Dow Jones em máximos. Bolsas sobem à espera da reforma fiscal

As bolsas norte-americanas fecharam no verde num dia marcado pela extensão do corte na produção de petróleo e pelo apoio de John McCain à prometida reforma fiscal de Trump.

As bolsas norte-americanas fecharam em terreno positivo. As tecnológicas recuperaram das perdas de quarta-feira e o índice industrial renovou novos máximos históricos, num dia carimbado pelo apoio de John McCain à reforma fiscal da Administração Trump, que resultará numa redução dos impostos para as empresas. A sessão ficou também marcada pelo alargar, até final de 2018, dos cortes na produção de petróleo.

O índice de referência, S&P 500, fechou a avançar 0,82% para 2.647,58 pontos, enquanto o tecnológico Nasdaq valorizou 0,73% para 6.873,97 pontos, depois da queda de quase 1,3% registada esta quarta-feira. No entanto, os holofotes estiveram voltados para o Dow Jones, que superou pela primeira vez a fasquia dos 24.000 pontos: tocou um máximo histórico de 24.327,82 e fechou a subir 1,38% para 24.272,21 pontos.

Esta semana, a prometida reforma fiscal com uma redução do IRC para as empresas tem dado fortes passos no sentido de se tornar realidade. Principalmente depois de John McCain ter demonstrado apoio à nova legislação, embora a senadora republicana Susan Collins, do Estado do Maine, tenha mostrado reservas em relação à proposta da maneira que foi apresentada ao Senado, e deverá votar contra.

Para o documento passar, só dois dos 52 senados republicanos poderão votar contra a proposta. Caso contrário, a reforma é chumbada. A votação deverá acontecer ainda esta semana.

No mercado das matérias-primas, nota para o acordo alcançado entre a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), a Rússia e outros países aliados, que decidiram estender até ao final de 2018 o histórico acordo com vista ao corte na produção de petróleo. A informação foi avançada numa conferência de imprensa e surpreendeu os analistas, que acreditavam que Moscovo estaria relutante em apoiar esta decisão.

Porem, à hora de encerramento de Wall Street, o preço do petróleo valorizava apenas 0,02% para 57,31 dólares o barril. A valorização era mais expressiva em Londres, com o Brent a avançar 0,73% para 63,57 dólares.

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Estado vai injetar mais 180 milhões de euros na IP. São já 880 milhões só este ano

O Governo aprovou o quarto aumento de capital da Infraestruturas de Portugal (IP) deste ano. São mais 180 milhões de euros, que perfazem 880 milhões no total do ano.

O Estado português vai injetar mais 180 milhões de euros na Infraestruturas de Portugal (IP), num aumento de capital a realizar através da emissão de 36.000 novas ações, no valor de 5.000 cada. A informação foi comunicada pela empresa à CMVM esta quinta-feira.

“Após este aumento, o capital social fixou-se em 4.925.375.000 euros, representado por 985.075 ações com valor nominal de 5.000 euros cada”, sublinha a nota remetida ao regulador dos mercados. Este é o quarto aumento de capital da empresa, num montante total de 880 milhões de euros, só este ano.

Em fevereiro, o Estado deliberou aumentar o capital da Infraestruturas de Portugal em 460 milhões de euros. Em abril, novo aumento de capital, no valor de 140 milhões de euros. Em junho, mais um aumento, de 100 milhões. Soma-se agora este, de 180 milhões de euros, com o capital da empresa a fixar-se, assim, bem perto dos cinco mil milhões de euros.

O comunicado não esclarece, no entanto, o motivo subjacente a mais um aumento de capital. No final do primeiro semestre, a empresa acumulava uma dívida de 8,1 mil milhões de euros.

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Marcelo sobre Centeno: “Cargo de ministro das Finanças é mais importante”

  • ECO
  • 30 Novembro 2017

Apesar da candidatura de Mário Centeno ao Eurogrupo ser "uma razão de alegria para os portugueses", Marcelo considera que, a ser eleito, a tutela das Finanças deverá ser a prioridade do ministro.

Para o Presidente da República, o papel de Ministro das Finanças é mais importante do que a presidência do Eurogrupo, à qual Mário Centeno se candidatou esta quinta-feira.

Confrontado com o favoritismo de Mário Centeno na corrida ao Eurogrupo, Marcelo relembra que o ministro “ainda não está eleito” apesar de assumir que “os sinais são claramente positivos”. Mas caso a eleição se venha a verificar, o Presidente da República não tem dúvidas “o lugar de Ministro das Finanças de Portugal é mais importante que o cargo de presidente de Eurogrupo”, disse em declarações transmitidas pelas televisões.

“Sendo [os cargos] acumuláveis, naturalmente que importa às Finanças que o ministro das de Portugal continue a garantir um percurso que é indubitavelmente positivo, e a Europa reconhece isso, mas que é preciso garantir até ao final da legislatura”, acrescentou, citado pela Lusa. “O fundamental é que, enquanto ministro das Finanças de Portugal, garanta o caminho e a gestão das finanças portuguesas de modo a merecer, como mereceu, aparentemente, ou pode vir a merecer, o aplauso e o apoio da Europa”. “Depois, se for possível juntar a isso a defesa na Europa daquilo que é fundamental para a Europa e para Portugal, melhor”, acrescentou Marcelo.

Para Marcelo, a aceitação de Mário Centeno como um candidato forte é “sinal da consideração do ministro, do Governo e de Portugal a nível europeu, e nesse sentido é uma razão de alegria para os portugueses.” O Governo afirmou esta quinta-feira que a possível eleição de Centeno “reforçará a solidariedade europeia”, embora PCP, BE e PEV se declarem indiferentes.

Centeno enfrentará três concorrentes. São eles Pierre Gramegna, do Luxemburgo, Peter Kazimir, da Eslováquia e Dana Reizniece-Ozola, da Letónia. O vencedor será votado e anunciado a 4 de dezembro.

Artigo atualizado às 20h50

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Aos 82 anos, Luciano volta à Benetton para salvar a marca

  • Juliana Nogueira Santos
  • 30 Novembro 2017

O fundador quer afastar os gestores que têm passado pela United Colors of Benetton para voltar a fazer da sua empresa uma casa de família.

Luciano entregou a liderança da empresa ao seu filho, mas agora volta a agarrar o leme da Benetton.Laia Abril/FABRICA

Dez anos após ter entregue a liderança da empresa que fundou ao filho, Luciano Benetton anunciou que vai voltar para tentar salvar um negócio à beira da ruína. Aos 82 anos, o empresário quer afastar os gestores que têm passado pela United Colors of Benetton para voltar a fazer da sua empresa uma casa de família.

“Primeiro deixei o meu filho, Alessandro, que logo deu dois passos atrás. E a empresa foi confiada a gestores”, apontou o empresário, em entrevista ao diário italiano La Repubblica. Agora, quer voltar com a sua irmã, Giuliana, que já tem 80 anos, a apostar nas malhas, o produto que fez o nome da Benetton.

Benetton afirmou que “é uma dor intolerável” ver a sua empresa apresentar resultados assim, visto que, “em 2008, deixei a empresa com 155 milhões de euros em ativos e agora volto com 81 milhões em passivo”. “É por isso que volto ao corte.”

O empresário considera que “a gestão tem sido confusa, não no sentido criminoso”, mas sim no sentido de identidade de marca. “Enquanto os outros nos imitavam, a United Colors perdeu as suas cores. Falhámos. As lojas que estavam cheias de luz ficaram escuras e sombrias”. Mas o pecado maior foi abandonar as malhas. “Foi como se tivéssemos tirado a água de um aqueduto.”

"Enquanto os outros nos imitavam, a United Colors perdeu as suas cores. Falhámos. As lojas que estavam cheias de luz ficaram escuras e sombrias.”

Luciano Benetton

Fundador da United Color of Benetton

A Benetton, para além de registar resultados negativos, já despediu mais de 2.000 empregados por todo o mundo e já saiu de mercados como a América do Sul e os Estados Unidos da América.

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OPEP e Rússia em acordo. Corte na produção de petróleo mantém-se até final de 2018

A Rússia e a OPEP chegaram a um acordo para manter os cortes na produção de petróleo até ao final de 2018. Acordo surpreende o mercado.

Os países da OPEP e a Rússia chegaram a um acordo para manter os cortes na produção de petróleo até ao final do ano que vem, uma medida que vem contrariar as expectativas dos analistas, que acreditavam que Moscovo estaria relutante em alinhar com o cartel nesta decisão.

De acordo com a Bloomberg, a decisão de manter os cortes na produção da matéria-prima até ao final de 2018 mostra a solidez do acordo que começou há um ano e ditou uma subida de 20 dólares no preço do barril negociado nos principais mercados, bem como uma queda nos stocks.

“Estamos unidos, ombro com ombro. Estamos completamente alinhados”, disse o ministro da Energia da Arábia Saudita, Khalid Al-Falih, citado pela Bloomberg, numa conferência de imprensa conjunta com o homólogo russo, Alexander Novak.

Depois da notícia, o preço do petróleo recuperou em Londres e Nova Iorque. O contrato de WTI negociava-se a 57,40 dólares, um avanço intradiário de cerca de 0,16%. O Brent, referência para as importações nacionais, valorizava 0,71% para 63,55 dólares.

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A tarde num minuto

  • Rita Frade
  • 30 Novembro 2017

Não teve tempo de ler as notícias esta tarde? Fizemos um best of das mais relevantes para que fique a par de tudo o que se passou, num minuto.

A candidatura do ministro das Finanças, Mário Centeno, à presidência do Eurogrupo continuou em destaque esta tarde.

O ministro das Finanças fez uma declaração ao país, em 20 minutos, onde destacou os “consensos”: aqueles que conseguiu internamente e os que quer alcançar na Europa.

Apesar de a divulgação da lista definitiva de candidaturas à presidência do fórum de ministros das Finanças da zona euro ter sido agendada para sexta-feira, o Conselho publicou esta quinta-feira um comunicado a confirmar que foram quatro os ministros a apresentar candidaturas até ao prazo limite para o efeito: Mário Centeno, Pierre Gramegna (Luxemburgo), Peter Kazimir (Eslováquia) e Dana Reizniece-Ozola (Letónia).

As revisões da prestação da casa realizadas em dezembro vão ditar uma nova descida, apesar de curta, nos encargos dos créditos que usam os indexantes com prazos mais longos. Os empréstimos que usam a Euribor a três meses não acompanham esse movimento, mas os encargos mantêm-se.

A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) faz uma avaliação nada satisfatória à atividade dos intermediários financeiros em Portugal, isto ao mesmo tempo que rejeita que a nova Diretiva dos Mercados de Instrumentos Financeiros II (DMIF II) seja um “tsunami regulatório” que vai varrer muitas instituições assim que entrar em vigor no próximo ano. Pelo contrário.

A Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (Deco) não registou “qualquer reclamação ou denúncia” relativamente aos recentes dias de descontos no país, como a Black Friday, enquanto a plataforma Portal da Queixa recebeu 32 queixas.

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Alexandre Matos é o novo CFO da Altice Portugal

A Altice Portugal, dona da PT e da Meo, "reforçou" o comité executivo e nomeou Alexandre Matos para o cargo de CFO. Nomeação tem "efeito imediato".

Alexandre Matos, o novo CFO da Altice Portugal.D.R.

A Altice Portugal tem um novo diretor financeiro. Alexandre Matos, gestor com 24 anos de experiência, assume a partir desta quinta-feira o cargo de CFO (chief financial officer) da dona da PT e da Meo, substituindo Gustavo Monteiro, que exercia as funções desde abril de 2017. Anteriormente, Alexandre Matos era assessor financeiro do grupo MSF e do grupo Maló. A informação foi avançada pela empresa em comunicado.

Segundo a nota, a escolha de Alexandre Matos para ficar com a pasta financeira do grupo em Portugal foi feita por Alexandre Fonseca, o novo presidente executivo da companhia. “Alexandre Fonseca reforçou hoje [quinta-feira] o comité executivo da Altice Portugal, com a nomeação de Alexandre Matos, como CFO, ficando este responsável pelos pelouros financeiros”, lê-se na nota, que acrescenta que “esta nomeação tem efeito imediato”.

O ECO sabe que Alexandre Matos é um homem de confiança de Alexandre Fonseca e que os dois já trabalharam juntos no passado. Gustavo Monteiro, que cessa agora as funções de CFO, continuará, para já, na empresa. “Com 24 anos de experiência em consultoria financeira, [Alexandre Matos] esteve presente em funções de gestão no grupo RAR e na PriceWaterHouseCoopers. O novo gestor tem 47 anos e era anteriormente assessor financeiro do grupo MSF e do grupo Maló”, acrescenta a nota enviada pela Altice Portugal.

Alexandre Matos é licenciado em gestão de empresas pela Universidade Católica Portuguesa e foi, entre 2010 e 2015, diretor financeiro do grupo Opway, diretor de operações do grupo Top Atlântico e diretor financeiro das Páginas Amarelas. A carreira foi iniciada como auditor na PriceWaterHouseCoopers, informa o comunicado.

Esta é a mais recente mudança na estrutura de gestão do grupo Altice em Portugal. Este mês, Cláudia Goya passou de presidente executiva a chairman não executiva, tendo sido substituída por Alexandre Fonseca no cargo, que era, até então, o diretor tecnológico da companhia. Luís Alveirinho ficou com o cargo de diretor tecnológico, enquanto Paulo Neves, ex-presidente da PT e chairman executivo, demitiu-se e saiu da empresa.

(Notícia atualizada às 19h12 com mais informações)

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Maiores bancos têm até 2021 para constituir reserva de capital

O regulador considera que a banca ainda enfrenta vários desafios e, por isso, decidiu alargar o prazo para que os maiores bancos constituam uma reserva de fundos próprios.

O Banco de Portugal decidiu, no final de 2015, impor uma reserva de capital aos maiores bancos nacionais, de acordo com o seu peso no sistema. Inicialmente, a banca tinha até este ano para constituir essa reserva, mas os “desafios que o sistema bancário português ainda enfrenta” levaram o regulador a alargar, pela segunda vez, este prazo. Os bancos têm agora até 2021 para constituir esta reserva.

A decisão aplica-se às chamadas “outras instituições de importância sistémica” (O-SII) e abrange os seis maiores bancos a atuarem em Portugal: Caixa Geral de Depósitos (CGD), Banco Comercial Português (BCP), Novo Banco, Santander Totta, BPI e Montepio Geral.

A reserva será constituída de forma gradual, de 2018 a 2021: “25% da reserva em 1 de janeiro de 2018, 50% da reserva em 1 de janeiro de 2019, 75% em 1 de janeiro de 2020 e 100% em 1 de janeiro de 2021. Será revista anualmente ou caso ocorra um processo de restruturação significativo, nomeadamente uma fusão ou aquisição”, pode ler-se no comunicado emitido, esta quinta-feira, pelo Banco de Portugal.

A reserva de fundos próprios é calculada através de uma percentagem do valor total de ativos do banco, descontando os riscos. Assim, a CGD, o maior banco português, terá de constituir uma reserva de 1% em 2021. No caso dos restantes bancos, por serem de menor dimensão, a exigência será menor. O BCP terá de chegar a 2021 com uma reserva de 0,75% dos capitais próprios, o Novo Banco, Santander Totta e BPI com 0,5% e o Montepio Geral com 0,25%.

O Banco de Portugal justifica que “decidiu estender o prazo para cumprimento” destas reservas “tendo em consideração os desafios que o sistema bancário português ainda enfrenta, num contexto em que as taxas de juro permanecem muito baixas”.

Entre os desafios, o Banco de Portugal destaca quatro:

  1. A necessidade de os bancos continuarem a reduzir os ativos não produtivos em balanço;
  2. O impacto da implementação da nova norma contabilística, designada IFRS 9, a partir de janeiro de 2018;
  3. A necessidade de as instituições bancárias acederem ao mercado de capitais de forma a cumprirem os novos requisitos relativos a capitais próprios e ativos elegíveis no âmbito do enquadramento relativo à resolução bancária (no acrónimo inglês MREL – Minimum Requirements for Own Funds and Eligible Liabilities);
  4. O final do prazo para “desreconhecimento” de alguns instrumentos até agora incluídos nos fundos próprios regulamentares (em 2018).

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São muitos os êxitos de Belmiro. Menos estes cinco negócios

Tem um percurso de êxito como poucos, mas Belmiro colecionou alguns flops que vão ficar na história do país. Como a OPA falhada à PT ou o negócio que o fez cortar relações com o ministro da Economia.

Belmiro de Azevedo foi um dos empresários portugueses mais bem-sucedidos, mas o seu percurso nos negócios não é imaculado. Longe disso. Desde a má experiência no Brasil ao falhanço da oferta pública de aquisição (OPA) sobre a PT, passando pelo corte de relações com antigo ministro da Economia, Carlos Tavares, o antigo presidente da Sonae colecionou um conjunto de “flops” que, em muitos casos, até engordaram a sua carteira.

Um cheque de 12 mil milhões que não chegou para comprar a PT

A história resumida seria mais ou menos assim: Belmiro de Azevedo apresentou um cheque de 11,8 mil milhões de euros para comprar a Portugal Telecom em 2007. Mas a milionária proposta não chegou para convencer os acionistas, entre os quais estava o Estado (através da golden share). Porque não foi bem-sucedido? Belmiro de Azevedo confidenciou um dia que chegaria a viver tempo suficiente para perceber as razões que levaram a sua OPA ao falhanço. E de alguma forma obteve respostas às suas dúvidas.

Foi uma jogada de risco como aquelas a que Belmiro já estava habituado e a parada estava alta: a 6 de fevereiro de 2006, a Sonaecom lançou uma OPA hostil sobre a PT no valor de 11,1 mil milhões de euros. Apercebendo-se que teria de acenar com mais dinheiro para chamar a atenção de mais acionistas, um ano depois tratou de engordar o cheque com mais 700 milhões de euros: 11,8 mil milhões de euros. Seria o maior negócio de sempre em Portugal. Mas não chegou a ser.

Mesmo para o mais ambicioso Belmiro, a magnitude da operação requereu operações diplomáticas junto do Governo. “Foi a única vez que, com o meu filho Paulo, e pela dimensão do projeto, decidi ir falar com o primeiro-ministro, por uma razão simples: era uma OPA hostil e um dos acionistas era o Estado, com uma golden share. Se o Governo nos tivesse dito nessa altura que não, que seria contra a venda da PT, nós não teríamos lançado a operação. [Sócrates] ficou muito espantado e elogiou imenso a ousadia da Sonae. Por isso, avançamos”, lembrou o empresário, pouco tempo depois de a OPA da Sonaecom ter falhado redondamente com o chumbo numa assembleia geral da PT, realizada em março de 2007.

Para o então presidente da Sonae, o falhanço da OPA tem um rosto: José Sócrates. Acusou o antigo primeiro-ministro de ter dado ordens à Caixa Geral de Depósitos para votar contra a milionária proposta da Sonae. “Perguntei a cinco antigos presidentes da CGD quem mandava em situações como aquela e todos me disseram o mesmo: a independência da administração é total, exceto relativamente à EDP, Galp e PT. Não tenho, pois, dúvidas de que o voto contra da Caixa, na Assembleia Geral que chumbou a OPA, foi ditado pelo Governo. Todos os sabem. E estou convencido que ainda vou ter vida suficiente para saber exatamente como tudo se passou nos bastidores“, dizia Belmiro de Azevedo.

De alguma forma, o tempo veio dar-lhe razão. Em 2015, os investigadores do Ministério Público começaram a investigar o falhanço desta OPA. Este ano, quando foi conhecida a acusação da Operação Marquês, soube-se que José Sócrates é suspeito de ter recebido, de Ricardo Salgado, seis milhões de euros para que o então primeiro-ministro travasse a OPA à PT.

Belmiro de Azevedo com o então primeiro-ministro José Sócrates.Estela Silva / Lusa

Carlos Tavares travou compra da Portucel em 2002

Foi outro dos grandes confrontos de Belmiro de Azevedo com o poder político. Estávamos em 2002 e o Governo pretendia privatizar a papeleira Portucel, onde detinha uma posição de 56%.

Entre os naturais interessados estava a Sonae, na altura o segundo maior acionista da papeleira portuguesa com 25% do capital. Para Belmiro, era tudo ou não: queria ter o controlo absoluto, ter o poder de decidir o futuro da empresa que trabalhava num setor que a Sonae bem conhecia. Mas essa não era a intenção do ministro da Economia, Carlos Tavares, que definiu através do modelo de privatização que a Portucel “não deverá ser dominada por um único acionista”. “Temos de nos habituar a que os acionistas partilhem o poder”, frisava Tavares.

As palavras do ministro foram consideradas por Belmiro como uma clara orientação política numa privatização que deveria seguir as regras do mercado ou que, pelo menos, favorecesse um grupo português. Por isso mesmo, o então presidente da Sonae cortou relações com Carlos Tavares, acusando-o de revelar frustração por nunca ter gerido uma empresa. “O Governo poderia fazer o que é normal, que é proteger um grupo português (…). Houvesse uma grande empresa portuguesa para privatizar que fosse para portugueses”, declarou Belmiro de Azevedo numa entrevista ao Semanário Económico publicada na altura.

De fora da corrida pela Portucel, a Sonae vendeu a sua posição em 2004 por cerca de 300 milhões de euros, depois de aceitar a proposta de aquisição da Semapa, de Pedro Queiroz Pereira. Anos mais tarde, Paulo Azevedo reconhecia ao Jornal de Negócios que “felizmente não ficou mal entregue”. Hoje em dia a Portucel chama-se Navigator. É uma das maiores papeleiras do mundo.

Samba no Brasil correu mal

Poucos anos depois de ter iniciado no setor do retalho e distribuição em Portugal, a Sonae tentava internacionalizar-se neste segmento. Destino: Brasil. Foi lá que comprou parte da CDR em 1989 e, embora tenha adquirido depois a totalidade deste grupo, a operação brasileira nunca trouxe o retorno desejado para Belmiro de Azevedo.

A verdade é que os grandes grupos de retalho nacionais raramente singraram no Brasil, incluindo a rival de sempre da Sonae, a Jerónimo Martins. E por várias vezes o próprio Belmiro foi dizendo que não recusaria uma proposta pelo seu negócio de distribuição que fosse suficientemente atrativa. Ela apareceu.

Quando anunciou o desinvestimento no mercado brasileiro, em 2005, a Sonae enunciou “dificuldades da operação em apresentar níveis de rendibilidade superiores ao elevado custo de capital empregue naquele mercado”. Isto além da concorrência apertada e “desleal”.

Através da Modelo Investimentos Brasil, o grupo português vendeu todas as lojas que detinha naquele mercado por 635 milhões de euros ao grupo americano Wal-Mart, tendo garantido que não voltaria a lá investir tão cedo.

Belmiro de Azevedo na cerimónia em que recebeu o prémio “Personalidade do Ano” do presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira (CCILB), como fundador e presidente do Conselho de Administração do Grupo Sonae. 19 de junho de 2015. ANTÓNIO COTRIM/LUSA

Quando entregou o comando da TVI a Moniz

Se hoje se insurge veementemente contra a compra da Media Capital pela francesa Altice, há uns anos era a Sonae que procurava alargar os seus interesses nos conteúdos televisivos. Mais concretamente em 1998, tinha a TVI cinco anos de vida, quando Belmiro de Azevedo assumiu uma posição de destaque dentro da estação de Queluz.

Em junho desse ano, a Sonae associou-se à Cisneros e à Lusomundo para ficar com a gestão daquele canal. E foi por indicação de Belmiro de Azevedo que José Eduardo Moniz assumiu funções como diretor-geral da estação.

Ainda assim, a aventura da Sonae na TVI acabaria por não durar muito tempo. A Media Capital de Pais do Amaral açambarcou as posições de referência daquelas três empresas e passou a deter mais de 90% do capital da TVI.

Do núcleo forte ao núcleo mole com OPA do BCP ao BPA

É a história de mais um capítulo em que as coisas não correram de feição a Belmiro de Azevedo.

Em 1992, na sequência do processo de privatização do Banco Português do Atlântico (BPA), a Sonae vislumbrou a oportunidade para controlar um banco português. E a verdade é que, durante algum tempo, manteve essa expectativa, já que contava com um grupo de aliados poderosos, entre eles grupo Mota, a Riopele, a RAR, Ilídio Pinho, a Soares da Costa, a Valongo, a Maconde, a Quintas e a Salvador Caetano.

“Quando a Sonae entra no BPA, a sua intenção era ser uma acionista de referência do maior banco português e, se possível, controlar. Estes eram os objetivos fundamentais. Ainda que fosse importante a alavanca poderosíssima que seria esse controlo para o resto dos negócios da Sonae”, recorda Magalhães Pinto, quadro do BPA, no livro que conta os 50 anos da história da Sonae.

Mas a administração do banco liderado por João Oliveira queria que fossem os quadros a mandar no banco — tal como acontecia no alemão Deutsche Bank. E a perfeita distribuição do controlo do capital do BPA pelos vários acionistas permitiu essa gestão independente durante algum tempo. Até que o BCP lançou uma primeira OPA em 1995, sem grandes resultados.

Tentou-se blindar os estatutos do banco para evitar uma nova OPA no futuro. Administração e acionistas estavam de acordo, todos menos a Sonae, maior acionista com 9% do BPA, que queria ter controlo total da instituição.

No livro dos 50 anos da Sonae, conta-se que terá sido o ministro das Finanças da altura, Eduardo Catroga, a convidar o BCP para lançar um novo ataque ao BPA. “O BCP responde afirmativamente deixando quase todos os acionistas aliviados. Só a Sonae está descontente, batalhando até ao último momento para evitar o sucesso da OPA, agindo de modo próprio, quase sem aproximação à administração do banco e, a certa altura, contando com o apoio do BPI”, recorda o livro. Belmiro só se deu por vencido quando o BPI foi informado de que o governo não autorizava a operação.

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Governo aprova Programa de Revitalização do Pinhal Interior

  • Lusa
  • 30 Novembro 2017

O Programa aprovado em Conselho de Ministros inclui medidas de estabilização de emergência dos solos e o lançamento de um programa de atração de investimento.

O Governo aprovou o Programa de Revitalização do Pinhal Interior, que será implementado entre 2018 e 2022 nos municípios da região Centro afetados pelos incêndios, com vista à “transformação estrutural destes territórios” ao nível da floresta.

“A aposta do plano é um espaço ordenado, com capacidade de ter uma viabilidade económica, assente numa floresta multifacetada que possa ser mais resiliente aos incêndios e que possa também reter e atrair população”, declarou hoje o ministro-adjunto, Pedro Siza Vieira, no final da reunião do Conselho de Ministros.

Os sete concelhos que integram o Programa de Revitalização do Pinhal Interior são Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos, Góis, Pampilhosa da Serra, Pedrógão Grande, Penela e Sertã.

"Era importante projetar o futuro e tentar encontrar uma forma de, integradamente, se poder apostar no ordenamento do espaço rústico, na resiliência dos povoamentos e das populações e, finalmente, no desenvolvimento económico e social das regiões afetadas.”

Pedro Siza Vieira

Ministro-adjunto

“Era importante projetar o futuro e tentar encontrar uma forma de, integradamente, se poder apostar no ordenamento do espaço rústico, na resiliência dos povoamentos e das populações e, finalmente, no desenvolvimento económico e social das regiões afetadas”, afirmou Pedro Siza Vieira.

O governante lembrou ainda que este programa-piloto resulta de uma iniciativa tomada pelo Conselho de Ministros em julho deste ano, após os incêndios que ocorreram em junho em Pedrógão Grande e que afetaram mais seis municípios da região Centro.

Elaborado pela Unidade de Missão para a Valorização do Interior, o programa assenta nos contributos dos sete municípios que o integram, “que se envolveram intensamente e que contribuíram com a maior parte das sugestões e das medidas que estão propostas”, indicou o ministro-adjunto.

Pedro Siza Vieira acrescentou que o trabalho dos municípios foi “muito bem articulado” com vários dos ministérios que estarão envolvidos na execução deste plano, “com vista a validar a exequibilidade das medidas e das propostas e ter uma ideia dos recursos a afetar à sua execução”.

Após a elaboração do Programa de Revitalização do Pinhal Interior, o documento foi colocado a discussão pública e foi, subsequentemente, alterado em função disso. Pedro Siza Vieira salientou que o programa “aposta numa transformação estrutural” daqueles sete municípios, já que estes territórios são, atualmente, “caracterizados por uma cultura florestal que é em contínuo”.

O prazo de execução deste programa-piloto é de quatro anos, “a partir de 2018”, avançou o governante, frisando que algumas das medidas que estão contempladas já se iniciaram.

Entre elas, o ministro-adjunto destacou as medidas de estabilização de emergência dos solos mais afetados pelos incêndios e “o lançamento de um programa de atração de investimento, ao abrigo de instrumentos financeiros europeus que, de um programa de cerca de 100 milhões de euros para investimento na totalidade dos municípios afetados pelos incêndios deste ano, cativa 25 milhões especificamente dirigidos aos municípios do Pinhal Interior”.

“Este programa já tem ações imediatamente a ser executadas, mas é um programa de folgo e de médio prazo com vista à transformação do território”, reforçou Siza Vieira.

Os incêndios que deflagraram na zona de Pedrógão Grande, distrito de Leiria, e Góis, distrito de Coimbra, a 17 de junho, provocaram 66 mortos: a contabilização oficial assinalou 64 vítimas mortais, mas houve ainda registo de uma mulher que morreu atropelada ao fugir das chamas e uma outra que estava internada desde então, em Coimbra, morreu na quarta-feira.

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Prova dos 9: Novo acordo na Autoeuropa seria ainda pior?

  • Marta Santos Silva
  • 30 Novembro 2017

Os trabalhadores rejeitaram em julho o pré-acordo da Comissão de Trabalhadores, e ontem votaram contra o seu substituto, que alguns diziam ser ainda pior do que o primeiro. É verdade? Compare aqui.

Os trabalhadores da Autoeuropa reprovaram em julho um pré-acordo de condições de trabalho entre a Comissão de Trabalhadores (CT) da empresa e a Volkswagen. Para a produção do novo modelo T-Roc, a empresa pretendia que os trabalhadores mudassem o seu horário para começar a incluir os sábados como dia normal de trabalho, e instituir uma jornada contínua com turnos noturnos. Na altura, os sindicatos e os trabalhadores opuseram-se ao acordo, o que levou mesmo à demissão da CT, atrasando as negociações até que uma voltasse a ser eleita e a negociar com a empresa.

Desta feita, esta quarta-feira os trabalhadores votaram um novo pré-acordo, mas alguns dizem que é ainda pior do que o original. Resultado? Os trabalhadores chumbaram também o novo pré-acordo. “As condições estabelecidas, ao contrário do que alguns pretenderam fazer crer, representavam uma melhoria para os trabalhadores em relação ao que já anteriormente tinha sido proposto e igualmente rejeitado”, referiu, em comunicado, a CT da Autoeuropa.

Para saber se é verdade, o ECO comparou os dois pré-acordos para traçar as diferenças.

A afirmação

O anterior pré-acordo era melhor sem dúvida alguma. Antes tínhamos sempre os domingos de descanso e agora não. E a compensação financeira é ainda mais baixa: 150 euros por mês a partir de Agosto [de 2018]“, criticou Isidoro Barradas, responsável do sindicato Sindel, afeto à UGT, ao Jornal de Negócios.

Os factos

Ao comparar os dois pré-acordos, um referendado entre os trabalhadores a 28 de julho e outro esta quarta-feira, 29 de novembro, quatro meses depois, uma das primeiras coisas a analisar é o modelo de trabalho proposto. Já que muitos trabalhadores criticavam o trabalho ao sábado e a jornada contínua, é interessante reparar que estes se mantêm em ambos os acordos.

  • Turnos e horários de trabalho

Em julho, lia-se no pré-acordo a ser votado que os turnos teriam ciclos de nove semanas: as primeiras três seriam seguidas à noite, e as outras seis seriam em turnos rotativos entre a manhã e a tarde. Os horários eram das 7.50 às 16.00 para a manhã, das 15.50 às 24.00 para a tarde, e das 23.50 às 8.00 para a noite.

No pré-acordo que os trabalhadores votaram esta quarta-feira, os horários são os mesmos, excetuando que não há horário noturno ao fim de semana. No entanto, a rotação acontece semanalmente entre os turnos da manhã, da tarde e da noite.

  • Dias de trabalho e descanso

No acordo original, a fábrica funcionaria de segunda a sábado, com o domingo como dia de folga garantida. Cada trabalhador teria cinco dias de trabalho semanais, com folgas rotativas. De três em três semanas, haveria folgas consecutivas, ou sábado e domingo, ou domingo e segunda-feira.

No segundo pré-acordo, a Comissão de Trabalhadores e a empresa acordaram que, a partir do segundo semestre do próximo ano, seria implementada uma quarta equipa juntar-se-ia às três existentes para “a introdução de um modelo de trabalho de laboração contínua”. Haveria duas folgas consecutivas, rotativas, mas o sábado e o domingo passam a ser dias de trabalho, em vez de apenas o sábado como no acordo anterior.

  • Período de transição

No pré-acordo de julho não existia referência a um período transicional, que vinha descrito em detalhe no novo pré-acordo. Este novo documento refere-se ao período de 1 de janeiro a 31 de dezembro de 2018, mas com dois modelos, em duas fases distintas. A primeira, para desde fevereiro até ao verão, representa um horário de trabalho semanal de segunda a sexta, com trabalho extraordinário a prestar ao sábado. A cada trabalhador caberiam, em média, dois sábados por mês, seja no turno da manhã, seja no turno da tarde. Nesta fase, os turnos da noite só funcionariam aos dias de semana. Na segunda fase, a implementar depois da pausa do verão, começa a laboração contínua, com trabalho todos os dias incluindo os fins de semana.

  • Remunerações adicionais

O pré-acordo reprovado em julho propunha uma remuneração adicional de 175 euros mensais pela passagem à laboração contínua, com o cumprimento de turnos noturnos, assim como um acréscimo de subsídio de turno em 10%.

O novo acordo propunha que, na primeira fase, até ao verão, os trabalhadores recebessem pagamento por horas extraordinárias pelos sábados em que trabalhassem, mas daí para a frente ofereceria um pagamento mensal adicional de 150 euros por mês para aqueles que fizerem a laboração contínua — menos 25 euros por mês do que o anterior. Também não havia referência no novo acordo a qualquer acréscimo ao subsídio de turno na segunda fase do ano.

Prova dos 9

O novo acordo é diferente do primeiro, com a diferença fundamental a ser a da introdução de duas fases na transição para a laboração contínua, que só começa a ser implementada depois do fecho da fábrica no verão. No entanto, existem outras diferenças que são significativas relativamente às exigências dos trabalhadores. A compensação pela laboração contínua é inferior no novo pré-acordo em relação ao anterior, o domingo deixa de ser um dia de descanso obrigatório, e a rotação entre turnos passa a acontecer com muito mais frequência.

No entanto, apenas os trabalhadores podem decidir qual dos acordos consideram mais favoráveis. O facto de passar mais de metade do próximo ano a trabalhar sem laboração contínua e a receber horas extraordinárias pelo trabalho ao sábado poderia pesar mais para alguns trabalhadores. Quanto às folgas, por exemplo, poderia interessar mais a certas pessoas ter a garantia de duas folgas consecutivas, como surgia no novo pré-acordo, do que ter a garantia de folga ao domingo e uma outra folga rotativa que não é consecutiva em duas de cada três semanas. Assim, a conclusão possível é que depende dos trabalhadores, que acabaram por mostrar o seu desagrado ao reprovar o novo pré-acordo.

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Centeno no Eurogrupo? É indiferente para PCP, BE e PEV

Os três partidos da maioria parlamentar concordam num ponto: a ida de Mário Centeno para o Eurogrupo é indiferente. O que interessa são as políticas da UE e essas não vão mudar, avisam.

Mário Centeno anunciou esta quinta-feira de manhã que se vai candidatar à presidência do Eurogrupo para tentar substituir o polémico Jeroen Dijsselbloem. À hora de almoço, o ministro das Finanças comunicou a decisão ao país e argumentou que os consensos internos são um trunfo para o Eurogrupo. Pouco tempo depois, os parceiros do Governo reagiram: a eleição é indiferente para PCP, BE e PEV que continuam a criticar as políticas seguidas pela União Europeia.

Os três partidos rejeitam que a possível eleição de Centeno para liderar o Eurogrupo — cuja votação acontece na próxima segunda-feira — resulte numa possível melhoria para Portugal. O PCP considerou que as políticas continuarão a ser definidas pelas principais potências. Já o BE e o PEV focaram-se na mesma ideia: a eleição do ministro das Finanças não vai beneficiar Portugal.

“[A eleição de Centeno] não é condição de nenhuma melhoria para o país. O problema não é quem preside o Eurogrupo, mas o Eurogrupo em si. É uma entidade informal que não tem legitimidade democrática e cujo papel tem sido impor austeridade em todos os países”, defendeu Catarina Martins esta quinta-feira, em declarações transmitidas pela RTP3. A líder do BE afirmou que “as regras do Eurogrupo são talvez das coisas menos explicadas em toda a União Europeia”.

Além disso, “o Bloco de Esquerda também não estranha a proximidade de Mário Centeno ao Eurogrupo porque nós sabemos que tem considerado muito importante cumprir as metas do Tratado Orçamental e mesmo ir além dessas metas, o que tem levado a problemas no investimento público em Portugal”, criticou a líder do Bloco de Esquerda, referindo que a “divergência” com o PS nesta matéria não é nova. Uma divergência igualmente vincada pelo PCP: “O PS ainda não compreendeu que para o país avançar mais é necessário enfrentar algumas das linhas políticas da UE”, criticou Ângelo Alves, em declarações transmitidas pela TVI24.

O dirigente do PCP afirmou que o partido “considera que a candidatura de Mário Centeno e a sua eventual designação para a presidência do Eurogrupo não altera nem cremos que irá alterar os critérios e as opções que têm presidido a política económica e monetária da UE“, das quais os comunistas são críticos. Apesar disso, Ângelo Alves admitiu que a eleição “não é de todo indiferente”. Mas o ministro das Finanças não será capaz de se impor às principais potências europeias: “A Alemanha tem sete vezes maior poder de decisão do que Portugal”.

Em comunicado, Os Verdes consideram que a candidatura do ministro das Finanças ao Eurogrupo “não representa, por si, um benefício para Portugal em particular, nem para a União Europeia em geral”. “Com efeito, não se vislumbra que Mário Centeno seja precursor das mudanças necessárias que se impõem na União Europeia e na Zona Euro, designadamente com a defesa de eliminação de constrangimentos diversos”, argumenta o PEV, alertando que não querem que esta candidatura “represente qualquer espécie de maior submissão de Portugal à UE”.

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