Mercados reagem a ataque dos EUA. Petróleo e ouro disparam, bolsas caem

Mercados estão "nervosos". Petróleo e ouro tocam máximos, bolsas estão em queda, euro valoriza face ao dólar.

Donald Trump ordenou um ataque contra bases militares sírias e os mercados responderam de imediato. O petróleo está a negociar em máximos de um mês, o ouro toca máximos de cinco meses, as bolsas respondem em queda e o euro valoriza face ao dólar.

A expectativa dos analistas é que os mercados reajam de forma “nervosa” ao longo de todo o dia. “Os investidores têm estado à procura de uma desculpa para vender. Esta incerteza em torno do ataque dá-lhes uma razão concreta para fazer isso mesmo”, refere à Bloomberg um analista da Shaw and Partners.

A reação mais evidente é a do petróleo, com os investidores a anteciparem tensões geopolíticas após o ataque às bases militares sírias. O brent valoriza 1,3%, para 55,60 dólares por barril, enquanto o WTI, negociado no mercado norte-americano, sobe 1,4%, para 52,44 dólares por barril. À Bloomberg, um analista da CMC Markets explica que a Síria “não um grande produtor de petróleo”, mas o ataque poderá aumentar “o risco de escalada em toda a região”. Por outro lado, há o risco de “haver uma resposta ao ataque”.

Também o ouro, ativo de refúgio, está a valorizar. A matéria-prima está a subir quase 1% para 1.263,45 dólares por onça, tendo já tocado nos 1.269,45 dólares.

Nos mercados acionistas, a queda é generalizada. As bolsas asiáticas inverteram os ganhos que registaram ao longo do dia e fecharam a cair. Na Europa, todas as bolsas abriram no vermelho. A tendência, para já, é de quedas ligeiras, inferiores a 1%. Por cá, o PSI-20 está a recuar 0,25%, para os 4.986,49 pontos. Já o Stoxx 600 perde 0,34%, para os 379,46 pontos.

Os analistas não esperam, contudo, que o impacto negativo seja para durar. “A não ser que este ataque sinalize uma espécie de agravamento da guerra na Síria, com o aumento do envolvimento dos Estados Unidos, é pouco provável que haja um impacto duradouro sobre os mercados”, refere um analista da AMP Capital Investors.

Nota ainda para o mercado cambial, onde o euro está a valorizar 0,05%, para 1,06 dólares. Já a moeda russa está a perder mais de 1%, para 0,0175 dólares.

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Governo prevê rever em baixa meta do défice para 2017

  • ECO
  • 7 Abril 2017

As novas regras do Eurostat vão puxar o défice de 2016 para acima do 2%, mas o Governo já está de olho na próxima meta, e a previsão de 2017 pode descer.

O Governo prepara-se para rever em baixa a meta do défice para 2017, segundo escreve esta segunda-feira o Público (acesso condicionado), no Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) que entregará daqui a duas semanas. De acordo com o jornal, o crescimento do PIB surpreendeu no final de 2016, o que fez o Governo subir as suas expectativas nesse campo para 2017, esperando-se que fique acima da de 1,5% que constava do Orçamento do Estado para 2017.

No mesmo documento, o Governo antecipava um défice de 1,6% para 2017, que deverá, segundo o Público, ser revisto em baixa no PEC, para mostrar que a conjuntura positiva será usada numa redução mais acelerada do défice.

A alteração deverá ser pequena, escreve o jornal, e a expectativa é reforçada elas previsões recentes do Banco de Portugal, que antevê um crescimento de 1,8% este ano, e do Conselho das Finanças Públicas que reviu em baixa as suas previsões do défice.

Mudança nas contas do Eurostat afetou défice de 2016

Entretanto, o défice de 2016 pode não ter parado ainda de ser atualizado. A autoridade estatística europeia Eurostat tem estado a chocar com o Instituto Nacional de Estatística sobre o que deve ou não entrar nas contas, escreve o Jornal de Negócios (acesso pago) na sua edição de hoje.

A decisão do Eurostat relaciona-se com a forma como devem ser contabilizados os fundos comunitários que já foram transferidos de Bruxelas mas ainda não foram aplicados na economia pelas entidades públicas. O Eurostat critica a abordagem até agora, que é a de registar a receita quando os fundos são recebidos e a despesa correspondente quando são gastos, defendendo antes que a receita não seja registada de todo.

De acordo com o Negócios, o INE registou o défice de acordo com as contas do Eurostat mas ainda continuam as discussões entre as duas autoridades estatísticas. O INE discorda que se ignorem estas receitas visto que se cria “dinheiro sombra” que não está registado em quaisquer contas. Uma revisão em alta do investimento das autarquias reduz também o risco de revisões por esta via. Usando a metodologia do ano passado, o défice de 2016 comparável com o de 2015 rondaria os 1,9% do PIB, acrescenta o jornal.

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Não há duas sem três. Moedas apoia mais PME portuguesas

Charge2C-NewCap, de Benavente; Mater Dynamics, do Porto e STME, de Porto Salvo, são as três novas empresas selecionadas para receber apoio do Horizonte 2020.

Mobilidade de transportes, nanotecnologia e eficiência energética são as áreas em que trabalham as três empresas portuguesas selecionadas para receber um apoio de 50 mil euros cada do Horizonte 2020.

As PME Charge2C-NewCap, de Benavente; Mater Dynamics, do Porto e STME, de Porto Salvo, vêm assim juntar-se à Agroinsider, Ground Drone, InnoWave Technologies, SPAROS, RVE.SOL – Soluções de Energia Rural, que já tinham sido selecionadas em dezembro do ano passado. Mas não só. Desde o lançamento do programa Instrumento PME, financiado pelo Horizonte 2020, a 1 de janeiro de 2014, foram selecionadas na fase 1, 2.208 pequenas e médias empresas, das quais 57 são portuguesas.

Estas três empresas vão receber 50 mil euros cada uma para estudos de viabilidade (técnica e comercial) para novos produtos disruptivos, incluindo um plano de negócio. A Charge2C-NewCap, que nasceu em maio de 2014, apresentou um projeto inovador na área da mobilidade de transportes e Cidades Inteligentes. A empresa fabrica protótipos à escala real de supercondensadores, com base em óxidos metálicos. Tem ainda um projeto, um spin-off que teve origem numa investigação do Técnico e financiado pela FCT e que desenvolve “um material para armazenamento de energia elétrica de morfologia dendrítica, tendo por isso uma elevada área especifica e permitindo uma carga de tempo reduzido”. O primeiro produto desenvolvido por esta star-up será direcionado para veículos industriais elétricos.

A Mater Dynamics foi selecionada graças ao seu projeto de tecnologias avançadas de nanotecnologias e tecnologias avançadas de fabrico e transformação. De acordo com o site da Universidade do Porto trata-se de uma startup “que visa o desenvolvimento e produção de nanosensores para a monitorização de variáveis ambientais”. A tecnologia desenvolvida “é capaz de medir a afetação de variáveis como temperatura, pressão e humidade, sobre produtos e processos, comunicando tais perturbações de forma remota por via wireless“. O retalho, gestão hoteleira e controlo de processos industriais são os clientes preferenciais deste produto já que “podem saber os estados dos seus processos e produtos a qualquer momento e em qualquer lugar”.

Já a STME foi escolhida pelo projeto inovador de sistema energético de baixo carbono e eficiente.

“Nesta primeira ronda de 2017, a Comissão Europeia recebeu 2.111 propostas, das quais 184 PME foram selecionadas para financiamento 178 projetos propostos no total”, revela o comunicado da Comissão Europeia, explicando que a diferença entre os número de empresas e de projetos se deve ao facto de várias PME poderem estar envolvidas num projeto.

Nesta primeira ronda de 2017, a Comissão Europeia recebeu 2.111 propostas, das quais 184 PME foram selecionadas para financiamento 178 projetos propostos no total.

Comissão Europeia

Segundo o programa dirigido pelo comissário Carlos Moedas, “a maioria dos projetos financiados foram na área das TIC (36), seguida pelos sistemas energéticos eficientes e com baixo teor de carbono (31) e, ainda, dos transportes (28)”.

O instrumento a favor das PME é executado através de um convite à apresentação de propostas com quatro datas-limite por ano. A próxima data-limite para a fase 1 é 3 de maio de 2017.

As empresas escolhidas para receber apoios nesta primeira fase — cujos estudos de viabilidade venham a concluir que os projetos têm potencial de desenvolvimento, mas que ainda necessitem de financiamento para poderem comercializar a ideia –, podem candidatar-se à fase 2. Neste ponto o apoio sobe e oscila entre os 500 mil euros e 2,5 milhões. As regras permitem cobrir até 70% dos custos elegíveis, mas excecionalmente pode ir até 100%.

Nesta segunda fase são financiadas operações de prototipagem, miniaturização, expansão, design, verificação de desempenho, testes, demonstrações, desenvolvimento de linhas piloto e outras atividades cujo propósito seja trazer inovação ao investimento e garantir que está pronto para o mercado. A duração deste apoio ronda um a dois anos.

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Estados Unidos prontos para voltar a atacar a Síria “se necessário”

A embaixadora dos EUA na ONU deixou o alerta depois do ataque à base aérea al-Shayrat, de onde se acredita ter partido o ataque com armas químicas, que matou mais de 70 pessoas.

Os Estados Unidos atacaram uma base do regime sírio pela primeira vez desde o começo da guerra civil no país em 2011. Esta madrugada, os norte-americanos lançaram “pelo menos 59 mísseis” contra bases militares do país, segundo as informações divulgadas pela Casa Branca. O objetivo, justificou Donald Trump, foi assegurar a “segurança nacional” dos Estados Unidos e “para a proliferação do uso de armas químicas”.

O ataque tinha vários alvos, incluindo a base aérea al-Shayrat, na província de Homs, de onde se acredita ter partido o ataque com armas químicas, levado a cabo pelo regime de Bashar al-Assad, que matou mais de 70 pessoas. Os mísseis foram lançados de dois navios de guerra norte-americanos, a partir do Mar Mediterrâneo.

O ataque, informou entretanto o governador de Homs, resultou na morte de sete pessoas e feriu outras sete. Talal Barazi diz não esperar que estes números se alterem significativamente. “Acredito que as baixas humanas não são muitas, mas há danos materiais. Esperamos que não haja muitas vítimas e mártires”, disse o governador à televisão libanesa al-Mayadeen.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas reuniu ara discutir a questão. A embaixadora norte-americana deixou um alerta: caso seja necessário, os Estados Unidos estão prontos para voltar a atacar. “Estamos prontos para fazer mais, mas esperamos que não seja necessário”, disse Nikki Haley.

Horas depois, voltaram a levantar voos da base aérea que foi alvo do ataque americano.

Defender EUA, impedir armas químicas

Em declarações ao país, depois do ataque, Trump lembrou que, esta terça-feira, o “ditador sírio Bashar al-Assad lançou um horrível ataque com armas químicas sobre civis inocentes”. O ataque à base aérea de Homs foi a resposta dos Estados Unidos.

É do interesse da vital segurança nacional dos Estados Unidos prevenir e impedir a proliferação e uso de armas químicas mortais. Não pode haver discussão sobre o facto de a Síria ter usado armas químicas proibidas, ter violado as suas obrigações relativamente à Convenção das Armas Químicas e ter ignorado os apelos do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos”, justificou o presidente norte-americano.

Trump apelou ainda a “todas as nações civilizadas” para que se juntem aos Estados Unidos e acabem com o “massacre na Síria”, bem como “todo o tipo de terrorismo”.

Relação com Rússia treme, mas não cai

A primeira consequência do ataque poderá ser o agravar das relações dos Estados Unidos com a Rússia. Recorde-se que, na quinta-feira, o governo de Vladimir Putin afirmou que não havia provas de que Assad tivesse usado armas químicas e chegou mesmo a dizer que é “inaceitável fazer uma acusação infundada sem uma investigação detalhada e imparcial”.

Já esta manhã, a Casa Branca adiantou que não procurou a aprovação de Moscovo para avançar com o ataque, mas avisou as autoridades russas previamente. Além disso, não foram atacadas secções da base militar onde se acreditasse que estavam presentes militares russos. O aviso não foi suficiente para merecer a compreensão russa. Vladimir Putin já reagiu ao ataque norte-americano, que classificou de “uma agressão a uma nação soberana”, feita com base num “pretexto inventado”.

Mas as relações não estão cortadas e as autoridades de um e outro país procuram manter o diálogo. Para a próxima semana, está marcada uma visita a Moscovo por parte do secretário de Estado norte-americano Rex Tillerson. A visita deverá manter-se.

“Não penso que isto vá impactar a visita de Tillerson, temos de restaurar o diálogo. Devemos receber Tillerson, trocar pontos de vista e chamar Washington à razão”, disse Leonid Slutsky, responsável russo pelos assuntos internacionais, em declarações aos meios de comunicação russos.

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Ataque de Costa reforça processo de investidores contra Banco de Portugal

Grandes investidores, como a Pimco e a BlackRock, que perderam dinheiro com a dívida do BES conseguiram um argumento de peso para o processo legal que moveram contra o Banco de Portugal.

No meio da conferência de imprensa da semana passada para anunciar a venda do Novo Banco, a frase de António Costa passou relativamente despercebida.

A conferência ia a meio quando o primeiro-ministro é confrontado com uma pergunta de um jornalista sobre o que aconteceria se os credores seniores do Novo Banco recusassem trocar a dívida que detêm por outra menos vantajosa? E se essa operação não poderia assustar ainda mais os investidores que em 2015 já tinham perdido dinheiro com dívida do Novo Banco.

Recorde-se que, em dezembro de 2015, o Banco de Portugal decidiu alterar o perímetro dos ativos e responsabilidades do BES e do Novo Banco, tendo na altura transferido para o BES cinco instrumentos de dívida sénior avaliados em 2,2 mil milhões de euros que estavam originalmente no balanço do Novo Banco.

Esta foi a resposta de António Costa na conferência de imprensa: “Foi precisamente tendo em conta essa experiência que nunca animámos qualquer solução que passasse por uma ação não voluntária por parte dos obrigacionistas. Acho que é manifesto hoje que se há algo que penaliza os custos da República, os custos do sistema financeiro, é o facto de os investidores internacionais terem recebido particularmente mal a decisão do Banco de Portugal de, unilateralmente e de uma forma discricionária, ter imposto sacrifícios a certos obrigacionistas em dezembro de 2015”.

As palavras “discricionária”, “unilateralmente” e “sacrifícios” foram recebidas com bastante satisfação em Nova Iorque, onde responsáveis dos gigantes como a Pimco e a BlackRock preparam um processo legal contra o Banco de Portugal por causa das perdas que sofreram com dívida do BES.

Palavras de Costa chegaram a Nova Iorque

Ao ECO, um responsável que representa esse grupo de investidores, que está a processar o Banco de Portugal (e que também avançou com um processo legal para travar a venda do Novo Banco), mostrou-se satisfeito com as palavras do primeiro-ministro que vêm dar mais força às suas reivindicações legais.

A nossa posição é legal e não misturamos a política. No entanto, a posição do primeiro-ministro agrada-nos. Revela que, tal como sempre pensámos, as autoridades portuguesas seguem estritamente as regras internacionais e que podemos contar com elas para que se corrijam erros cometidos em momentos e por entidades que, numa situação de stress, não avaliaram corretamente o impacto das suas decisões”, disse o responsável ao ECO.

O mesmo grupo de grandes investidores refere ainda que quer “encorajar as autoridades portuguesas a procurar uma conclusão atempada e construtiva para este tema, para o benefício de todos, a começar pelos contribuintes portugueses”.

Ameaças, umas mais veladas que outras

Foi no dia 22 de março que este grupo de grandes investidores, liderados pela Pimco e BlackRock, anunciou que ia “intentar procedimentos legais contra o Banco de Portugal numa tentativa de recuperar as perdas dos seus clientes”.

Esta foi a justificação apresentada: “A 29 de dezembro de 2015, o Banco de Portugal levou a cabo um ato ilegal e discriminatório ao transferir cinco séries de títulos no total de 2,2 mil milhões de euros do Novo Banco para a massa falida do Banco Espírito Santo”. Numa nota da Pimco e da BlackRock enviada à imprensa lia-se ainda que “outras 38 séries de títulos classificadas simultaneamente com os títulos transferidos foram deixadas intactas no Novo Banco. Esta ação arbitrária e injustificada provocou perdas em torno de 1,5 mil milhões de euros para os investidores de retalho e pensionistas que confiaram as suas poupanças a instituições que investiram, em seu nome, em títulos que o Banco de Portugal escolheu de forma desigual”.

Mais tarde, no dia em que Caixa Geral de Depósitos escolheu para fazer uma emissão de dívida subordinada, as duas gestoras — Pimco e BlackRock — fizeram questão de dizer ao Finantial Times que não iriam participar na emissão do banco público português, uma ausência e uma ameaça que certamente terão contribuído para que o banco liderado por Paulo Macedo pagasse uma taxa elevada, de 10,75%.

No início da semana, após o anúncio do acordo para a venda do Novo Banco aos norte-americanos da Lone Star, a BlackRock, que é um dos maiores investidores de dívida pública portuguesa, veio dizer que, em conjunto com um grupo de investidores, vai avançar com um processo para travar a venda do banco.

“Vários membros do grupo vão procurar uma injunção para bloquear a venda do Novo Banco durante a semana que começa a 3 de abril de 2017. As regras que governam o processo de venda são discriminatórias e violam as leis europeias e portuguesas”, acrescenta a gestora de ativos.

Não é de hoje que António Costa critica o Banco de Portugal

Para tentar evitar que estes grandes investidores deixem de comprar dívida pública portuguesa e ativos nacionais é que o ministro das Finanças está a tentar chegar a um acordo amigável. A Bloomberg chegou a mencionar a possibilidade de um acordo em que pudessem reaver 600 milhões de euros (dos 2,2 mil milhões investidos), mas, ao Expresso, este grupo já tinha dito que não aceitaria tal proposta, visto que essa verba é apenas o valor que lhes é legalmente devido. Recorde-se que as regras de resolução preveem que nenhum credor perca com este mecanismo mais do que perderia num cenário de liquidação do banco. Dai a possibilidade desses investidores puderem legalmente recuperar os tais 600 milhões.

Não é de hoje que o Governo critica o Banco de Portugal pela decisão tomada e pelo impacto que terá tido e estará a ter nos juros da dívida pública. A 15 de Janeiro de 2016, num debate quinzenal no Parlamento, António Costa já tinha sido bastante crítico em relação à posição do Banco de Portugal: “Qualquer credor ou investidor que ouviu em agosto de 2014 o Banco e Portugal e o Governo definirem um perímetro de confiança e de sacrifício ficou então a confiar que estaria a salvo. Esse credor ou investidor nunca pensaria que dois anos depois as contas estariam em revisão e que aquilo que julgava estar protegido afinal não estava e que era de novo chamado ao sacrifício. Se acha que isso foi um bom contributo para a confiança, pois está enganado, porque foi um péssimo contributo“.

A diferença é que nessa altura esse grupo de grandes investidores que se dizem lesados, como a Pimco e a BlackRock, ainda não tinham tinham processado do Banco de Portugal.

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Quer investir nas OTRV? É o último dia para subscrever

A procura tem sido elevada, mas se quer mesmo subscrever estes títulos de dívida pública que oferecem uma taxa de juro de, no mínimo, 1,9%, ainda pode. Só tem, no entanto, até esta sexta-feira.

Se quer investir nas Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável (OTRV), apresse-se. É que duas semanas depois do lançamento da nova edição deste novo produto de financiamento do Estado, o prazo para subscrever chega ao fim. Esta sexta-feira é o último dia em que pode colocar uma ordem junto do intermediário financeiro para conseguir fazer uma aplicação em títulos de dívida que apresentam uma taxa de juro de, no mínimo, 1,9%.

O período de subscrição arrancou a 27 de março, mas a procura foi muito elevada desde início. Logo nesse dia foram registadas intenções de compra de um valor que ficou acima da oferta. De acordo com fontes contactadas pelo ECO, que preferiram não ser identificadas, os investidores colocaram ordens para um montante em torno dos 600 milhões de euros.

A procura pelas OTRV foi tanta, tal como nas anteriores emissões feitas durante o ano passado, que o IGCP reviu em alta o montante total a obter com estes títulos. A meta inicial era de 500 milhões, mas o valor final da emissão acabou por ser duplicado. Estão disponíveis mil milhões de euros em tranches de mil euros, no mínimo, e de um milhão de euros, no máximo. O prazo de investimento são três anos.

Já vários investidores colocaram as suas ordens, mas até ao último minuto poderá apresentar a intenção de subscrição, mas é preciso ter em conta que no caso de rateio será preterido em relação a quem foi mais rápido a pedir estes títulos que apesar de pagarem a taxa mais baixa de sempre, continuam a oferecer um retorno atrativo no contexto de juros muito baixos.

O rateio das OTRV é feito em três fases: atribuição de 20 OTRV (ou no montante solicitado, caso seja inferior) a cada ordem de subscrição; atribuição do restante montante solicitado em cada ordem de acordo com a data em que deu entrada no sistema da Euronext; e atribuição sucessiva de mais uma OTRV às ordens de subscrição que, após a aplicação dos critérios anteriores, ficam mais próximas de mais uma OTRV.

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5 coisas que tem de saber antes de abrirem os mercados

  • Marta Santos Silva
  • 7 Abril 2017

A Grécia vai tentar desbloquear um acordo, no mesmo Eurogrupo em que se procura uma solução para o malparado. Esta sexta-feira é o último dia para investir nesta leva das OTRV. Prepare-se.

Entre os dados da Baker Hughes, que prometem sempre fazer mexer as agulhas do preço do petróleo, avaliações da dívida soberana de três grandes parceiros de Portugal, e os resultados do primeiro trimestre do fundo soberano norueguês, o maior do mundo, esta sexta-feira promete ser um dia animado para os mercados. E isto sem falar do Eurogrupo, onde a Grécia está pressionada para encontrar um acordo que lhe permita desbloquear a próxima tranche do resgate, e onde os líderes europeus falarão sobre possíveis soluções para o crédito malparado.

É dia de Eurogrupo… mas a Grécia já tem acordo?

Os últimos dias em contrarrelógio resultaram, ou não? É o que se perguntam as autoridades gregas e europeias, já que nesta reunião estará em jogo um pacote global de políticas que a Grécia precisa de aplicar para desbloquear a próxima tranche do seu programa de ajustamento. Contudo, há desentendimentos profundos no campo das pensões que não têm deixado as negociações chegar a bom porto. Mario Draghi, presidente do BCE, e a presidente do Conselho de Supervisão, Danièle Nouy, vão estar no encontro para apresentar as linhas orientadoras do banco central para o problema do crédito malparado na Zona Euro, uma discussão que, da parte da tarde, chega aos ministros das Finanças da União Europeia, no Ecofin.

Se quer investir nas OTRV, tem de ser hoje

O prazo para subscrever as OTRV, o novo produto de financiamento do Estado, chega esta sexta-feira ao fim. Os títulos de dívida têm uma taxa de juro mínima de 1,9%, e o período de subscrição desta nova edição começou a 27 de março. Com uma procura imediatamente elevada, logo no primeiro dia houve intenções de compra que excederam a oferta, com ordens para um montante superior aos 600 milhões de euros, segundo fontes contactadas pelo ECO. O IGCP acabou por rever em alta o montante total a obter, de uma meta de 500 milhões para o dobro. O prazo de investimento são três anos.

Três parceiros de Portugal têm rating avaliado

Três das principais agências de rating avaliam a dívida soberana de três dos principais parceiros comerciais dos empresários portugueses: Espanha, Angola e França. Espanha aguarda uma avaliação da agência canadiana DBRS, que em outubro lhe manteve a avaliação de A (baixo), com perspetiva estável, graças à recuperação económica que compensou os riscos de incerteza que se faziam sentir no país. Em França, em pleno período eleitoral, espera-se uma atualização vinda da S&P, que em outubro mudou a perspetiva do rating de AA do país de negativa para estável. Em Angola, a situação é mais difícil: a Moody’s, que já tem a dívida soberana do país com recomendação de não investimento, ou ‘lixo’, tinha previsto que esse rating evoluísse negativamente.

Quanto ganhou o maior fundo soberano do mundo?

O maior fundo soberano do mundo, o norueguês, está a subir há cinco anos consecutivos, e apresenta hoje os resultados do primeiro trimestre de 2017. No final de 2016, o fundo tinha lucrado quase 50 mil milhões de euros, graças à recuperação dos mercados após a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos. O fundo, que vale 900 mil milhões de dólares, teve assim um lucro de 6,9% em 2016. No entanto, anteveem-se mudanças, já que o fundo poderá começar a acumular investimentos mais arriscados e ter acesso a menos do rendimento associado ao petróleo e gás natural norueguês.

Como está a saúde do petróleo dos EUA?

A prestadora de serviços para o setor petrolífero norte-americana Baker Hughes dá nota esta sexta-feira da contagem semanal das plataformas de petróleo em produção nos Estados Unidos. Na última contagem foi registado um aumento pela 12.ª semana consecutiva. O acordo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo prevê uma redução da produção, mas os seus efeitos na oferta global do recurso têm sido limitados — nos EUA, à medida que o número de plataformas petrolíferas continua a subir, a produção deverá manter-se elevada.

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Trump e Xi Jinping deixam Wall Street em stand by

Esta sexta-feira o líder norte-americano e o líder chinês reúnem-se para debater o comércio internacional. Um dia antes, os investidores mostraram cautela. Wall Street subiu, mas pouco.

Depois da subida vertiginosa que se sentiu após a tomada de posse de Donald Trump, os mercados estão mais cautelosos quanto à ação da nova Administração. A esse dado acresce o encontro de amanhã com o Presidente da China, país com o qual os Estados Unidos têm o seu maior défice comercial. Esta quinta-feira os índices da bolsa norte-americana subiram, mas de forma tímida.

Ao encontro desta sexta-feira soma-se a divulgação de dados relacionados com o andamento do emprego, mas também um efeito de ontem: as minutas da última reunião da Fed deram um sinal de que a política expansionista vai começar a ser retirada e deixaram um aviso perante a “exagerada” valorização das cotadas. Ontem Wall Street acabou mesmo por fechar em terreno negativo, mas hoje recuperou ligeiramente.

Esta quinta-feira, o Nasdaq fechou com uma valorização de 0,25% para os 5.878,95 pontos. Já o S&P 500 aumentou 0,19% para os 2.357,49 pontos e o Dow Jones subiu 0,07% para os 20.662,95 pontos. As principais beneficiadas foram as empresas energéticas dado que o crude atingiu um máximo de um mês.

Hoje os dados do departamento da Energia norte-americano mostraram que os inventários de crude estão em níveis recorde. O preço do petróleo, o WTI, subiu quase um por cento, acumulando quatro dias consecutivos de ganhos. Contudo, os analistas estão preocupados que os níveis de produção nos EUA prejudiquem o objetivo da OPEP de valorização o barril.

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BPI vai mudar de auditor em 2018. Deloitte sai. PwC entra

Tendo em conta a OPA do CaixaBank sobre o BPI, a CMVM aceitou que a Deloitte permaneça como ROC até à aprovação das contas de 2018. Depois o novo auditor será a PwC que apresentou a melhor proposta.

As novas regras determinam o BPI tem de mudar de auditor, mas como o banco foi alvo de uma OPA por parte do CaixaBank em fevereiro pediu à CMVM uma exceção para reconduzir a Deloitte no cargo. No entanto, a partir de 2018, a PwC vai passar a ser o auditor da instituição, que exerce também essas funções no banco espanhol.

“Atualmente o BPI depara-se com um quadro de excecionalidade”, escreve o banco na proposta do conselho fiscal para o mandato do Revisor Oficial de Contas e que foi alvo de uma correção, e por isso republicada esta quinta-feira na CMVM. O BPI explica que por causa da OPA que introduziu uma “profunda alteração da composição acionista” e das “consequências decorrentes desta alteração” considera “inoportuno o processo de substituição do Revisor Oficial de Contas”, ou seja a Deloitte, por considerar que essa “substituição prejudicaria a qualidade e celeridade dos trabalhos” de alteração na estrutura do banco, nos quais a intervenção do ROC é fundamental.

Assim o BPI pediu à CMVM ara reconduzir “o atual ROC pelo período máximo de um exercício”.

A CMVM deliberou que a Deloitte pode permanecer em funções “até à aprovação das contas do exercício”, ou seja, na assembleia geral do banco em 2018, sem prejuízo de haver um período de transição que assegure “os trabalhos de transição”. Mas para que o período de transição seja mínimo, a CMVM aconselhou a escolha já de um novo ROC.

Feitas as avaliações técnicas e económicas aos convites feitos, o Conselho Fiscal considerou a PwC como a “sociedade mais bem avaliada” e com “uma proposta de honorários próxima da melhor”.a KPMG ficou em segundo lugar nesta avaliação apesar de te uma maior presença no setor financeiro nacional e ter tido a melhor proposta de honorários.

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Passos rejeita demitir-se. Autárquicas não serão “tragédia”

O presidente do PSD rejeitou esta quinta-feira a possibilidade de vir a demitir-se caso o resultado das autárquicas fique aquém do objetivo: social-democratas querem ter o maior número de mandatos.

Questionado sobre se vai demitir-se caso tenha um mau resultado nas eleições autárquicas, Passos Coelho foi direto ao dizer que “nunca” se demitiria do PSD por causa de um resultado autárquico. Rejeitada essa hipótese, em entrevista à SIC, o líder dos social-democratas não fez projeções para o futuro no caso de eleições legislativas. Numa entrevista dominada pela banca, o presidente do PSD continuou a apontar o dedo à estratégia económica e orçamental do atual Governo. Para Marcelo, deixou um aviso: o Presidente da República deveria ter defendido a presidente do Conselho de Finanças Públicas, Teodora Cardoso, perante as críticas do PS, PCP, BE e Governo.

“Ninguém esperará com certeza (…) que eu invoque os resultados das autárquicas para abandonar o PSD”, respondeu Pedro Passos Coelho perante o cenário em que, à semelhança das últimas eleições autárquicas., o partido que lidera tenha um resultado que não lhe permita liderar a Associação Nacional de Municípios Portugueses. Para o líder do Partido Social Democrata, o resultado das eleições “não será uma tragédia para o PSD”. Passos Coelho defendeu a sua escolha a Lisboa, Teresa Leal Coelho, rejeitando admitir uma derrota à partida. No entanto, Passos Coelho admite reconhecer as suas responsabilidades: “Não lavo as minhas mãos desse processo”, afirmou.

Défice sem “medidas extraordinárias” e “corte cego” seria de 3,2%

Pedro Passos Coelho voltou a criticar a estratégia de António Costa, mesmo a orçamental, apesar de reconhecer que o défice de 2,1% é uma boa notícia para o país. Na opinião do atual líder da oposição, o défice “sem as medidas extraordinárias do lado da receita” e do “corte cego que foi feito no Estado e no investimento público” seria de 3,2%. O líder do PSD recusa a ideia de que se enganou, ripostando que a estratégia do Executivo é que mudou: “O Governo mudou de estratégia, começou com uma e acabou com outra“, disse, referindo a opinião do Conselho de Finanças Públicas, da UTAO (Unidade Técnica de Apoio Orçamental) e do Banco de Portugal.

O presidente dos social-democratas recusa fazer “declarações para alarmar”, referindo-se à possibilidade de o país ter de pedir um resgate financeiro em breve. Mas não deixou de criticar a desaceleração do crescimento económico em 2016 face a 2015 e de responsabilizar o Governo pelo aumento da taxa de juro a que o Estado se financia, “mais do dobro da espanhola”. “Estamos a gerir a conjuntura em vez de estarmos a executar as reformas estruturais”, criticou Passos Coelho.

Marcelo deveria ter defendido Teodora Cardoso

Passos Coelho sublinhou a ideia de que o Presidente da República “não está em Belém para desenvolver a estratégia do PSD”, estando num plano diferente do partidário, mas deixou um conselho a Marcelo Rebelo de Sousa: “Teria gostado de o ver a defender a independência do Conselho de Finanças Públicas (CFP)”. Em causa estão as críticas feitas pelo Bloco de Esquerda, Partido Comunista Português, Partido Socialista e Governo à presidente do CFP, Teodora Cardoso. O líder do PSD diz que Marcelo deveria ter protegido a “idoneidade de Teodora Cardoso quando [esta] foi fortemente atacada pelos partidos da maioria”, reforçando que o país precisa de instituições independente ao nível do Estado.

Contudo, na generalidade, Pedro Passos Coelho elogiou o trabalho de Marcelo na sua “cooperação ativa com os órgãos de soberania, em particular o Governo”. “O Presidente da República tem cumprido com o papel de não faltar à cooperação com o Governo”, referiu o ex-primeiro-ministro, argumentando que esse deve ser também o papel de Belém.

Venda do Novo Banco é perversa

Para o líder da oposição a possibilidade de o sistema bancário poder vir a “responder por perdas e má gestão de um concorrente”, o Novo Banco liderado pelo Lone Star, é algo “perverso”. “Uma coisa um bocadinho insólita até“, classificou. Passos Coelho criticou o Governo por não ter vendido a totalidade do banco de transição e ter deixado o Fundo de Resolução com 25% da estrutura acionista e responsabilidades para o futuro, no que toca aos ativos problemáticos e às possíveis necessidades de capital futuras.

Além disso, o ex-primeiro-ministro admitiu que o acordo feito com os bancos para constituir o Fundo de Resolução teria de ser revisto, mas deixou críticas à solução implementada pelo Governo. Em causa está o prolongamento do prazo que os bancos têm para liquidar os empréstimos que o Estado concedeu ao Fundo de Resolução para injetar dinheiro no Novo Banco e no Banif.

Na opinião de Passos Coelho, o Governo “perdoou metade do empréstimo que foi concedido”. “Sabíamos que estes prazos tinham de ser estendidos, mas isso teria de pressupor que o Estado não teria prejuízo para os contribuintes”, disse, argumentando que os bancos vão pagar um juro menor do que o Estado paga para se financiar nos mercados.

Sobre o setor financeiro, o líder do PSD criticou ainda a atuação na Caixa Geral de Depósitos, referindo que a existência de três administrações num ano “provocou uma instabilidade muito razoável no banco”. Passos Coelho voltou a criticar as necessidades de capital “excessivas” na CGD.

E defendeu o seu Governo quanto à atuação que teve no sistema bancário. Para o presidente dos social-democratas os atuais problemas “não são comparáveis com os problemas” que encontro quando chegou ao Governo”. Passos Coelho criticou a mudança na política de imparidade levada a cabo por este Governo, o que implicou maiores necessidades de capital. O líder do PSD diz que isso nunca lhe foi exigido pelo Banco Central Europeu ou Banco de Portugal e referiu até que, se aplicasse esta política na altura do programa de ajustamento, “não teríamos tido dinheiro para resolver os bancos”.

(Última atualização às 22h12)

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Santa Casa e Montepio: ministro não falou “em modalidades, em modelos, em instrumentos”

  • Cristina Oliveira da Silva
  • 6 Abril 2017

"Não me compete a mim estudar" a hipótese "porque essa tutela não é minha", afirmou hoje o ministro do Trabalho, Vieira da Silva.

O ministro do Trabalho afirmou hoje que não lhe cabe a si “estudar” uma eventual entrada da Santa Casa da Misericórdia no Montepio, garantindo que não falou “em modalidades, em modelos, em instrumentos”.

Governo e parceiros sociais reuniram-se esta quinta-feira para discutir as reformas antecipadas mas, no final da reunião, o tema Montepio também foi abordado, depois de Vieira da Silva já ter admitido que veria com bons olhos uma associação da Santa Casa à Caixa Económica. Aliás, o ministro será ouvido de urgência no Parlamento sobre o assunto.

Sobre isto, o ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social disse apenas que iria repetir as suas declarações anteriores: “O Governo olha positivamente o reforço da cooperação entre instituições sociais e uma instituição financeira que é também uma instituição do setor social”. “E nessas instituições inclui-se a Santa Casa“, disse Vieira da Silva no final da reunião de concertação social.

E está a estudar a hipótese? “Não me compete a mim estudar porque essa tutela não é minha”, respondeu.

 

Vieira da Silva adiantou ainda que fala “com regularidade com o senhor Provedor da Santa Casa”, acrescentando: “a nossa conversa é sempre muito franca e muito aberta e aquilo que eu disse publicamente também o disse a ele”.

Porém, o governante nota que nunca falou “em modalidades, em modelos, em instrumentos”. “Quem é que lhe disse que a Santa Casa ia salvar um banco?”, devolveu o ministro quando questionado sobre esta hipótese.

Recorde-se que Pedro Santana Lopes, num artigo de opinião no Jornal de Negócios (acesso pago) sublinhou que a Santa Casa “não tem intenção rigorosamente nenhuma em relação ao Montepio” e que, desde que Vieira da Silva se referiu ao “reforço da cooperação”, não houve uma única conversa, reunião ou sequer leitura de documentos”. Ainda assim garante que se o ministro o vier a fazer tem “a obrigação acrescida de estudar uma possibilidade por ele aventada”.

“Tenho o ministro Vieira da Silva na conta de uma pessoa muito responsável e que, certamente, nunca pediria à Santa Casa para entrar numa aventura”, disse ainda o provedor, repetindo o que já tinha dito na entrevista à TVI.

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Novo Banco: Presidente do BCP considera que venda foi “a solução possível”

  • Lusa
  • 6 Abril 2017

A venda do Novo Banco foi a "solução possível", disse Nuno Amado, admitindo que o negócio com a Lone Star "vai ter muito provavelmente custos-extra para o Fundo de Resolução".

O presidente do BCP considerou esta quinta-feira que a venda do Novo Banco foi a “solução possível”, porque “o que nasce torto dificilmente se endireita”, e disse esperar que o processo tenha os menores custos possíveis para o setor. À margem da inauguração da exposição “A Pressão da Luz – Uma Viagem de Nuno Cera pela Arquitetura de Álvaro Siza Vieira”, na Galeria Millennium, em Lisboa, Nuno Amado foi questionado pelos jornalistas sobre a venda do Novo Banco ao fundo de investimento norte-americano Lone Star, operação sobre a qual tinha dito a 6 de março que o importante era que esta operação não trouxesse mais custos para o Fundo de Resolução.

“Vejo que estava errado. Vai ter muito provavelmente custos-extra para o Fundo de Resolução, e isso não é logicamente uma notícia de que nós gostássemos. Penso que foi a solução possível”, afirmou. O presidente do BCP defendeu que o que “nasce torto dificilmente se endireita e obviamente que o nascimento do Novo Banco foi um nascimento difícil”.

“Imagino que todo este processo é um processo que se irá completar com custos para o setor que eu espero que sejam os menores possível porque acho que é importante para o próprio equilíbrio concorrencial que esses custos sejam o menor possível”, evidenciou. Apesar de não conhecer ainda a solução final, Nuno Amado recordou que “quem vai ficar com os 25% é o Fundo de Resolução”.

“Não lhe sei dar a explicação. Sei que é melhor ficar com 25% do que com zero para as mesmas condições. 25% é melhor que zero e é pior que 50%. É a única coisa que lhe posso dizer”, respondeu, perante as questões dos jornalistas. Interrogado sobre se esta operação ainda pode ter algum obstáculo das instituições europeias, o presidente do BCP foi perentório: “penso que a operação, quando anunciada, tem as condições para ser aprovada, senão não seria anunciada”.

A venda do Novo Banco ao fundo de investimento norte-americano Lone Star foi anunciada em 31 de março pelo governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, em conferência de imprensa, tendo sido explicada horas mais tarde pelo primeiro-ministro, António Costa, e pelo ministro das Finanças, Mário Centeno.

A Lone Star vai realizar injeções de capital no Novo Banco no montante total de 1.000 milhões de euros, dos quais 750 milhões de euros logo no fecho a operação, que deverá estar concluída até ao final do ano, e 250 milhões de euros até 2020, para ficar com 75% do Novo Banco.

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