Portugal ganha no Turismo mas perde na competitividade

  • Lusa
  • 24 Janeiro 2017

O elevado endividamento, público e privado e as condições precárias de acesso a crédito "vão continuar a ser um grande impedimento para a aceleração do crescimento", diz o relatório do BMI.

O Business Monitor International, do grupo Fitch, considera que o dinamismo do setor do turismo é um ponto forte de Portugal, mas que a perda de produtividade desde a entrada no euro é uma fraqueza do país.

No relatório hoje publicado, o Business Monitor International faz uma análise SWOT a Portugal, em que identifica as forças e as fraquezas da economia portuguesa, mas também as oportunidades e as ameaças.

Como pontos fortes, o documento refere o facto de as famílias continuarem a recuperar da quebra económica desde 2009 e o crescimento do turismo, sublinhando o dinamismo que o setor tem tido.

Por outro lado, como fraquezas, destaca-se o facto de o Produto Interno Bruto (PIB) per capita do país ser o mais baixo entre os 15 países da União Europeia antes do alargamento e “entre os mais baixos” da zona euro.

Também o facto de Portugal “ter perdido – e não ganhado – terreno nos principais Estados europeus em termos de produtividade desde a entrada no euro” é considerado como uma fraqueza pelo BMI, acrescentando que, “apesar da reversão nos últimos anos devido às reformas estruturais, pode demorar vários anos até que Portugal se torne competitivo”.

Entre as oportunidades apontadas, está o facto de “o novo Governo poder recolher benefícios mantendo o momento das reformas estruturais no setor público”, nomeadamente se “tentar resolver o número excessivo de funcionários públicos e a baixa produtividade da administração pública”.

Por outro lado, “o elevado peso da dívida externa pode significar que uma reestruturação da dívida continue a ser uma possibilidade”, segundo o BMI, considerando a dívida como uma ameaça, bem como a hipótese de “o plano do novo Governo anti-austeridade de reverter as reformas anteriores”, uma vez que isto pode aumentar os custos de financiamento e fazer cair o investimento privado.

O elevado endividamento, público e privado, e as condições precárias de acesso a crédito “vão continuar a ser um grande impedimento para a aceleração do crescimento”, fazendo também com que “o investimento continue fraco, tendo em conta o aumento da incerteza política e uma fraca procura global”.

O BMI reviu ligeiramente em alta a sua projeção de crescimento de Portugal para 2017, antecipando que o PIB cresça 1,1% (acima dos 1% anteriormente previstos), e para 2018, espera um crescimento de 1%.

O BMI considera que a aprovação de um orçamento de 2017 que “satisfaz tanto os elementos populistas internos como a Comissão Europeia é um bom sinal para a estabilidade política de curto prazo, para a credibilidade soberana e para a atividade económica”.

No entanto, o organismo considera que “o Governo minoritário liderado pelo Partido Socialista vai continuar instável à medida que caminha entre as exigências de prudência fiscal dos seus credores externos e as exigências de mais direitos e benefícios dos trabalhadores por parte dos sindicatos internos”.

Olhando para o médio/longo prazo, o BMI entende que as perspetivas de Portugal “vão ser marcadas amplamente pelas medidas que o governo tem de tomar para controlar o défice orçamental e reduzir a dívida pública para níveis controláveis”.

O BMI alerta que Portugal “terá de melhorar as suas perspetivas de crescimento se quiser escapar da armadilha da dívida”.

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CGTP: “Cada vez temos mais gente a apoiar-nos”

A central sindical valorizou, à saída da reunião com Marcelo Rebelo de Sousa, o fim da descida da TSU, que se prevê que aconteça esta quarta no Parlamento. A CGTP não quer que a medida se eternize.

À saída da reunião com o Presidente da República, Arménio Carlos garantiu que há cada vez mais pessoas a apoiar o que a CGTP defende: o salário mínimo deve ser aumentado sem contrapartidas para as empresas. O líder da central sindical argumentou que a queda da TSU é essencial uma vez que a renovação da medida estava a passar de transitória para permanente.

A CGTP não vai comentar nenhuma alternativa à redução da Taxa Social Única, a contrapartida dada aos patrões no acordo de concertação social que a central sindical não assinou. Arménio Carlos diz estar a aguardar pela proposta em concreto, recusando-se a dizer a sua posição sobre, por exemplo, a redução do pagamento especial por conta, uma medida apontada pelo PCP, BE e CDS.

“Cada vez temos mais gente a apoiar-nos”, garante o líder da central sindical, referindo que os 557 euros de salário mínimo são “insuficientes”, mas é um avanço importante de “valorizar”. Apesar de não enunciar linhas vermelhas no que toca a alternativa, Arménio Carlos é direto a dizer que as empresas não precisam de uma medida compensatória e que o caráter “transitório” da TSU corria o risco de se “eternizar”.

A central sindical afirmou que setores como o da restauração, hotelaria, têxtil, calçado ou dos serviços tiveram resultados positivos “como nunca tiveram no passado”, argumentando que por isso não é válido defender-se que as empresas não têm capacidade para absorver os custos do aumento do salário mínimo. Além disso, Arménio Carlos recordou o “cabaz de natal”, como apelidou em dezembro o acordo de concertação social, que as empresas vão receber no valor de “milhares de milhões de euros”.

A CGTP está mais preocupada com “outra distribuição de riqueza”, afirmou Arménio Carlos, atacando as margens das grandes superfícies.

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Dia dois da administração Trump: dois oleodutos aprovados

  • Juliana Nogueira Santos
  • 24 Janeiro 2017

Depois do TPP vieram dois oleodutos, ambos parados pela administração Obama.

O segundo dia de ordens executivas foi o dia das energias: Trump assinou as aprovações necessárias para o avanço dois oleodutos, o Keystone XL e o Dakota Access, continuando o trajeto de desmantelamento das conquistas do seu antecessor.

O projeto do primeiro, 1.897 km de distância, foi rejeitado em 2015 pelo presidente Obama devido à dependência energética que traria. Este oleoduto contará então com uma rede de cerca de 1.900 km que irá transportar 800.000 barris de petróleo por dia, do Canadá para a Costa do Golfo do México.

O segundo estabeleceu-se como uma causa fortemente defendida pelos liberais, que espoletou uma onda de manifestações e de solidariedade pelos povos afetados — nomeadamente indígenas. Obama não tomou uma decisão absoluta, tendo afirmado que estaria contra, mas deixando a última decisão para o seu sucessor.

Estas aprovações seguem o plano energético da nova administração que se vai basear no aumento do consumo e produção de combustíveis fósseis e na retirada de todos os apoios dados pelos anteriores presidentes para programas de alterações climáticas.

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EDP Renováveis anima Lisboa. BCP cai

O PSI-20 terminou a sessão em alta ligeira, apoiado no disparo de 4% da EDP Renováveis, com o BCP a encabeçar as perdas do índice com um deslize também de 4%. Lisboa acompanhou as subidas na Europa.

A bolsa nacional foi brindada por ventos favoráveis na sessão desta terça-feira. O disparo das ações da EDP Renováveis mais do que compensou o deslize registado pelos títulos do BCP, com o PSI-20 a terminar em terreno positivo, a acompanhar os ganhos dos pares europeus.

O índice de referência da bolsa nacional terminou a sessão a valorizar 0,37%, para os 4.576,74 pontos, apoiado no disparo de 4,38%, para os 5,96 euros, registado pelos títulos da EDP Renováveis. A empresa liderada por Manso Neto encabeçou o movimento de subida que marcou as cotadas do setor energético. Foi o que aconteceu com a EDP, cujos títulos valorizaram 0,4%, para os 2,73 euros, no dia em que a empresa anunciou um emissão de 600 milhões de euros em obrigações a seis anos. No mesmo sentido seguiram as ações da Galp Energia que valorizaram 0,14%, para os 13,88 euros, em sintonia com os preços do petróleo.

A Nos foi outra das cotadas que mais contribuiu para o desfecho positivo do PSI-20 na última sessão, com as suas ações a progredirem 1,12%, até aos 5,23 euros. No mesmo sentido, terminaram também os títulos da Sonae que avançaram 1,08%, até aos 84 cêntimos.

O avanço do índice nacional acabou por ser travado pelo recuo das ações do BCP, que caíram 3,83%, para os 15,08 cêntimos, em sintonia com o rumo dos direitos ao aumento de capital do banco liderado por Nuno Amado, que deslizaram 9%. Nas quedas, destaque também para a Jerónimo Martins, com as ações da retalhista a perderem 0,26%, para os 15,63 euros.

Na Europa, a tendência também foi de subidas, com o índice Stoxx Europe 600 a progredir 0,25%, para os 361,92 pontos, apoiado nos ganhos do setor das mineiras e da banca. Nota negativa para a bolsa do Reino Unido, que foi das poucas que perdeu terreno no dia em que o Supremo Tribunal britânico anunciou que cabe ao parlamento lançar formalmente o processo de saída da União Europeia.

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Governo pode precisar do PSD para aprovar lei da Uber

O Governo poderá precisar de apoio do PSD para aprovar a proposta de lei que vai regulamentar a atividade da Uber e da Cabify. PCP e BE são contra a proposta.

O PCP e o Bloco de Esquerda estão contra a proposta de lei aprovada do Governo para regular a atividade das plataformas de transporte Uber e Cabify. A notícia foi avançada pelo jornal Observador, que indica que a aprovação da lei no Parlamento estará nas mãos do PSD. Tal como no caso da descida da Taxa Social Única que, ao que tudo indica, deverá ser chumbada esta quarta-feira no Parlamento com votos contra do PSD, PCP, BE e PEV.

O jornal cita “uma fonte do Governo” que disse contar com a coerência do PSD para votar ao lado do executivo e, assim, aprovar a proposta. Já os parceiros que suportam o Governo socialista estão contra nos termos em que foi apresentada: o PCP discorda e o BE deverá avançar com uma “iniciativa legislativa própria”. Ao jornal online, Paulo Neves, deputado social-democrata, disse apenas que “há lugar para os dois serviços” e que a legislação atual em vigor “tem de ser revista”.

O ECO falou ainda com o coordenador do PSD na comissão de Economia. António Costa da Silva reconheceu que o partido é “genericamente” defensor da “utilização das novas tecnologias no setor dos transportes”: “Vimos com bons olhos que haja uma legalização das plataformas, apesar de a nossa decisão ainda não estar fechada. Deverá ficar fechada esta semana”, indicou.

Além disso, partindo desse pressuposto e de uma série de outras condições, como ao nível laboral e das regras de contratação, o deputado refere que se “se vieram a ser cumpridas, nós eventualmente poderemos votar a favor com a posição do Governo. Mas ainda não é assunto fechado”. Ideia também transmitida ao ECO pelo deputado Leite Ramos, do PSD: “Vamos reunir e avaliar bem a proposta”, disse.

Recorde-se que a proposta de lei do Governo foi aprovada a 22 de dezembro. Prevê uma formação de pelo menos 50 horas e obrigatoriedade de um certificado de motorista para quem conduzir ao serviço de plataformas como a Uber e a Cabify. O documento já deu entrada no Parlamento e espera-se agora o agendamento da discussão da proposta por parte dos deputados. Segundo o Observador, a comissão parlamentar de Economia deverá elaborar um parecer a essa proposta, um documento que será da responsabilidade do PSD.

De referir também que, como o ECO avançou na sexta-feira, a Polícia de Segurança Pública (PSP) tem instruções para autuar os motoristas da Uber com base numa lei aprovada em novembro e que, basicamente, ilegaliza a atividade destas plataformas. Essa lei foi proposta pelo PCP e, na altura, teve luz verde na Assembleia da República com votos a favor do PCP, do BE e do próprio PS e abstenção do PSD e CDS.

Atualizado às 18h51 com as declarações dos deputados António Costa da Silva e Leite Ramos.

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O que faz do Good Morning Lisbon o melhor hostel do mundo?

  • Leonor Rodrigues
  • 24 Janeiro 2017

Pela quinta vez consecutiva, o Good Morning Lisbon foi distinguido pelos utilizadores da plataforma Hostelworld - mas não foi o único. A responsável contou ao ECO o que distingue este hostel lisboeta.

Os ‘Hoscars’ estão de volta. Na 15ª edição dos prémios do Hostelworld, que distinguem os melhores hostels em todo o mundo, o Good Morning Lisbon foi considerado pela quinta vez o melhor dos melhores.

A distinção é fruto das milhares de opiniões e avaliações dos utilizadores da maior plataforma de reserva deste género de alojamento do mundo. O Good morning Lisbon venceu ainda na categoria Melhor Atmosfera, com os utilizadores a afirmarem que a equipa do hostel português “faz de tudo” para que os seus hóspedes desfrutem da sua estadia.

Para a responsável do Good Morning Lisbon a distinção é “um orgulho e é uma recompensa pelo trabalho imenso de toda a equipa”. Em entrevista ao ECO, Benedita Vasconcelos afirma que o que distingue o hostel é o “ambiente — informal e descontraído mas profissional — e a alegria com que se trabalha que faz com que as pessoas se sintam tão bem aqui”.

O hostel conta com 92 camas, rede wi-fi, uma sala comum e outra de computadores e cozinha. Além disso, “fazemos jantares para as pessoas que querem jantar connosco e organizamos várias atividades. Tentamos receber os hóspedes da mesma maneira com que recebemos os nossos amigos em casa“, conclui a responsável.

Além do Good Morning Lisbon, há mais alojamentos portugueses distinguidos, nomeadamente o Yes! Lisbon Hostel, o Lost Inn Lisbon, Lisbon Destination Hostel, Lisboa Central Hostel, Tattva Design Hostel e o Pilot Design Hotel & Bar, fazendo com que Portugal se continue a afirmar como um destino de eleição até mesmo para os mochileiros.

Saiba qual é o top 10 dos melhores hostels do mundo na galeria:

 

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O que é que este Seat tem?

  • ECO
  • 24 Janeiro 2017

É de 1972. Tem 45 anos, mas está em perfeito estado. E está à venda, ou melhor: em leilão. Deverá render mais de 30 mil euros. Porquê? A resposta está num dos seus donos.

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É um Seat 1430 de 1972. É já um clássico, mas está bem estimado. Apesar dos 45 anos, não andou muitos quilómetros. Quanto vale? Muito dinheiro. Deverá render mais de 30 mil euros no leilão que está a decorrer até ao final deste mês. Tudo porque ao longo da sua vida, este automóvel teve como um dos donos o cantor Julio Iglesias.

Em 1972, com apenas 29 anos, Julio Iglesias era já um artista de sucesso e com distinções no mundo da música, tais como o prémio do Festival Internacional da Canção de Benidorm, ou a 4ª posição no Festival da Eurovisão. Nesse ano, adquiriu um novo carro. Era um o Seat 1430 Especial 1.600 de cor azul.

Este “carro sofisticado, muito rápido, cómodo e que não gastava muito”, como o cantor o descreveu nas várias referências que fez ao automóvel nas muitas entrevistas que concedeu. Um bom carro, segundo o cantor, que esteve na sua posse durante apenas quatro anos. Depois disso, em 76, entregou-o ao advogado que recentemente o vendeu. E o mais recente proprietário leva-o agora a leilão.

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“O carro chega aos dias de hoje em perfeitas condições, com o motor em ótimo estado e encontra-se totalmente funcional. Além disso, percorreu apenas 74.000 quilómetros”, referem os especialistas da Catawiki, a plataforma de leilões da internet onde está disponível para licitações.

Iglesias pagou 147.700 pesetas à data. A estimativa é de que a venda deste Seat seja feita por um valor superior a 32 mil euros. Os fãs do cantor latino têm a oportunidade de adquirir o carro clássico que pertenceu ao artista. As licitações decorrem até dia 30 de janeiro.

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Tem uma empresa familiar? Vai poder ir para a bolsa

A Euronext vai lançar um índice bolsista dedicado às pequenas e médias empresas, juntamente com um conjunto de iniciativas para apoiar as empresas familiares.

Tem uma empresa familiar? A partir de fevereiro vai poder recorrer ao mercado de capitais para financiar o seu negócio. A Euronext, dona da bolsa de Lisboa, vai lançar no próximo mês o Euronext Family Business Index como parte de um plano mais amplo para levar pequenas e médias empresas (PMEs) à bolsa. A iniciativa inclui roadshows com investidores e cobertura da parte de analistas.

Atualmente, são 201 os negócios familiares que estão listados no mercado da Euronext, dona da gestora do português PSI-20. Mas quer mais pequenas e médias atividades de âmbito familiar na bolsa. “Os negócios familiares representam um contributo essencial para as economias europeias e para o emprego“, referiu Anthony Attia, presidente da Euronext Paris. “Através dos seus perfis diferenciados, gestão do risco e capacidade para gerar valor acrescentado, a entrada em bolsa destas empresas familiares são bastante atrativas para os investidores”, frisou ainda num comunicado distribuído pelas redações.

"Os negócios familiares representam um contributo essencial para as economias europeias e para o emprego. Através dos seus perfis diferenciados, gestão do risco e capacidade para gerar valor acrescentado, a entrada em bolsa destas empresas familiares são bastante atrativas para os investidores.”

Anthony Attia

Presidente da Euronext Paris

Nesta fase, a Euronext Lisbon está a selecionar parceiros de diferentes áreas (jurídica, comunicação, e banca de investimento) e empresas familiares que pretendam fazer parte desta iniciativa que visa dar formação a empresas que tenham a intenção, no futuro, de vir a integrar o mercado de capitais.

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Tem um pequeno negócio que herdou dos seus pais? Vai poder levá-lo para a bolsa.

Além do índice Euronext Family Business, será lançado no dia 21 de fevereiro e vai englobar empresas dos quatro países cobertos pela Euronext, a operadora da bolsa vai ainda prestar apoio e assistência aos pequenos empresários que pretendam colocar os seus negócios no mercado de capitais. A iniciativa inclui roadshows em toda a Europa para encontros com os investidores, cobertura financeira através de um programa da Morninstar e uma secção exclusiva no site da Euronext.

Há mais de 14 milhões de empresas familiares no Velho Continente, representando 60% do total de empresas na região. A nível mundial, os negócios familiares representam 66% do total das empresas, gerando cerca de 70% da riqueza global produzida por ano, segundo um estudo da KPMG.

“Na Euronext, as novas iniciativas e esforços para melhorar o perfil das ações de empresas familiares estão desenhados para mostrar como a bolsa pode ajudar estas empresas a crescer e prosperar — com mais e além do financiamento”, disse Attia.

O Euronext Family Business Index terá 90 empresas familiares, desde grandes empresas a PMEs nos quatro países cobertos pela Euronext.

As duas centenas de empresas familiares que estão já no mercado de capitais promovido pela Euronext têm uma capitalização bolsista de 745 mil milhões de euros. Estão incluídas 158 pequenas e médias empresas com um valor de mercado de 43 mil milhões de euros.

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Faria de Oliveira: CGD em Espanha era “lógico”. Problema foi a crise

O antigo presidente da CGD diz que o projeto da Caixa em Espanha era "consistente, racional e lógico". Faria de Oliveira justifica os problemas na banca com a crise imobiliária espanhola.

Fernando Faria de Oliveira volta a defender o projeto da Caixa Geral de Depósitos (CGD) em Espanha. Foi um plano “consistente, racional e lógico”, explica o agora presidente da Associação Portuguesa de Bancos, que esteve à frente do Banco Caixa Geral (BCG), em Espanha, e liderou depois a Caixa entre 2008 e 2013.

Na comissão de inquérito à gestão da CGD, Faria de Oliveira, que esteve à frente o BCG antes de ser presidente da Caixa, explica que o plano em Espanha tinha “toda a consistência, racionalidade e lógica”. A entrada no país vizinho aconteceu numa fase de internacionalização da CGD para Espanha, Brasil e Angola. Mas Faria de Oliveira explica que o mercado espanhol era diferentes dos outros projetos da CGD, por ser o mais importante para Portugal. Por isso “era estratégico ter uma presença da banca portuguesa em Espanha”.

"O projeto correu o melhor possível entre 2005 e 2007 [quando esteve à frente do Banco Caixa Geral em Espanha]. Atingiu-se o breakeven no fim do primeiro ano e o banco teve resultados positivos até ao final de 2010”

Fernando Faria de Oliveira, presidente da Associação Portuguesa de Bancos

Faria de Oliveira já tinha dito que considerava haver “racionalidade” na operação da CGD em Espanha. O agora presidente da Associação Portuguesa de Bancos disse que havia um “sentido estratégico” na expansão do grupo para o país vizinho. O engenheiro refere que o “projeto correu o melhor possível entre 2005 e 2007 [quando esteve à frente do BCG]. Atingiu-se o breakeven no fim do primeiro ano e o banco teve resultados positivos até ao final de 2010″.

Então o que é que aconteceu? “Aconteceu a bolha imobiliária em Espanha, que rebentou e criou-se uma situação deliciada com a queda do PIB em Espanha. Tivemos de refrear todo o projeto de crescimento do banco no sentido de evitar que a situação se agravasse ao longo do tempo.”

Faria de Oliveira

Portanto, Faria de Oliveira defende que a grande culpada destes problemas em Espanha — e em Portugal — foi a crise económica. “O legado da crise económica e financeira que, reforço, foi a razão de ser da maior parte das dificuldades vividas pelo sistema bancário português, deixou mazelas que a banca tem ainda de acabar de resolver”, explica o ex-presidente da Caixa aos deputados.

A questão de Espanha também foi levantada aquando da comissão de inquérito onde esteve presente o antigo presidente da Caixa Carlos Santos Ferreira. O ex-presidente esteve à frente da CGD quando foram tomadas várias decisões polémicas de investimento e financiamento. Decisões que podem levar a Caixa a perder mais de 900 milhões de euros. Um desses investimentos foi feito no capital da La Seda, empresa petroquímica espanhola. O antigo presidente do banco do Estado terá questionado “alguém de responsabilidade” qual a sua finalidade.

Crise é grande responsável pela situação da banca

Faria de Oliveira relembra que o primeiro e principal responsável pela atual situação do setor bancário foi o “violento e prolongado período recessivo por que passámos desde o pedido de ajuda externa, com o PIB a cair mais de 7% só entre 2010 e 2013″. E acrescenta: “Todos sabemos que a banca reflete sempre o estado da economia”.

Uma crise que provocou um aumento acentuado da taxa de crédito malparado das empresas aos bancos, nota, que é hoje oito vezes superior à existente em 2008. E o mandato de Faria de Oliveira foi marcado por esta mesma crise. “De facto, 2008 será recordado como aquele ano em que se desenvolveu um dos mais graves períodos da crise financeira e económica à escala mundial”.

E “todo o contexto em que se exercia a atividade bancária sofreu mudanças profundas a partir desse ano, acabando por dar lugar a todo um novo paradigma em termos regulatórios, de supervisão, tecnológicos, comportamentais e de modelo de negócio”.

(Notícia atualizada às 17h00 com mais declarações de Faria de Oliveira)

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Schulz vai ser rival de Merkel para liderar a Alemanha

  • Juliana Nogueira Santos
  • 24 Janeiro 2017

Após o atual líder do SPD ter renunciado à nomeação, o nome do ex-presidente do Parlamento Europeu é o apontado para a chancelaria alemã.

Martin Schulz vai ser o rival de Angela Merkel nas próximas eleições de dia 24 de setembro. A notícia chega depois do líder do partido social-democrata alemão, Sigmar Gabriel, ter afirmado, em entrevista, que não iria ser candidato e de ter apontado o nome do ex-presidente do Parlamento Europeu para o substituir.

Gabriel, atual vice-chanceler e ministro da Economia do governo de coligação, terá sido influenciado pela maior popularidade de Schulz entre os simpatizantes social-democratas, nomeadamente os mais jovens. Em entrevista à revista Stern, este afirmou que a sua campanha iria falhar e que Schulz tem “claramente melhores perspetivas eleitorais” contra Merkel.

Ao renunciar ao cargo de líder do SPD, Sigmar Gabriel deixará também a pasta da Economia — que passará para as mãos da ministra-adjunta, Brigitte Zypries — para assumir o ministério dos Negócios Estrangeiros — sendo que o atual ministro, Frank-Walter Steinmeier, será empossado presidente da república.

Schulz, que tem dedicado as últimas duas décadas à política europeia, deixou o seu cargo no Parlamento Europeu no passado dia 17, tendo sido substituído por Antonio Tajani. Terá oito meses para convencer os alemães que será uma alternativa válida a Angela Merkel, que ocupa a posição de chanceler há já três mandatos.

Este ainda não expressou nenhuma posição oficial sobre o assunto. O seu último tweet é, curiosamente, um agradecimento a Marcelo Rebelo de Sousa por o ter condecorado com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, escrito em português.

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Governo: Europa precisa de instrumentos para gerir dívida

  • Lusa
  • 24 Janeiro 2017

Quem o diz é o ministro dos Negócios Estrangeiros, que considera que "a questão da dívida é um dos elementos dos problemas da Zona Euro".

O Governo português insistiu hoje que a Zona Euro deve ter “os instrumentos necessários” para gerir a dívida, que é de 90% do produto, “bem acima do limiar previsto”, sem prejudicar o crescimento nem os recursos naturais.

A posição foi transmitida pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, após a abertura de um seminário de alto nível, que Portugal promove hoje em Lisboa, sobre o futuro do euro, com a presença de cerca de 40 decisores políticos e académicos europeus.

“A questão da dívida é um dos elementos dos problemas da Zona Euro”, considerou o chefe da diplomacia portuguesa, que referiu que os últimos dados do Eurostat, gabinete oficial de estatística da União Europeia, apontam para uma dívida de 90% do produto, na Zona Euro, “bem acima do limiar de 60% previsto nas regras de Maastricht”.

Este é “um problema que aflige mais alguns países do que outros, mas é um problema com que hoje está confrontada a generalidade das economias da Zona Euro”, comentou.

“É preciso que disponhamos todos dos instrumentos necessários para gerir o nosso serviço de dívida de modo a ele não constituir um travão ao crescimento e uma punção sobre os recursos nacionais”, insistiu Santos Silva.

O seminário, hoje, pretende debater a necessidade de “completar a união económica e monetária” e “reformar o que seja preciso na arquitetura do euro no sentido de a união económica e monetária servir também de quadro de referência para promover o crescimento e o emprego e a convergência entre as economias europeias”, referiu.

Deste encontro deverão sair “propostas políticas concretas” a serem apresentadas ao Conselho Europeu, numa altura em que a UE prepara, para março, a Declaração de Roma, assinalando os 60 anos da assinatura do Tratado de Roma, uma posição que se quer “robusta, substantiva e de propostas claras sobre o futuro da União Europeia”, salientou o governante.

Por outro lado, sublinhou, é necessário refletir de que forma o Parlamento Europeu, os parlamentos nacionais e os parceiros sociais, “devem ser envolvidos neste processo de decisão”.

O encontro de hoje, que decorre à porta fechada, tem três sessões temáticas – “Crescimento e Convergência Socioeconómica na Zona Euro”; “Instrumentos para a Prevenção e Partilha do Risco” e “Legitimidade Democrática e Passos para Concluir a União Económica e Monetária” -, moderadas, respetivamente, pelos ministros do Planeamento, Pedro Marques, das Finanças, Mário Centeno, e do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, José António Vieira da Silva.

As sessões contam ainda com a participação dos secretários de Estado dos Assuntos Europeus, Margarida Marques, do Desenvolvimento e Coesão, Nélson Souza, do Emprego, Miguel Cabrita, e do Tesouro e das Finanças, Ricardo Mourinho Félix

O encerramento da conferência, já aberta ao público, será assegurado pelo primeiro-ministro, António Costa, o ex-ministro da Segurança Social, Emprego e Saúde da Bélgica Frank Vandenbroucke, e pelo ministro da Economia espanhol, Luís de Guindos.

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O que sobra para o Novo Banco à luz de Marcelo?

Não partir o banco, não pôr em causa a saída do PDE, ter a aprovação do BCE. São apenas algumas das "linhas vermelhas" do Governo e com as quais o Presidente concorda. Então que solução é que sobra?

O processo de venda do Novo Banco tem tropeçado em todas as “linhas vermelhas” impostas pelo Governo. Linhas que António Costa não quer ultrapassar e com as quais o Presidente da República concorda. Apesar de todas as condições impostas, Marcelo Rebelo de Sousa parece ter deixado várias hipóteses em cima da mesa. A compra pelo Lone Star mantém-se válida, desde que sem garantias, e a nacionalização também. Então e um adiamento? Não seria inédito na Europa.

O processo de venda do Novo Banco está numa fase decisiva. Depois de quase três anos com o estatuto de transição, o banco que resultou da falência do Banco Espírito Santo tem de encontrar uma solução até agosto — o prazo imposto pela Comissão Europeia para que seja vendido. Mas se esta tentativa de venda não correu bem à primeira, a segunda vez também parece não estar a correr melhor. O Executivo já definiu uma série de condições para que isto aconteça e com as quais o Presidente da República concordou na sua primeira grande entrevista:

  • Não se pode partir o Novo Banco. Não faz sentido”:
  • Não se pode estragar a saída do Procedimento por Défice Excessivo por causa do Novo Banco”;
  • A solução encontrada deve ainda “sacrificar, o mínimo possível, os outros bancos”;
  • A solução tem de ser aprovada pelo Banco Central Europeu.

Apesar de as chamadas “linhas vermelhas” limitarem as opções, Marcelo Rebelo de Sousa disse que há várias soluções para o Novo Banco. “O Presidente não exclui qualquer hipótese“, explica o economista Ricardo Cabral ao ECO. Mas quais são as hipóteses? Vender ao Lone Star — o principal candidato na corrida ao Novo Banco –, nacionalizar ou adiar a venda até o Governo encontrar outra solução.

Lone Star continua na corrida

“Não se pode partir o Novo Banco. Não faz sentido.” Com esta condição, o Chefe de Estado não exclui a compra do Novo Banco pelo Lone Star. Fonte próxima do processo já disse ao ECO que o fundo norte-americano não quer retalhar o banco de transição. João Pereira Leite, diretor de investimentos do Banco Carregosa, diz que só há uma hipótese: “vender por inteiro a um dos candidatos que estão na shortlist pelo melhor preço possível”. Apesar de não ser um “caminho fácil”, Filipe Garcia, presidente da IMF, diz que ainda estamos num cenário de otimismo de se conseguir um investidor que tome conta da operação.

O problema nas negociações com o Lone Star são as garantias estatais exigidas pelo fundo. Garantias que o Governo já disse não estar disposto a dar. De qualquer forma, o Lone Star estará disponível para negociar. Uma fonte conhecedora do processo afirmou ao ECO que “o grande desafio é saber o que fazer com os ativos tóxicos que ficaram no Novo Banco depois da resolução do BES. Terá de se chegar a um acordo que minimize as perdas“, insiste. E os responsáveis do Lone Star não afastam a hipótese de deixar cair as garantias.

Mas as opiniões divergem. Ricardo Paes Mamede diz que “não há interesse em vender o Novo Banco aos chamados fundos abutres, fundos de investimento que habitualmente fazem intervenções de reestruturação profundas para valorizar os ativos”. Fundos como o Lone Star. O economista diz que a solução parece apontar “no sentido de manter o Novo Banco nas mãos do Estado durante mais alguns anos” (leia-se nacionalização).

Nacionalização não arrisca saída do PDE

“Não se pode estragar a saída do Procedimento por Défice Excessivo (PDE) por causa do Novo Banco”. A solução encontrada deve ainda “sacrificar, o mínimo possível, os outros bancos”, explicou o Presidente na sua entrevista. Esta afirmação poderia levar à conclusão de que Marcelo Rebelo de Sousa é contra uma nacionalização, uma vez que a recapitalização que se seguiria poderia pesar no défice. Mas não na opinião de Ricardo Cabral. O economista diz que o Presidente não exclui qualquer hipótese, nem a nacionalização.

"Se conseguissem negociar [com as autoridades europeias], a nacionalização não implica a entrada no défice, vai para a dívida. Levantam o tapete e põem lá o lixo.”

João Duque

Economista

“Apesar de poder envolver uma capitalização, esta poderá ser de apenas 750 milhões de euros, o que é nitidamente muito inferior. Representa 0,4% do PIB. Com um défice que deverá ser de 1,6%, e juntando os 0,4%, o défice continua abaixo dos 3%. Por isso, não põe em risco a saída do PDE”, explica o economista ao ECO.

João Duque diz mesmo que com todas as “linhas vermelhas”, só sobra a nacionalização. O economista refere que “se conseguissem negociar [com as autoridades europeias], a nacionalização não implica a entrada no défice, vai para a dívida. Levantam o tapete e põem lá o lixo”. João Duque nota que as “pessoas parece que já estão a abdicar da venda”.

A nacionalização também não sacrifica os bancos. Pelo contrário. Esta hipótese, que está por certificar que é viável, tendo em conta os acordos assumidos com a Comissão Europeia, os bancos ganham de duas formas: recebem um valor pela venda do Novo Banco ao acionista Estado e libertam-se do risco do side bank.

Mas a Patris Investimentos alerta: “Uma nacionalização poderia lançar dúvidas quanto ao impacto nos obrigacionistas, tendo em conta as necessidades de capital que o banco parece continuar a apresentar (segundo a proposta da Lone Star)”. Uma situação que poderia fazer aumentar a perceção de risco dos investidores em torno de todo o setor financeiro português.

Então e adiar a venda?

É sempre uma hipótese. Mas está dependente de negociação com as autoridades europeias. Caso o Governo não consiga chegar ao acordo pretendido para vender o Novo Banco — ou seja, sem garantias estatais — e se a nacionalização estiver fora de causa, pode sempre tentar adiar a venda do banco de transição até encontrar uma melhor solução. E não seria algo inédito.

"Temos outros casos na Europa de bancos que têm processos que deveriam ser de transição e continuam a arrastar-se. E creio que a tendência natural será para um arrastamento enquanto a situação estrutural da UE não melhorar.”

Ricardo Paes Mamede

Economista

Ricardo Paes Mamede relembra que “temos outros casos na Europa de bancos que têm processos que deveriam ser de transição e continuam a arrastar-se. E creio que a tendência natural será para um arrastamento enquanto a situação estrutural da UE não melhorar”. Mas o economista João Duque diz que isto seria apenas “empurrar [o problema] com a barriga (…) um adiar sem estratégia”.

Ricardo Cabral vai mais longe e diz que “não parece que seja boa ideia que o Fundo de Resolução continue como acionista do Novo Banco”. O economista nota que este processo de venda do banco tem sido “fortemente penalizador” para o Banco de Portugal, Governo e para o próprio Novo Banco. “Começamos com uma venda que deveria acontecer até agosto de 2015, agora estamos há quase três anos a tentar vender o banco. O Banco de Portugal tem mais do que fazer do que andar a vender bancos”, diz, acrescentando que “não me parece bem prorrogar o prazo de venda, não me parece que faça qualquer sentido”.

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