Três formas como a investigação vai castigar a EDP
O Haitong não tem dúvidas de que a investigação do Departamento Central de Investigação e Ação Penal é "negativa" para a EDP. E dá três formas como vai continuar a tirar energia à elétrica portuguesa
Os Custos para a Manutenção do Equilíbrio Contratual, mais conhecidos por CMEC, levaram a Polícia Judiciária e o Ministério Público a realizarem buscas à EDP e à REN. As suspeitas de prática de corrupção ativa, corrupção passiva e participação económica em negócio ditaram que António Mexia, bem como Manso Neto, fossem constituídos arguidos. Situação que, diz o Haitong, é “negativa”, para a EDP.
As ações da elétrica portuguesa estão já a ressentir-se da investigação. Os títulos da EDP, que já tinham terminado a semana com uma queda superior a 1%, acentuaram a tendência negativa, registando uma descida de quase 4,5% que está a condicionar o comportamento da bolsa nacional: o PSI-20 está a perder 1%. E deverá, de acordo com o Haitong, continuar a pesar. Vê três impactos negativos no desempenho da elétrica portuguesa.
“Primeiro, o óbvio impacto negativo em termos de governação já que ter os principais responsáveis da empresa a serem investigados por suspeitas de corrupção nunca é bom”, diz Jorge Guimarães, analista do Haitong. “Em segundo lugar, há a perda de foco da gestão à medida que o processo evolui”, refere, notando que apesar de não haver restrições em torno do contacto entre Mexia e Manso Neto, “isto irá naturalmente afetar a atividade”.
Há ainda um terceiro ponto que é, provavelmente, a “questão-chave para os investidores”, refere o Haitong. Será a EDP forçada a dar algum tipo de compensação pelos ganhos excessivos com os CMEC no passado ou irão sentir algum impacto no fecho do valor dos CMEC, que ainda está a ser finalizado? São questões levantadas pelo Haitong que ajudam a explicar o comportamento negativo registado pela EDP.
“Em relação à devolução de ganhos passados, consideramos que é improvável já que para que isso aconteça terá de se provar que o aumento dos preços não estava correto (na altura da decisão quanto ao valor, os preços da energia estavam a aumentar) ou que o valor da extensão das concessões hidroelétricas foi feito a um valor injustificadamente baixo para a EDP”, diz o Haitong, salientando que “não será fácil provar-se isso”.
"Em relação à devolução de ganhos passados, consideramos que é improvável já que para que isso aconteça terá de se provar que o aumento dos preços não estava correto (na altura da decisão quanto ao valor, os preços da energia estavam a aumentar) ou que o valor da extensão das concessões hidroelétricas foi feito a um valor injustificadamente baixo para a EDP.”
“Onde vemos alguns riscos de curto prazo é na definição do valor final dos CMEC já que a posição negocial da EDP será, agora, mais fraca tendo em conta a probabilidade de uma posição mais dura por parte das entidades evolvidas”, ou seja, a ERSE e o Governo, remata o analista Jorge Guimarães.
O banco de investimento conclui a avaliação do impacto desta investigação com uma perspetiva também negativa sobre o efeito que tem na OPA lançada pela EDP sobre a EDP Renováveis. “Apesar de improvável, não excluiríamos mais atrasos no processo”, diz o Haitong. “Se a perda de foco [da administração em resultado da investigação] se tornar uma realidade, a probabilidade de uma revisão em alta do preço é menor”, remata. A oferta é de 6,75 euros por ação.
EDP ao fundo com investigação judicial
Nota: A informação apresentada tem por base a nota emitida pelo banco de investimento, não constituindo uma qualquer recomendação por parte do ECO. Para efeitos de decisão de investimento, o leitor deve procurar junto do banco de investimento a nota na íntegra e consultar o seu intermediário financeiro.
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