Debate a 11: Quem vence e quem perde na corrida ao Eliseu?

  • Marta Santos Silva
  • 5 Abril 2017

Macron e Mélenchon parecem ser os vencedores de uma noite confusa, com 11 candidatos em palco, em que todos se atropelaram para se fazerem ouvir. Le Pen encostou-se à parede.

Os principais candidatos são cinco, os que figuram melhor nas sondagens muito divididas para as eleições presidenciais francesas cada vez mais próximas. O favorito é o independente, antigo socialista, Emmanuel Macron, acompanhado pelo candidato da direita, o fragilizado por escândalos François Fillon, o socialista Benoît Hamon criticado por encostar demasiado à esquerda, a dirigente do partido de extrema-direita Frente Nacional, Marine Le Pen, e também o líder do partido de esquerda La France Insoumise, Jean-Luc Mélenchon. Mas como se não bastasse, há mais seis candidatos na corrida ao Eliseu, cuja primeira volta é já dia 23 de abril, e o debate televisivo desta terça-feira à noite juntou-os a todos no mesmo palco para trocarem picardias e fazerem propostas, algumas delas improváveis.

Quem sai mais favorecido deste debate? Os analistas que falaram ao Le Figaro (conteúdo em francês/acesso livre) referem um nome: Jean-Luc Mélenchon. O candidato encostado à esquerda foi o que mais se distinguiu apesar do modelo confuso de debate com inúmeros candidatos. “Nenhum dos grandes candidatos se distinguiu, à exceção, sem dúvida, de Jean-Luc Mélenchon”, disse o historiador da Universidade de Versailles-Saint Quentin Christian Delporte ao jornal. “Mas é preciso dizer que a forma do debate não se prestava muito a isso”.

Uma sondagem realizada pela BFMTV, a televisão onde foi transmitido o debate, dá apoio a esta ideia, mostrando que Mélenchon e o já favorito Macron foram os mais favorecidos pelos telespetadores, com o esquerdista em primeiro. Após quase quatro horas de debate, Mélenchon sai assim o mais convincente, com 25% dos telespetadores sondados a escolhê-lo, contra 21% que escolheram Emmanuel Macron. Fillon vem mais atrás, com 15%, e Le Pen é a última a ficar acima dos 10%. Já nas sondagens mais recentes das intenções de voto, como a realizada diariamente pelo Les Échos (conteúdo em francês/acesso pago), Mélenchon mantém-se em quarto lugar, com 15%, e Le Pen ainda no primeiro lugar.

O debate também serviu para evidenciar o afundamento cada vez maior do socialista Benoît Hamon, que aproveitou para prometer um milhão de empregos ao longo do mandato de cinco anos. “É preciso voltar as costas às políticas que não funcionaram”, disse o candidato que esteve em Lisboa a estudar o acordo parlamentar das esquerdas, mas que já foi ultrapassado nas sondagens pelo seu vizinho político Jean-Luc Mélenchon, encontrando-se agora em quinto. No entanto, Hamon mostrou-se com pouca energia e acabou apagado no meio de um debate animado em que os candidatos tinham de lutar para se fazerem notar. “Aquele para quem a situação era mais importante, Benoît Hamon, não conseguiu posicionar-se entre a figura do responsável e a do contestatário”, disse ao Le Figaro Stéphane Rozès, do Sciences Po.

Então e o candidato da direita, François Fillon, que bateu Nicolas Sarkozy e o inicialmente preferido Alain Juppé para ser a escolha dos Republicanos? Enfraquecido por escândalos ligados à criação de empregos fictícios para a sua mulher e filhos, Fillon evitou arriscar no debate e optou por desfiar o seu projeto político já conhecido, “com a regularidade de um metrónomo”, escreve o Les Échos, e encostou-se à direita, falando de “vencer o totalitarismo islâmico” e “garantir a nação francesa”.

Dez dos candidatos juntaram-se para uma fotografia, mas não foram acompanhados pelo 11º, o trotskista Phillippe Poutou.EPA/LIONEL BONAVENTURE

E os pequenos candidatos? Tentaram manifestar-se principalmente através de ataques aos maiores, com destaque para o trotskista Phillippe Poutou cujas picardias com os favoritos lhe renderam ampla atenção nas redes sociais — assim como a sua decisão de não entrar na “fotografia de família” que mostra os restantes dez candidatos ao Eliseu, a residência oficial do presidente francês.

Le Pen, por sua vez, favorita para a primeira volta das eleições em todas as sondagens mas com derrota quase garantida na segunda volta no princípio de maio, também não se mostrou com particular firmeza neste debate. Marine Le Pen teve “dificuldade em existir”, escreve o Les Échos, foi “a menos convincente”, segundo o diretor do instituto de sondagens Ifop que falou ao Le Figaro, estava “visivelmente insatisfeita por ali estar”, segundo o Le Parisien. Mas quando os candidatos eurocéticos — tanto à direita como à esquerda — enfrentaram os defensores da Europa, aí Le Pen assumiu uma posição dominante. Falta saber como este debate vai influenciar as intenções de voto para a candidata que faria mais mal à economia francesa, de acordo com um estudo da Euler Hermes e da Allianz.

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Portugal melhora 14 lugares em ‘ranking’ internacional sobre fraude nas empresas

  • Lusa
  • 5 Abril 2017

Em Portugal, foi possível averiguar que 12% dos inquiridos estariam dispostos a oferecer pagamentos em dinheiro para ganhar ou manter negócios.

Portugal melhorou em 2017 no ‘ranking’ sobre a fraude nas empresas da consultora EY, passando de 5º lugar (em 2015) para 19º, com 60% dos inquiridos a admitirem suborno ou práticas de corrupção (contra 82% do inquérito anterior).

A lista de 41 países analisados pelo inquérito é liderada pela Ucrânia, Chipre e Grécia, que surgem respetivamente nas primeiras três posições do ‘ranking’, com mais de 80% dos gestores a admitirem suborno ou práticas de corrupção na sua empresa.

Dinamarca, Finlândia e Noruega, por sua vez, são os países onde estas práticas são menos identificadas.

Segundo os resultados do inquérito, em Portugal, foi possível averiguar que 12% dos inquiridos estariam dispostos a oferecer pagamentos em dinheiro para ganhar ou manter negócios.

Além disso, 14% dos inquiridos em Portugal disseram que estariam dispostos a contabilizar receitas antecipadamente e 21% estariam dispostos a falsear o desempenho financeiro, por forma a atingirem os objetivos, uma percentagem mais alta versus, respetivamente, os 10% e 12% dos inquiridos dos mercados desenvolvidos.

Ainda em Portugal, 30% dos inquiridos refere que a atividade regulatória teve um impacto positivo na dissuasão de comportamentos não éticos e 91% concordaram que as ações legais a pessoas singulares ajudariam a dissuadir da fraude, o suborno e a corrupção.

No conjunto dos países, 51% dos inquiridos continuam a entender que o problema está amplamente disseminado pelo seu país, com uma média 27% dos inquiridos a afirmarem que é prática comum recorrer a subornos para ganhar contratos no seu setor e 14% dos inquiridos na Europa Ocidental a referirem esta mesma prática.

De acordo com Pedro Cunha, da EY Portugal, “apesar dos sinais de melhoria registados em algumas economias emergentes”, mais de metade dos inquiridos ainda identifica o suborno e a corrupção como um grande desafio.

Para o responsável, existem “evidências preocupantes de falta de liderança dos executivos seniores para lidar com estas matérias, o que poderá estar a influenciar negativamente a geração mais jovem de trabalhadores”.

"[Existem] evidências preocupantes de falta de liderança dos executivos seniores para lidar com estas matérias, o que poderá estar a influenciar negativamente a geração mais jovem de trabalhadores.”

Pedro Cunha

Partner da EY

Segundo o inquérito, a Geração Y (25 a 34 anos de idade) que constitui 32% do universo dos inquiridos, demonstra uma atitude mais permissiva relativamente ao comportamento não ético, com 73% a afirmarem ser justificado se ajudar um negócio a sobreviver, comparativamente com 49% dos inquiridos entre os 45 a 54 anos de idade (Geração X) que partilham a mesma opinião.

Além disso, 68% dos inquiridos da Geração Y acreditam que a sua gestão poderia envolver-se em comportamentos não éticos para ajudar um negócio a sobreviver e 25% deste grupo etário ofereceriam pagamentos em dinheiro para ganhar ou manter negócios.

A Geração Y também demonstrou uma elevada desconfiança relativamente aos seus colegas de trabalho, onde 49% dos inquiridos acreditam que os colegas estariam preparados a atuar de forma não ética para melhorar a sua progressão na carreira, em comparação com 40% dos inquiridos de todas as faixas etárias.

Em Portugal, 13% dos inquiridos afirmou que estariam preparados a atuar de forma não ética para melhorarem a sua carreira profissional.

“As empresas necessitam de tomar medidas para a criação de uma cultura, onde seja do interesse dos seus funcionários fazer o que está certo. Programas de formação e consciencialização podem desempenhar um papel importante para ajudar os indivíduos a perceberem as consequências da fraude e da corrupção, encorajando-os a apresentarem contribuições caso tenham preocupações sobre condutas não éticas”, refere Pedro Cunha.

"As empresas necessitam de tomar medidas para a criação de uma cultura, onde seja do interesse dos seus funcionários fazer o que está certo. Programas de formação e consciencialização podem desempenhar um papel importante.”

Pedro Cunha

Partner da EY

O inquérito foi realizado entre novembro de 2016 e janeiro de 2017 e incluiu entrevistas a 4.100 funcionários de grandes empresas em 41 países. As entrevistas, anónimas, foram realizadas no idioma local de cada país.

Os mercados considerados emergentes são: Bulgária, Croácia, Eslovénia, República Checa, Egito, Estónia, Hungria, Índia, Jordânia, Quénia, Letónia, Lituânia, Nigéria, Omã, Polónia, Roménia, Rússia, Arábia Saudita, Sérvia, Eslováquia, Eslovénia, África do Sul, Turquia, Emirados Árabes Unidos e Ucrânia.

Os mercados considerados desenvolvidos são: Áustria, Bélgica, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Irlanda, Itália, Holanda, Noruega, Portugal, Espanha, Suécia, Suíça e Reino Unido.

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Retalhistas ditam ganhos em Lisboa

A praça abriu em alta, após duas sessões no vermelho, apoiada na subida dos títulos das retalhistas e da Galp Energia.

A bolsa nacional abriu em alta, pela primeira vez, desde o início de abril. O índice PSI-20 progridem após duas sessões consecutivas de perdas, estando a ser suportado pelo avanço dos títulos das retalhistas, mas também da Galp Energia.

O índice de referência da praça lisboeta arrancou a valorizar 0,11%, para os 4.962,04 pontos, com a Jerónimo Martins a ser o seu principal suporte. As ações da retalhista liderada por Pedro Soares dos Santos, valorizam 1,03%, para os 16,65 euros, sentimento que é acompanhado pela concorrente Sonae. As ações da empresa co-liderada por Paulo Azevedo e Ângelo Paupério, progridem 1,1%, para os 92 cêntimos.

BVLGR 0,00%

O PSI-20 está também a ser apoiado no desempenho positivo dos títulos da Galp Energia. As ações da petrolífera avançam 0,25%, para os 14,31 euros, acompanhando a subida das cotações do petróleo nos mercados internacionais. O BCP também se destaca pela positiva, com as suas ações a somarem 0,17%, para os 18,14 cêntimos, recuperando algum fôlego após o tombo de quase 5% na sessão anterior.

Em contraste, referência para a desvalorização dos títulos do universo EDP, que ajudam a travar o avanço do PSI-20. As ações da EDP recuam 0,72%, para os 3,15 euros, enquanto as da sua participada EDP Renováveis perdem 0,86%, para os 6,93 euros. A queda das ações da empresa liderada por Manso Neto acontece no mesmo dia em que o BPI reviu em baixa a sua avaliação para o título. A respetiva recomendação foi cortada de “comprar” para “neutral”.

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Azul já pode converter 90 milhões em 6% da TAP

  • ECO
  • 5 Abril 2017

A companhia aérea brasileira de David Neeleman pode converter o empréstimo obrigacionista que subscreveu em capital, e passar a ser a maior acionista da TAP em participação económica.

A transportadora brasileira de David Neeleman, a Azul, já pode passar a ser a maior acionista da TAP em termos de participação económica, segundo escreve no prospeto para a sua oferta pública inicial (IPO), de acordo com o Jornal de Negócios (acesso pago). Isto se a companhia decidir converter em 6% do capital da TAP o empréstimo obrigacionista, no valor de 90 milhões de euros, que subscreveu.

David Neeleman detém com Humberto Pedrosa o consórcio Atlantic Gateway, dono de 61% da transportadora portuguesa. A Azul, que Neeleman fundou, está a tentar pela quarta vez estrear-se na bolsa, esperando encaixar cerca de 450 milhões de euros. As tentativas anteriores de IPO da Azul foram adiadas devido à volatilidade do mercado de ações brasileiro.

Agora, no prospeto para a IPO, a Azul vangloria-se de se poder tornar a maior acionista da TAP em participação económica. Isto porque quando a Atlantic Gateway comprou 61% da TAP subscreveu um empréstimo obrigacionista de 120 milhões de euros que poderia ser convertido em 8% do capital social, com 55% dos direitos económicos da TAP.

No entanto, o Governo de António Costa reconfigurou o negócio, passando o Estado a subscrever 30 milhões de euros dessas obrigações. A Azul ficou, então, com possibilidade de conversão a 6% de capital social e 41,25% dos direitos económicos. Uma opção que já pode ser exercida.

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Zero duvida de cumprimento de metas de reciclagem sem alteração de medidas

  • Lusa
  • 5 Abril 2017

Só apostando na recolha porta-a-porta e numa taxa que desincentive incineração e aterro é que o Governo conseguirá cumprir as metas de reciclagem, alerta a associação ambientalista Zero.

A associação ambientalista Zero considera “altamente questionável” o cumprimento das metas de reciclagem se o Governo não seguir uma “alteração radical” de políticas e medidas, apostando na recolha porta-a-porta e numa taxa que desincentive incineração e aterro.

“Ainda há muito caminho a fazer para atingirmos a meta de 50% de reciclagem, em 2020, e, à partida, o cenário [de cumprimento] é altamente questionável”, disse hoje à agência Lusa Rui Berkemeier, da Associação Sistema Terrestre Sustentável, Zero.

A atual reciclagem, com base em dados de 2015, “não permite indicar que se vá cumprir a meta, só se houver uma alteração radical de políticas e de medidas”, defendeu o ambientalista.

A Zero analisou informação disponibilizada pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) apontando que os materiais reciclados, no lixo urbano, correspondem a cerca de 74%, abrangendo orgânicos e materiais como vidro, papel e cartão, metais e plásticos.

E concluiu que “são inequívocas as evidências de que a meta de 36% prevista para 2016 e de 50% para 2020 já estão praticamente fora do alcance”, com a taxa de preparação para a reciclagem em 2015 a não ultrapassar 28%.

"São inequívocas as evidências de que a meta de 36% prevista para 2016 e de 50% para 2020 já estão praticamente fora do alcance.”

Rui Berkemeier

Associação Sistema Terrestre Sustentável, Zero

Rui Berkemeier listou os fatores que tornam complicado atingir as metas de reciclagem, como a opção pela recolha seletiva pois “está evidenciado” que, através de ecopontos, “não se resolve o problema”.

“Estagnamos na recolha seletiva e já devíamos ter mudado há muito tempo para a recolha seletiva porta-a-porta, claramente [a opção] que apresenta resultados melhores”, especificou o ambientalista.

"Estagnamos na recolha seletiva e já devíamos ter mudado há muito tempo para a recolha seletiva porta-a-porta, claramente [a opção] que apresenta resultados melhores.”

Rui Berkemeier

Associação Sistema Terrestre Sustentável, Zero

Portugal, defendeu, já devia ter avançado com a recolha seletiva de resíduos orgânicos, além de ter um sistema de tarifa de resíduos que não incentiva a separação.

“Como não temos um sistema porta-a-porta, não podemos ter o sistema ‘pay-as-you-throw’ [pagar conforme a quantidade de lixo gerada], sem o qual os cidadãos que separam são penalizados face a quem não separa”, explicou Rui Berkemeier.

Quanto à Taxa de Gestão de Resíduos (TGR), “tal como existe hoje, não é um incentivo para a separação dos resíduos e para a reciclagem, não tem a ver com os cidadãos, tem a ver com os sistemas de tratamento de resíduos que, se apostarem na reciclagem pouco ganham”, defendeu.

Um sistema que aposte em queimar resíduos, exemplificou, como a Lipor e a Valorsul, “não é penalizado por não reciclar através da TGR” porque a taxa para quem incinera “é muito baixa”.

“Como enviar para aterro é muito barato, compensa”, disse ainda o especialista da Zero, realçando que “há que revolucionar as tarifas da TGR para premiar quem recicla e penalizar quem não recicla” e lembrando que “Portugal tem metas para cumprir na reciclagem e não na incineração”.

"Como enviar para aterro é muito barato, compensa. Há que revolucionar as tarifas da TGR para premiar quem recicla e penalizar quem não recicla.”

Rui Berkemeier

Associação Sistema Terrestre Sustentável, Zero

O ambientalista apontou que o Plano Estratégico dos Resíduos Urbanos (PERSU) prevê que “as grandes metrópoles, nomeadamente Lisboa e Porto, onde existe incineração de resíduos, tenham metas de reciclagem mais baixas, o que é um absurdo”, pois ali “é mais fácil fazer recolha seletiva”.

“Não se justifica que tenham de ser zonas como Alentejo, Beira Interior ou Trás-os-Montes a contribuir para as percentagens maiores de reciclagem”, concluiu.

A Zero elaborou um barómetro da reciclagem e entre os sistemas de gestão de resíduos urbanos com mau desempenho aponta os exemplos da Ambisousa (apenas 8% de encaminhamento para reciclagem), Valorminho (11%), refere a surpresa dos valores encontrados para a Valorsul (19%), Amarsul (20%) ou Resinorte (23%) e destaca pela positiva a Valnor (78% de encaminhamento para reciclagem) ou a Resíduos do Nordeste (68%).

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Ministro do Ambiente: Preço da água vai ter de subir

  • ECO
  • 5 Abril 2017

O ministro do Ambiente diz que a necessidade de fusão de sistemas de abastecimento torna "muito provável" que o preço da água tenha de aumentar nos municípios mais pequenos.

O preço da água poderá vir a sofrer um agravamento que deverá afetar os municípios mais pequenos. Quem o diz é Matos Fernandes, ministro do Ambiente, que numa iniciativa do Jornal de Negócios (acesso pago) classificou como “muito provável” um aumento do preço da água nessas regiões devido a questões de eficiência económico-financeira e à consequente necessidade de agregação dos sistemas de distribuição.

“Temos 160 municípios com menos de 20 mil habitantes. É virtualmente impossível gerir, do ponto de vista de eficiência económico-financeiro, com consequências ambientais, sistemas com essa dimensão”, explicou Matos Fernandes. Desta forma, o governante explica que lançou “um aviso muito expressivo para fomentar a agregação dos sistemas em baixa (distribuição ao consumidor). De acordo com o governante, esta agregação de sistemas “vai levar a que, muito provavelmente, em alguns municípios de menor dimensão o preço da água tenha de aumentar, com uma certeza, aumentará menos do que se eles estiverem isolados“.

O ministro que tutela a pasta do Ambiente referiu ainda a necessidade de alterar alguns procedimentos, salientando nesse âmbito a cobrança da água a instituições que a recebem atualmente de forma gratuita. “Há inúmeros municípios neste país que não cobram água a hospitais, às câmaras, aos lares. Com investimento certamente, mas sobretudo com gestão, é possível fazer muito melhor para o equilíbrio económico-financeiro destes sistemas, particularmente se eles se agregarem”, salientou Matos Fernandes.

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Documentos pessoais vão ser todos tratados no mesmo local

  • ECO
  • 5 Abril 2017

A mesma assinatura e fotografia para o passaporte, a carta de condução e o cartão de cidadão, menos deslocações e mais eficiência: são as chaves do projeto piloto que arranca já este mês.

Os documentos pessoais vão passar a ser tratados todos no mesmo local e com partilha de informação entre serviços, segundo disse ao Diário de Notícias a secretária de Estado da Justiça Anabela Pedroso. Já no mês de abril o projeto vai começar em Lisboa e Lamego, com a assinatura de um protocolo cujo objetivo é “racionalizar os recursos da administração pública”, segundo a responsável.

A carta de condução, o cartão de cidadão e o passaporte poderão assim partilhar a mesma fotografia e assinatura, com os dados a serem fornecidos apenas uma vez e sem que o cidadão precise de se deslocar a vários sítios — tudo será tratado na conservatória. Começando pelo Campus da Justiça de Lisboa e pela conservatória de Lamego, “se correr tudo bem, faz-se depois a expansão para todo o país”, afirmou Anabela Pedroso.

A medida enquadra-se no plano de ação Justiça Mais Próxima, que com 150 medidas, 24 das quais já em efeito, deverá resultar numa poupança de 1,6 milhões de euros em 2017. “A poupança de 1,6 milhões tem que ver com a melhor gestão do tempo nas secretarias e no trabalho dos oficiais de justiça. O programa-piloto Tribunal Mais que começou na comarca de Lisboa já permitiu poupar cerca de 50 horas por pessoa”, disse ao DN a secretária de Estado.

Outra iniciativa do plano de ação Justiça Mais Próxima é o Espaço Óbito, com o primeiro espaço a abrir em Lisboa em 2017, antes de se expandir para todo o país. O balcão único deverá abrir em mais dois ou três locais ainda este ano. “É a mudança de paradigma no Ministério da Justiça que será discutida hoje”, na conferência Justiça Mais Próxima: Modelos abertos de trabalho e de governação partilhada, explicou Anabela Pedroso. “Um modelo aberto de trabalho com o Tribunal Mais, e a responsabilidade partilhada com o Espaço Óbito”.

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Metro quadrado: Lojas com vista-rio

  • ECO + JLL
  • 5 Abril 2017

Bacalhoeiros 99 fica em pleno Campo das Cebolas, na interceção entre a Rua dos Bacalhoeiros e a Rua dos Arameiros.

Esta semana, o Metro Quadrado dá-lhe a conhecer um edifício localizado no Campo das Cebolas, na interceção da Rua dos Bacalhoeiros com a Rua dos Arameiros.

A escassos metros da Casa dos Bicos, o edifício é composto por 28 apartamentos e tem disponíveis quatro lojas no piso 0, com frente para a Rua dos Bacalhoeiros e Rua do Arameiros.

Os espaços comerciais apresentam áreas entre 79 m² e 174 m², pés direitos de três metros e usufruem de uma extensa zona pedonal resultante da requalificação desta zona.

O edifício insere-se num projeto de requalificação que transformará esta emblemática praça numa zona ajardinada com frente de rio, que receberá, em breve, o novo terminal de cruzeiros. Além disso, o Campo das Cebolas faz a ligação entre a Baixa lisboeta e Alfama, dois bairros históricos da capital e por onde passam diariamente milhares de turistas.

Características:

  • Lojas com áreas entre 79 m² e 174 m²
  • Pés direitos: três metros
  • Entrada imediata

Ficou interessado? Saiba mais sobre o edifício.

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5 coisas que precisa de saber antes de abrirem os mercados

Tem ações da Cimpor? Esta quarta-feira é um dia decisivo para a cimenteira portuguesa que reúne os seus acionistas para uma assembleia geral onde será pedida autorização para aumentar o capital.

Em Portugal, esta quarta-feira discute-se no Parlamento a venda do Novo Banco numa altura em que os partidos pedem mais pormenores sobre o acordo realizado entre o Estado, o Fundo de Resolução, o Lone Star e as entidades europeias. Além disso, a Cimpor vai reunir os seus acionistas para discutir os prejuízos de 2016 e um aumento de capital. Nos Estados Unidos, os investidores estão a aguardar os sinais das minutas da última reunião da Fed e também os resultados do primeiro trimestre da Monsanto, gigante da agricultura que está prestes a ser adquirida por uma outra gigante alemã do setor, a Bayer.

Minutas da reunião em que a Fed aumentou taxa de juro

A 15 de março, o conselho de governadores da Reserva Federal, liderado por Janet Yellen, decidiu aumentar novamente a taxa de juro norte-americana para um intervalo entre 0,75% e 1%. A reunião serviu também para Yellen indicar que, ainda este ano, deverão acontecer mais dois aumentos dos juros de referência, à medida que a taxa de inflação se encaminha a passos largos para o objetivo da Fed. Esta quarta-feira vão ser divulgadas as minutas da reunião, o que dará mais informação aos investidores sobre como é que os governadores estão a ver a economia norte-americana neste momento. O governador da Reserva Federal de Dallas, Robert Kaplan, vai participar numa sessão de questão na Universidade do Kansas.

Cimpor: maus resultados analisados pelos acionistas

Esta quarta-feira ocorre a assembleia geral de acionistas da Cimpor. A cimenteira portuguesa apresentou a meio do mês passado prejuízos de 788 milhões de euros perante o forte impacto das imparidades no Brasil. Estes resultados tiveram impacto na cotada: as ações rapidamente desvalorizaram na bolsa lisboeta. Os títulos da empresa liderada por Ricardo Lima registaram, no dia seguinte à divulgação dos resultados de 2016, a maior queda desde novembro de 2016. Ao mesmo tempo que divulgou os resultados, a Cimpor anunciou que quer prolongar o prazo para aumentar o capital na ordem dos 2.000 milhões de euros. Na ordem de trabalhos da assembleia geral está a aprovação das contas e a autorização para o aumento de capital social.

A gigante da agricultura divulga resultados

Esta semana começa mais uma temporada de resultados das cotadas de Wall Street. Esta quarta-feira é a vez da gigante norte-americana da agricultura revelar as suas contas do primeiro trimestre do ano. E 2017 não vai ser um ano qualquer: a outra gigante do setor, mas de origem alemã, a Bayer, está neste momento a percorrer os vários passos para comprar a Monsanto. A aquisição está dependente da autorização de vários reguladores, mas prevê-se que se concretize até ao final deste ano. A Bayer será assim a maior produtora mundial de pesticidas e produtos químicos para a agricultura e sementes geneticamente modificadas. A fusão das duas empresas envolve um montante de 59 mil milhões de euros, o maior negócio do ano passado.

Como está a comportar-se o setor dos serviços?

Vai ser divulgado esta quarta-feira o inquérito da empresa de serviços de informação financeira IHS Markit, o PMI (Purchasing Managers’ Index), relativo ao comportamento do setor dos serviços em março. Este indicador permite que perceber de que forma é que este setor, com peso em Portugal, está a comportar-se na Zona Euro. Num inquérito semelhante divulgado recentemente, o índice de compras de gestores atingiu um máximo de seis anos em março (56,7), sinalizando uma maior criação de emprego e uma pressão sobre a inflação cada vez mais forte. Também será divulgado a evolução deste indicador nos Estados Unidos.

Debate sobre o Novo Banco no Parlamento

Um dos fatores que tem prejudicado a reputação de Portugal junto dos investidores internacionais tem sido o processo do Novo Banco. Desde a decisão do Banco de Portugal, no final de 2015, de transferir 2,2 mil milhões em obrigações para a massa falida do BES (o chamado “banco mau”) até à primeira venda falhada, este tem sido um fator de instabilidade para os mercados. Esta quarta-feira, a Assembleia da República vai discutir o processo de venda do Novo Banco, depois de o Governo ter revelado na passada sexta-feira que chegou a acordo com o fundo de investimento norte-americano Lone Star. O debate de urgência foi marcado pelo BE. O PCP anunciou esta segunda-feira que vai levar a votos um projeto de resolução onde recomenda que a venda seja suspensa.

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Há 263 empresas estrangeiras a beneficiar do Portugal 2020

Empresas de capital estrangeiro respondem por 13,49% do investimento feito com apoios comunitários. Em causa estão 411 projetos levados a cabo por 263 empresas. A Embraer é só um exemplo.

Seis em dez. Este é o rácio das empresas estrangeiras nos dez maiores investimentos em Portugal financiados com apoios comunitários. Ou seja, seis são protagonizados por empresas estrangeiras e quatro por empresas nacionais.

E no conjunto de todos os projetos apoiados pelos Sistemas de Incentivos? São 263 as empresas estrangeiras que beneficiam de fundos comunitários em Portugal. Mas as empresas nacionais são muitas mais — 5.716 — o que coloca o rácio em 1 para 21, revelam os dados que o Programa Operacional das Empresas enviou ao ECO.

Outra forma de ler estes dados é concluir que 4,3% das empresas que já receberam apoios comunitários (até 28 de fevereiro) são estrangeiras. Apoios que são concedidos não só pelo programa operacional das empresas, o Compete, mas também pelos programas operacionais regionais.

A percentagem assume contudo uma maior expressão ao nível do investimento. As empresas estrangeiras foram responsáveis por 13,49% do investimento feito em Portugal com apoios de Bruxelas. Isto é, as empresas nacionais já investiram 5,39 mil milhões de euros, as estrangeiras 841,22 milhões. De sublinhar que os dois maiores investimentos são nacionais. A brasileira Embraer surge em terceiro lugar.

263 empresas estrangeiras são responsáveis por 13% do investimento

Fonte: SGO2020 (28 fevereiro 2017)

Em termos de incentivos, da fatia global de 2,94 mil milhões de euros já aprovados, 11,8% foi atribuído a empresas estrangeiras. De sublinhar que a nomenclatura aqui seguida é a da OCDE que considera investimento estrangeiro aquele que é feito por empresas detidas em 10% ou mais por capital estrangeiro.

Ainda assim, é possível concluir que os projetos nacionais gozam de níveis de incentivos maiores. Os 411 projetos promovidos por empresas com capital estrangeiro tiveram um apoio de 41%, enquanto os 8.875 projetos nacionais tiveram um apoio de 48%. Uma ajuda mais significativa porque são empresas de menor dimensão e como tal podem beneficiar de apoios mais avultados.

A opção das empresas estrangeiras investirem em países beneficiários de fundos estruturais não é inocente e os próprios beneficiários usam esta arma como estratégia de atração de investimento e de diferenciação positiva.

Investimento do Top10 é sobretudo estrangeiro

As grandes multinacionais têm sabido aproveitar os fundos do Portugal 2020. Embraer, Continental, Eurocast, Fuarécia, Amy’s Kitchen e Sakhi Portugal são as empresas estrangeiras que que dominam o Top10 dos maiores investimentos feitos com apoios comunitários.

Navigator, Celtejo, Celbi e Bial são portuguesas. As restantes são estrangeiras. Fonte: Compete.

A Embraer quer desenvolver um projeto para implementar soluções industriais avançadas para a produção de componentes de grande dimensão e de estruturas metálicas complexas para novos aviões de transporte comercial. Em causa está um investimento de 63,62 milhões de euros que vai receber um incentivo de 23,53 milhões de euros. Este projeto já arrancou em junho de 2015 e deverá estar concluído em dezembro de 2018.

Mas este não é o único investimento da empresa sediada em Évora, com apoios comunitários. Além da unidade de estruturas metálicas, a Embraer tem outra de compósitos, especializada na produção de estruturas complexas e traduz-se num investimento total elegível de 93,7 milhões de euros e um apoio público de cerca de 35 milhões. Uma vez concluídos, os dois investimentos terão um impacto na criação direta de emprego de um total de 262 postos de trabalho qualificados, com o complexo da Embraer em Évora a ultrapassar os 450 empregos diretos. O objetivo é também o reforço da diversificação de mercados na indústria aeronáutica, incluindo para clientes fora do Grupo Embraer.

Já a Continental também continua a dar cartas na sua fábrica em Famalicão. A empresa alemã é uma das dez maiores exportadoras portuguesas e, segundo os resultados divulgados esta segunda-feira, fechou o ano de 2016 com um volume de negócios de 830,9 milhões de euros, mais cerca de dez milhões do que no ano anterior.

Depois vêm as francesas Eurocast e Faurécia. A Eurocast, com um investimento de 49,71 milhões de euros, recebeu incentivos financeiros do Executivo. A empresa propõe-se criar uma nova unidade de fundição de peças de alumínio em Estarreja e criar 170 postos de trabalho. Um número que se junta aos 70 colaboradores de Arcos de Valdevez, numa unidade que custou 15 milhões de euros. A Faurécia recebe um apoio de 14,43 milhões de euros para incorporar novas tecnologias de produção mais flexíveis e eficientes e que contribuam para veículos mais amigos do ambiente.

A empresa norte-americana a Amy’s Kitchen está a instalar uma fábrica em Santa Maria da Feira, que deverá entrar em funcionamento em 2018, a partir da qual sairão, para toda a Europa, produtos alimentares saudáveis. Para isso recebe um apoio de 11,66 milhões de euros e a indiana Sakthi, propõe-se investir 36,71 milhões de euros numa nova fábrica em Águeda e criar cerca de mil empregos, nos próximos seis anos. O apoio dos Sistemas de Incentivos é de 10,56 milhões de euros.

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4% chega para convencer um benfiquista? Venda já arrancou

O Benfica volta a entrar no campo financeiro. Tem uma nova emissão de dívida destinada a pequenos investidores em que oferece uma taxa de juro de 4%. Quer investir? Conheça antes todos os detalhes.

O Benfica está de regresso ao mercado de dívida. Depois de uma falsa partida, com o Montepio a anunciar a operação ainda antes de esta ter tido o ok do regulador, a SAD encarnada finalmente avançou com a oferta de obrigações destinadas aos investidores de retalho. Pretende obter 50 milhões de euros numa emissão em que oferece aos pequenos aforradores a taxa de juro mais baixa de sempre: 4%, durante três anos. Quer investir? Conheça primeiro os detalhes da operação.

Quem pode investir nestas obrigações?

A oferta de obrigações “destina-se a investidores indeterminados, ou seja, ao público em geral, desde que os potenciais investidores sejam pessoas singulares ou coletivas residentes ou com estabelecimento em Portugal”. Mas “o mercado alvo da Benfica SAD inclui, para além dos respetivos acionistas, os sócios e simpatizantes do SL Benfica”, acrescenta.

Quando se pode subscrever?

A oferta de obrigações da Benfica SAD dura 15 dias. “O período de subscrição decorre entre as 8h30 do dia 5 de abril de 2017 e as 15h00 do dia 20 de abril de 2017”, refere a Benfica SAD no prospeto da operação. “As ordens de subscrição podem ser alteradas ou revogadas até às 15h00 do dia 17 de abril de 2017 (inclusive), hora e data a partir das quais serão irrevogáveis e não poderão ser alteradas”, salienta a Benfica SAD.

Qual o montante da emissão?

Serão emitidas 10 milhões de obrigações da Benfica SAD. Os encarnados referem no prospeto que o valor a emitir será “até um montante inicial máximo de até 50 milhões de euros, com um valor nominal de cinco euros cada”. “O montante da emissão poderá ser aumentado por opção da Benfica SAD até ao dia 11 de abril de 2017 (inclusive)”, acrescenta.

Há mínimo de investimento?

“As ordens de subscrição devem ser apresentadas em montante, para um mínimo de investimento de 100 euros, correspondente a 20 obrigações e, a partir desse montante mínimo, devem ser expressas em múltiplos de cinco euros (referentes a uma obrigação)”, salienta a Benfica SAD.

E se a procura superar a oferta?

“Se a procura de obrigações for superior ao montante máximo das obrigações disponíveis, proceder-se-á a rateio das mesmas, de acordo com a aplicação sucessiva, enquanto existirem obrigações por atribuir”, esclarece o Benfica. Os critérios são os seguintes:

– Atribuição de 1.000 euros em obrigações a cada ordem de subscrição (ou do número de obrigações solicitadas, no caso de este ser inferior a 1.000 euros). No caso de o montante disponível ser insuficiente para garantir esta atribuição, serão satisfeitas as ordens de subscrição que primeiro tiverem dado entrada no sistema de centralização de ordens da Euronext estando, para este efeito, em igualdade de circunstâncias todas as ordens de subscrição que entrarem num mesmo dia útil. Relativamente às ordens de subscrição que entrarem em sistema no dia útil em que for atingido e ultrapassado o montante máximo da emissão, serão sorteadas as ordens de subscrição a serem satisfeitas;

– Atribuição do montante restante solicitado das obrigações em cada ordem de subscrição de acordo com a respetiva data em que deram entrada no sistema de centralização de ordens da Euronext, sendo dada preferência às que primeiro tenham entrado (estando, para este efeito, em igualdade de circunstâncias todas as ordens que entrarem num mesmo dia útil). Relativamente às ordens de subscrição que entrarem em sistema no dia útil em que for atingido e ultrapassado o montante máximo da emissão, será atribuído um montante de obrigações adicional proporcional ao montante solicitado na respetiva ordem de subscrição, e não satisfeito pela aplicação do critério anterior, em lotes de cinco euros da emissão, com arredondamento por defeito;

– Atribuição sucessiva de mais cinco euros da emissão às ordens de subscrição que, após a aplicação dos critérios anteriores, mais próximo ficarem da atribuição de um lote adicional de cinco euros da emissão. No caso de o montante disponível de obrigações ser insuficiente para garantir esta atribuição, serão sorteadas as ordens de subscrição a serem satisfeitas.

Para que vai servir este dinheiro?

“O produto líquido da oferta destina-se ao financiamento da atividade corrente da Benfica SAD, permitindo-lhe consolidar o respetivo passivo num prazo mais alargado, nomeadamente através do refinanciamento de operações bancárias contratualizadas com o Novo Banco”, refere a SAD.

Qual o prazo do investimento?

“O empréstimo tem uma duração de três anos, sendo o reembolso efetuado ao valor nominal, de uma só vez, em 24 de abril de 2020, salvo se ocorrer o vencimento antecipado”, refere a SAD. No entanto, tendo em conta que estas obrigações serão admitidas à negociação na bolsa de Lisboa, os investidores poderão, se necessitarem, vender os títulos no mercado, mas aos preços que estes estiverem no mercado nessa altura. Podem perder ou ganhar dinheiro com os títulos.

Quanto paga de juros?

A taxa de juro dos cupões é fixa e igual a 4,00% ao ano (taxa anual nominal bruta, sujeita ao regime fiscal em vigor), um nível inferior ao oferecido na emissão de dívida realizada no ano passado em que a SAD oferecia uma taxa de 4,25%. “Estes juros vão ser pagos semestral e postecipadamente, com pagamento a 26 de abril e 26 de outubro de cada ano de vida das obrigações, exceto o último pagamento de juros, que terá lugar a 24 de abril de 2020”, diz a SAD.

Há comissões?

Há. E são, regra geral, elevadas, encolhendo de forma expressiva a rentabilidade do investimento. Assumindo a manutenção dos títulos até à maturidade, é cobrada a comissão de subscrição, de custódia, pagamento de juros e resgate. “O investidor deve tomar em consideração essa informação antes de investir, nomeadamente calculando os impactos negativos que as comissões devidas ao custodiante podem ter na rendibilidade do investimento (para pequenos montantes investidos esse investimento pode nem sequer ser rentável)”, alerta a SAD do Benfica.

E há risco?

As obrigações não são como os depósitos. Não estão protegidas por qualquer fundo de garantia. Estão dependentes da capacidade, ou não, de o emitente cumprir com o seu pagamento, sendo que o Benfica não tem qualquer rating. É neste sentido que a SAD do Benfica refere que estas obrigações “podem não ser um investimento adequado para todos os investidores”. “Para cada potencial investidor nas obrigações deve o banco avaliar a adequação do investimento, tendo em atenção as características e as circunstâncias do cliente, exceto se comprovadamente estiverem preenchidas as condições cumulativas para se tratar de uma mera execução e/ou de receção e transmissão de ordens”, nota a SAD.

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Montepio já tem luz verde para passar a sociedade anónima

A assembleia geral extraordinária desta quarta-feira deu luz verde à passagem do Montepio a sociedade anónima, tal como tinha exigido o Banco de Portugal. Santa Casa equaciona entrada como acionista.

O Banco de Portugal exigiu e o Montepio cumpriu: a assembleia geral, reunida esta terça-feira em sessão extraordinária, aprovou a passagem da Caixa Económica Montepio Geral (CEMG) a sociedade anónima, segundo o comunicado enviado pelo banco à CMVM.

Concretiza-se assim a deliberação do Banco de Portugal, que determinou a 21 de novembro de 2016, a transformação da CEMG em sociedade anónima. Isto permitirá a entrada no capital do banco de novos acionistas, limitada a acionistas de caráter social, tal como é o caso da Santa Casa que já demonstrou o seu interesse.

A primeira aprovação da assembleia geral do Montepio refere-se ao “Relatório Informativo e Projeto de Estatutos da CEMG, nos exatos termos que mereceram a concordância do Banco de Portugal, com a consequente aprovação da transformação da CEMG em sociedade anónima”, lê-se no comunicado.

A assembleia geral aprovou ainda que o conselho de administração executivo do banco, liderado por Félix Morgado, realize todos os atos necessários à efetivação da referida transformação, “sem prejuízo das competências conferidas ao Montepio Geral – Associação Mutualista”.

A terceira aprovação refere-se exatamente ao papel da Associação Mutualista, presidida por Tomás Correia, nesta passagem. O banco aprova que “seja solicitado ao Montepio Geral – Associação Mutualista, através do seu Conselho de Administração, a colaboração necessária à conclusão expedita da ratificação da deliberação de transformação da CEMG em sociedade anónima”.

Segundo a assembleia geral, o Banco de Portugal “emitira parecer favorável sobre a conformidade do Relatório Informativo e Projeto de Estatutos da CEMG tendentes à transformação desta caixa económica bancária em sociedade anónima, tudo conforme proposto pelo respetivo Conselho de Administração Executivo”.

O comunicado refere ainda que “a eficácia das deliberações tomadas, quanto à transformação, só se verificarão após registo da mesma” e que “o capital será na sua totalidade representado por ações ordinárias”.

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