Tomás Correia não acredita numa condenação do Banco de Portugal e quer cumprir mandato até ao fim
Tomás Correia é oficialmente presidente da Associação Mutualista Montepio e espera ocupar essa cadeira até ao final dos três anos de mandato.
No dia em que toma posse como presidente da Associação Mutualista Montepio, Tomás Correia não acredita, “minimamente, que haja alguma condenação” no âmbito dos processos em curso no Banco de Portugal (BdP) e está convicto que vai cumprir o mandato até ao fim.
Em conversa com os jornalistas, Tomás Correia sublinhou que a instituição vai entrar num novo ciclo e quando questionado sobre os vários processos que está a ser alvo por parte do Ministério Público e do BdP disse não acreditar na possibilidade de vir a receber algum tipo de condenação por parte do BdP, tendo em vista os processos que estão atualmente em curso: “Não acredito minimamente que haja qualquer condenação, logo esse problema não se põe”. “A única coisa que posso dizer é que não tenho nenhuma intranquilidade em relação a isso”, disse, acrescentando que não acredita que haja elementos que possam aplicar-lhe alguma condenação.
O novo mandato de Tomás Correia, o quarto à frente da Associação Mutualista, está envolto em várias polémicas tendo em conta as regras mais restritas do novo código das mutualistas para conceder a idoneidade dos titulares dos órgãos associativos durante todo o período de exercício do mandato, mas também porque o gestor está a ser investigado em vários processos judiciais e no Banco de Portugal.
Questionado ainda sobre a decisão da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) em criar um grupo de trabalho para preparar a forma como irá dispor dos novos poderes de monitorização das associações mutualistas, Tomás Correia disse que não foi notificado nesse aspeto e que a iniciativa terá de ser do supervisor. “Não estamos preocupados com isso nem temos qualquer preocupação em falar com a ASF para saber se eles têm”, disse.
Já sobre a escolha de João Ermida para chairman do Banco Montepio — o nome proposto para presidente do conselho de administração depois de Álvaro Nascimento não ter tido luz verde do acionista –, Tomás Correia referiu-se ao antigo quadro do Citibank Portugal e do grupo Santander como uma pessoa com condições pessoais e profissionais para assumir essa responsabilidade. “É um grande profissional da banca e será [chairman] se o BdP não puser entraves”. Sobre as notícias que foram adiantadas de que esta escolha poderia estar a causar tensões entre o banco e a Associação, dado que João Ermida foi sócio de António Godinho, que também se candidatou à presidência da Mutualista, Tomás Correia garantiu que essa é “uma história que não está bem contada”.
Tomás Correia admite eleições para assembleia de representantes
Apesar da entrada em vigor do novo código das mutualistas, Tomás Correia não vê necessidade de que os estatutos alterem os poderes atuais, mas admite provavelmente haverá eleições para escolher a nova assembleia de representantes.
Mesa da assembleia geral, conselho fiscal, conselho de administração e assembleia de representantes são órgãos obrigatórios. Já o conselho geral é facultativo. Por isso, Tomás Correia diz que a associação vai ter de se dotar de uma assembleia de representantes. “Coloca-se a necessidade de termos uma e para isso podemos ter provavelmente eleições”, disse.
“Não vejo que os estatutos tenham necessidade de alterar o que são os poderes” destes órgãos. “Estes órgãos estão eleitos para um mandato de três anos e não vejo necessidade de se alterarem os mandatos em cursos para estes órgãos sociais”, acrescentou Tomás Correia. “Claro que a assembleia pode vir a decidir assim mas, pessoalmente, não vejo necessidade que se faça qualquer alteração“, precisou.
O responsável explicou que a assembleia-geral elegerá uma comissão de revisão e que qualquer associado pode propor uma. Em geral, a administração tem sempre uma posição e Tomás Correia disse que, na próxima assembleia geral, em março, será feita a proposta. “Havendo assembleia de representantes não vejo necessidade de haver órgão de revisão”, explicou, precisando que será “a assembleia geral que estabelecerá questões relativas a género”.
Um novo ciclo
“Vamos ter um ciclo novo na Associação Mutualista Montepio e no Grupo Montepio. Este último ciclo de dez anos foi muito difícil, tivemos de vencer determinados desafios. Se puder resumir numa frase tudo o que fizemos ou que fomos capazes de fazer diria: a capacidade de antecipar os problemas e de encontrar soluções para os resolver”, começou por dizer Tomás Correia, em conversa com os jornalistas, ressalvando que este será um mandato de três anos, que pensa “cumprir integralmente”.
“Estamos preparados para um novo ciclo que esperamos que seja de crescimento aliado com desejos do país e cidadãos”, continuou. “O próximo ciclo assentará num grupo mais coeso, mais atento do ponto de vista dos mutualistas e das necessidades modernas das pessoas. Vamos encontrar soluções para todos os problemas. É preciso desenvolver produtos e parcerias que vão ao encontro disso”.
Este será um “projeto de grande ambição e alcance”, não apenas para o Grupo Montepio mas, sobretudo, para o país, sublinhou. “Pensamos muito no que podemos fazer para melhorar a situação do país. Queremos crescer do ponto de vista associativo e trabalhar para que a economia social seja mais capaz de ir ao encontro das pessoas”.
Os negócios da mutualista
Sobre a venda da Lusitânia aos chineses da CEFC Energy Company Limited, Tomás Correia explicou que “o que esteve em cima da mesa foi o desenvolvimento de uma parceria”. “Que nos agradava muito, porque implicava desenvolvimentos em Macau e Hong Kong”, justificou o responsável. “E isso iria permitir desenvolver a atividade seguradora”, acrescenta. Mas essa operação “nem sequer chegou a ser discutida em Conselho Geral” porque “deixou de haver interesse” da parte da Associação Mutualista, frisou.
Para o futuro, o novo presidente quer começar a libertar imparidades. “Obviamente que não serão libertadas todas de uma vez, mas serão libertadas à medida que o cálculo das imparidades o permita. Lá para 2022 teremos recuperado todas essas imparidades“, disse, em declarações aos jornalistas, rematando que os resultados de 2018 serão positivos.
Além disso, vai também entrar no mercado imobiliário: “Nesses terrenos vamos desenvolver, sobretudo, projetos para a cidade e que sejam dignos para a sociedade em termos patrimoniais. Que nós colocaremos no mercado de arrendamento não especulativo e, mais uma vez, ao serviço das pessoas e procurando ajudar a que o país seja mais justo e onde as pessoas possam encontrar soluções para os seus problemas, neste caso de habitação, alinhados com aquilo que são as suas possibilidades e com a dignidade que merecem”, disse, durante a tomada de posse.
Projetos esses que vão avançar já este ano, assegurou. “Temos num conjunto de cidades do país que viemos a adquirir nos últimos tempos. Esses projetos vão avançar já este ano. No Porto já temos um projeto de loteamento fechado, em Lisboa vamos começar a trabalhar rapidamente, vamos construir 35 mil metros na Praça de Espanha”.
Referindo-se às notícias que têm saído na comunicação social Tomás Correia explicou que se tratam de “narrativas que, excecionalmente, tinham alguma aderência com a própria realidade” e estavam mais relacionadas com interesses dentro da própria instituição.
(Notícia atualizada às 19h07 com mais informação)
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