OPEP: cortes na produção de petróleo superam previsões

  • ECO
  • 13 Fevereiro 2017

O corte na produção de petróleo foi mais além do que o previsto pelos membros da OPEP. Objetivo é fazer subir o preço da matéria-prima.

A produção de petróleo está a cair. Dados divulgados esta segunda-feira pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) referentes ao mês de janeiro permitem ver que o corte na produção foi mais além do que o previsto.

Segundo os números divulgados pela Bloomberg, os membros da OPEP terão produzido 32,1 milhões de barris por dia durante o mês de janeiro. As previsões apontavam para uma produção de 32,5 milhões de barris por dia. A maior redução terá vindo da Arábia Saudita, precisamente o maior produtor da OPEP.

Estes números indiciam que o acordo histórico alcançado pela OPEP em novembro, e que visa reduzir a produção para impulsionar o preço do petróleo, está a resultar. De referir que, a este acordo, juntaram-se também outros países produtores mas que não integram o cartel visando o mesmo objetivo: estabilizar a oferta do preço do petróleo.

Ainda segundo a OPEP, a Rússia não terá ainda cumprido com a sua promessa. Os russos comprometeram-se a cortar 300 mil barris por dia, mas os números de janeiro deixam antever um corte de apenas 120 mil barris por dia.

Em média o preço do barril entre os estados-membros da OPEP foi de 52,40 dólares em janeiro, precisamente o valor mais elevado dos últimos 18 meses.

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Tudo em aberto: quem vai para o Eliseu?

  • Marta Santos Silva
  • 13 Fevereiro 2017

Cinco candidatos e uma eleição que não para de baralhar para voltar a dar. Com Fillon enfraquecido, Macron a ganhar terreno e Le Pen sempre intimidadora, quem vai ser o novo Presidente francês?

Da esquerda para a direita: Jean-Luc Mélenchon, Benoît Hamon, Emmanuel Macron, François Fillon e Marine Le Pen.Blandine le Cain; EPA/Eric Feferberg; Official Le Web Photos; deputes-socialistes.eu; Camille Gévaudan

As presidenciais francesas aproximam-se e parece que as surpresas não estão prestes a acabar. A 23 de abril os franceses vão às urnas pela primeira vez e, a 7 de maio, na segunda volta, escolhem quem vai viver para o Eliseu, em Paris. Se a eleição já teve momentos em que parecia decidida, volta a estar tudo em aberto, com François Fillon, o candidato da direita, a sangrar apoiantes por estar envolvido num escândalo de corrupção, o candidato do PS, Benoît Hamon, a cair com cada nova sondagem, e o independente Emmanuel Macron a avançar a olhos vistos. Do lado da extrema-direita, Marine Le Pen mantém a sua base sólida e as hipóteses firmes de passar à segunda volta.

Mas quem são os candidatos à presidência, quais as suas hipóteses, e o que propõem para França?

Jean-Luc Mélenchon: Encostado à esquerda

Jean-Luc Mélenchon fundou o movimento A França Insubmissa.Pierre-Selim

Já pertenceu ao Partido Socialista (PS) francês, fundou depois o Partido de Esquerda (PG) com o qual se candidatou às presidenciais de 2012 para ficar em quarto lugar, e agora volta a lançar-se à corrida ao Eliseu. Desta feita, Jean-Luc Mélenchon avança “fora do enquadramento partidário”, com um movimento fundado por si há cerca de um ano: o França Insubmissa (FI).

Qual é o projeto do eurodeputado, que se considera socialista republicano, e do seu FI? Como outros candidatos da esquerda, propõe limitar o livre comércio internacional, rejeitando acordos como o CETA, entre a União Europeia e o Canadá, e o TTIP, entre a União Europeia e os Estados Unidos. Pró-europeu, defende porém mudanças profundas na UE, nomeadamente através de alterações nos tratados fundadores que transfiram mais poder para os cidadãos.

Dentro das fronteiras francesas, as propostas de Mélenchon incluem uma maior atenção às energias verdes através da implementação de um projeto de transição energética, para deixar para trás os combustíveis fósseis e o nuclear. Também na agenda? Subida do salário mínimo e uma democracia mais participativa, com recurso mais frequente ao referendo para resolver impasses no Parlamento e a possibilidade de deputados serem retirados da Assembleia se os seus eleitores assim decidirem.

Neste momento, Mélenchon surge nas sondagens próximo da posição que ocupou nas presidenciais de 2012: entre 11% e 12% das intenções de voto. No entanto, pode ainda tornar-se uma peça chave por já ter afirmado estar disposto a aliar-se ao candidato do PS caso haja a possibilidade de uma solução governativa. “Mas há uma condição: a honestidade”, disse ao Le Parisien.

Benoît Hamon: Solução à portuguesa?

O candidato do PS ultrapassou Manuel Valls nas primárias.Nicoleon / Wikimedia Commons

Ganhou as primárias do Partido Socialista, após ter passado à segunda volta com o primeiro-ministro de François Hollande, Manuel Valls. Benoît Hamon sempre esteve no PS, começando na juventude, chegando depois a eurodeputado e mais parte da porta-voz do partido. Também foi ministro da Educação e do Ensino Superior sob Hollande. Agora, concorre ao lugar dele, mas tem um grande desafio pela frente: a queda drástica do PS nas sondagens comparativamente às últimas presidenciais.

Hamon surge nas últimas sondagens, como a da última segunda-feira divulgada pela Opinionway-Orpy, muito mais perto de Mélenchon do que de Fillon, o candidato da direita: com 14% das intenções de voto, ainda se mantém no quarto lugar, mas não por uma grande diferença em relação ao quinto classificado. O que pode Hamon fazer para se chegar à frente?

A plataforma do candidato do PS não é muito distante da de Mélenchon mais à esquerda, embora o último seja mais radical. Ambos procuram uma União Europeia reforçada com mais poder para os cidadãos, embora Mélenchon queira sair da NATO e Hamon não tenha intenções disso. Na questão ecológica estão totalmente de acordo, ambos são a favor da legalização da eutanásia e da canábis, e querem reformas nas leis eleitorais que passem a reconhecer o voto em branco e que tornem a democracia mais participativa. É uma proximidade que arrisca diluí-los um no outro.

Uma “solução portuguesa” que juntaria os socialistas aos partidos mais à esquerda parece estar em cima da mesa: Hamon já estendeu a mão. “Proponho a todos os candidatos destas primárias [do PS] mas também os que se reveem na ecologia política, em especial Jean-Luc Mélenchon e Yannic Jadot [dos Verdes], que pensem apenas nos interesses dos franceses”, afirmou o candidato num discurso perante os apoiantes, citado pelo Le Figaro. “Proporia que constituíssemos juntos uma maioria governamental coerente e durável, para o progresso social, ecológico e democrático”. Mas o caminho ainda é longo: os 11% e 14% do FI e do PS não chegam para vencer.

Emmanuel Macron: Favorito inesperado

Emmanuel Macron, do movimento En Marche (EM), vê-se favorito ao Eliseu.Gouvernement Français

Deixou para trás o PS e criou um movimento com as mesmas iniciais do seu nome, o En Marche (EM). É com este movimento que Emmanuel Macron se torna, em várias sondagens, um dos favoritos a ocupar o Eliseu a partir das eleições presidenciais, cuja segunda volta terá lugar a 7 de maio. Os escândalos em que tem estado envolto François Fillon favoreceram o candidato centrista, que numa das últimas sondagens surge com 23% das intenções de voto, à frente de Fillon e pouco atrás de Marine Le Pen. Passando à segunda volta com Le Pen, Macron é tido como o quase certo Presidente francês, podendo mais facilmente do que Fillon, mais conservador, juntar em si os votos da esquerda e da direita que rejeitam Marine Le Pen.

Quais as propostas do jovem candidato? Para a edição francesa da Forbes, são uma conjunção das de François Hollande, “que seria mais audacioso”, e das de François Fillon, “que seria menos brutal”. O candidato tem feito um grande esforço de se posicionar bem no centro, nem um centímetro para a esquerda ou para a direita.

Sobre a Europa, tem uma visão federalista, com um orçamento europeu comum e um ministro das Finanças da zona euro. Para recuperar o poder de compra dos cidadãos antecipa cortar as taxas sociais suportadas pelos contribuintes, e é contra o rendimento universal. Muitas das reformas que propõe passam pelo aumento da competitividade de França no panorama internacional: aumentar o investimento, incentivar o investimento privado e promete ainda estabilidade fiscal, comprometendo-se a não mudar nenhum imposto mais do que uma vez no mandato de cinco anos.

François Fillon: Dentro ou fora?

A candidatura de François Fillon está enfraquecida, mas o republicano mantém-se na corrida.European People's Party

Ainda não foi renegado pelo partido: os social-democratas do Les Républicains (LR) mantêm o seu apoio a François Fillon apesar do escândalo que o tem feito cair nas sondagens, embora mantenha um núcleo duro de apoiantes. Com a posição de favorito ao Eliseu em risco, o candidato vê-se a braços com as acusações de que remunerou durante dez anos a mulher por uma posição fictícia de assistente parlamentar. O ECO já esclareceu mais a fundo as acusações que enfrenta Fillon, mas o seu futuro político ainda é turvo: o que se sabe é que sai se for constituído arguido, e que o LR, para já, não dá mostras de o querer fazer sair.

O programa de Fillon é encostado à direita, e o antigo primeiro-ministro tem um projeto de liberalização “intensiva da economia”, que apelida de “radical”: desde logo, pretende baixar o imposto sobre as sociedades de 33,3% para 23%.

Fillon pretende adiar a idade de reforma para os 65 anos, e tem como um dos seus principais projetos a redução do número de funcionários públicos, que garante serem demasiados para as necessidades de França: promete deixar cair 500 mil funcionários públicos no seu primeiro mandato. Quer ainda cortar o subsídio de desemprego em 75% após seis meses e aumentar o IVA.

Falta saber se o programa vai fazer diferença. Em poucas semanas, desde o rebentar das dúvidas à volta dos pagamentos à sua mulher, Penelope Fillon, o candidato caiu vários pontos nas sondagens de intenções de voto, e encontra-se agora em terceiro lugar, atrás de Le Pen e de Macron. Nenhum dos dois principais partidos franceses chegar à segunda volta das eleições presidenciais seria uma demonstração (ainda mais) clara de que os franceses procuram alternativas.

Marine Le Pen: Primeira nas sondagens

A líder da Frente Nacional, Marine Le Pen, está cada vez mais perto do Eliseu.Marlene Awaad/Bloomberg

A candidata eurocética que co-preside o grupo Europa das Nações e das Liberdades no Parlamento Europeu está lançada para sair vencedora da primeira volta das eleições presidenciais de 23 de abril, embora as sondagens prevejam que seja derrotada na segunda volta, quer contra Fillon, quer contra Macron. Marine Le Pen é a favorita de cerca de 23% dos franceses, que tencionam votar na líder da Frente Nacional para a presidência.

Quais as propostas da candidata da extrema-direita? A plataforma de Le Pen é, acima de tudo, nacionalista, como se torna claro pelo seu material de campanha como o vídeo abaixo. Uma das suas principais propostas é a de referendar, ao estilo do Brexit, a permanência da França na União Europeia.

A candidata apresentou não menos que 144 compromissos para a França, entre eles a saída do euro, aumento generalizado dos salários mais baixos, “acabar com a imigração descontrolada”, e “instaurar um patriotismo económico” — com o fim das restrições impostas pela União Europeia e restrições nas importações.

Os 144 compromissos têm uma particularidade: uma linguagem cuidada para ser o mais consensual possível, mudando a forma como exprime algumas das propostas mais fraturantes, como o fim do casamento entre pessoas do mesmo sexo e as restrições rígidas que tenciona impor à imigração e à entrada de refugiados no país. A Frente Nacional também deixou de propor o regresso da pena de morte — algo que sugerira para fazer face ao terrorismo. Esta aproximação aos eleitores indecisos envia uma mensagem clara: a Frente Nacional quer sair do seu núcleo duro e conquistar mais franceses. E a queda de Fillon, o único outro candidato firmemente colado à direita, deixa o partido ainda mais confiante.

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Vistos ‘Gold’: Investimento captado em janeiro mais que triplica para 141 milhões de euros

  • Lusa
  • 13 Fevereiro 2017

Até final de janeiro tinham sido concedidos 12 Vistos 'Gold' para reabilitação urbana, sendo que o primeiro foi atribuído em julho de 2016.

O investimento captado através dos Vistos ‘Gold’ em janeiro subiu 61% face a dezembro e mais do que triplicou em termos homólogos para 141 milhões de euros, segundo dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF). No primeiro mês do ano, o investimento resultante da Autorização de Residência para a atividade de Investimento (ARI), como também são conhecidos os vistos ‘Gold’, totalizou 141.250.454,23 euros, uma subida de 61% face a dezembro (87.482.100,72 euros) e de 266% face janeiro de 2016 (38.574.620,34 euros).

Do total do montante captado em janeiro, a maior parte (126.510.764,48 euros) correspondeu a investimentos de compra de bens imóveis, enquanto a transferência de capital arrecadou 14.739.689,75 euros. O número de vistos dourados atribuídos em janeiro totalizou 221, dos quais 207 pela compra de bens imóveis e 14 pelo critério de transferência de capital.

Dos 207 atribuídos mediante o critério de aquisição de bens imóveis, destaque que no mês passado foram atribuídos mais três vistos dourados para reabilitação urbana, no âmbito das novas regras de concessão de ARI, em vigor desde setembro de 2015.

Em termos acumulados – desde que os vistos ‘dourados’ começaram a ser atribuídos, em 08 de outubro de 2012, até janeiro último -, o investimento total captado com as ARI atingiu os 2.708.427.398,85 euros, dos quais 266,189,285,37 euros por transferência de capital e 2.442.238.113,48 euros pela compra de bens imóveis.

Desde a criação deste instrumento, que visa a captação de investimento, foram atribuídos 4.423 ARI: dois em 2012, 494 em 2013, 1.526 em 2014, 766 em 2015, 1.414 em 2016 e 221 este ano. Em termos acumulados, desde a sua criação até janeiro, foram concedidos 4.171 vistos pelo requisito da aquisição de bens imóveis, 246 por transferência de capital, e seis pela criação de, pelo menos, 10 postos de trabalho.

A China lidera a lista de ARI atribuídas (3.154 até janeiro, seguida do Brasil (282), Rússia (159), África do Sul (148) e Líbano (80). As novas regras para a obtenção de Vistos ‘Gold’, que alargaram os critérios de investimento para cidadãos fora da União Europeia a áreas como reabilitação urbana e ciência, entre outras, entraram em vigor a 03 de setembro de 2015. Desde 2013 foram atribuídas 7.038 autorizações de residência a familiares reagrupados: 576 em 2013, 2.395 em 2014, 1.322 em 2015, 2.344 em 2016 e 401 em 2017.

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SIC chega a acordo com a Meo para redução do custo de distribuição na TDT

Depois da TVI, a SIC acaba de chegar a um acordo com a Meo para reduzir o preço pago à operadora para distribuição do canal na TDT. Desconhecem-se os valores das reduções alcançadas.

A SIC já chegou a acordo com a Meo, da PT Portugal, sobre a redução do preço pago no contrato de distribuição do seu sinal através da Televisão Digital Terrestre (TDT), disse hoje fonte oficial à Lusa. Em janeiro, a TVI chegou a acordo com a PT sobre o mesmo assunto.

Questionada pela Lusa, “a SIC confirma que chegou a acordo com a PT para a redução do preço pago no contrato de distribuição do seu sinal” através da TDT, disse a fonte oficial da estação de televisão de Carnaxide. “A SIC congratula-se com o acordo que foi possível alcançar”, adiantou a mesma fonte.

“Tendo em conta as alterações no espaço ocupado por cada operador na TDT, foi possível fazer refletir nos preços praticados no âmbito do contrato TDT os ganhos de eficiência que resultaram da otimização do espetro utilizado”, acrescentou ao ECO fonte oficial da PT Portugal.

É a Meo quem gere o serviço de TDT em Portugal. Esta negociação dos preços, levada a cabo pelos canais privados, surgiu depois de a RTP ter incluído os canais RTP 3 e RTP Memória na plataforma, subindo para sete o número de canais free-to-air no país.

Na altura, a administração da estação pública terá conseguido uma redução no preço pago à operadora e que despertou, desde logo, o interesse dos canais privados. Desconhecem-se os valores dos cortes nos preços conseguida pela TVI e pela SIC.

Atualizado às 16h58 com declarações de fonte oficial da PT Portugal.

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Um Assassinato na Turquia é a melhor foto do ano

  • ECO
  • 13 Fevereiro 2017

A foto que regista o instante em que Mevlüt Mert Altıntaş matou Andrey Karlov, o embaixador russo na Turquia, venceu o prémio de Melhor Fotografia do World Press Photo.

Mevlut Mert Altintas grita depois de ter assassinado o embaixador russo na Turquia, Andrei Karlov, na galeria de arte em Ankara, a 19 de dezembro de 2016. (AP Photo/Burhan Ozbilici)Burhan Ozbilici

A fotografia correu o mundo. A 19 de dezembro de 2016, numa galeria de arte em Ankara, na Turquia, um homem está com o braço erguido ao alto, a apontar o dedo indicador ao teto, enquanto segura com a outra mão a arma com que disparou contra Andrey Karlov, o embaixador russo na Turquia. O atirador, Mevlüt Mert Altıntaş, está a gritar, um misto de desespero e regozijo por ter conseguido o seu objetivo. É uma fotografia de uma potência tal que o World Press Photo decidiu distingui-la como Melhor Foto deste ano.

O fotógrafo que captou o momento-chave daquele assassinato na galeria de arte em Ankara, na Túrquia, chama-se Burhan Ozbilici e é jornalista da Associated Press. Estava na galeria quando Mevlüt Mert Altıntaş, um polícia turco fora de serviço, entrou de rompante e disparou sobre o embaixador russo quando este estava a meio do discurso de inauguração de uma exposição fotográfica. Depois de ter disparado, gritou “não se esqueçam de Alepo, não se esqueçam da Síria!”. Além de matar o embaixador, também feriu três civis, antes de ser abatido pela Polícia.

ATUALIZAÇÃO: Stuart Franklin, presidente do júri do World Press Photo, publicou esta manhã um artigo de opinião no site de jornal britânico The Guardian, onde defende que o impacto da foto é “inegável”, mas que a imagem “promove a ligação entre martírio e publicidade”. “É a fotografia de um homicídio, o assassino e a vítima, ambos na mesma imagem. É tão problemática de publicar como uma decapitação terrorista”, acusou.

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Sony foi a grande vencedora dos Grammys deste ano

  • ECO
  • 13 Fevereiro 2017

Numa altura em que o Youtube e o Spotify conquistam cada vez mais adeptos, a empresa que detém, entre outras, a Columbia Records, foi a rainha da noite, com os seus artistas a conseguirem 27 prémios.

O que têm em comum Adele, Beyonce e David Bowie, para além de serem nomes incontornáveis do panorama musical e de terem vencido as grandes categorias da 59ª edição dos Grammys, na noite deste domingo? Têm o facto de serem todos artistas da Columbia Records, que pertence à gigante Sony. Por isso a companhia e o seu futuro CEO, Rob Stringer, ao fim ao cabo, foram os grandes vencedores da noite.

A Columbia Records tem 130 anos e representa ou já representou a maioria das grandes estrelas do mundo musical, de Bruce Springsteen a David Bowie, passando por Bob Dylan, George Michael, Frank Sinatra ou Leonard Cohen. A lista continua, até com alguns dos nomes mais sonantes do panorama musical nos últimos anos, como One Direction, John Legend, Calvin Harris ou John Mayer. E no seu reportório estão incluídas precisamente as duas grandes artistas vencedoras da noite de domingo, Adele e Beyonce.

Adele segura os cinco troféus que venceu na 59º cerimónia anual dos Grammy no Staples Center em Los Angeles. EPA/MIKE NELSONEPA/MIKE NELSON 12 fevereiro, 2017

Beyonce já está ligada à Columbia Records desde os seus tempos no trio Destiny’s Child, e Adele trabalhou com a empresa nos três álbuns que editou até agora. E na 59ª cerimónia dos Grammys, que ocorreram neste domingo no Staples Center, em Los Angeles, as duas artistas brilharam.

Adele venceu em todas as categorias para que estava nomeada, levando para casa os cinco principais prémios da noite: Álbum do Ano e Melhor Álbum Pop Vocal com “25”, Canção do Ano e Gravação do Ano com “Hello” e Melhor Performance Pop. Estas vitórias fazem dela a primeira artista a conseguir os três principais galardões mais que uma vez, e também a primeira mulher a conseguir o Melhor Álbum do Ano por duas vezes.

Beyonce venceu duas das nove categorias para as quais estava nomeada: Melhor Álbum Urbano com “Lemonade” e Melhor Videoclip, pela música “Formation”.

David Bowie foi o terceiro nome mais sonante da noite, tendo ganho os cinco prémios póstumos para os quais estava nomeado: Melhor Performance Rock e Melhor Canção Rock com “Blackstar” e Melhor Álbum Alternativo com “Blackstar”.

A grande campeã é a Sony

O sucesso de Adele, Beyonce e David Bowie é uma das grandes razões para Stringer ser apontado como sucessor de Doug Morris como próximo CEO da Sony, companhia-mãe da Columbia Records e a segunda maior discográfica do mundo. Se for escolhido, Stringer vai assumir o cargo em abril deste ano, o que representa uma transição tanto para si como para a discográfica e a indústria da música em si.

Ao mesmo tempo que as empresas do mundo da música lutam para se adequarem à nova realidade, os fãs estão a deixar os CDs e a passarem para o iTunes, Spotify e Youtube, Stringer vai depender mais que nunca das maiores estrelas da Sony para continuarem a impulsionar uma companhia que, sozinha, foi responsável por 1,5 mil milhões de dólares em vendas no último trimestre do ano passado.

Mas os maiores serviços de streaming de música já conseguem lucros muito superiores aos das lojas de música, físicas e online, nos Estados Unidos. O seu crescimento tem vindo a dinamizar os lucros da indústria musical ao longo dos últimos dois anos, pela primeira vez desde o pico na compra de CDs, no final da década de 90. No entanto, as discográficas ainda estão a tentar chegar a acordo com os responsáveis destes serviços inovadores quanto à percentagem de música que devia estar limitada aos subscritores que pagam para lhe terem acesso e à percentagem que deve ser completamente livre e grátis, apoiada unicamente pela publicidade, que não é assim tão lucrativa para a indústria.

Serviços como o Youtube ou o Spotify já misturam serviços pagos com gratuitos, mas há artistas que se recusam a fazer parte deles. Adele e Beyonce, por exemplo, começaram por recusar terem os seus álbuns disponíveis na maioria dos serviços de streaming, e no caso de Beyonce, o álbum “Lemonade” continua indisponível no Spotify e no Apple Music. Está, em contrapartida, disponível no Tidal, a plataforma de streaming detida por Jay-Z, marido de Beyonce.

Rihanna, Drake e Chance de Rapper — os dois últimos também levaram para casa vários Grammys — escolheram lançar exclusivamente os seus álbuns e singles no Apple Music e no Tidal, que são serviços pagos, e mantiveram-nos lá durante algum tempo, antes de os disponibilizarem também noutras plataformas.

O Spotify, o Youtube e o Apple Music têm vindo a tentar seduzir artistas, managers e membros de algumas discográficas com publicidade grátis. Isso, aliado aos restantes obstáculos que as velhas companhias que detêm discográficas têm pela frente, tornam o seu futuro ainda mais incerto. E este ano, pela primeira vez, um artista completamente independente arrecadou três Grammys pelo álbum que lançou em exclusivo no Apple Music. Com “Coloring Book”, Chance The Rapper venceu Melhor Álbum Rap, Melhor Performance Rap com “No Problem” e Artista Revelação. Um artista que escolheu não se associar a nenhuma companhia e tratar de todo o processo de edição e lançamento da sua obra sozinho.

“Sei que as pessoas pensam que a independência significa fazeres as coisas por ti mesmo, mas o que independência significa é liberdade”, afirmou o artista.

Discos e os vinis não morreram

O álbum “25” de Adele quebrou o recorde do número de álbuns vendidos numa semana, quando foi lançado em novembro de 2015, e foi o álbum mais bem-sucedido de 2016, de acordo com a Billboard. O álbum “Lemonade” de Beyonce foi o quarto mais vendido. Também “Blackstar”, o último álbum que David Bowie lançou, apenas dois dias antes de morrer, vendeu 146 mil cópias só na primeira semana, no Reino Unido, e mais de 181 mil nos Estados Unidos. No Reino Unido, quatro outros álbuns do artista, além de “Blackstar”, mantiveram-se no top 10, e outros sete mantiveram-se no top 40, igualando, desta forma, o recorde de Elvis Presley. A nível da Internet, na semana do lançamento de “Blackstar”, de 11 a 17 de janeiro, o álbum conseguiu o maior número de downloads do iTunes em 25 países.

Bowie foi o artista com o maior número de vinis vendidos no ano passado no Reino Unido, com cinco dos seus álbuns no top 30 dos vinis, e “Blackstar” foi o mais vendido do ano. Vendeu o dobro das cópias do segundo classificado, “25” de Adele.

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EOnetwork: “Incluir esta rede em Portugal é um ótimo sinal”

A EOnetwork, para líderes de startups que faturam mais de um milhão por ano, já chegou a Portugal. O ECO falou com alguns responsáveis que explicam o conceito, as expectativas e os objetivos.

Da esquerda para a direita: Miguel Santo Amaro, Pedro Janela, João Vasconcelos e Tim Vieira.DR

A EOnetwork já está em Portugal. Será mais uma porta escancarada aos empreendedores portugueses, mas não para todos: só podem entrar os proprietários de empresas que faturaram mais de um milhão de euros no último ano fiscal, ou que tenham tido rondas de financiamento superiores a dois milhões de euros. É uma rede de networking com mais de 12 mil membros. A abertura do chapter português foi assinalada a 25 de janeiro, num jantar no hotel Pestana Palace, em Lisboa.

Um chapter é como uma delegação da EOnetwork num país. O recém-criado capítulo português começou por ser dinamizado por Pedro Janela, empreendedor e líder do WY Group, que no último ano, em conjunto com o jovem empreendedor Miguel Santo Amaro, juntou 17 membros em Portugal. Para os membros, Pedro Janela é champion. A Miguel Santo Amaro chamam presidente.

O ECO esteve na cerimónia de lançamento e entrevistou Miguel Santo Amaro. O responsável pela Uniplaces, que quadruplicou receitas em 2016, explicou o que quer fazer com mais este projeto que agora tem em mãos: “Acaba por ser mais um passo importante na internacionalização do hub que Portugal e Lisboa, neste caso específico, hoje representam no mundo.” A ideia é chegar aos 100 membros em Portugal até 2020. Será possível? “Não vai ser fácil, mas é também esta ambição que começa a mudar Portugal. Queremos pensar grande, a partir deste retângulo no canto da Europa”, disse, classificando a chegada da EOnetwork como “mais um marco importante no ecossistema empresarial português”.

Questionado sobre que mais-valia trará esta rede para uma empresa como a Uniplaces, Miguel Santo Amaro não esconde a importância do networking: “Estes contactos de novos negócios, de novos conhecimentos, desta partilha constante, é importante não só para o indivíduo Miguel Amaro, para a organização Uniplaces e para a própria cidade, que vai beneficiar também destes empresários a comunicarem uns com os outros”, indicou.

É também a opinião de Pedro Janela, promotor da iniciativa desde a primeira hora: “A mais-valia é a internacionalização. Ter acesso global com um telefonema. Ir para países desconhecidos, em que não conhecemos ninguém, é muito difícil. Aqui, basta pegar no telefone, enviar um email e toda a gente responde no minuto a seguir”, garantiu.

Por detrás da chegada da EOnetwork a Portugal está ainda outro detalhe: a possível realização em Portugal do evento Global Leadership Conference em 2020. É o encontro geral da rede, que se propõe a trazer ao país “quatro mil pessoas” vindas de todo o mundo, avançou Pedro Janela: “São quatro mil empreendedores, maduros, que se vão reunir em Portugal, espero eu, para discutir o futuro da rede e para aumentar ainda mas a rede.”

Recuando um pouco, antes mesmo de Pedro Janela e Miguel Santo Amaro pegarem na ideia para lhe dar forma, houve um nome: João Vasconcelos, secretário de Estado da Indústria, que, segundo o champion português, “foi o responsável por a EOnetwork estar em Portugal”. “Foi o João [Vasconcelos] que deu o meu nome e o do Miguel Santo Amaro”, contou Pedro Janela.

O facto é que João Vasconcelos também marcou presença no evento de lançamento no Pestana Palace. “Existirem espaços e fóruns onde os empresários partilham as suas experiências, partilham como é que eles, confrontados com aquele problema, o resolveram, é muito útil. Incluir esta rede em Portugal é um ótimo sinal”, garantiu João Vasconcelos, em entrevista ao ECO.

Agora, com a rede a passar também por Portugal, como é que o Governo pode ajudar? “De muitas formas”, garantiu o secretário de Estado. “Para já, criando o ambiente certo. É isso que temos tentado fazer com a Startup Portugal, com a rede de incubadoras, com os 400 milhões com investimento com capitais de risco e business angels, com o Programa Semente, os benefícios fiscais para quem investe neste género de empresas e com os programas internacionais de parceria entre Startup Portugal, Startup Índia, Startup Brasil, Startup Macau, etc. Há muito a fazer mas, essencialmente, o papel é criar o ambiente certo”, concluiu.

Foi já num dos corredores que o ECO se cruzou com Tim Vieira, presidente executivo da Brave Generation, conhecido dos portugueses como um dos tubarões do programa “Shark Tank” da SIC. A empresa de Tim Vieira é um dos 17 membros que arrancam o capítulo português: “Estou muito contente em ser parte da EO em Portugal. É a segunda vez que estou envolvido. Já fiz um contacto espetacular, que ficou amigo e investidor, que é da Alemanha, através da EO”, contou.

Ficou por falar do elefante na sala: o facto de o chapter português arrancar apenas com empresas lideradas por homens. Foi a Tim Vieira que o ECO fez a pergunta: porquê? A resposta: “Estamos mesmo à procura de senhoras que também querem fazer networking, querem ser entrepreneurs.” E terminou: “O sucesso de Portugal está mesmo nas mãos das mulheres. São muito bem-vindas.”

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Finanças: “A Comissão Europeia reconhece o sucesso da estratégia do Governo”

  • Margarida Peixoto
  • 13 Fevereiro 2017

O Ministério das Finanças frisa a melhoria das projeções da Comissão Europeia sobre Portugal. E assegura que estas estimativas garantem a saída do Procedimento por Défice Excessivo já em 2017.

As Previsões de Inverno — publicadas esta segunda-feira pela Comissão Europeia — refletem o reconhecimento do sucesso da estratégia do Governo, defende o Ministério das Finanças, em comunicado. O gabinete de Mário Centeno frisa a melhoria das projeções de Bruxelas para Portugal e assegura que estes números garantem a saída do Procedimento por Défice Excessivo já em 2017.

“A Comissão Europeia (CE), nas Previsões de Inverno sobre a economia portuguesa, reconhece o sucesso da estratégia económica do Governo”, lê-se no comunicado do Ministério das Finanças enviado esta segunda-feira às redações.

O gabinete de imprensa de Mário Centeno dá conta de várias melhorias nas projeções da Comissão para o país. Frisa que a previsão do défice foi revista em baixa, “em 0,4 pontos percentuais em 2016 e em 0,2 pontos percentuais em 2017” e nota que as estimativas para o crescimento foram revistas “em forte alta”. Para 2016 a projeção é de 1,3% (contra 1,2% previstos pelo Executivo) e para este ano é de 1,6% (contra 1,5% das Finanças). “As previsões da CE aproximaram-se das projeções do Governo, confirmando o seu realismo”, sublinha o comunicado.

Sobre o saldo estrutural, Centeno nota que a previsão de ajustamento para 2016 passou de uma degradação de 0,1 pontos percentuais, para uma estabilização do saldo — uma variação que não garante o cumprimento da meta para este indicador, que implicava uma melhoria de 0,6 pontos. Mas o Ministério das Finanças promete que “com o apuramento final das contas públicas de 2016 tornar-se-á ainda mais evidente a melhoria.”

Seja como for, argumenta o Executivo, “ao longo do horizonte de projeção, o défice ficará claramente abaixo dos 3% e o rácio da dívida pública entrará numa trajetória descendente”. Por isso, “a correção durável e sustentável do défice garante as condições para a saída de Portugal, já este ano, do Procedimento por Défices Excessivos”, promete o Ministério das Finanças. Na conferência de imprensa, Pierre Moscovici, comissário europeu para os Assuntos Económicos e Financeiros assume que haverá que tomar decisões neste capítulo ainda este ano, mas não confirma o sentido da decisão. Valdis Dombrovskis, também hoje, frisou que Portugal pode sair do défice excessivo em 2017, mas também não concretizou.

O Governo diz ainda que “a Comissão confirma a sustentabilidade do padrão de crescimento da economia com a manutenção de um excedente externo ao longo do horizonte de projeção” e sublinha que Bruxelas “reconhece os sólidos sinais de aceleração do investimento privado no final de 2016 e início de 2017” — um argumento que tanto Mário Centeno como o primeiro-ministro António Costa têm defendido.

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Costa responde a Marques Mendes e nega “marosca” com Decreto-lei

  • Lusa
  • 13 Fevereiro 2017

O primeiro-ministro rejeitou as acusações de Marques Mendes de manipulação da data de publicação do decreto que isenta os administradores da Caixa do estatuto do gestor público.

O primeiro-ministro rejeitou hoje as acusações de Marques Mendes de manipulação da data de publicação do decreto que isenta os administradores da Caixa do estatuto do gestor público, justificando a demora com negociações com a Comissão Europeia.

As críticas do comentador da SIC Luís Marques Mendes “não fazem o menor sentido”, disse hoje o primeiro-ministro, António Costa, em declarações à Lusa, no final de uma visita aos militares portugueses na República Centro-Africana. “É um espírito criativo de ficção policial, mas não teve nada a ver com a realidade da vida política. Não é assim que os órgãos de soberania se relacionam uns com os outros”, afirmou Costa, sublinhando que o decreto foi sujeito a apreciação parlamentar.

Segundo António Costa, a demora na publicação do diploma em Diário da República teve a ver com a necessidade de concluir negociações com a Comissão Europeia. “Estávamos na altura em plena fase de conclusão das negociações com a Comissão Europeia sobre o processo de recapitalização. Havia várias parcelas, uma tinha a ver com o estatuto do gestor público, outra com a possibilidade de capitalização. Em julho chegámos a uma fase decisiva em que houve acordo quanto ao desenho do sistema”, explicou o primeiro-ministro.

“Seria completamente absurda qualquer tentativa de esconder o que é óbvio, visto que as leis são publicadas em Diário da República e poderia sempre haver apreciação parlamentar, aliás como houve”, acrescentou. O comentador e ex-líder do PSD acusou no seu comentário semanal de domingo no jornal da noite da SIC o Governo de ter manipulado a publicação do decreto-lei que criou exceções para os gestores da Caixa Geral de Depósitos. Marques Mendes disse que o Governo atrasou a publicação para evitar alterações no Parlamento.

“O Presidente da República promulgou no dia 21 de junho, mas só foi publicado no dia 28 do mês seguinte, ou seja, o Governo congelou este decreto-lei, manipulou a data de publicação porque 28 de julho é o início das férias da Assembleia da República. Ou seja, queriam diminuir o risco dos deputados se aperceberem”, acrescentou Marques Mendes.

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PSD: “Portugal tem um ministro que mentiu”

  • Rita Atalaia
  • 13 Fevereiro 2017

O PSD vai enviar um requerimento por escrito a pedir quatro respostas a António Domingues. "Queremos saber até onde vai a lata do senhor ministro das Finanças", refere Hugo Soares em declarações.

Há cada vez mais questões em torno da Caixa Geral de Depósitos (CGD). E o PSD exige respostas sobre esta polémica. Hugo Soares diz que o grupo parlamentar do PSD vai apresentar hoje um requerimento por escrito a pedir quatro respostas a António Domingues. O deputado social-democrata diz que o presidente demissionário do banco do Estado é quem poderá responder a todas as dúvidas sobre este processo. Isto depois de o ECO ter revelado uma carta secreta de António Domingues que compromete Mário Centeno. “Portugal tem hoje um ministro das Finanças que mentiu ao país”, acusa o PSD.

Soares diz que o grupo parlamentar do PSD quer respostas sobre o que realmente aconteceu na CGD. Para isso, “apresentará hoje mesmo um requerimento escrito a pedir quatro respostas a António Domingues, que é hoje quem está na posse da informação capaz de acabar com esta novela de uma vez por todas“, refere o deputado social-democrata em declarações aos jornalistas.

"O grupo parlamentar do PSD, em sede parlamentar de comissão de inquérito, apresentará hoje mesmo um requerimento escrito a pedir quatro respostas a António Domingues, que é hoje quem está na possa da informação capaz de acabar com esta novela de uma vez por todas.”

Hugo Soares

deputado do PSD

Mas o que será questionado? O partido da oposição quer saber se António Domingues “acordou ou não de forma muito clara com o ministro das Finanças a alteração ao Estatuto de Gestor Público para não ter a obrigatoriedade de entregar as declarações de rendimento. Se sim, em que termos. É preciso esclarecer se há outros documentos escritos, trocas de mensagens”, refere Hugo Soares. O deputado diz que querem ainda esclarecer se o primeiro-ministro, António Costa, soube em algum momento deste acordo e se teve alguma conversa com o presidente demissionário sobre o tema.

António Costa não “pode continuar a empurrar com a barriga para a frente um problema” e ter um “ministro das Finanças que mentiu ao país, fugiu às respostas, não esclarece a verdade”. E mentiu numa comissão parlamentar de inquérito, relembra o deputado, o que “constituí, como sabem, crime de falsas declarações”. Hugo Soares refere ainda que o primeiro-ministro não pode continuar a “desvalorizar um facto que é da maior gravidade”.

O PSD já confirmou que vai chamar potestativamente o ministro das Finanças à comissão parlamentar de inquérito à gestão da CGD, como foi noticiado pelo Expresso. A ação dos sociais-democratas surge após a notícia do ECO onde uma carta secreta de António Domingues compromete Mário Centeno. Na sexta-feira, António Costa garantiu que mantém a confiança no responsável das finanças públicas. “Queremos saber até onde vai a lata do senhor ministro das Finanças”, remata Hugo Soares na declaração aos jornalistas.

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S&P melhora rating do BPI, mas mantém-no no lixo

Agência subiu rating do BPI na sequência da conclusão da oferta do CaixaBank. Ainda assim, mantém a notação num nível considerado especulativo porque duvida de ajuda espanhola se Portugal falir.

Depois da Fitch, foi a vez de a agência Standard & Poor’s melhorar a notação de rating do BPI BPI 0,00% , na sequência da Oferta Pública de Aquisição (OPA) do CaixaBank sobre o banco português. Argumenta a agência que o BPI é agora uma subsidiária estratégica para o grupo catalão e que, por essa razão, vai beneficiar do apoio financeiro espanhol.

O rating é melhorado de BB- para BB+, uma subida em dois níveis, que considera o BPI como investimento especulativo. Mas, ao contrário da Fitch, que retirou o banco português do lixo, a S&P mantém dúvidas em relação à instituição liderada por Fernando Ulrich.

“Consideramos que o BPI é agora uma subsidiária estrategicamente importante do CaixaBank”, diz a S&P em comunicado divulgado esta segunda-feira. “Depois de anos de uma forte presença minoritária no BPI, o CaixaBank adquiriu a grande maioria das ações e ganhou o controlo da gestão, tornando o BPI num importante ativo para a estratégia de longo prazo. Esperamos por isso que o BPI venha a beneficiar do apoio da casa mãe, incluindo apoio financeiro, se necessário”, justifica ainda.

"Consideramos que o BPI é agora uma subsidiária estrategicamente importante do CaixaBank. Depois de anos de uma forte presença minoritária no BPI, o CaixaBank adquiriu a grande maioria das ações e ganhou o controlo da gestão, tornando o BPI num importante ativo para a estratégia de longo prazo. Esperamos por isso que o BPI venha a beneficiar do apoio da casa mãe, incluindo apoio financeiro, se necessário.”

Standard&Poor's

Standard & Poor's

A decisão da agência surge depois de o CaixaBank ter concluído na semana passada a oferta sobre o BPI, operação na qual investiu 650 milhões de euros para passar a deter mais de 84% do banco português. Passou a deter o controlo maioritário e, com isso, já escolheu uma nova gestão: Pablo Forero substituirá Ulrich a partir de abril.

Argumentando a sua decisão, a S&P destaca o expertise significativo do CaixaBank na integração de entidades no grupo e ainda o conhecimento do BPI enquanto acionista do banco português durante anos. Mas sublinha também, como ponto negativo, o desafio que representa para a nova administração melhorar da rentabilidade do BPI representa desafios para a gestão, especialmente se a posição no Banco Fomento Angola se reduzir ainda mais. “O BFA tem sido consistentemente rentável e compensou os baixos resultados domésticos durante a crise”, consideram os analistas.

Apesar da estabilidade do outlook, a S&P deixa o rating do BPI condicionado pela notação que atribui a Portugal, “o que limita uma subida em duas notas do perfil de crédito do BPI”. “Isto reflete a nossa visão de que é pouco provável que o CaixaBank forneça apoio suficiente durante algum período de stress associado a uma hipotética bancarrota do soberano”, diz a agência norte-americana.

O BPI deixou de pertencer ao PSI-20 esta sexta-feira, devido à baixa liquidez que apresenta. As ações mantêm-se hoje nos 92 cêntimos com que fecharam na última sessão.

O banco fechou 2016 com lucros de 313,2 milhões de euros, um resultado representa um aumento de 32,5% face ao exercício do ano anterior, tendo superado largamente as expectativas dos analistas à custa, em grande parte, da quebra nas provisões e do aumento dos lucros na atividade internacional. O contributo do BFA para as contas do banco liderado por Fernando Ulrich foi o mais elevado de sempre.

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IGCP: Portugal “continuará no lixo mais 12 meses”

Portugal é "lixo" para as principais agências de notação financeira. E vai continuar a sê-lo nos próximos meses. "Uma mudança de 'rating' antes de 12 meses parece-me difícil", diz Cristina Casalinho.

Além da DBRS, mais nenhuma agência de notação financeira avalia a dívida portuguesa como investimento de qualidade. Portugal é “lixo” para as três grandes do setor, situação que o Governo acredita poderá mudar a breve trecho. Mas Cristina Casalinho, a presidente do IGCP, não acredita que isso aconteça. Prevê que só para o próximo ano o país possa sair de “lixo”.

A maneira como as decisões das agências são tomadas é que, primeiro, há um outlook positivo e depois só na avaliação seguinte é que pode haver uma melhoria do rating. Não me parece que nesta ronda tenhamos uma melhoria do outlook. Já tivemos este ano informação da Moody’s e da Fitch sem subidas, e não me parece que a S&P o vá fazer”, disse em entrevista ao Público (acesso pago).

É neste sentido que a presidente do IGCP antecipa que serão precisos “mais seis meses para a subida do outlook e, portanto, uma mudança de rating antes de 12 meses parece-me difícil“. Assim, será preciso esperar por 2018, na perspetiva de Cristina Casalinho, para que o país possa contar com uma classificação mais favorável que ditará juros mais baixos nos leilões de dívida.

A subida do rating por parte das três maiores agências, a Moody’s, Fitch e S&P, é aguardada com expectativa pelo Governo. Recentemente, Mário Centeno disse acreditar que seria possível a breve prazo contar com subidas de rating. No entanto, até agora nenhuma delas sinalizou que poderá fazê-lo a breve trecho.

“Para entrar em outros investidores internacionais, nós precisamos de trabalhar muito afincadamente na melhoria dos ratings da nossa economia e é o grande desafio que temos pela frente”, afirmou o ministro à Reuters. “Olhando para aquilo que é a análise temporal que as agências tipicamente fazem e para os números da economia portuguesa, estou muito esperançado, e trabalharemos nesse sentido, para que isso aconteça”.

Rating é chave para juros mais baixos

Portugal tem sido confrontado com taxas de juro cada vez mais elevadas nos mercados. Os juros a dez anos têm-se mantido acima dos 4%, uma taxa que, ainda assim, Cristina Casalinho considera “aceitável”. Para conseguir taxas mais baixas, será preciso que os ratings subam, sendo que para isso é preciso cumprir três requisitos, diz a presidente do IGCP.

“Há três aspetos em que os relatórios das agências coincidem: o nível global de endividamento da economia como um todo é elevado, a dívida externa é das mais altas do mundo — eles já nem distinguem se a dívida é pública ou privada, olham muito mais de uma forma abrangente. O segundo fator é o crescimento e o terceiro o setor bancário, nomeadamente por causa do aspeto das responsabilidades contingentes”, refere.

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