CGD fecha venda do banco na África do Sul. Recebe 215 milhões de euros

Banco liderado por Paulo Macedo vai receber 215 milhões pelo Mercantile Bank. Assinou um acordo de cooperação com o novo dono, o Capitec.

Está fechada a venda do banco sul-africano. A Caixa Geral de Depósitos (CGD) concluiu a alienação do Mercantile Bank, na África do Sul, ao Capitec, por uma soma de 215 milhões de euros, acima da prevista. Ao mesmo tempo que sai do capital da instituição, mantém a ligação àquele mercado através de um acordo de cooperação comercial.

A formalização da venda já estava prevista para o arranque deste mês, depois de terem sido obtidas todas as autorizações necessárias para a alienação deste banco. A CGD tinha afirmado que a venda estava fechada por 3,2 mil milhões de rands sul-africanos (cerca de 192 milhões de euros). Ficou concluída por 3,56 mil milhões de rands, cerca de 215 milhões de euros, revela o banco público em comunicado enviado à CMVM.

Apesar da venda, a CGD mantém-se no mercado sul-africano, através de um acordo de cooperação. Esse acordo “consubstancia o interesse das partes em continuar a cooperar comercialmente no futuro, e que consagra a intenção do Capitec e da Mercantile em manter os atuais níveis de serviço à base de clientes da Mercantile (nomeadamente, empresas portuguesas na África do Sul e clientes particulares da Comunidade Portuguesa na África do Sul), durante um período de pelo menos 12 meses e de acordo com as disposições da política comercial das partes envolvidas”.

“No âmbito do acordo de colaboração comercial, o Grupo CGD, o Capitec e a Mercantile reconhecem ainda os potenciais benefícios de eventuais oportunidades de parceria na África do Sul, Angola, Moçambique e/ou envolvendo agentes económicos destes países, em particular os da Comunidade Portuguesa radicada na África do Sul ou outros com ligações especiais a Portugal”, nota a CGD.

Mais um passo. CGD vai continuar a trabalhar

“Com a conclusão da venda, fica assim cumprido mais um dos principais compromissos da CGD ao abrigo do Plano Estratégico, permitindo fortalecer de forma assinalável a sua capitalização”, diz o banco liderado por Paulo Macedo.

Recorde-se que a venda deste banco na África do Sul acontece depois de, esta segunda-feira, a CGD ter concluído a venda do banco em Espanha. O Banco Caixa Geral (BCG) passou para os espanhóis do Abanca por 364 milhões de euros.

“A CGD irá continuar a trabalhar com o objetivo de cumprir integralmente os objetivos do Plano Estratégico. Além da racionalização do negócio internacional, a CGD tem também como objetivos a redução da sua estrutura de custos e do volume de ativos não-performantes do seu balanço, de forma a melhorar a sua rentabilidade”, remata.

(Notícia atualizada às 7h34 com mais informação)

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Chumbar um aluno no Ensino Básico? “Não serve para nada”, diz presidente do CNE

  • Lusa
  • 7 Novembro 2019

Maria Emília Brederode Santos diz que os alunos com dificuldades não devem “reprovar e repetir o ano todo outra vez” mas sim ter um apoio específico.

O Conselho Nacional de Educação (CNE) defende que chumbar um aluno “não serve para nada” e acredita que combater esta prática não será uma porta ao facilitismo porque a ideia não é “passar sem saber”.

Para a presidente do CNE, Maria Emília Brederode Santos, a recente polémica em torno do programa do Governo de reduzir ao mínimo os chumbos no ensino básico não pode ser vista como um quadro a preto e branco.

“É muito importante que se perceba que a alternativa não é, nem pode ser, entre chumbar ou passar sem saber”, defende em entrevista à Lusa, no âmbito dos dois anos de mandato à frente do CNE.

Portugal é um dos países da OCDE com taxas de reprovação mais elevadas. Só no ano passado, chumbaram 50 mil alunos no ensino básico. Além disso, este é um fenómeno que atinge sobretudo alunos de meios socioeconómicos carenciados.

A responsável entende que os alunos com dificuldades não devem “reprovar e repetir o ano todo outra vez” mas sim ter um apoio específico.

“É aí que nós apostamos, para que haja outro tipo de estratégias que ajudem os miúdos a aprender sem ser preciso recorrer à reprovação, que não serve para nada”, defende Maria Emília Brederode Santos.

A taxa de retenções e desistências no ensino básico tem vindo a diminuir, tendo caído de 7,9% em 2015 para 5,1% em 2018. O Governo diz querer reduzi-lo ao mínimo.

O programa do Governo, conhecido no final de outubro, prevê a criação de um “plano de não retenção no ensino básico, trabalhando de forma intensiva e diferenciada com os alunos que revelam mais dificuldades”.

À semelhança do que já defendia David Justino, seu antecessor no cargo, também Maria Emília Brederode Santos considera que facilitismo é a “cultura da retenção”.

“Tanto se pode acusar de facilitismo em relação aos alunos, como se pode acusar a escola de facilitismo, porque diz: “ai não aprendes, ficas, repetes”. Isso é que é facilitismo, acho eu”, disse a pedagoga formada em Ciências da Educação.

Dando como exemplo o caso finlandês, onde não se chumba e os resultados são de excelência nos testes internacionais, Maria Emília Brederode Santos defende que a cultura de reprovação dos países do sul “tem de mudar”.

A presidente do CNE recusa a ideia de que este tipo de abordagem possa desmotivar os melhores alunos, contrapondo que as escolas devem reconhecer que “há muitas maneiras diferentes de aprender” e que devem “incitar os alunos a gostarem de aprender, a saberem aprender e a poderem aprender”.

“Isto já não é como antigamente, em que o professor vinha dar as suas aulas, os alunos ouviam e tentavam assimilar. Alguns conseguiam, outros não. Agora a aposta é que todos têm mesmo que aprender e que há muitas maneiras diferentes de aprender. Acho que as escolas estão a fazer essa procura”, disse a especialista em inovação educativa.

Entre as propostas do Governo estão projetos de “autonomia reforçada para as escolas com piores resultados”, adequando a oferta curricular aos alunos, reforçando, por exemplo, o ensino das línguas, das artes ou do desporto, programas de mentoria entre alunos, para “estimular a cooperação entre pares”, e uma aposta declarada no ensino da matemática, a disciplina com mais insucesso.

"Isto já não é como antigamente, em que o professor vinha dar as suas aulas, os alunos ouviam e tentavam assimilar. Alguns conseguiam, outros não. Agora a aposta é que todos têm mesmo que aprender e que há muitas maneiras diferentes de aprender.”

Maria Emília Brederode Santos

Presidente do CNE

No combate ao insucesso escolar estão ainda inseridas medidas de reforço de ação social e de apoio a famílias vulneráveis, mas também uma aposta na deteção precoce de dificuldades, com uma maior atenção no pré-escolar a dificuldades de linguagem e numeracia.

Maria Emília Brederode Santos admite que possa haver nesta fase “um certo desnorte” entre os professores, provocado por um “excesso de documentos orientadores” – o Perfil do Aluno à Saída da Escolaridade Obrigatória, o diploma da educação inclusiva, as regras da flexibilidade curricular – que não lhes permite perceber o que devem seguir, mas acredita que é “uma fase transitória” e que se a desordem servir para estimular o debate, “não é necessariamente negativo”.

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Ana Rita Cavaco reeleita bastonária Ordem dos Enfermeiros

  • Lusa
  • 7 Novembro 2019

"Enfermeiros quiseram mostrar que são eles que mandam na sua casa e que não fogem às suas responsabilidades", diz a bastonária reeleita.

Ana Rita Cavaco foi reeleita bastonária da Ordem dos Enfermeiros, com 68,3% dos votos, e considerou que os enfermeiros mostraram que “são eles que mandam na sua casa”, anunciou o órgão em comunicado.

Segundo a Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco foi reeleita com “a maior votação de sempre” em atos eleitorais do órgão, “triplicando o número de votantes em relação às últimas eleições”, em 2015.

Esta é uma vitória dos enfermeiros. Com esta votação, os enfermeiros quiseram mostrar que são eles que mandam na sua casa e que não fogem às suas responsabilidades”, disse Ana Rita Cavaco, citada no comunicado.

Mais de 70.500 enfermeiros foram chamados a votar para escolher os representantes da sua ordem profissional, havendo quatro listas candidatas, mas apenas duas com elementos candidatos a bastonários.

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5 coisas que vão marcar o dia

Termina o Web Summit com Margrethe Vestager e Marcelo Rebelo de Sousa em destaque. Bruxelas divulga previsões económicas. Dia em cheio na bolsa: prestam contas BCP e outras seis cotadas portuguesas.

É o último dia da feira de tecnologia e empreendedorismo Web Summit, com a presença da comissária europeia Margrethe Vestager e ainda Marcelo Rebelo de Sousa. Isto no dia em que a Comissão Europeia apresenta as previsões económicas de outono. No Eurogrupo, os ministros das Finanças da Zona Euro ouvem do secretário de Estado Ricardo Mourinho Félix as prioridades do novo Governo português. É dia de resultados. Muitos resultados em Lisboa: prestam contas BCP e outras seis cotadas portuguesas.

Último dia de Web Summit

É o último dia da maior feira de empreendedorismo na Europa. Termina o Web Summit. Um dos pontos altos do dia será a conversa com Margrethe Vestager, comissária europeia responsável pela Concorrência e vice-presidente executiva indigitada da Comissão Europeia, que ocorrerá entre a 16h30 e as 16h55. Logo a seguir começa a cerimónia de encerramento, com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, e o fundador do evento, Paddy Cosgrave.

Bruxelas atualiza previsões económicas

A Comissão Europeia vai divulgar as Previsões Económicas de Outono. As novas projeções para o andamento da economia da Europa, com previsões atualizadas para cada um dos países, vão ser apresentadas em conferência de imprensa pelos comissários europeus Pierre Moscovici (Assuntos Económicos e Financeiros) e Valdis Dombrovkis (Euro). A conferência acontece às 10h00, hora de Lisboa.

Eurogrupo reunido para ouvir prioridades do Governo português

O grupo informal de ministros das Finanças da Zona Euro volta a reunir esta quinta-feira. Vários pontos em agenda nesta reunião do Eurogrupo: discussão sobre o impacto do investimento público em inovação no crescimento económico; apresentação das previsões económicas de outono da Comissão Europeia; análise da proposta alemã para o board do Banco Central Europeu; e ainda audição de Ricardo Mourinho Félix sobre as prioridades do novo Governo português.

BCP presta contas

É a vez de o BCP apresentar contas relativas aos primeiros nove meses do ano após o fecho do mercado. Uma poll de analistas compilados pela Reuters apontam para um lucro de 258 milhões de euros para o banco liderado por Miguel Maya. Isto depois de ter chegado a meio do ano com um resultado líquido positivo de 169,7 milhões de euros.

Bateria de resultados em Lisboa

Não é só o BCP que divulga resultados do terceiro trimestre. Há uma longa lista de cotadas nacionais que também apresentam esta quinta-feira as contas: Cofina, Corticeira Amorim, Altri, F. Ramada, Sonae Capital e Novabase.

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Scholz dá empurrão à União Bancária mas disputa interna na Alemanha pode causar problemas

O ministro das Finanças da Alemanha deu um passo decisivo para a conclusão da União Bancária. Mas a fragilidade da Grande Coligação e a corrida à liderança do SPD podem colocar em causa a proposta.

Depois de anos a rejeitar sequer a discussão do tema, o ministro das Finanças da Alemanha deu esta quarta-feira um passo que pode ser decisivo para a finalização da União Bancária, dizendo que é preciso quebrar o impasse e colocando em cima da mesa as condições que levariam a Alemanha a aceitar o terceiro, e último, pilar da União Bancária, o Sistema Europeu de Garantia de Depósitos (EDIS, na sigla em inglês). Os ministros das Finanças foram avisados de que Scholz iria fazer algo sobre o tema, mas não receberam a proposta. A CDU na Alemanha foi apanhada de surpresa, e contestou a ideia de imediato, o que pode colocar ainda mais pressão sobre a já frágil coligação governamental alemã.

Em 2012, a União Europeia começou a avançar finalmente com a União Bancária como resposta aos problemas com o sistema financeiro na sequência da crise económica e financeira de 2008, que se acentuou na Europa a partir de 2010. Já na altura estava previsto que esta tivesse três pilares fundamentais, mas só em 2015 a Comissão Europeia colocou as suas propostas em cima da mesa para este terceiro pilar.

Desde então, com exceção do trabalho técnico que continua a ser desenvolvido na Comissão Europeia e nos grupos preparatórios do Eurogrupo, o desenvolvimento do Sistema Europeu de Garantia de Depósitos tem tido poucos ou nenhuns desenvolvimentos. O atraso deve-se, em boa medida, à posição tomada pela Alemanha e por um conjunto de países mais conservadores (e mais ricos), de que a partilha do risco só pode acontecer depois de terem sido tomadas um conjunto de medidas para reduzir esse mesmo risco.

Entre as medidas exigidas estão, por exemplo, a limpeza do balanço dos bancos do elevado volume de crédito malparado e a reestruturação das instituições financeiras menos rentáveis — seja através do corte de custos ou de maior consolidação no sistema — para evitar resoluções que, no entender destes Estados-membros, acabariam por custar aos contribuintes dos países cumpridores.

Esta dicotomia entre um grupo de países que quer maior partilha de risco — em especial os países do sul — e outro que exige que a redução do risco aconteça antes sequer de ser dado o passo de criar um sistema europeu de garantia de depósitos.

A mudança Scholz

O aviso já tinha sido transmitido aos ministros das Finanças de que o vice-chanceler alemão iria tomar uma posição pública, mas não o seu conteúdo. Esta manhã, num artigo de opinião publicado no Financial Times, Olaf Scholz foi muito direto em relação à sua posição: “A necessidade de aprofundar e finalizar a União Bancária europeia é inegável. Depois de anos de discussão, o impasse tem de terminar”.

O Brexit, a concorrência com os Estados Unidos e a China, e a necessidade ter um sistema financeiro robusto foram algumas das razões invocadas pelo ministro das Finanças da maior economia alemã para a inversão de curso, especialmente face ao que o seu antecessor no cargo — Wolfgang Schäuble — defendeu de forma tão aguerrida durante os anos em que foi ministro.

Para além do artigo de opinião publicado no Financial Times, o Ministério das Finanças da Alemanha detalhou a sua proposta detalhada num non-paper — um documento para discussão –, e nele coloca todas as condições para avançar com o Sistema Europeu de Garantia de Depósitos.

Entre elas está, por exemplo, um limite ao valor de dívida pública que os bancos podem deter, a harmonização fiscal para evitar que os bancos desloquem as suas sedes para regimes fiscais mais favoráveis (uma proposta que vai merecer contestação de países como a Irlanda), para além de um esquema detalhado com limitações ao uso do dinheiro disponibilizado no EDIS: o primeiro recurso têm de ser os esquemas nacionais; depois de esgotado pode ser usado o dinheiro do Sistema Europeu de Garantia de Depósitos, mas com um limite que ainda teria de ser estabelecido; depois disso ainda é possível recorrer a um empréstimo do Mecanismo Europeu de Estabilidade, mas com condições associadas, tal como num resgate.

Olaf Scholz vai apresentar a sua proposta aos ministros das Finanças da Zona Euro esta quinta-feira durante a reunião do Eurogrupo, que só terão recebido a proposta esta quarta-feira, no dia em que foi publicada pelo jornal britânico.

Em Bruxelas, o trabalho técnico tem vindo a ser desenvolvido já há alguns anos, mas não no que toca ao EDIS. Os países que rejeitavam uma garantia de depósitos comum na Europa nunca apresentaram a sua proposta. É aqui que a proposta apresentada por Scholz faz a primeira mudança de rumo, abrindo o espaço para a discussão, e de alguma forma à conciliação das diferentes posições entre os Estados-membros sobre como será o futuro esquema de garantia de depósitos europeu.

No entanto, para já, o Eurogrupo só tem mandato para discutir e desenvolver o trabalho técnico. Para que o processo avance, é necessário que esse trabalho seja concluído e que o Eurogrupo apresente os seus resultados aos líderes da União Europeia. São os líderes da União Europeia, no Conselho Europeu, que têm de chegar a acordo para dar mandato ao Eurogrupo para que comecem as negociações políticas, o passo mais importante — mas também o mais difícil — para que o desenvolvimento e conclusão da União Bancária possa finalmente avançar.

Oposição dentro de portas pode colocar avanços em risco

Nem Olaf Scholz é Wolfgang Schäuble, que durante anos comandou os destinos do Eurogrupo sem ter praticamente de intervir, nem a Alemanha tem a influência que teve outrora no Conselho Europeu. Mas, se calhar mais importante, Scholz pode nem ter assim tanto apoio dentro de portas para fazer avançar esta proposta.

Em Berlim, diz-se que Olaf Scholz não se coordenou com Angela Merkel para a tomada de posição feita (Wolfgang Schäuble fez o mesmo em 2015 quando enviou uma proposta ao Eurogrupo para que a Grécia abandonasse o euro temporariamente), e o vice-chanceler (SPD) nem sequer é do partido com mais força na coligação, a CDU, que é contra qualquer aproximação à partilha do risco sem a questão da redução do risco estar resolvida antes.

A coligação governamental que tem Angela Merkel ao leme dos destinos do Governo alemão está fragilizada e desde as últimas eleições que o SPD — que inicialmente até recusou fazer parte da solução de Governo mais uma vez — se tem debatido sobre se deve ou não continuar a fazer parte da coligação.

Além disso, o próprio Olaf Schölz encontra-se na disputa pela liderança do SPD, tendo sido o candidato mais votado na primeira ronda, mas muito longe de conseguir uma maioria. Os sociais-democratas vão realizar o seu congresso para nomear a nova liderança em dezembro, e sem o apoio do partido a proposta que Scholz apresente esta quarta-feira pode cair por terra.

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Microsoft, Amazon, Cisco… O Web Summit ainda é um evento de startups?

À medida que a conferência cresce, aumenta o interesse das grandes marcas no Web Summit. Ainda há peixes neste mar de tubarões?

Amazon, KPMG e EDP são alguns dos logos que saltam à vista no segundo pavilhão da FIL durante o Web Summit.Flávio Nunes/ECO

Microsoft, Cisco, Airbus, Google, Samsung, Accenture, Siemens. Tudo nomes conhecidos. Pelo meio, em pequenos stands, Ucraft, SoFivEco, BlutTV. No pavilhão seguinte, repete-se a paisagem: os logos da EDP, Amazon Web Services e KPMG saltam à vista. No outro, SAP, Via Verde, Porsche…

O Web Summit tem crescido de ano para ano. Desde 2016, a primeira edição em Lisboa, são cada vez mais as grandes empresas interessadas em usar os pavilhões da FIL como palco. Este ano, o recinto é maior e a área útil para exposição também. Mas, numa primeira impressão, o espaço reservados às startups é mais reduzido. Pelo menos nos dois primeiros pavilhões, os mais próximos da Altice Arena.

É a primeira vez que Shane Henderson vem ao Web Summit, mas a estratégia já vinha definida: “Procurar parceiros e investidores”, comenta com o ECO o product manager da GoJauntly, uma aplicação algo semelhante ao Google Maps, mas para trilhos outdoor e percursos turísticos. “Podemos perder-nos um bocadinho na multidão e no meio das outras grandes marcas”, reconhece.

A startup britânica só tem um dia para explorar um pequeno espaço neste Web Summit, pelo que o esforço tem de ser estendido aos restantes dias, com conversas e muito networking pelo meio. Qual é a estratégia para nadar neste mar de tubarões, que são as grandes multinacionais? O truque é não tentar competir. “É mais para nós conversarmos com estes tubarões e tentar que eles sejam parceiros”, diz.

"É um evento muito grande. Podemos perder-nos na multidão e no meio de todas as grandes empresas e startups.”

Shane Henderson

Product manager da GoJauntly

Resumindo, para Shane Henderson, a presença destas grandes empresas até pode retirar protagonismo às pequenas startups. “Mas, ao mesmo tempo, muitas das pessoas das grandes marcas são interessantes para se falar. Por isso, é bom tê-las cá também”, admite.

Shane Henderson, da GoJauntly, diz que é fácil uma empresa se perder entre as gigantes. Mas admite que a presença de grandes marcas também joga a favor dos contactos.Flávio Nunes/ECO

Depois, há o facto de algumas das pequenas startups terem, por trás, grandes empresas. É o caso da startup Kai Zen, uma aplicação de gestão de ativos, que é detida pelo grupo Becar Asset Management. Com origem na Rússia, o Web Summit faz parte de um plano de aproximação desta empresa ao mercado europeu.

Aleksandr Pestriakov é quem representa a Kai Zen neste evento. A empresa russa situa-se num pequeno stand junto de algumas das grandes marcas já mencionadas. Só descobriu o Web Summit “há dois meses”, mas acredita que, para já, entre grandes e pequenas empresas, a conferência acaba por ser “uma boa combinação de ambas”.

"Eu acho que é uma boa combinação [de pequenas e grandes empresas].”

Aleksandr Pestriakov

Representante da Kai Zen

Tem, no entanto, uma crítica a fazer. Não propriamente ao Web Summit em particular, mas ao ecossistema de uma forma mais geral. “Já aqui vi dezenas de palestras. E todas são muito, diria, idealistas. Em todas fala-se de grandes coisas, como a sustentabilidade, a criatividade. Mas são só grandes palavras. Nada de detalhes”, atira.

Aleksandr Pestriakov veio ao Web Summit representar a Kai Zen. É uma startup, mas é controlada por um grupo maior, a Becar Asset Management.Flávio Nunes/ECO

O Web Summit ainda é, sem dúvida, um evento para as pequenas startups. Mas a sua dimensão torna-o cada vez mais apetecível às marcas de maior dimensão, sobretudo no setor da tecnologia. Em suma, apesar de haver mais espaço nesta edição, o núcleo duro da conferência continua a ser a Altice Arena. E os primeiros pavilhões da FIL são, por isso, e a cada ano, uma montra cada vez mais importante para as gigantes do setor.

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Startup que criou lençóis antialérgicos vai lançar gama de roupa com extratos de algas. Objetivo é dormir melhor

Marialma, startup portuguesa, vai lançar uma gama de roupa para mulher produzida com extratos de algas que tem como objetivo trazer mais-valias à pele durante o sono.

A Marialma, startup portuense que ficou conhecida por fabricar roupa de cama antialérgica e antibacteriana à base de cânhamo, algas marinhas e zinco, vai comercializar, a partir da próxima segunda-feira, uma nova gama de roupa para dormir melhor — a “Loungewear”. As peças de roupa são produzidas a partir de extratos de algas e direcionadas para o público feminino.

A startup nasceu o ano passado, na cidade do Porto com a promessa de revolucionar a indústria do sono através do setor têxtil e tornar-se a melhor amiga da sua pele durante o sono. É através da utilização de fibras naturais como o cânhamo, algodão do egípcio e uma fibra à base de celulose proveniente da madeira do eucalipto – combinadas com componentes ativos tais como o óxido de zinco e algas marinhas — que a marca produz os seus próprios tecidos capazes de tornarem a roupa de cama num elemento antialérgico e antibacteriano.

Tendo em conta o know how adquirido, a Marialma lança-se numa nova aventura, roupa de mulher. Numa fase inicial foram criadas sete peças de roupa com estas propriedades, desde calças, calções e t-shirts. As peças estão disponíveis no site e podem rondar entre 70 e 90 euros. Segundo uma das fundadoras da marca, Ana Osório, “a Marialma nasceu com foco na indústria do sono e a ideia é que a loungewear seja um complemento da roupa de cama e uma forma de trazer uma mais-valia para o momento do sono”.

A roupa foi concebida para dormir, mas não é aquele aquele pijama clássico”. Ana Osório brinca e diz que se o cliente “sair à rua com essa roupa não vai fazer má figura”. Explica que “a roupa é direcionada para o público em geral apesar de ter sido identificado um público-alvo: as mulheres na menopausa e as grávidas”.

A Marialma tem como premissa principal a preocupação ambiental. Ana Osório explica ao ECO que todos os artigos que produzem são feitos através de fibras naturais. “As matérias-primas que usamos são 100% naturais e biodegradáveis. Desde os botões às embalagens, não usamos plásticos”, destaca.

Startup cria roupa de cama antialérgica à base de cânhamo, algas e zinco

O ADN da marca é a incorporação do valor acrescentado em todos os produtos que produzem com recurso à tecnologia. Na empresa 100% nacional são produzidos lençóis, fronhas para almofadas, capas de edredões e mais recentemente mantas. Um dos focos da marca é dar resposta aos consumidores que veem o seu sono afetado por diferentes distúrbios causados por alergias, problemas de pele, transpiração noturna, entre outros.

Estes compostos têm propriedades antialérgicas e antibacterianas que complementam tratamentos e cuidados com da pele, como a acne, a psoríase ou a dermatite atópica, ajudando também a reduzir odores, transpiração noturna, descamação e a sensação de pele seca ou irritada.

“Somos a única empresa portuguesa que incorpora as fibras com compostos ativos de cânhamo, algas e zinco em lençóis. E somos seguramente a única marca em Portugal a produzir lençóis de cânhamo”, destaca com orgulho Ana Osório. A roupa de cama está à venda no site da empresa e os preços podem variar entre 90 euros e 350 euros, tendo em conta a dimensão e o material em causa.

A roupa de cama é a maior aposta da startup que viu nos lençóis uma oportunidade de acrescentar uma mais-valia a um produto quotidiano. Ana Osório, explica que “o próprio lençol inibe a propagação das bactérias que provocam as comichões e aumentam o alastramento do prurido da pele. São lençóis mais frescos, ultra suaves que absorvam a humidade da pele com muito mais agilidade”. A gama de artigos da Marialma inclui, também, lençóis para recém-nascidos e crianças que tenham pele atópica.

Ana Osório faz questão de frisar que “os lençóis não têm propriedade curativas, mas são produtos cujo valor acrescentado pode complementar tratamentos ou mesmo dar uma atmosfera mais saudável na cama durante o sono”.

Relativamente a todo o processo explica que as algas são mais focadas na anti-oxidação da pele, que têm propriedades responsáveis por fazer perdurar o efeito da hidratação, sendo uma espécie de anti-aging.

O cânhamo tem vindo a ser uma aposta cada vez mais recorrente das marcas. Ana Osório explica ao ECO que “o cânhamo tem uma produção muito mais sustentável e, posteriormente, é uma fibra muito mais resistente, não envelhece, nem deforma e tem um toque mais macio, com características antialérgicas“. Por sua vez, o zinco é mais direcionado para pessoas que têm pele seca, pele atópica, eczemas e comichões, uma vez que tem características regeneradoras.

A startup foi Incubada no Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto (UPTEC) e está ligada a uma causa social. Um por cento das vendas reverte para a Associação Encontrar+se, uma Instituição Particular de Solidariedade Social que promove iniciativas de apoio à saúde mental.

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Marca CTT entra em Espanha para acabar com “história triste”

Correios vão investir 12 milhões na espanhola Tourline para dar a volta a um negócio que João Bento considerou ser uma "história triste". Plano prevê nova gestão, mais equipamento e mudança de marca.

Carteiro dos CTT.CTT

Os CTT CTT 0,87% vão investir 12 milhões de euros na espanhola Tourline nos próximos três anos, num esforço para dar a volta a um negócio que o próprio CEO do grupo, João Bento, descreveu como uma “história triste” para os Correios. O plano de turnaround prevê um reforço de equipamento, uma nova equipa de gestão e um rebranding da marca: desaparecerá a marca Tourline para dar lugar aos CTT Express. Tudo com o objetivo de chegar a 2021 com a operação no mercado vizinho a dar lucros.

O plano de dar uma segunda vida ao negócio em Espanha foi apresentado aos investidores juntamente com os resultados do último trimestre. João Bento começou por ilustrar a “triste história” da Tourline, uma empresa adquirida pelos CTT em 2005 especializada no serviço de courrier e transporte de correio urgente em Espanha, com os prejuízos que vem registando nos últimos anos.

“É um pouco uma história triste, no sentido de que estamos a perder dinheiro há algum tempo”, referiu o CEO dos Correios. “Houve uma clara trajetória de recuperação que foi repentinamente travada pela perda de um grande cliente, a Amazon. Mas isto também nos permite perceber que não estávamos provavelmente a atacar o mercado da maneira correta”, explicou João Bento na conference call com os analistas que acompanham a ação dos CTT.

Entre 2016 e 2020, a Tourline registará prejuízos operacionais na ordem dos 25 milhões de euros, isto antes de atingir o breakeven, em que as receitas serão iguais às despesas, em 2021, segundo prevê o plano de turnaround.

Tourline atingirá breakeven em 2021

Fonte: CTT. Dados 2019 referentes aos primeiros nove meses.

Nova gestão, mais equipamento e nova marca

O negócio espanhol tem sido uma das pedras no sapato dos CTT há muito tempo. Mas a nova gestão dos Correios vai dar outra oportunidade a Espanha pela dimensão e velocidade de crescimento do mercado espanhol e também pela relação de proximidade com o mercado português.

“O mercado de Expresso e Encomendas em Espanha tem oito vezes o tamanho do mercado português, a economia espanhola é seis vezes maior e tem cinco vezes mais população do que Portugal. O mercado de encomendas está a crescer mais rápido do que a economia espanhola, existindo um forte potencial, impulsionado pelo e-commerce”, dizem os CTT em respostas ao ECO sobre o plano de investimento na Tourline.

“Além disso, uma presença relevante em Espanha é importante para reforçar o negócio dos CTT em Portugal, uma vez que os fluxos transfronteiriços são muito significativos e estão a crescer quer em Portugal quer em Espanha”, acrescentam.

Neste cenário, contratou-se uma nova equipa para levar a cabo este plano de turnaround. E não é uma equipa qualquer, segundo João Bento. “Temos uma nova equipa de gestão, em plenas funções desde setembro. Atrevo-me a dizer que é a equipa mais experiente em Espanha no negócio de encomendas, com uma história significativa de turnaround“, sublinhou aos analistas. “Estamos a falar de SEUR e Correos Express”, frisou ainda.

Mais concretamente, João Bento falava de Manuel Molins, que liderou o turnaround da SEUR, primeiro, e da Correos Express mais recentemente. Agora, vai tentar executar novo plano na Tourline. “Os CTT têm muita confiança na nova equipa de gestão, com forte conhecimento e experiência no setor e para realizar o turnaround necessário”, responde a empresa ao ECO.

A receita para dar a volta à operação em Espanha passará por uma aposta no “crescimento orgânico junto das empresas que atuam no segmento B2C”. Vão ser investidos 12 milhões de euros ao longo do período de execução do plano, com o investimento a ser direcionado sobretudo para a aquisição de “equipamento de sorting de média dimensão, de sistemas de informação, sistemas track & trace e sistemas de order management & fulfillment”, detalha a empresa ao ECO.

Aos analistas, João Bento disse que quer “otimizar o modelo de negócio” através de “maiores níveis de automação e, por conseguinte, de eficiência e de controlo da distribuição”. “É muito difícil ter controlo sobre a distribuição”, reconheceu o gestor que lidera a empresa desde maio.

Está também previsto uma mudança de imagem. Vai desaparecer a marca Tourline e nascerá, no primeiro trimestre do próximo ano, os CTT Express. “Queremos renovar a marca, imagem e o reconhecimento da Tourline. Vamos mudar o nome da marca Tourline, que vai passar a chamar-se CTT Express. Isto vai acontecer brevemente”, disse João Bento.

Os CTT estão em profunda reestruturação perante a quebra acentuada do tradicional negócio postal. Além do Banco CTT, o grupo está a apostar no segmento de Expresso e Encomendas para crescer. A empresa fechou os primeiros nove meses do ano com lucros de quase 23 milhões de euros, o dobro do que tinha alcançado há um ano.

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Quatro anos depois, Banco CTT deixa de perder dinheiro. Lucros já em 2020

Lançado em 2016, o banco postal atingiu pela primeira vez o break even operacional no último trimestre, dentro do prazo previsto. "É um marco para o Banco CTT", assinala o CEO do grupo, João Bento.

Lançado há quatro anos, o Banco CTT começa agora a ver a luz ao fundo do túnel. O chamado banco postal atingiu pela primeira vez o break even operacional, um feito alcançado nos primeiros nove meses do ano. Isto quer dizer que a operação já consegue gerar tantas ou mais receitas do que as despesas de operação que representa. “É um marco para nós”, assinala o atual presidente do grupo CTT, João Bento. Só que ainda não dá lucro. Isto só vai acontecer no próximo ano.

A boa notícia veio com os resultados do terceiro trimestre que os CTT CTT 0,87% apresentaram na semana passada. O banco lançado ainda na era Francisco Lacerda chegou a setembro com um EBITDA — resultado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações — de 300 mil euros. Inédito. Foi uma melhoria significativa face aos nove milhões de prejuízos operacionais registados no mesmo período do ano passado. Ajudou neste desempenho sobretudo a aquisição da 321 Crédito, uma instituição financeira especializada no crédito ao consumo e que os CTT compraram, este ano, por 100 milhões de euros, que veio acelerar o negócio bancário de um grupo que até há pouco tempo estava mais habituado a distribuir cartas e encomendas.

“O último trimestre foi um marco para o banco. O banco atingiu o break even operacional cerca de quatro anos depois do lançamento. É um grande trimestre para nós, tendo em conta o sucesso da integração da 321 Crédito”, assinalou João Bento, presidente executivo dos CTT desde maio, na conferência de resultados com os analistas. “Foi um trimestre muito bom para o banco e um marco para o banco”.

Banco atinge breakeven pela primeira vez

Fonte: CTT. Dados 2019 relativos até setembro.

Foi a primeira vez que o Banco CTT, liderado por Luís Pereira Coutinho, conseguiu apurar um EBITDA positivo — estava previsto o banco atingir o break even este ano, ou seja, “verificou-se a antecipação de um trimestre na concretização desta meta”, diz fonte oficial da instituição financeira ao ECO. Contudo, o banco ainda não consegue gerar resultados líquidos positivos — afinal, os 300 mil euros de resultado operacional não contabilizam os encargos que o banco teve com juros, impostos, depreciações e amortizações. Os CTT não revelaram o resultado líquido do banco nos primeiros nove meses do ano, mas mostraram que o EBIT — o resultado apurado depois de contabilizadas as depreciações e amortizações — ficou em terreno negativo: prejuízo de 5,9 milhões de euros. Ainda falta pagar impostos e juros, pelo que o prejuízo líquido será maior.

Os lucros só chegarão no próximo ano. “A divulgação ao mercado no início deste ano, e que mantemos, é que o banco tem como objetivo apresentar lucros em 2020”, disse fonte oficial da instituição ao ECO.

Feitas as contas, o Banco CTT, lançado há quatro anos para contrariar a queda do tradicional negócio postal do grupo e aproveitando a rede de lojas dos Correios, teve prejuízos líquidos acumulados de 60 milhões de euros até ao final de 2018.

A dimensão das perdas obrigou os CTT a injetar dinheiro na instituição financeira por várias ocasiões. Quando foi lançado, em 18 de março de 2016, o Banco CTT começou com um capital de 34 milhões de euros. Chega aos dias de hoje com um capital de 266,4 milhões de euros, isto depois de meia dúzia de aumentos realizados entretanto, totalizando os 230 milhões de euros.

Uma parte deste dinheiro financiou aquisições do banco — algo que estava previsto desde o início. Por exemplo, o último aumento de capital aconteceu no dia 26 de abril deste: injetou 110 milhões de euros com a finalidade, neste caso, de aquisição da 321 Crédito. Um outro aumento de capital de 6,4 milhões de euros, no início do ano passado, serviu para transferir a rede de pagamentos Payshop dos CTT para o banco.

Evolução do capital do Banco CTT

Fonte: CTT

Estas duas operações vieram dar músculo ao Banco CTT, que se viu altamente pressionado — como os outros bancos — com a descida dos juros por parte do Banco Central Europeu (BCE) a condicionar a margem financeira — que resulta da diferença entre os juros cobrados nos empréstimos e os juros pagos nos depósitos.

Com a integração da 321 Crédito, o Banco CTT incorporou uma carteira de empréstimos ao consumo de mais de 400 milhões de euros, que vieram dar “utilidade” aos depósitos dos clientes. Após a aquisição, o rácio de transformação passou de 17% para 69%, “um impacto significativo”, como reconheceu João Bento.

O banco apresenta uma carteira de crédito total no valor de 900 milhões de euros. Já os depósitos de clientes ascendem a 1,16 mil milhões de euros. Atualmente, o banco tem cerca de 438 mil contas à ordem. João Bento disse aos analistas que a instituição tem mantido uma “firme aquisição de clientes” na ordem dos dez mil por mês, “com predominância de jovens clientes digitais, o que é uma boa notícia”.

Foi isto que fonte oficial do Banco CTT também sublinhou ao ECO: “O ritmo consistente de abertura de contas, uma vez que todos os dias mais de 500 clientes aderem ao banco”, com “uma forte penetração de millennials, com a base de clientes a ter uma proporção de millennials muito acima da média do mercado”.

Os CTT estão em profunda reestruturação perante a quebra acentuada do tradicional negócio postal. São sobretudo duas as alavancas de crescimento que o grupo está a apostar: Expresso e Encomendas e Banco CTT. Os Correios fecharam os primeiros nove meses do ano com lucros de quase 23 milhões de euros, o dobro do que tinha alcançado há um ano.

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“Impostos não podem impedir ou desincentivar a criação de riqueza e investimento produtivo”, diz Carlos Tavares

Presidente do Banco Empresas Montepio, Carlos Tavares, destaca que "cabe especialmente aos poderes e políticas públicas assegurar as condições para que as empresas possam investir ".

 

A produtividade é um dos grandes desafios para o tecido empresarial português. Todavia, a carga fiscal não permite às empresas crescer e posicionar-se com os parceiros europeus. Para o presidente do Banco Empresas Montepio (BEM), Carlos Tavares, “os impostos não podem impedir ou desincentivar a criação de riqueza e investimento produtivo”. Na conferência promovida pelo BEM em Braga, no Altice Forúm, com mais de 200 empresários a assistir, Tavares esclarece ainda que “a taxa de juro praticada atualmente não incentiva o investimento e pode estar, uma vez mais, a incentivar o mau investimento”.

Carlos Tavares aconselha as empresas a assegurar este esforço de investimento produtivo, mas não deixa de destacar que “cabe especialmente aos poderes e as políticas públicas assegurar as condições para que as empresas possam investir e retirar os proveitos desses investimentos, incluindo as políticas fiscais que devem ser suficientemente amigas do investimento”.

O presidente do conselho de administração do Banco Empresas Montepio destaca que para aumentar a produtividade das empresas é necessário investir com qualidade. “Chegamos mais uma vez à situação em que a variável crucial é o investimento e desta vez não podemos correr o risco de ter mau investimento de novo, porque já estamos muito endividados e com taxas de juro baixas”.

Fernando Alexandre, professor da escola de economia e gestão da Universidade do Minho, evidencia que “o investimento das empresas portuguesas está em níveis mínimos” e que “são as empresas mais endividadas do mundo”.

“A dívida aumentou significativamente nos últimos dez anos (…) o país não pode entrar novamente num novo ciclo de endividamento que não se reflita em melhor produtividade e melhor investimento”, alerta. Explicando ainda que foi “criado um endividamento para financiar investimento de má qualidade e toda aquela dívida que se criou não se traduziu em melhoria da produtividade e recuperação em relação aos nossos parceiros europeus”.

Aumento da produtividade passa pelo investimento

O presidente do conselho de administração do Banco Empresas Montepio acrescenta ainda que a produtividade de Portugal é metade em relação aos países mais produtivos na Europa e de 60% em comparação à média europeia. “Isto é um gap de produtividade que se mantém há 40 anos. Chegamos ao século XXI e estagnamos, não porque tenhamos deixado de investir, mais sim pela qualidade do investimento entre 2000 e 2015. A produtividade marginal do investimento foi inferior ao custo marginal”, explica, Carlos Tavares, na conferência “Investimento e Capitalização das empresas: uma visão estrutural”, que reuniu mais de 200 pessoas em Braga.

Fernando Alexandre corrobora a ideia de Carlos Tavares e destaca que “até 2000 tivemos crescimentos da produtividade mais ou menos significativos, mas desde 2000 a produtividade é a mesma ano após ano”.

O professor da escola de economia e gestão da Universidade do Minho aconselha as empresas a investir para aumentar a produtividade. O ECO perguntou como? Na ótica do professor, fontes de financiamento alternativas podem ser parte da solução. Sugere a “entrada de capital de outros sócios, através do financiamento da banca ou até mesmo através de capitais próprios”.

“O tecido empresarial deve olhar para o mercado numa escala global e as empresas têm que encontrar formas de entrar nesses mercados”, destaca Fernando Alexandre. Concluindo que “as grandes cadeias de valor global controlam cerca de 2/3 do comércio mundial”.

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Energia, fitness e hotelaria dão lucros de 3,7 milhões à Sonae Capital

  • ECO
  • 6 Novembro 2019

Empresa faturou 160 milhões de euros nas áreas da energia, fitness e hotelaria. E vendeu 25 milhões em ativos imobiliários. Desempenho permitiu à Sonae Capital voltar aos lucros.

A Sonae Capital regressou aos lucros nos primeiros nove meses do ano, período durante o qual ganhou 3,7 milhões de euros, isto depois dos prejuízos de 8,5 milhões de euros registados no mesmo período do ano passado.

A contribuir para este desempenho esteve o crescimento de quase 20% do volume de negócios da empresa liderada por Miguel Gil Mata, que atingiu os 179,8 milhões de euros entre janeiro e setembro deste ano.

A Sonae Capital faturou mais 30 milhões nas suas principais unidades de negócio do que há um ano, com as receitas nas áreas da energia (empresa capWatt), fitness (ginásios Pump, Solinca e One) e hotelaria (Troia Residence, Porto Palácio, Aqualuz, entre outros) a ascenderem a 162 milhões. Por outro lado, o negócio de ativos imobiliários rendeu 25 milhões de euros, mais cinco milhões do que há um ano.

Feitas as contas, o EBITDA consolidado — resultado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações — aumentou 30% para 25,33 milhões de euros.

“Como corolário de uma conta de exploração cada vez mais robusta, registámos um resultado líquido positivo de 3,7 milhões de euros, mais de 12 milhões de euros acima do período homólogo de 2018”, diz o CEO da Sonae Capital numa nota enviada aos jornalistas. “Mantemos uma estrutura de capital sólida, com a dívida financeira líquida a atingir 143,7 milhões de euros, não obstante o investimento de 38,7 milhões de euros e a distribuição de dividendos no valor de 18,5 milhões de euros”, acrescentou Miguel Gil Mata.

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A startup do terceiro dia de Web Summit é…

Já pensou em ter um telescópio em casa? A startup francesa Unistellar torna o desejo possível.

Estava um telescópio no Web Summit. O mesmo aparelho pode também estar em sua casa. Ou às suas costas, uma vez que é compacto e cabe dentro de uma mochila.

Trata-se de um telescópio com um sistema de luz ampliada que permite ver galáxias, nebulosas e cometas, mesmo que se encontre no meio da cidade.

“É um produto para consumidores”, explica Ludovic Nachury, fundador da empresa que inventou o Unistellar Vscope. Inventado para “qualquer pessoa que seja curioso em relação ao que nos rodeia”.

Nachury garante que não é preciso ser entendido em constelações, uma vez que o dispositivo é controlado através de uma app. “Queremos dar a conhecer o espaço” completa.

O aparelho tem um custo de três mil euros. A empresa existe desde 2015, mas foi apenas há dois anos que conseguiu angariar 3 milhões de dólares através do programa Kickstarter.

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