado valor”, frisou.

Mas João Almeida, deputado do CDS, contestou veementemente, frisando que o PCP não acompanha a proposta dos populares que visa eliminar a isenção para o património de partidos políticos no adicional ao IMI. “Quando votarmos a proposta do CDS para que o IMI se aplique a entidades que não tem razão nenhuma para que não se aplique, percebemos que este é o preço que BE e PS pagam pela solidariedade do PCP no Orçamento”, acusou João Almeida. E rematou: “Pagam os portugueses, o PCP não está cá para pagar, apenas está cá para fazer pagar os outros.”

A defesa foi feita por João Oliveira, deputado do PCP: “Já nos habituámos à falta de rigor e de seriedade [das intervenções do CDS]”, disse. “Defendemos um imposto que fará o PCP pagar mais. O PCP defende aquilo que é justo”, garantiu. João Almeida ripostou ainda uma vez mais, contrariando a versão dos comunistas e reafirmando que o património do PCP escapará ao novo imposto. No final, ainda acusou: “O único offshore que existe em Portugal continental é a Festa do Avante, onde quem paga não tem recibo.”

Minutos antes, Rocha Andrade, secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, tinha defendido que o novo imposto é melhor construído do que o anterior imposto de selo sobre o património acima de um milhão de euros: “Convém comparar como são as coisas benfeitas e mal feitas”, defendeu. Explicou que o novo imposto não se aplica consoante o valor dos prédios e o montante das parcelas pelos quais são constituídos, mas sim sobre o total do valor patrimonial, independentemente de ser apenas um prédio, ou mais.

De acordo com a redação da proposta de OE2017 e a proposta de alteração entretanto apresentadas pelo PS sobre o adicional ao IMI, as entidades que estão isentas de IMI mantêm a isenção no adicional ao IMI. É o caso do património dos partidos ou, por exemplo, das igrejas, que esteja afeto à sua atividade. Já no que toca ao restante património, estas entidades pagam IMI e pagarão adicional ao IMI.

Daí que o PCP tenha pago 29 mil euros de IMI no ano passado e se prepare, agora, para pagar um valor mais elevado com a criação do adicional ao IMI. “Estaríamos dispostos a pagar ainda mais”, adianta Paulo Sá, deputado comunista ao ECO. “Desde logo porque propomos uma taxa máxima de adicional ao IMI de 2%, que é o dobro do que o PS está a propor”, frisa, recusando desta forma as acusações de João Almeida, em plenário.

(Notícia atualizada às 13h08)

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OCDE: PIB é mais importante do que dívida pública

Portugal é um dos países que devia gastar 0,5% do PIB em investimento público. Quem o diz é a OCDE que garante que o país pode aguentar esse gasto durante cinco anos.

Os países devem concentrar-se mais no crescimento do PIB e menos na dívida pública. É este o conselho da OCDE que argumenta, no Economic Outlook de novembro, que, ao aumentar o denominador, a percentagem de dívida pública também irá diminuir. A organização pede políticas expansionistas para que os países aproveitem a política monetária de taxas de juro baixas.

É esse o caso de Portugal, segundo a OCDE: apesar de a dívida pública ser superior a 130% e dos défices dos anos passados ter sido superior a 3%, a organização diz que a economia portuguesa é um dos casos que mais tempo conseguiria ‘aguentar’ esta estratégia orçamental (mais de cinco anos). Isto significa que se Portugal investisse 0,5% do PIB, mesmo agravando o défice no curto prazo, podia recolher ganhos no futuro, sem comprometer a sustentabilidade da dívida.

ocde
Fonte: OCDE.

“Alguns podem argumentar que não existe espaço para iniciativas fiscais dada a pesada carga da dívida pública em muitas economias. No entanto, a seguir a cinco anos de consolidação orçamental intensa, os rácios de dívida pública em relação ao PIB na maior parte dos países desenvolvidos achataram. É tempo agora de se focarem na expansão do denominador – o crescimento do PIB“, escreve a OCDE no relatório.

A política monetária expansionista de taxas de juro baixas diminuiu os encargos com a dívida pública. Por isso, “em média, as economias da OCDE podiam implementar medidas orçamentais financiadas pelo défice durante três a quatro anos, mantendo, no entanto, os rácios da dívida pública em relação ao PIB inalterados a longo prazo”, argumenta a OCDE.

Ou seja, a organização pede aos países para gastarem mais para estimular a economia, mesmo que isso signifique défices maiores nos próximos anos. A longo prazo, compensa. E, se o esforço for eficaz e trouxer efeitos positivos no PIB, o défice pode descer mais cedo do que esperado e o rácio da dívida pode tornar-se mais sustentável, prevê a OCDE.

A armadilha do baixo crescimento

A OCDE recomenda que os países adotem medidas fiscais eficazes e promovam políticas comerciais inclusivas para escaparem à armadilha do baixo crescimento. É este o principal conselho que a economista-chefe Catherine L. Mann deixa no editorial do Economic Outlook de novembro. Em causa está a pouca ambição em fazer reformas estruturais e a “incoerência” de políticas que prejudicaram o dinamismo dos negócios, armadilharam recursos em empresas pouco produtivas, fragilizaram instituições financeiras e enfraqueceram o crescimento da produtividade.

Nos últimos cinco anos a economia global tem estado na armadilha do baixo crescimento“, começa a OCDE, referindo como principais efeitos negativos o declínio do investimento privado e público, assim como o “colapso” das trocas comerciais. Estes fatores têm “limitado” os desenvolvimentos ao nível do emprego, produtividade laboral e salários, os quais são necessários para melhorar a qualidade de vida das populações.

Se os países seguirem os seus conselhos, a OCDE prevê que o crescimento económico passe a crucial linha dos 3%, o que significaria uma melhoria geral na qualidade de vida das pessoas. A previsão do crescimento do PIB mundial para 2017 é de 3,3% e em 2018 é de 2,6%. A ajudar estão países como a China, Índia, Indonésia e a Turquia, todos acima dos 3% em 2017. A Zona Euro continua sem acelerar com a previsão de um crescimento de 1,6% em 2017. Já os Estados Unidos vã começar a acelerar com 2,3% no próximo ano, prevê a OCDE.

Protecionismo? “Crescimento inclusivo”, responde a OCDE

A crescer pouco, o comércio mundial está também em perigo, nos próximos anos, por causa das mudanças políticas que contrariam a globalização e promovem o protecionismo. A OCDE prefere falar em criar políticas de realocação que distribuam de melhor forma os ganhos das trocas comerciais.

Por um lado, o protecionismo iria contrabalançar as medidas orçamentais internamente, mas também aumentaria os preços e prejudicaria a qualidade de vida dos cidadãos. Por outro lado, esse protecionismo tende a proteger postos de trabalho.

Segundo a OCDE, em muitos países, mais de 25% dos empregos dependem da procura internacional. Por isso, a OCDE prefere aconselhar os países a promoverem as tais políticas expansionistas. A palavra de ordem para a organização é “crescimento inclusivo”.

As pistas da OCDE para soluções

  1. Iniciativas fiscais para apoiar a procura no curto prazo e a oferta no longo prazo;
  2. Investimento ‘soft’ em educação e investigação;
  3. Investimento forte em infraestruturas públicas;
  4. Complementar com reformas estruturais especificamente para os países;

Editado por Mariana de Araújo Barbosa ([email protected])

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Polícia Judiciária já tem unidade de combate ao cibercrime

A Polícia Judiciária tem uma nova unidade operacional para combater crimes informáticos ou praticados através da internet. Inspira-se na Europol e vem extinguir outra unidade criada em agosto de 2015.

Está oficialmente criada a Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e à Criminalidade Tecnológica — abreviada de UNC3T. O decreto-lei foi publicado esta segunda-feira em Diário da República e tem como horizonte “o desenvolvimento de uma estratégia adequada de combate ao cibercrime”, lê-se no diploma.

A nova unidade operacional da Polícia Judiciária (PJ), “típica de uma Polícia Científica”, inspira-se no modelo já seguido pelo Centro Europeu para o Cibercrime, da Europol. “Os pontos focais são o abuso sexual de crianças através da internet, a fraude com os cartões e outros meios de pagamento eletrónico e virtuais, a criminalidade informática pura e a criminalidade praticada com recurso a meios informáticos”, refere o documento.

A UNC3T vem substituir a Unidade Nacional de Investigação da Criminalidade Informática (UNICI) da PJ, estabelecida por lei em agosto do ano passado, mas “cujas competências internas nunca foram estabelecidas”, reconhece-se na lei. A nova legislação não vem, no entanto, dar novas competências à PJ, mas vem trazer alguma ordem às competências das diferentes unidades que, até aqui, se encontravam “dispersas”. Com pouco mais e um ano, a UNICI é, assim, extinta.

Entre outras tarefas, prevê-se que a UNC3T teste e desenvolva “ferramentas específicas para a investigação do cibercrime” ou outros tipos de criminalidade relacionada, recolha informação para “apoio às investigações” e para “cooperação policial internacional” e desenvolva “ações de contrainformação criminal”. O decreto-lei foi promulgado a 17 de novembro pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

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