A tarde num minuto

  • Rita Frade
  • 30 Outubro 2017

Não teve tempo de ler as notícias esta tarde? Fizemos um best of das melhores para que fique a par de tudo o que se passou, num minuto.

A Uber apresentou esta segunda-feira sete novas funcionalidades na sua aplicação. Os motoristas foram os principais visados destas novidades que chegam mesmo a penalizar os clientes. Já o Web Summit anunciou hoje a venda de mais dois mil bilhetes, a preços reduzidos para jovens entre os 16 e os 23 anos. Estavam esgotados e já havia um mercado negro em torno destas entradas.

Carles Puigdemont viajou para a Bélgica, juntamente com outros membros do governo catalão, depois de ter sido destituído na sequência do artigo 155. Nos Estados Unidos, Paul Manafort, antigo diretor de campanha de Donald Trump, entregou-se ao FBI após ter recebido uma ordem federal para tal. Por cá, há uma nova série de Certificados de Aforro: a Série E, que continua a oferecer as mesmas condições em termos de remuneração face à anterior. A única diferença reside no facto de esta nova série passar a ser unicamente digital.

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Netflix cancela House of Cards depois de escândalo com protagonista

  • Juliana Nogueira Santos
  • 30 Outubro 2017

A plataforma de streaming cancela a série após se ter sabido que o seu protagonista, Kevin Spacey, terá assediado sexualmente um ator menor em 1986. A sexta temporada será a última.

A série House of Cards, um dos títulos de culto da plataforma de streaming Netflix, foi cancelada pela própria plataforma após um ator ter afirmado que o protagonista da série, Kevin Spacey, o terá assediado sexualmente quando este tinha 14 anos. A Netflix anunciou estar “profundamente perturbada” com a notícia.

Anthony Rapp, ator e cantor, afirmou ao Buzzfeed que Spacey o convidou para uma festa privada na sua casa e que, numa altura em que o menor estava a ver televisão no quarto do protagonista da série americana, este o abordou e o tentou seduzir, encostando-se a ele e apertando-lhe os braços. Este acabou por sair da casa, sem saber perceber na altura o que tinha acontecido, mas cresceu a pensar na situação, frustrado com a crescente fama que Kevin Spacey estava a ganhar.

Rapp decidiu vir a público, numa atura em que muitos nomes de Hollywood estão em cheque por acusações de assédio sexual e violação como é o caso do produtor Harvey Weinstein e o fotógrafo Terry Richardson. O ator que desempenha o papel do presidente norte-americano Frank Underwood reagiu na sua conta oficial de Twitter, afirmando que “honestamente não me lembro do encontro, terá sido há mais de 30 anos atrás” e que “devo-lhe [a Rapp] as minhas sinceras desculpas por o que terá sido um comportamento ébrio profundamente desapropriado”. Spacey assumiu também a sua homossexualidade.

Após esta notícia, a Netflix decidiu cancelar a série, que além de ser uma das mais populares do mundo é também aquela que mais temporadas acumula. Em declarações aos meios de comunicação social, a empresa afirmou-se “profundamente perturbada” com as notícias, tendo garantido que “o nosso elenco e equipa continua a sentir-se segura e apoiada”. A série vai assim acabar com a sexta temporada, que irá ser divulgada em 2018,

(Notícia atualizada às 21h00 com mais informação)

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Bruxelas veta regulação que impedia criação de grandes bancos

  • ECO
  • 30 Outubro 2017

A banca francesa terá estado na base da decisão da Comissão Europeia em arquivar definitivamente o projecto de regulação que impedia a criação de grandes instituições financeiras.

A Comissão Europeia rejeitou liminarmente a tramitação do projeto que visava reduzir os riscos do setor financeiro para evitar o reaparecimento de entidades financeiras demasiado grandes.

A proposta não terá sido bem aceite pelos eurodeputados franceses que terão mesmo cerrado fileiras para evitar o acordo que inquietava a banca europeia, em geral, e a francesa em particular, escreve esta segunda-feira, o Cinco Dias (acesso livre/ conteúdo em espanhol).

O jornal espanhol diz mesmo que o veto ao projeto convinha também à banca espanhola, caso contrário, a expansão de grandes entidades como o Santander, que comprou o Banif, o BBVA e o CaixaBank, que comprou o BPI, poderiam não ter acontecido.

O setor temia que o endurecimento dos controlos a partir de um determinado valor de ativos (100.000 milhões de euros) fosse impedimento de possíveis fusões em Espanha e na zona euro. Uma ameaça que agora desapareceu.

“Não se prevê um acordo”, concluiu a Comissão Europeia retirando assim definitivamente a proposta. A Comissão refere que a estabilidade financeira prevista pela norma agora excluída está assegurada “com outra medidas, em particular, com a entrada em vigor dos braços de supervisão e resolução da União Bancária”.

A organização Finance Watch que escrutina a reforma bancária considera deplorável a decisão da Comissão Europeia. E adianta que apesar das medidas adotadas, “houve pouco progresso em resolver o risco sistémico que supõe o tamanho, a complexidade e a interconexão entre os grandes bancos“.

O projeto chegou a ter o apoio do Conselho de Ministros de Economia e Finanças da União Europeia (ECOFIN) em junho de 2015. Mas a pressão vinda da banca francesa, que chegou mesmo a considerar o acordo como “um dos maiores escândalos financeiros da história europeia, terá deitado por terra o projeto de regulação.

O projeto arrancou em finais de 2011, quando o então comissário europeu de mercado e hoje negociador europeu do Brexit, Michel Barnier, criou um grupo de peritos, liderado por Erkki Liikanen, para analisar a possibilidade de uma separação estrutural entre banca comercial e de investimento. No início de 2014, a Comissão Europeia aprovou o projeto de regulamentação para acabar com o too big to fail, agora esse projeto foi posto definitivamente na gaveta.

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Impresa: ERC perdeu “uma oportunidade” para vetar negócio

  • Lusa
  • 30 Outubro 2017

Francisco Pedro Balsemão considera que o regulador perdeu uma oportunidade para vetar a compra da TVI pela Altice.

O presidente executivo da Impresa, Francisco Pedro Balsemão, considerou esta segunda-feira que a falta de consenso da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) sobre a compra da Media Capital pela Alticec foi uma oportunidade perdida para vetar o negócio.

“Perdeu-se uma oportunidade”, afirmou aos jornalistas o gestor à margem da conferência “Portugal em Exame”, promovida pela Impresa, dona da SIC, do Expresso e da Revista Exame, entre outros títulos, em Lisboa. Francisco Pedro Balsemão tinha sido questionado sobre a passagem para a alçada da Autoridade da Concorrência (AdC) da decisão sobre a proposta de compra da Media Capital pela Altice, dona da PT/Meo, um negócio que a Impresa contesta.

“Somos contra este negócio”, reafirmou, considerando que é necessário que os grupos de comunicação social tenham as mesmas condições para operar num “mercado de dimensão muito reduzida”, como o português. Sobre a decisão estar agora sob a alçada da AdC, o presidente executivo da Impresa disse apenas que “confia no trabalho dos supervisores”.

O Conselho Regulador da ERC não chegou a consenso sobre a operação de compra da Media Capital (dona da TVI) pela Altice (proprietária da PT/Meo), já que era necessário que os três membros estivessem de acordo. Atualmente, a ERC apenas conta com três membros, que terminaram o mandato em novembro do ano passado, tendo os restantes dois saído do órgão entretanto.

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Joalharia portuguesa à boleia das novas tendências do luxo

  • Lusa
  • 30 Outubro 2017

Segundo Fátima Santos, a joalharia portuguesa “sempre foi reconhecida internacionalmente pelo perfeccionismo da arte e pela atenção ao detalhe”.

A secretária-geral da Associação de Ourivesaria e Relojoaria de Portugal (AORP) defende que a joalharia portuguesa se tem vindo a afirmar no âmbito das novas tendência do luxo através com “uma joalharia arrojada, contemporânea e exclusiva”.

“Estamos numa fase em crescendo. Há cinco anos a AORP começou a investir numa estratégia de internacionalização, pois anteriormente a generalidade das microempresas produziam para o mercado interno. Já deixámos a fase do experimentalismo e passámos para uma fase mais madura e de arrojo da joalharia contemporânea”, disse à agência Lusa Fátima Santos.

A joalharia portuguesa tem também vindo afirmar-se a nível global pela “sua criatividade e design”, prosseguiu, lembrando que a escolha do designer português Bruno da Rocha, eleito para o cartaz de promoção do evento de joalharia contemporânea, em Amesterdão, na Sieraad Art Fair, que decorre de 9 a 12 de novembro, “é demonstrativo” desse percurso.

Em declarações à Lusa, Fátima Santos realçou que “o ambiente dos novos tipos de luxo está associado à experiência, à marca, ao conceito de autor e à exclusividade”. Nesse sentido, os autores Bruno da Rocha, Carla_M_Jewellery, Cecília Ribeiro e Sopro Jewellery vão participar, em Amesterdão, na Sieraad Art Fair, evento que está vocacionado para a joalharia contemporânea e irá reunir cerca de 160 ‘designers’ de mais de 40 países.

Os novos criadores portugueses apresentam neste evento “conceitos e estéticas inovadoras, estão a despertar a atenção internacional”, refere a AORP em comunicado.

“Trata-se da chancela de qualidade e de prestígio em termos de joalharia e o caminho internacional da joalharia de autor, apesar de ser relativamente recente, mas em crescendo, permite ao setor em Portugal apresentar peças menos tradicionais e mais arrojadas”, explicou à Lusa Fátima Santos.

Em Portugal, a joalharia tradicional “não está associada à massificação”, tirando uma ou outra empresa.

Os criadores fazem/criam normalmente peças em pequena escala, pelo que o setor sendo atomizado é constituído por microempresas que em média têm dois a três trabalhadores.

Daí que pela atual tipologia do setor da joalharia a AORP entende que “há um potencial e uma dinâmica muito grande a nível internacional”, além de que a internet também tem vindo a dar “uma grande visibilidade” pelo que “as oportunidades “são grandes”.

Segundo Fátima Santos, a joalharia portuguesa “sempre foi reconhecida internacionalmente pelo perfeccionismo da arte e pela atenção ao detalhe”.

“Mas hoje, as atenções viram-se para as marcas de autor que, aliando este nosso saber-fazer a novos conceitos e linguagens criativas, colocam Portugal no mapa do design contemporâneo internacional”, disse.

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Reservas angolanas atingem novos mínimos históricos em setembro

  • Lusa
  • 30 Outubro 2017

As reservas angolanas atuais garantem o equivalente a menos de meio ano de importações de alimentos, bens e equipamentos, tendo em conta as necessidades.

As reservas internacionais angolanas renovaram mínimos históricos em setembro, caindo 3% face a agosto, para 15.087 milhões de dólares (12.900 milhões de euros), metade do valor contabilizado antes da crise, no início de 2014.

A informação resulta de dados preliminares do Banco Nacional de Angola (BNA), a que a Lusa teve acesso esta segunda-feira, sobre as Reservas Internacionais Líquidas (RIL), indicando que só entre agosto e setembro, período após as eleições gerais em Angola, caíram mais 468 milhões de dólares (402 milhões de euros).

Estas reservas são necessárias nomeadamente para garantir importações de alimentos, maquinaria ou matéria-prima para as indústrias e já perderam, em valor, desde janeiro, mais de 5.700 milhões de dólares (4.920 milhões de euros).

Estes dados incorporam ainda uma revisão em baixa das reservas no mês de agosto, que passaram de 15.609 milhões de dólares (13,4 mil milhões de euros), nos dados preliminares anteriormente divulgados, para 15.555 milhões de dólares (13.372 milhões de euros).

No início de 2014, antes da crise da cotação do petróleo, as reservas angolanas ascendiam a 31.154 milhões de dólares (26.700 milhões de euros).

Angola enfrenta dificuldades financeiras, económicas e cambiais, tendo o BNA aumentado a venda de divisas (euros) à banca comercial angolana, que está sem acesso a dólares face à suspensão das ligações com correspondentes bancários internacionais. Desde agosto de 2016 que o banco central — que atualmente é o único fornecedor de divisas à banca comercial — tem vindo a aumentar a injeção de moeda estrangeira no mercado cambial primário. No entanto, desde as eleições gerais de 23 de agosto que essas vendas por parte do BNA caíram fortemente, para um ritmo semanal à volta de 100 milhões de euros.

As reservas angolanas atuais garantem o equivalente a menos de meio ano de importações de alimentos, bens e equipamentos, tendo em conta as necessidades, numa altura de forte contenção na disponibilização de divisas aos bancos. As reservas contabilizadas pelo BNA são constituídas com base em disponibilidades e aplicações sobre não residentes, bem como obrigações de curto prazo.

O Presidente angolano, João Lourenço, disse a 16 de outubro, na Assembleia Nacional, no discurso anual sobre o estado da Nação, que é necessário proteger estas reservas, mas sem que isso “prejudique” a recuperação económica. “Vamos encontrar os melhores mecanismos para que as escassas divisas disponíveis deixem de beneficiar apenas a um grupo reduzido de empresas e passem a beneficiar os grandes importadores de bens de consumo e de matérias-primas e de equipamentos que garantam o fomento da produção nacional”, enfatizou. “Importa impedir que a venda direta de divisas seja uma forma encapotada de exportação de capitais, sem o correspondente benefício para o país”, acrescentou.

Pouco mais de uma semana depois deste discurso, o governador do BNA, Valter Filipe, foi exonerado e já hoje tomou posse nas mesmas funções José de Lima Massano, que regressa ao cargo que ocupou até janeiro de 2015.

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Altice acusa Sonae de querer “perpetuar o status quo”

  • Margarida Peixoto
  • 30 Outubro 2017

Depois de Paulo Azevedo ter classificado de "aberração" a compra da TVI pela Altice, a operadora liderada por Patrick Drahi acusa "poderosos grupos económicos" de quererem "perpetuar o status quo".

“Os comentários feitos em nome da democracia, ou outras afirmações igualmente alarmistas feitas por concorrentes,” resumem-se a “tentativas flagrantes de poderosos grupos económicos no sentido de perpetuar o status quo“. A afirmação é da Altice, num comunicado enviado esta segunda-feira às redações, depois de Paulo Azevedo, presidente do Conselho de Administração da Sonae, ter afirmado que a compra da TVI pela operadora de telecomunicações é uma “aberração” que a Assembleia da República deve travar.

A 20 de outubro, Paulo Azevedo entrou em confronto direto com a Altice ao afirmar à Lusa que a compra da TVI pela operadora é uma operação que “provocará um grave e perigoso enfraquecimento da resiliência e qualidade da nossa sociedade”. E acrescentou: “Criará as condições para que daqui a 10 anos possamos estar todos indignados com a descoberta de uma operação Marquês 10 vezes maior“. Na resposta, a Altice avançou com uma queixa-crime contra Paulo Azevedo.

“Estes poderosos grupos não hesitaram em atacar e intimidar os reguladores e outros envolvidos no processo, continuando a levar a cabo uma campanha claramente orquestrada contra a perspetivada transação”, acusa a Altice. E dirige-se diretamente ao grupo de Paulo Azevedo: “É particularmente surpreendente ver um grupo como o Grupo Sonae, que sempre protestou contra a interferência política em processos anteriores em que esteve envolvido e em que falhou os seus objetivos, tentar trazer agora, quando lhe é conveniente, a política para o processo.”

Além do ataque às afirmações da concorrência, o comunicado expõe o projeto da Altice para a Media Capital. Compromete-se a manter a TVI como um operador de canal aberto (free-to-air) e promete “investir na programação deste canal”. Diz que tornará a TVI24 “disponível a todos os consumidores portugueses” e ainda que lançará “novos canais sempre que possível”.

Entre outros objetivos, a Altice afirma ainda que quer “internacionalizar os conteúdos da Media Capital”, nomeadamente no mercado europeu e norte-americano e “manter a absoluta independência editorial e defesa do pluralismo dos media”. E puxa dos galões, frisando que integra no seu grupo de empresas “algumas das marcas de media mais prestigiadas, incluindo o jornal Libération — expoente internacional da liberdade de expressão e independência editorial –, o L’Express e a BFM TV“.

Por último, a Altice passa em revista o processo de avaliação da Entidade Reguladora para a Comunicação Social, “que não emitiu um parecer válido”, argumentando que o documento produzido pela ERC é “infundado” e que extravasa “a sua competência legal”. A Altice não hesita em levantar “sérias dúvidas acerca do contexto e das intenções por detrás de todo o documento” e adianta que requereu o acesso ao processo da ERC e a todos os documentos submetidos por terceiros. “Até ao momento, não foi concedido à Altice o acesso efetivo a estes documentos”, garante a operadora.

Leia o comunicado na íntegra:

Informação à Comunicação Social sobre a MEO e a Media Capital

Perante as reiteradas afirmações dos concorrentes da Altice proferidas em tom demagógico sobre a operação de compra da Media Capital, a Altice entende deixar clara a sua estratégia para a Media Capital e deixar claras as motivações dos concorrentes nos ataques que têm sido desferidos contra a operação. E porque a intervenção da ERC tem sido um dos pontos desses ataques, a Altice entende também manifestar-se publicamente sobre o mesmo.

I. O Projeto da Altice para a Media Capital

Começamos por recordar que a Altice tem um forte compromisso com Portugal, desde logo por ser o maior investidor estrangeiro em Portugal nos últimos anos, com mais de €6 mil milhões investidos na MEO.

A Altice reitera a sua estratégia definida para a Media Capital, que trará benefícios significativos para o setor português dos media e para os consumidores portugueses. Essa estratégia passa por:

  • Continuar o investimento no modelo de emissão free-to-air da TVI: a TVI continuará a ser um operador televisivo free-to-air, distribuído através de todas as plataformas existentes no mercado, sejam elas controladas pela Altice/MEO ou pelos seus concorrentes. A Altice pretende investir na programação deste canal, tanto através da Plural como através de outros fornecedores de programação. Além disso, a Altice tenciona tornar o canal de notícias TVI24 disponível a todos os consumidores portugueses, bem como lançar novos canais sempre que possível. Este é um plano de crescimento para a TVI, particularmente importante se considerarmos que a Media Capital depende da publicidade como fonte principal de receita.
  • Operar a Media Capital e a MEO como plataformas abertas: a Altice está empenhada em manter as relações da Media Capital com outros distribuidores, como a NOS e a Vodafone, bem como as relações da MEO com outros fornecedores de conteúdos, como o Grupo Impresa, numa base não discriminatória, tal como tem acontecido até agora. Esta forma de atuação faz particular sentido em termos comerciais: a Media Capital oferece conteúdos não-premium e necessita, por isso, de alcançar a maior audiência possível; enquanto a MEO deseja fornecer a maior escolha de conteúdos possível aos seus consumidores.
  • Internacionalizar os conteúdos da Media Capital, bem como as suas capacidades de produção: existem oportunidades atrativas para distribuir o conteúdo da TVI a nível internacional, em particular nos mercados em que a Altice está presente na Europa e nos EUA. De igual modo, a Media Capital dispõe de relevantes instalações de produção com capacidade disponível que a Altice pretende utilizar para os seus projetos internacionais, tornando a Media Capital no seu centro de produção de conteúdos internacionais.
  • Aproveitar oportunidades de convergência relativas ao mercado em forte crescimento da publicidade digital: o setor da publicidade digital é um dos segmentos de media que regista um crescimento mais acentuado a nível global e que é dominado por poderosos grupos internacionais de Internet, incluindo o Google e o Facebook. Ao reforçar os seus ativos de comunicação, digitais e televisivos, a Altice pretende fornecer soluções de publicidade únicas e invidualizadas a grupos publicitários, anunciantes e marcas. A Media Capital, no novo contexto, será a força motriz portuguesa nesta área em crescimento, concorrendo com empresas como o Google, a Amazon e o Facebook, criando novas capacidades e experiência no mercado nacional.
  • Manter a absoluta independência editorial e defesa do pluralismo dos media: a Media Capital é uma voz importante num mercado dos media e das notícias cada vez mais fragmentado. Tal como em todas as suas atuais atividades no ramo da informação e dos media, a Altice está comprometida com a absoluta e incondicional independência editorial. A Altice integra no seu grupo de empresas algumas das marcas de media mais prestigiadas, incluindo o jornal Libération – expoente internacional da liberdade de expressão e independência editorial –, o L’Express e a BFM TV, não tendo nunca exercido qualquer influência nas suas decisões editoriais.

A transação proposta e a estratégia que lhe está subjacente são benéficas para Portugal e para a economia portuguesa. De facto, a transação promoverá o pluralismo nos media e fortalecerá o setor, garantindo e desenvolvendo o emprego no mesmo, assegurando ainda que Portugal passe a ter uma posição competitiva num mundo cada vez mais digital e dominado por grupos internacionais de Internet com vastos recursos financeiros.

II. O Documento da ERC de 17 de outubro de 2017

No contexto das várias alegações e afirmações feitas pelos nossos concorrentes, e das suas tentativas no sentido de manipular a opinião pública, afigura-se importante: (i) clarificar o verdadeiro desfecho do processo conduzido pela ERC (a pedido da Autoridade da Concorrência – “AdC”) com vista à emissão de um parecer relativo ao impacto da perspetivada concentração no pluralismo dos media e (ii) abordar o documento da ERC redigido pelos serviços desta entidade (o “Documento dos Serviços da ERC”).

O parecer não-válido e não-vinculativo da ERC

A ERC não emitiu um parecer válido relativo à aquisição da Media Capital por parte da MEO, sendo esse entendimento, em qualquer caso, expressamente não-vinculativo. No fim do prazo concedido pela AdC, em 17 de outubro de 2017, o Conselho da ERC mostrou-se incapaz de reunir a maioria necessária – três votos favoráveis – para aprovar um parecer nos termos dos Estatutos da ERC e das normas de Direito Administrativo e, como tal, não emitiu um parecer válido acerca da operação. Esta impossibilidade foi expressamente reconhecida no documento enviado para a AdC, motivo pelo qual este documento não poderá ser tido em consideração pela AdC, de acordo com o Direito Administrativo. Este desfecho poderá não ter agradado a alguns dos nossos concorrentes, mas não deverá servir de desculpa ou justificação para tentarem subverter ou questionar o desfecho válido do processo legal, apenas porque o resultado não lhes é agradável – regras são regras e, contrariamente ao que foi afirmado por alguns, o legislador antecipou claramente uma situação como a do governo atual da ERC, tendo tal previsão legal sido aplicada no caso em questão.

O infundado documento da ERC, extravasando a sua competência legal

Deverá estar também absolutamente claro que a AdC é a única entidade reguladora em Portugal especializada e com competência legal para analisar o impacto de operações de concentração no mercado, uma apreciação que implica um rigoroso procedimento de análise económica.

No entanto, o Documento dos Serviços da ERC aventura-se na área de especialização da AdC ao tecer várias observações gerais, superficiais e infundadas, desconsiderando claras realidades económicas e comerciais, o enquadramento regulatório existente e a aplicação de direito português consolidado neste âmbito, como o demonstram claramente os exemplos seguintes:

  • A lógica económica aconselha manifestamente um modelo de plataforma aberta para a MEO e para a Media Capital, dando continuidade às atuais relações no mercado com fornecedores e distribuidores de conteúdos, com base em claras obrigações de confidencialidade nos termos da lei portuguesa. Para além do direito português aplicável prever as salvaguardas necessárias, a Altice já se comprometeu com a manutenção de uma plataforma aberta deste tipo, e já realçou a consolidada prática comercial existente em Portugal e na UE relativamente a matérias confidenciais. Ainda assim, inexplicavelmente, o Documento dos Serviços da ERC especula acerca de potenciais futuras práticas discriminatórias, estratégias de exclusividade e acesso ilimitado a informação sensível.
  • Existem já hoje os mecanismos que garantem uma clara fiscalização regulatória no que diz respeito à atividade da MEO quanto a serviços de TDT, incluindo os canais que serão transmitidos (e que não são uma decisão da MEO) e os preços para difusão de cada canal. A Altice já se comprometeu a disponibilizar toda a informação necessária relativamente aos serviços TDT. Ainda assim, sem qualquer justificação, o Documento dos Serviços da ERC especula acerca de potenciais futuras práticas discriminatórias e desleais da parte da MEO, práticas essas que são totalmente impossíveis nesta que é uma área amplamente regulada.
  • A lei portuguesa aplicável ao setor é bastante clara ao proibir especificamente a interferência de acionistas nas orientações editoriais dos media. Além disso, esta é uma área que é, rigorosa e constantemente, monitorizada pela ERC e por outras entidades. A Altice opera diversos negócios de media e de informação a nível internacional e todos beneficiam de absoluta e incontestável independência editorial. Ainda assim, o Documento dos Serviços da ERC especula acerca de uma possível intervenção editorial futura, baseando-se apenas em conjeturas e insinuações.

Estes são apenas alguns dos exemplos que se podem retirar do Documento dos Serviços da ERC. Considerados conjuntamente, levantam sérias dúvidas acerca do contexto e das intenções por detrás de todo o documento. Face a esta realidade, a Altice requereu acesso ao processo da ERC, incluindo aos documentos submetidos por terceiros, de modo a garantir a total transparência e imparcialidade do processo. Até ao momento, não foi concedido à Altice o acesso efetivo a estes documentos e, nesta fase, não há quaisquer perspetivas relativamente a se, e quando, poderá a Altice ter acesso aos documentos que foram submetidos à ERC por terceiros, pelo que esta reserva os seus plenos direitos nos termos da lei.

III. Repetidos Comunicados e Entrevistas de Concorrentes

A Altice quer deixar claro que respeita o processo regulatório relativo à perspetivada aquisição da Media Capital por parte da MEO e que não tolerará tentativas, por parte dos seus concorrentes, de desviar o rumo do processo tal qual previsto nos termos da lei, incluindo tentativas de transformar uma transação entre empresas privadas num assunto político. Deverá ficar de sobremaneira claro que os comentários feitos em nome da democracia, ou outras afirmações igualmente alarmistas feitas por concorrentes, se resumem a tentativas flagrantes de poderosos grupos económicos no sentido de perpetuar o status quo. Estes poderosos grupos não hesitaram em atacar e intimidar os reguladores e outros envolvidos no processo, continuando a levar a cabo uma campanha claramente orquestrada contra a perspetivada transação. As mais recentes tentativas de politização do processo demonstram a clara desconsideração do processo legalmente estabelecido e revelam a fraqueza dos seus argumentos – se tivessem confiança na força dos seus argumentos, não estariam tão determinados em afastar a decisão dos reguladores legalmente competentes para o efeito. É particularmente surpreendente ver um grupo como o Grupo Sonae, que sempre protestou contra a interferência política em processos anteriores em que esteve envolvido e em que falhou os seus objectivos, tentar trazer agora, quando lhe é conveniente, a política para o processo.

Os concorrentes mais diretos da Altice no setor das telecomunicações – Grupo Sonae/NOS e Vodafone – têm sido os mais alarmistas nas suas intervenções, com o apoio de alguns meios de comunicação social, entre os quais o Grupo Impresa, que tem sido o promotor mais diligente dessas intervenções. Estes grupos têm vastos recursos à sua disposição:

  • A Sonae SGPS, S.A. (o “Grupo Sonae”), liderada pelo Sr. Eng.º Paulo Azevedo, está presente em vários setores da economia portuguesa (sendo líder de mercado em muitos dos setores em que opera), incluindo (i) telecomunicações; (ii) media; (iii) serviços financeiros; (iv) retalho alimentar; (v) desporto e moda; (vi) retalho eletrónico; (vii) centros comerciais; (viii) retalho imobiliário; e (ix) gestão de investimento. Em 2016, o Grupo Sonae apresentou receitas consolidadas de €5,4 mil milhões e detinha uma participação indireta de 23,5% na NOS, SGPS, S.A. (“NOS”), que, por sua vez, apresentou receitas consolidadas de €1,5 mil milhões, tornando o Grupo Sonae numa das maiores empresas privadas em Portugal no que a volume de negócios diz respeito. Em 2006/2007, o Grupo Sonae, que controlava na altura o segundo operador de telecomunicações, Sonaecom, lançou uma oferta pública de aquisição hostil sobre a Portugal Telecom, que, à época, incluía a PT Multimédia (subsequentemente denominada ZON Multimedia e agora parte da NOS). A oferta, que se veio a relevar sem sucesso, teria integrado a larga maioria dos setores de comunicações e media em Portugal e criado um verdadeiro player “todo poderoso” nesses setores.
  • A Vodafone Portugal é uma subsidiária do Vodafone Group plc, um dos maiores operadores de telecomunicações no mundo, detendo amplos recursos financeiros e societários.

A campanha sem precedentes, orquestrada pelos nossos concorrentes apenas serve os interesses próprios dos operadores em causa e não reflete qualquer preocupação pelo bem-estar dos consumidores portugueses ou pelo futuro do setor, revelando, na verdade, um interesse em perpetuar o preocupante status quo do setor português dos media.

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Haitong tem novo CEO e presidente da administração

  • ECO
  • 30 Outubro 2017

Os escolhidos, Wu Min para CEO e Lin Yong para presidente do conselho de administração, detinham já altos cargos dentro do banco.

Wu Min foi o nome escolhido pelo Haitong e aprovado esta segunda-feira pelo Banco de Portugal para exercer as funções de CEO e vogal do Conselho de Administração do banco Haitong. O atual vogal do conselho de administração, Lin Yong, torna-se agora presidente do conselho de administração.

Os nomeados transitam para as novas funções a partir desta segunda-feira, informa o banco em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários. O mandato termina em 2019.

Hiroki Miyazato deixa desta forma os cargos de presidente do conselho de administração e presidente da comissão executiva que acumulou até à data. O seu mandato já tinha terminado em 2016, assim como o do CFO Mo Yiu Poon e dos administradores Alan Fernandes, Christian Minzolini e Paulo Martins.

Este banco de investimento, o antigo BESI, já tinha entregue a lista dos candidatos ao regulador no final do mês de setembro. O Banco de Portugal encarregou-se de avaliar a adequação e idoneidade de cada um às funções propostas, antes de dar a presente luz verde.

Um plano de restruturação do banco começou a ser implementado a março deste ano, após a saída de José Maria Ricciardi da presidência executiva. Foi substituído na altura por Miyazato, ditando a acumulação de funções que, como referido, se manteve até agora.

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Incêndios: Estado abre contratações por ajuste direto

  • Lusa
  • 30 Outubro 2017

A medida, proposta em Conselho de Ministros, foi aprovada esta segunda-feira pelo Presidente da República.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, promulgou esta segunda-feira o diploma aprovado pelo Governo com medidas excecionais de contratação pública por ajuste direto relacionadas com os danos causados pelos incêndios deste mês.

Numa mensagem divulgada na página da Presidência da República são anunciadas três promulgações de diplomas do Governo, uma das quais relativa a uma das medidas aprovadas no Conselho de Ministros extraordinário de 21 de outubro, a propósito dos incêndios trágicos deste ano.

Na nota é referido que foi promulgado o “diploma que estabelece as medidas excecionais de contratação pública por ajuste direto relacionadas com os danos causados pelos incêndios florestais ocorridos em outubro de 2017 nos distritos de Aveiro, Braga, Bragança, Castelo Branco, Coimbra, Guarda, Leiria, Lisboa, Porto, Santarém, Viana do Castelo, Vila Real e Viseu”.

Marcelo Rebelo de Sousa promulgou ainda o diploma, aprovado em Conselho de Ministros em 21 de setembro, que altera a Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens, que, de acordo com o Governo, visa “garantir condições de operacionalidade, para o futuro, aos órgãos da instituição”.

“O presente diploma vem resolver alguns constrangimentos ao nível da operacionalidade dos órgãos da instituição, nomeadamente no que respeita à harmonização dos cargos de presidente e de vice-presidente com o regime constante do Estatuto do Pessoal Dirigente dos Serviços e Organismos da Administração Pública”, referia o comunicado do Conselho de Ministros de setembro.

O Presidente da República deu ainda luz verde ao diploma do executivo que assegura a execução na ordem jurídica interna das obrigações decorrentes de um regulamento europeu “relativo à disponibilização no mercado e à utilização de produtos biocidas”.

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Prova dos 9: A dívida pública vai aumentar no próximo ano como diz Daniel Bessa?

O Governo promete a maior redução da dívida dos últimos 19 anos, o economista Daniel Bessa diz que a dívida pública vai aumentar no próximo ano. Quem tem razão?

A dívida pública está nos níveis mais elevados de sempre, mas o Governo garante que essa tendência vai começar a mudar já a partir deste ano. Até ao final de 2017, a dívida vai dar um “trambolhão”, disse Ricardo Mourinho Félix. Já Mário Centeno promete a maior redução da dívida pública dos últimos 19 anos, além de assegurar que a dívida vai continuar a cair no próximo ano.

Este fim de semana, o economista e antigo ministro socialista Daniel Bessa disse, em entrevista ao Dinheiro Vivo, que a dívida pública vai subir.

Quem tem razão? Como em grande parte das discussões desta natureza, a diferença está no indicador que cada uma das partes utiliza. De um lado, o que é considerado é o rácio da dívida em relação ao Produto Interno Produto (PIB). Do outro, é o valor absoluto da dívida.

A afirmação

“Se há coisa que não vai diminuir em 2018 é a dívida, vai subir. Vamos ter um défice de 1% do PIB, são 1700 milhões de euros que vai ser preciso ir buscar ao mercado. Há operações que o governo pode ter de fazer, não sei se fará alguma na CGD, que aumentará a dívida (…). O peso da dívida no PIB vai diminuir, mas lá está: o ministro das Finanças talvez pudesse ser mais rigoroso quando fala destas coisas (…). Dívida é uma coisa, o peso no PIB é outra. É bom que desça o peso no PIB, do meu ponto de vista era bom que a dívida não subisse. Mas vai subir”.

A declaração de Daniel Bessa foi feita ao Dinheiro Vivo, quando questionado sobre o problema da dívida pública. O economista, que salienta ainda que “o Estado vai ter de ir buscar o dinheiro” usado para recapitalizar a Caixa Geral de Depósitos (CGD), destaca ainda outro ponto importante: “A dívida é o que é: se se vai ao mercado buscar o dinheiro, conta para a dívida; para o défice, umas vezes conta, outras vezes não”.

Os factos

Começando pela trajetória do endividamento neste ano. A dívida pública fixou-se, em agosto (o último mês para o qual já há dados disponíveis), nos 250.388.000.000 euros. É o valor mais elevado de sempre e a primeira vez que a dívida pública superior a fasquia dos 250 mil milhões de euros. Já no final de 2016, a dívida pública fixou-se nos 240.948 milhões de euros.

Dívida pública em máximos históricos

Assim, é verdade que a dívida subiu até máximos históricos, mas o “trambolhão” prometido por Ricardo Mourinho Félix, secretário de Estado Adjunto e das Finanças, vai reduzir este indicador para um valor próximo, mas ainda assim superior, ao que foi registado em 2016.

O primeiro passo deste trambolhão ocorreu este mês, quando Portugal reembolsou uma Obrigação do Tesouro emitida em outubro de 2007, com uma taxa de cupão de 4,35%, no valor de 6.082 milhões de euros. Para além deste pagamento, houve mais mil milhões de euros que foram reembolsados ao Fundo Monetário Internacional (FMI), para além do plano inicial de reembolsos à instituição liderada por Christine Lagarde. Por fim, até ao final deste ano, Portugal vai pagar mais dois milhões de euros ao FMI, antecipando amortizações que ocorreriam até novembro de 2020.

Se Portugal não regressasse ao mercado depois daquele reembolso de 6 mil milhões de euros feito a 16 de outubro, o “trambolhão” total da dívida seria de cerca de nove mil milhões de euros. Contudo, não só já houve leilões de dívida desde então, como Portugal ainda vai voltar ao mercado até ao final deste ano. A 18 de outubro, o Tesouro levantou mais 1.250 milhões de euros. Para 15 de novembro, está marcado novo leilão de Bilhetes do Tesouro, com o objetivo de levantar entre 1.250 e 1.500 milhões de euros.

Descontando estas emissões, que poderão acrescentar 2.750 milhões de euros ao total de dívida pública (dependendo do resultado do leilão de novembro), o trambolhão da dívida até ao final do ano é mais baixo, ficando pouco acima dos 6,2 mil milhões de euros.

Passando para as projeções. O Governo antecipa que o PIB acelere 2,6% este ano, totalizando 192.500 milhões de euros. Em 2018, o PIB deverá crescer 2,2%, para 199.400 milhões de euros, segundo as projeções que constam do Orçamento do Estado para 2018. Já o rácio da dívida, antecipa o Governo, deverá cair para 126,2% do PIB em 2017 e para 123,5% do PIB em 2018. Considerando estas estimativas, e feitas as contas, a dívida pública será de 242,9 mil milhões este ano e de 246,2 mil milhões no próximo.

Assim, quando Mário Centeno diz que haverá a maior redução da dívida dos últimos 19 anos, o ministro das Finanças está correto se estiver a referir-se à redução do rácio da dívida em relação ao PIB. Olhando para os últimos 19 anos, este rácio só se reduziu em quatro anos: 1999 (menos 0,8 pontos percentuais), 2000 (menos 1,1 pontos percentuais), 2007 (menos 0,8 pontos percentuais) e 2015 (menos 1,8 pontos percentuais). Se, este ano, o rácio da dívida se fixar em 126,2% do PIB, como estima o Governo, isso representará uma redução de 3,9 pontos percentuais em relação a 2016. Essa será, sem qualquer dúvida, a maior redução dos últimos 19 anos.

Contudo, em valores absolutos, não há qualquer redução da dívida, há uma subida, tal como afirma Daniel Bessa. No final de 2016, a dívida fixou-se em perto de 241 mil milhões de euros. Este ano, considerando as estimativas do Governo, vai aumentar 0,8% e no próximo 1,3%.

Prova dos 9

É quase certo que o valor absoluto da dívida vai aumentar, quer este ano quer no próximo, mas é preciso ter em conta que todos os números apresentados são previsões do Governo. As projeções apontam para um rácio da dívida de 123,5% do PIB no próximo ano, tendo em conta que o PIB será de 199,4 mil milhões de euros em 2018. Como em qualquer previsão, pode acontecer que qualquer um desses valores não se verifique, o que alterará o valor absoluto da dívida em 2018.

Há ainda que considerar fatores extraordinários que poderão vir a acontecer, como uma capitalização semelhante à que foi feita na CGD (uma injeção de 3,9 mil milhões de euros, feita em duas fases, em 2016 e este ano). Nesse caso, não só o valor deste evento extraordinário irá ter impacto sobre o défice, como o Estado terá de recorrer ao mercado para se financiar, alterando o plano de financiamento já definido e aumentando ainda mais o valor absoluto da dívida pública.

Nestes cenários, o PIB até poderá evoluir de acordo com as projeções do Governo, mas, se o valor da dívida ficar acima do esperado, então o rácio da dívida sobre o PIB será superior ao que é antecipado (126,2% em 2017 e 123,5% em 2018).

Teoricamente, ainda é possível que a evolução da economia possa superar de tal forma as expectativas que as receitas com impostos e segurança social reduzam as necessidades de financiamento do Estado e, consequentemente, a necessidade de emitir dívida para financiar o défice.

Há um fator adicional a ter em conta, que tradicionalmente não tem grande impacto sobre estas contas, mas que, ainda assim, importa salientar: as obrigações para o retalho, às quais o Estado não impõe travões. O investimento total em Certificados de Aforro estava, em setembro, nos 12.087 milhões de euros, o valor mais baixo desde novembro de 2014. Já o investimento em Certificados do Tesouro estava nos 14.305 milhões de euros, o que corresponde a um novo máximo histórico.

É pouco provável que a aposta dos portugueses neste tipo de produto venha a aumentar significativamente nos próximos tempos, até porque o Governo decidiu lançar uma nova linha de Certificados do Tesouro com uma remuneração mais baixa do que a que era oferecida até agora. Mas há sempre que considerar a hipótese de o investimento nestes produtos aumentar exponencialmente, o que significaria que o Estado estaria a emitir mais dívida além daquela que levanta no mercado. Também pode acontecer o contrário: o investimento nestes produtos reduz-se significativamente e, assim, a emissão de dívida também cai.

Contudo, tendo apenas por base as projeções do Governo, e tomando-as como certas, a única conclusão a que se chega é que a dívida pública em valor absoluto vai aumentar este ano, em relação a 2016, e vai também aumentar no próximo ano, em relação a 2017.

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Contribuintes afetados pelos incêndios têm mais tempo para pagar impostos

  • Margarida Peixoto
  • 30 Outubro 2017

Os contribuintes afetados pelos incêndios de 15 de outubro podem entregar as retenções na fonte de IRS mais tarde. Há outros prazos de pagamento de impostos que também foram alargados.

O Governo alargou o prazo para o cumprimento de obrigações fiscais e o pagamento de alguns impostos para os contribuintes das áreas afetadas pelos incêndios de 15 de outubro, como por exemplo o pagamento do IVA referente a setembro ou ao terceiro trimestre. Esta medida soma-se à suspensão dos processos de execução fiscal durante um período de seis meses, conforme decidido pelo Conselho de Ministros extraordinário que decorreu a 21 de outubro, revelou esta segunda-feira o Ministério das Finanças.

Conforme explica o comunicado do Ministério das Finanças, o prazo para o cumprimento de obrigações declarativas e fiscais do âmbito da Autoridade Tributária, bem como para o pagamento de alguns impostos, foi alargado até 1 de dezembro para os contribuintes com “domicílio fiscal, sede ou estabelecimento nas áreas afetadas pelos incêndios de 15 de outubro de 2017″.

Em causa estão:

  1. As obrigações declarativas cujos prazos tenham terminado entre 15 de outubro e 31 de outubro;
  2. O pagamento especial por conta em sede de IRC a efetuar em outubro;
  3. O IVA liquidado relativo ao terceiro trimestre, bem como o referente ao mês de setembro;
  4. As retenções na fonte de IRS e IRC que deveriam ser entregues até ao dia 20 de outubro;
  5. As prestações do IMI cujo prazo de pagamento termine em novembro.

Além disso, estão suspensos os “processos de execução fiscal em curso ou que venham a ser instaurados”, tal como já tinha sido anunciado na sequência da reunião do Conselho de Ministros de 26 de outubro. Nessa altura, o Governo adiantou que a suspensão durará por seis meses.

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Cuatrecasas em conferência na Bloomberg

O sócio João Mattamouros Resende irá analisar, à luz de recentes alterações políticas, as mudanças na forma de fazer negócios nas principais economias lusófonas

A Cuatrecasas vai participar, pelo segundo ano consecutivo, na conferência “Business in Portuguese” que vai decorrer no auditório da Bloomberg, em Londres, já na terça-feira.

João Mattamouros Resende, sócio de direito societário da Cuatrecasas, será um dos oradores deste evento, em que será analisado o financiamento de negócios nos países lusófonos e de que forma as empresas estão a adaptar o investimento aos seus programas ambientais, de sustentabilidade e de governance (ESG).

Entre os participantes encontra-se o embaixador de Portugal no Reino Unido, Manuel Lobo Antunes, o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros e atual presidente do conselho de administração do Millennium BCP, António Monteiro, e representantes de entidades como Banco Africano do Desenvolvimento, Bolsa de Valores do Brasil, Abardeen Assest Management ou CDC Group.

João Mattamouros Resende integra o primeiro painel de debate que irá analisar, à luz de recentes alterações políticas, as mudanças na forma de fazer negócios nas principais economias lusófonas, numa perspectiva jurídica e económica.

Que impacto teve a alteração do preço das comodities nestes mercados? Que setores económicos revelam melhor desempenho e quais as perspetivas e oportunidades para o futuro? Serão algumas das questões a debater por este painel que conta igualmente com a participação de Norman Hay, executive chairman da Kingbird Commodities, que distribui alimentos e medicamentos em África; Barnaby Fletcher, analista da Control Risks, uma consultora especializada em risco global; e Sergio Gullo,chief representative officer para a Ásia e região da EMEA da B3, a bolsa de valores do Brasil.

A organização do evento cabe à Câmara de Comércio Portuguesa no Reino Unido e conta com o apoio da Bloomberg.

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