França: Yields do Tesouro aliviam para mínimos de janeiro

As yield do Tesouro francês a dez anos estão em queda na manhã pós-eleitoral. Aliviam mais de 11 pontos base, atingindo os 0,83%, mínimos de três meses.

As yields do Tesouro francês a dez anos estão a cair esta segunda-feira e alcançaram já mínimos desde janeiro. A taxa de juro das obrigações francesas no prazo a dez anos derrapam esta manhã mais de 11 pontos base em relação a sexta-feira, situando-se num valor próximo dos 0,83%.

Os mercados estão em rescaldo da noite eleitoral em França, que pôs os candidatos Emmanuel Macron e Marine Le Pen na segunda volta das eleições presidenciais. A queda mostra que os mercados estão a reagir bem aos resultados que, até agora, acompanham a tendência evidenciada pelas sondagens ainda antes da abertura das urnas.

As mais recentes sondagens davam como provável a passagem dos dois candidatos à segunda volta, com Marine Le Pen, a candidata da Frente Nacional, a surgir com poucas hipóteses de ser a próxima Presidente do país. O próximo sufrágio está marcado para dia 7 de maio.

"Este é o cenário perfeito que o mercado desesperadamente aguardava.”

Sebastien Galy

Estratego do Deutsche Bank

Segundo alguns analistas, a queda das yields do Tesouro francês surge muito graças ao afastar de um cenário que atormentava, até agora, muitos investidores: a eventual passagem do candidato comunista Jean-Luc Mélenchon com Marine Le Pen à segunda volta resultaria, eventualmente, numa vitória da candidata cuja bandeira principal é a saída da França da União Europeia.

“Este é o cenário perfeito que o mercado desesperadamente aguardava”, disse Sebastien Galy, um estratego do Deutsche Bank em Nova Iorque, em declarações à Bloomberg. Com 97,4% dos votos contados, Emmanuel Macron conquista 23,8% do eleitorado, enquanto Marine Le Pen acompanha-o de perto, garantido, para já, 21,5% dos votos.

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António Barreto, um dos construtores da democracia em Portugal

  • Helena Garrido
  • 24 Abril 2017

É o teatro e a ligação ao PCP que o leva para o exílio. Sai de Portugal para a Alemanha, a pretexto de um festival de teatro. O destino final era Argel. Mas acaba por ficar em Genebra, na Suíça.

Conhece o mundo, conhece Portugal do campo e da cidade, viveu no exílio, esteve na política onde travou batalhas difíceis para a estabilização da democracia, tem estudado, investigado e contribuído para o pensamento e a análise rigorosa da sociedade portuguesa. António Barreto, 74 anos, doutorado em sociologia em Genebra, onde esteve exilado, tem no Douro, nos livros e na fotografia as suas grandes paixões. E na defesa de uma Justiça portuguesa justa uma das suas grandes causas atuais. A sua vida está interligada à estabilização da democracia em Portugal.

A sua casa em Lisboa, na Lapa, onde generosamente dá em geral as entrevistas, é uma biblioteca de paredes cobertas de livros e um sítio para escrever de onde se pode ver o Tejo. Livros e um arquivo de fotografias, uma outra das suas paixões que hoje partilha com os leitores do Diário Notícias onde agora escreve semanalmente. São fotos que mostram um pouco todos os sítios o mundo por onde passou. Restam-lhe poucos. Quer ainda fazer umas doze viagens.

Nasceu em Vila Real, em 1942, estava a Europa a viver a sua segunda guerra do século XX. Filho de uma família numerosa — com sete irmãos –, cedo teve de ganhar a vida para continuar a estudar. Os pais já tinham dois filhos a estudar na Universidade e não podiam ter mais um, apesar das excelentes notas com que acabou o liceu, como conta nesta entrevista. Não se conformou e foi para Coimbra trabalhar de dia e estudar à noite, em Direito, onde fica de 1960 a 1963. Paralelamente inscreve-se no Círculo de Teatro de Coimbra (CITAC).

E é o teatro e a ligação ao PCP que o leva para o exílio. Sai de Portugal para a Alemanha, a pretexto de um festival de teatro. O destino final era Argel. Mas acaba por ficar em Genebra, na Suíça, onde um amigo lhe arranja alojamento. Acabará por viver ali, onde se licencia em Sociologia em 1968 — curso que em Portugal era proibido — e onde já depois do 25 de Abril de 1974 completa o doutoramento, em 1985.

Durante mais de uma década, o regresso a Portugal era o horizonte. O 25 de Abril de 1974, quando está a fazer 32 anos, apanha-o já desanimado, descrente, de um dia ver a democracia em Portugal. Relembra, na entrevista ao ECO, como partilhou com os amigos esse desânimo, a 20 de março de 1974, pouco mais de um mês antes da Revolução de Abril. Dias antes tinha falhado o conhecido como Levantamento das Caldas, a 16 de março. E António Barreto diz aos seus amigos num café em Genebra: “Eu nunca vou ver a democracia em Portugal e é exatamente como o comunismo e o Apartheid, nunca vão acabar”. Enganou-se. Primeiro a democracia em Portugal e mais tarde o comunismo, entendido como o regime da URSS, e o ‘apartheid’ acabaram. Esses são os acontecimentos que elege como os mais inesperados da sua vida.

A democracia permite-lhe regressar a Portugal. É nessa primeira fase de estabilização da democracia que se dedica à política. Será deputado da Assembleia Constituinte. Mas é como ministro da Agricultura de Mário Soares, entre 1976 e 1978, que ficará famoso por causa da “Lei da Reforma Agrária” e que merecerá as mais violentas criticas do PCP, que ainda hoje se ouvem.

Com a Revolução e com o slogan “a terra a quem a trabalha”, várias propriedades agrícolas, especialmente no Alentejo, tinham sido ocupadas. E é António Barreto que protagoniza a legislação que vai obrigar o seu regresso aos proprietários. A “Lei Barreto”, Lei 77/77 consagra, logo no primeiro Governo Constitucional liderado por Mário Soares, a obrigação de devolver as terras aos antigos donos, pondo fim a essa fase de ocupação. António Barreto sente esse tempo como o ato político de que mais se orgulha, como o disse em 2010.

Na entrevista ao ECO, esses tempos permitem-no comparar com os que se vivem agora. Lembra que Mário Soares tentou fazer aquilo que António Costa tenta agora: aprovar o que “é de esquerda” com a esquerda e o que “é de direita” com a direita. Soares contava com o PSD, na altura PPD, para aprovar a “Lei Barreto”. E assim foi. Mas na altura da votação Sá Carneiro saiu do hemiciclo e não votou a lei da reforma agrária, apesar de estar de acordo com ela. Lembra António Barreto que o então líder do PPD — que morreu no acidente de aviação a 4 de dezembro de 1980 — falou depois com ele e disse-lhe que, se votasse aquela lei, com a qual concordava, estaria a caucionar o governo minoritário de Mário Soares, coisa que não queria fazer.

António Barreto regressará ainda à política entre 1985 e 1991, como deputado. Mas antes e depois disso, toda a sua carreira é dedicada à academia, como professor e investigador, ou a escrever livros e a fazer documentários de divulgação como “Portugal, Um Retrato Social” em sete episódios, e “As consequências sociais da televisão em Portugal 1956-2006”. Foi ainda co-autor com a realizadora Joana Pontes de “As horas do Douro” sobre uma das suas paixões.

Na academia, é o Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa que lhe fica no coração, como a sua melhor experiência profissional e onde se pode ler o seu curriculum. Mas foi também professor ou investigador na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, no Gabinete de Estudos Rurais da Universidade Católica e na Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa, tendo participado na sua comissão instaladora.

Em 2009, já depois de se reformar da academia em 2008, será o primeiro presidente do Conselho de Administração da Fundação Francisco Manuel dos Santos. Uma outra das suas paixões, as estatísticas enquanto ferramentas de conhecimento rigoroso da realidade, leva António Barreto a ser um dos principais impulsionadores do projeto Pordata dessa Fundação.

Autor de inúmeros livros será também ele o centro de um livro em que a sua vida se cruza com a história recente de Portugal. De Maria de Fátima Bonifácio, “António Barreto, Política e Pensamento” desafia-se a explicar porque é que uma personalidade que poderia ter sido muito mais no Portugal político não o foi. O lado de cientista social, com que se convive com cada entrevista, cada conversa ou cada conferência de António Barreto, pode ser uma das explicações. O seu olhar é sempre o de quem serenamente tenta perceber a realidade da sociedade com distanciamento e rigor. E coragem.

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5 coisas que tem de saber antes de abrirem os mercados

O dia ficará marcado pela reação dos mercados às presidenciais em França. Por cá, os mutualistas reúnem-se para votarem a transformação do Montepio em sociedade anónima.

Os franceses foram às urnas no domingo, para votar a primeira volta das eleições presidenciais, e as bolsas vão reagir esta manhã. Por cá, é dia de estatísticas do Banco de Portugal e os mutualistas reúnem-se em assembleia geral extraordinária para votar a transformação da Caixa Económica Montepio Geral em sociedade anónima, abrindo a porta à entrada de novos acionistas. Lá fora, o Eurostat publica os dados provisórios dos défices dos países da União Europeia.

Mercados reagem às eleições em França

Emmanuel Macron e Marine Le Pen são os dois candidatos que o eleitorado francês escolheu para passarem à segunda volta das eleições presidenciais. Os primeiros dados apontam para uma boa reação dos mercados: o euro atingiu um máximo de cinco meses e a bolsa de Tóquio também abriu em alta. “Este é o cenário perfeito pelo qual o mercado ansiava desesperadamente”, diz Sebastien Galy, um estratega do Deutsche Bank AG em Nova Iorque, citado pela Bloomberg.

Mutualistas votam abertura de capital do Montepio

A Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) realiza hoje uma assembleia geral extraordinária na qual os mutualistas irão votar a transformação da Caixa Económica Montepio Geral em sociedade anónima, possibilitando a abertura de capital do banco a outras entidades. A mudança para sociedade anónima já foi aprovada em assembleia-geral da Caixa Económica, faltando agora a luz verde da Associação Mutualista, única acionista do banco. A assembleia extraordinária decorre às 20h00, no Coliseu dos Recreios, em Lisboa.

Banco de Portugal publica boletim estatístico

Ainda no campo das estatísticas, o Banco de Portugal publica a última edição do boletim estatístico. Entre outros dados, vai ser possível conhecer a evolução do volume de aplicações nos instrumentos de poupança do Estado. Em fevereiro, o Estado conseguiu financiar-se em 211 milhões de euros com os produtos dirigidos ao retalho, sobretudo graças aos Certificados do Tesouro Poupança Mais. O Banco de Portugal revela ainda os números do endividamento financeiro, relativos a fevereiro, bem como os empréstimos a particulares e sociedades não financeiras.

Como vão as contas públicas europeias?

O Eurostat divulga os dados preliminares relativos ao défice e à dívida pública que os países da União Europeia registaram no ano passado. Os dados são divulgados numa altura em que Portugal antecipa a saída do Procedimento por Défices Excessivos (PDE), depois de ter sido anunciado que o défice das administrações públicas em 2016 foi de 2%, o mais baixo da história da democracia portuguesa.

E a confiança das empresas alemãs?

O Ifo Institute revela a evolução do índice de confiança das empresas alemãs. O índice que mede a confiança dos empresários da maior economia da Europa tem vindo a evoluir de forma positiva nos primeiros três meses de 2017, atingindo máximos em março. Os analistas consultados pela Bloomberg antecipam que a tendência positiva vai manter-se em abril.

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Marques Mendes: Recapitalização da CGD não deverá contar para o défice

Marques Mendes garante que o INE já acedeu que o montante injetado na Caixa Geral de Depósitos não conte para o défice. E revelou que o crescimento no primeiro trimestre vai ser muito positivo.

A recapitalização da Caixa Geral de Depósitos não deverá contar para o défice. A garantia foi deixada por Luís Marques Mendes no seu comentário semanal na Sic.

“As autoridades estatísticas nacionais já concordaram que o dinheiro que é injetado na recapitalização da Caixa Geral de Depósitos não conta apara o défice e Bruxelas deverá confirmar esta interpretação das autoridades estatísticas nacionais”, disse o conselheiro de Estado. “Provavelmente a recapitalização da Caixa não contará para o défice, o que é bom porque de outra forma o défice passaria de 1,5% que é a previsão deste ano para 3%”, logo Portugal continuava “na corda bamba”, precisou.

As autoridades estatísticas nacionais já concordaram que o dinheiro que é injetado na recapitalização da Caixa Geral de Depósitos não conta apara o défice e Bruxelas deverá confirmar esta interpretação das autoridades estatísticas nacionais.

Luís Marques Mendes

Conselheiro de Estado

Ainda sobre a Caixa, no próximo dia 29 António Domingues via ser ouvido no Parlamento a propósito da polémica dos SMS. Marques Mendes que garante nunca os ter visto, mas que já lhe contaram o conteúdo dos mesmos, sublinha que se os mesmos “viessem a público seria difícil aguentar Mário Centeno”. “Em Portugal, tendo em conta o estado do Governo e a importância que Mário Centeno tem vai continuar tudo na mesma”, diz. “Alguma vez António Costa o deixava cair”, acrescenta, concluindo que “era importante fechar esta novela”.

Portugal vai crescer mais do que o esperado no primeiro trimestre

Marque Mendes revelou ainda que Portugal vai ter um crescimento económico no primeiro trimestre de 2017 bastante positivo, puxado pela evolução positiva do investimento, na ordem do 9%.

“Dentro de poucos dias virão a público as notícias do crescimento económico no primeiro trimestre. Vão surpreender bastante porque estão acima das expectativas”, garante Marques Mendes, numa referência à estimativa rápida das Contas Nacionais Trimestrais relativas ao primeiro trimestre será divulgada a 15 de maio.

“Por exemplo, o investimento vai ter um crescimento na ordem de 9% e as receitas da Segurança Social estão a crescer cerca de 5% o que significa que o emprego está a aumentar”, acrescentou.

Dentro de poucos dias virão a público as notícias do crescimento económico no primeiro trimestre. Vão surpreender bastante porque estão acima das expectativas. Por exemplo o investimento vai ter um crescimento na ordem de 9% e as receitas da Segurança Social estão a crescer cerca de 5% o que significa que o emprego está a aumentar.

Luís Marques Mendes

Conselheiro de Estado

Em fevereiro, o Instituto Nacional de Estatística (INE) confirmou que a economia portuguesa cresceu 1,4% no conjunto de 2016 e que, no quarto trimestre, o PIB cresceu 2% em termos homólogos e 0,6% face ao trimestre anterior. Por exemplo, o Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) considera que a economia terá crescido no primeiro trimestre deste ano 2,4% em termos homólogos e 0,6% em relação ao trimestre anterior.

Para Marques Mendes a oposição tem um caminho mais dificultado tendo em conta os bons resultados económicos. E essa dificuldade transparece também, segundo o conselheiro de Estado, na ausência de crispação no debate do Programa de Estabilidade — uma tensão que se observou no debate do Programa do ano anterior. “É difícil descordar convictamente de um programa destes”, disse, sublinhando que as metas são as mesmas que os partidos à direita defendem, embora talvez “por um caminho diferente”.

Hoje vive-se um ambiente de estabilidade“, acrescenta. “Já ninguém questiona que o Governo vai terminar o mandato até ao fim.

Quanto à decisão da agência canadiana de notação financeira, DBRS, de manter o rating de Portugal em BBB ‘low’ com perspetiva estável, Marques Mendes diz que “é um bom sinal porque a situação não se agravou, mas não é um sinal fantástico porque ainda não foi melhorado”.

E reitera a afirmação da semana anterior de que as agências de rating vão subir a notação — o que ajudará a o investimento e a baixar os juros da dívida, frisa — “lá para o final do ano”, porque vão ficar satisfeitas com o Programa de Estabilidade agora aprovado, quando virem dados mais significativos do crescimento económico e quando Portugal sair do Procedimento por défices Excessivos.

Portugal, “em princípio, vai sair”, garantiu. “A Comissão vai decidir nesse sentido em maio, confirmar em junho e em julho“, realiza-se o Conselho Europeu.

Nas suas notas finais finais revelou que a greve dos médicos deve estar prestes a ser desconvocada. O sindicato dos médicos decretou uma greve para os dias 10 e 11 de maio. Os sindicatos estão contra a falta de concretização de medidas por parte do Governo e têm reclamado a reposição integral do pagamento das horas extraordinárias para todos os médicos.

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PS foi “mais papista que o papa” nos planos de Estabilidade e de Reformas

  • Lusa
  • 23 Abril 2017

Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, avisou este domingo que o seu "compromisso primeiro" não é com o governo, mas sim com os trabalhadores, o povo e o país.

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, acusou este domingo o PS de ter sido “mais papista que o papa” em relação aos conteúdos do Programa de Estabilidade e do Plano Nacional de Reformas (PNR).

“E esta acusação fazemos ao PS, porque não tinha que ser mais “papista que o Papa”. Nós precisamos de verba, de dinheiro para responder aos problemas económicos e sociais que hoje temos no país, com estes instrumentos (Programa de Estabilidade e Plano de Reformas) que agora foram aprovados não iremos longe”, disse.

Para o líder comunista, que falava no decorrer de um almoço convívio com militantes e simpatizantes do PCP, em Monforte, no distrito de Portalegre, com a aprovação destes documentos a redução do défice vai “para além daquilo que a “troika” tinha definido.

“A redução do défice vai para além daquilo que a própria “troika” exigia, em que cada décima representa 200 milhões de euros. E porquê esta persistência em ser “mais papista que o papa” quando essas décimas poderiam refletir-se no Serviço Nacional de Saúde, na resolução de muitos problemas estruturais que temos”, questionou. Para Jerónimo de Sousa, a política de direita ainda faz parte das “opções de fundo” do atual Governo.

O secretário-geral do PCP, que criticou no decorrer do seu discurso o anterior governo de coligação PSD/CDS-PP, lançou ainda no Alentejo críticas à União Europeia (UE). “Enquanto a UE continuar a impor, a mandar, decidir por nós, pelo povo português, dificilmente nos libertamos e afirmamos a nossa soberania”, disse.

Ao longo do seu discurso, Jerónimo de Sousa afirmou que o PCP está “determinado” e que “não faz fretes” ao PSD e ao CDS-PP, rejeitando também abdicar dos princípios comunistas. “É importante também dizer, claramente, que o PCP não tem um compromisso primeiro e principal com o Governo do PS. O PCP tem um primeiro e principal compromisso com os trabalhadores, com o povo e com o país, desse não abdicamos”, declarou.

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Nintendo prepara SNES Classic Mini a tempo do Natal

À semelhança da consola NES no ano passado, a Nintendo estará a desenvolver uma mini-versão da consola SNES dos anos 90, a ser lançada antes do Natal.

A Nintendo deverá lançar uma consola SNES Classic Mini a tempo do Natal deste ano.Wikimedia Commons

A Nintendo terá planos para lançar uma mini-versão da consola clássica SNES a tempo do Natal. A notícia é avançada pelo site Eurogamer, que cita fontes próximas da empresa. A consola já está em desenvolvimento. Espera-se que seja um modelo com jogos clássicos pré-instalados e que se ligue diretamente a uma televisão.

Segundo a CNBC, a nova consola deverá incluir títulos como Super Mario World e Donkey Kong Country. Desconhece-se mais detalhes, como o preço, o número de unidades que a empresa planeia vender ou em que mercado vai comercializar o produto, mas é provável que tenha o nome comercial de SNES Classic Mini.

A Nintendo prepara-se assim para capitalizar a nostalgia que muitos fãs sentem face a esta consola de jogos dos anos 90. Recorde-se que, no ano passado, a Nintendo lançou também uma mini-versão do modelo anterior, a que chamou de NES Classic Mini.

A consola custava 59,99 dólares, mas esgotou rapidamente em todo o mundo, uma vez que a Nintendo fez apenas um número muito limitado de unidades. Segundo o canal norte-americano, há consolas destas à venda no eBay por 5.000 dólares. O produto já foi descontinuado, confirmou a empresa na semana passada.

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Montenegro fiel a Passos: está contra primárias no PSD

  • Lusa
  • 23 Abril 2017

O líder da bancada parlamentar do PSD defendeu este domingo que o partido não deve realizar eleições primárias e reafirmou o seu apoio ao atual líder, Pedro Passos Coelho.

O líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, disse este domingo, em Leiria, ser contra a realização de eleições primárias no seu partido e reafirmou o seu apoio ao atual líder do PSD, Pedro Passos Coelho.

À margem da IX Academia de Jovens Autarcas, organizada pela JSD de Leiria, Luís Montenegro afirmou não concordar com “essa ideia”. “Nunca fui um grande adepto das eleições primárias. Creio que o PSD não precisa de legitimar as suas lideranças por essa via. Não há no panorama político e partidário português essa tradição e a experiência que houve no Partido Socialista foi um perfeito fracasso“, salientou.

O presidente do grupo parlamentar do PSD precisou que “se a ideia [do PS] era que houvesse uma mobilização muito grande e representativa de um sentir do povo português, isso caiu por terra, porque o dr. António Costa ganhou as eleições primárias e perdeu – e por muito – as eleições legislativas”. Ou seja, “não radicou na realização de eleições primárias nenhum movimento político especial dos eleitores”, defendeu.

Reconhecendo que o ex-governante do PSD Miguel Relvas não é a única pessoa do partido a defender as primárias, Luís Montenegro sublinhou: “Sou contra essa ideia”.

Para o líder parlamentar social-democrata, não são as eleições primárias que o sistema político e partidário português precisa de discutir. “É saber se nós queremos um sistema político eleitoral no qual as pessoas quando votam nas eleições legislativas, para além de escolherem deputados, escolhem também uma liderança governativa e um projeto base de governação. Isso aconteceu sempre nas eleições legislativas em Portugal, mas não nas últimas.”

Luís Montenegro defendeu que “o povo tem direito a escolher a liderança do Governo e a escolher a base do programa da governação”.

"A minha posição também é conhecida: apoio o Dr. Pedro Passos Coelho e quero com ele construir um caminho de afirmação política do PSD.”

Luís Montenegro

Líder parlamentar do PSD

Sobre o facto de alguns apontarem Luís Montenegro como o futuro líder do PSD, o próprio afirmou estar ao lado do presidente do partido, Pedro Passos Coelho. “O partido tem uma liderança e uma liderança muito estável. Terá congresso no próximo ano e se alguém quiser disputar essa liderança acho que deve fazê-lo, se sentir essas condições.”

“A minha posição também é conhecida: apoio o Dr. Pedro Passos Coelho e quero com ele construir um caminho de afirmação política do PSD, que tem como objetivo vencer as terceiras eleições legislativas consecutivas e podermos dar ao país uma governação bem mais ambiciosa do que aquela que temos hoje”, acrescentou.

Luís Montenegro considerou ainda que o “país e o governo contentam-se com pouco, quando é motivo de regozijo do primeiro-ministro poder dizer ao país que o ‘rating’ da República continua como está, em vez de ambicionar a melhoria desse ‘rating’, porque essa melhoria teria um impacto económico muito significativo e permitiria que o país se pudesse financiar a um custo menos oneroso”.

E lamentou que o primeiro-ministro se “circunscreva a ficar satisfeito com a situação atual, tal como ela está em vez de ambicionar mais crescimento, na esteira daquilo que tem sido a sua posição de ir alicerçando a sua governação, não naquilo que já foi capaz de acrescentar em valor ao país, mas naquilo que herdou do governo anterior”. “Este é um primeiro-ministro da herança, não é um primeiro-ministro da mudança e do crescimento”, rematou.

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Cinco pessoas detidas por especulação de bilhetes do jogo Sporting-Benfica

  • Lusa
  • 23 Abril 2017

Indivíduos foram detidos em flagrante delito pela ASAE, no sábado. As detenções foram efetuadas na sequência de anúncios de venda de bilhetes na internet com valores 200% acima do preço oficial.

Cinco pessoas foram detidas pela Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) por especulação de bilhetes do jogo Sporting-Benfica, que decorreu no sábado à noite, divulgou este domingo a entidade.

“A ASAE, através da sua Unidade Nacional de Informações e Investigação Criminal (UNIIC), procedeu, este sábado, em Lisboa e Cascais, à detenção em flagrante delito de cinco indivíduos e à identificação de mais duas pessoas, pelos crimes de especulação e venda irregular de bilhetes para o jogo da primeira Liga de futebol, entre o Sporting vs. Benfica”, refere o comunicado. Durante esta ação, foram ainda apreendidos 12 bilhetes para o jogo.

“As detenções foram efetuadas na sequência de anúncios de venda publicitados em ‘sites’ da internet, em que eram pedidos valores superiores a 200% sobre o preço oficial”, acrescenta a ASAE. Os detidos serão presentes às autoridades judiciárias na segunda-feira para julgamento em processo sumário.

“A ASAE reitera o alerta aos consumidores para evitarem a aquisição de bilhetes acima do seu valor oficial, uma vez que essa venda constitui um crime de especulação punido com pena de prisão até três anos”, conclui a entidade.

Sporting e Benfica defrontaram-se no sábado num jogo da 30.ª jornada da I Liga, no Estádio José Alvalade, em Lisboa, tendo empatado a uma bola.

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O populismo anda por aí. É uma ameaça aos mercados?

Os maiores bancos de investimento aconselham os investidores a apostarem nas ações europeias, considerando que as boas perspetivas económicas mais do que compensam os riscos políticos na região.

O populismo muito provavelmente irá fazer parte da lista de expressões selecionadas para a eleição da “palavra do ano” na Europa, em 2017. Após a eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos, numa campanha pautada pelo slogan “Make America Great Again”, a onda do populismo cruzou o Atlântico para marcar a agenda eleitoral dos países europeus que já foram ou ainda vão a votos, este ano.

Depois do “não” ao populismo nas últimas eleições legislativas da Holanda, chega a vez de em França ser testado o apetite dos eleitores pela bandeira populista erguida pela candidata presidencial de extrema-direita, Marine Le Pen. Há quem receie as consequências económicas e sociais de uma eventual vitória de Marine Le Pen. E os mercados? Como veem e lidam com o ressurgimento desta onda populista? Não apreciam, mas não parecem estar muito preocupados. Os bancos de investimento estão mesmo a apostar numa escalada das ações europeias.

Populismo e estagflação

A implementação de políticas populistas tende a não ser boa nem para a saúde das economias nem dos mercados. O mais certo é que medidas como a restrição ao comércio ou à migração tendam a conduzir ao temido fenómeno da estagflação. Ou seja, a períodos em que a inflação sobe, mas acompanhada pelo aumento do desemprego e de um lento crescimento da economia, o que acaba por não ser uma combinação muito favorável aos mercados. “Uma maneira de olhar para isso é pensar o populismo como uma reversão da globalização. É encarar uma economia mundial com muitas mais restrições ao comércio e à mobilidade laboral”, dizem os economistas da Schroders.

Uma maneira de olhar para isso é pensar o populismo como uma reversão da globalização. É encarar uma economia mundial com muitas mais restrições ao comércio e à mobilidade laboral.

Schroders

Num ambiente dominado pelo populismo, a tendência é para que em vez de tirarem partido da especialização e das economias de escala, as indústrias “encolham” de volta à dimensão doméstica. Em resultado, a produtividade abranda ainda mais, com as empresas a enfrentarem maiores dificuldades para captar mão-de-obra, mas também os inputs necessários para a sua atividade. A pressão para uma subida dos salários também é maior, penalizando as margens das empresas.

Qualquer destes fenómenos acaba por ter um impacto negativo nos resultados empresariais, afetando o desempenho bolsista das empresas e dos mercados acionistas em geral. Algo que os mercados não parecem recear no atual contexto europeu.

Bolsas ao largo do populismo

Recuando quase seis meses até às eleições presidenciais norte-americanas, apesar de ter surpreendido uma vasta audiência, a vitória de Donald Trump não impediu que os principais índices bolsistas norte-americanos tivessem assinalado novos recordes históricos. Entre o dia 8 de novembro e o novo recorde histórico de 2.395,96 pontos estabelecido a 1 de março deste ano, o índice bolsista norte-americano S&P 500 disparou 12%, um desempenho que terá sido apoiado na confiança relativamente ao seguimento de uma política expansionista nos Estados Unidos que incluía um forte aumento dos gastos governamentais.

Um cenário que começou a esmorecer ainda antes de terem falhado os planos de Donald Trump em substituir o Obamacare por um programa de saúde desenhado pela sua administração. Essa falência levantou dúvidas se o novo residente da Casa Branca seria capaz de cumprir com as suas promessas eleitorais, o que coincidiu com um período em que as ações norte-americanas recuaram.

Principais mercados de ações desde a eleição de Trump

Fonte: Bloomberg

Mas segundo a Schroders a forte subida das ações norte-americanos nos meses que se seguiram às presidenciais norte-americanas não terá resultado necessariamente do entusiasmo em torno das promessas do novo presidente dos Estados Unidos, mas sim do quadro favorável a um rally que já se começava a desenhar no verão do ano passado. “As políticas populistas aparentam ser boas para os mercados, atendendo à performance das ações depois dos votos do Brexit e de Donald Trump. Contudo, convém notar que as condições para um rally (os sinais expansionistas por parte da Fed e os sinais de recuperação global) já estavam a instalar-se no último verão, antes de qualquer destes dois acontecimentos”, disse recentemente a equipa de economistas da Schroders.

No mesmo período as ações europeias também parecem ter passado ao lado dos receios em torno do populismo. Desde as eleições norte-americanas, até ao máximo de mais de dois anos (381,9 pontos) registado a 12 de abril, o índice bolsista de referência europeu — o Stoxx 600 — somou e seguiu, acumulando uma valorização de 14% nesse período. Pelo meio, passaram as eleições legislativas holandesas ameaçaram mas não provaram danos nos mercados, até porque o voto foi no sentido da manutenção e do virar de costas ao populismo.

É para apostar nas ações europeias

Os riscos políticos não parecem assim preocupar os investidores europeus, com muitos bancos de investimento a anteciparem mesmo que este ano as ações europeias venham a reinar nas carteiras dos investidores. Entre as mais otimistas estão, por exemplo, a JPMorgan, o Goldman Sachs, a BlackRock ou o Bankinter.

"Até há pouco tempo, a política era o fator de maior vulnerabilidade para o mercado. Agora continua a ser uma preocupação, mas claramente menos grave do que antes.”

Bankinter

Isto porque a derrota de Wilders nas eleições da Holanda, no passado dia 15 de março, fez diminuir a probabilidade de uma vitória da Frente Nacional de Le Pen nas eleições francesas, que serão realizadas a 23 de abril e a 7 de maio (primeira e segunda volta), abrindo espaço para focar as atenções no bom desempenho económico da Europa. As mais recentes sondagens reforçam o alívio da pressão sobre os mercados, com o candidato Macron a distanciar-se um pouco de Le Pen rumo à liderança de França.

“Até há pouco tempo, a política era o fator de maior vulnerabilidade para o mercado. Agora continua a ser uma preocupação, mas claramente menos grave do que antes”, acredita o banco espanhol, acrescentando que esta realidade representa uma “melhoria muito importante tanto para o mercado como para o ciclo económico“, com potencial positivo acrescido tanto para os resultados empresariais, como para os indicadores macroeconómicos (ciclo económico) e a liquidez dos mercados diz o Bankinter no seu relatório de estratégia de investimento com as perspetivas para o segundo trimestre de 2017. Os recentes dados favoráveis relativamente à atividade económica no Velho Continente, segundo o Bankinter, vêm “confirmar que a economia europeia continua a ganha tração, aparentemente imune às incertezas de caráter político”.

Vemos um risco ascendente na Europa, onde não esperamos que as eleições irão conduzir aos resultados populistas temidos pelos mercados.

blackRock

Positiva é também a visão dos especialistas da BlackRock. “Não esperamos que as eleições conduzam aos resultados populistas temidos pelos mercados”, diz a BlackRock. Para além do Japão, as ações europeias são a principal aposta do banco de investimento, justificando a sua preferência por esses mercados no forte potencial de crescimento económico. No mercado europeu, o banco de investimento vê “uma melhoria no outlook de resultados que suporta as empresas cíclicas e as exportadoras, particularmente as industriais e as multinacionais com exposições aos mercados emergentes“.

"O potencial de aproximação da Zona Euro face aos Estados Unidos mantém-se muito forte.”

JPMorgan

Já o JPMorgan considera que o desconto das ações europeias face às pares norte-americanas deverá encolher para metade caso o candidato centrista — Emmanuel Macron — seja eleito presidente de França. “O potencial de aproximação da Zona Euro face aos Estados Unidos mantém-se muito forte“, afirmaram os analistas do JPMorgan, salientando a melhoria comparativa dos resultados empresariais, a subida dos PER (rácio preço/lucros) e o euro forte, como fatores atrativos para o investimento na Europa. O Goldman Sachs é outro dos bancos de investimento que aconselha os investidores a virarem costas aos Estados Unidos e a privilegiarem a aposta nos mercados acionistas do velho Continente.

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PIB angolano cresceu entre 0,1% e 0,6% no ano passado

  • Lusa
  • 23 Abril 2017

Governo angolano espera forte aceleração do crescimento para este ano, mas o FMI não está tão otimista.

O Produto Interno Bruto de Angola cresceu entre 0,1% e 0,6% no ano passado, disse o ministro das Finanças de Angola, Archer Mangueira, à agência Lusa em Washington, argumentando que quase não houve investimento público.

“Estivemos a discutir com o FMI a aferição desses números. Estamos no início do segundo trimestre, período em que esses dados são tornados definitivos, mas será entre 0,6 e 0,1%”, disse o ministro.

O responsável, que está em Washington para participar nas reuniões de primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, disse ainda que o défice orçamental do último ano ficará entre os 3,6 e os 4%. “É o número que se tem estado a encaixar entre as contas orçamentais apuradas pelo tesouro nacional e pelo FMI, não há grande disparidade”, disse.

O governante atribui o fraco crescimento à ausência de investimento público causada pela crise petrolífera. “Entre 2014 e 2016, o país praticamente não realizou investimentos. A atividade produtiva paralisou. A economia petrolífera teve uma crise, não só devido ao preço [do barril de petróleo], mas também devido a problemas na sua produção, e Angola ainda tem uma economia muito dependente da sua economia petrolífera“, explicou Archer Mangueira.

O Governo angolano prevê, no entanto, uma acentuada subida do crescimento para este ano. O executivo prevê que a economia cresça 2,1% em 2017, apesar de o FMI prever um aumento de apenas 1,2%. O ministro disse que “à medida que a situação no país foi melhorando houve uma maior sensibilidade dos mercados e uma maior captação de recursos de poupança externa para realizar investimentos” que explicam este crescimento.

“Há um conjunto de projetos que já estão em execução, desde o último trimestre de 2016, e que vão prosseguir em 2017. São investimentos bastante significativos, em termos nominais e reais, que vão impulsionar o desenvolvimento e justificar a avaliação do setor real da economia”, garantiu o ministro.

Segundo o responsável, os investimentos serão feitos no setor da energia, das águas, agricultura, estradas, e comunicações.

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Ulrich deverá receber 465,5 mil euros de remuneração variável no BPI

  • Lusa
  • 23 Abril 2017

Os trabalhadores do BPI já receberam este mês os prémios de desempenho, com valor mínimo de 300 euros. Proposta de remuneração variável para a comissão executiva do banco votada quarta-feira.

O Banco BPI pagou este mês prémios aos trabalhadores, como tem sido prática nos últimos anos, disseram à Lusa funcionários da instituição financeira ainda liderada por Fernando Ulrich. A remuneração variável tem um valor mínimo superior a 300 euros e foi paga a 12 de abril.

A decisão de pagar esta prestação extraordinária foi tomada pela comissão executiva do banco, liderada por Fernando Ulrich, que cessará esta semana as funções de presidente executivo, na sequência da tomada de controlo do BPI pelo grupo espanhol ‘Caixabank.

Os acionistas do BPI reúnem-se esta quarta-feira em assembleia-geral, que servirá para aprovar as contas de 2016 (ano em que teve lucros de 313,2 milhões de euros, mais 32,5% do que em 2015) e a aplicação de resultados, uma reunião que tem ainda um ponto respeitante à remuneração variável a ser paga à comissão executiva que termina mandato.

Segundo a proposta feita pela comissão de remunerações e disponível na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, o maior valor proposto é para Fernando Ulrich, de 465,5 mil euros. António Domingues, que foi vice-presidente do BPI durante parte do ano de 2016, antes de assumir funções como presidente da Caixa Geral de Depósitos (num curto e polémico mandato de quatro meses), receberá 106,7 mil euros.

Aos restantes vogais da comissão executiva, José Pena do Amaral, Maria Celeste Hagatong, Manuel Ferreira da Silva, Pedro Barreto e João Pedro Oliveira e Costa, de acordo com a referida proposta, deverão ser pagos 328,6 mil euros a cada um.

O valor da remuneração variável será pago 50% em dinheiro, de imediato, e os restantes 50% de forma diferida no tempo.

BPI entra quarta-feira numa nova era

A assembleia-geral de quarta-feira implicará a entrada do BPI numa nova era, isto depois de em fevereiro o espanhol Caixabank ter passado a controlar o banco, ao conseguir ficar com quase 85% do capital social na sequência da Oferta Pública de Aquisição (OPA).

Desde logo, na reunião serão deliberados os novos órgãos sociais para o triénio 2017/2019, esperando-se que sejam aprovados sem percalços tendo em conta que o Caixabank tem a grande maioria do capital. O espanhol Pablo Forero será o novo presidente executivo, substituindo Fernando Ulrich, que passará a presidente do Conselho de Administração (‘chairman’) do banco.

Já Artur Santos Silva, fundador do BPI e atual ‘chairman’, ficará como presidente honorário do Banco BPI e presidente de uma nova comissão dedicada à responsabilidade social.

Segundo a proposta definitiva divulgada ao mercado e que irá a votos na assembleia-geral, o novo Conselho de Administração do BPI na ‘era Caixabank’ contará com Fernando Ulrich como presidente (‘chairman’), dois vice-presidentes (Pablo Forero, o presidente executivo, e António Lobo Xavier) e com 16 vogais (Alexandre Lucena e Vale, António Farinha de Morais, Cristina Rios Amorim, Francisco Barbeira, Gonzalo Rotaeche, Ignacio Alvarez-Rendueles, João Oliveira e Costa, José Pena do Amaral, Javier Riera, Juan Alcaraz, Juan Fuertes, Lluís Pi, Pedro Barreto, Tomas Jervell, Vicente Barutel e ainda um representante da seguradora Allianz).

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Banqueiros ficaram “preocupadíssimos” com solução para o Novo Banco

  • Margarida Peixoto
  • 23 Abril 2017

O presidente da Associação Portuguesa de Bancos reconhece que as ajudas do Estado à banca já atingiram 13 mil milhões de euros e que, destes, cinco mil milhões são custos para os contribuintes.

“Preocupadíssimos” — foi assim os banqueiros ficaram com a solução para Novo Banco. A expressão é de Faria de Oliveira, presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB), numa entrevista ao DN e TSF, publicada este domingo. O banqueiro reconhece que a venda ao Lone Star foi um mal menor, mas admite que também não tinha nada contra a nacionalização.

“Ficámos preocupadíssimos, mas a verdade é que este processo teve um pecado original e insofismável, que foi a decisão da medida de resolução do BES, um banco sistémico”, diz Faria de Oliveira, sobre a venda do Novo Banco ao Lone Star. Ainda assim, “a solução encontrada é um mal menor. É um mal menor e um grande fardo para o sistema bancário”, frisa.

Faria de Oliveira admite que as condições da venda implicam um “eventual aumento” da exposição do Fundo de Resolução ao Novo Banco, dos atuais 4,9 mil milhões até aos 9 mil milhões de euros e avisa que isto pode fazer com que seja necessário “prorrogar o horizonte temporal” do pagamento do empréstimo do Estado ao Fundo.

"Não, não houve perdão de dívida nenhum. Os bancos são o responsável último pelo montante definido em relação à resolução quer do BES, quer do BANIF.”

Faria de Oliveira

Presidente da Associação Portuguesa de Bancos

Seja como for, recusa que o alargamento dos prazos para o pagamento por parte dos bancos ao fundo tenha constituído um perdão de dívida, como argumenta o PSD. “Não, não houve perdão de dívida nenhum. Os bancos são o responsável último pelo montante definido em relação à resolução quer do BES, quer do BANIF. As condições de cumprimento, através das contribuições que os bancos vão fazendo é que são outras”, diz Faria de Oliveira.

O presidente da APB acrescenta que não tinha “nada contra a nacionalização” do Novo Banco, mas lembra que segundo o primeiro-ministro António Costa os custos “eram superiores”. Além disso, Faria de Oliveira chama a atenção para uma “questão política de fundo”, argumentando que “uma nacionalização neste momento de uma instituição bancária, no contexto em que vamos vivendo em termos políticos, podia ser muito mal entendida pelos mercados e penalizar fortemente o país”. Ou seja, para o banqueiro esta “era uma solução possível”, mas reconhece que podia ser penalizadora “em termos de imagem.”

"Uma nacionalização neste momento de uma instituição bancária, no contexto em que vamos vivendo em termos políticos, podia ser muito mal entendida pelos mercados e penalizar fortemente o país.”

Faria de Oliveira

Presidente da Associação Portuguesa de Bancos

Faria de Oliveira reconhece que a banca teve um fardo pesado para Portugal, mas considera um “exagero” atribuir tudo a questões de má gestão. “Em Portugal, o total das ajudas do Estado ao sistema bancário português foi de treze mil milhões de euros”, contabiliza o banqueiro. “Cinco estão recuperados, foram pagos pelo sistema”, nota, por isso, “aquilo que se pode designar por custos para o Estado e, portanto, para os contribuintes, são 8 bis, cerca de 5% do produto interno bruto“, contabiliza.

Na entrevista, Faria de Oliveira revela-se pouco confiante na criação de um veículo nacional para lidar com o crédito malparado da banca e aposta mais numa solução europeia para o problema. Entretanto, veria com bons olhos a criação de uma plataforma que pudesse dinamizar o mercado da compra de crédito malparado.

 

 

 

 

 

 

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