Meo acusa Vodafone de desrespeitar decisão da Anacom

A Anacom obrigou a Vodafone a pagar um milhão de euros à Meo, mas esta última queixa-se de ainda não ter recebido nada. Noutro dossiê, a Anacom vai obrigar a Meo a pagar penalizações à Vodafone.

É mais um litígio que coloca frente a frente duas das maiores operadoras de telecomunicações do país. A Meo e a Vodafone abriram dois processos na Anacom, uma contra a outra, relativamente aos postes da operadora da Altice, uma oferta que é regulada. Um dos processos já mereceu decisão final e é desfavorável à Vodafone. Outro é a resposta da Vodafone contra a Meo e, para já, tudo aponta para uma decisão desfavorável à Meo. Em relação ao primeiro, a Meo acusa a Vodafone de desrespeitar a decisão do regulador, num processo avaliado em mais de um milhão de euros.

Tudo começou quando, em agosto de 2017, a Vodafone terá deixado de apresentar à Meo os pedidos de intervenção nos postes para estabelecer as ligações aos clientes finais. Além disso, terá deixado de pagar os preços tabelados para este acesso, segundo a decisão final do regulador. A Meo queixou-se ainda de que a Vodafone lhe impediu “de saber a real dimensão das ocupações indevidas”.

Na altura, a Vodafone respondeu detalhadamente às acusações. Disse entender que não está obrigada a apresentar à Meo “um pedido prévio de instalação”, mas admitiu “discutir a implementação de um procedimento nesta matéria que envolva uma mera comunicação ou envio de cadastro”.

A Anacom analisou o caso e os argumentos de ambas as partes. Emitiu uma decisão a 21 de junho contra a Vodafone, obrigando-a a “efetuar o pagamento dos montantes referentes à ocupação dos postes da Meo”. A decisão tornou-se final no início de agosto e, na versão pública do documento, não consta o valor em dívida.

No entanto, uma fonte disse ao ECO tratar-se de um montante que supera o milhão de euros, dos quais 780 mil euros estão associados às ocupações consideradas irregulares.

A decisão obriga ainda a Vodafone a informar a Meo de todas as instalações feitas nos seus postes desde agosto de 2017, bem como a “apresentar à Meo os pedidos de instalação”, tal como fazia anteriormente. Mas a Altice Portugal queixa-se de não ter recebido o pagamento do montante em dívida e indica que a Vodafone também não comunicou as localizações das instalações em causa, tal como determinou a Anacom.

Fonte oficial da Vodafone escusou-se a revelar ao ECO se fez ou não o pagamento da dívida. “Relativamente ao pagamento, não há comentários a fazer”, indicou. Acrescenta apenas que, “tal como já foi referido anteriormente, a Vodafone está presente no mercado português das telecomunicações há 25 anos e sempre atuou de forma responsável, em total cumprimento e respeito pelas regras de mercado e pela justa concorrência”. Sublinha, por fim, que “não concorda com o sentido desta decisão, tendo já adotado uma reação contra a mesma”.

Mas apesar da resposta da Vodafone, que abriu um processo contra a Meo, é entendimento da Altice Portugal que a mesma não tem “efeitos suspensivos”. Aliás, fonte oficial da Anacom confirmou ao ECO que a reclamação da Vodafone não suspende o efeito da decisão do processo da Meo contra a Vodafone. Ou seja, por outras palavras, a Vodafone continua obrigada a cumprir a decisão da Anacom, algo que a Meo diz que a concorrente não está a fazer.

Desta forma, este é um dossiê longe de ser fechado. Até porque o novo processo da Vodafone contra a Meo mereceu um sentido provável de decisão que é desfavorável à Altice Portugal. Contas feitas, o pingue-pongue judicial entre as duas operadoras está empatado 1-1.

O ECO contactou a Altice Portugal, que confirmou estas informações. “A Altice Portugal confirma que até ao momento não recebeu qualquer pagamento por parte da Vodafone, o que contraria a decisão tornada pública pelo regulador”, disse fonte oficial da empresa. O grupo garante ainda que “não recebeu qualquer informação por parte da Vodafone dos locais onde” foram feitas as instalações em causa.

A dona da Meo vai ainda mais longe e considera “lamentável o não-cumprimento da decisão do regulador, sobretudo quando se trata de um tema que coloca em causa a segurança de pessoas e bens, e ainda a integridade e segurança da sua rede”. “A Altice Portugal reitera que irá tomar as devidas medidas, incluindo junto da Anacom, uma vez que a Vodafone decidiu contrariar a decisão do regulador e persistir com o seu comportamento abusivo e ilegal”, referiu fonte oficial da empresa.

Vodafone acusa Meo de dar “respostas erradas a pedidos de análise de viabilidade”

Efetivamente, a decisão da Anacom mereceu resposta da Vodafone, que solicitou a intervenção do regulador num outro caso relacionado com o acesso aos postes da Meo. No âmbito deste novo processo, a operadora acusa a Meo de irregularidades no “pagamento das penalidades por respostas erradas a pedidos de análise de viabilidade”.

Segundo um documento da Anacom, a Vodafone “afirma que a Meo não tem cumprido as suas obrigações de pagamento de penalidades por respostas erradas a pedidos de análise de viabilidade submetidos pela Vodafone, fazendo, no seu entender, uma interpretação abusiva das condições” da oferta.

A Meo respondeu a estas acusações da Vodafone numa resposta enviada ao regulador, mas os argumentos da operadora da Altice Portugal não se fizeram valer. No sentido provável de decisão da Anacom, datado de 30 de agosto passado, o regulador obriga a operadora a proceder ao “pagamento à Vodafone de uma penalidade de 200 euros correspondente a cada resposta errada dada pela Meo a cada pedido de análise de viabilidade submetido”.

O ECO não foi capaz de apurar em concreto o montante das penalizações devidas à Vodafone pela Meo no âmbito deste segundo processo. Questionada sobre o valor, fonte oficial da Vodafone optou por remeter esclarecimentos para mais tarde, uma vez que se encontra a analisar o teor desta decisão recente, que lhe é favorável.

Confrontada com estas informações, fonte oficial da Altice Portugal não quis revelar quanto calcula estar a dever à Vodafone. Indicou apenas que “está a analisar cuidadosamente o projeto de decisão da Anacom e pronunciar-se-á sobre o mesmo” junto do regulador.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Jerónimo de Sousa: “PCP está em condições de assumir qualquer responsabilidade, mesmo governativa”

O líder comunista admitiu que está disponível para vir a integrar um fututo Governo, mas não revela se a geringonça será repetível. Jerónimo de Sousa quer aumento do número de escalões do IRS.

Jerónimo de Sousa admitiu, em entrevista esta terça-feira, à RTP3, que “o PCP está em condições de assumir qualquer responsabilidade, mesmo governativa”. O líder comunista teve algumas reticências em admitir que a atual solução governativa valeu a pena e recusou responder se a geringonça poderá ter repetição. Na rentrée política, o responsável reiterou que o Partido Comunista se vai bater por um aumento dos escalões de IRS, mas recusou sujeitar a aprovação do Orçamento do Estado para 2019 à resolução do problema dos professores.

“O PS no passado, até com maioria, não teve uma política de esquerda”, frisou Jerónimo de Sousa, sublinhando que “o atual quadro da situação política mostra a importância de dar mais poder ao PCP“. “A vida mostrou que apesar dos avanços temos problemas para resolver”, acrescentou recusando responder se vai replicar a geringonça, apesar das insistências. Recorde-se que no domingo, a líder do Bloco de Esquerda, Catarina Martins também admitiu integrar um futuro Governo: “Aqui estamos para todas as responsabilidades”.

O líder do PCP acabou por admitir que o acordo entre os partidos de esquerda “valeu” a pena, mas apenas pelos “avanços que se conseguiram depois de quatro anos de cortes e degradação das condições de vida” dos portugueses. No entanto, o responsável frisa que “o PS, ao longo de décadas, se caracteriza por políticas de direita” e dá como exemplo de divergências com o Executivo de António Costa a posição assumida relativamente ao Banif e as alterações ao Código de Trabalho “em convergência com o PSD e o CDS”.

Quanto às negociações do Orçamento do Estado para 2019, Jerónimo de Sousa avança que o partido defende um aumento dos escalões de IRS para “aliviar as famílias em termos de IRS”. E se isso representa uma perda de receita para os cofres do Estado, o líder comunista sugere que o “Governo pode ir buscar dinheiro onde ele existe”.

E tal como o Bloco de Esquerda, também o PCP defende a descida do IVA na eletricidade, mas também nas botijas de gás. Aliás, confrontado com a similitude de propostas de ambos os partidos, Jerónimo de Sousa desvalorizou e lembrou que “no aumento extraordinário das pensões, durante muito tempo, o PCP estive sozinho”.

O PCP recusa avançar com um número para os aumentos salariais da Função Pública, apesar de a verba necessária para esse aumento ter de estar inscrita no próximo Orçamento. “O PCP não é uma organização sindical. Na discussão do Orçamento não se discutem aumentos salariais”, garante. “É um equívoco”. “Não assumimos um papel que cabe aos sindicatos”, acrescenta. No entanto, Jerónimo admite a necessidade da “valorização salarial” já que “os trabalhadores da Administração Pública há muito que não recebem um aumento”. “O PCP defende uma valorização dos salários tanto para o público como para o privado, porque 700 mil trabalhadores portugueses recebem menos de 600 euros“. E é neste quadro que se insere a proposta do PCP de aumentar o salário mínimo para 650 euros.

Jerónimo recusa a “dicotomia” proposta por António Costa de preferir aumentar o número de funcionários públicos em vez de os aumentar e garante que a polémica dos professores não vai determinar o seu sentido de voto no Orçamento do Estado para 2019. “O problema dos professores nem deveria existir porque o OE2018 consagra aquilo que é a reivindicação dos professores”, explicou o líder comunista. Admitindo que “são muitas as organizações que se dirigem ao PCP”, frisa que a questão dos professores “não condiciona a posição do PCP no OE”. Ainda assim, defende que “não se pode fazer um apagão de um terço da vida profissional dos professores”. Em causa está o reconhecimento de nove anos, quatro meses e nove dias.

Para terminar quando questionado sobre o mandato da procuradora Joana Marques Vidal, Jerónimo de Sousa admitiu que houve “avanços significativos”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Nike e Facebook puxam Wall Street para o vermelho

O boicote à Nike e a queda das ações do Facebook contribuíram para o dia de perdas registado esta terça-feira em Wall Street. Amazon valeu um bilião de dólares por breves instantes.

Wall Street fechou no vermelho, numa sessão marcada por quedas expressivas das ações do Facebook e da Nike, embora tenham sido revelados dados que apontam para a aceleração da atividade industrial nos EUA no mês de agosto.

O S&P 500 encerrou a cair 0,16% para 2.896,79 pontos, enquanto o industrial Dow Jones recuou 0,04% para 25.953,22 pontos. Já o tecnológico Nasdaq desvalorizou 0,23% para 8.091,23 pontos.

A Nike esteve em particular destaque esta terça-feira, na sequência de um anúncio publicitário que não teve o efeito antecipado. A empresa contratou um ex-jogador da NFL para a campanha dos 30 anos do slogan “Just Do It”, mas a figura gerou discórdia entre os fãs da marca. Nas redes sociais surgiram apelos ao boicote dos produtos da empresa, o que precipitou as ações da Nike para uma queda de 2,99%. Cada título vale agora 79,735 dólares.

o Facebook caiu 2,78% para 170,85 dólares, depois da corretora MoffettNathanson ter revisto em baixa a recomendação de “comprar” para “neutra” sobre os títulos da maior rede social do mundo.

Nota positiva para a Amazon, que terminou em segundo lugar a corrida do bilião de dólares de capitalização bolsista. Por alguns instantes, a gigante valeu mais de um bilião em Wall Street, um feito que só tinha sido conseguido pela Apple no início do mês passado. Esta terça-feira, as ações da Amazon avançaram 1,27% para 2.038 dólares, travando as perdas.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Marquês. Defesa de Salgado não quer arriscar instrução com Carlos Alexandre

Advogados de Salgado consideram que Carlos Alexandre como juiz das liberdades "é um mito" e não vão pedir abertura de instrução. Quanto a Sócrates, ainda não se sabe.

A defesa de Ricardo Salgado não vai pedir a instrução do processo que envolve o seu cliente, no âmbito da Operação Marquês. E apresenta duas razões para essa decisão: a existência de um justo impedimento para exercer o direito de defesa e ainda o facto dessa mesma instrução poder vir a ser decidida pelo juiz Carlos Alexandre.

Ricardo Salgado é o terceiro arguido com mais crimes imputados pelo Ministério Público, a seguir a Sócrates e Carlos Santos Silva. O ex-banqueiro está acusado de 21 crimes: um de corrupção ativa de titular de cargo político, dois de corrupção ativa, nove de branqueamento de capitais, três de abusos de confiança, três de falsificação de documentos e três de fraude fiscal qualificada.

A instrução é uma fase processual, meramente facultativa, que consiste numa espécie de pré-julgamento, cuja decisão está a cargo do juiz de instrução criminal. E que pode resultar no fim do processo, caso o magistrado judicial dê razão às defesas e não envie o processo para julgamento.

Concretizando: o primeiro argumento dos advogados Francisco Proença de Carvalho e Adriano Squilacce prende-se com o facto de já ter sido alegado o “justo impedimento” para o exercício do direito de defesa já que essa mesma defesa está “impossibilitada de aceder em condições de segurança aos ficheiros das escutas telefónicas que lhe foram disponibilizados pelo próprio Ministério Público”. Uma vez que esses ficheiros contêm vírus. E relembram que esse mesmo justo impedimento foi considerado “pertinente, razoável e controvertido” pelo juiz de instrução, a 19 de janeiro deste ano. Ou seja: o magistrado Carlos Alexandre.

Mais: relembram que este mesmo magistrado reconheceu na altura como “crucial averiguar e esclarecer os contornos desta questão”. No entanto, alega a defesa, “após o Ministério Público se ter pronunciado sobre essa matéria, o senhor juiz de instrução criminal ” rejeitou (“indeferiu liminarmente”) este incidente de justo impedimento suscitado pelo arguido. “E fê-lo sem a mínima produção de prova e aderindo, cegamente, a tudo que foi alegado pelo Ministério Público”. E considera “inaceitável” que um tribunal nem sequer promova a produção de prova.

No que toca ao magistrado a quem será atribuída a instrução, a defesa alega “não ter ilusões quanto aquele que seria (ou será) o desfecho de uma eventual instrução”. Os advogados consideram que, apesar do juiz de instrução ser conhecido como “um juiz das liberdades, no sentido de que é um garante das liberdades e garantias dos arguidos”, em Portugal, em alguns processos “isso é um mito”. Embora nunca referindo em concreto o nome de Carlos Alexandre, a defesa de Salgado considera que “existe uma elevada probabilidade de a fase da instrução ficar a cargo do senhor juiz de instrução criminal que acompanhou a fase do inquérito”. Na verdade há 50% de hipóteses de vir a ser este mesmo juiz a decidir esta fase processual. Já que o Tribunal Central de Instrução Criminal só tem dois magistrados: o referido e Ivo Rosa. Essa atribuição do processo será feita através de um sorteio que ocorrerá dentro de dias.

“Salvo o devido respeito, como é público e notório, neste como em outros processos que envolvem o arguido, o senhor juiz de instrução criminal limita-se a aderir e aceitar tudo o que é requerido pelo Ministério Público ou, como já sucedeu, a ir mais além do que o próprio Ministério Público em decisões prejudiciais ao arguido”, dizem os advogados. Mais: no requerimento enviado ao juiz, a defesa explica que “o arguido não pretende sujeitar-se ao risco de se submeter a este cenário”. E sublinha ainda que o arguido “pode e vai combater processualmente as teses do Ministério Público, mas não pode, nem quer, combater estados de alma de um modelo dogmático”.

Já a defesa de José Sócrates — a cargo de Pedro DeLille – não revela ainda o caminho que vai seguir. O prazo para pedir a instrução terminou ontem, a 3 de setembro, mas a lei permite ainda a extensão do prazo de três dias, caso os interessados paguem uma multa.

Segundo a versão do Ministério Público, entre 2001 e 2015, por Ricardo Salgado ter conseguido condicionar a gestão da PT aos seus interesses, “o grupo BES recebeu da PT, a título de pagamentos de serviços prestados, recebimento de dividendos e disponibilidade financeira por via da concentração no BES das aplicações de tesouraria, um valor superior a 8,4 mil milhões de euros”.

Também os arguidos Henrique Granadeiro, Zeinal Bava, antigos administradores da PT, Bárbara Vara, filha do antigo ministro socialista e ex-administrador da Caixa Geral de Depósitos Armando Vara, e Joaquim Barroca, administrador do Grupo Lena, e empresas do grupo Lena (Lena SGPS, LEC SGPS e LEC SA) solicitaram a abertura de instrução, segundo informação prestada pelo gabinete de imprensa da Procuradoria-Geral da República.

Armando Vara está acusado da prática de dois crimes de corrupção passiva, um de branqueamento de capitais e dois de fraude fiscal qualificada.

Carlos Santos Silva, empresário e amigo de longa data do ex-primeiro-ministro José Sócrates, também arguido na Operação Marquês, está por sua vez acusado por corrupção, branqueamento de capitais, fraude fiscal e falsificação de documentos.

Aguarda-se agora a decisão da defesa de José Sócrates.

 

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Dívidas em atraso dos hospitais voltam ao pico de 2017

Apesar das injeções de fundos, a acumulação de dívidas em atraso nos hospitais continua a aumentar após uma interrupção temporária, alerta Bruxelas. Professores podem pressionar contas públicas.

As dívidas em atraso no Estado continuam numa trajetória ascendente, apesar das várias injeções de fundos que vão sendo feitas ad hoc, alerta a Comissão Europeia na oitava avaliação do programa pós-programa de ajustamento.

No documento completo publicado esta terça-feira, Bruxelas diz claramente que a “recorrente acumulação de atrasos na dívida dos hospitais apenas foi temporariamente interrompida” por pagamentos ad hoc da dívida. A tendência é de aumentar o stock da dívida em atraso 50 milhões por mês, antecipa a Comissão usando o exemplo dos meses de maio e junho.

Bruxelas sublinha que as dívidas em atraso no Estado aumentaram cerca de 200 milhões de euros em 2017, sobretudo devido aos hospitais públicos, atingindo um valor global de 1,1 mil milhões de euros, apesar de uma injeção de fundos ad hoc de 400 milhões, em dezembro, nos hospitais do Estado. O relatório admite que “apesar da tendência de haver mais aumentos (200 milhões em fevereiro) poder ser temporariamente interrompida através da injeção de capital nos hospitais, que levou a uma descida das dívidas em atraso para 900 milhões em abril, foram registados aumentos adicionais de 50 milhões de euros por mês, tanto em maio como em junho. Assim, em junho de 2018, o nível de dívidas em atraso quase regressou ao pico de 1,1 mil milhões registado em junho de 2017, apesar do financiamento de 900 milhões de euros“.

Assim, a Comissão Europeia considera que “o controlo e planeamento orçamental e nos hospitais públicos continua a ser um desafio”. Um desafio que vai ser agravado pela pressão que o setor da saúde, em particular, exerce sobre a despesa tendo em conta a aplicação das 35 horas a todo o setor e o acesso à inovação.

Descongelamento das carreiras de professores pressionam contas públicas

Mas os alertas da Comissão não se ficam por aqui. No relatório completo com os resultados da missão, que esteve em Lisboa entre 4 e 12 de junho, as autoridades comunitárias chamam a atenção para “as pressões significativas” que o descongelamento das carreiras dos professores podem representar sobre as contas públicas. “As modalidades exatas do descongelamento de algumas carreiras específicas, em particular os professores, ainda estão em negociação, podem colocar alguma pressão significativa no custo global das medidas de descongelamento”, escreve a Comissão. De acordo com o Programa de Estabilidade, o descongelamento das carreiras da Função Pública deverão custar 0,2% do PIB tanto em 2018 como em 2019 e mais 0,1% do PIB em 2020, isto porque o descongelamento é feito de modo faseado: 25% em janeiro de 2018, 50% em setembro, 75% em maio de 2019 e 100% em dezembro de 2019.

Para 2019, a Comissão Europeia prevê um défice de 0,6% em 2019, partindo do princípio que não é introduzida nenhuma medida para o reduzir, ou seja, 0,4 pontos percentuais acima dos 0,2% previstos no Programa de Estabilidade do Executivo.

Cerca de metade da divergência está relacionada com pressões mais elevadas esperadas com o pagamento dos trabalhadores”, seja pelo descongelamento das carreiras, introdução das 35 horas, a contratação de mais funcionários públicos, a passagem de contratos temporários em permanentes. Já 0,1 pontos percentuais de diferença são explicados por receitas fiscais mais baixas nos impostos diretos, tendo em conta o cenário macroeconómico mais conservador da Comissão nas Previsões da Primavera, mas também porque o subsídio de Natal passou a ser pago na totalidade no final do ano, o que afeta a coleta mensalmente, mas também porque houve mudanças de calendário no que diz respeito ao IRC ou os reembolsos mais rápidos do IRS. Os outros 0,1 pontos percentuais são explicados por outras pressões sobre a despesa, pressões essas não totalmente identificadas.

A Comissão relembra a “importância de se aprofundar a consolidação orçamental para garantir uma diminuição sustentada do ainda muito elevado nível da dívida pública” e defende a prossecução de reformas de reformas estruturais. “Após ter caído em 4,2 pontos percentuais para 125,7% em 2017, o rácio da dívida bruta em percentagem do PIB deverá diminuir mais cerca de três pontos percentuais por ano em 2018 e 2019”, sustentam.

Bruxelas reconhece ainda que os riscos para as previsões de crescimento — 2,2% em 2018 e 2% em 2019, de acordo com as Previsões da Primavera — “aumentaram recentemente devido às incertezas relativamente ao ambiente externo, incluindo episódios de volatilidade no mercado obrigacionista europeu e o aumento do protecionismo a nível mundial“.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Ministério Público acusa SAD do Benfica e mais três arguidos no caso ‘e-toupeira’

  • Lusa
  • 4 Setembro 2018

Em causa estão os crimes de corrupção passiva, corrupção ativa, oferta ou recebimento indevido de vantagem, favorecimento pessoal e violação do segredo de Justiça.

O Ministério Público (MP) acusou dois funcionários judiciais, a SAD do Benfica e um seu colaborador de vários crimes, incluindo corrupção, favorecimento pessoal, peculato e falsidade informática, no caso “e-toupeira”.

Segundo informação disponibilizada esta quarta-feira no sítio na Internet da Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa (PGDL), o MP “requereu o julgamento em tribunal coletivo por factos apurados no âmbito do inquérito referente aos acessos ao sistema CITIUS”, conhecido por “e-toupeira”.

“A acusação foi deduzida contra quatro arguidos: dois funcionários judiciais (um deles observador de arbitragem), um colaborador de sociedade anónima desportiva e uma pessoa coletiva (sociedade anónima desportiva)”, adianta a PGDL.

Este processo envolve o assessor jurídico do Benfica, Paulo Gonçalves, que foi constituído arguido.

Em causa estão os crimes de corrupção passiva (e pena acessória de proibição do exercício de função), corrupção ativa e oferta ou recebimento indevido de vantagem (e na pena acessória relativa ao regime de responsabilidade penal por comportamentos suscetíveis de afetar a verdade, a lealdade e a correção da competição e do seu resultado na atividade desportiva). Favorecimento pessoal, violação do segredo de justiça, violação de segredo por funcionário, peculato, acesso indevido, violação do dever de sigilo e falsidade informática são os outros crimes imputados aos acusados.

Segundo a mesma nota, “ficou suficientemente indiciado que os arguidos com a qualidade de funcionários de justiça, pelo menos desde março de 2017, acederam a processos-crime pendentes no DIAP [Departamento de Investigação e Ação Penal] de Lisboa e do Porto e em outros tribunais, transmitindo as informações relevantes ao arguido colaborador da SAD, fazendo-o de acordo com a solicitação do mesmo e em benefício da mesma sociedade”.

“Tais processos tinham por objeto investigações da área do futebol ou de pessoas relacionadas com este meio, ou de clubes adversários, seus administradores ou colaboradores”, acrescenta a PGDL, salientando que as “pesquisas foram efetuadas fraudulentamente com a utilização de credenciais de terceiros, sem o seu conhecimento ou consentimento, por forma a obterem acessos encobertos, não detetáveis”.

Acresce que “tais informações foram obtidas ilicitamente tendo como contrapartida benefícios indevidos para os funcionários e vantagens ilícitas no interesse da respetiva SAD”.

“Tais condutas ocorreram, designadamente, durante as épocas desportivas 2016/2017 e 2017/2018”, lê-se na mesma nota, sustentando que, “com estes comportamentos, os arguidos puseram em risco a integridade do sistema informático da justiça, a probidade das funções públicas, os interesses da verdade e da lealdade desportiva e a integridade das investigações criminais”.

Um dos arguidos mantém-se em prisão preventiva, esclarece a PGDL.

Em 27 de agosto, a Procuradoria-Geral da República confirmou à Lusa ter constituído a SAD do Benfica como arguida no processo “e-toupeira”. No mesmo dia, o clube considerou esta decisão “ilegal e inconstitucional”, anunciando a sua impugnação.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Medina diz que reduzir preço dos passes é mais eficaz do que baixar combustíveis

  • Lusa
  • 4 Setembro 2018

A redução do preço dos transportes públicos para os utilizadores é uma medida mais eficaz e economicamente mais racional do que a redução do imposto sobre combustíveis, diz Medina.

O presidente da Câmara de Lisboa defendeu esta terça-feira que a proposta de redução dos preços dos transportes públicos “vem tarde”, recusando eleitoralismos a um ano das legislativas e defendendo-a como mais eficaz do que reduzir o imposto sobre combustíveis.

“Acabei de ser eleito. Com certeza não vim propor nenhuma medida eleitoralista para uma eleição que não existe. Acho que esta medida vem tarde”, disse o presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), Fernando Medina, à entrada para a cerimónia de entrega do Prémio António Champalimaud de Visão 2018, que hoje decorreu na Fundação Champalimaud, em Lisboa.

Acabei de ser eleito. Com certeza não vim propor nenhuma medida eleitoralista para uma eleição que não existe. Acho que esta medida vem tarde.

Fernando Medina

Presidente da CML

Medina disse que os custos da medida estão calculados e na posse do Governo, defendendo a redução do preço dos transportes públicos para os utilizadores como uma medida mais eficaz e economicamente mais racional do que a redução do imposto sobre combustíveis, já aprovada pelo Parlamento.

“Comparem esta medida com a diminuição do imposto sobre combustíveis. Acham que essa medida serviria alguém, chegaria ao bolso de alguém? Essa proposta é mais cara do que termos passes sociais em todo o país”, disse o presidente da CML.

Fernando Medina defendeu a “qualidade da medida”, rejeitando o discurso crítico em relação aos custos e sublinhando a sua importância para mudar “o paradigma da mobilidade” em Lisboa, substituindo o transporte individual pelo transporte público.

Comparem esta medida com a diminuição do imposto sobre combustíveis. Acham que essa medida serviria alguém, chegaria ao bolso de alguém? Essa proposta é mais cara do que termos passes sociais em todo o país.

Fernando Medina

Presidente da CML

“Na polémica toda há algo que ainda não ouvi ninguém dizer com razão e com propriedade: é que termos mais pessoas a andar de transporte público e apoiarmos mais é uma má ideia. Ainda não ouvi ninguém. Ouvi muito comentário lateral, muita ideia sobre como é que se paga”, disse.

Medina acrescentou que o financiamento da medida é uma questão que está ainda a ser trabalhada, assim como a sua previsão no Orçamento do Estado para 2019.

“Concentremo-nos no fundamental: a medida é boa ou é má? Acho que é uma excelente medida. Resolve o problema ambiental, resolve o problema da competitividade da economia do país, ajuda do ponto de vista da coesão social e da economia das famílias e vai resolver o problema do congestionamento de trânsito da cidade de Lisboa. Vamos em conjunto trabalhar para encontrar as formas de a financiar. Já sabemos todos que o seu financiamento é mais fácil e mais barato do que algumas medidas, que essas sim, não merecem, não têm sentido ser aprovadas e, portanto, não têm sentido ser aprovadas”, disse.

A ideia de transportes públicos mais baratos, nomeadamente na capital do país e no Porto, foi posta na ordem do dia pelo presidente da Câmara de Lisboa e presidente da Área Metropolitana de Lisboa, Fernando Medina.

Numa entrevista publicada no sábado pelo jornal Expresso, o socialista defendeu que os passes para circular dentro do concelho deveriam ter um teto máximo de 30 euros, valor que subiria para os 40 euros na área metropolitana. Hoje, o jornal Público escreve que o ministro do Ambiente, que tutela os transportes, está a acompanhar esta matéria, mas pretende que a medida seja alargada a todo o país.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

É cada vez mais difícil às famílias comprar casa. A culpa é do turismo, diz Bruxelas

Os preços das casas não param de subir. Primeiro foi uma correção, mas agora é fruto da pressão do turismo. Bruxelas diz que não há razão para alarme, mas pede monitorização.

De máximo em máximo. Tem sido assim, nos últimos tempos, a evolução dos preços das casas no mercado nacional. Primeiro houve uma correção dos mínimos no período da troika, mas rapidamente passou a assistir-se a uma escalada dos valores dos imóveis para habitação. Bruxelas associa os sucessivos aumentos ao boom do turismo que catapulta os valores nas zonas turísticas, mas também nas residenciais, alertando para a crescente dificuldade das famílias em conseguirem comprar imóvel para viver.

“Os preços das casas aumentaram 12,2% no primeiro trimestre deste ano, em termos homólogos, acelerando face aos 9,2% em 2017″, nota a Comissão Europeia na oitava avaliação pós-programa, notando que as transações cresceram 15,7% em volume e 25,7% em termos de valor.

Preços das casas continuam a acelerar

Fonte: INE

Para Bruxelas, a explicação para este movimento é simples: é o turismo. “A indústria do turismo e o investimento dos estrangeiros está a puxar pelos preços, em particular nas cidades de Lisboa e Porto onde a subida dos preços está bem acima da média”.

"[O boom turístico está] a puxar pelos preços não só nas zonas mais turísticas, mas também nos bairros residenciais, com impacto na capacidade de as famílias comprarem casa, particularmente as que têm menores rendimentos.”

Comissão Europeia

“O rápido aumento da utilização de plataformas de arrendamento de curta duração [como o Airbnb] e a expansão das rotas das companhias aéreas low cost” explicam o sucesso do turismo em Portugal, levando à subida dos preços nas zonas mais turísticas das duas maiores cidades do país, mas também noutras menos turísticas.

Este sucesso turístico tem um custo para as famílias portuguesas, num país em que a maioria compra (em vez de arrendar). O boom turístico está “a puxar pelos preços não só nas zonas mais turísticas, mas também nos bairros residenciais, com impacto na capacidade de as famílias comprarem casa, particularmente as que têm menores rendimentos”.

Subida dos preços vai abrandar. Mas não é já

A Comissão Europeia acredita que a subida dos preços das casas vai, “gradualmente, abrandar a médio prazo”. Porquê? “A recuperação da construção deverá adicionar oferta” no mercado imobiliário, mas “essa só será visível em 2019 já que muitos dos projetos ainda estão em carteira e não terão impacto imediato no mercado”.

Enquanto não chegam mais casas ao mercado, o preço dos imóveis deverá superar, novamente, o teto de 6% acima da inflação. “Será o terceiro ano consecutivo em que supera esse teto”, nota a Comissão Europeia.

"A dinâmica de preços exige uma monitorização mais apertada já que uma potencial correção teria impacto negativo na avaliação dos ativos da banca.”

Comissão Europeia

Neste sentido, e apesar de notar que a subida dos preços está a acontecer num contexto de quebra do crédito para a compra de casa (o saldo tem recuado, apesar do forte aumento na nova concessão de financiamento), Bruxelas diz que “a dinâmica de preços exige uma monitorização mais apertada já que uma potencial correção teria impacto negativo na avaliação dos ativos da banca”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Consolidação e reformas impõem-se apesar de situação “largamente favorável”

  • Lusa
  • 4 Setembro 2018

Bruxelas diz que foram feitos “alguns progressos nas reformas estruturais, particularmente no setor financeiro”, mas “é necessário continuar a implementar reformas promotoras de crescimento".

A Comissão Europeia reitera que a situação económico-financeira de Portugal continua “largamente favorável” no curto prazo, mas reforça a importância de o país prosseguir a consolidação orçamental e as reformas estruturais num contexto de crescente incerteza externa.

“Globalmente, o ajustamento económico de Portugal está a decorrer a um ritmo seguro. O endividamento do país está a diminuir e a posição orçamental está a melhorar, mas os níveis da dívida continuam altos e a tendência positiva tem de ser sustentada”, lê-se no relatório divulgado esta terça-feira na sequência da oitava missão de acompanhamento pós-programa, que decorreu entre 4 e 12 de junho passado, em Lisboa.

Segundo a Comissão Europeia (CE) e o Banco Central Europeu (BCE) – que regressam em novembro a Portugal para mais uma missão de acompanhamento – foram também feitos “alguns progressos nas reformas estruturais, particularmente no setor financeiro”, mas “é necessário continuar a implementar reformas promotoras de crescimento, de forma a melhorar as perspetivas de convergência da economia e a sua resistência a choques”.

No sumário executivo do relatório, Bruxelas refere as previsões de abrandamento do crescimento da economia portuguesa para os 2,2% em 2018 e 2,0% em 2019, face aos 2,7% de 2017, destacando o forte contributo do setor do turismo e da “recente recuperação” da construção para a evolução positiva do país.

"Globalmente, o ajustamento económico de Portugal está a decorrer a um ritmo seguro. O endividamento do país está a diminuir e a posição orçamental está a melhorar, mas os níveis da dívida continuam altos e a tendência positiva tem de ser sustentada.”

Comissão Europeia

“O mercado laboral deverá manter uma forte, embora mais baixa, taxa de recuperação, refletindo o significativo crescimento do emprego nos setores de mão-de-obra intensiva”, sustenta, advertindo contudo que os riscos externos aumentaram devido à crescente incerteza, nomeadamente com episódios de volatilidade nos mercados e com a ameaça global da escalada do protecionismo.

No que se refere às finanças públicas, a CE e o BCE apontam a “importância de se aprofundar a consolidação orçamental para garantir uma diminuição sustentada do ainda muito elevado nível da dívida pública”: “Após ter caído em 4,2 pontos percentuais para 125,7% em 2017, o rácio da dívida bruta em percentagem do PIB [Produto Interno Bruto] deverá diminuir mais cerca de três pontos percentuais por ano em 2018 e 2019”, sustentam.

Defendendo a “necessidade de prosseguir as reformas fiscais e estruturais”, Bruxelas especifica os casos da saúde (onde o défice é “recorrente”), do sistema de pensões (que apesar da “sustentabilidade assegurada no curto prazo” enfrenta “desafios demográficos adversos”) e da ainda “elevada dívida” e “rentabilidade negativa” das empresas públicas.

Relativamente ao sistema bancário português, a Comissão aponta “progressos significativos” nas folhas de balanço dos bancos, mas adverte que “permanecem algumas vulnerabilidades”: “O setor bancário no seu todo regressou aos lucros em 2017, depois de muitos anos de perdas, mas apesar deste progresso continua a apresentar baixos níveis de rentabilidade e elevados rácios de crédito malparado”, nota.

Segundo se lê no relatório, um “desafio crítico” enfrentado pelo setor bancário português é “manter o ritmo de redução das imparidades, que pesam negativamente na sua rentabilidade, financiamento e custos de capital”.

Quanto às reformas estruturais, Bruxelas reitera que “continuam a ser essenciais para impulsionar o crescimento potencial e melhorar a resistência do país a choques” externos.

E, alerta, “apesar das melhorias no mercado laboral e dos progressos na educação, os níveis de qualificação continuam baixos e têm um impacto negativo na produtividade”, enquanto “a segmentação do mercado de trabalho também continua a ser uma preocupação, já que os níveis de trabalho temporário continuam elevados”.

Apesar das iniciativas legislativas do Governo português para “responder às principais debilidades do mercado de alojamento”, a Comissão Europeia aponta como “desafio” manter “o devido equilíbrio entre a proteção dos senhorios e a promoção da eficiência do mercado imobiliário”.

No que se refere à simplificação administrativa, Bruxelas considera que, apesar das medidas implementadas para promover a eficiência, “o ambiente económico ainda é negativamente afetado por barreiras existentes à competição nos serviços, particularmente nas profissões reguladas”, tendo a autoridade da concorrência e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) “proposto recentemente várias reformas nesta área”.

Ainda referida no relatório é a “sólida” capacidade de financiamento da dívida soberana portuguesa, apesar de a evolução das ‘yields’ continuar “muito vulnerável face às condições financeiras do mercado”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

EDP avança para tribunal para contestar parcela final a receber de CMEC

  • Lusa
  • 4 Setembro 2018

A empresa energética vai contestar judicialmente o valor da revisibilidade final dos Custos para a Manutenção do Equilíbrio Contratual (CMEC) no valor de 154 milhões de euros.

A Energias de Portugal (EDP) vai contestar judicialmente o valor da revisibilidade final dos Custos para a Manutenção do Equilíbrio Contratual (CMEC) no valor de 154 milhões de euros, menos 102 milhões do que o apurado pela elétrica liderada por António Mexia.

Fonte oficial da elétrica justifica a decisão, garantindo que “o cálculo do preço a que foram estimadas as receitas futuras das centrais CMEC não obedece à metodologia estabelecida legalmente, tal como a EDP tem vindo a defender desde que o valor foi apurado”.

Além disso, refere o grupo, “não foi considerada a recuperação dos custos incorridos por estas centrais com a tarifa social e a CESE [Contribuição Especial do Setor Energético], ao contrário do que a lei e os contratos preveem. A EDP já tem, aliás, vindo a contestar a não consideração destes valores nas revisibilidades anuais desde 2011“.

A EDP salienta ainda que “permanece empenhada em procurar as melhores soluções para o setor energético, sem prejuízo da defesa dos seus direitos”. Esta ação administrativa decorre no Tribunal Administrativo do Círculo de Lisboa, sendo que o requerido é o Ministério da Economia.

Em causa está um diferendo que se vem arrastando há vários meses entre a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) e o grupo de trabalho constituído pela REN – Redes Energéticas Nacionais e pela EDP Produção. A primeira entidade chegou a um valor de 154,1 milhões de euros a serem pagos pela parcela final dos CMEC (2017-2027), ou seja, menos 102 milhões de euros do que pediam as duas empresas. Em abril, o Governo homologou as contas da ERSE, dando na prática “luz verde” ao montante apurado pelo regulador.

Os CMEC são uma compensação relativa à cessação antecipada dos CAE, o que aconteceu na sequência da transposição de legislação europeia no final de 2004, tendo depois sido revistos em 2007. Ainda assim, mantiveram-se dois CAE – Turbogás e Tejo Energia -, que são geridos pela REN Trading.

São atualmente abrangidos pelo regime dos CMEC 16 centrais hídricas da EDP, cujos contratos terminarão faseadamente até 2027 (Alto Lindoso, Touvedo, Venda Nova, Vilarinho das Furnas, Pocinho, Valeira, Vilar-Tabuaço, Régua, Carrapatelo, Torrão, Crestuma-Lever, Caldeirão, Aguieira, Raiva, Pracana, Fratel).

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Se não houver aumentos salariais, Função Pública avança para greve

  • ECO
  • 4 Setembro 2018

A FESAP propõe aumentos salariais de 3,5% já para o próximo ano. No entanto, a entidade disposta a negociar o valor com o Governo. 

A Federação de Sindicatos de Administração Pública (FESAP) ameaçou esta terça-feira avançar para uma greve, a realizar-se ainda este ano, caso o Governo não apresente qualquer proposta de aumentos salariais, afirmou em conferência de imprensa. Do lado da FESAP, estão em causa aumentos salariais de 3,5% no próximo ano, no entanto a entidade disposta a negociar o valor com o Governo.

“Só precisamos que o Governo nos diga que em 2019 vai aumentar salários na Função Pública”, afirmou o secretário-geral da FESAP, José Abraão, em conferência de imprensa citada pelo Jornal de Negócios. “É evidente que, se as propostas não merecerem acolhimento, temos a luta e a greve como as últimas armas a usar”, acrescentou.

Esta quarta-feira, a FESAP, tal como as outras duas estruturas sindicais da função pública, vão estar no Ministério das Finanças para a primeira reunião sobre o Orçamento do Estado. É esperada já alguma indicação sobre o rumo dos salários em 2019, uma vez que as estruturas sindicais não abdicam de negociar a atualização das remunerações e das carreiras antes do Orçamento do Estado ficar fechado.

A estrutura da UGT admite que as negociações possam ser feitas em termos plurianuais, de forma idêntica ao que acontece com os aumentos das pensões, que estão associados a indicadores económicos e, também, “à semelhança do que fizeram os colegas espanhóis e na Alemanha”.

Quanto aos aumentos faseados em diferentes momentos do próximo ano, a FESAP rejeita essa proposta, que foi apresentada pelo Bloco de Esquerda.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Rui Rio acusa Governo de usar passes sociais para beneficiar do “efeito eleitoral brutal”

  • Lusa
  • 4 Setembro 2018

O presidente do PSD criticou a intenção do Governo de financiar os passes sociais nos transportes públicos, considerando que se trata de uma "medida avulsa".

O presidente do PSD criticou esta terça-feira a intenção do Governo de financiar os passes sociais nos transportes públicos, que considerou uma “medida avulsa”, e acusou o executivo de ter em vista o “efeito eleitoral brutal” daquela iniciativa.

Em declarações aos jornalistas na sede do PSD no Porto, Rui Rio declarou que a questão tem de ser resolvida de uma “forma estruturada”, através da Lei de Finanças Locais, e que a descentralização é o meio de resolver o problema.

“Isto é completamente avulso e não é forma de se resolver o problema. É forma de atenuar o problema. E é atenuar o problema se for igual para o país todo, se for apenas para Lisboa e Porto não é minimamente justo“, afirmou Rui Rio.

Para o líder social-democrata, esta é uma “forma de fazer as coisas bem à portuguesa, tentar remediar, e uma forma bem à medida do Partido Socialista”.

“Temos eleições em 2019, já agora deixa distribuir isto rapidamente, de preferência onde estão os votos, que é nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto”, argumentou, antevendo que a medida em causa terá efeitos nas eleições legislativas de 2019.

“Tem um efeito eleitoral brutal. Portanto, não há que fazer isto direito, há que fazer de qualquer maneira para que esse objetivo seja conseguido”, acusou Rui Rio.

Questionado diretamente se esta questão fazia antever um orçamento eleitoralista, Rio não disse que sim, nem que não: “Têm-se ouvido muitas críticas dizendo que vem aí um orçamento eleitoralista. Ainda não me ouviram dizer isso, eu não conheço o orçamento. Quero acreditar, principalmente pela força que Bruxelas tem nas contas nacionais, que por muito que queiram, não vão conseguir fazer grande coisa”, previu.

“Mas há sempre opções de despesa. Eu posso fazer uma despesa mais simpática e mais de curto prazo ou posso fazer uma mais responsável tendo em vista mais o longo prazo, e é aí que vamos medir o eleitoralismo ou não”, alertou.

Quanto à solução para o preço dos transportes públicos, que Rio admitiu serem elevados, aquela passa por uma remodelação da atribuição de competências: “A gestão deve ser atribuída e depois o modelo de financiamento de acordo com aquilo que são as competências que os municípios em Portugal devem ter e, depois de a Lei das Finanças Locais deixar de tratar de forma igual aquilo que é diferente, porque ela hoje é igual para o pais todo, não já problema nenhum”, referiu.

A ideia de transportes públicos mais baratos, nomeadamente na capital do país e no Porto, foi posta na ordem do dia pelo presidente da Câmara de Lisboa e presidente da Área Metropolitana de Lisboa, Fernando Medina.

Numa entrevista publicada no sábado pelo jornal Expresso, o socialista defendeu que os passes para circular dentro do concelho deveriam ter um teto máximo de 30 euros, valor que subiria para os 40 euros na área metropolitana.

Esta terça-feira, o jornal Público escreve que o ministro do Ambiente, que tutela os transportes, está a acompanhar esta matéria mas pretende que a medida seja alargada a todo o país.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.