Portugal? Fundo soberano da Noruega reduz investimento
O maior fundo soberano do mundo reduziu a sua carteira de investimentos em Portugal ao longo do último ano. Energia e setor financeiro continuam a dominar preferências.
O Norges Bank reduziu a sua exposição no mercado acionista nacional no ano passado. Mas fê-lo com alguma precisão. Reduziu no setor das telecomunicações e indústria, aproveitando para reforçar a sua aposta no setor energético e financeiro, numa estratégia que permitiu travar maiores perdas com ações portuguesas. Contas feitas, o valor da carteira de investimentos em Portugal do maior fundo soberano caiu mais de 3% em 2016 para um total de 758 milhões de euros.
As informações relativamente às posições do fundo soberano norueguês na bolsa portuguesa foram atualizadas esta terça-feira, dia em que apresentou lucros de 50 mil milhões de euros relativos ao exercício do ano passado. O retorno do fundo de 900 mil milhões de dólares ascendeu a 6,9%, no ano passado, arrasando com o resultado obtido um ano antes, quando tinha apresentado uma rentabilidade de 2,7%.
Tratou-se de um bom desempenho para o qual não contribuiu certamente Portugal. O valor da carteira em ações portuguesas registou um decréscimo dos 783 milhões de euros para 758 milhões de euros no final de 2016, menos 25 milhões de euros (ou 3%) face ao ano anterior. Em 2016, o PSI-20 caiu quase 12%. Se tivesse mantido as posições do final de 2015, tinha perdido dinheiro 45 milhões de euros, de acordo com os cálculos do ECO.
Embora tenha baixado a sua posição na generalidade das cotadas nacionais, com destaque para a Navigator, Pharol e Nos, o maior fundo soberano do mundo reforçou a sua presença na EDP, Galp e REN. O setor energético representa mesmo mais de 50% do total do portefólio do Norges Bank com ações nacionais.
Também o setor financeiro viu o maior fundo soberano do mundo aumentar o seu protagonismo num ano particularmente movimentado. No caso do BCP, tratou-se de um aumento de posição para 1,25%, num ano em que o maior banco privado português assistiu à entrada de um novo acionista de referência: a Fosun. No caso do BPI, com o anúncio de Oferta Pública de Aquisição (OPA) do CaixaBank, o Norges Bank reforçou a sua posição para 0,77%, no final de 2016.
Eram 20 cotadas em que o fundo norueguês tinha dinheiro investido no final de 2016, menos duas cotadas do que no final do ano anterior. Saltaram da carteira a F. Ramada e a Martifer, duas cotadas onde a presença do fundo já era manifestamente reduzida no final de 2015.
Onde é que o maior fundo soberano do mundo está presente?
O Norges Bank é o maior fundo soberano do mundo. Os seus investimentos estão sobretudo centrados em ações (62,5%), o que lhe permitiu um bom resultado no último ano, muito à custa dos EUA. Por geografia, a exposição do fundo à Europa caiu de 36% para 38,1%, já no caso dos EUA assistiu-se a um aumento de 40% para 42,3%. A exposição à Ásia deslizou ligeiramente para 17,9%, já a aposta nos emergentes ficou praticamente inalterada, representando 10% da carteira de investimentos do fundo soberano da Noruega.
Uma importante “fatia” do fundo está investida também em dívida. As obrigações representam 34,3% da carteira, sendo que nesta também há dívida nacional, embora o país fique fora do radar no que respeita ao investimento imobiliário. Os ativos imobiliários representam 3,2% da carteira do fundo.
No que toca em investimentos em títulos de dívida, o Norges Bank reforçou as suas compras em obrigações públicas, dos 110 milhões de euros para 321 milhões de euros. E praticamente deixou de ter obrigações da Caixa Geral de Depósitos, detendo pequenas aplicações em dívida na Infraestruturas de Portugal, CP e Parpública.
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