Lisboa volta aos ganhos com Galp e Jerónimo Martins

Depois de duas sessões em queda, bolsa nacional regressa a terreno positivo na última sessão da semana, um desempenho positivo para o qual contribuem Galp e Jerónimo Martins.

Depois de dois dias em queda, a bolsa nacional abriu a última sessão da semana com ganhos, valorizada sobretudo pelos desempenhos da Jerónimo Martins e Galp. No caso da retalhista dona do Pingo Doce, o arranque positivo surge depois do tombo de 5% registado no dia de ontem.

O PSI-20, o principal índice português, soma 0,27% para 4.646,68 pontos. Entre as nove cotadas que arrancaram esta sexta-feira em terreno positivo, destaque para as ações da Jerónimo Martins, que avançam 0,72% para 15,44 euros, recuperando de parte da queda acentuada da última sessão na sequência de resultados aquém do esperado. Também a Galp surge em evidência, abrindo em alta de 0,62% para 13,87 euros, depois do avanço 1,5% na quinta-feira na sequência da melhoria da avaliação da parte da Bernstein.

Jerónimo Martins recupera do tombo

O melhor desempenho em Lisboa pertencia, ainda assim, à Sonae Capital. As ações aceleram 3,95% para 0,74 euros, depois de a cotada ter apresentado lucros em 2016 e a intenção de distribuir 25 milhões de euros sob a forma de dividendos.

Na Europa, a abertura dos mercados dá-se num tom ligeiramente negativo. Paris cede cerca de 0,4%, com o risco político a pesar na negociação no CAC-40. Com quedas menores, o DAX-30 alemão e o FTSE Mib italiano perdem 0,28% e 0,1%, respetivamente.

“O dia de hoje será mais uma vez marcado pela divulgação de resultados empresariais, dos quais se destacam os do Royal Bank of Scotland, da Pearson, da BASF e da Standard Chartered”, referiram os analistas do BPI no Diário de Bolsa. “Por outro lado, numa altura em que muita da incerteza tem sido oriunda do cenário político, nomeadamente com o calendário de eleições europeias durante este ano, parte das atenções de hoje estarão focadas no candidato presidencial francês, Emmanuel Macron, que irá apresentar as suas principais medidas de cariz económico”, acrescentaram.

"Numa altura em que muita da incerteza tem sido oriunda do cenário político, nomeadamente com o calendário de eleições europeias durante este ano, parte das atenções de hoje estarão focadas no candidato presidencial francês, Emmanuel Macron, que irá apresentar as suas principais medidas de cariz económico.”

Analistas do BPI

Diário de Bolsa

No caso do Royal Bank of Scotland, cujas ações desvalorizam 2% para 244,7 pence, o resultado líquido negativo em mais de oito mil milhões de euros em 2016 marcam o nono ano consecutivo de prejuízos.

(Notícia atualizada às 8h27 com mais informações)

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Núncio responsabiliza fisco no caso das offshores. AT tem versão diferente

  • ECO
  • 24 Fevereiro 2017

Autoridade Tributária terá entendido que não havia ordem do Governo para divulgar dados das transferências para offshores, mas Paulo Núncio remete essa indicação para o antecessor, Sérgio Vasques.

É um pingue-pongue. Quem foi o responsável pela omissão das estatísticas sobre a transferência de dez mil milhões de euros de contas nacionais para contas em paraísos fiscais entre 2011 e 2015? Terá sido a Autoridade Tributária (AT)? Ou Paulo Núncio, que era secretário dos Assuntos Fiscais à altura? As versões divergem, segundo informações apuradas pelo Diário de Notícias e avançadas esta sexta-feira — um responsabiliza o outro, e vice-versa.

Fonte da AT garantiu ao jornal que, em 2012, propôs a Núncio a publicação dos dados em causa. No entanto, o governante terá apenas escrito “visto” no despacho emitido. A interpretação da entidade foi a de que o Governo “não queria continuar a publicar” os dados e deixou de fazer o pedido nos três anos consequentes. Como indica o diário, a divulgação pública das estatísticas das transferências para offshores só seria retomada em 2016, a mando do atual secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Fernando Rocha Andrade.

Contudo, Paulo Núncio, no centro da polémica, tem uma versão diferente. E atira as responsabilidades para a AT, garantindo que a ordem de publicação dada pelo antecessor, Sérgio Vasques, ainda determinava que a então Direção Geral dos Impostos, atual AT, divulgasse essas informações “na sua página”. Assim, para o ex-governante, “essa divulgação não estava dependente de uma aprovação expressa” dele próprio, disse ao Diário de Notícias.

O antigo secretário de Estado entra assim em rota de colisão com o que afirmou José Azevedo Pereira ao ECO na última quarta-feira: “A AT efetuou em devido tempo, quer o tratamento e o acompanhamento inspetivo que lhe competia, quer a preparação dos elementos necessários à efetiva divulgação pública dos elementos em causa”, disse o chefe máximo da Administração Fiscal à data dos factos.

Recorde-se que o verniz estalou no início da semana, quando o Público avançou que o Fisco deixou sair 10.000 milhões de euros do país para contas em paraísos fiscais sem vigiar as transferências. Em causa, duas dezenas de transferências realizadas entre 2011 e 2014. O caso tem provocado celeuma e tem marcado a agenda política e mediática desde então. Paulo Núncio e Rocha Andrade deverão ser ouvidos no Parlamento na próxima quarta-feira acerca deste assunto.

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Suécia ‘revoltada’ com Portugal por isentar pensionistas suecos de impostos

  • Lusa
  • 24 Fevereiro 2017

À margem da reunião que reúne os ministros das Finanças de toda a União Europeia, a responsável sueca criticou o regime de isenção de impostos a pensionistas em vigor em Portugal. Centeno compreendeu.

A ministra sueca das Finanças disse, em entrevista a um jornal sueco, que manifestou o seu desacordo a Mário Centeno em relação ao regime que isenta de tributação as reformas de pensionistas estrangeiros com residência em Portugal. Numa entrevista ao jornal sueco Expressen, a governante sueca indica que teve “uma conversa séria” com Mário Centeno sobre este assunto na última reunião do Ecofin em Bruxelas e que esta preocupação foi recebida pelo ministro português com “alguma compreensão”.

“Tive de ter uma conversa séria com o meu colega português sobre este assunto na última noite em que lhe descrevi a revolta que há na Suécia sobre como funciona” o regime criado em Portugal para atrair reformados estrangeiros com pensões elevadas, concedendo-lhes uma isenção da tributação destes rendimentos, afirmou Magdalena Andersson.

Para a ministra sueca, o que está em causa é uma situação em que “os suecos tiram as suas reformas [da Suécia], muitas vezes de grande quantia, completamente livres de impostos [quando vivem em Portugal]”. Também à televisão SVT, Magdalena Andersson defendeu que as razões que eventualmente levam os suecos a irem viver para Portugal não devem ser fiscais.

“Se se mudam para Portugal porque gostam de fado ou vinho verde ou porque adoram o clima, então devem poder fazê-lo. Mas se se mudam só para evitar o pagamento de impostos, então acho que devem olhar ao espelho e pensar sobre se querem mesmo tomar essa decisão”, afirmou, acrescentando que “as pessoas devem pagar impostos ou em Portugal ou na Suécia” e que “é inaceitável que o sistema português não cobre impostos” a estes reformados.

Se se mudam para Portugal porque gostam de fado ou vinho verde ou porque adoram o clima, então devem poder fazê-lo. Mas se se mudam só para evitar o pagamento de impostos, então acho que devem olhar ao espelho e pensar sobre se querem mesmo tomar essa decisão.

Magdalena Andersson

Ministra das Finanças sueca

Em setembro de 2009, o Governo aprovou o Código Fiscal do Investimento em que criou um regime fiscal para os residentes não habituais em sede de Imposto sobre o Rendimento de pessoas Singulares (IRS). O objetivo era atrair para Portugal profissionais não residentes qualificados em atividades consideradas de elevado valor acrescentado ou da propriedade intelectual, industrial ou ‘know-how’ (por exemplo arquitetos, médicos e professores universitários), mas também beneficiários de pensões obtidas no estrangeiro.

A convenção para evitar a dupla tributação entre Portugal e a Suécia, que segue a convenção-modelo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e que foi publicada em Diário da República em março de 2003, estabelece que “as pensões e outras remunerações similares pagas a um residente de um Estado contratante em consequência de um emprego anterior só podem ser tributadas nesse Estado”.

Isto quer dizer que é o Estado de residência (neste caso, Portugal) que tem o direito de tributar as pensões dos cidadãos suecos considerados residentes não habituais no território português. No entanto, com o regime de 2009, Portugal decidiu optar pelo método da isenção, o que, na prática, faz com que estes rendimentos não sejam tributados nem em Portugal nem na Suécia.

De acordo com este regime, um cidadão que seja considerado residente não habitual pode ser tributado como tal (beneficiando do método da isenção) durante 10 anos consecutivos a partir do ano da sua inscrição como residente em território português, desde que seja aí considerado residente em cada um desses anos.

A Lusa questionou o Ministério das Finanças sobre esta matéria, nomeadamente sobre qual a posição assumida por Mário Centeno junto da sua homóloga sueca, mas até ao momento ainda não obteve resposta.

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Lacão defende Sócrates e ataca Cavaco

  • ECO
  • 24 Fevereiro 2017

O ex-ministro do Governo de José Sócrates veio esta sexta-feira a público defender o Executivo de então face às críticas de Cavaco.

O ministro dos Assuntos Parlamentares do Governo de Sócrates, Jorge Lacão, acusa o ex-Presidente da República de querer “vexar o primeiro-ministro” de então. Em causa estão as revelações feitas no livro “Quinta-Feira e Outros Dias”, lançado por Cavaco Silva, e a entrevista que deu à RTP onde o ex-Chefe de Estado culpa José Sócrates pelo resgate. Para Jorge Lacão este momento é uma “devassa de um ex-Presidente da República”, afirma esta sexta-feira ao Público.

São dois os assuntos em que Lacão dá justificações para contrapor a versão dos factos de Cavaco Silva: Orçamento do Estado para 2011 e o pedido de ajuda externa, casos em que esteve envolvido enquanto responsável pelas funções que tinha no Governo em articulação com a Assembleia da República. “Há três pontos em que estive envolvido e estou capacitado para avaliar o grau de fidelidade e lisura com que o tema é tratado”, diz ao jornal diário.

Sobre o pedido de ajuda externa, Jorge Lacão garante que foi ele próprio que consertou o anúncio com Sócrates e o comunicou a Teixeira dos Santos, então ministro das Finanças. “Alguém acreditaria que o ministro dos Assuntos Parlamentares, numa declaração política no Parlamento em nome do Governo, se referisse à disponibilidade deste para poder suscitar a ajuda externa, se para tal não tivesse o aval do primeiro-ministro?”, questiona em declarações ao Público.

Há três pontos em que estive envolvido e estou capacitado para avaliar o grau de fidelidade e lisura com que o tema é tratado.

Jorge Lacão

Ex-ministro dos Assuntos Parlamentares

Sobre o OE2011, Lacão diz que “tornou-se evidente que o Conselho de Estado estava a ser o cenário montado para que Cavaco Silva fosse o protagonista do acordo”. O ex-Presidente acusa Sócrates de dar informação à comunicação social antes de o acordo ter sido atingido. Em resposta, Jorge Lacão refere que Eduardo Catroga e o PSD estavam combinados com Cavaco para que este fosse “o único promotor do entendimento”. “Construir um cenário para, mais uma vez, vexar o primeiro-ministro neste episódio, só pode ser visto como uma manifestação de pura hipocrisia”, afirma, referindo-se à fotografia de Catroga que regista as horas do acordo, contraditório com o que tinha sido público.

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Soares dos Santos: Dívida põe “bastantes dúvidas” à recuperação económica

  • Lusa
  • 24 Fevereiro 2017

Presidente da Jerónimo Martins, Pedro Soares dos Santos sublinhou que em Portugal "há mais de 15 anos que não há crescimento".

O presidente da Jerónimo Martins, Pedro Soares dos Santos, afirmou ter “bastantes dúvidas” sobre a recuperação da economia portuguesa por causa do valor da dívida.

Questionado como vê o desempenho da economia em Portugal, Pedro Soares dos Santos disse continuar “com bastantes dúvidas sobre a recuperação da economia portuguesa por causa do valor da dívida“.

Isto porque “se o valor dívida atual não for considerado pelos parceiros europeus um problema, nós temos aqui um espaço de recuperação”, considerou o gestor que lidera a dona da cadeia de supermercados Pingo Doce.

No entanto: “Se a dívida continuar a ser um fator crucial para os parceiros europeus, acho que temos aqui um problema. A taxa de juro que estamos hoje a pagar e o valor de crescimento do nosso PIB [Produto Interno Bruto] é incompatível para a redução da dívida”, acrescentou.

"Se a dívida continuar a ser um fator crucial para os parceiros europeus, acho que temos aqui um problema. A taxa de juro que estamos hoje a pagar e o valor de crescimento do nosso PIB [Produto Interno Bruto] é incompatível para a redução da dívida.”

Pedro Soares dos Santos

Presidente da Jerónimo da Martins

Por isso, se a situação continuar desta maneira, Pedro Soares dos Santos diz que “a degradação da forma” como se vive em Portugal “vai continuar” e – acrescentou – “não quer isto dizer que as pessoas, tendo mais dinheiro, vão resolver o problema, porque não vão”.

“O problema de fundo é realmente perceber o que é que nós temos de fazer com a nossa dívida. E isso é que é para mim o crucial para que realmente” Portugal “possa depois ter uma estratégia de crescimento”, disse.

Pedro Soares dos Santos sublinhou que em Portugal “há mais de 15 anos que não há crescimento“.

Para o responsável, a “conversa do défice é história”, porque “o que interessa nas economias é o crescimento”, pois “aí controla-se bem os défices”. Por isso, “controlar um défice sem grande crescimento não há melhoramentos na economia que resistam”, rematou.

"O problema de fundo é realmente perceber o que é que nós temos de fazer com a nossa dívida.”

Pedro Soares dos Santos

Presidente da Jerónimo da Martins

Relativamente ao acordo de paz na Colômbia, mercado onde a Jerónimo Martins arrancou há quase quatro anos com a cadeia de supermercados Ara, Pedro Soares dos Santos disse que representa para o investidor estrangeiro “uma confiança no país, na economia e nas pessoas que estão a gerir o país”.

O presidente da Jerónimo Martins assegurou que desde que a empresa marcou presença no mercado colombiano, há quatro, cinco anos, nunca sentiu “que a guerrilha fosse um problema”.

No entanto, “para a imagem do investidor estrangeiro, para a imagem de quem queira novos mercados, isto traz sempre uma imagem de saúde do país, da economia, das suas instâncias muito grande”, afirmou.

Para Pedro Soares dos Santos, o acordo de paz “é um novo passo”, considerando que “os colombianos perceberam ja há muito tempo que a paz só traz crescimento económico e traz melhoramento de vida das pessoas”.

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É PME? Quer ganhar escala? Saiba como

Clube criado pela Bosch vai gerar investimento de 100 milhões e criar 300 postos de trabalho qualificados. Já está aberto o concurso do Portugal 2020 para apoiar: são 80 milhões de euros.

É uma PME? Quer ganhar escala? Apostar na internacionalização? Então o Clube de Fornecedores pode ser a solução.

O objetivo é garantir a integração de PME em cadeias produtivas mundiais através da sua qualificação. Um upgrade conseguido através da colaboração com empresas nucleares que têm um papel relevante nessas cadeias de valor. Assim, as PME ganham escala em áreas que têm procura a nível internacional.

A iniciativa foi apresentada esta quinta-feira e consiste num dos pilares do programa Interface. E já foi dado o pontapé de partida com a formalização do Clube de Fornecedores com a Bosh Car Multimedia, líder da rede, Universidade do Minho, cinco instituições de interface e 36 PME. Com este projeto específico, o Executivo espera que se verifique um aumento de 80 milhões de euros de compras da Bosch a PME portuguesas, a realização de 100 milhões de euros de investimento e a criação de 300 postos de trabalho qualificados, revela o Ministério do Planeamento.

Formalização do Programa Clube dos Fornecedores com o responsável da Bosch Car Multimedia, Carlos Ribas, assinada sob o olhar dos secretários de Estado da Indústria, João Vasconcelos (D), e do Desenvolvimento e Coesão, Nelson Souza (E). Paula Nunes/ECOPaula Nunes / ECO

Esta rede vai, em breve, submeter uma candidatura ao Portugal 2020. E até já o podia fazer porque já está aberto (desde segunda-feira) o concurso para a seleção de quatro projetos-piloto de redes de fornecedores com objetivos relacionados com a dinamização do tecido industrial das PME. Em causa está um apoio de 80 milhões de euros.

As empresas nucleares — neste caso a Bosh Car Multimedia — têm de cumprir, cumulativamente, uma série de requisitos como trabalhar em setores com “procuras dinâmicas e inseridas em cadeias internacionais”; ter um volume de negócios anual de 75 milhões de euros (aferido na média dos últimos três anos) e um volume de compras a fornecedores de componentes, materiais e matéria-prima não inferior a 30 milhões de euros; apresentar uma intensidade exportadora superior a 50%. Além disso, as regras do concurso exigem a apresentação de uma estratégia de desenvolvimento que dê particular importância à integração de fornecedores nacionais de componentes e matéria-prima e ainda de um programa de parceria com os fornecedores.

Depois de identificadas as empresas nucleares, um número representativo de empresas fornecedoras assim como as entidades de interface que integram a rede; definidos os objetivos estratégicos e feita uma estimativa dos valores envolvidos passa-se à fase seguinte. Ou seja, são abertos concursos no âmbito do Sistema de Incentivos do Portugal 2020 para apoiar investimentos a realizar nas empresas fornecedoras.

Estes concursos vão responder de forma “específica às necessidades identificadas em termos de investimentos das empresas fornecedoras e irão dispor de dotações orçamentais próprias”, lê-se no Aviso publicado no site do Compete.

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Petróleo sobe, gasóleo também (mas pouco)

O petróleo tem vindo a valorizar. E o aumento de preço nos mercados internacionais vai pesar um pouco mais no bolso dos portugueses no arranque da semana, mas não de todos.

O petróleo está a acelerar nos mercados internacionais. Com cada vez mais sinais de que o corte de produção da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) está a funcionar, as cotações acentuam a tendência. E fazem subir os preços dos combustíveis. Vem aí uma nova subida, mas desta vez é só no gasóleo.

Primeiro foram os dados da OPEP a mostrarem que os países do cartel estão, surpreendentemente, a cumprir à risca os cortes que acordaram — o histórico não é favorável, mas desta vez estão a fazê-lo. Agora, são os dados das reservas norte-americanas a revelarem quebras, sinal de que a procura está a aumentar. Ou seja, há menos oferta e mais procura. O resultado vê-se nos mercados.

Tanto o Brent, em Londres, como o West Texas Intermediate, negociado em Nova Iorque, têm subido. Subidas que estão a repercutir-se nas cotações dos derivados do petróleo, ou seja, a gasolina e o gasóleo. No período considerado pelas petrolíferas para a atualização dos preços nos postos nacionais, a gasolina ficou praticamente inalterada, mas o gasóleo ficou 1,3% mais caro.

Esta evolução positiva nos mercados vai ter um efeito negativo no bolso dos portugueses, ainda que de forma limitada. Enquanto a gasolina deverá manter-se em torno dos 1,50 euros por litro, o diesel pode ficar entre meio e um cêntimo por litro mais caro no arranque da semana, depois de ter permanecido estável na última atualização.

Este novo aumento vai elevar para cerca de sete cêntimos o agravamento sentido pelos portugueses que utilizam automóveis a gasóleo em Portugal, que são a larga maioria. Mais de 80% de todo o combustível consumido é diesel, sendo que só em 2016, de todos os veículos novos comercializados 65% utilizam gasóleo.

Assiste-se a um agravamento de mais de 5% no diesel, este ano, bem acima daquele que é o aumento estimado da generalidade dos preços — a inflação está a subir essencialmente à custa dos combustíveis. Parte resulta, de facto, da subida das cotações nos mercados internacionais, mas a outra parte é resultado da fiscalidade que continua a subir.

O Governo definiu que no arranque do ano o gasóleo iria ver o Imposto Sobre produtos Petrolíferos (ISP) revisto em alta, baixando-se na mesma proporção o da gasolina, por ser um combustível menos poluente. O resultado foi um agravamento de dois cêntimos no diesel e uma descida no mesmo valor na gasolina. A justificação? Agora há gasóleo profissional, pelo que a bonificação pode terminar.

Esta revisão do ISP estava prevista no Orçamento do Estado para este ano, mas o que não estava era que ao fazer-se esta alteração seria colocado um ponto final nas revisões trimestrais prometidas pelo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Rocha Andrade, no seguimento do aumento de seis cêntimos no ISP em fevereiro de 2016. Não estava, mas acabou mesmo.

Assim, por mais que os preços dos combustíveis subam, o ISP não deverá ser revisto (o CDS diz que vai forçar a descida, já o PS admite voltar atrás). Para quem utiliza automóvel, o resultado será um aumento dos encargos de cada vez que atestar o depósito — enviando praticamente 55% do valor a pagar no diesel para o Estado. Para os cofres públicos, o resultado será uma receita maior. Em 2016, entre ISP e IVA, o Estado arrecadou cerca de 4.500 milhões de euros.

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5 coisas que tem de saber antes de abrirem os mercados

  • Margarida Peixoto
  • 24 Fevereiro 2017

Hoje há dados chave nos EUA para antecipar o momento em que Yellen vai pressionar o gatilho e subir juros. Na Europa, atenção às declarações de Dombrovskis, vice-presidente da Comissão Europeia.

Hoje vão ser divulgados uma série de indicadores de atividade económica aos quais vai querer estar atento. Há dados sobre a venda de casas novas nos Estados Unidos e o relatório mensal da Administração de Informação Energética dos Estados Unidos. Na banca, há resultados do Royal Bank of Scotland e, na zona euro, esteja atento aos indicadores de confiança dos consumidores italianos e franceses, bem como ao último dia da visita de Valdis Dombrovskys, vice-presidente da Comissão Europeia, a Portugal.

Saem dados sobre a venda de casas nos EUA

Nos Estados Unidos, vão ser conhecidos os dados sobre a venda de casas novas. Os números são importantes para avaliar o ritmo da atividade económica norte-americana — um fator determinante para a decisão de Janet Yellen, à frente da Reserva Federal. Ainda esta quarta-feira, com a divulgação das minutas da última reunião do banco central, ficou a saber-se que a intenção da presidente da Fed é subir juros “muito em breve”.

Reservas de petróleo norte-americanas

O relatório mensal da Administração de Informação Energética dos Estados Unidos (EIA) vai fornecer dados sobre as reservas de petróleo da maior economia do mundo. A informação é essencial num momento em que a OPEP tem vindo a acordar cortes de produção para fazer subir o preço da matéria-prima.

Resultados do Royal Bank of Scotland

Continua a temporada de apresentação de resultados. Hoje é a vez do Royal Bank of Scotland revelar as contas de 2016. Os analistas da Bloomberg antecipam receitas de 12,35 mil milhões de libras, perdas antes de impostos na ordem dos 4,09 mil milhões e custos totais de 8,68 mil milhões de libras.

Confiança dos consumidores italianos e franceses

Em Itália é divulgada uma bateria de indicadores de atividade económica: índice de vendas e de encomendas da indústria, confiança dos consumidores e confiança dos empresários. Em França também serão revelados os índices de confiança dos consumidores. Somados, estes dados permitem avaliar o andamento de duas economias fundamentais da zona euro.

Valdis Dombrovskis fala em Lisboa

O vice-presidente da Comissão Europeia termina hoje a sua visita a Portugal. Haverá uma conferência de imprensa conjunta com o ministro das Finanças, Mário Centeno, onde será possível medir o pulso ao sentimento de Bruxelas em relação ao caminho seguido pela economia nacional. Esta quinta-feira, em Bruxelas, Dombrovskis sublinhou que o Programa Nacional de Reformas português vai ser determinante para a Comissão avaliar se o Governo está a fazer o suficiente para corrigir os desequilíbrios macroeconómicos identificados.

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PSD não descarta reversão da operação da Carris

O assunto regressa esta sexta-feira ao Parlamento. O PSD não nega a possibilidade de fazer um pedido de cessação de vigência ao decreto-lei do Governo, mas revogação não colhe apoio à esquerda.

No final de janeiro, o PCP pediu uma apreciação parlamentar sobre a passagem da Carris para a Câmara de Lisboa. Nessa altura o PS quis dialogar com os comunistas, mas o PSD deixou em aberto a sua posição. Mais tarde, o PCP anunciou que ia fazer propostas de alteração e não um pedido de cessação de vigência, o que poderia revogar o decreto-lei. Ao ECO, os sociais-democratas dizem que estão a aguardar as propostas dos comunistas, que também ainda não têm decisão final.

Os partidos estão a deixar os trunfos sobre a Carris e a STCP para o momento da apreciação parlamentar, que acontece esta sexta-feira. O momento de votação pode vir a repetir uma aliança negativa entre PSD e a esquerda, neste caso sem o BE (que concorda com a municipalização), tal como aconteceu na Taxa Social Única. Na altura, os sociais-democratas deixaram a sua posição em aberto e, neste momento, ainda estão a aguardar as propostas do PCP.

“Ainda não há uma decisão tomada”, afirma o deputado do PSD Luís Leite Ramos, ao ECO, revelando que continuam “todas as hipóteses em aberto”. Nestes casos é possível até ao início do debate fazer um projeto de resolução. E, por isso, o deputado não exclui que “a cessação de vigência é uma possibilidade“. Decisão final só esta sexta-feira de manhã, altura em que o PSD se reúne antes do plenário das 10h onde a apreciação parlamentar vai ser discutida. “Estamos a aguardar também o que vai apresentar em concreto o partido que pediu a apreciação parlamentar, não faz sentido estarmos a repetir propostas“, explica o deputado social-democrata ao ECO.

A cessação de vigência é uma possibilidade.

Luís Leite Ramos

Deputado do PSD

Mas do lado do Partido Comunista também ainda não há uma decisão. Fonte oficial da bancada parlamentar do PCP garantiu ao ECO que ainda não existem propostas de alteração finalizadas para serem apresentadas esta sexta-feira. No entanto, o PCP tinha revelado há semanas que não faria uma cessação de vigência do decreto-lei, mas sim propostas de alteração. O líder parlamentar comunista tinha dito que o objetivo principal é que a Carris volte a ser propriedade do Estado, sendo gerida pelo Governo, e que a STCP termine o contrato de gestão com a Área Metropolitana do Porto, voltando a gestão ao Estado.

Os comunistas reuniram com os sindicatos na sequência deste pedido de apreciação parlamentar, mas os encontros não correram bem. A maioria dos trabalhadores defende a municipalização da Carris e os sindicatos não gostaram do que ouviram na reunião: quatro estruturas representativas de trabalhadores abandonaram a reunião de 2 de fevereiro. Mas a Fectrans ficou até ao final na reunião e adiantou algumas das propostas em cima da mesa: uma norma que impeça a CML de vender a Carris — para evitar uma futura privatização — ou a criação de mecanismo de garantia do financiamento da Carris ou ainda a garantia de que não há redução das carreiras nas regiões limítrofes de Lisboa.

Estamos a aguardar também o que vai apresentar em concreto o partido que pediu a apreciação parlamentar, não faz sentido estarmos a repetir propostas.

Luís Leite Ramos

Deputado do PSD

O Governo — que no final do ano passado anunciou que ia passar a Carris para as mãos da Câmara Municipal de Lisboa e a gestão da STCP para o Área Metropolitana do Porto — garantiu estar tranquilo quanto à possibilidade do decreto-lei ser alterado. “O PCP já esclareceu que não há nenhum motivo para preocupação e presumo que a preocupação do PCP seja garantir que, no futuro, não haja risco de privatização da Carris”, afirmou, poucos dias depois do anúncio, António Costa.

Já o Bloco de Esquerda demonstrou ser a favor da medida do Governo, mas admitiu propor alterações. Na mesma altura, a coordenadora do BE, Catarina Martins, manifestou-se contra a revogação do diploma sobre a municipalização da Carris, mas anunciou que os bloquistas iam apresentar propostas de alteração para que o modelo de gestão integre não apenas Lisboa, mas as várias autarquias abrangidas.

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Afinal, para que serve uma offshore?

  • Cristina Oliveira da Silva
  • 24 Fevereiro 2017

A saída de 10 mil milhões de euros para offshores sem vigilância do fisco tomou conta do debate público. Mas o que são e para que servem os paraísos fiscais?

 

O fisco não terá controlado a saída de 10 mil milhões de euros para offshores entre 2011 e 2014, mas só agora é que os responsáveis pela área vão ser chamados a explicar o sucedido. Rocha Andrade, atual secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, e Paulo Núncio, seu antecessor, vão ao Parlamento no dia 1 de fevereiro.

A questão promete aquecer o debate público. Mas então o que são os paraísos fiscais? Porque são usados? Os bancos são obrigados a comunicar as saídas de dinheiro? O ECO ajuda a perceber.

O que são paraísos fiscais?

Podem ser considerados paraísos fiscais “as jurisdições com baixa ou nula tributação e com procedimentos administrativos na área fiscal que não favorecem a transparência, como a ausência de troca de informações para outros Estados”, explica Miguel Puim, da EY.

De acordo com a Lei Geral Tributária, deve ser aprovada uma portaria com os países, territórios ou regiões com um regime fiscal claramente mais favorável, considerando, nomeadamente, quatro critérios:

  1. Inexistência de um imposto idêntico ao IRC, ou, existindo, a taxa aplicável seja inferior a 60% da taxa prevista no Código do IRC (21%);
  2. As regras para determinar a matéria coletável “divirjam significativamente dos padrões internacionalmente aceites ou praticados”, nomeadamente pelos países da OCDE;
  3. Existência de regimes especiais ou de benefícios fiscais mais favoráveis do que os estabelecidos na legislação nacional, que resulte numa “redução substancial da tributação”;
  4. A legislação ou a prática administrativa não permita o acesso e troca de informações relevantes para efeitos fiscais.

Quantos paraísos fiscais existem?

São 79 os países, territórios e regiões com regimes de tributação privilegiada claramente mais favorável, de acordo com a portaria atualizada, que produziu efeitos este ano.

Há forma de controlar o recurso a offshores?

A lei já prevê medidas anti-abuso, pela tributação imputada mas também pela exigência de um conjunto de informações que têm de ser prestadas, frisa Miguel Puim.

Mas “muitas vezes não é fácil conseguir obter essa informação”, salienta, porém, Renato Carreira, da Deloitte. “O Estado português pode não saber que há cidadãos seus que indiretamente sejam beneficiários de entidades que estejam nesses territórios, como os próprios territórios podem não ter informação, até pela sua organização e o modo mais simplificado que têm de registar essas entidades, de quem são os beneficiários efetivos das mesmas”.

Há vantagem?

Do ponto de vista fiscal, é penalizador recorrer a paraísos fiscais, dizem os especialistas. “Neste momento, vantagens tributárias não existem nenhumas, bem pelo contrário, existem penalizações”, diz Miguel Puim, dando o exemplo: “no caso de uma sociedade num paraíso fiscal que compra ações de uma sociedade portuguesa, qualquer dividendo que seja distribuído pela sociedade portuguesa à sociedade do paraíso fiscal tem uma taxa de retenção na fonte de 35%“. Mas se for uma sociedade nomeadamente da União Europeia, os dividendos em Portugal estão isentos de retenção na fonte, em determinadas condições. Ou seja, diz o especialista, o investimento através de paraíso fiscal “é muito menos rentável”.

Renato Carreira salienta ainda que um imóvel detido por uma sociedade offshore tem uma tributação “muito mais agravada em termos de IMI”. E se forem prestados serviços através de uma sociedade offshore, os pagamentos para esses territórios também contam com “uma tributação agravada de retenção na fonte”.

Então porque é que os paraísos fiscais são usados?

“As sociedades nestes territórios têm um conjunto mais simplificado de obrigações em termos de reporte, de controlo”, diz Renato Carreira. Há quem o use para fins lícitos e ilícitos. Por um lado, “há um conjunto de negócios, nomeadamente de índole internacional, em que é mais fácil usar esse tipo de territórios por uma questão de simplificação, além de fiscal”, nota o especialista. Por outro, há “um conjunto de pessoas que, para omitir os seus rendimentos, criam estas sociedades, sem uma evidência objetiva de que são beneficiárias, e conseguem não declarar nos países onde são residentes os rendimentos ocultados nessas sociedades”.

Uma vez que são marcados por uma maior falta de transparência, pode haver entidades que aproveitam os paraísos fiscais para “situações de evasão fiscal”, continua Miguel Puim, nomeadamente através de rendimentos não declarados. Mas há situações legítimas: “por exemplo, quando os paraísos fiscais têm associadas grandes praças financeiras, em que, para transações legítimas, acaba por haver relação, como é o caso de ações, emissão de obrigações, etc”.

Para o especialista em fiscalidade, é preciso separar águas: há benefícios fiscais transparentes, mas, “a par, poderão existir benefícios fiscais que não promovem uma atividade genuína e que não têm qualquer correspondência em termos de emprego ou de ativos locais, e esses aí deveriam ser combatidos por medidas anti-abuso”, diz. Fala por exemplo, de jurisdições que preveem tributação nula apenas pelo facto de as empresas terem a sua sede nesse local. Mas a questão da informalidade “vai sobretudo pela ausência de transparência e de troca de informações” e não pela tributação em si, salienta.

Para Renato Carreira, da Deloitte, o combate a territórios com tributação mais favorável tem de ser feito “por todos os países, de um modo generalizado”. Portugal está a “meio termo”. A sensibilidade é já maior, “mas não o suficiente para se poder dizer que já não há qualquer interesse ou motivação para se usar essas sociedades”, acrescenta.

Os bancos são obrigados a comunicar as transferências?

Sim. Até julho de cada ano, as instituições financeiras devem declarar à Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) as transferências e envio de fundos para países com regime de tributação privilegiada mais favorável, através da declaração modelo 38. De fora ficam transferências relativas a pagamento de rendimentos que já estejam sujeitos a outro tipo de comunicação para efeitos fiscais e ainda operações feitas por “pessoas coletivas de direito público”.

Entre 2011 e 2014, noticiou o Público, o fisco não vigiou a saída de quase 10 mil milhões de euros, apesar de os bancos terem feito as comunicações previstas na lei.

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Segurança Social: Gestor de contribuintes vai acompanhar 653 empresas

  • Cristina Oliveira da Silva
  • 24 Fevereiro 2017

Modelo vai ser reconfigurado. Contribuintes estratégicos correspondam a 0,2% do total de entidades empregadoras, mas representam 25,6% dos trabalhadores e 30,8% das contribuições.

A Segurança Social vai reconfigurar o modelo do Gestor do Contribuinte, que passará a ter alcance nacional e não distrital. Serão criados 40 gestores, para acompanhar 653 entidades empregadoras, consideradas estratégicas.

“Foram definidos dois grandes critérios de seleção: o volume de contribuições declaradas e o número de trabalhadores vinculados. Identificaram-se as maiores entidades empregadoras que cumpriam os dois critérios, e chegou-se a um universo de 653 contribuintes estratégicos”, afirma fonte oficial do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social ao ECO.

Embora estes 653 contribuintes correspondam a apenas “0,2% do total nacional de entidades empregadoras”, representam “25,6% do número total de trabalhadores vinculados e 30,8% do total mensal de contribuições declaradas”, adianta.

Já hoje existe a figura do Gestor do Contribuinte, mas este atua num âmbito distrital. “O novo modelo de organização e atuação difere do anterior por passar a ter um alcance nacional“, explica o Ministério de Vieira da Silva. “A partir de agora vamos ter uma equipa nacional de Gestores do Contribuinte, a acompanhar as maiores entidades empregadoras do país, independentemente de onde se localiza a sede da mesma”, acrescenta.

Para já, vão ser criados 40 gestores do contribuinte e o acompanhamento nos novos moldes deverá ter início a partir de março.

“Assim que forem designados, os Gestores do Contribuinte apresentar-se-ão às entidades da sua carteira e disponibilizarão os seus contactos. Cada empresa será contactada diretamente”, continua a mesma fonte. O acompanhamento termina se a empresa deixar de reunir os critérios.

O Fisco também tem uma Unidade de Grandes Contribuintes, que acompanha 417 empresas.

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Sandra Ortega faz disparar lucros da Sonae Capital

A empresa liderada por Cláudia Azevedo encaixou 50 milhões com a venda de terrenos à filha do dono da Zara. Os lucros dispararam, levando a cotada a entregar 25 milhões em dividendos.

A Sonae Capital viu os lucros multiplicarem-se no último ano. Dispararam com a venda de terrenos a Sandra Ortega, a filha do dono da Zara, por 50 milhões de euros. Um encaixe extraordinário que elevou os lucros para 18,7 milhões de euros, levando a cotada liderada por Cláudia Azevedo a entregar 25 milhões aos acionistas.

“2016 foi marcado por importantes passos na implementação da estratégia corporativa, materializados: na reconfiguração do portfolio de negócios do grupo com a conclusão da venda das participações em negócios associados a concessionárias rodoviárias, Norscut e Operscut, por um valor global de 43 milhões de euros”, diz a empresa. Mas recebeu ainda mais 50 milhões da venda de terrenos.

Em dezembro, a Sonae Capital anunciou a venda de três lotes de terrenos na península de Tróia por 50 milhões de euros ao grupo ROSP. Este grupo, que detém um conjunto de ativos que rondam os 7 mil milhões de euros, é uma family office, detida por Sandra Ortega, a filha mais velha do dono da Inditex (que detém a Zara), Amâncio Ortega.

 

Perante estas operações, Cláudia Azevedo, a presidente executiva da empresa que detém a Soltroia, apresentou um resultado líquido que se multiplicou por 13,3 vezes, alcançando os 18,7 milhões de euros. O EBITDA, ou seja, os resultados operacionais, cresceram 28%, isto num ano em que as receitas cresceram 28,3% para 232 milhões de euros.

“Os resultados alcançados durante o ano confirmam o nosso compromisso e empenho na implementação da estratégia definida e atestam uma sólida performance”, refere Cláudia Azevedo nos resultados enviados à CMVM. Estes resultados permitiram à Sonae Capital encolher a dívida para 66 milhões de euros, mas também vão levar a cotada a dar mais dinheiro aos acionistas. Mais até do que lucrou: 25 milhões de euros.

“Não obstante a nossa expectativa positiva sobre o desenvolvimento de oportunidades de investimento interessantes, a geração de resultados do grupo e, em particular, a alienação de ativos não estratégicos permite à empresa propor, pelo segundo ano consecutivo,
uma remuneração acionista muito significativa (…) de 25 milhões sob a forma de distribuição de dividendos“.

(Notícia atualizada às 23h32 com mais informação)

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