Portugal escapou em janeiro à redução dos estímulos do BCE
Tal como estava definido, o BCE cortou para metade as compras de dívida na Zona Euro em janeiro. Mas Portugal escapou quase ileso ao início do tapering do banco central em 2018.
O Banco Central Europeu (BCE) cortou as compras de dívida pública na Zona Euro para metade em janeiro, tal como estava decidido, mas Portugal escapou quase ileso à redução dos estímulos: as aquisições portuguesas da parte do banco central caíram apenas 10% no mês passado, conferindo o tal grau de proteção que os investidores e analistas já antecipavam para o país com o início do tapering na região.
Mario Draghi tinha anunciado que as compras do BCE iam baixar dos 60 mil milhões de euros mensais para os 30 mil milhões mensais já a partir do início de 2018. E assim o fez: as compras de obrigações dos governos da região baixaram 54% em janeiro face ao mês anterior, para um total de 20,9 mil milhões de euros, de acordo com os dados disponibilizados esta segunda-feira pelo banco central.
Ainda assim, este corte teve pouco impacto em Portugal. O BCE adquiriu um total de 461 milhões de euros em títulos portugueses, o que representa uma redução de apenas 10,65% face ao montante que a instituição tinha adquirido em dezembro. Feitas as contas, o BCE detinha no final de janeiro 31.524 milhões de euros em obrigações nacionais.
Compras do BCE em Portugal abaixo dos 500 milhões
Fonte: BCE
Muitos analistas já tinham sublinhado que Portugal estava relativamente protegido quando o BCE desse início à redução gradual dos estímulos. Isto porque ao longo de 2017 o banco central já tinha vindo a comprar poucas obrigações portuguesas face àquilo que estava estabelecido. De acordo com a chave de capital de Portugal na instituição, o BCE poderia adquirir cerca de 1.300 milhões de euros por mês em títulos nacionais ao longo do ano passado, mas a média mensal ficou muito aquém do previsto: apenas 537 milhões de euros por mês.
No mercado secundário, a yield associada às obrigações portuguesas a dez anos avançam 2,5 pontos para superarem de novo a fasquia dos 2%, numa sessão em que também os juros das obrigações alemãs estão a subir.
Se o impacto em Portugal foi relativamente diminuto, a maioria dos países da Zona Euro começaram já a sentir os efeitos de um BCE menos expansionista. Por exemplo, na periferia da região, Itália e Espanha viram as compras de dívida recuarem em janeiro em 57% e 55%, respetivamente. Na Alemanha, as aquisições do BCE caíram 54,7%, segundo os dados do BCE.
O programa de compra de ativos públicos terminará, ao que tudo indica, em setembro — o mais tardar, no final do ano, segundo os economistas. Depois disso, o BCE já prometeu reinvestir o dinheiro obtido com os títulos que entretanto vencerem em mais aquisições de obrigações.
(Notícia atualizada às 15h53)
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