Projetos sobre direito ao “desligamento” do trabalhador não são votados e baixam à comissão

  • Lusa
  • 20 Outubro 2017

Os projetos de lei sobre a regulação do descanso do trabalhador, ou direito ao “desligamento”, vão baixar, sem votação, à comissão parlamentar de Trabalho e Segurança Social, disseram à Lusa o PS e BE

Os projetos de lei sobre a regulação do descanso do trabalhador, ou direito ao “desligamento”, vão baixar, sem votação, à comissão parlamentar de Trabalho e Segurança Social, disseram à Lusa deputados do PS e do BE.

A decisão só será tomada no final da sessão de hoje do plenário da Assembleia da República, após o debate dos diplomas do BE, PAN, PEV, PS, PCP e CDS-PP, que começou às 10h00.

Depois de o diploma baixar à comissão, os deputados têm um prazo de dois a três meses para fazer o trabalho de especialidade, negociando alterações aos diplomas. No final do processo, o plenário vota na generalidade, especialidade e votação final global.

O parlamento discute esta sexta-feira alterações ao Código de Trabalho propostas pelos seis partidos, que incluem a regulação do descanso, com o PS a propor que os funcionários possam ser, neste período, abordados pela entidade patronal por via “digital”. PCP e BE discordam do projeto de lei dos socialistas, que apelaram hoje, através da deputada Vanda Guimarães, a um consenso nesta matéria.

PCP: Projeto vai legalizar o que “já é ilegal”

O PCP criticou duramente o projeto do PS e diplomas de outros partidos sobre o direito do trabalhador a “desligar” a ponto de dizer que são “graves e perversos”, por legalizar o que “já é ilegal”. Independentemente de os projetos poderem “ser bem intencionados”, a deputada do PCP Rita Rato alertou que terão como resultado uma “fragilização dos direitos” do trabalhador, que já têm legalmente definidos os horários de trabalho, por exemplo. A base destas propostas de alteração ao código laboral é “grave e perversa” por “legitimar o que, à luz da lei, já é ilegal” – o direito dos empregadores contactarem com os trabalhadores fora do seu horário de trabalho.

O BE também se mostrou contra a proposta do PS, mesmo depois de uma alteração de última hora, possibilitando o contacto com o trabalhador em casos de grande urgência ou reforçando as penalizações às empresas que o fizerem, mas foi menos duro nas críticas. Para o deputado bloquista José Soeiro, que reconheceu que há já direitos regulados, o importante é que a “lei deve dar um passo à frente” e “impor às empresas o “dever de não contactarem com o trabalhador” fora do seu horário de trabalho.

A solução passa pelo reforço da proteção dos trabalhadores e não por regular o contacto do trabalhador pela empresa através de regulamento interno, como sugerem os socialistas. Vanda Guimarães, do PS, fez, durante o debate, um apelo ao consenso no debate na especialidade, mas avisou que os socialistas discordam que se associe ligar o direito a desligar ao assédio.

Por outro lado, a deputada socialista disse não concordar que fique consagrada na lei a impossibilidade absoluta de a empresa contactar o trabalhador fora do seu horário de trabalho. Vanda Guimarães reiterou que os socialistas pretendem “um consenso” para conseguir uma “melhor solução” para estes diplomas, na defesa dos trabalhadores.

Pelo PSD, a deputada Clara Marques Mendes criticou a proposta “perigosa” dos socialistas por ser contrária ao direito constitucional do trabalhador ao descanso, permitindo que a empresa o contacte, “salvo exigências imperiosas do funcionamento da empresa”. É dar “poder total, arbitrário” à entidade patronal para poder contactar o seu funcionário por telefone, por email no seu período de descanso, disse a deputada, para quem deveria caber aos trabalhadores e empresas a regulação deste tipo de relação.

Filipe Anacoreta Correia reclamou para o CDS-PP a autoria da primeira proposta no parlamento sobre esta área e admitiu que existe “um dilema” dos trabalhadores entre o seu direito ao descanso e o “dever de zelo e diligência”. O deputado do CDS-PP acusou ainda os partidos de esquerda de se precipitarem a apresentar propostas e de, “no final do dia, não se entenderem sobre elas”.

(Notícia atualizada às 12h48 com mais informações)

 

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Italian Desk da PLMJ é finalista dos Top Legal Awards

  • ADVOCATUS
  • 20 Outubro 2017

A Italian Desk da PLMJ, coordenada pela sócia Serena Cabrita Neto, integra pelo quarto ano consecutivo a lista de finalistas dos prémios Top Legal Awards

Pelo quarto ano consecutivo, a sociedade de advogados integra a lista de finalistas dos Top Legal Awards, na categoria de melhor desk italiana de sociedades internacionais. Trata-se da única sociedade portuguesa nomeada nos prémios italianos.

A PLMJ é a única sociedade portuguesa nomeada nesta categoria, que visa premiar os escritórios com representação em Itália que mais contribuíram para apoiar os empresários italianos em operações internacionais.

Serena Cabrita Neto, coordenadora da desk italiana da PLMJ, afirma que esta nomeação “representa o reconhecimento, pelo mais prestigiado diretório italiano, do posicionamento que o Italian Desk de PLMJ alcançou nestes cinco anos de existência, que muito nos orgulha e motiva a continuar a trabalhar neste tão relevante mercado”.

O escritório da sociedade em Itália conta com advogados conhecedores da língua, cultura e mercado italianos, e é dedicado a clientes que pretendam investir em Portugal ou noutras jurisdições internacionais cobertas pelos escritórios da PLMJ.

A PLMJ concorre ao lado das sociedades Bryan Cave, Garrigues, Luther, Schoenherr, Skadden Arps Slate Meagher & Flom e Squire Patton Boggs. A entrega dos prémios está agendada para o próximo dia 20 de novembro, em Milão. O painel de júris é composto por especialistas nas áreas como os negócios e as finanças, e é presidido por um representante da Top Legal.

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Revista de imprensa internacional

  • ECO
  • 20 Outubro 2017

Em Bruxelas, o que não faltam são amizades improváveis, como a de May e Merkel. Trump foi atacado por Obama e Bush. Catalunha tem seguidores. Whatsapp não quer que se perca dos seus amigos.

“Hard Brexit”? Se a confiança de Angela Merkel no acordo para a saída do Reino Unido da União Europeia for considerada fiável, os britânicos podem afastar essa “nuvem negra”. Quem não pode ignorar a tempestade iminente são os americanos, com os cientistas norte-coreanos a encurtarem o prazo da possível concretização de um ataque aos Estados Unidos. Trump já recusou declarar a América refém de Kim, mas entretanto não para de ser criticado por antigos ocupantes do seu cargo. Deste lado do Altântico, em Itália, a Catalunha tornou-se uma inspiração. Já o Whatsapp traz uma funcionalidade potencialmente polémica.

The Telegraph

Merkel dá mãozinha a May

As conversações para o divórcio do Reino Unido da União Europeia não têm sido fáceis, com Junker a considerar ser preciso “um milagre” para que haja avanços e May a insistir em não pagar a conta da separação. Ainda assim, Angela Merkel “não tem dúvidas” de que o acordo será assegurado. “Vamos atingir um bom resultado. No que me diz respeito, não vejo razão para acreditar que não vamos ser bem-sucedidos”, afirmou a chanceler alemã, esta quinta-feira, depois do jantar do Conselho Europeu, em Bruxelas. Theresa May pediu aos líderes europeus que lhe propusessem um acordo que pudesse defender perante os britânicos. Merkel diz-se “altamente motivada” para trabalhar nessas negociações.

Leia a notícia completa aqui (conteúdo em inglês / acesso livre).

Finantial Times

Coreia do Norte a um triz de conseguir atingir os Estados Unidos

Da série “A Coreia do Norte aqui tão perto” ou, pelo menos, cada vez mais perto de conseguir atingir os Estados Unidos com um míssil balístico nuclear. A informação foi avançada pelo diretor da CIA, Mike Pompeo, que avisou que os últimos testes norte-coreanos têm ajudado a desenvolver a perícia dos seus cientistas. “Devemo-nos comportar como se estivéssemos na iminência de os ver [aos norte-coreanos] a atingir este objetivo”, sublinhou o responsável, referindo que esse prazo pode ser esgotado numa questão de meses. Pompeo realçou, ainda, que os Estados Unidos estão, atualmente, a insistir na estratégia diplomática, mas deixou claro que Donald Trump afirmou que não deixará Kim Jong-un fazer da América do norte sua refém.

Leia a notícia completa aqui (conteúdo em inglês / acesso pago).

Washington Post

Todos contra Trump. Obama e Bush criticam nova-iorquino

Primeiro George W. Bush, depois Barack Obama. As críticas a Donald Trump não param de se multiplicar. Numa rara declaração pública, Bush deixou o aviso de que o envolvimento cívico está a diminuir e de que a democracia norte-americana está a ser ameaçada. “Temos visto o nosso discurso degradado pela crueldade casual”, disse o ex-presidente, numa mensagem que, sem mencionar o nome do empresário nova-iorquino, foi interpretada como um ataque ao seu estilo de liderança. Bush fez ainda, uma análise do sistema político, que apontou como “corrompido pela teorias da conspiração”. Horas mais tarde, Obama juntou-se à discussão e, na campanha do partido democrata em Nova Jersey, fez uma crítica velada ao atual presidente norte-americano, apelando “à rejeição da política da divisão e do medo”.

Leia a notícia completa aqui (conteúdo em inglês / acesso pago).

The New York Times

Depois da Catalunha, regiões italianas ponderam independência

Os italianos não saíram às ruas em protesto e o ambiente mantém-se calmo. As semelhanças com a Catalunha parecem menos que nenhumas, mas, de facto, este domingo, um referendo similar àquele que colocou a Espanha em alvoroço acontecerá em Lombardia (região cuja capital é Milão) e Véneto (região cuja capital é Veneza). Está claro que o resultado desta ida às urnas não será vinculativo, mas fornecerá aos respetivos representantes orientações quanto às eventuais negociações com Roma no sentido de conseguir “condições particulares de autonomia e de fiscalidade”. Os governos regionais esperam a participação em força dos cidadãos destas regiões italianas.

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The Independent

Não precisa de dizer aos seus amigos onde está… o Whatsapp fá-lo por si

Os dias dos desencontros com amigos estão contados. O Whatsapp vai passar a permitir a partilha da localização do utilizador em tempo real com um amigo ou com um grupo — isto é, a informação não será pública. A funcionalidade “Live Location” da aplicação de mensagens instantâneas só funcionará com consentimento explícito do utilizador e apenas durante um curto período de tempo. Portanto, se tem um encontro marcado com alguém e não sabe onde o encontrar, não lhe peça direções, peça a ativação desta novidade.

Leia a notícia completa aqui (conteúdo em inglês / acesso livre).

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Em nome das florestas, Jerónimo de Sousa defende aumento do défice para 1,2%

  • ECO
  • 20 Outubro 2017

O líder do PCP apresentou um aumento da meta do défice para financiar a reforma das florestas, acusando o governo de "atirar" um superavit de 5 mil milhões de euros para um "poço sem fundo".

Em entrevista à Antena 1, Jerónimo de Sousa fez valer a sua opinião relativamente à posição do Executivo de António Costa após os incêndios do passado fim de semana. O líder do Partido Comunista Português (PCP) fala de um Governo que “ficou mal na fotografia” e que “subestimou” os fogos que destruíram 506.000 hectares de floresta, mato e terrenos agrícolas no país em 2017, segundo o Sistema de Informação de Fogos Florestais da União Europeia (EFIS).

“O dinheiro está cá”, avançou Jerónimo de Sousa, acrescentando que o Governo conseguiu um excedente de cinco mil milhões de euros e que será “tentado” a canalizá-lo para “o poço sem fundo do défice e da dívida”. O líder do PCP confessou que a resposta do primeiro-ministro à sua proposta de alteração do défice para reunir fundos para a proteção das florestas não foi clara.

Neste sentido, o líder comunista propôs o aumento da meta do défice de 1% para 1,2%, numa diferença de 400 milhões de euros para financiar as florestas. “O Governo (…) foi mais longe que as próprias imposições e os critérios que nos são impostos pela União Europeia” com a meta de 1% de défice, argumentou. Em tom irónico, Jerónimo Martins pediu para que lhe explicassem qual o impacto de mais 400 milhões de euros nas contas do executivo.

Quanto a fontes alternativas para financiar a reforma das florestas, Jerónimo rejeita quaisquer retrocessos nos descongelamentos das carreiras ou no alívio do IRS: “Não é ir tirar o pão da boca a quem foi tão martirizado durante quatro anos (…) em nome da defesa da floresta”.

Jerónimo de Sousa garante que está acordado com o Governo que o fim do corte de 10% no subsídio de desemprego e o aumento da derrama será aprovado na especialidade. Mas na reforma da floresta, Jerónimo insiste, que o Banco de Terras não passará na avaliação do PCP.

 

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Governo e oposição aprovam eleições na Catalunha em janeiro

O Governo de Mariano Rajoy e o líder do partido da oposição PSOE chegaram a acordo para marcar eleições na Catalunha em janeiro para travar ímpeto independentista catalão. Barcelona rejeita.

O Governo de Mariano Rajoy e o líder do partido da oposição PSOE, Pedro Sánchez, chegaram a acordo para marcar eleições na Catalunha em janeiro, como parte das medidas da aplicação do artigo 155 da Constituição espanhola para restabelecer a legalidade na região, travando o ímpeto independentista catalão.

A informação foi confirmada por Carmen Calvo, ex-ministra e responsável do PSOE pelas negociações com o Executivo de Rajoy acerca do conflito entre Madrid e a Catalunha, em declarações ao canal TVE.

Em resposta, o vice-presidente da Generalitat, Oriol Junqueras, manifestou-se contra a convocação de eleições para novo governo na Catalunha neste momento. “Não é a melhor maneira de avançar”, declarou Junqueras, numa altura em que o Executivo catalão acusa Madrid de não aceder ao diálogo.

Fontes do partido socialista adiantaram ao jornal El Mundo (acesso livre / conteúdo em espanhol) que o objetivo é que a aplicação do artigo 155, que reduz a autonomia de uma qualquer região espanhola, dure “o menor prazo possível” e que a intervenção central seja “muito, muito limitada”, como notou esta quinta-feira o secretário de Organização do PSOE, José Luis Ábalos.

Este sábado o Mariano Rajoy reúne os seus ministros num Conselho de Ministros extraordinário para desencadear o mecanismo previsto pela Constituição, através do artigo 155, no sentido de intervir diretamente nas funções da Generalitat, incluindo áreas como a segurança, finanças e outras que pertencem ao presidente do Governo regional, Carles Puidgemont.

Será este Conselho de Ministros a preparar e aprovar as medidas para tentar resolver a crise aberta entre Madrid e a Catalunha, as quais deverão ser discutidas no Senado até final do mês. O El Mundo explica no entanto que tanto o Rajoy como o PSOE esperam que seja o próprio Puidgemont a convocar eleições na Catalunha antes de o Senado aprovar a aplicação do artigo 155.

Também amanhã a Mesa do Senado deverá convocar uma missão de trabalho conjunto entre a Comissão Geral das Comunidades Autónomas e a Comissão Constitucional para estudar as medidas que sairão do Conselho de Ministros. Esta comissão conjunta fará um requerimento a Puidgemont para que ele próprio ou um seu representante se apresente perante a Câmara. Depois, o Senado deverá aprovar finalmente as medidas — no caso de Puidgemont não convocar eleições antes — entre 27 e 31 de outubro.

O objetivo principal da aplicação do artigo 55 passa por reconduzir o autogoverno da Catalunha ao terreno da legalidade, assegurar o interesse geral dos cidadãos e, finalmente, convocar eleições.

(Notícia atualizada às 10h42)

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Preço do azeite vai aumentar por causa dos incêndios

Mais de metade do olival tradicional ardeu com os fogos deste fim de semana. O preço vai subir garante a CNA, ao ECO. Ministro da Agricultura anuncia novas medidas de apoio aos agricultores.

A Confederação Nacional da Agricultura diz que o preço do azeite vai subir por causa dos incêndios. Mas esta não será a única consequência nefasta — a produção de Queijo da Serra vai ficar comprometida tendo em conta os milhares de ovelhas que morreram, reconheceu o ministro da Agricultura.

“Os olivais mais tradicionais da região centro, os não intensivos ou super intensivos, regados gota-a-gota, arderam. Não exagero se disser que ardeu mais de metade”, sublinhou ao ECO João Dinis. O dirigente da CNA, também ele afetado pelo “ciclone de fogo que por ali passou”, lembra que “a azeitona já vinha a definhar com a seca, embora até houvesse uma colheita promissora”.

“Tendo em conta que era de esperar menos produção já se esperava um aumento do preço”, disse. E se agora haverá mais mercado para o azeite proveniente dos olivais intensivos — são cerca de 100 mil hectares no sul do país — que é mais barato face ao produzido nos olivais mais tradicionais, a tendência será de aproveitar a dinâmica de subida dos preços. “Até esse vai subir, aproveitando a embalagem para aumentar o preço”, defende João Dinis.

O dirigente da CNA acrescenta ainda que nesta equação é preciso ainda acrescentar dois vetores: o aumento das importações de azeite e “as traficâncias para aumentar a quantidade de stock, numa referência às práticas menos leais de acrescentar outras substâncias ao azeite.

O responsável admite que em dois ou três anos o olival do planalto beirão até já possa estar renovado — uma renovação que até já era necessária –, mas os agricultores vão sofrer muito até lá e por isso pede que ao ministro da Agricultura que tenha em conta a “área brutal e inconcebível” que ardeu no centro e norte do país. Pelas suas estimativas, só na região centro os prejuízos devem superar os cinco mil milhões de euros. “O fogo ganhou vida própria e vontade própria. Na sua voracidade comeu tudo”, concluiu.

Ministro promete novos apoios aos agricultores

Luís Capoulas Santos anunciou esta quinta-feira novos apoios para os agricultores de 44 municípios de dez distritos do país.

“Todas as explorações que tiveram prejuízos superiores a 30% daquilo a que chamamos o potencial produtivo, máquinas destruídas, alfaias, motores de rega, estábulos, equipamentos, animais que morreram e culturas permanentes” vão poder beneficiar de um apoio financeiro que será atribuídos através de um concurso que terá início depois do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) determinar o perímetro das áreas atingidas pelo incêndio.

“Para os primeiros cinco mil [candidatos], que tenham prejuízos superiores a 80%, esse pagamento será de 100%, até um montante de cinco mil euros, [a partir daí] iremos atribuir 50% das despesas com os materiais e equipamentos que foram destruídos”, explicou, numa conferência de imprensa transmitida pela RTP3.

Além disso, o ministro avançou que serão disponibilizados 15 milhões de euros do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR2020) para a estabilização de emergência, ou seja, ações que visam minimizar os riscos da erosão, da contaminação das linhas de água e dos declives. Este montante vai somar aos 13 milhões que já tinham sido alocados aos incêndios precedentes deste verão.

Capoulas Santos disse ainda que o Governo está a procurar soluções para poder atribuir apoios para a alimentação dos animais, estando em contacto com as fábricas de ração e com as confederações agrícolas e, neste capítulo, espera contar com a colaboração do exército. E a “avaliar as consequências na fileira do pinho porque as perdas foram de tal modo onerosas”.

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Bancos falidos vão custar mil milhões ao Estado em 2018

  • ECO
  • 20 Outubro 2017

Somadas, as despesas do Estado em 2018 com as falências dos bancos BPN, BES e Banif ultrapassará os mil milhões, um aumento de 34% em relação a 2017.

A despesa com as falências do BPN, BES e Banif previstas no OE2018 supera largamente o custo do descongelamento de carreiras. Os bancos vão pesar mais de mil milhões nas contas do Estado, enquanto as regalias devolvidas aos funcionários públicos estão orçamentadas em 211 milhões.

O BPN requer 641 milhões, o Banif necessita de 372 milhões e o antigo BES mais 3,6 milhões. Destaque para o aumento da despesa do BES, que sobe 194%. Banif pesa mais 90% e o BPN 14%. Juntos, gastam mais de mil milhões ao Estados, um aumento de 34% em relação aos 759 milhões de euros concedidos em 2017, observa o Dinheiro Vivo.

São ao todo 12 os veículos tóxicos que estão a cargo do Ministério das Finanças. A maioria concentra-se nas três sociedades que gerem os ativos do BPN. O BES deixou ao Estado cinco veículos financeiros e o Banif quatro sociedades-veículos.

O que faz disparar a despesa?

Sim, existe receita, mas o resultado final é geralmente o prejuízo. As despesas crescentes, no caso do Banif, estão relacionadas com um aumento de 80% na dotação de despesa da Oitante, a dona de ativos que o Santander não comprou. Os custos da Banif Imobiliária, que é parte da Oitante, subiram 145%. E finalmente os encargos com a WIL — Projetos Turísticos dispararam 3.000%.

Já no BPN, o maior peso é a Parvalorem, um fundo de créditos problemáticos do BPN, pois vai custar 415,3 milhões de euros aos bolsos do Estado. A Parups gere imóveis, obras de arte, moedas de coleção e instrumentos financeiros e vai consumir 161,7 milhões de euros do Orçamento. Por fim, a Parparticipadas, empresa através da qual se gere as participações do antigo BPN noutras empresas e fundos leva 64,3 milhões de euros dos contribuintes.

O BES deixou custos com a ES Tech Ventures, a empresa Praça do Marquês, a Quinta dos Cónegos – Sociedade Imobiliária e a Righthoure, uma consultora que pertencia ao Fundo BES Growth. Este ano, juntou-se a estes quatro veículos a GNB Concessões e a respetiva despesa de 2,3 milhões de euros. Gere negócios rodoviários e parques de estacionamento como a Auvisa – Autovia de los Viñedos, Ascendi e Empark.

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OE2018: Estado gasta mais 24 milhões para combate aos incêndios

  • Lusa
  • 20 Outubro 2017

Bruxelas vai considerar as despesas extra com os incêndios "circunstâncias excecionais" e não vão portanto ser consideradas na avaliação orçamental.

O Governo prevê aumentar o montante para combate aos incêndios em cerca de 24 milhões de euros no próximo ano e estima alocar mais de 20 milhões de euros à recuperação das áreas ardidas e a realojamento. Também o programa orçamental de ‘Agricultura, Florestas, Desenvolvimento Rural e Mar’ deverá ter acesso a mais 10 milhões de euros.

A proposta de OE2018 foi entregue à Assembleia da República na passada sexta-feira, dias antes das centenas de incêndios que deflagraram no domingo, sobretudo nas regiões Norte e Centro do país. Este foi considerado o pior dia de fogos do ano, segundo as autoridades, e que provocaram, segundo o balanço mais recente, 43 mortos e cerca de 70 feridos, mais de uma dezena dos quais graves.

Esta é a segunda situação mais grave de incêndios com mortos este ano, depois de Pedrógão Grande, em junho, em que um fogo alastrou a outros municípios e provocou, segundo a contabilização oficial, 64 mortos e mais de 250 feridos. Além de provocarem a morte a mais de 100 pessoas, os incêndios deste ano consumiram mais de 550 mil hectares, destruindo habitações, empresas, fábricas e infraestruturas.

Estas situações levaram à intervenção do Presidente da República: numa declaração ao país, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que a margem orçamental para 2018 deveria ser usada para dar prioridade à floresta e à prevenção dos fogos, considerando que essa é a “última oportunidade” para se agir nesta matéria.

Não será seguramente o empenho na consolidação orçamental que frustrará o que é prioritário, que é a segurança e a proteção da floresta”

António Costa

Primeiro-Ministro de Portugal

No dia seguinte, no parlamento, o primeiro-ministro, António Costa, afirmou que “não será seguramente o empenho na consolidação orçamental que frustrará o que é prioritário, que é a segurança e a proteção da floresta”, deixando a porta aberta a propostas de alteração que possam ser apresentadas pelos grupos parlamentares durante a discussão na especialidade da proposta de OE2018.

De Bruxelas, o Governo já obteve luz verde. O comissário europeu dos Assuntos Económicos, Pierre Moscovici, defendeu que as despesas públicas resultantes dos incêndios em Portugal sejam consideradas como “circunstâncias excecionais”, sem consequências na avaliação orçamental a fazer pelas regras europeias.

Sobre a inclusão de quaisquer medidas, o ministro das Finanças, Mário Centeno, disse, na apresentação da proposta orçamental, que elas terão de seguir os princípios de rigor orçamental. O Governo reúne-se no sábado num Conselho de Ministros extraordinário dedicado a esta temática.

As medidas

Eis algumas das principais medidas sobre combate e prevenção de incêndios, reformas florestais e reconstrução:

1. Luta contra incêndios com mais 23,7 milhões de euros

No próximo ano, o Governo prevê reservar 234,8 milhões de euros para a ‘Proteção Civil e Luta Contra Incêndios’, mais 23,7 milhões de euros (11,2%) do que os 211,1 milhões de euros orçamentados para 2017. Dentro da Administração Interna, a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) tem um orçamento de cerca de 148,7 milhões de euros, superior aos 133,7 milhões (também mais 11,2%) orçamentados para 2017.

O Governo defende no próximo ano, tal com neste, “um sistema de proteção civil forte e sustentável”, prevendo “continuar a investir no fortalecimento do sistema”, através de medidas como a descentralização de competências, Equipas de Intervenção Permanente e “valorização dos bombeiros como agentes de proteção civil”.

Neste último ponto, o executivo defende novas regras de financiamento das associações humanitárias de bombeiros voluntários, bem como “o cartão social do bombeiro” e os novos regimes jurídicos referentes aos estatutos e carreiras dos bombeiros profissionais e dos bombeiros voluntários.

2. Bombeiros recebem mais 400 mil euros

Em 2018, o Governo pretende transferir para as associações humanitárias de bombeiros (AHB) cerca de 26,1 milhões de euros, um montante superior em apenas 400 mil euros (1,5%) aos orçamentados para este ano e que fica ainda aquém do que era reivindicado pela Liga de Bombeiros Portugueses, que defendia pelo menos um reforço para 27 milhões de euros.

A lei de financiamento às AHB implicou 25,7 milhões de euros este ano, verba que foi contestada por algumas corporações, tendo em conta que 210 receberam menos dinheiro, enquanto outras 203 viram o seu orçamento aumentado em relação a 2017.

Segundo a proposta do OE2018, no próximo ano não pode resultar uma variação negativa ou positiva do financiamento “superior a 2,07%, a atribuir a cada AHB por reporte ao montante atribuído no ano de 2017”.

A proposta adianta que, em 2018, para compensar as reduções do financiamento verificadas em 2017, decorrentes da aplicação da fórmula de cálculo prevista, “será efetuada uma transferência suplementar para cada uma das AHB cuja dotação tenha diminuído em 2017, na exata medida da respetiva diminuição, até ao montante total de 560,5 mil euros”.

3. Quase 100 milhões para projetos da ‘Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural e Mar’

Em 2018, a despesa total prevista para o programa ‘Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural e Mar’ é de 1.481,1 milhões de euros, o que representa um aumento de 49% em relação à estimativa para 2017, equivalente a 487,2 milhões de euros.

Deste total, prevê-se uma despesa de 98,3 milhões de euros em projetos em 2018, dos quais apenas 5,1 dizem respeito a fundos europeus. Os projetos neste programa aumentam 6,8 milhões de euros (8,6%) face a 2017.

No próximo ano, o Governo quer fomentar “a gestão florestal sustentável”, através do reforço do ordenamento florestal, da produtividade das principais fileiras silvo-industriais, do apoio à melhoria das organizações de produtores e da gestão interprofissional, bem como dar “primazia à proteção das florestas face aos incêndios e aos agentes bióticos nocivos”.

Além disso, pretende reforçar o combate e a prevenção dos incêndios florestais, com a “criação e reequipamento de equipas de sapadores florestais, a adoção do Plano Nacional de Fogo Controlado e reforço da vigilância, prevenção, deteção, alerta, combate e rescaldo dos incêndios florestais, envolvendo de modo articulado a Guarda Nacional Republicana (GNR) e as Forças Armadas”.

4. Transferências orçamentais para recuperação das áreas ardidas

Para o próximo ano, prevê-se que o Fundo Ambiental transfira até 4,3 milhões de euros para o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), para desenvolvimento de projetos no domínio da gestão das áreas protegidas, a “prevenção de incêndios florestais e para outros projetos de conservação da natureza, ordenamento do território e adaptação às alterações climáticas”, e até 15 milhões de euros para “defesa da floresta e da recuperação das áreas ardidas”.

Está prevista também a transferência de 5,5 milhões de euros do Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU) para “assegurar os compromissos do Estado no âmbito de comparticipações a fundo perdido em projetos de realojamento e reabilitação, no âmbito do Programa ProHabita, incluindo a concessão de apoios para o território da Madeira, em virtude dos incêndios aí ocorridos”.

5. Centrais de biomassa a nível local

O Governo prevê a criação de centrais de biomassa a nível local “por iniciativa dos municípios”, com o objetivo de incentivar e reforçar a utilização de biomassa florestal, proveniente de resíduos, limpezas ou desbastes, “como forma de contribuir para a sustentabilidade da floresta, coesão e valorização territorial e prevenção dos incêndios”.

6. Reabilitação das linhas de água

Entre as “obras prioritárias” para 2018 está a reabilitação das linhas de águas dos municípios afetados pelos incêndios de julho de 2017.

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Ricardo Mourinho Félix: “Dívida de 120% do PIB é gerível”

  • ECO
  • 20 Outubro 2017

O secretário de Estado Adjunto e das Finanças reconhece que Portugal ainda tem uma dívida elevada, mas defende que o nível é "gerível". Sobre o défice, a redução não deve ser acelerada.

Ricardo Mourinho Félix defende que uma “dívida de 120% do PIB é gerível”. Apesar de reconhecer que o nível ainda é elevado, o secretário de Estado Adjunto e das Finanças afirma que o que as agências de rating querem é que a dívida desça “de forma sustentável”. Assim como o défice, não se regressando aos erros do passado de acelerar o processo de redução. Mourinho Félix nota ainda que o país vai continuar a pagar o que deve ao FMI, mas sem pôr em causa a almofada financeira. Sobre o setor bancário, atribui as culpas do malparado à banca.

“O volume ainda é grande. Claro que seria melhor enfrentar os riscos externos com 60% de dívida do que com 120%. Mas, embora seja um nível elevado, é gerível”, afirma o secretário de Estado. “Depois de 131% do PIB em 2016, o que prevemos no Orçamento é 126,2% este ano e 123,5% no próximo ano (…) este ritmo tem de ser mantido, o que quer dizer que vamos ter de manter saldos primários durante este período”, acrescenta numa entrevista ao Jornal Económico (acesso pago).

O volume ainda é grande. Claro que seria melhor enfrentar os riscos externos com 60% de dívida do que com 120%. Mas, embora seja um nível elevado, é gerível.

Ricardo Mourinho Félix

Secretário de Estado Adjunto e das Finanças

Para Mourinho Félix, “o que é importante para uma agência de rating é ter a dívida a descer de uma forma sustentável e perceber que o país está a seguir uma trajetória que é para continuar”. Isto depois de a S&P ter melhorado a notação do país, elevando-a para nível investimento. “A S&P está muito contente com a decisão que tomou, com o facto de o Orçamento para 2018 continuar a estratégia que tem sido seguida.”

O que também deve manter uma descida sustentável é o défice, defende o secretário de Estado, dizendo que acelerar a redução seria um erro. “É sempre possível dizer para fazer uma consolidação orçamental mais rápida, ter esse discurso outra vez: ‘Ir além, mais rápido, chegar mais rápido ao défice zero, se eu fosse ministro o défice já seria zero’. Tudo isso pode ser dito, mas a experiência anterior não foi boa”, defende. É uma resposta às declarações de Rui Rio, que afirmou, na semana passada, que “se o PSD estivesse à frente do Governo já teríamos conseguido um défice zero e com os mesmo ganhos que as pessoas tiveram”.

“Não voltaremos a um mundo sem almofada financeira”

Ricardo Mourinho Félix nota que a estratégia de ter uma almofada financeira “que nos permita viver com desafogo” no caso de haver algum evento extraordinário é para continuar “no próximo ano e até ao final do mandato”. “Neste momento, temos uma almofada de liquidez de 50% das necessidades de financiamento dos próximos 12 meses. Isto quer mais ou menos dizer que, se houver uma perturbação, podemos manter-nos em apneia durante seis meses“, afirma o secretário de Estado.

“À medida que formos tendo mais acesso a mercado e a volatilidade for mais pequena, essa almofada escusa de ser tão espessa“, nota. Mas esta ‘rede’ não vai desaparecer: “Não voltaremos a um mundo em que se vive sem almofada financeira”.

"Temos uma almofada de liquidez de 50% das necessidades de financiamento dos próximos 12 meses. Isto quer mais ou menos dizer que, se houver uma perturbação, podemos manter-nos em apneia durante seis meses.”

Ricardo Mourinho Félix

Secretário de Estado e das Finanças

O secretário de Estado também refere que os pagamentos ao Fundo Monetário Internacional são para continuar, sem pôr em causa esta margem de segurança. “Tendo em conta a execução orçamental, é possível que ainda este ano se possa fazer mais um pagamento [ao FMI]. Estamos a avaliar”. Depois dos reembolsos de 5,2 mil milhões de euros até agosto, o Governo conta devolver mais três mil milhões ao FMI até final do ano, de acordo com a proposta de Orçamento do Estado para 2018.

Bancos é que têm de resolver o malparado

Sobre o setor financeiro, Mourinho Félix defende que o problema do malparado foi criado pelos bancos e que, por isso, têm de ser as instituições financeiras a resolvê-lo. “Há aqui uma questão fundamental. O problema do crédito malparado foi criado pelos bancos, com uma má avaliação do risco de crédito. Aquilo que foi feito até agora, de injeção de capital nos bancos, já foi muito substancial em termos de dinheiro dos contribuintes. A partir de agora, são os bancos que têm de resolver o problema“, salienta o secretário de Estado.

Ricardo Mourinho Félix diz ainda que qualquer bail out com dinheiros públicos “teria impactos orçamentais muito significativos”, o que afasta qualquer solução semelhante à que foi aplicada em Espanha ou Irlanda. Ou seja, a criação de um banco “mau”. “Um banco ‘mau’ só poderia ter sido feito durante o Programa de Assistência Económica e Finanças, porque implicava uma injeção massiva de dinheiro público na compra de malparado dos bancos, ao valor que ele estava no balanço. Foi o que se fez em Espanha e na Irlanda”.

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Proteção Civil volta a ter secretaria de Estado

  • ECO
  • 20 Outubro 2017

Opção não é nova. Trata-se da recuperação de uma estrutura individualizada que Sócrates e Passos também tinham escolhido manter. Eduardo Cabrita vai reformar prevenção e combate dos incêndios.

Sai Constança Urbano de Sousa entra Eduardo Cabrita e com ele uma nova secretaria de Estado. O novo ministro da Administração Interna deverá ter três, não dois, secretários de Estado, já que a Proteção Civil deverá ganhar uma estrutura individualizada.

A decisão responde, assim, ao relatório da Comissão Técnica Independente que aponta a necessidade da criação de um organismo responsável por este setor, avança o Público (acesso condicionado). Os técnicos assinalam ainda que a estrutura deveria estar na dependência direta do primeiro-ministro, mas a tutela deverá permanecer no ministério de Cabrita.

A criação de uma secretaria de Estado da Proteção Civil não é uma opção nova. Nos Governos de Sócrates e Passos, já tinha acontecido, mas até agora não fazia parte do organigrama da governação de António Costa.

O novo ministro da Administração Interna irá, além disto, lançar uma reforma das políticas de prevenção e combate aos incêndios em Portugal, o que não implicará, em princípio, reforço dos seus poderes. Eduardo Cabrita toma posse, este sábado, antes do Conselho de Ministros Extraordinário sobre incêndios.

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Bolsas recuperam. Madrid em tensão com a Catalunha

Os principais índices bolsistas europeus abriram no vermelho, mas estão já a valorizar. A exceção é a bolsa espanhola que continua a sentir os receios dos investidores em torno da Catalunha.

Depois das quedas acentuadas perante o agudizar da tensão com a Catalunha, as bolsas europeias estão de volta aos ganhos. Apesar das quedas no arranque desta última sessão da semana, estão já a valorizar. Lisboa segue a tendência positiva das pares, mas Madrid continua a perder valor.

O PSI-20 abriu a sessão de sexta-feira com uma quebra de 0,08% para os 5,455.73 pontos, mas está já a ganhar 0,2%. O Stoxx 600, o índice que agrega as maiores empresas europeias, também esteve a perder, mas avança 0,23%, dando o mote aos restantes mercados. O IBEX-35, da vizinha Espanha cai, chegando a perder 0,16%, pressionado pela situação na Catalunha.

Por cá, as energéticas começaram por pressionar mas rapidamente recuperaram, apresentando ligeiras subidas. A Galp Energia abriu com uma quebra de 0,13% para os 15,705 euros e a EDP está inalterada, a cotar nos 3,02 euros. Isto num dia em que o barril de Brent, referência para a Europa nos preços do petróleo, se encontra a valorizar 0,51% para os 57,53 dólares.

A Jerónimo Martins e o BCP, dois dos pesos pesados do PSI-20, ajudam a bolsa nacional a recuperar da queda registada na última sessão. O retalhista liderada por Pedro Soares dos Santos sobe 0,19% para os 15,70 euros e o banco liderado por Nuno Amado sobe exatamente na mesma medida para os 25,74 cêntimos.

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António Mendonça Mendes: “Se há medidas que protegem os recibos verdes, são estas”

  • ECO
  • 20 Outubro 2017

O secretário de estado dos assuntos fiscais, António Mendonça Mendes, explica porque considera que os trabalhadores independentes "saem beneficiados" do OE2018.

O secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, António Mendonça Mendes, volta a rejeitar a crítica de que há uma penalização sobre os trabalhadores que passam recibos verdes. Diz que as alterações ao regime simplificado são uma “medida de justiça fiscal”. E insiste, em entrevista ao Jornal de Negócios (acesso pago) que “este Orçamento é de alívio de impostos para todos”.

“Este orçamento, à semelhança dos anteriores, dá previsibilidade e estabilidade e não aumenta os impostos a ninguém. A alteração que propomos ao regime simplificado [dos recibos verdes] visa cumprir o princípio de justiça e equidade fiscal e não aumenta a carga fiscal sobre nenhum contribuinte”, diz o secretário de Estado.

Os trabalhadores independentes até “saem beneficiados” do OE2018, diz o secretário de Estado. E aponta três razões: estão sujeitos ao alívio da nova tabela de escalões e taxas de IRS, está prevista a impenhorabilidade total dos seus rendimentos e viram um alargamento do mínimo de existência pela primeira vez desde 1989.

"Porque é que um idoso tem de provar todas as despesas de medicamento e a receita médica associada a esse medicamento, e eu não posso pedir que as despesas destes profissionais sejam declaradas?”

António Mendonça Mendes

Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais

No regime simplificado, o fisco assume que 25% do rendimento dos trabalhadores a recibo verde corresponde a despesas, tributando apenas o resto. Mas o Orçamento do Estado para 2018 vem agora garantir apenas uma dedução de 4.104 euros: caso o limiar de 25% seja superior a este valor, é preciso apresentar faturas.

Para António Mendonça Mendes, a verdadeira questão é “se devemos ou não atualizar o regime [simplificado] em função daquilo que é a evolução do próprio sistema”. Dá um exemplo: “Porque é que um idoso tem de provar todas as despesas de medicamento e a receita médica associada a esse medicamento, e eu não posso pedir que as despesas destes profissionais sejam declaradas?”.

A tecnologia avançada dá confiança a Mendonça Mendes quanto à praticabilidade da medida. “Tudo isto é feito no e-fatura“, avança. O objetivo, aliás, é também que “haja mais faturas”, motivo pelo qual existe para estes trabalhadores o conceito de “despesa relacionada” em vez de somente “despesa indispensável” com a atividade. Quer-se “cumprir o princípio de justiça e equidade fiscal e não aumenta a carga fiscal sobre nenhum contribuinte”, assegura.

Estamos a trabalhar também no regime simplificado do IRC que vai entrar em vigor em Janeiro de 2019.

António Mendonça Mendes

Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais

Confrontado com a possibilidade de aplicar o mesmo regime a todos, incluindo às empresas, António Mendonça Mendes anuncia: “Estamos a trabalhar também no regime simplificado do IRC que vai entrar em vigor em janeiro de 2019“. Relativamente a um possível aumento da derrama acordado com a esquerda, o secretário de Estado não dá uma resposta concreta: “Está a falar num pressuposto que hoje não existe. O que existe é a proposta do Governo, que não contempla nenhuma medida nessa matéria“.

Regime para não residentes em avaliação

A medida para os reformados que vêm de fora e beneficiam de uma dupla isenção de IRS não consta do Orçamento do Estado para 2018. Mendonça Mendes, que admite que “o regime permitiu, numa fase difícil, animar e ajudar a economia”, diz que este assunto está a ser trabalhado.

“Essa questão é muito complexa. Envolve as relações de Portugal com outros Estados-membro, envolve a comparação do nosso regime fiscal com outros países, designadamente com Espanha, e envolve também o sentimento de justiça fiscal que existe no País. Temos [de fazer] uma avaliação de todo o quadro. Quando esse trabalho estiver concluído iremos divulgar as suas conclusões”, refere.

Sem indicar a despesa fiscal associada ao regime, Mendonça Mendes diz apenas que no final de agosto de 2017, beneficiavam do regime de residentes não habituais cerca de 15 mil contribuintes. O número de portugueses é de cerca de 900.

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