Draghi não vê razões para subir juros antes de terminar estímulos
Presidente do Banco Central Europeu reiterou o compromisso com o guidance que tem anunciado aos mercados. Juros só subirão assim que o plano de estímulos terminar. Palavra de Draghi.
Mario Draghi não vê ainda razões para alterar o rumo da política monetária na zona euro. O presidente do Banco Central Europeu (BCE) reiterou esta quarta-feira o compromisso de terminar o programa de estímulos antes de começar a subir as taxas de juro diretoras. Mesmo depois de o Relatório de Estabilidade Financeira ter alertado para um aperto das condições monetárias na zona euro, que pode comprometer a sustentabilidade da dívida pública da região.
“Não há razões para qualquer desvio face às indicações que temos consistentemente fornecido nas declarações introdutórias das nossas conferências de imprensa”, referiu Draghi, num discurso em Madrid. “O programa de compra de ativos está inevitavelmente mais difícil de calibrar, torna-se mais complexa a sua implementação e é mais provável que produza efeitos colaterais do que outros instrumentos, incluindo as taxas moderadamente negativas”, frisou.
Com o programa de aquisição de títulos no setor público previsto para terminar no final do ano, o líder do BCE deixa um importante sinal ao mercado de que a normalização da política monetária só acontecerá mais lá à frente, tal como tem sugerido o forward guidance do BCE, apesar das insistências de alguns responsáveis alemães para começar a subir os juros numa altura em que a retoma da economia e da inflação começa a cimentar na região.
No Relatório de Estabilidade Financeira publicado esta quarta-feira, a instituição frisou os riscos da subida dos juros em várias partes do mundo para a sustentabilidade do endividamento público do bloco da moeda única.
“Os riscos para a estabilidade financeira decorrentes dos mercados financeiros continuam a ser significativos, sobretudo devido à possibilidade de uma nova reavaliação rápida nos mercados globais das obrigações”, frisou a instituição liderada por Mario Draghi.
"Não há razões para qualquer desvio face às indicações que temos consistentemente fornecido nas declarações introdutórias das nossas conferências de imprensa.”
A próxima reunião de política monetária do BCE acontece no dia 8 de junho, em Tallinn, capital da Estónia. Além dos juros, o banco central vai atualizar as projeções económicas para a região.
Draghi considerou que “o ambiente macroeconómico está a melhorar” graças às “medidas de política monetária colocadas no terreno nos anos mais recentes” que provaram ser “eficazes na sustentação de uma retoma resiliente”.
Inflação escassa, diz Praet
Na parte da manhã, Peter Praet, membro da comissão executiva e economista chefe do BCE, deixou pistas no mesmo sentido em relação à manutenção dos juros. Aquele responsável declarou que “as pressões na inflação subjacente continuam a deixar poucas indicações de uma tendência de subida convincente”.
“A recuperação económica e o outlook para a estabilidade dos preços permanecem condicionadas a um grau de política acomodatícia muito substancial”, disse.
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