Novo Banco: Seis mil milhões? É “exagerado”

  • Rita Atalaia
  • 23 Fevereiro 2017

O Lone Star promete pôr o Novo Banco a dar seis mil milhões à economia, dos quais quatro mil milhões às PME. Mas será que este valor não é exagerado? O fundo pode estar com mais olhos que barriga.

O Lone Star está cada vez mais perto de ficar com o Novo Banco. Já tinha a melhor proposta, agora tem o apoio do Banco de Portugal para ser o candidato eleito para comprar o banco de transição depois de um processo negocial em que o fundo norte-americano foi lançando o seu “charme”. Fez já várias promessas: desde manter o banco inteiro, até pô-lo a dar crédito de seis mil milhões de euros à economia, todos os anos. Quanto? Seis mil milhões, num contexto em que todo o setor se retrai. Será plausível, ou o Lone Star está com mais olhos que barriga?

Para demonstrar ao Governo que tem boas intenções para o banco de transição, convidou empresas portuguesas a assumirem uma posição no capital da instituição no âmbito do processo de aquisição do banco de resolução. Um banco a quem as pequenas e médias empresas (PME) recorrem quando querem um empréstimo. “É um banco com uma ligação forte ao setor de empresas. Por isso, será um banco que tenderá a recuperar mais rapidamente do que a média com a melhoria da economia portuguesa”, explica a fonte do setor, lembrando que há bem pouco tempo a carteira correspondia a quase um quarto de todo o crédito cedido às PME.

"De acordo com o plano de negócio do Lone Star, o banco vai disponibilizar mais de seis mil milhões de euros em novos empréstimos por ano aos clientes portugueses, incluindo quatro mil milhões de euros a pequenas e médias empresas”

Lone Star

Nesta carta enviada às empresas, há um número que salta à vista: seis mil milhões de euros. É este o montante que o fundo quer que o Novo Banco ceda por ano a empresas nacionais — o banco fechou 2016 com mais de 22% de quota de mercado no segmento de empresas e negócios. “De acordo com o plano de negócio do Lone Star, o banco vai disponibilizar mais de seis mil milhões de euros em novos empréstimos por ano aos clientes portugueses, incluindo quatro mil milhões de euros a pequenas e médias empresas”, lê-se na carta do fundo norte-americano.

Mas como é que o fundo chegou a este valor? Questionado pelo ECO, o Lone Star diz não querer dar mais detalhes sobre o plano de negócios nesta fase. Mas deixa claro que são seis mil milhões de novo crédito. E não de stock de crédito – um indicador que tem vindo a cair desde que o Novo Banco foi criado. Em 2014, o saldo de crédito a empresas era de 28 mil milhões, valor que caiu para 25 mil milhões em 2015.

Segundo os dados do Banco de Portugal, apesar do ritmo de quebra dos novos empréstimos a empresas estar a abrandar, a realidade é que continua a cair — encolhendo cada vez mais o financiamento à economia. A última vez que o novo crédito cedido às empresas cresceu foi em 2012. Desde então, a tendência foi de queda: passou de 45 mil milhões de euros para os 29 mil milhões no total de 2016. E é neste contexto, que o Lone Star promete conceder mais dinheiro. Muito mais.

Novo crédito cedido às empresas cai desde 2013

Fonte: Banco de Portugal (valores em milhões de euros)

Mais olhos que barriga

É difícil imaginar que o Novo Banco conceda seis mil milhões de euros em novo financiamento à economia, dizem os especialistas consultados pelo ECO. Fonte do setor diz que o montante previsto pela Lone Star é “manifestamente exagerado”, considerando os dados do Banco de Portugal. “O crédito concedido a PME no ano de 2016 foi de 17,6 mil milhões de euros, pelo que a quota do Novo Banco (mantendo esse valor) seria de 22%”, explica a fonte ao ECO, um valor que parece ser elevado no atual contexto.

Mas tudo depende da dinâmica de crescimento do mercado. “Se olharmos para todo o crédito a empresas concedido em 2016 em Portugal (29,8 mil milhões de euros), os mesmos seis mil milhões de euros correspondem a cerca de 20%, o que sendo ainda muito elevado começa a ser equacionável. Se admitirmos que a nova concessão de crédito total a empresas (PMEs e grandes empresas) regressa gradualmente à média dos anos 2011-2015 (média anual de 25 a 28 mil milhões de euros no mercado) essa quota seria na casa de 14% a 15% o que já me parece exequível“, refere o especialista do setor bancário.

"Esse valor parece ser elevado no atual contexto (sobretudo se se referir apenas a PMEs), mas dependendo da dinâmica de crescimento do mercado (e admitindo que este regresse gradualmente a valores médios mais próximos de períodos anteriores) isso pode vir a ser admissível sim”

Fonte do setor bancário

Ou seja, “esse valor parece ser elevado no atual contexto (sobretudo se se referir apenas a PMEs), mas dependendo da dinâmica de crescimento do mercado (e admitindo que este regresse gradualmente a valores médios mais próximos de períodos anteriores) isso pode vir a ser admissível sim”, remata o mesmo especialista ao ECO.

Filipe Garcia, da IMF, concorda. O economista diz que “temos assistido a uma menor procura por crédito, e isso é ainda mais notório nas empresas com melhor perfil de risco“. Uma procura fraca que pode estar a inverter-se. Segundo dados do Banco de Portugal, os últimos três meses de 2016 foram marcados por um aumento da procura de crédito junto de alguns dos principais bancos nacionais, uma tendência que deverá ter continuidade no trimestre corrente. Mas não será fácil chegar aos seis mil milhões prometidos pelo Lone Star. Isto vai exigir sacrifícios, tanto “ao nível das margens do banco ou nos critérios de risco”, conclui.

CGD e BCP. Outros bancos, o mesmo problema

Esta queda na concessão de novo crédito é transversal a todo o setor financeiro, o que tem levado à redução do saldo do crédito à economia. A Caixa Geral de Depósitos (CGD), outra das referências na cedência de empréstimos às PME, tem registado uma redução no stock dos créditos a empresas: passou de cerca de 30 mil milhões em 2014 para 29 mil milhões em 2015 (os dados consolidados mais recentes disponibilizados pelo banco estatal). Então e no BCP? O mesmo. O banco liderado por Nuno Amado acompanha esta tendência. Entre 2014 e 2015, os empréstimos às empresas portuguesas registaram uma quebra de mais de mil milhões de euros.

Queda do crédito não é exclusiva do Novo Banco

Fonte: CGD, Novo Banco e BCP (valores em milhões de euros)

A redução dos empréstimos às sociedades não financeiras é transversal às diversas classes de dimensão e às empresas públicas e privadas, segundo dados do Banco de Portugal. O saldo passou de 86 mil milhões no final de 2014 para 77,9 mil milhões no final do ano passado, sendo esta evolução reflexo de um ritmo acelerado de amortização de empréstimos num contexto de taxas de juro muito baixas mas também de um travão na nova concessão de financiamento perante, primeiro, a falta de liquidez, depois, a quebra na procura por parte das empresas.

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Prio vai acelerar empresas energéticas com a Beta-i

Candidaturas ao novo programa de aceleração Jump Start, no setor da energia, duram até 2 de abril.

Há mais um acelerador na cidade. A Prio, em parceria com a Beta-i, acaba de criar o programa de aceleração intensivo Jump Start para startups que trabalhem no setor da energia. O programa de aceleração de negócio vai permitir a imersão das startups na empresa de combustíveis líquidos, que conta com um terminal de tanques em Aveiro e ainda com uma fábrica de biodiesel.

“Regra geral, as empresas desta área são grandes players mas também estruturas muito tradicionalistas”, explica Emanuel Proença, administrador da Prio. “A questão da inovação aberta é mais desafiante quando pensamos em inovar a 10 ou 20 anos”, esclarece.

Com candidaturas abertas até 2 de abril, a fase de seleção decorre a 17 de abril: as 15 startups finalistas são anunciadas a 5 de maio. O programa de aceleração intensivo dura três dias (entre 29 e 31 de maio) e, desse período, deverão ser escolhidos cinco muito fortes candidatos a projetos-piloto, que serão implementados com investimento direto da Prio. “Queremos desenvolver pilotos com algum impacto, já com escala industrial“, detalha, em entrevista ao ECO, e não excluindo financiamento destes projetos que, em alguns casos, poderá chegar a “boas centenas de milhares de euros”, dependendo do tipo de implementação.

Os candidatos ao Jump Start devem ser equipas que desenvolvam soluções nas áreas da distribuição, retalho, produção industrial, gestão eficiente, costumer care e programas de fidelização, assim como mobilidade elétrica, car sharing e soluções inteligentes de gestão de redes.

“Em apenas 10 anos, a Prio conseguiu atingir o top 40 das maiores empresas em Portugal. A melhor forma de celebrar este marco que muito nos orgulha é lançar várias iniciativas ligadas à inovação, permitindo a outras startups seguirem-nos as pisadas”, explica Emanuel Proença, administrador da Prio, acrescentando que a estrutura da empresa funciona muito ainda numa “lógica startup”. “É importante manter esse traço de personalidade”, garante o administrador.

"Queremos apoiar a dinamização do tecido empresarial português do futuro. Acreditamos que abrir as nossas portas ao serviço do ecossistema empreendedor vai dar um impulso importante a startups nos nossos setores, com real valor acrescentado tanto para a Prio como para o país.”

Emanuel Proença

Administrador da Prio

Já Pedro Rocha Vieira, CEO da Beta-i, explica que a vontade da Prio se materializa numa ação de grande importância “dentro das grandes empresas”, “com várias potenciais linhas de negócio”.

“Ao mesmo tempo, a Prio e a Beta-i acreditam que este programa pode de facto alimentar boas ideias e permitir a exploração de novos horizontes de negócio. O desafio aqui passa por não ter medo de atingir o ‘red line’, a começar logo no bootcamp, espaço operacional que permite às startups adaptarem as suas propostas de valor existentes, indo ao encontro das necessidades reais de uma empresa, com o crescimento e aprendizagem que isso implica”, acrescenta aquele responsável.

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Suécia queixa-se: Governo diz que está a ter muita receita fiscal

É uma situação pouco comum, mas que traduz as regras do sistema fiscal sueco. Como a taxa de juro está negativa, os contribuintes têm preferido pagar mais impostos e retirar daí maior retorno.

É uma queixa nada comum: o Governo sueco diz que está a cobrar demasiados impostos. Segundo o Financial Times, a taxa de juro negativa imposta há dois anos pelo banco central sueco tem resultado em pagamentos em excesso dos contribuintes. Em causa está que empresários e cidadãos preferiram pagar mais impostos para ter um maior benefício, dado o baixo retorno das poupanças por causa da taxa de juro negativa.

O fenómeno é geral: as taxas de juro dos bancos centrais estão em baixo em todo o mundo. Há dois anos que a realidade na Suécia é de uma taxa de juro negativa para tentar dar gás à inflação. Mas os dados revelados esta quarta-feira pelo Eurostat revelam que a estratégia ainda está a fazer o seu caminho: em janeiro deste ano, o país atingiu os 1,5% de inflação, o que representa uma diminuição face a dezembro. Além disso, parte desse valor deve-se aos combustíveis.

Os efeitos da taxa de juro baixa têm sido diferentes consoante os países. O mais peculiar, poder-se-ia apelidar, é a reação do Executivo sueco ao efeito da taxa de juro negativa imposta praticada pelo Sveriges Riksbank: o Estado recebeu “demasiados” pagamentos de impostos. Porquê? Segundo as regras do sistema fiscal sueco, os “depósitos excessivos” dos contribuintes continuavam a dar um retorno de 0,56% anual, o que compensou face à taxa de juro negativa do banco central.

Segundo os dados revelados esta quarta-feira na Suécia, citados pelo FT, o Governo conseguiu gerar um superávit de 9,5 mil milhões de libras, sendo que cerca de metade representam pagamentos em excesso de impostos. Em retorno, o Executivo terá de pagar mais de 3,5 mil milhões de libras para os empresários e cidadãos que, de propósito, pagaram demasiados impostos em 2016.

Esta é uma realidade que o Governo quer reverter. O Executivo sueco quer desencorajar este tipo de pagamentos no futuro, mas o IGCP sueco (instituto que gere a dívida soberana) já admitiu que os esforços provavelmente não serão suficientes. Para que isso aconteça, o Governo removeu o juro pago nestes depósitos, mas o instituto que gere a dívida sueca refere que, mesmo com uma taxa de juro nos 0%, os depósitos continuarão.

Não podemos fazer nada, é simplesmente uma consequência da taxa de juro corrente“, afirmou o diretor do gabinete de estatística sueco, Marten Bjellerup, esta quarta-feira. Esta realidade pode ser um problema uma vez que cria um novo elemento incerteza na gestão da dívida, isto porque estes depósitos — que podem vir a ser levantados rapidamente — são usados para financiar a dívida, sendo assim necessário outra fonte de financiamento.

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Bruxelas e BCE em colisão por causa do Monte dei Paschi

  • ECO
  • 23 Fevereiro 2017

Divisões entre Comissão e supervisor podem adiar por tempo indeterminado a reestruturação do problemático banco italiano.

A Comissão Europeia e o Banco Central Europeu (BCE) estão em desacordo quanto aos planos de capitalização do Monte dei Paschi di Siena, um confronto que pode adiar por mais algum tempo um dossiê que se arrasta nas instituições europeias há dois meses e levanta dúvidas sobre os próprios resgates públicos aos bancos europeus.

De acordo com o Financial Times (acesso pago / conteúdo em inglês), a proposta do governo italiano para reforçar os capitais do Monte dei Paschi, anunciado em dezembro do ano passado, está a provocar divisões entre o supervisor da banca europeia e a Comissão, que controla os auxílios estatais, sobretudo porque têm opiniões diferentes quanto aos resgates com recurso ao dinheiros dos contribuintes.

Por um lado, o Mecanismo Único de Supervisão, o braço de supervisão do BCE, diz estar à espera de Bruxelas para chegar a um acordo quanto ao plano para reestruturar Monte dei Paschi e aprovar o auxílio estatal. No entanto, a opinião da Comissão é que os supervisores devem em primeiro lugar autorizar um plano de capitalização antes de poder finalizar os termos de reestruturação do banco italiano.

Ao FT, vários responsáveis da Zona Euro e banqueiros alertaram para uma “saga bancária” que pode levar meses até ser resolvida, numa altura em que o setor financeiro é um dos principais pontos de preocupação após uma crise que afetou a confiança em quase toda a Zona Euro.

Uma fonte envolvida nas negociações considerou que o processo em torno do Monte dei Paschi é “surreal”.

Estas divisões levantam dúvidas quanto às propostas para resgatar os bancos através do recurso a dinheiro público, incluindo o nível de apoio estatal permitido, o montante de perdas a atribuir aos obrigacionistas e credores dos bancos e ainda a profundidade de reestruturação necessária para tornar os bancos viáveis.

A chamada linha de “recapitalização precaucionária” de bancos solventes é permitida sob as regras da União Europeia, mas pode cobrir apenas o gap de capital identificado no cenário mais rigoroso de um teste de stress, que os reguladores realizam periodicamente para avaliar a saúde dos bancos.

Esta abordagem evita exigências mais rigorosas da UE para que 8% das responsabilidades de um banco em dificuldades – incluindo os obrigacionistas seniores – sejam chamados a responder antes que os fundos públicos possam ser utilizados.

No caso do Monte dei Paschi, está sobretudo em causa a real necessidade de 8,8 mil milhões de euros para dar estabilidade ao banco italiano. Bruxelas quer um plano mais pormenorizado do Mecanismo Único de Supervisão, que estabeleça níveis de perdas esperadas e que explique como as necessidades de capital foram calculadas, com vista à aprovação da ajuda estatal.

As regras comunitárias exigem que as perdas incorridas ou esperadas sejam cobertas por fundos provenientes dos obrigacionistas e acionistas e não por dinheiro dos contribuintes.

É neste âmbito que a Alemanha está particularmente preocupada. O tratamento dado ao Monte dei Paschi pode abrir um novo precedente legal se dinheiro público for utilizado para cobrir perdas do banco. E com isso retirar força às regras pretendem terminar com os resgates públicos aos bancos.

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Revista de imprensa internacional

Empresas, mercados, política e cibersegurança. São estes os temas que destacamos nesta revista de imprensa, com passagem garantida por França, Estados Unidos e Inglaterra. Para ler.

Nesta edição da revista de imprensa internacional, passamos por França, Estados Unidos e Inglaterra. Conheça como é trabalhar na Uber segundo relatos de quem está lá dentro, descubra como é que os investidores estão a proteger-se das eleições francesas e veja como o Barclays regressou aos lucros depois de uma profunda reestruturação. Leia ainda a última sobre Donald Trump e, por fim, fique a par de um mercado multimilionário que só não floresce por falta de conhecimento.

The Wall Street Journal

Investidores protegem-se das eleições francesas

As negociações de Credit Default Swaps em França dispararam nas últimas semanas, à medida que vai espoletando a necessidade nos investidores de se protegerem em relação às eleições presidenciais francesas. Os investidores receiam a vitória da candidata da extrema-direita, Marine Le Pen, que tem vindo a defender a saída da Zona Euro. Além disso, de acordo com o The Wall Street Journal, as eleições francesas estão a agitar o mercado de obrigações europeu, com os juros da dívida francesa a aumentarem e a arrastarem consigo os de países com economias menos resilientes. [Acesso pago / Conteúdo em inglês]

The New York Times

Trabalhar na Uber: é cultura, ou é loucura?

Na terça-feira, Travis Kalanick, CEO da Uber Technologies (a casa-mãe da plataforma), reuniu os trabalhadores e pediu desculpa pelos problemas na cultura empresarial da firma. Agora, o The New York Times dá a conhecer o ambiente produtivo mas desenfreado que se vive nos escritórios em São Francisco (EUA): todos subscreverem um mesmo conjunto de valores e o sistema assenta num conceito de “meritocracia”, mas há um sentimento de impunidade nas camadas mais baixas em relação ao topo da hierarquia. Com base em entrevistas e gravações de reuniões, o jornal relata como um diretor quase terá agredido um trabalhador com um taco de basebol, ou como outro direto terá apalpado os seios de uma funcionária num retiro empresarial. [Acesso gratuito / Conteúdo em inglês]

The Guardian

Donald Trump acaba de retirar direitos aos estudantes transgénero

Nos Estados Unidos, o foco (e os protestos) volta a incidir sobre o novo presidente Donald Trump, que acabou de anular um dos principais direitos dos estudantes transgénero no país: o de irem à casa de banho que corresponda ao seu género. A lei existia desde maio do ano passado e era vista como uma grande conquista para os defensores dos direitos das pessoas transgénero. Segundo o The Guardian, servia para responder à crescente confusão sobre como é que as escolas deveriam lidar com estes estudantes. Agora, a Administração Trump decidiu dar um passo atrás, “no sentido de aprofundar e considerar, de forma mais completa, as questões legais envolvidas”, lê-se num comunicado conjunto dos departamentos de Justiça e Educação norte-americanos. [Acesso gratuito / Conteúdo em inglês]

Market Watch

Barclays, praticamente reestruturado, regressa aos lucros

O britânico Barclays apresentou esta quinta-feira um lucro líquido anual de 1,6 mil milhões de libras, ou 1,9 mil milhões de euros, relativamente a 2016. É um regresso aos lucros, para o qual muito contribuiu o banco de investimento da instituição. À medida que o banco vai alienando alguns negócios como parte de um profundo plano de reestruturação, também foi registada uma queda nas receitas na ordem dos 3%, para 21,5 mil milhões de libras, ou 25,4 mil milhões de euros. Sobre isso, a administração garantiu que o plano está a meses de ficar totalmente concluído, indica a Market Watch. [Acesso gratuito / Conteúdo em inglês]

Financial Times

Seguros: Falta de informação trava cobertura sobre cibersegurança

Outrora de nicho, a segurança informática é cada vez mais um assunto sério para as empresas. No entanto, as seguradores precisam de rever a abordagem a este assunto no sentido de quebrar um “ciclo vicioso” que tem posto um travão a este segmento de mercado, escreve o Financial Times, que cita um relatório da Deloitte. A consultora indica que, ainda que em 2015 se tenham gasto dois mil milhões de dólares (1,9 mil milhões de euros) em seguros com cobertura contra ataques informáticos e outros problemas semelhantes, o mercado tem um potencial muito maior, bloqueado pela falta de informação. [Acesso pago / Conteúdo em inglês]

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Jovens britânicos preferem emprego seguro a mudar

É um futuro cinzento o que se apresenta à frente dos millennials. Com um mercado de trabalho fraco, os jovens estão a dar prioridade à estabilidade em vez de mudar de emprego para aumentar salário.

As várias gerações britânicas vivem em realidades diferente e isso não se verificou apenas no sentido de voto no referendo para o Brexit. Um estudo da Resolution Foundation, citado pela Bloomberg, revela que os millennials do Reino Unido não mudam tanto de emprego como fazia a geração anterior. Além disso, estão a colher menos benefícios por manterem-se o emprego, dando prioridade à segurança do posto de trabalho.

A reputação da atual geração de jovens é de mobilidade — saltar de um emprego para o outro, deixando de lado a noção de “emprego para a vida” –, mas a crise financeira de 2008 e a recuperação económica lenta estão a influenciar as decisões dos millennials. E essa influência alastra-se também aos seus salários, que estão a sofrer com a falta de competitividade do mercado.

Uma em cada 25 pessoas nascidas a meio da década de 80 mudaram de emprego antes de chegar aos 30 anos. Esta taxa representa metade do que se verificava nas pessoas que nasceram na década anterior, revelam os dados da Resolution Foundation sobre a realidade laboral do Reino Unido. Por outras palavras, isto significa que os millennials não estão a beneficiar tanto dos aumentos salariais fruto da mobilidade, o que acontecia com gerações anteriores.

O estudo revela que, ao mesmo tempo, os millennials não estão a ter as mesmas recompensas por continuar a trabalhar na mesma empresa. Uma das razões apontadas para justificar a manutenção é que existe atualmente pouca confiança no mercado de trabalho, acabando por se dar prioridade à segurança do posto de trabalho. Os aumentos anuais dos salários para trabalhados com longa carreira na empresa diminui 4% para perto de zero, revela o estudo.

Mas essa lealdade está a ter custos para os mais jovens. Os dados referem que sair de um trabalho para outro pode significar um aumento de 15%. O que, comparado com um aumento quase nulo para quem continua com o mesmo emprego, é manifestamente compensador. Contudo, os investigadores alertam que a questão da segurança laboral tem cada vez mais peso nas decisões dos millennials britânicos.

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Dona do Minipreço aumenta faturação em 10,2% em 2016

  • Lusa
  • 23 Fevereiro 2017

Segundo o DIA, as vendas comparáveis consolidadas em 2016 cresceram 8,7%, um número recorde desde a saída da companhia da bolsa, em 2011.

O grupo espanhol de distribuição DIA registou em 2016 um aumento de 10,2% na faturação, chegando aos 10.550 milhões de euros, graças à melhoria dos negócios em todos os mercados em que opera. Segundo um comunicado do grupo, em Portugal a faturação chegou aos 848 milhões de euros, o que representa 8% do total, apenas acima do mercado chinês (2,2%). Espanha representou 56% das vendas, chegando aos 5.967 milhões de euros, um aumento de 0,9%.

De acordo com o grupo espanhol, na Península Ibérica as vendas brutas aumentaram 1,1 % para os 6.815 milhões de euros e no segmento dos mercados emergentes (Argentina, Brasil e China) atingiram os 3.736 milhões de euros, com um aumento de 26,3% em moeda local.

Os lucros antes de impostos situaram-se nos 243 milhões de euros, mais 12,8 do que no ano anterior. Já o lucro líquido atribuído registou uma descida de 42% para os 174 milhões de euros. Por seu lado, o EDIBTA ajustado (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) situou-se nos 625 milhões de euros, mais 8,6%.

No fecho do exercício de 2016, o grupo DIA contava com uma rede de 7.799 lojas, mais 81 do que no ano anterior. O Conselho de Administração vai propor aos acionistas um dividendo de 0,21 euros brutos por ação, o que representa uma distribuição de 128 milhões de euros, metade do lucro líquido ajustado, segundo a companhia espanhola.

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Governo não mexe nas reformas antecipadas antigas

  • ECO
  • 23 Fevereiro 2017

O BE quer que o Governo reavalie os cortes feitos a reformas antecipadas atribuídas nos últimos anos, mas Vieira da Silva avisa que "as leis não são retroativas". Novo regime virá até final de março.

O Executivo não está a planear fazer uma reavaliação das reformas antecipadas que sofreram cortes durante o anterior Governo. Vieira da Silva esclareceu ao Diário de Notícias que “as leis não são retroativas”, logo não haverá alteração nas reformas já a pagamento. Assim, o novo regime para as reformas antecipadas, que o Governo está a preparar e vai apresentar em breve, não vai ter em conta as reformas antecipadas atribuídas nos últimos anos.

As reformas antecipadas em causa — cuja reavaliação é uma das exigências do Bloco de Esquerda — sofreram cortes introduzidos pelo anterior Executivo em 2014. Uma das mudanças incidiu sobre o fator de sustentabilidade, cujo cálculo mudou e passou a ditar cortes mais agravados. Contudo, essas reformas antecipadas já a pagamento não vão ser reavaliadas, segundo o ministro da Segurança Social. Ou seja, o processo não é reversível.

Esta é uma reivindicação do Bloco de Esquerda: “É uma preocupação que temos levantado junto do ministro”, afirmou José Soeiro em declarações ao DN. O deputado bloquista argumenta que existem pessoas que “ficaram com pensões miseráveis para o resto da vida”, por terem feito o requerimento nos últimos anos, sendo por isso necessário compensar esse corte estimado entre 40% a 60%. Apesar disso, o deputado do BE admite que essa revisão não é fácil: “A solução técnica pode passar pelo recalculo à luz das novas regras, por um complemento de pensão, um processo extraordinário…”.

É uma preocupação que temos levantado junto do ministro.

José Soeiro

Deputado do BE

O Governo já assumiu que um dos objetivos da revisão do regime passa por diferenciar positivamente as carreiras mais longas, antecipando que as novas regas devem chegar a terreno no primeiro trimestre deste ano. É essa a preocupação do PCP: para a deputada comunista Diana Ferreira o importante é que o Executivo avance com a nova proposta, admitindo refletir sobre as reformas antecipadas anteriores a 2015.

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Haitong: “Dividendo da Jerónimo Martins deve ser bem recebido pelos investidores”

Banco baixou perspetivas para a evolução dos resultados da Jerónimo Martins, pressionada pelo negócio na Colômbia. Reduziu o preço-alvo para o título e não prevê potencial de valorização.

Os resultados do último trimestre da Jerónimo Martins JMT 0,00% ficaram em linha com o esperado pelo Haitong, que adianta que o bom desempenho da polaca Biedronka compensou uma performance aquém do esperado em Portugal. Ainda assim, as perdas maiores do que o esperado na Ara, a operação de retalho na Colômbia, levam o banco de investimento a baixar as perspetivas para a evolução dos resultados da retalhista portuguesa até 2020. Situação que o mercado deverá ultrapassar já que o dividendo de 0,605 euros por ação “deverá ser bem recebido pelos investidores”. Em todo o caso, o preço-alvo atribuído à Jerónimo Martins foi revisto em baixa, dos 16,8 euros para os 16,20 euros.

“A Jerónimo Martins terminou o quarto trimestre com 335 milhões em cash e distribuirá 380 milhões de euros aos acionistas através de um dividendo de 0,605 euros por ação, que deverá ser bem recebido pelos investidores”, nota o analista Filipe Rosa, justificando a redução em 6% das estimativas para o lucro nos próximos quatro anos devido às maiores perdas na Ara, ao decréscimo da margem na Biedronka em face das pressões altistas sobre os salários na Polónia.

A Jerónimo Martins registou lucros de 593 milhões de euros em 2016, resultado que representa um aumento de 78% face ao ano anterior, mas que fica aquém das expectativas dos analistas, que antecipavam lucros superiores a 600 milhões. A contribuir para esta subida do resultado líquido esteve sobretudo a venda da Monterroio à família Soares dos Santos, por 310 milhões de euros, o que resultou numa mais-valia de 75 milhões.

As menores projeções para a Biedronka levaram o Haitong a cortar o preço-alvo para os títulos da Jerónimo Martins, dos 16,8 euros para os 16,2 euros, não prevendo qualquer cenário de valorização para a cotação da ação face ao valor de fecho desta quarta-feira. Já a recomendação “neutral” manteve-se.

"A Jerónimo Martins terminou o quarto trimestre com 335 milhões em cash e distribuirá 380 milhões de euros aos acionistas através de um dividendo de 0,605 euros por ação, que deverá ser bem recebido pelos investidores.”

Filipe Rosa

Analista do Haitong

“No lado da avaliação, estimativas mais baixas para a Biedronka levaram a uma queda de 0,6 euros no nosso preço-alvo para os 16,2 euros. As ações cresceram 11% desde o início do ano, contra um desempenho flat do índice de retalho europeu, e poderá haver lugar a alguma tomada de mais-valias em função do outlook mais soft da Jerónimo Martins”, explica o ex-Besi.

Ainda assim, o Haitong considera que “no médio prazo as ações vão continuar bem suportadas pela atrativa combinação de um lucro por ação elevado e visível com uma liderança no setor no que toca a dividendos“.

Nota: A informação apresentada tem por base a nota emitida pelo banco de investimento, não constituindo uma qualquer recomendação por parte do ECO. Para efeitos de decisão de investimento, o leitor deve procurar junto do banco de investimento a nota na íntegra e consultar o seu intermediário financeiro.

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Jerónimo Martins condiciona arranque em Lisboa

Títulos da retalhista caem mais de 2% depois de o Haitong ter cortado o preço-alvo. Lisboa despertou em terreno negativo, prolongando queda da sessão anterior.

A bolsa nacional ia na melhor sequência de ganhos deste ano até interromper este ciclo positivo na sessão de quarta-feira. Volta esta manhã a negociar em terreno negativo, um desempenho condicionado sobretudo pela Jerónimo Martins. O Haitong baixou as estimativas para a cotação da retalhista portuguesa depois dos resultados anuais terem revelado alguma pressão no negócio colombiano e polaco.

O PSI-20, o principal índice português, cede 0,32% para 4.653,9 pontos. As ações da Jerónimo Martins tombam 2,01% para 15,88 euros. As perdas maiores do que o esperado na Ara e a redução das perspetivas na Biedronka levaram o Haitong a baixar as perspetivas para a evolução dos resultados da retalhista portuguesa até 2020, com impacto no preço-alvo atribuído à Jerónimo Martins, que foi revisto em baixa, dos 16,8 euros para os 16,20 euros. Isto apesar do dividendo de 0,605 euros que o banco de investimento considera que será “bem recebido” pelo mercado.

“No lado da avaliação, estimativas mais baixas para a Biedronka levaram a uma queda de 0,6 euros no nosso preço-alvo para os 16,2 euros. As ações cresceram 11% desde o início do ano, contra um desempenho flat do índice de retalho europeu, e poderá haver lugar a alguma tomada de mais-valias em função do outlook mais soft da Jerónimo Martins”, explica o ex-Besi.

No total, 11 cotadas seguiam sob pressão vendedora na abertura em Lisboa, com nota de destaque para a Nos (-1,11%) e EDP Renováveis (-0,63%). Do lado positivo, destacava-se a Galp, que assumia um ganho de 0,85% para 13,7 euros, e a Pharol, que soma 0,86% para 0,35 euros.

Entretanto, no plano europeu, o sentimento é ligeiramente positivo, com o IBEX-35 de Madrid e CAC-40 de Paris, que avançam 0,3% e 0,25%, respetivamente. O FTSE Mib ganha 0,14%, enquanto o DAX-30 de Frankfurt seguia abaixo da linha de água com uma baixa ligeira de 0,02%.

"Os investidores na Europa estão cada vez mais divididos: por um lado estão rodeados de incerteza relativamente ao cenário político (eleições presidenciais em França e o processo do Brexit) que tem conduzido a uma procura de ativos considerados de refúgio. Por outro lado, as perspetivas mais animadoras em relação ao crescimento da economia global e os resultados empresariais têm sido um dos suportes dos mercados acionistas.”

Analistas do BPI

Diário de Bolsa

“Os investidores na Europa estão cada vez mais divididos: por um lado estão rodeados de incerteza relativamente ao cenário político (eleições presidenciais em França e o processo do Brexit) que tem conduzido a uma procura de ativos considerados de refúgio”, dizem os analistas do BPI no Diário de Bolsa. “Por outro lado, as perspetivas mais animadoras em relação ao crescimento da economia global e os resultados empresariais têm sido um dos suportes dos mercados acionistas”, acrescentaram.

(Notícia atualizada às 8h25)

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CGD: Em caso de empate, Rui Vilar exercerá voto de qualidade

  • ECO
  • 23 Fevereiro 2017

Os estatutos da CGD garantem ao presidente não executivo Rui Vilar o direito ao voto de qualidade em caso de empate no conselho de administração. 'Board' tem número par de elementos.

O número de administradores executivos no board da Caixa Geral de Depósitos (CGD) é par. São oito. Mas, e se uma votação resultar em empate? Emílio Rui Vilar, presidente não executivo, será chamado ao sufrágio, exercendo voto de qualidade para pôr um ponto final no assunto. A notícia é avançada esta quinta-feira pelo JdN (acesso pago), que aponta para os estatutos da CGD onde a aparece essa indicação.

O novo gestor da CGD, Paulo Macedo, aposta num modelo diferente do de António Domingues para conduzir os destinos do banco público. O do antigo gestor incluía um número superior de administradores não executivos, em detrimento dos executivos. Já a administração de Macedo inclui tantos executivos como não executivos. Ainda não se conhecem os nomes destes últimos, à exceção de Rui Vilar.

Para que um administrador não esteja em mais do que uma das quatro comissões de fiscalização, a administração vai precisar da colaboração dos membros do conselho fiscal. Além disso, e tal como a anterior equipa de Domingues, a de Paulo Macedo, com 16 membros, ultrapassa os 15 elementos vistos pelo Banco Central Europeu como o número ideal de elementos a integrar a equipa para o mandato que terminará em 2020.

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Montenegro: Ferro Rodrigues não pode impedir novo inquérito

O líder parlamentar do PSD acusa Ferro Rodrigues de "parcialidade", garante que a nova comissão é constitucional e recusa envolver Marcelo. Montenegro deixa críticas a PS, PCP e BE.

O líder parlamentar do PSD acusa o Presidente da Assembleia de República de parcialidade na condução dos trabalhos e garante que Ferro Rodrigues não tem poderes para impedir uma nova comissão. Em entrevista ao Público, Luís Montenegro explica que o âmbito do novo inquérito irá desde a altura em que foi feito o convite a António Domingues até à sua demissão. O deputado social-democrata diz não existir nenhum problema de constitucionalidade com a nova comissão parlamentar.

“O Presidente da Assembleia da República não tem poder para inviabilizar esta comissão de inquérito”, afirma Montenegro, acusando Ferro Rodrigues de ter feito “uma intervenção muito infeliz em todo este processo”. Em causa está a delimitação da atual comissão de inquérito à gestão da CGD que impediu que PSD e CDS escrutinassem o processo de nomeação e demissão da ex-administração da CGD. O social-democrata avisa que o PSD irá “até ao fim” neste processo.

“Começou por levantar obstáculos sem fundamento à delimitação do objeto inicial e chegou ao limite de, na conferência de líderes, dizer ao PSD e CDS que era um mau serviço ao Parlamento suscitar o assunto do boicote a que fomos e estamos a ser sujeitos”, acrescenta o líder parlamentar da bancada social-democrata. Luís Montenegro vai mais longe: “No dia em o dr. Ferro Rodrigues assumiu esta função tive a coragem de lhe dizer que ele ainda não tinha dado garantias de imparcialidade para o exercício da função. Ele tem dado razão a essa minha dúvida.”

 

O deputado social-democrata recusa que haja inconstitucionalidade no âmbito da nova comissão, que “andará à volta do período entre o convite feito ao dr. António Domingues e a sua demissão”. “Eu pasmo quando se quer criar uma nuvem jurídica à volta do acesso ou não a este tipo de comunicação, que foi efetuada no exercício das funções concretas de um membro do Governo e um convidado para a administração da CGD”, argumenta Luís Montenegro. Em causa estão as correspondências, incluindo os SMS, entre o ex-presidente da CGD e o Governo, que podem vir a esclarecer qual o nível de comprometimento assumido.

“Não vejo como, não estamos a falar só de SMS, mas de comunicações, de documentos que o dr. António Domingues até já mandou ao Parlamento e que a maioria obstaculizou que fosse conhecida. E também aos SMS”, adianta Montenegro, revelando que a nova comissão incluirá “os termos do acordo que foi estabelecido e o comprometimento do Governo face à definição que António Domingues fez quer da sua função, quer das condições”. Contudo, existem dúvidas sobre se o Parlamento possa obrigar Centeno e Domingues a entregar os SMS transcritos à comissão.

Para o social-democrata “só mesmo quem tenha muito medo daquilo que possa ser o conteúdo dessas comunicações pode estar incomodado”. Montenegro afasta o envolvimento do Presidente da República, mas questiona a função de António Costa no processo: o primeiro-ministro “tem medo daquilo que possa ser o seu envolvimento”? “Tenho a convicção de que o ministro das Finanças faltou à verdade, mentiu no Parlamento sobre a circunstância de ter comprometido o Governo num acordo. E está cada vez mais claro que o próprio primeiro-ministro se está a deixar enredar nessa dúvida”, conclui.

 

As críticas chegam também aos partidos que apoiam o Governo no Parlamento. “Há uma nuvem muito grande… e agora o PCP e BE ficam satisfeitos e querem secundarizar esta matéria, dizendo que se trata de tricas e bisbilhotices?”, questiona. É por isso que diz não haver dúvidas de que Portugal está a “voltar aos tempos da claustrofobia democrática”. “Temos uma maioria a barrar o exercício de direitos que a lei prevê como inoponíveis – não podem ter oposição da maioria – para estarem asseguradas condições mínimas de escrutínio da ação governativa”, argumenta Montenegro, apelidando o momento atual de “escândalo democrático”.

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