As criptomoedas conquistaram muitas pessoas… mas estas não
Desde a sua criação, as moedas virtuais têm ganho fãs mas também opositores. Somadas, já são várias as caras que proferiram declarações negativas sobre o assunto. Recorde-as aqui.
Criadas mas pouco conhecidas, não tardou até encherem as páginas dos jornais. As criptomoedas tiveram um impulso instantâneo nos últimos meses e não foram poucos os que deixaram a sua opinião sobre esta forma de investimento mais alternativa. O problema é que, mesmo que tenham conquistado vários adeptos, não conseguiram cair nas graças de toda a gente. O ECO reuniu as declarações mais polémicas feitas às criptomoedas: é que nomes como bitcoin, ethereum e litecoin não entusiasmaram o mundo inteiro.
Jamie Dimon
A lista começa com Jamie Dimon, possível “pai” dos ataques à bitcoin. Recuemos a setembro do ano passado, quando o presidente executivo do JP Morgan deixou um recado aos seus empregados que pensavam investir em bitcoin: seriam despedidos por serem “estúpidos”. Mas, não se ficou por aqui. Dimon acrescentou mesmo que a moeda virtual “é uma fraude”, durante uma conferência de investidores e citado pela Bloomberg.
No entanto, três meses depois, mostrou-se arrependido. Em janeiro deste ano, numa entrevista ao canal de televisão FOX Business Network, Jamie Dimon revelou a mudança de opinião e garantiu que o blockchain — o sistema subjacente às criptomedas — é “real”. “É possível ter cripodólares em ienes. ICOs [ofertas iniciais de moedas]… Temos de analisá-las individualmente. A bitcoin foi sempre para mim o que vai ser para os governos quando se tornar realmente importante”, avisou o executivo, segundo cita a CNBC.
Janet Yellen
Do “pai” passamos para a “mãe”. Pouco tempo depois, Janet Yellen mostrou partilhar da mesma opinião (da primeira) de Jamie Dimon. Durante uma conferência de imprensa, a ex-presidente da Reserva Federal dos Estados Unidos disse: “A bitcoin, neste momento, tem um papel muito reduzido no sistema de pagamentos. Não é uma reserva de valor. É um ativo altamente especulativo”.
“A Fed não tem qualquer papel regulador sobre a bitcoin além de o de garantir que as entidades financeiras por si supervisionadas estão a gerir de forma apropriada quaisquer relações entre os investidores e esse mercado”, bem como o de fazer cumprir as regras de combate ao branqueamento de capitais, esclareceu na mesma conferência em que anunciou uma subida da taxa diretora dos EUA em 25 pontos base.
Hélder Rosalino
Engana-se se pensava que esta lista de apaixonados, ou não, pela bitcoin tinha apenas nomes internacionais. O administrador do banco central revelou ao ECO que, afinal, também é um dos que ataca as moedas virtuais. “Para já, é preciso desmistificar uma ideia: é que a criptomoeda não é uma moeda”, afirmou Hélder Rosalino, em novembro do ano passado.
"Para já, é preciso desmistificar uma ideia: é que a criptomoeda não é uma moeda.”
“Uma moeda, para ser classificada como tal, precisa de ter duas características fundamentais: A primeira é ter associada a si a ideia de reserva de valor, depois, sobre aquela moeda tem de haver um direito de crédito”, esclareceu. O administrador acrescentou ainda que: “Uma criptomoeda não tem o registo do banco central, não é regulada pelo banco central e não gera um direito de crédito“.
Ewald Nowotny
Ataques à bitcoin surgiram, no mesmo sentido, da Áustria. Em dezembro do ano passado, o governador do Banco Central austríaco afirmou que a bitcoin não é uma moeda, mas sim um produto para especuladores. Ao mesmo tempo, deixou ainda um conselho para serem tidos cuidados no seu investimento. A bitcoin é um produto “para especuladores, mas não é uma moeda”, disse, no dia em que os futuros da criptomoeda começaram a ser negociados em Wall Street.
Para Ewald Nowotny, a bitcoin pode ser um desafio a nível jurídico, uma vez que pode ser usada para branquear dinheiro ou para transações ilegais, pelo que deveria ser-lhe aplicada a mesma norma da União Europeia sobre lavagem de dinheiro.
Warren Buffett
Mais um para a lista daqueles que não se deixaram contagiar pelas moedas virtuais: Waren Buffett. Em janeiro deste ano, o milionário investidor dizia, em entrevista à CNBC: “Posso dizer quase com certeza que as moedas virtuais terão um mau fim“. “Quando é que isso vai acontecer ou como, eu não sei”, assumiu. Porém, assegurou: “nunca vou ter uma posição em nenhuma delas”.
Richard Thaler
Mais um nome de topo para esta lista. Desta vez, o vencedor do prémio Nobel da Economia em 2017. Em declarações ao ECO, Richard Thaler garantiu que, olhando para os mercados, são as criptomoedas que mais se assemelham a uma bolha. “Consigo perceber que haja uma bolha nos mercados de dívida, com as taxas de juro perto de zero ou mesmo negativas, e até nos índices, que estão em máximos históricos”, dizia. “Mas o mercado que mais me parece uma bolha é a bitcoin e as suas irmãs”.
Ainda assim, o economista não prevê quando possam rebentar. Chamou ainda à atenção para a irracionalidade que move este mercado e que já se concretizou em empresas como a antiga Long Island Iced Tea. “As empresas estão a acrescentar ‘blockchain‘ ao seu nome e as cotações disparam”, apontou. “Não faz sentido que assim continue.”
Agustin Carstens
“Há motivos fortes para intervenção”, começou por dizer o presidente do Banco Internacional de Pagamentos (BIS), ainda este mês. Agustin Carstens foi duro: argumentou que as criptomoedas, como a bitcoin, “provavelmente não são sustentáveis como dinheiro” e falham “a definição básica” do que é uma moeda.
Carstens defendeu ainda que os bancos centrais têm de estar preparados para agir contra as criptomoedas para evitar que estas se transformem em “parasitas” do sistema financeiro, até porque são “uma combinação de bolha, esquema de Ponzi e desastre ambiental”. Acrescentou ainda que “estes ativos podem levantar preocupações relacionadas com a proteção dos consumidores e dos investidores. As autoridades responsáveis têm o dever de educar e proteger os investidores e os consumidores e têm de estar preparadas para agir”.
Jim Yong Kim
O presidente do Banco Mundial foi mais uma das vozes que se juntou contra as moedas virtuais, chegando mesmo ao ponto de comparar o fenómeno das criptomoedas a um esquema Ponzi. “No que respeita à utilização de algumas das criptomoedas, também estamos a olhar para isso, mas considero que a grande maioria são basicamente esquemas Ponzi“, disse durante um evento em Washington, à utilizando a mesma comparação usada por Agustin Carstens.
Jim Yong Kim acrescentou ainda que a instituição que lidera está a “olhar com muito cuidado” para a tecnologia blockchain, alertando para os méritos que esta pode ter. Nomeadamente a sua utilização nos países em desenvolvimento, ao permitir “seguir o dinheiro de forma mais efetiva” e reduzir a corrupção, defendeu.
Elliott Management
A declaração mais recente vem do fundo “abutre” criado pelo bilionário Paul Singer. Numa carta enviada aos seus clientes, o Elliott Management falou sobre o investimento em criptomoedas, referindo-se a elas com o acrónimo “WTHIT” — what the hell is this? (em português, que diabo é isto?). “Quando a história for escrita, as criptomoedas serão descritas como um dos golpes mais brilhantes da história“, lê-se na carta de três páginas.
“As moedas virtuais não são nada para além do poder de marketing dos seus inventores, financiadores e daqueles que gostam da ideia de comprar uma caixa preta (que, obviamente, está vazia) pelo preço de um carro da marca Kia, sonhando que ela se transformará num Mercedes. Isto não é apenas uma bolha. Não é apenas uma fraude. É, talvez, no limite extremo, a capacidade de os seres humanos terem éter e pensarem que podem alcançar as estrelas com ele”, escreveu.
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