Junta quer anular alojamentos locais em Alfama, Castelo e Mouraria registados depois da nova lei

Santa Maria Maior, freguesia de Lisboa que concentra os bairros de Alfama, Castelo e Mouraria, entende que os registos de alojamento local feitos após a publicação da nova lei poderão ser anulados.

A aprovação da nova lei do alojamento local no Parlamento, em julho, foi o mote para a corrida às licenças. No espaço de um mês e meio, já foram registados mais de 800 novos alojamentos só no centro histórico de Lisboa, o dobro do que há um ano. É este número que a freguesia de Santa Maria Maior, onde se concentram os bairros lisboetas mais pressionados pelo alojamento local, quer travar. A nova lei permite suspender a concessão de novas licenças até que seja aprovado um regulamento que defina as chamadas “áreas de contenção”, mas o executivo desta junta entende que os registos já feitos desde que a lei foi aprovada poderão mesmo ser anulados.

As alterações à lei do alojamento local foram publicadas em Diário da República em agosto e entrarão em vigor no prazo de 60 dias, ou seja, no dia 21 de outubro. A nova lei prevê que as câmaras municipais possam aprovar um regulamento onde fiquem definidas as chamadas “áreas de contenção”, ou seja, zonas onde poderão ser impostos limites relativos ao número de estabelecimentos de alojamento local. Tendo em conta o tempo que a aprovação desse regulamento poderá demorar, e para evitar que as circunstâncias de cada zona se alterem durante esse período, os municípios podem suspender, por um prazo máximo de um ano, a autorização de novos registos de alojamentos locais em áreas delimitadas, até que este regulamento entre em vigor.

Logo após a aprovação da lei, a Junta de Freguesia de Santa Maria Maior propôs à Câmara de Lisboa, que aceitou a proposta, que se avançasse com a suspensão imediata de novos registos em Alfama, Castelo e Mouraria, os três bairros que a junta considera serem os mais afetados.

Contudo, a suspensão de novos registos só poderá ser posta em prática depois de a lei entrar em vigor, a 21 de outubro. Até lá, uma consulta ao Registo Nacional de Alojamento Local basta para perceber que o ritmo de novos registos não deverá abrandar. Entre 17 de julho, data em que a lei foi aprovada na Assembleia da República, e 31 de agosto, foram registados cerca de 1.300 alojamentos locais no município de Lisboa, a grande maioria dos quais nas freguesias do centro histórico da cidade: 349 em Santa Maria Maior, 216 na Misericórdia (que abrange a zona do Chiado e Cais do Sodré), 149 em Santo António (a zona da Avenida da Liberdade, Marquês de Pombal e Rato) e outros 98 em São Vicente (onde fica a Graça). Mesmo contando apenas a partir de 22 de agosto, data em que a nova lei foi publicada em Diário da República, já foram registados 37 novos alojamentos em Santa Maria Maior, 52 na Misericórdia, 21 em Santo António e 28 em São Vicente.

Assim, o executivo de Santa Maria Maior é claro: “Achamos um erro que se tenha dado dois meses como prazo para a entrada em vigor da lei”, diz o presidente desta junta, Miguel Coelho, em declarações ao ECO. “No entendimento desta Junta de Freguesia, os novos registos poderão ser anulados”.

No entendimento desta Junta de Freguesia, os novos registos poderão ser anulados.

Miguel Coelho

Presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior

Opinião diferente têm os especialistas contactados pelo ECO. “A lei não prevê nenhum mecanismo que permita às câmaras municipais cancelarem ou anularem estabelecimentos de alojamento local devidamente registados entre a data da publicação da lei e a data da sua entrada em vigor. A possibilidade de suspensão (de novos registos e não dos atuais) só vigorará a partir da entrada em vigor da lei”, explica Salvador Pires Marques, advogado do departamento de imobiliário da CMS Rui Pena & Arnaut. “O cancelamento dos registos atuais apenas pode ter por base o incumprimento dos requisitos legais aplicáveis”, ressalva.

Margarida Osório de Amorim, sócia da PLMJ para as áreas de imobiliário e construção, e Vasco Franco, associado coordenador de imobiliário e construção da mesma sociedade de advogados, detalham que o artigo referente às “disposições transitórias” da nova lei “acautela e protege os registos de alojamento local no Registo Nacional de Alojamento Local realizados até à entrada em vigor desta lei (ou seja, até dia 21 de outubro) na medida em que expressamente prevê e refere que estes registos se mantêm válidos, ou seja, não são afetados pela entrada em vigor do novo regime do alojamento local“.

[A lei] expressamente prevê e refere que estes registos se mantêm válidos, ou seja, não são afetados pela entrada em vigor do novo regime do alojamento local.

Margarida Osório de Amorim e Vasco Franco

PLMJ

Um advogado especializado em direito público, que prefere não ser citado, resume também que “o entendimento da freguesia não tem fundamento”, uma vez que “as regras transitórias são claras em manter válidos os registos feitos até à entrada em vigor da lei (21 de outubro)”.

O ECO tentou, por diversas vezes, contactar fonte oficial da Câmara Municipal de Lisboa, para conhecer qual a interpretação que a autarquia faz em relação a este aspeto, mas não obteve qualquer resposta. A Câmara Municipal do Porto, outra das zonas do país onde existem freguesias com elevada pressão turística, também foi contactada, mas não respondeu até à hora de publicação deste artigo.

Uma lei “preferível” a “lei nenhuma”

Miguel Coelho, que está à frente de uma das freguesias mais afetadas pelo fenómeno do alojamento local, tem sido um dos maiores defensores das alterações à lei. Agora que chegaram, vê aspetos positivos, mas esperava mais. “As alterações são positivas”, admite, mas ressalva: “Parece-nos evidente que seria preferível que os prazos fossem mais curtos“.

Ainda assim, considerando que a perspetiva inicial, quando as alterações à lei começaram a ser discutidas, era de que “seria impossível alcançar uma legislação reguladora do alojamento local, por falta de sensibilidade das entidades reguladoras e agentes económicos”, o presidente da Junta reconhece que “é preferível a lei que temos do que lei nenhuma”.

O autarca admite também que o alojamento local tem “algum peso” na economia da freguesia, mas está disposto a perder algumas unidades para compensar outros fatores. “O balanço negativo que representa a perda de residentes, o encerramento de estabelecimentos históricos e de comércio tradicional e a consequente saída dos trabalhadores desses estabelecimentos para conversão dos edifícios em alojamento local… Tudo isto é muito superior aos benefícios concretos que o alojamento local tem trazido“.

Assim, diz, esta atividade só faz sentido se for “devidamente regulada”. Aliás, os bairros de Alfama, Mouraria e Castelo “só teriam a ganhar em termos de coesão social e de recuperação da sua autenticidade se o alojamento local nessas zonas regredisse”.

Alfama, Mouraria e Castelo só teriam a ganhar em termos de coesão social e de recuperação da sua autenticidade se o alojamento local nessas zonas regredisse.

Miguel Coelho

Presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior

Atualmente, Santa Maria Maior é a freguesia lisboeta com maior número de alojamentos locais, com 3.695, o que representa mais de 25% do total de unidades registadas no município de Lisboa. Um estudo feito no final de 2016 apontava para que 22% das casas existentes nesta freguesia estivessem registadas no Airbnb, o que significa que mais de um quinto das casas disponíveis nesta zona serviam para alojar turistas. Nessa altura, Santa Maria Maior contava com menos de metade dos alojamentos locais que tem hoje.

Segundo os dados da Junta, entre setembro de 2013 e abril deste ano, a freguesia de Santa Maria Maior perdeu 2.095 eleitores, o que representa perto de 17% da população total. “É muito preocupante. É ainda mais preocupante se pensarmos que, desde abril até ao presente, a perda de moradores não foi estagnada”, aponta Miguel Coelho. “Espero que, pelo menos, as alterações à lei do alojamento local contribuam para estancar a sangria de moradores”, conclui.

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“Agronegócio é mais do que uma questão de economia, é uma questão de soberania”, dizem produtores angolanos

Os produtores agrícolas angolanos reconhecem que o setor está a atravessar um momento difícil, mas defendem tem "potencialidades imensas" que têm de ser aproveitadas a bem da "soberania" do país.

Mais do que uma questão económica, o negócio da agricultura é uma questão de soberania. As palavras são do produtor angolano Afonso Miguel, mas ressoam nos comentários de todos os agricultores angolanos que participaram, esta quarta-feira, no Seminário Desenvolvimento Agro Sustentável, promovido pelo EuroBic, no âmbito da Feira AgroGlobal. Os responsáveis reconhecem que o setor está a atravessar um momento difícil, mas sublinham que o país tem “potencialidades imensas” que deve aproveitar.

Assim, na opinião de Afonso Miguel, responsável pela Fazenda Ninho Mbave, Angola tem necessariamente de apostar neste setor, já que esta é uma questão fundamental para o posicionamento do próprio país face aos demais. O produtor salienta a necessidade de serem atribuídos subsídios, que promovam o crescimento das explorações e o reforço da sua competitividade.

Essa necessidade já tinha, aliás, sido reconhecida pelo próprio Executivo angolano, que anunciou novos apoios deste tipo para os agricultores, nesta mesma ocasião.

“Qualquer atividade agrícola tem de ser subsidiada”, reforçou José Alexandre Silva, da Fazenda de Santo António, no mesmo âmbito. De acordo com este produtor, o que falta ao país liderado por João Lourenço são de facto esses apoios. Silva nota mesmo que Angola tem “potencialidades enormes” que não aproveita por falta deste tipo de recursos.

O responsável pela Fazenda Agrolíder, por sua vez, também corrobora a ideia. “Angola é uma terra promissora para a agricultura”, começa João Macedo, apelando ao Governo angolano que troque as importações pelo apoio aos produtores. “Estamos a atravessar, de facto, um momento difícil, mas vamos continuar a luta cerrada. O importante é vencer”.

Segundo Macedo, além da falta de subsídios, a escassez de quadros especializados é um dos problemas mais graves do setor. O mesmo dilema foi denunciado por Rogério Leonardo, da Fazenda Lucalagro. “Angola precisa de mais 5% a 10% de mão-de-obra qualificada”, esclareceu. “Precisamos de gente formada e de escolas agrícolas”, acrescentou, por sua vez, Miguel Campilho.

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Tecnologia sob pressão. Dow Jones escapa à maré vermelha

O índice tecnológico Nasdaq fechou o dia com perdas superiores a 1%, numa sessão em que só o industrial Dow Jones escapou à maré vermelha que se alastrou da Ásia à Europa.

O setor tecnológico norte-americano sofreu perdas expressivas em bolsa esta quarta-feira, numa sessão marcada pela audição no Congresso de altos responsáveis do Facebook e do Twitter. As atenções estiveram voltadas para o índice Nasdaq, que registou uma queda superior a 1%.

Num dia em que o índice de referência S&P 500 recuou 0,29% para 2.888,31 pontos, o industrial Dow Jones conseguiu escapar à maré vermelha que se registou um pouco por todo o mundo — desde a América à Ásia, passando pela Europa –, fechando a sessão com ganhos ligeiros de 0,07%, a cotar nos 25.971,22 pontos.

Mas foi o tecnológico Nasdaq que acabou por fechar com o pior desempenho, tendo caído 1,2% para 7.994,34 pontos. A pressionar o índice estiveram, sobretudo, as quedas das ações do Netflix e do Twitter. O serviço de streaming de conteúdos derrapou 6,24% para 340,91 dólares, enquanto a rede social do pássaro azul recuou 5,99% na bolsa, com os títulos a valerem 32,75 dólares.

Entre outras coisas, Jack Dorsey, presidente executivo e cofundador do Twitter, foi questionado sobre a forma como a rede social lida com as contas automáticas (os bots), muitas vezes associadas às campanhas de desinformação que motivaram esta sessão no Congresso: as autoridades norte-americanas terão indícios de que agentes russos têm usado as redes sociais para manipular as eleições.

Do lado do Facebook, Sheryl Sandberg, administradora operacional da empresa, foi confrontada com a forma como potenciais agentes mal-intencionados podem usar as ferramentas da rede social para levarem a cabo campanhas massivas com base nos gostos e interesses dos utilizadores.

Simultaneamente, as negociações foram pressionadas por receios em torno da possível escalada das tensões comerciais com a China, na véspera de terminar o prazo para Donald Trump avançar com o pacote de tarifas de 200 mil milhões de dólares sobre as importações daquele país.

Receios renovados em torno das economias emergentes também penalizaram as bolsas. O valor do peso argentino continuou a cair esta quarta-feira, numa altura em que as autoridades argentinas tentam negociar um novo acordo de resgate com o FMI. O ambiente também é de crise na Venezuela, que voltou a assistir a mais uma queda nos preços do petróleo. O preço do barril em Nova Iorque caiu 1,46% para 68,85 dólares.

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Luís Filipe Vieira garante que não há factos que provem o envolvimento da SAD nos crimes imputados ao Benfica

A acusação no processo 'e-toupeira' considera que o presidente da Benfica SAD teve conhecimento e autorizou a entrega de benefícios a dois funcionários judiciais. Vieira reage.

“Como era expectável, a acusação nada vem alterar a total licitude dos comportamentos da SAD. Neste ou em qualquer outro processo”. As palavras são de Luís Filipe Vieira, em declarações aos jornalistas, no dia em que foi conhecida a acusação da SAD do Benfica no processo e-Toupeira. “Não existe qualquer conduta que relacione a Benfica SAD com os crimes imputados. Basta ver que a nenhum membro da administração da SAD foi deduzida qualquer acusação. A Benfica SAD não pode deixar de se indignar com esta imputação. Asseguramos que continuará a defender de forma intransigente o Benfica e espera com brevidade demonstrar a sua inocência neste ou em qualquer processo”, disse ainda o presidente da SAD.

“Reafirmamos a total licitude da Benfica SAD”, disse Luís Filipe Vieira que relembrou ainda aos benfiquistas que, até à presente data, todas as decisões judiciais relativas ao clube, foram favoráveis. “Que todos os benfiquistas confiem nisto. Viva o Benfica”, concluiu o presidente da SAD do Benfica.

Durante a tarde já tinha sido conhecida uma reação ao despacho de acusação do Ministério Público, por parte de João Correia, advogado do Benfica. “Não há qualquer conexão entre a realidade e o que está escrito [na acusação] pelo procurador que ainda é adjunto”. É desta forma que o advogado do Benfica, João Correia, reage à acusação contra o clube. A SAD está acusada de dois crimes e Paulo Gonçalves de 79 no âmbito do processo e-Toupeira.

A Benfica SAD é acusada de dois crimes: corrupção ativa (punida pelo código penal) e crime de oferta ou recebimento indevido de vantagem que está relacionado com o crime de corrupção desportiva. O MP pede também a interdição do clube participar em competições desportivas num período entre seis meses e três anos, assim como de não receber qualquer benefício fiscal durante os períodos de um a cinco anos.

A acusação no processo ‘e-Toupeira’ considera ainda que o presidente da Benfica SAD, Luís Filipe Vieira, teve conhecimento e autorizou a entrega de benefícios a dois funcionários judiciais, por parte do assessor jurídico do clube, Paulo Gonçalves.

Entretanto, a SAD do Benfica já informou a CMVM que foi notificada da acusação no inquérito em que lhe são imputados os crimes de corrupção ativa, de oferta ou recebimento indevido de vantagem e de falsidade informática. “Mais se informa que, no entendimento da sociedade, as referidas imputações carecem em absoluto de fundamento, como demonstrará no decurso do processo”, segundo o comunicado do Benfica.

“As entregas aos arguidos José Silva e Júlio Loureiro eram do conhecimento do presidente da Sociedade Anónima Desportiva (SAD), que as autorizava ou delas tomava conhecimento por correio eletrónico, ou rubricando folha de autorização, sem nunca as impedir, pois tal era para beneficio da arguida [Benfica SAD], assim querendo e aceitando todas as condutas”, diz o despacho.

Segundo o procurador adjunto Valter Alves, do Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa, “todos os benefícios entregues aos funcionários judiciais e observador de arbitragem foram-no a custo da Benfica SAD, que os suportou, fazendo uso da sua própria estrutura e colaboradores”.

A acusação do processo ‘e-toupeira’ diz que Paulo Gonçalves, enquanto assessor da administração da Benfica SAD, e no interesse da SAD, solicitou a estes dois funcionários judiciais que lhe transmitissem informações sobre inquéritos, a troco de bilhetes, convites e merchandising do clube.

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Governo angolano está a preparar novos subsídios para agricultura

O Executivo de João Lourenço está a preparar uma série de novos subsídios para os agricultores de modo a atrair e estimular o investimento privado, neste setor de atividade.

O Governo angolano está a preparar novos subsídios para os agricultores de modo a tornar este setor de atividade mais competitivo. Os apoios foram anunciados, esta quarta-feira, pelo diretor nacional da agricultura desse país, durante o Seminário Desenvolvimento Agro Sustentável, promovido pelo EuroBic, no âmbito da feira Agroglobal, em Santarém.

O diretor nacional da agricultura angolana e o ministro da agricultura português estiveram, esta quarta-feira, em Santarém.Paula Nunes / ECO

“Angola não subsidia nem subvenciona e é necessário mudar esse processo. Temos de subsidiar para sermos competitivos”, sublinhou José Carlos da Silva Bettencourt. Segundo o responsável, entre os apoios que estão a ser estudados pelo Executivo de João Lourenço, está um subsídio que deverá cobrir 45% dos custos dos combustíveis usados nesta atividade (e que deverá entrar em vigor já em outubro deste ano).

“Estamos a tentar reduzir os custos de produção para podermos atrair investimento para a agricultura”, notou também, nesse sentido, o governante. Além dos subsídios, Bettencourt salientou que o Executivo está a trabalhar na “consolidação” dos dados estatísticos sobre as explorações angolanas e no reforço das condições que facilitam o investimento privado (estrangeiro ou não) nesta atividade.

“Garanto que quem resolver investir em Angola, na agricultura, vai fazer dinheiro”, reforçou ainda o diretor, referindo que uma das preocupações do Governo de Lourenço é dinamizar este setor.

Na maior feira agrícola profissional de Portugal houve assim tempo para pensar além-fronteiras. Entre as muitas dezenas de stands das mais variadas marcas, os abundantes sacos coloridos com brindes e os chapéus de palha adornados com fitas de todas os tons, os laços luso-angolanos foram sendo discutidos durante mais de três horas, divididas entre dois painéis com empresários, especialistas e governantes.

Empresas angolanas e portuguesas reforçam elos

Secretário de Estado da Agricultura e Alimentação encerrou seminário promovido pelo EuroBic.Paula Nunes / ECO

Da agricultura angolana para a lusitana, também o secretário de Estado da Agricultura e da Alimentação fez questão de marcar presença no seminário em causa. Luís Medeiros Vieira elogiou a capacidade de superação e inovação deste setor nacional, reforçando que está hoje mais bem orientado para o mercado do que nunca.

“É um setor que está a trabalhar bem, porque os empresários acreditaram que era possível fazer melhor”, assinalou o governante. Já no que diz respeito às relações com os parceiros angolanos, Medeiros Vieira considerou que esses laços estão a viver “um momento de recuperação e reforço”. Esta cooperação deverá acontecer, segundo o secretário de Estado, a nível institucional, empresarial e comercial.

Por sua vez, o presidente da comissão executiva do EuroBic escolheu notar que o setor agrícola está a revelar “particular pujança”. Teixeira dos Santos explicou ainda que foi o dinamismo dos produtores que permitiu que o setor se tornasse tão inovador, nos último anos.

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Governo diz que Função Pública vai ter aumento salarial de 3,1% em 2019

Os trabalhadores do Estado vão ter um aumento salarial de 3,1% no próximo ano, resultado do descongelamento das carreiras, diz o Governo. A medida vai custar 750 milhões de euros.

Os trabalhadores da Função Pública vão ter aumentos salariais de 3,1% já no próximo ano. Este é o valor médio, calculado pelo Governo, do aumento dos salários por via do descongelamento das carreiras. A medida deverá custar 750 milhões de euros ao Estado, mais 3,7% face a este ano, revela o Ministério das Finanças num comunicado na sequência das reuniões desta quarta-feira com as estruturas sindicais da Administração Pública.

“Destacam-se o descongelamento das carreiras e as restantes medidas com impacto nas despesas com pessoal, que deverão resultar num aumento das despesas com pessoal de cerca de 750 milhões de euros, um crescimento de 3,7% face a 2018. Este valor significa que, em média, os atuais trabalhadores da Administração Pública terão um aumento ao longo de 2019 de mais de 3,1% face a 2018″, lê-se na nota do ministério tutelado por Mário Centeno.

Segundo o documento do Governo, o descongelamento das carreiras vai ter um impacto de 542 milhões de euros em 2019 nas despesas com pessoal. Concretamente, as progressões custarão ao Estado 482 milhões de euros, enquanto as promoções custarão 55 milhões, segundo as estimativas do Governo. Contas feitas, o descongelamento das carreiras na Administração Pública tem um impacto global de 837 milhões neste e no próximo ano.

O Ministério das Finanças estima ainda que a vinculação e reposicionamento dos professores vai ter um impacto de 12 milhões de euros em 2019, enquanto as 35 horas semanais de trabalho no Serviço Nacional de Saúde (SNS) vão custar 31 milhões de euros.

“O Governo mantém, assim, a intenção de concluir em 2019 as terceira e quarta fases de descongelamento das carreiras, previstas na Lei do Orçamento do Estado de 2018, o que implica duas valorizações remuneratórias adicionais em maio e dezembro de 2019 (na sequência da primeira e segunda fase do descongelamento de janeiro e setembro de 2018)”, destaca o comunicado do Ministério das Finanças.

Segundo a mesma nota, o Governo propôs duas linhas orientadoras para a negociação do Orçamento do Estado de 2019 com as estruturas sindicais da Função Pública. A primeira passa por “cumprir os compromissos para consolidar um ciclo de recuperação de direitos e rendimentos e retomar progressivamente a normalidade na gestão dos trabalhadores públicos”. A segunda passa por “gerir o presente e preparar o futuro com sustentabilidade”.

STE destaca “abertura” negocial do Governo

Após a reunião com a secretária de Estado da Administração e do Emprego Público, Maria de Fátima Fonseca, a líder do Sindicato dos Quatros Técnicos do Estado (STE) disse que esperava já ter recebido uma contraproposta do Governo, mas garantiu que o Executivo mostrou “abertura para negociar”.

“Esperávamos ter já uma contraproposta do Governo, mas reafirmámos as nossas prioridades, que é tudo o que está no caderno reivindicativo”, disse a presidente do STE, Maria Helena Rodrigues, que falava aos jornalistas após uma reunião no Ministério das Finanças, em Lisboa, com a secretária de Estado da Administração e do Emprego Público, Maria de Fátima Fonseca, e com o secretário de Estado do Orçamento, João Leão.

Para a líder do STE, se existem sinais de que o “país está a melhorar e a gerar riqueza”, esta deve ser “distribuída pelos trabalhadores”.

FESAP não aceita “qualquer congelamento salarial”

O Governo também já esteve reunido com a Federação Sindical da Administração Pública e de Entidades com Fins Públicos (FESAP) que, à saída do encontro, garantiu não aceitar “qualquer congelamento” salarial, apesar de estar disponível para negociar com o Governo uma contraproposta ao caderno reivindicativo da estrutura.

“Dissemos ao Governo que não aceitamos qualquer congelamento de salários para o futuro, já chega de congelamentos”, disse o secretário-geral da FESAP, José Abraão. No caderno reivindicativo da FESAP, entregue hoje ao Governo, consta a exigência de um aumento de 3,5% em todos os salários e pensões, bem como a atualização do subsídio de refeição para seis euros e a retoma dos 25 dias úteis de férias.b

Tal como o STE, José Abraão garantiu que se as propostas da FESAP “não merecerem acolhimento” pelo Governo, a “luta e a greve [são] a última arma” a utilizar. “Utilizaremos sempre que encontrarmos dificuldades neste caminho em passar do discurso à prática, mais do que encontrar caminhos alternativos para dizerem que continuam a melhorar os nossos rendimentos”, indicou, na altura.

Frente Comum não abdica de aumentos salariais

A Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública garantiu que não abdica de aumentos salariais para 2019 e não descarta a possibilidade de avançar com formas de luta.

“O Governo deveria ter entregado a contraproposta desde o dia 1 de setembro. Nós não abdicamos dos aumentos salariais e não vamos na conversa dos 648 milhões no Orçamento do Estado para 2019, quando o Governo deu, em 2018, 728 milhões para o fundo de resolução”, disse a coordenadora da Frente Comum, Ana Avoila, aos jornalistas, após uma reunião no Ministério das Finanças, em Lisboa, com a secretária de Estado da Administração e do Emprego Público, Maria de Fátima Fonseca, e com o secretário de Estado do Orçamento, João Leão.

A estrutura afeta à CGTP referiu que em cima da mesa está, atualmente, a negociação com o Governo, liderado pelo socialista António Costa, mas ressalvou que se o executivo não responder “positivamente”, vai desenvolver uma ação de luta nacional.

Na sua proposta reivindicativa, aprovada em julho, a Frente Comum defendeu aumentos salariais de 4% para 2019 e um mínimo de 50 euros para todos os trabalhadores. O fim da precariedade, a revisão do sistema de avaliação de desempenho, o fim da contratação de serviços externos e o reforço do número de funcionários para assegurar a melhoria dos serviços são outras das reivindicações desta estrutura sindical, que já marcou um plenário de sindicalistas para o próximo dia 25.

“O Governo português tem de perceber que há dez anos não faz aumentos de salários e que deixou de ser uma referência também para o setor privado e cada vez os salários são mais baixos”, acrescentou. Ana Avoila recomendou ainda ao Governo que guarde uma rubrica do Orçamento do Estado para aumentos salariais, caso contrário “os trabalhadores da administração pública não se vão conformar”.

(Notícia atualizada às 20h33 com mais informações)

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Governo vai aprovar compra de 22 comboios regionais pela CP por 170 milhões de euros

  • Lusa
  • 5 Setembro 2018

As unidades só deverão chegar ao país em 2023, o que significa que a empresa de transporte ferroviário terá de continuar a alugar comboios a Espanha.

O ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, anunciou esta quarta-feira que o Governo vai aprovar a aquisição de 22 unidades de material circulante para a Comboios de Portugal (CP), no valor de cerca de 170 milhões de euros.

“O Governo vai autorizar na próxima quinta-feira em Conselho de Ministros, através de uma resolução, a aprovação formal para abertura dos concursos, a aquisição de 22 unidades, 12 delas são as unidades bimoto que tanto podem andar nas linhas diesel como podem andar em linhas eletrificadas e mais dez unidades elétricas”, disse.

O governante falava aos jornalistas à margem de uma visita às obras de modernização da Linha do Leste, no troço entre Elvas e Caia (fronteira com Espanha), projeto com uma extensão de 11 quilómetros e que vai contar com um investimento de 23,3 milhões de euros.

O presidente da CP, Carlos Nogueira, disse na terça-feira passada, na Assembleia da República, que a empresa quer investir 170 milhões de euros na compra de 22 comboios regionais, mas as unidades só deverão chegar em 2023, pelo que a CP terá de continuar a alugar comboios a Espanha.

“É necessário que a CP invista em material circulante” e, por isso, a empresa “entregou uma proposta ao Governo para um investimento de 170 milhões de euros”, que visa “comprar 22 unidades para o serviço regional”, disse na altura.

Na sequência desta declaração de Carlos Nogueira na comissão parlamentar de Economia, Inovação e Obras Públicas, Pedro Marques sublinhou esta quarta-feira que a partir de quinta-feira a CP fica autorizada a efetuar os concursos de aquisição do material, recordando que o mesmo só vai chegar às mãos da CP “nos próximos anos”.

Através deste investimento, o Governo espera “reforçar a qualidade” do serviço regional da CP, dando assim “prioridade à coesão regional”.

Sobre o défice de 2,6 mil milhões de euros na CP, o ministro do Planeamento e das Infraestruturas assumiu que a empresa tem um endividamento “muito grande” e que o mesmo transita do “passado”, sublinhando, ainda, que ao longo dos últimos anos tem existido um “reforço da sua capitalização”.

Em relação às compensações indemnizatórias, no valor de 90 milhões de euros, Pedro Marques garantiu que o Governo vai estabelecer “ainda este ano” um contrato de serviço público com a CP e “preparará melhor” a empresa para a liberalização do serviço ferroviário.

Pedro Marques recordou ainda que o Governo autorizou a CP a contratar mais 102 trabalhadores para a manutenção ferroviária e que concluíram o processo de estabilização de 40 trabalhadores da Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário (EMEF) que se encontravam com vínculos precários. “São 142 trabalhadores que passam de uma situação de precariedade para uma situação de estabilidade”, sublinhou.

Pedro Marques visitou esta quarta-feira os trabalhos no traçado da Linha do Leste entre Elvas e Caia tiveram início no dia 5 de março, fazendo esta obra parte do projeto Corredor Internacional Sul do plano Ferrovia 2020.

De acordo com o Governo, este corredor que integra a construção de cerca de 100 quilómetros de linha nova, entre Évora e Elvas, visa “reforçar a conexão” ferroviária dos portos e das zonas industriais e urbanas localizadas no sul de Portugal quer a Espanha, quer ao resto da Europa.

As Infraestruturas de Portugal (IP) explica, em comunicado, que esta obra na Linha do Leste entre Elvas e Caia engloba vários trabalhos, destacando-se a ampliação da Estação Ferroviária de Elvas para permitir a manobra de comboios de mercadorias com 750 metros.

A empreitada de modernização do troço Elvas-Caia foi a primeira obra a ter inicio no terreno do futuro Corredor Internacional Sul.

Este corredor ferroviário permitirá ligação direta e eficiente entre o sul de Portugal, desde a zona de Sines, e a Europa através da fronteira com Espanha, em Caia.

Segundo a IP, a concretização deste investimento tem como principais objetivos a “redução” do tempo de trajeto dos comboios de mercadorias entre Sines e Elvas/Caia, a “redução” da sinistralidade rodoviária e ferroviária com a eliminação de passagens de nível, o “aumento” de capacidade diária na saída de Sines dos “atuais 36 comboios de 400 metros para 51 de 750 metros”, entre outras vertentes.

Este projeto fica igualmente preparado para, no futuro, permitir a instalação de bitola da União Internacional dos Caminhos-de-Ferro (UIC), mas apenas quando a rede espanhola mudar da bitola ibérica para a bitola europeia.

Bloco de Esquerda questiona o Governo sobre o atraso do plano de investimento

O Bloco de Esquerda (BE) questionou o Ministério do Planeamento e Infraestruturas sobre o atraso do plano de investimento, previsto até ao final do primeiro trimestre deste ano, que permitiria à CP lançar um concurso para a aquisição de material.

Numa pergunta a que agência Lusa teve acesso, o deputado Heitor de Sousa questiona a tutela de Pedro Marques a propósito de um acordo, assinado em setembro de 2017, entre a Secretaria de Estado das Infraestruturas, a CP e o Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante, a propósito do “necessário investimento nesta empresa” a dois níveis: reforço do quadro de pessoal e reconhecer a necessidade de aquisição de material circulante.

Nesse acordo, segundo o BE, o Governo assumiu o compromisso de “apresentar à CP uma decisão sobre o plano de investimento que permita o lançamento do concurso para a aquisição definida, assim que estejam reunidas as condições necessárias para o efeito, até ao final do primeiro trimestre de 2018”.

“Confirma o Governo que o prazo para a aprovação do plano de investimento, até ao final do primeiro trimestre deste ano, não foi cumprido? Se sim, quais as razões que levaram ao incumprimento, por parte do Governo, dos compromissos assumidos pela Secretaria de Estado das Infraestruturas?”, pergunta o deputado bloquista.

O deputado bloquista pretende ainda que o Governo esclareça “quais as medidas previstas para o necessário investimento, nomeadamente ao nível da aquisição de material circulante” e quais os prazos previstos para essa mesma compra.

Precisamente na segunda-feira, os revisores da CP terminam uma greve de uma semana ao trabalho extraordinário com a esperança de que sejam contratados em breve 88 trabalhadores, para verem cumprido o direito ao descanso e não terem de voltar à luta.

Esta paralisação, iniciada no dia 27 de agosto, abrangeu os revisores, trabalhadores de bilheteiras e as chefias diretas e, de acordo com as declarações do presidente do Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI), Luís Bravo, à agência Lusa, na base do protesto está o incumprimento deste acordo estabelecido em setembro de 2017, entre o sindicato, a CP e o Ministério do Planeamento e das Infraestruturas.

“A situação da ferrovia em Portugal tem sido notícia pelas piores razões. Às décadas de desinvestimento somam-se novos problemas decorrentes do aumento do número de passageiros e da degradação continuada do material circulante e da infraestrutura ferroviária”, sublinha ainda a pergunta do deputado bloquista.

Na opinião do BE, “aos conhecidos problemas de falta de pessoal soma-se hoje a urgência de investimento público que permita à CP cumprir plenamente a sua função” que é “prestar um serviço público essencial à coesão social e territorial do país”.

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STE diz que Governo mostra “abertura para negociar” reinvindicações

  • ECO
  • 5 Setembro 2018

Maria Helena Rodrigues disse que, durante o encontro, sentiu da parte do Governo “abertura para negociar”, mas, ressalvou, que o aumento de 3% é o “mínimo” que a Frente Sindical exige.

O Sindicato dos Quatros Técnicos do Estado (STE), que lidera a Frente Sindical, disse esta quarta-feira que esperava já ter recebido uma contraproposta do Governo, mas garantiu que o Executivo mostrou “abertura para negociar” as reivindicações que os funcionários públicos apresentaram ao Executivo. Em causa estão aumentos salariais e de descongelamento das carreiras, os sindicatos vão enfrentar um Governo que já disse que não há margem para subidas de salários e que tem vindo a adiar soluções para o descongelamento de carreiras.

“Esperávamos ter já uma contraproposta do Governo, mas reafirmámos as nossas prioridades, que é tudo o que está no caderno reivindicativo”, disse a presidente do STE, Maria Helena Rodrigues, que falava aos jornalistas após uma reunião no Ministério das Finanças, em Lisboa, com a secretária de Estado da Administração e do Emprego Público, Maria de Fátima Fonseca, e com o secretário de Estado do Orçamento, João Leão.

Para a líder do STE, se existem sinais de que o “país está a melhorar e a gerar riqueza”, esta deve ser “distribuída pelos trabalhadores”.

Na proposta reivindicativa, aprovada em julho, a Frente Sindical reclamou aumentos salariais de 3% para 2019, o descongelamento total das carreiras, a redução dos descontos para a ADSE e a despenalização das reformas antecipadas. Esta Frente Sindical reivindicou ainda a recuperação dos três dias de férias perdidos em 2014 e um subsídio de refeição de seis euros.

Maria Helena Rodrigues disse também que, durante o encontro, sentiu da parte do Governo “abertura para negociar”, mas, ressalvou, que o aumento de 3% é o “mínimo” que a Frente Sindical exige. A responsável do STE indicou que a estrutura sindical não põe de lado a possibilidade de avançar com “formas de luta”, sendo a greve a última, caso o Governo não acolha as propostas apresentadas.

O Governo também já esteve reunido com a Federação Sindical da Administração Pública e de Entidades com Fins Públicos (FESAP) que, à saída do encontro, garantiu não aceitar “qualquer congelamento” salarial, apesar de estar disponível para negociar com o Governo uma contraproposta ao caderno reivindicativo da estrutura.

“Dissemos ao Governo que não aceitamos qualquer congelamento de salários para o futuro, já chega de congelamentos”, disse o secretário-geral da FESAP, José Abraão. No caderno reivindicativo da FESAP, entregue hoje ao Governo, consta a exigência de um aumento de 3,5% em todos os salários e pensões, bem como a atualização do subsídio de refeição para seis euros e a retoma dos 25 dias úteis de férias.

Tal como o STE, José Abraão garantiu que se as propostas da FESAP “não merecerem acolhimento” pelo Governo, a “luta e a greve [são] a última arma” a utilizar. “Utilizaremos sempre que encontrarmos dificuldades neste caminho em passar do discurso à prática, mais do que encontrar caminhos alternativos para dizerem que continuam a melhorar os nossos rendimentos”, indicou, na altura.

Esta tarde o Governo vai ainda reunir-se com a Frente Comum.

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Fenprof reitera greve em outubro caso falhem as negociações com Governo

  • Lusa
  • 5 Setembro 2018

Mário Nogueira quer, se as negociações falharem esta sexta, "garantir uma grande greve na semana de 1 a 4 de outubro e uma manifestação enormíssima a 5 de outubro".

A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) reiterou hoje que vai realizar uma greve entre 1 e 4 de outubro caso a reunião com o Ministério da Educação sobre contagem do tempo de serviço, prevista para sexta-feira, seja inconclusiva.

Esta é uma das ações de luta divulgadas hoje pelo secretário-geral da Fenprof durante o Encontro Nacional de Quadros Sindicais onde esta a ser analisada e será aprovada uma moção a entregar no gabinete do primeiro-ministro.

Mário Nogueira disse ainda que a 5 de outubro, Dia Mundial dos Professores, será realizada uma manifestação em Lisboa. “O compromisso que, se a negociação correr mal na próxima sexta-feira, passa por dinamizar os plenários que serão realizados em todas as escolas na abertura do ano letivo, distribuir aos pais e encarregados de educação um texto explicando por que lutam os professores, garantir uma grande greve na semana de 1 a 4 de outubro e uma manifestação enormíssima a 5 de outubro”, explicou.

Para sexta-feira está marcada uma reunião entre os sindicatos e o Ministério da Educação para negociar a contagem do tempo de serviço dos professores e a Fenprof reivindica a contagem de nove anos, quatro meses e dois dias, mas o Governo já disse que não orçamento para acomodar esta exigência.

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Google Chrome em mudanças. Quer alterar a forma como mostra endereços de sites

A equipa responsável pelo browser mais usado em todo o mundo está convencida de que os endereços dos sites não são a melhor forma de identificar um site. Vêm aí mudanças nos endereços na web.

O browser mais popular do mundo quer simplificar a forma como identificamos os sites na internet. Segundo a imprensa especializada, a equipa do Google Chrome está a analisar formas de revolucionar a World Wide Web, onde tradicionalmente os endereços são compostos por domínios — por exemplo, “eco.pt” ou “google.com”.

Atualmente, as duas formas mais comuns de entrar num site na internet é digitando o endereço manualmente ou procurando o site num motor de busca, como o do Google. Contudo, nos últimos anos, têm surgido novos sufixos nos domínios. Atualmente, não é incomum os endereços de alguns sites terminarem em “.biz” ou “.info”. E o próprio site da Alphabet, a empresa que detém a Google, é inovador nesse sentido. O URL (endereço) é “abc.xyz”.

No entanto, de acordo com a Wired (acesso condicionado), que avançou a notícia, a equipa do Chrome está focada em encontrar uma alternativa aos endereços comuns, que permita aos utilizadores memorizar mais facilmente um endereço na internet. Só ainda não se sabe em concreto que opções estão a ser exploradas, mas espera-se que mais informações sejam reveladas pela empresa no ano que vem.

Os endereços na internet “são difíceis de ler, é difícil entender em quais é que devemos confiar e, no geral, não acredito que os URL estejam a servir como uma boa identidade dos sites”, afirmou à revista a principal engenheira da equipa do Google Chrome, Adrienne Porter Felt. “Queremos avançar para uma era em que a identidade na web é compreendida por toda a gente”, acrescentou.

Sem revelar detalhes, a profissional sinalizou que o Google Chrome poderá receber alterações na forma como mostra os endereços dos sites aos utilizadores. A empresa deverá anunciar mais novidades no próximo outono ou primavera. Uma mudança deste tipo no Google Chrome facilmente poderia tornar-se o padrão no mercado, uma vez que é o browser de internet mais usado em todo o mundo.

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Bastonário dos Médicos diz que demissões em hospitais poderão repetir-se

  • Lusa
  • 5 Setembro 2018

O bastonário da Ordem dos Médicos adiantou que demissões como as do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho (CHVNGE) poderão repetir-se noutro hospital do país “dentro de pouco tempo”.

O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, adiantou esta quarta-feira que demissões como as do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho (CHVNGE) poderão repetir-se noutro hospital do país “dentro de pouco tempo”.

“Hoje estão aqui com os médicos de Gaia, mas podiam estar aqui com os médicos de outro grande hospital do Norte do país. Se calhar vão estar dentro de pouco tempo, dentro de menos tempo do que estão a pensar. Pode ser Norte, Centro ou Sul”, referiu em conferência de imprensa, no Porto, aquando do anúncio da demissão do diretor clínico e dos 51 diretores e chefes de serviço do CHVNGE.

Dizendo que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) “não está a viver uma situação fácil”, o bastonário desafiou o primeiro-ministro, António Costa, e os deputados na Assembleia da República a “valorizarem mais a saúde”.

“Estamos na altura em que vai ser discutido o Orçamento de Estado para o próximo ano, por isso, é importante que quem lidera o nosso país comece a valorizar mais a saúde dos portugueses”, frisou.

Miguel Guimarães recordou que é de “saúde que se trata” e que é “imperativo” que os doentes tenham acesso a melhores cuidados de saúde e que os clínicos tenham condições adequadas para trabalhar com segurança.

“É importante os clínicos não estarem numa situação em que querem ajudar, mas não conseguem porque as listas de espera são demasiado elevadas, tal como já acontece na área de oncologia em Gaia, por exemplo”, vincou.

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Qual o banco com as comissões mais baixas? Comparador do Banco de Portugal chega a 1 de outubro

A partir do dia 1 de outubro vai ser possível que os consumidores comparem custos para diferentes serviços bancários. O comparador de comissões, do Banco de Portugal, abrange 93 comissões.

Num momento em que o tema das comissões bancárias está na ordem do dia e os consumidores veem este tipo de encargos aumentar, o Banco de Portugal vai disponibilizar uma nova funcionalidade, que pretende ter clientes mais informados. O Comparador de Comissões vai permitir comparar 93 comissões bancárias, praticadas por cerca de 200 instituições.

No passado mês de fevereiro, Lúcia Leitão, responsável pelo departamento de supervisão comportamental do Banco de Portugal, já tinha avançado o número de comissões bancárias que seriam abrangidas pela nova funcionalidade, cerca de 80. Esta quarta-feira, o regulador divulgou que serão 93 comissões bancárias disponíveis e sujeitas a comparação.

Cada instituição bancária terá, assim, de disponibilizar os preços praticados para os 93 serviços selecionados pelo supervisor do sistema financeiro nacional e, caso não os disponibilize a todos, é obrigada a dizer que determinado serviço não está disponível, para que o cliente o saiba.

Tudo terá de estar a postos a 1 de outubro, altura em que arranca o comparador de comissões relativas a diversos serviços associados a contas de pagamento, nomeadamente com os custos com a manutenção de conta, incluindo de conta pacote, disponibilização de cartões de débito e de crédito, levantamento de numerário, aquisição de cheques e transferências.

Além das comissões associadas à manutenção da conta de serviços mínimos bancárias e à manutenção da conta base, já disponíveis desde maio de 2017, o comparador de comissões incluirá:

  • Manutenção de uma conta de pagamento com características simples (uma conta de depósito à ordem que não esteja associada a outros produtos ou serviços, por exemplo);
  • Manutenção de contas pacote;
  • Disponibilização de cartões de débito e de cartões de crédito;
  • Disponibilização de cartões de crédito privados;
  • Levantamento de numerário;
  • Adiantamento de numerário a crédito;
  • Requisição e entrega de cheques cruzados, à ordem e não à ordem;
  • Transferências a crédito;
  • Ordens permanentes.

Desta forma, o cliente vai conseguir comparar o valor máximo que as instituições cobram, escolhendo a opção como quer consultar a ferramenta. Se, por um lado, pode comparar diretamente três serviços nas várias instituições bancárias, pode também escolher apenas uma instituição e ver todos os serviços da mesma.

Além disso, com um filtro, o cliente consegue também ordenar a visualização pela comissão mais baixa ou pela mais alta, de acordo com o serviço que escolheu consultar.

A informação do comparador de comissões vai estar sempre atualizada, no momento em que o consumidor consulta a ferramenta vai deparar-se com as comissões que estão em vigor.

O objetivo do comparador de comissões não passa pelo aconselhamento dos consumidores, a ferramenta não trabalha em função do perfil do cliente, não privilegiando nenhuma instituição bancária. O grande propósito é, sim, informar o cliente.

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