Ministério Público quer mais pormenores sobre relação de secretário de Estado com EDP e GES

  • ECO
  • 23 Maio 2019

Ministério Público enviou lista com 46 perguntas ao secretário de Estado da Economia para apurar natureza da relação deste com a EDP e Grupo Espírito Santo. João Neves foi chefe de gabinete de Pinho.

O Ministério Público enviou 46 perguntas ao secretário de Estado da Economia, João Correia Neves, para tentar perceber a natureza da relação deste com os fatos que estão a ser investigados no caso EDP, de acordo com o Correio da Manhã (acesso pago). Correia Neves foi chefe de gabinete de Manuel Pinho entre 2005 e 2007.

Entre os pontos que a Justiça procura esclarecer junto do atual secretário de Estado, encontram-se questões como se este teria conhecimento dos pagamentos que o Grupo Espírito Santo terá feito a Manuel Pinho ou se estava a par da proximidade entre o presidente da EDP, António Mexia, e o então ministro da Economia, ou se teve conhecimento da influência da EDP no processo legislativo sobre o setor elétrico.

Nas 46 perguntas encontram-se sobretudo dúvidas relacionadas com os pagamentos e favores em investigação pela Justiça. Saberia Correia de Neves que Ricardo Salgado chegou a acordo com Manuel Pinho para o BES lhe pagar uma reforma de 61 mil euros mensais? E que o ex-ministro recebia uma avença mensal do BES de 15 mil euros? Ou que o BES terá pago 500 mil euros a Pinho assim que ele tomou posse? Estas são algumas das questões detalhadas pelo Correio da Manhã.

As perguntas do MP ao secretário de Estado terão chegado ao Ministério da Economia na última sexta-feira, versando também sobre pontos aparentemente mais prosaicos, questionando por exemplo por que razão saiu Correia Neves decidiu abandonar o gabinete de Pinho, mas também se António Mexia foi mesmo padrinho de batismo de uma filha de Pinho e se o responsável teve conhecimento de jantares ou almoços tripartidos entre Pinho, Mexia e Salgado.

O próximo dia 18 de junho é a data limite para os procuradores concluírem o inquérito ao caso EDP, recorda o diário.

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Guerra comercial pressiona Europa. Lisboa também cede

Depois de uma sessão em que as ações asiáticas caíram para mínimos de quatro meses, as bolsas europeias abriram com quedas de quase 1%. Banca e petróleo pesam na praça portuguesa.

A bolsa de Lisboa está cair pela segunda sessão consecutiva, acompanhando a tendência das congéneres europeias. Os mercados bolsistas estão, desta forma, a seguir a tendência registada esta quinta-feira nas ações asiáticas, que cederam para mínimos de quatro meses face à preocupação de que a guerra comercial venha a transformar-se numa guerra fria pela tecnologia.

Enquanto o Stoxx 600 cai 0,8%, o PSI-20 derrapa 0,8%, para 5.069,5 pontos. A generalidade das cotadas no principal índice nacional estão no vermelho, com a Mota-Engil a liderar as perdas perante um recuo de 2,51% no valor das ações da construtora, para 2,10 euros.

Mas são os setores da banca e do petróleo os que mais pesam em Lisboa, com o BCP a cair 0,76%, para 24,90 cêntimos, e a Galp Energia a deslizar 1,39%, para 14,185 euros cada título. O desempenho da petrolífera portuguesa reflete o fraco desempenho do petróleo nos mercados internacionais, com o Brent, referência para as importações portuguesas, a desvalorizar 0,93%, para 70,33 dólares o barril.

Em sentido inverso, a EDP está a travar as perdas, somando 0,24%, para 3,277 euros. Só é acompanhada nos ganhos pela Corticeira Amorim, que regista uma ligeira subida de 0,19%, para 10,66 euros.

Os investidores estão cada vez mais receosos de que a guerra comercial entre EUA e China se adense ainda mais. O imbróglio já era complicado que bastasse, mas a decisão de Donald Trump de pôr a Huawei na lista negra das exportações colocou o conglomerado chinês numa posição débil. Nos últimos dias, várias têm sido as empresas a cortarem laços com a tecnológica, espoletando receios adicionais de uma guerra tecnológica entre as duas maiores economias do mundo.

(Notícia atualizada pela última vez às 8h26)

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Hoje nas notícias: Pré-reformas, Berardo e swaps

  • ECO
  • 23 Maio 2019

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

O atual secretário de Estado da Economia está na mira da Justiça, que lhe enviou dezenas de perguntas sobre indícios relacionados com a investigação ao caso EDP. Na Função Pública, o Governo continua sem aprovar qualquer pedido de pré-reforma na Educação. E lembra-se do caso dos swaps? Foi arquivado pelo Ministério Público.

230 professores pediram pré-reforma, mas nenhum teve luz verde

Desde que entrou em vigor o decreto que veio regulamentar a pré-reforma com suspensão da prestação de trabalho, em fevereiro, um total de 230 docentes pediram a pré-reforma, mas, até ao momento, nenhum recebeu qualquer resposta positiva e nem Ministério da Educação, nem Ministério das Finanças se comprometem com prazos para responder a estes pedidos. Da Educação, apenas referem “que os pedidos de pré-reforma” estão em análise, e das Finanças sublinha-se que os pedidos serão analisados “em função do interesse público” e que não estão previstos inventivos a este mecanismo. Leia a notícia completa no Público (acesso pago).

Secretário de Estado na mira da Justiça por causa de Manuel Pinho

O atual secretário de Estado da Economia, João Correia Neves, que foi chefe de gabinete do ex-ministro Manuel Pinho entre 2005 e 2017, foi alvo de 46 perguntas endereçadas pelo Ministério Público acerca de indícios que estão a ser investigados no caso EDP. Os procuradores querem saber se Correia Neves sabia dos alegados pagamentos do Grupo Espírito Santo ao ex-ministro do Governo de José Sócrates. Leia a notícia completa no Correio da Manhã (acesso condicionado).

Lisboa e Funchal não se entendem sobre quem fiscaliza Fundação Berardo

Lisboa e Funchal não se entendem sobre quem tem a responsabilidade de fiscalizar a Fundação Berardo, onde “estão” as polémicas dívidas milionárias à banca. No continente, a visão da Presidência do Conselho de Ministros é que cabe ao Funchal as competências para “fiscalizar a atuação da Fundação” por ter sido na Madeira que a instituição de Joe Berardo foi reconhecida como IPSS. Já a Secretaria Regional dos Assuntos Sociais garante que o executivo madeirense nunca “fez quaisquer ações de inspeção ou fiscalizações” e que isso “é uma competência legal atribuída ao primeiro-ministro”. Leia a notícia completa na TSF (acesso livre).

Ministério Público arquivou caso dos swaps

O Ministério Público arquivou o caso dos swaps este mês. O processo remonta a 2013. Em plena crise financeira, descobriu-se que algumas empresas públicas como a Carris, o Metro de Lisboa, a Refer e o Metro do Porto tinham contratado com alguns bancos, anos antes, um tipo de contrato arriscado, chamado swaps, para prevenir um aumento das taxas de juro.

Os negócios foram ruinosos para o erário público, porque o que aconteceu foi exatamente o oposto. O processo foi aberto por denúncia do Governo de Pedro Passos Coelho, mas foi arquivado por não terem sido encontrados indícios de crime — apenas de falta de prudência. Leia a notícia completa na Sábado (acesso condicionado).

PS quer aprovar já o direito a desligar do trabalho. Mas o PSD tem dúvidas

Os socialistas tencionam aprovar, ainda nesta legislatura, uma lei que garanta o direito aos trabalhadores poderem desligar do trabalho no que diz respeito aos telemóveis e aos computadores. Só não é certo é que haja condições políticas para o fazer, porque a proposta não reúne as condições necessárias para merecer o apoio da esquerda e o PSD tem dúvidas de que seja possível uma aprovação até meados de julho.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago).

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230 professores pediram pré-reforma, mas nenhum teve luz verde

  • ECO
  • 23 Maio 2019

Educação admite que existam mais pedidos e não se compromete com prazos. Finanças lembram que autorizações dependem do "interesse público". Sindicatos dizem que lei foi criada para não ser aplicada.

Desde que entrou em vigor o decreto que veio regulamentar a pré-reforma com suspensão da prestação de trabalho, em fevereiro, um total de 230 docentes pediram a pré-reforma, mas, até ao momento, nenhum recebeu qualquer resposta positiva, noticia esta quinta-feira o Público (acesso condicionado). De acordo com o diário, nem a Educação, nem as Finanças, se comprometem com prazos para dar resposta a estes pedidos.

Contactados ambos os ministérios, da Educação apenas referem “que os pedidos de pré-reforma” estão em análise, e do lado das Finanças sublinha-se que os pedidos serão analisados “em função do interesse público” e que não estão previstos inventivos a este mecanismo. Mas do lado da Educação, admite-se que podem haver ainda mais casos de docentes a pedir a pré-reforma e ainda sem resposta.

“Há registo de 230 pedidos de pré-reforma de docentes apresentados à Direção-Geral de Administração Escolar (DGAE), até agora”, respondeu fonte oficial da tutela ao Público, lembrando que podem existir pedidos nas escolas que ainda não foram entregues à DGAE.

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A pré-reforma com suspensão da prestação de trabalho na Função Pública está prevista na lei desde 2009, mas apenas foi regulamentada este ano, tendo os professores sido a classe profissional que mais se mostrou interessada em recorrer. Segundo o decreto aprovado em fevereiro, os funcionários públicos com 55 ou mais anos podem pedir a pré-reforma com suspensão da prestação de trabalho, desde que cheguem a acordo com o empregador e consigam uma autorização das Finanças. No caso em que a pré-reforma avança, a prestação associada não pode ser superior à remuneração-base do visado, nem inferior a 25% da mesma.

É a exigência de uma autorização obrigatória das Finanças o que leva o ministério de Mário Centeno, agora, a levantar a bandeira do “interesse público” nas respostas ao Público. “O processo de pré-reforma constitui um instrumento de gestão de recursos humanos devendo os pedidos ser apreciados em função do interesse público subjacente a cada pedido, ou tipologia de pedidos, não estando previsto no programa do Governo nenhum mecanismo de incentivo à pré-reforma.”

Já do lado dos sindicatos, a Fesap (Federação de Sindicatos da Administração Pública) disse ao Público que apesar de, em teoria, este tipo de pré-reforma ter sido disponibilizado, na prática, “esta foi uma daquelas medidas que se tomaram para não aplicar”. José Abraão, secretário-geral, assegurou mesmo que “o que está a acontecer é que os processos ficam na gaveta”. Já Ana Avoila, da Frente Comum, duvida que o Governo venha a aprovar algum destes processos. “Ninguém consegue aplicar aquele diploma, porque faltam critérios para chegar ao valor das compensações”, disse.

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Fabricante de cosméticos Natura anuncia compra da Avon

  • Lusa
  • 23 Maio 2019

Fundada em 1969 na pequena cidade de Cajamar, nos arredores de São Paulo, a Natura compra a rival americana por 3,3 mil milhões de euros e cria o quarto maior grupo de produtos de beleza do mundo.

A fabricante de cosméticos brasileira Natura anunciou esta quinta-feira a compra da Avon Produtcs, num negócio sobre a totalidade do capital avaliado em cerca de 3,7 mil milhões de dólares (3,3 mil milhões de euros).

Esta aquisição vai criar o quarto maior grupo de produtos de beleza do mundo, com os acionistas de ambas as empresas a terem ainda de aprovar o acordo.

A Natura explicou que será criada uma ‘holding’, com 76% das ações a ficarem para os atuais acionistas da Natura e 24% para os da Avon. A Natura espera concluir o negócio no início de 2020.

Fundada em 1969 na pequena cidade de Cajamar, nos arredores de São Paulo, a Natura afirmou que a compra da rival americana se enquadra no objetivo de construir uma marca com alcance global.

A Natura referiu que a fusão das duas empresas vai permitir uma faturação bruta anual acima de 10 mil milhões de dólares (nove mil milhões de euros) e empregar cerca de 40 mil pessoas em 100 países.

“A Natura está a dar um passo decisivo para construir um grupo global e multimarca. Juntos, vamos melhorar a nossa crescente capacidade digital e a nossa rede de representantes”, afirmou Roberto Marques, presidente da empresa brasileira.

O presidente executivo da Avon, Jan Zijderveld, declarou que o acordo marca um novo capítulo nos 130 anos de história da empresa.

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Huawei assegura que cooperação com Panasonic não foi afetada

  • Lusa
  • 23 Maio 2019

Um porta-voz da gigante nipónica Panasonic tinha anunciado esta manhã a suspensão de todas as transações com o grupo Huawei. A marca chinesa desmente a informação.

O gigante chinês de telecomunicações Huawei assegurou esta quinta-feira que a sua cooperação com a Panasonic não foi afetada pelas restrições norte-americanas, rejeitando assim a suspensão de negócios noticiada esta manhã.

“A Panasonic é um importante parceiro de cooperação para a Huawei e ambas as partes trabalham juntas em muitas áreas”, declarou a empresa chinesa de tecnologia, num comunicado em que rejeita as declarações de um porta-voz da Panasonic citadas no jornal Nikkei.

Horas antes, um porta-voz da gigante nipónica havia anunciado a suspensão de todas as transações com o grupo Huawei, colocado na lista negra de Washington sob acusações de contribuir para atividades de espionagem de Pequim.

O Presidente norte-americano, Donald Trump, decidiu na semana passada proibir as exportações de produtos tecnológicos norte-americanos para determinadas empresas consideradas de “risco”, tendo em vista a Huawei.

Como consequência imediata do anúncio de Washington, a Google anunciou no domingo que iria romper com a Huawei, quando o grupo chinês depende do gigante norte-americano da internet para o sistema Android, instalado na maioria dos ‘smartphones’ no mundo.

Sem o Android, a Huawei arrisca-se a não conseguir convencer os clientes a comprarem os telefones da marca sem aplicações Gmail (correio), Maps (cartografia) ou YouTube (plataforma de vídeos), apenas algumas das mais conhecidas.

Perante a inquietação dos utilizadores e das empresas norte-americanas, os Estados Unidos concordaram em fazer um adiamento de 90 dias antes de imporem sanções para que a Huawei e os seus parceiros se adaptem.

Presente em 170 países, a Huawei é suspeita de espiar para Pequim, que terá contribuído largamente para a expansão internacional da empresa chinesa.

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Soflusa em greve. Trabalhadores pedem contratação de mais profissionais

  • Lusa e ECO
  • 23 Maio 2019

Mestres da Soflusa fazem quinta e sexta-fera greve parcial de três horas por turno e greve às horas extraordinárias. Barreiro anunciou o aumento das ligações rodoviárias dos transportes público.

Os mestres da Soflusa, empresa responsável pelas ligações fluviais entre Barreiro e Lisboa, iniciam esta quinta-feira uma greve parcial, de três horas por turno, pela contratação de novos profissionais, que se prolonga até sexta-feira e implicará perturbações no serviço.

Os mestres da empresa começam também hoje uma greve às horas extraordinárias, que se deve prolongar até final do ano, devido à “falta de profissionais”.

Na sua página na internet, a Soflusa informou que, nestes dois dias, o transporte a partir do Barreiro apenas será assegurado entre as 00h05 e a 01h30, às 05h05, entre as 09h30 e as 17h45 e das 22h00 às 23h30.

Segundo Carlos Costa, da Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans), todos os mestres da Soflusa aderiram de manhã à paralisação parcial de três horas por turno, ou seja, 21 trabalhadores. Entre as 05h05 e as 09h30 foram suprimidas todas as ligações entre o Barreiro e Lisboa, contudo, segundo o sindicalista o ambiente manteve-se tranquilo e “não existiu qualquer conflito” com os passageiros. Uma informação que foi confirmada oficialmente pela empresa à Lusa. “Foram suprimidas 40 carreiras”, o que corresponde a uma adesão de 100%, revelou a empresa.

Em 10 de maio, as ligações fluviais entre o Barreiro e Lisboa começaram a ser suprimidas pela falta de mestres, o que levou a empresa a anunciar, quatro dias depois, não conseguir prever quando iria repor o serviço.

Na quarta-feira, o município do Barreiro anunciou o aumento das ligações rodoviárias dos transportes públicos à estação ferroviária devido à greve.

“A Câmara Municipal do Barreiro vai reforçar os transportes públicos no concelho nesta quinta-feira e sexta-feira devido à redução de oferta de transporte fluvial anunciada pela Soflusa, através do aumento das ligações com a estação ferroviária de Coina”, refere a autarquia do distrito de Setúbal em comunicado, adiantando que “os Transportes Coletivos do Barreiro vão reforçar os seus serviços entre as 06:15 e as 09:00 e entre as 18:20 e as 20:50, através da introdução temporária de 25 novas carreiras”.

Negociações vão ser reabertas

Na quarta-feira, depois de uma reunião entre os sindicatos e o secretário de Estado Adjunto e da Mobilidade, José Mendes, a Fectrans anunciou que as negociações na empresa vão ser reabertas, contudo, não foi o suficiente para pôr termo à greve.

“As negociações não foram reabertas para a questão específica. Houve uma reabertura, uma espécie de pré-conclusão sobre o que já se tinha acordado sobre o regulamento de carreiras, mas sobre a questão específica dos mestres, não. Não foi falada qualquer coisa”, revelou Carlos Costa.

No âmbito da reunião entre o secretário de Estado e os sindicatos dos trabalhadores, foram abordadas as matérias laborais transversais à empresa e as matérias que são objeto do pré-aviso de greve dos mestres da Soflusa, o que resultou num acordo em relação a três matérias, designadamente regulamento de carreiras, negociações salariais e contratação de pessoal.

Relativamente à contratação de pessoal, o governante deixou a promessa de “reforçar os recursos humanos na Soflusa, portanto na área marítima, de forma a contratar até seis novos recursos”, a que acrescem os quatro contratados recentemente e que deram origem à abertura de um concurso interno para quatro mestres para os navios que asseguram o transporte fluvial entre Barreiro e Lisboa.

Apesar desta promessa, o sindicalista referiu que “a valorização da categoria de mestre não foi falada”.

(Notícia atualizada às 14h04 com com a reação da empresa)

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Raize quer as suas poupanças. Mas dá taxas competitivas?

A Raize negociou com o Banco Português de Gestão depósitos dos seis meses aos três anos. Os juros chegam a 1,25%. Há melhores ofertas no mercado?

Numa altura em que as remunerações oferecidas pelos depósitos a prazo estão nas “ruas da amargura”, a Raize já deu o pontapé de saída para o seu marketplace de depósitos a prazo, com o objetivo de garantir remunerações mais atrativas para os clientes da banca. A partir desta quarta-feira, a fintech está a distribuir quatro depósitos a prazo, que oferecem remunerações que vão de um mínimo de 0,5% a um máximo de 1,25%. Mas será que esses produtos são mais atrativos do que a oferta disponível no mercado?

Desde esta quarta-feira que é possível subscrever através do site da Raize quatro depósitos a prazo do Banco Português de Gestão, entidade com que a fintech negociou uma remuneração a oferecer aos clientes que subscreverem aqueles produtos.

Estes novos depósitos têm maturidades a seis meses, um, dois e três anos e estão disponíveis para montantes de aplicação entre o mínimo de cinco mil euros e o máximo de 100 mil euros por depositante.

A rentabilidade oferecida é crescente quanto mais alargado for o horizonte da aplicação. No depósito a seis meses é oferecida uma taxa de juro bruta de 0,5%, já na maturidade a um, dois e três anos são concedidas remunerações brutas de 0,75%, 1,125% e 1,25%, respetivamente.

Numa ronda pela oferta disponível no mercado, é possível encontrar remunerações mais atrativas no caso dos depósitos com maturidade até dois anos, apesar de apenas em dois bancos. Apenas no caso do depósito a três anos, as condições da oferta negociada entre a Raize e o Banco Português de Gestão são as mais competitivas.

Com base nos dados sobre a remuneração dos depósitos a prazo disponibilizados pela Proteste Investe não foi possível identificar nenhum produto a oferecer uma taxa de juro mais elevada. Em termos práticos, os 1,25% brutos (0,9% líquidos) para uma aplicação de cinco mil euros correspondem a um retorno líquido para o cliente de 135 euros ao fim do prazo de três anos.

No caso das maturidades mais curtas, foi possível identificar alguns, apesar de poucos, produtos com remunerações mais atrativas face à oferta intermediada pela Raize.

Para aplicações a dois anos, a taxa bruto de 1,125% disponibilizada pela Raize fica aquém do juro oferecido em dois produtos do BNI Europa. Em específico, o depósito “Campanha Páscoa” atualmente ainda disponibilizado por aquele banco e que remunera a uma taxa bruta de 1,6% e 1,35%, respetivamente, nas versões não mobilizável e mobilizável.

Prazos mais curtos, mais concorrência

Se a três e dois anos a proposta da Raize tem pouca concorrência no mercado, quando as maturidades encolhem aumenta o número de instituições com taxas que superam as da fintech.

Para o prazo de um ano, foram identificados dois depósitos do Banco Invest a oferecer juros mais altos: especificamente o “Invest Choice Novos Clientes” e o “Invest Mais”. Oferecem remunerações brutas de 1,2% e 0,9%, respetivamente. Essa última taxa também oferecida num depósito a um ano do BNI Europa. Ou seja, valores acima dos 0,75% concedidos na oferta da Raize.

Para seis meses, a oferta disponível aponta para a existência de três depósitos a prazo com remunerações acima dos 0,5% garantidos pela Raize. É o que se passa novamente com o “Invest Choice Novos Clientes” e o “Invest Mais”, do Banco Invest, cujas taxas brutas são de 1,2% e 0,7%, respetivamente. Acontece também no Depósito BNI Europa, que remunera a um juro bruto também de 0,7%.

Qualquer das propostas mais competitivas identificadas acima são por parte de bancos pequenos que procuram reforçar a sua carteira de clientes. Por isso é fácil de perceber que paguem mais pelos depósitos do que o resto da concorrência — a taxa média a um ano está em mínimo histórico, nos 0,13%. Nos bancos de maior dimensão não há propostas mais atrativas do que aquela que a Raize está a disponibilizar, havendo mesmo instituições que não pagam nada.

A favor da oferta que é assegurada pela Raize destaca-se ainda o facto de não implicar custos para os clientes: designadamente custos de constituição, manutenção, transferência ou encerramento. De salientar que este tipo de custos podem “comer” a remuneração garantida pelos depósitos, sendo que em alguns casos as comissões das contas podem mesmo ditar um resultado negativo com as poupanças deixadas a prazo.

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5 coisas que vão marcar o dia

Banco de Portugal entrega no Parlamento a lista dos grandes devedores dos bancos ajudados pelo Estado. Europeus começam a votar nas eleições para o Parlamento Europeu.

O Banco de Portugal entrega esta quinta-feira no Parlamento a lista dos grandes devedores dos bancos que foram ajudados pelo Estado nos últimos anos. Ainda por cá, o Conselho de Finanças Públicas divulga o relatório sobre a evolução orçamental da Segurança Social. O dia fica também marcado pelo início das eleições europeias. Mas há mais destaques na agenda.

Banco de Portugal entrega lista dos grandes devedores

O Banco de Portugal entrega no Parlamento a lista dos grandes devedores. São pelo menos dois os documentos que chegarão à Assembleia da República: um público – que o Banco de Portugal divulgará no seu site – com informação agregada – e outro confidencial para os deputados, no qual estão discriminados os créditos problemáticos e outros ativos que deram problemas à banca e levaram à ajuda pública (por exemplo, dívida pública).

Como está a Segurança Social?

O Conselho de Finanças Públicas divulga o relatório com a análise à evolução orçamental da Segurança Social e da Caixa Geral de Aposentações no ano passado. O documento será divulgado ao final da tarde.

Mota-Engil e Inapa reúnem acionistas

No plano empresarial, Mota-Engil e Inapa realizam ao início da tarde assembleias gerais. Os acionistas de ambas as empresas são chamados a votar, entre outros pontos, os relatórios e contas relativos ao ano passado. A construtora teve lucros de 24 milhões e vai voltar a pagar dividendos. A papeleira registou prejuízos de 3,6 milhões em 2018.

Antram e sindicato dos transportes continuam negociações

A Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (Antram) e a Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans) reúnem-se para discutir a revisão de alguns aspetos contratuais relativos ao contrato coletivo de trabalho assinado em setembro.

Reino Unido e Holanda elegem eurodeputados

Em Portugal, as eleições europeias decorrem apenas no próximo domingo. Entretanto, no Reino Unido e na Holanda, os eleitores fazem esta quinta-feira as suas escolhas para o Parlamento Europeu. As eleições de 2019 servem para escolher 705 deputados ao Parlamento Europeu, mantendo Portugal os 21 assentos que tem na atual legislatura, e, à partida, eleger o futuro presidente da Comissão Europeia.

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Dez perguntas e respostas sobre o arrendamento acessível

A pouco tempo de arrancar o Arrendamento Acessível, o ECO dá-lhe a conhecer alguns dos detalhes já conhecidos deste programa que procura tornar mais acessível as rendas para as famílias portuguesas.

O Programa de Arrendamento Acessível (PAA) está a chegar. Já foi publicado em Diário da República, entrando em vigor dentro de algumas semanas, período durante o qual terão ainda de ser aprovados os diplomas regulamentares. Há ainda algumas dúvidas, mas já é possível dar algumas respostas sobre este programa que pretende tornar mais acessíveis as rendas para as famílias portuguesas.

O ECO preparou um conjunto de questões sobre este programa, apresentando-lhe as respostas possíveis à luz da informação que foi avançada tanto sobre as candidaturas, as regras definidas mas também sobre os valores a praticar.

O que vai mudar?

Ao abrigo do Programa de Arrendamento Acessível (PAA) vai ser criada uma oferta de arrendamento a preços inferiores aos praticados no mercado e acessíveis para os arrendatários.

Quando arranca este programa?

O Decreto-Lei que cria o PAA já foi publicado em Diário da República. O programa arranca no início do segundo semestre do ano, ou seja, a 1 de julho.

Quem pode aceder a este programa?

Qualquer pessoa, família ou grupo de pessoas que pretendam aceder a alojamento no âmbito do programa, podem registar-se na respetiva plataforma eletrónica a sua candidatura a alojamento. Da mesma forma, qualquer pessoa individual ou coletiva, pública ou privada, pode disponibilizar alojamentos para arrendamento no âmbito do PAA, inscrevendo o alojamento na plataforma eletrónica que será criada.

Também os estudantes ou formandos inscritos em cursos de formação profissional podem assumir a condição de candidatos, mesmo que não possuam rendimentos próprios, desde que o pagamento da sua parte da renda seja assegurado por pessoa que reúna condições para ser candidata ao programa.

Que possibilidades de arrendamento existem?

Os contratos de arrendamento podem destinar-se a residência permanente (prazo mínimo: 5 anos) ou residência temporária de estudantes universitários ou de formandos inscritos em cursos de formação profissional (prazo mínimo: 9 meses).

Os alojamentos a arrendar no âmbito deste programa podem ter a modalidade de: “habitação” (uma casa ou um apartamento) ou “parte de habitação” (por ex., um quarto, com direito de utilização das instalações sanitárias, da cozinha e das áreas comuns). No âmbito deste programa, todos os alojamentos devem cumprir condições mínimas de segurança e conforto, sujeitas a verificação pelos arrendatários.

Qual o preço da renda mensal?

A renda deve ser pelo menos 20% inferior ao Valor de Referência do Preço de Renda (VRPR) aplicável a cada alojamento, refere o diploma. Este é um dos regulamentos que ainda terá que ser aprovado, mas prevê-se que o VRPR resulte de vários fatores, como a mediana de preços divulgada pelo INE, a área do alojamento, a tipologia e outras características específicas (por ex., o grau de eficiência energética, a existência de estacionamento, o equipamento e mobílias, a existência de elevadores, etc.).

É preciso ter um nível mínimo de rendimentos?

O Decreto-Lei publicado em Diário da República prevê que as famílias candidatas estarão sujeitas a um limite máximo de rendimentos, bem como a uma taxa de esforço. A renda de um alojamento deve situar-se ainda no intervalo entre 15% e 35% do Rendimento Médio Mensal (RMM) do agregado, sendo considerado o rendimento de um ano inteiro e divido, depois, por 12.

Como é celebrado o contrato de arrendamento?

O contrato de arrendamento é celebrado livremente entre o prestador (senhorio), e todos os candidatos a arrendatários. O prestador e os candidatos podem encontrar-se diretamente, através da plataforma eletrónica do PAA ou através de mediador imobiliário. O contrato de arrendamento é registado no Portal das Finanças e enviado de seguida à Entidade Gestora do PAA, para acesso ao benefício fiscal.

Quais as vantagens do programa para os proprietários?

Face ao arrendamento em geral, o PAA confere vantagens como a isenção total de IRS ou de IRC sobre as rendas cobradas. Mas também garantias reforçadas de segurança, entre as quais a existência de seguros obrigatórios (em condições mais favoráveis do que as atualmente existentes no mercado), que garantem o pagamento da renda em caso de incumprimento ou de quebra involuntária de rendimentos do arrendatário, bem como a proteção contra danos no locado.

Permite ainda aumentar a oferta de habitação para arrendamento a preços reduzidos, dando assim uma resposta às necessidades das famílias que não têm rendimentos suficientes para arrendar uma casa, bem como contribui para a estabilidade e segurança do mercado de arrendamento.

Quais os seguros obrigatórios?

No âmbito do programa de rendas acessíveis será obrigatório contratar seguros de arrendamento com as seguintes garantias:

  • Indemnização por falta de pagamento de renda;
  • Indemnização por quebra involuntária de rendimentos;
  • Indemnização por danos no imóvel.

A contratação da primeira garantia cabe ao senhorio, a contratação das restantes cabe aos arrendatários.

Os estudantes do ensino superior e os formandos inscritos em cursos de formação profissional que não possuam rendimentos próprios não são obrigados a fazer estes seguros.

Para que servem estes seguros?

Estes seguros reforçam a segurança de ambas as partes nos contratos de arrendamento. Garantem o pagamento da renda nos casos em que seja necessário instaurar um procedimento de despejo por falta de pagamento de renda, mas também o pagamento da renda em casos de quebra involuntária dos rendimentos dos inquilinos (morte, incapacidade ou desemprego de um dos inquilinos), a fim de lhes permitir o cumprimento do contrato por um período que lhes permita superar a situação. Possibilita ainda o pagamento de uma indemnização por estragos no imóvel que se verifiquem no final do contrato.

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Renda acessível pode pôr casas a 650 euros em Lisboa e 500 no Porto

Arrendamento Acessível poderá permitir poupar mais de 150 euros em Lisboa. Valor das rendas na capital pode baixar para 650 euros, havendo freguesias que podem ter casas a menos de 500 euros.

As rendas acessíveis definidas pelo Governo estão prestes a tornar-se uma realidade. Numa altura em que o mercado imobiliário está ao rubro, com os preços em máximos, as rendas estão em níveis cada vez mais incomportáveis para a maioria das famílias que poderão encontrar neste programa uma solução de habitação a valores acessíveis. É que, considerando a base que será utilizada para definir os valores de arrendamento, poderão entrar no mercado casas a 400 euros… 500 euros no Porto ou 650 em Lisboa.

Ainda faltam conhecer todos os detalhes que vão ser considerados na definição dos valores a que as casas vão entrar no mercado de arrendamento acessível, nomeadamente fatores como a área ou a tipologia dos alojamentos. Mas, para já, o Decreto-lei que cria o Programa de Arrendamento Acessível dá uma pista: o valor terá por base a mediana de preços de arrendamento divulgada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), apesar das críticas dos proprietários à falta de adesão à realidade destes números.

Partindo dos valores praticados nos 12 meses terminados no final de 2018, e tendo em conta que um dos critérios já sobejamente conhecidos é o de que o valor da renda deve ser, pelo menos, 20% inferior, o ECO fez as contas para saber quanto pode custar arrendar uma casa ao abrigo deste programa.

Tendo em conta que o valor mediano de arrendamento era de 4,80 euros por metro quadrado (m2) a nível nacional, e que a área média era entre 80 a 99 m2, a renda seria de 475,20 euros (para 99 m2). Com o desconto de 20%, este valor poderá cair para os 380,16 euros mensais. É uma poupança de 95 euros.

Mas o problema das rendas elevadas é maior nas grandes cidades, especialmente em Lisboa e no Porto. No caso da capital onde as casas têm, em média, 70 m2 e uma renda custa 812 euros mensais, as famílias poderão passar a pagar, em média, um valor de 649,60 euros, uma redução de mais de 150 euros.

Este valor poderá aumentar consoante as freguesias em que o imóvel está localizado. Santa Clara deverá ser a mais barata, com o valor do arrendamento a acessível a poder cair para 465,36 euros, enquanto Santo António continuará a exigir um esforço financeiro expressivo. Tendo em conta os valores de arrendamento atuais, a renda acessível poderá baixar para 789 euros.

Fonte: INE | Projeção das rendas acessíveis em Lisboa

Olhando para o Porto, as rendas poderão ser, claramente, mais baratas, tendo em conta que também os valores apresentados pelo INE estão bastante aquém dos praticados em Lisboa. Atualmente, arrendar uma casa com cerca de 80 m2 custa, em média, 628 euros na Invicta mas, com as rendas acessíveis, os descontos podem ser superiores a 100 euros, recuando o valor médio ao abrigo deste programa para os 502 euros.

Fonte: INE | Projeção das rendas acessíveis no Porto

Novamente, analisando freguesia a freguesia, os valores podem subir ou descer: Campanhã continuará a ser a zona mais barata para viver, com uma casa arrendada a poder passar a ter uma renda acessível de 396 euros por mês, enquanto a União das freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde será a mais cara, com rendas “reduzidas” a exigirem um pagamento mensal de 567,04 euros ao senhorio.

Taxa de esforço limita acesso

Para além do limite de 80% do Valor de Referência do Preço de Renda (VRPR), outro dos critérios definidos em Diário da República é que o valor da renda acessível se situe num intervalo entre os 15 a 35% do Rendimento Médio Mensal (RMM) do agregado. Ou seja, que as despesas não superem 35% do rendimento (taxa de esforço). O ECO foi fazer as contas tendo em conta essa limitação de 35% e usando como exemplo tanto uma pessoa que viva sozinha como um casal.

A nível nacional, tendo em conta que o rendimento médio líquido de um trabalhador estava nos 1.052,33 euros no final do ano passado (considerando o total do rendimento anual, dividido por 12 meses), de acordo com os dados do INE, este arrendatário poderá suportar uma renda média 368,32 euros por uma casa com 99 m2, o que fica ligeiramente aquém do valor das rendas acessíveis estimadas a nível nacional (380 euros). No caso de um casal, já será comportável: os 35% limitam a renda a 736,63 euros.

Olhando para Lisboa, apesar de os rendimentos serem superiores o valor das rendas também o é, isto mesmo considerando as acessíveis. O rendimento médio de 1.229,67 euros apenas consegue arrendar uma casa com um valor de 430,38 euros (assumindo a taxa de esforço de 35%), bastante aquém do valor médio de cerca de 650 euros das rendas acessíveis em Lisboa. Só um casal conseguirá cumprir com este critério — com o rendimento a aumentar para quase 2.500 euros, o teto da renda será de 860 euros, o que permitirá suportar uma casa em qualquer freguesia da capital.

No Porto, considerando que um trabalhador recebe 982,33 euros por mês, o valor máximo da renda que poderá ser suportada pelos arrendatários é de 343,83 euros, numa casa de 80 m2. Já um casal pode arrendar um imóvel até 687,63 euros. Se um agregado de apenas uma pessoa terá dificuldades, um de dois conseguirá pagar uma renda acessível em qualquer das freguesias da cidade Invicta.

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Arrendamento acessível? Proprietários e inquilinos vêem “preços acima do que as famílias podem pagar”

O Governo prepara-se para arrancar com o Programa de Arrendamento Acessível, mas tanto as associações de inquilinos como de proprietários desconfiam do sucesso desta iniciativa.

Há muito que o setor imobiliário tem vindo a pedir medidas que fomentem o mercado de arrendamento e, finalmente, o Governo prepara-se para dar resposta. Vai arrancar já em julho com o Programa de Arrendamento Acessível, que pretende fazer baixar os preços das rendas em todo o país, aliviando os bolsos das famílias. Mas, tanto do lado dos proprietários como dos inquilinos, a perspetiva é de que a medida está condenada ao fracasso.

“O que a Câmara de Lisboa tem vindo a fazer — vamos ver se consegue chegar a isso — com rendas entre os 200 e os 450 euros, isso sim são rendas acessíveis e possíveis de pagar por uma parte significativa da classe média“, começou por dizer ao ECO Romão Lavadinho, presidente da Associação dos Inquilinos Lisbonenses.

"O rendimento médio em Portugal das famílias anda nos 800 euros, mas o mínimo anda nos 600 euros. Temos mais de três milhões de pessoas a ganhar 600 euros. Um casal em que os dois ganhem o salário mínimo não tem condições para pagar uma renda de 650 euros.”

Romão Lavadinho

Presidente da Associação dos Inquilinos Lisbonenses

Para o responsável, o desconto de 20% face ao Valor de Referência do Preço de Renda (VRPR) não é suficiente. Mesmo com essa redução, o valor das rendas “é muito elevado para a maioria das famílias”. “O rendimento médio em Portugal das famílias anda nos 800 euros, mas o mínimo anda nos 600 euros. Temos mais de três milhões de pessoas a ganhar 600 euros. Um casal em que os dois ganhem o salário mínimo não tem condições para pagar uma renda de 650 euros”, explicou.

O ECO fez as contas para perceber quais os valores que poderão ser praticados nestas rendas acessíveis. Nas regiões em que esta questão do valor das rendas é mais premente, Lisboa e Porto, os preços poderão cair para 650 e 500 euros, respetivamente. Questionada sobre este nível de preços, a Associação Lisbonense de Proprietários tem uma opinião no mesmo sentido que a dos inquilinos: “esses valores continuam a estar bastante acima do que a maioria dos portugueses pode pagar por uma habitação”.

“Mais areia para os olhos” das pessoas

António Frias Marques, presidente da Associação Nacional de Proprietários, considera que esta iniciativa é “mais areia para os olhos” das pessoas. “Este Governo ainda não construiu a primeira casa para quem necessite dela. Em compensação tem inundado o Diário da República de leis. Nós de leis estamos bem servidos”, diz ao ECO, afirmando que “poucos ou nenhuns proprietários vão aderir a uma coisa destas”.

Romão Lavadinho, representando os inquilinos, também duvida do sucesso do Programa de Arrendamento Acessível. “São valores que podem ser aplicados, mas o problema que se coloca é quem é que vai colocar essas casas no mercado: o Estado ou os proprietários privados? Se forem os privados, que neste momento têm rendas especulativas, estes não vão aceitar que os inquilinos passem a pagar 500 euros quando podem receber mais. Se as casas foram do Estado, pensamos que é positivo, mas é insuficiente porque a maioria das famílias não consegue pagar esses valores”.

"Quanto à questão das vendas serem um valor ou outro, a partir do momento em que o proprietário aceder a entrar nesse programa, fica com uma canga na cabeça porque deixa de ser dono do prédio porque o Estado vai pôr lá quem entender.”

António Frias Marques

Presidente da Associação Nacional de Proprietários

O contrato de arrendamento é “uma coisa muito simples”, realizada entre “quem tem casa e precisa de dinheiro” e entre “quem não tem casa e tem dinheiro”, referiu António Frias Marques, da Associação Nacional de Proprietários, explicando que esta iniciativa se trata de um “arrendamento estatal, encharcado de burocracia”. “É burocracia até dizer chega”, desabafa, salientando que o prazo mínimo de cinco anos dos contratos “até nem é um problema”.

“Seja qual for o prisma, isto não é uma solução para o arrendamento”, sublinhou. Então qual é a solução? “Liberalizar o arrendamento, baixar os impostos sobre o imobiliário, o que permitiria aumentar a oferta do arrendamento e consequentemente baixar o valor das rendas”, responde a Associação Lisbonense de Proprietários.

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