Novas obrigações para retalho dão taxa mais baixa de sempre de 1,1%

Vem aí uma nova emissão de Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável (OTRV) a cinco anos. Títulos de dívida dirigidos para as famílias pagam taxa mais baixa de sempre: 1,1%.

Tal como há um ano, o Governo vai lançar durante o mês de novembro uma nova emissão de Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável (OTRV), um produto de poupança dirigido para as famílias portuguesas. Estes títulos de dívida têm a maturidade de cinco anos e pagam o juro mais baixo de sempre: apenas 1,1%.

O lançamento desta que é a sexta série de OTRV foi anunciado este sábado em Diário da República e também no site do IGCP.

O período de subscrição destes títulos vai decorrer entre 15 de novembro e 28 de novembro, podendo ser comprados aos balcões dos bancos. O IGCP espera levantar 500 milhões de euros, mas reserva-se ao direito de aumentar o montante até ao dia 21 de novembro, caso a operação manifeste forte interesse dos investidores — como espera que venha a acontecer uma vez que o timing escolhido para realização da nova emissão coincide com o período em que muitos portugueses recebem o subsídio de Natal.

Taxas das OTRV estão sempre a baixar

Fonte: IGCP

A taxa de 1,1% é a mais baixa de sempre e e explica-se com o facto de Portugal conseguir financiar-se no mercado a juros bastante reduzidos. Por exemplo, compara com o juro de 1,6% que o IGCP pagou na última emissão realizada em julho deste ano.

De resto, desde o início que as OTRV foram registando remunerações cada vez menos atrativas: a primeira emissão, realizada em maio de 2016, ofereceu um prémio de 2,2%. As seguintes, efetuadas em agosto de 2016, novembro de 2016 e abril de 2017, viram as taxas cortadas gradualmente para 2,05%, 2% e 1,9%.

Importa sublinhar que a subscrição das OTRV comporta encargos com comissões para os investidores, comissões estas que afetam naturalmente a rentabilidade que se pode extrair desta aplicação.

Estas “OTRV dezembro 2022” têm data de vencimento a 5 de dezembro de 2022, com o montante mínimo de subscrição nos 1.000 euros. Os juros são pagos semestral e postecipadamente em 5 de junho e 5 de dezembro de cada ano, segundo informa o IGCP.

Apesar da quebra na remuneração, a verdade é que as emissões de OTRV sempre despertaram muito apetite por parte das famílias portuguesas, sobretudo devido às taxas mais rentáveis que este produto de poupança oferece face à oferta do mercado. No total, as anteriores emissões permitiram ao Estado arrecadar mais de 5,5 mil milhões de euros.

Recentemente, o Governo lançou uma nova série de Certificados do Tesouro também com taxas mais reduzidas face aos anteriores títulos. Os chamados Certificados do Tesouro Poupança Crescente pagam uma taxa média bruta de 1,35%, apresentando-se com uma maturidade de sete anos — os certificados anteriores ofereciam uma taxa de 2,35%, tendo prazo de aplicação de cinco anos.

As mudanças na oferta dos produtos de poupança do Estado ocorrem numa altura em que o Governo procura acelerar o ritmo de reembolsos ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Até final do ano, mais três mil milhões de euros serão liquidados ao Fundo, numa estratégia que visa baixar os custos do empréstimo oficial contraído por Portugal em 2011.

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Wall Street cai após maior ciclo de ganhos em quatro anos

As ações norte-americanas tiveram a primeira semana de perdas após oito de subidas, tendo sido pressionada pelos receios face ao futuro da promessa de cortes de impostos às empresas.

As ações norte-americanas terminaram esta sexta-feira em queda, registando assim a primeira semana de perdas após oito de subidas. Termina assim o maior ciclo de ganhos semanais dos últimos quatro anos, tendo o mercado acionista dos EUA sido condicionado nesta semana pelos receios relativamente ao futuro do plano de corte de impostos às empresas dos republicanos.

O S&P 500 terminou a sessão a desvalorizar 0,09%, para os 2.582,3 pontos, enquanto o Dow Jones perdeu 0,17%, para os 23.422,21 pontos. Apenas o Nasdaq destoou face ao sentimento negativo que imperou em Wall Street na última sessão da semana. O índice tecnológico somou uns ligeiros 0,01%, para os 6.750,94 pontos. O setor da energia foi um dos que mais pesou no sentimento negativo em Wall Street, tendo acontecido o mesmo com o setor dos cuidados de saúde a braços com a possibilidade de a Amazon entrar no seu negócio.

A Intel e a Apple voltaram a pesar também no desempenho do mercado acionista norte-americano, já que fazem parte do conjunto de empresas que mais poderão ser penalizadas caso o plano de cortes de impostos ao setor empresarial dos republicanos seja adiado. As ações da Apple perderam 0,85% nesta sexta-feira, enquanto as da Intel recuaram 1,72%.

Nos últimos dias, as bolsas norte-americanas têm sido penalizadas pelos receios face a um eventual adiar do plano de corte de impostos para as empresas para 2019, o que poderá terminar o rally dos mercados que têm sido suportado pelas promessas eleitorais de Donald Trump de puxar pelos resultados empresariais e criar empregos.

Os republicanos do Senado apresentaram um plano de corte de impostos que irá atrasar a redução da taxa de imposto a esse setor para 20%, e permitir aos pequenos negócios uma dedução em vez de uma taxa especial sobre o negócio. Este plano destoa consideravelmente face à proposta dos seus pares da Câmara dos Representantes.

Se a versão do Senado for eleita, seguir-se-á uma correção do mercado, e à medida que a batalha pela reforma tributária se intensificar, as ações tendem a sentir um mercado vacilante”, afirmou Peter Cardillo, economista-chefe da Standard Financial.

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Vieira da Silva diz que a atual duração máxima dos contratos a termo não se justifica

  • Cristina Oliveira da Silva
  • 10 Novembro 2017

O ministro do Trabalho admite alargar o âmbito dos contratos de muito curta duração mas deixa de parte mexidas no período experimental. Também não vê a necessidade de criar novas formas contratuais.

O Governo entende que as razões que podem originar um contrato a prazo não justificam a atual duração máxima prevista para este tipo de vínculo e, por isso, admite mexer neste ponto. Por outro lado, abre a porta a um eventual alargamento no âmbito dos contratos de muito curta duração, mas deixa de parte alterações ao período experimental. O ministro Vieira da Silva espera avançar em 2018 com algumas propostas para combater a segmentação do mercado de trabalho mas avisa que o Governo “escolherá os caminhos que julgar mais adequados” caso não haja acordo.

A Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) defendeu esta sexta-feira, na reunião de concertação social, o alargamento do período experimental, mas o ministro do Trabalho avisou que isso não está “em cima da mesa”. Até porque Vieira da Silva já tentou avançar por esse caminho em 2008 e a medida foi travada pelo Tribunal Constitucional. “Não tenho nenhum interesse em estar a abrir uma polémica sobre esse tema se bem que considerasse que a unificação do período experimental é um passo vantajoso, mas não está de todo em cima da mesa”, afirmou o ministro aos jornalistas no final da reunião com os parceiros sociais.

Vieira da Silva voltou a dizer que muitas vezes os contratos a prazo são usados como período experimental e que é preciso contrariar essa tendência. O Governo já tinha admitido reduzir a duração máxima dos contratos a termo certo, atualmente de três anos na generalidade dos casos. Mas hoje a questão foi levada aos parceiros sociais.

“A possibilidade de existência de contratos a prazo está identificada claramente na lei, para substituir trabalhadores, por exemplo, na situação de licença parental ou doença, para acréscimos momentâneos de atividade por razões de natureza sazonal, e eu pergunto qual destas razões é que justifica um contrato a termo de três anos”, questionou o ministro, para responder depois que “nenhuma destas razões” exige “um período tão prolongado”. Mas ainda não há propostas concretas.

A CCP também colocou a possibilidade de alargar a outras atividades o contrato de muito curta duração — que se destina hoje apenas à atividade sazonal agrícola e a eventos turísticos de duração até 15 dias. Vieira da Silva admite esse alargamento, se for fundamentado. Diz que isso pode ser pensado, por exemplo, ao nível do trabalho de estudantes em férias. E quanto a outros setores? “Não fecho essa porta”, disse, mas recordou que esse instrumento foi desenhado para áreas com picos de atividade.

A CGTP disse que o tema do contrato único foi levantado por um dos parceiros sociais durante a reunião, mas o Governo garante que não há qualquer resposta de revisão “tão profunda” quanto essa. E também não vê a necessidade de criar novos tipos de vínculo, uma ideia que foi deixada em aberto pela CCP. O Governo promete, porém, reforçar a fiscalização.

Já no que toca à diferenciação da TSU consoante o tipo de contrato, Vieira da Silva recorda que essa solução já está prevista no código contributivo ainda que nunca tenha sido aplicada. O ponto continua em aberto, diz, recordando que a realidade hoje é diferente da que existia quando a norma foi criada: “há setores económicos que têm outra dimensão” e há “realidades sociais novas”.

A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) avisa que o assunto já foi recusado no ano passado e que não será fácil voltar ao debate. A CIP também não concorda e diz que se “alguma coisa tem de ser valorizada é uma TSU que premeie os contratos sem termo”, mas também admite que este não o momento para penalizar o equilíbrio das contas públicas. Já a CCP diz que está disposta a discutir a medida no âmbito de um conjunto de alterações, mas recorda que é preciso ter em conta os impactos nos diversos setores.

Já a UGT recorda que aceitou a medida em 2008, quando foi discutida no âmbito do código contributivo. E agora admite rever o quadro de uma “eventual diferenciação”, de acordo com Paula Bernardo. Ao invés, a CGTP está contra a redução das contribuições para contratos sem termo e entende que penalizar os contratos a prazo por esta via não é a melhor solução: “É o mesmo que dizer que somos contra a precariedade mas se vocês pagarem aqui uma ‘multazinha’ podem continuar a precarizar”, afirmou Arménio Carlos, criticando ainda medidas que possam vir a pôr em causa a sustentabilidade da Segurança Social.

Vieira da Silva também avisou que o debate das medidas de combate à segmentação será independente da discussão sobre o aumento do salário mínimo, que será o tema central da próxima reunião de concertação social. Também a UGT fez questão de frisar que o tema do salário mínimo é mais urgente, já que tem de ser aplicado em janeiro.

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Venezuela entra em incumprimento. Não paga juros da elétrica estatal

  • Lusa
  • 10 Novembro 2017

Em causa está o falhanço por parte da Venezuela do pagamento dos juros de um título de 650 milhões de dólares (560 milhões de euros) da empresa elétrica estatal Corpoelec.

A Venezuela entrou hoje em default ao falhar o pagamento dos juros de um título de 650 milhões de dólares (560 milhões de euros) da empresa elétrica estatal Corpoelec.

A falta de pagamento, segundo a imprensa venezuelana, foi avançada pela empresa Wilmington Trust, o fiduciário do título, num comunicado enviado hoje à Bolsa do Luxemburgo.

Segundo o portal da Internet La Patilla, os detentores viam os títulos, que vencem em 2018, como os de maior risco e por isso caíram recentemente para um mínimo histórico de 0,23 dólares (0,19 euros).

“Um eventual incumprimento da estatal Petróleos da Venezuela SA (PDVSA), bem como dos títulos soberanos (da República), poderia levar os credores a tentarem reclamar ativos da empresa petrolífera, mas neste caso os investidores estrangeiros não têm nada que possam confiscar”, explicou.

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Fundo italiano Kairos entra no capital dos CTT

A Kairos Partners entrou no capital dos CTT, tendo assumido uma posição qualificada na empresa, informou ao mercado a empresa liderada por Francisco de Lacerda.

Os CTT têm um novo acionista. A Kairos Partners, na qualidade de sociedade gestora da Kairos Internacional Sicav, entrou para o capital dos CTT, tendo assumido uma posição qualificada na empresa liderada por Francisco Lacerda. A informação foi avançada ao mercado pelos CTT em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.

No comunicado publicado no site da CMVM no final desta sexta-feira, os CTT informam que o fundo italiano adquiriu um total de 3,075 milhões de ações, ficando a deter uma participação de 2,05% dos direitos de voto.

A entrada no capital dos correios por parte da Kairos Partners ocorreu no passado dia 6 de novembro, período em que as ações da empresa liderada por Francisco Lacerda estavam a sofrer fortes perdas em bolsa. Nas cinco sessões anteriores àquela data, as ações dos CTT desvalorizaram 30%, renovando mínimos históricos. Essas perdas aconteceram depois de os correios terem anunciado resultados que ficaram aquém do esperado e baixado o dividendo a distribuir pelos acionistas, o que fez despertar o receio dos investidores e o alerta dos analistas.

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Tecnológica Glintt aprova fusão de participadas

  • Lusa
  • 10 Novembro 2017

O “projecto de fusão por incorporação, nos termos do qual a Glintt GIT irá incorporar a Glintt MSV e Glintt Energy", lê-se no comunicado.

A fusão da Glintt MSV e da Glintt Energy na Glintt GIT foi aprovada esta sexta-feira pelos respetivos conselhos de administração, disse hoje o grupo tecnológico Glintt em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Segundo a informação, foi aprovado hoje pelos conselhos de administração da Glintt GIT, da Glintt MSV e da Glintt Energy o “projecto de fusão por incorporação, nos termos do qual a Glintt GIT irá incorporar a Glintt MSV e Glintt Energy”.

A Glintt GIT é a única acionista das sociedades Glintt MSV e Glintt Energy, que irá incorporar, lê-se ainda no comunicado.

A Glintt – Global Intelligent Technologies teve lucros de 734 mil euros no primeiro semestre deste ano, mais 6,1% face a igual período do ano passado.

A empresa opera em seis países (Portugal, Espanha, Angola, Brasil, Reino Unido e Irlanda) e tem cerca de 900 trabalhadores, segundo a sua página na Internet.

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Paulo Teixeira Pinto quebra o silêncio e desvenda a “cor do medo”

  • ECO
  • 10 Novembro 2017

O ECO falou com a jornalista Sílvia de Oliveira, que colocou um ponto final no silêncio de Paulo Teixeira Pinto, antigo presidente do BCP, e que escreveu a biografia intitulada "De Que Cor é o Medo".

Dez anos passaram sobre o fim da guerra que colocou frente a frente Paulo Teixeira Pinto, o então presidente do BCP, e Jardim Gonçalves, o seu antecessor. Foram anos de silêncio, fora da atenção mediática, agora rompido na sua biografia autorizada, escrita por Sílvia de Oliveira. O ECO falou com a autora, sobre um processo de escrita que a própria descreve repetidamente como tendo sido “intenso”, marcado por uma “contenção” por parte do biografado e de alguns dos seus amigos e próximos.

Sílvia conheceu Paulo Teixeira Pinto em 2005, enquanto jornalista a acompanhar o setor bancário. Paulo acabava de assumir o cargo de presidente do Banco Comercial Português (BCP), num mandato que viria a revelar-se atribulado para o banqueiro. “Ficámos muito surpreendidos com a escolha de Jardim Gonçalves”, recordou na apresentação do livro, a par das viagens “emocionantes” ao Porto para testemunhar as assembleias gerais do banco.

Por duas vezes a jornalista abordou Teixeira Pinto para escrever a sua biografia e por duas vezes recebeu um “não” como resposta. Mas foi à segunda, após alguma insistência, que Sílvia deu início à escrita da biografia autorizada, no final do ano passado. O livro aborda não só a mediática guerra aquando da sua presidência do BCP como também a vida familiar e amorosa do biografado.

Olhando para as primeiras conversas com o banqueiro, a autora recorda a tensão e o ambiente constrangedor entre os dois. Um dos primeiros episódios passou-se num escritório da Abreu Advogados. Na altura, Sílvia escrevia sobre a atual relação amorosa do banqueiro e Paulo estava a recuperar de uma operação. “Estávamos todos muito inibidos, ele porque estava a contar-me coisas da sua vida pessoal, e eu porque me sentia a invadir a intimidade dele”, afirmou. Com o passar dos meses e o progresso na escrita do livro, “as conversas foram fluindo”, tornando-se “mais fáceis”.

Ser banqueiro como acidente de percurso?

O assunto BCP foi aquele sobre o qual Paulo revelou maior dificuldade em falar. “Deixámos para o final, inclusive”, disse Sílvia. Dez anos de silêncio sobre o assunto levantavam constrangimentos ao biografado mas, à medida que a autora foi lançando as perguntas, Paulo foi cedendo e tornava-se cada vez mais evidente que “a biografia não podia saltar este ponto”, conta.

O Presidente de Administração do Millennium/BCP, Paulo Teixeira Pinto, durante a conferência de imprensa para anunciar os resultados do primeiro semestre, 24 de julho de 2007, na sede daquela instituição bacária, em Lisboa. INÁCIO ROSA/LUSA

Em dois capítulos, Sílvia de Oliveira escreveu sobre a ascensão e a passagem de Paulo Teixeira Pinto pela presidência do banco português. A autora falou com alguns dos envolvidos nos confrontos dentro do banco, nomeadamente os membros do conselho de administração Filipe Pinhal e Filipe Botton, e com o próprio Jardim Gonçalves.

Paulo foi sabendo dessas conversas e foi tomando conhecimento do seu conteúdo, sem ter levantado quaisquer tentativas de censura. “Aliás, eu também permiti que ele fosse lendo as provas, já no fim de tudo feito, e que estivesse a par de tudo”, disse, justificando-o primeiramente “por uma questão de respeito”. “Ele foi acompanhando tudo, mas eu não tive de mudar absolutamente nada”, resumiu.

"Foi preciso ter algum cuidado na forma de escrever mas não foi preciso omitir pormenores.”

Sílvia de Oliveira

Apesar da surpresa em 2005, Sílvia não considera que o percurso de Paulo enquanto banqueiro tenha sido um ‘acidente de percurso’. A autora relembra a entrada de Teixeira Pinto para o banco em 1995, após a derrota do Governo de Cavaco Silva nas eleições legislativas, e a carreira progressiva que se desenrolou nos dez anos seguintes e culminou na chegada à presidência em 2005. “Eu diria que dez anos, com os mais de dois anos que teve na presidência, é muito tempo para ser um acidente”, admite.

Um projeto “estimulante”

A escrita da biografia surge numa altura em que Sílvia se encontrava desempregada. Após 25 anos de trabalho enquanto “jornalista dos pés à cabeça”, viu na escrita do livro “um projeto interessante para fazer”. “Ficar assim, de repente, sem nada por fazer, foi um impacto muito forte”, explica.

Sílvia refere que a escrita desta obra “surgiu na altura ideal”, e que lhe conferiu um “crescimento interior”.

"Foi uma oportunidade fantástica para mim enquanto pessoa conhecer alguém que me obrigou a crescer, a pensar, a viver formas novas de penar.”

Sílvia de Oliveira

A ironia também teve um papel na escrita desta biografia. Na última entrada do prólogo, Paulo Teixeira Pinto escreve que, se pudesse escolher, preferia morrer “de pé”. Pois foi a intensidade de todo o processo de escrita do livro que provocou “uma inflamação gigante no nervo ciático” de Sílvia, recorda, obrigando-a a ler a prova final do livro, também ela, “de pé”.

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Com blockchain nos media “posso dizer isto não é clickbait”

Aos olhos de Mark Curtis - da Accenture e fundador da Fjord - a revolução tecnológica não acabará com o trabalho humano, mas as mudanças na humanidade, essas, são inegáveis.

Mark Curtis não é guloso, mas cede sempre a um bom pastel de nata. Em Lisboa para a maior feira de tecnologia do mundo, o empreendedor que fundou a Fjord (empresa global de serviços de design e inovação) aproveitou para matar saudades do único doce que não recusa e para falar com o ECO sobre o futuro… da tecnologia, do trabalho, enfim da humanidade. Mark é um otimista que ri com os olhos e comanda o departamento comercial da consultora Accenture. Aprecia livros “pesados”, filmes “leves” e a teoria de que haverá sempre algo que nos separa dos robôs.

Mark Curtis foi um dos oradores do Web Summit.

Imagine um dia em 2030. Como é que os humanos comunicam uns com os outros?

Se nos pudéssemos transportar para 2030, o que nos surpreenderia mais seria a variedade de lugares onde poderíamos comunicar sem precisar de um telemóvel e a variedade de objetos através dos quais poderíamos comunicar. Trata-se da ideia de que se pode conversar em qualquer lugar e com qualquer coisa. No momento em que conseguimos falar com um altifalante e pedir-lhe que toque música, todos os outros objetos parecem bastante estúpidos. Eu penso que essa mudança nas expectativas — nós chamamos-lhe expectativas liquidas — alargar-se-á a tudo o resto. A comunicação por voz, no carro, por exemplo, terá um novo vigor. O utilizador esperará conseguir falar com qualquer coisa, mesmo que esteja muito distante. Por exemplo, há cinco semanas, sem avisar a minha mulher ou a minha filha, comecei a falar com elas através do altifalante Echo [da Amazon] que temos no quarto. Sobressaltei-as, porque do nada disse “Olá” e elas pensaram “Onde está ele? Não deveria estar ele na América?”.

Está a falar do modo como falamos com objetos e quanto ao modo como falamos com outros humanos?

Acho que veremos mudanças no modo como usamos a tecnologia para interagir uns com os outros em quatro grandes áreas. Nas conversas cara a cara as alterações não serão particulares. Depois, há as conversas que temos com as máquinas. Há também aquelas que temos uns com os outros através dessas máquinas e, por fim, aquelas que temos uns com os outros que são aumentadas pelas máquinas e isso é algo completamente diferente. Essa será a categoria que explodirá nos próximos 13 anos. Teremos conversas, mas serão aumentadas pelas máquinas, que passarão a intermediárias. Hoje, dizemos, perante qualquer tipo de debate, “vamos ao Google”. Em 13 anos, vamos dizer “vamos perguntar ao Google, à Alexa ou à Carla”…

…porquê uma mulher?

Nunca ninguém deu uma resposta suficiente a esta questão.

Quer tentar?

Acho que se pensa que as mulheres são mais empáticas. As plataformas querem que os computadores sejam empáticos com as pessoas e a maioria das pessoas prefere falar com uma “voz” feminina, mas não é absoluto. Quando instalei a Alexa [da Amazon] no quarto, a minha mulher ficou zangada, porque não queria outra voz feminina lá.

Vamos voltar a 2030. Com tanta tecnologia, vamos ser felizes?

Não, porque a escala da disrupção é tão grande neste momento e não vai desaparecer. Os carros, por exemplo, foram popularizados nas primeiras décadas do século XX, mas só em 1980 os cintos de segurança tornaram-se obrigatórios. Antes disso, muitas pessoas já tinham atravessado, por acidente, o vidro da frente. Levou oitenta anos para o Governo tomar essa decisão. Portanto, acho que temos de olhar com muito cuidado para o que está a acontecer e pensar no ajustamento da sociedade. Temos de encontrar os cintos de segurança para o digital. Espero que as pessoas tentem encontrar um novo contrato social que nos permita navegar essas mudanças. Por exemplo, com os carros autónomos, desaparecerão muitos empregos.

Vamos acabar por criar novos postos de trabalho e novas formas de produtividade com os humanos a trabalharem com máquinas e robôs.

Mark Curtis

CCO da Accenture Interactive e Chief Client Officer da Fjord

No mesmo cenário, haverá sequer ainda postos de trabalho para humanos?

Sim, de facto estou relativamente otimista quanto a isso. Haverá um período disruptivo, antes da chegada dos novos empregos, que será desafiador, especialmente para as pessoas envolvidas na circulação das coisas, porque os robôs fazem-no melhor do que os humanos. Vamos, contudo, acabar por criar novos postos de trabalho e novas formas de produtividade com os humanos a trabalharem com máquinas e robôs. Portanto, haverá um hiato, mas rapidamente começarão a surgir novos empregos.

E o que podemos fazer durante esse hiato?

Se a promessa dos robôs se cumprir, haverá menos trabalho a ser feito por nós de modo a que a sociedade seja produtiva. Se esse for o caso, surgirão algumas questões sérias quanto à criação de um sentido de valor próprio, particularmente no que diz respeito às pessoas que só trabalharão dois ou três dias por semana. Fala-se de um rendimento universal, é uma boa ideia e deve acontecer. Isso cobre as necessidades básicas — água, aquecimento, comida — mas não diz nada sobre o valor próprio desses indivíduos.

A diretiva PSD2 exige que os bancos partilhem a informação que têm sobre os seus clientes, para que outras empresas personalizem assim outros serviços. Vai acontecer, em 2018, na Europa, mas o resto do mundo estará atento.

Mark Curtis

CCO da Accenture Interactive e Chief Client Officer da Fjord

Nestes dias, no Web Summit, falou-se imenso de Realidade Aumentada (AR), Realidade Virtual (VR) e Inteligência Artificial (AI). Como é que essas tecnologias vão mudar o modo como fazemos negócios?

Em relação à VR, por algum tempo, manter-se-á um nicho. Em algumas áreas — como na venda imobiliária — terá grande impacto e trará benefícios, a nível dos negócios, mas não em todas. O seu potencial é intenso, mas não é muito largo. Quanto à AR, será massiva, porque permite lançar uma camada digital sobre absolutamente tudo o que está à nossa volta. O Pokémon Go foi um ponto de viragem, porque nos mostrou como a AR pode ser aplicada de uma forma divertida. Agora é mais fácil para uma loja construir algo em AR e para os clientes aceitarem que ela lá está. Há um novo reino de oportunidades para os negócios, especialmente derivado do poder combinatório do digital. A AR dá-nos a habilidade de, ao olharmos para uma loja, vermos também os serviços de uma outra organização, como um banco por exemplo. Ou vice-versa… isso será uma grande tendência no próximo ano. A diretiva PSD2 exige que os bancos partilhem a informação que têm sobre os seus clientes, para que outras empresas personalizem assim outros serviços. Vai acontecer, em 2018, na Europa, mas o resto do mundo estará atento.

E quanto aos media, como podem inovar e acompanhar essa revolução tecnológica?

O blockchain é muito interessante. Se eu tivesse a meu cargo um meio de comunicação amanhã, olharia com muita atenção para o blockchain como uma forma de identificar a proveniência [de conteúdo]. O blockchain está a reverter a tendência do digital dos últimos 25 anos. Essa tendência era a de fazer tudo copiável e acessível livremente. O blockchain muda isso, dando-nos a tecnologia confiável para dizermos “este é o original” e aumentar a confiança quanto às transações e à autenticidade. Não estou a dizer que o digital é mau, mas há muito boas razões para explorar algo como o blockchain, que fornecerá um nível de proteção do interesse de todos, porque nesse caso podemos dizer autenticamente “isto é real, isto é verdadeiro, isto não é clickbait“.

A minha mulher diz sempre que os humanos são brilhantes porque celebram. Eu gosto disso.

Mark Curtis

CCO da Accenture Interactive e Chief Client Officer da Fjord

Para terminar, agora que já há uma cidadã humanoide, como podemos definir o que é ser humano?

Apenas os humanos podem significar empatia e amor. Ela [a Sophia] pode “fazê-lo”, mas não o poder sentir. O ponto que nos separa é o impulso para a intenção humana, que pode ser boa ou má. É difícil filosoficamente, porque esta teoria só funciona se acreditarmos no livre-arbítrio humano…

… e se não acreditarmos? Somos iguais aos robôs, nesse caso?

Conheci tecnólogos ferrenhos que concordariam com essa afirmação. Corroborariam a teoria de que somos apenas algoritmos com um exterior carnudo e que somos pré programados. Há factos irrevogáveis, como o Teorema de Pitágoras, mas também há conexões que só os humanos percebem, como a relação entre as abelhas, a cera e as velas. Depois, há o irreal: as construções que os humanos fazem para dar sentido ao mundo, como o amor. O amor não existe e não me parece que os robôs ou a inteligência artificial vão fazer construções semelhantes.

Portanto, amor, empatia e criatividade. É isso que faz de nós humanos?

Sim. A deteção de conexões e a criação de construções como o amor representam criatividade, tem razão. A minha mulher diz sempre que os humanos são brilhantes porque celebram. Eu gosto disso. Não posso imaginar um robô a celebrar por sua própria vontade.

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A tarde num minuto

  • Rita Frade
  • 10 Novembro 2017

Não teve tempo de ler as notícias esta tarde? Fizemos um best of das melhores para que fique a par de tudo o que se passou, num minuto.

Os fundos de investimento e a emissão de dívida de curto prazo estiveram em destaque esta tarde.

Sabia que está a pagar comissões ao seu gestor de fundos desnecessariamente? Estas são as conclusões de um estudo realizado pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) vai voltar a emitir dívida de curto prazo na próxima quarta-feira, 15 de novembro, aproveitando o ambiente de juros negativos para se financiar com bilhetes do Tesouro a seis e 12 meses.

Foi inaugurado esta sexta-feira o novo terminal de cruzeiros da cidade de Lisboa, uma infraestrutura que, para o presidente da câmara Fernando Medina, é mais um passo na requalificação da zona ribeirinha: “Este é o dia em que se coloca mais uma pedra no edifício que é a solidificação da base da cidade”.

Os parceiros sociais discutem esta sexta-feira a segmentação do mercado do trabalho e a precarização das relações laborais. O Governo enumerou um conjunto de questões que, de acordo com o mesmo, merecem reflexão.

Johan Lundgren, até agora à frente do grupo do turismo TUI no Reino Unido, vai substituir Carolyn McCall na liderança da companhia aérea britânica easyJet.

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Orçamento de 2018 prevê mais um milhão em taxas de Justiça

António Filipe questionou o Governo sobre a possibilidade de descida do valor das custas. Ministra adiou conclusões para 2018. OE prevê mais um milhão de receita proveniente das taxas de justiça.

A ministra da Justiça Francisca Van Dunem não revelou se vai ou não descer as custas judiciais. Remeteu para o início do próximo ano a divulgação das conclusões do grupo de trabalho que está a estudar o sistema de acesso ao direito. Porém, no Orçamento do Estado para 2018 é referido que o MJ espera arrecadar 109 milhões de euros para receita própria por via das taxas de Justiça, quase mais um milhão do que a receita recebida em 2007 nos cofres da Justiça (108 milhões de euros). A resposta da titular da pasta da Justiça foi dada esta sexta-feira, na discussão na especialidade do Orçamento do Estado para 2018, na Assembleia da República.

A ministra respondia ao deputado do PCP António Filipe que referiu que o valor elevado das custas judiciais “afasta muita gente do acesso à Justiça” e pediu à titular da pasta da Justiça “para que houvesse uma reflexão séria sobre a possibilidade séria de reduzir as custas judiciais”.

A ministra não assumiu se esse valor iria ser mais baixo do que é atualmente mas respondeu que “as custas foram um assunto referido por várias vezes neste Parlamento em várias sessões em que aqui estive”. E relembrou a constituição de uma comissão com membros do gabinete de Vieira da Silva e da Ordem dos Advogados que brevemente apresentará conclusões. “O grupo de trabalho testou vários modelos jurídicos. A questão do financiamento é importante”, disse a titular da pasta.

No OE para 2017 foi aprovado “um congelamento do aumento das custas e tencionamos apresentar uma proposta este ano para que se mantenha esse congelamento. Não baixam mas pelo menos que não aumentem. Parece-nos que isso é o mínimo”, disse o deputado comunista. António Filipe disse ainda que deve ser analisado ainda o congelamento do valor dos honorários dos advogados que fazem defesas oficiosas. “Quando se congelam as custas judiciais, congelam-se os honorários das defesas oficiosas. Tem este efeito colateral que é indesejado. Uma atualização justa deste valor é uma das coisas que pedimos”, concluiu.

Segundo a nota explicativa do Ministério da Justiça, as receitas próprias orçamentadas para 2018 ascendem a 768 milhões de euros, mais 3,7% que no ano anterior. Desse valor, cerca de 108 milhões são provenientes das taxas de justiça, cobradas aos cidadãos que recorram aos tribunais.

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Angola já vendeu 690 milhões em diamantes em 2017, preço do quilate dispara em setembro

  • Lusa
  • 10 Novembro 2017

As vendas de diamantes feitas por Angola atingiram os 690 milhões de euros em nove meses de 2017, com o preço por quilate a disparar em setembro para 120,55 dólares, o segundo valor mais alto do ano.

A informação resulta de dados do Ministério das Finanças a que a Lusa teve esta sexta-feira acesso, sobre a arrecadação de receitas com a venda de diamantes entre janeiro e setembro, apontando que Angola vendeu 7.224.637,89 quilates neste período.

Estas vendas ascenderam no total a 800,2 milhões de dólares (689 milhões de euros), e representaram um encaixe em receita fiscal, através de cobrança de Imposto Industrial e pagamento de royalties pelas empresas mineiras, de 10,5 mil milhões de kwanzas (54,8 milhões de euros), também em nove meses de 2017.

Só em setembro, Angola exportou 760 mil quilates de diamantes, que renderam globalmente, em vendas, 91,6 milhões de dólares (78,9 milhões de euros), e em receitas fiscais mais de 729,6 milhões de kwanzas (3,8 milhões de euros).

Em setembro, cada quilate de diamante angolano foi vendido, em média, a 120,55 dólares, o valor mais alto desde os 123 dólares em março, mas longe do pico de 158,5 dólares em fevereiro de 2016.

Na sexta-feira, em Luanda, o Presidente angolano, João Lourenço, exortou a nova administração da administração da Empresa Nacional de Diamantes de Angola (Endiama), a segunda maior empresa nacional, a definir “boas políticas” para o setor, de forma a captar “grandes investidores estrangeiros”.

O chefe de Estado deu posse, entre outros organismos, ao novo conselho de administração da Endiama, que passa a ser presidido por José Manuel Ganga Júnior, sucedendo no lugar a Carlos Sumbula, que estava nas funções desde 2009 e foi exonerado por João Lourenço.

Precisamos de boas políticas, neste setor dos diamantes. Políticas que atraiam os grandes investidores, as multinacionais do diamante, de forma a que elas se sintam motivadas a investir no nosso país, a exemplo do que fazem em outras partes do mundo”, disse João Lourenço, na intervenção que fez após dar posse à nova administração da Endiama.

O economista José Manuel Ganga Júnior exerceu até 2015 o cargo de diretor-geral da Sociedade Mineira de Catoca, responsável por 75% da produção diamantífera anual angolana, tendo sido eleito como um dos mais destacados gestores angolanos.

“Acreditamos que se encorajarmos uma política de comercialização que seja justa e transparente, vamos com isso atingir dois grandes objetivos. Atrair os investidores, por um lado, e de alguma forma desencorajar, afastar, o garimpo [ilegal, de diamantes] do nosso país”, apontou ainda, na mesma intervenção, João Lourenço.

O chefe de Estado criticou ainda o estatuto de “Clientes Preferenciais”, definido anteriormente, relativamente a projetos mineiros que venham a ser descobertos em Angola, para justificar que o afastamento dos investidores.

“Convido-os [administração da Endiama] a reanalisar com frieza e a apresentarem-me proximamente uma proposta sobre a melhor forma como tratar deste assunto, que eu sei ser uma questão delicada. No entanto, é nosso dever trabalharmos no interessa da economia nacional, para que além do petróleo, os diamantes – e outras riquezas do nosso país -, possam também contribuir para o crescimento do produto interno bruto, para termos um Orçamento Geral do Estado que seja o maior possível”, concluiu o Presidente angolano.

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Super Bock Group vai investir 30 milhões. Dez serão para nova linha de enchimento

A Super Bock Group está a apostar na internacionalização. A China, segundo mercado do grupo e o primeiro a nível internacional, já pesa 40% no total das exportações do grupo.

O Super Bock Group, ex-Unicer, vai investir mais de 30 milhões de euros no próximo ano. A novidade foi adiantada por Rui Lopes Ferreira, administrador da empresa, à margem da apresentação da nova imagem institucional da empresa. Desse investimento superior a 30 milhões, dez serão aplicados na instalação de uma nova linha de enchimento de cerveja que estará operacional em abril de 2018. A nova linha reforça a capacidade de enchimento anual da Super Bock Group em 60 milhões de litros.

O presidente da cervejeira justifica o investimento com a dinâmica de crescimento, quer do mercado interno como do externo. Sobre o mercado nacional, Rui Lopes Ferreira refere que, “além da dinâmica turística que todos conhecemos, junta-se ainda o excelente verão (quente e longo) e ainda o reforço da confiança dos consumidores“.

Quanto aos restantes 20 milhões de euros de investimento, um valor semelhante ao que a cervejeira investiu em 2017, Rui Lopes Ferreira disse que estão divididos “entre investimentos correntes e investimentos estratégicos que todos os anos a empresa efetua”. Entre estes está, por exemplo, o aumento da capacidade de engarrafamento em Pedras Salgadas.

Esta sexta-feira, o Super Bock Group apresentou a nova imagem corporativa da empresa, depois de ter divulgado que iria mudar de nome com os olhos postos na internacionalização. A mudança foi feita aproveitando a celebração do 90º aniversário da marca. Na cerimónia de apresentação esteve presente o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa que desafiou a empresa a produzir a melhor cerveja do mundo.

Para Rui Lopes Ferreira, “o mercado da cerveja deverá crescer cerca de 7 a 8%, este ano, quando em 2016 o crescimento tinha sido de 3% e em 2015 de 0%. Já o mercados das águas deverá crescer a dois dígitos, e nós estamos a ganhar quota de mercado pelo que devemos também crescer a dois dígitos”.

Sobre a mudança de imagem do grupo, Rui Lopes Ferreira acrescentou que “o vetor de desenvolvimento principal da empresa é a internacionalização, a Super Bock é a cerveja portuguesa mais vendida no mundo, o que nos levou a tomar esta decisão no sentido de reforçar a vertente estratégica da internacionalização”. A cervejeira está atualmente presente em mais de 50 países, repartidos pela Europa, Ásia e África.

Com a China a assumir-se definitivamente como o segundo mercado da empresa, o presidente da ex-Unicer referiu que “as exportações para a China representam 40% no total das exportações da empresa, e cerca de 4% das exportações totais nacionais”.

Em 2017, as exportações da cervejeira deverão atingir os 33% da produção total da Unicer (309 milhões de litros em 2016). “Um valor simpático”, segundo o presidente que no entanto acrescenta: “Porém não estamos ainda satisfeitos”.

A empresa tem vindo também a olhar para o mercados dos Estados Unidos, mas Lopes Ferreira rejeita a ideia de que seja uma aposta do grupo, preferindo classificar a experiência como um “ensaio piloto“. E dá o exemplo da China onde a Super Bock Group está presente há nove anos, mas só há três é que começou a acelerar. “É preciso conhecer o mercado, estamos a aprender. Mas, se os Estados Unidos se vão afirmar como um mercado forte ou não, é prematuro afirmar”.

Já sobre o mercado espanhol, Rui Lopes Ferreira reconhece que “representa uma aposta forte da empresa e vai continuar a ser uma aposta estratégica”. E acrescenta: “Espanha será uma aposta para 2018 em Pedras, é um mercado com grande potencial”.

EBITDA de 100 milhões

Sem querer adiantar muitos os números com que a Super Bock Group vai fechar o ano de 2017 — por considerar que este ainda não é o momento de fazer o balanço –, Rui Lopes Ferreira admite que, “garantidamente, o nosso EBITDA vai atingir os 100 milhões de euros”.

Quanto às receitas, apenas disse: “O mercado das bebidas ainda não atingiu os níveis pré-crise, considerando nós que o ano de 2010 é o ano de pré-crise. Mas estamos a crescer e o mercado está a recuperar. No entanto, posso dizer que o mercado de cerveja em Espanha já em 2016 tinha recuperado para os níveis de pré-crise”.

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