Exclusivo Parecer dos trabalhadores dos CTT chumba fecho das 22 lojas

Trabalhadores entregaram esta quinta-feira o seu parecer sobre o encerramento das 22 lojas dos CTT. Argumentam que dão lucro de 2,4 milhões e alertam para a falta qualidade nos postos vizinhos.

A Comissão de Trabalhadores dos CTT está contra o encerramento das 22 lojas e já entregou o parecer pedido pela administração da empresa, apurou o ECO. Argumenta que não há racional económico no fecho destas estações porque geram lucro para os CTT e considera que as alternativas mais próximas a estas lojas apresentam vários problemas estruturais.

Ao ECO, José Rosário, coordenador da Comissão dos Trabalhadores dos CTT CTT 0,34% , critica o facto de estes encerramentos virem “em bolo” e foi essa a mensagem principal transmitida no parecer que entregou esta quinta-feira à administração liderada por Francisco Lacerda. “Uma coisa era a administração ter solicitado o nosso parecer em relação a uma estação pontualmente, alegando este ou aquele motivo. Quando estamos a falar de um bloco de lojas, a nossa opção foi por dar um parecer geral negativo e crítico. E deixámos evidente a nossa preocupação em relação a novos fechos mais à frente”, declarou José Rosário, que esta sexta-feira vai ao Parlamento explicar aos deputados a visão dos trabalhadores em relação ao plano de reestruturação da empresa de correios.

São sobretudo dois os argumentos que levam a Comissão dos Trabalhadores a chumbar os planos dos CTT para fecharem 22 lojas, a maioria das quais concentradas no Porto e em Lisboa. Em primeiro lugar, o argumento económico. “Se fossem estações não rentáveis, que dessem prejuízos, eventualmente a empresa teria aqui um argumento económico legítimo no sentido de as encerrar. Mas no global elas dão lucro anual de 2,4 milhões de euros”, sublinha Rosário.

Depois, a alternativa que os clientes vão ver disponibilizada pelos CTT assim que estas lojas encerrarem. “A maioria até tem alguma proximidade. Há aqui uma situação ou outra que ultrapassa os 7.000 metros. Mas muitas destas alternativas são postos de correio e os postos de correio têm um conjunto de problemas que há anos que identificámos e temos vindo a alertar para a sua resolução. Ou seja, mesmo que houvesse argumento para o encerramento das estações, a solução alternativa em postos de correio tem problemas graves em relação à confidencialidade, ao serviço postal, e em relação à prestação da totalidade de serviços que a empresa consegue prestar”, explica o responsável.

Uma coisa era a administração ter solicitado o nosso parecer em relação a uma estação pontualmente, alegando este ou aquele motivo. Quando estamos a falar de um bloco de lojas, a nossa opção foi por dar um parecer geral negativo e crítico. E deixámos evidente a nossa preocupação em relação a novos fechos mais à frente.

José Rosário

Coordenador da Comissão de Trabalhadores dos CTT

Em causa estão as estações de Junqueira, Avenida (Loulé), Universidade (Aveiro), Termas de S. Vicente (Penafiel), Socorro (Lisboa), Riba d’Ave (Famalicão), Paços de Brandão (Santa Maria da Feira), Lavradio (Barreiro), Galiza (Porto), Freamunde, Filipa de Lencastre (Belas), Olaias (Lisboa), Camarate (Loures), Calheta (Ponta Delgada), Barrosinhas (Águeda), Asprelas (Porto), Areosa (Porto), Araucária (Vila Real), Alpiarça (Santarém), Alferrarede (Abrantes), Aldeia de Paio Pires (Seixal) e Arco da Calheta (Madeira).

Estes encerramentos fazem parte um um plano de reestruturação mais amplo anunciado pela gestão dos CTT há cerca de um mês e que vai implicar a saída de 1.000 trabalhadores até 2020, cortes nos salários e prémios dos administradores e ainda nos dividendos a distribuir pelos acionistas.

O objetivo do chamado Plano de Transformação Operacional passa por alcançar poupanças anuais na ordem dos 45 milhões de euros através da reorganização do modelo de negócio e da estrutura do grupo para fazer face ao declínio de receitas com a distribuição de correio postal, declínio este que tem vindo a acelerar particularmente este ano.

Nos primeiros nove meses do ano, o lucro dos CTT afundou 57%, o que obrigou a baixar os dividendos a distribuir pelos acionistas dos 48 cêntimos para os 38 cêntimos por ação. Os resultados anuais serão apresentados a 7 de março, revelou a empresa esta quinta-feira em comunicado enviado ao mercado.

Para esta sexta-feira de manhã estão agendadas audições dos sindicatos dos correios e ainda da Comissão de Trabalhadores na Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas. À tarde, é a vez de o Movimento de Utentes de Serviços Públicos e da Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) serem ouvidos pelos deputados.

Se fossem estações não rentáveis, que dessem prejuízos, eventualmente a empresa teria aqui um argumento económico legítimo no sentido de as encerrar. Mas no global elas dão lucro anual de 2,4 milhões de euros.

José Rosário

Coordenador da Comissão de Trabalhadores dos CTT

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