Tem crédito com Euribor a 3 meses? Prestação da casa vai subir no Natal

Os contratos com Euribor a três meses revistos em dezembro veem a prestação subir 0,1%, Mas nas maturidades a 6 e 12 meses, há novos cortes nos encargos mensais.

O seu crédito da casa é revisto no próximo mês e tem como indexante a Euribor a 3 meses? Então prepara-se para receber no sapatinho uma prenda um pouco amarga neste Natal. O valor da prestação vai subir, apesar de ligeiramente. Nas restantes maturidades — 6 e 12 meses — há, pelo contrário, um alívio dos encargos mensais no crédito da casa para novos mínimos históricos.

Os empréstimos com Euribor a 3 meses revistos em dezembro vão ver a respetiva taxa de juro subir 0,1%, reflexo de uma ligeira inversão do rumo descendente daquele indexante observada nas últimas semanas.

Considerando o cenário de um empréstimo de 100 mil euros, a 30 anos, e com um spread de 1%, as famílias cujos contratos estejam associados a este indexante veem assim o valor da prestação subir do mínimo histórico de 303,24 euros definido há três meses, para se fixar nos 303,55 euros. Ou seja, mais 31 cêntimos.

Já os créditos da casa com indexantes mais dilatados, pelo contrário, vão beneficiar de um novo alívio de encargos. Os cortes são de 1,44% e 1,8%, respetivamente, nos empréstimos com Euribor a 6 e 12 meses.

Evolução dos indexantes da casa em 2019

Fonte: Reuters

Partindo do mesmo cenário base, o valor da prestação dos empréstimos com Euribor a 6 meses desce 4,48 euros, passando dos 310,87 euros em vigor ao longo dos últimos seis meses, para 306,39 euros. Por sua vez, nos créditos com Euribor a 12 meses — o único indexante disponibilizado atualmente pela quase totalidade dos bancos — os encargos mensais caem 5,63 euros, com a prestação a fixar-se nos 309,3 euros ao longo do próximo ano.

Em ambos os casos, as prestações fixam-se em novos mínimos de sempre, com as famílias ainda a beneficiarem dos mínimos históricos das Euribor a 6 e 12 meses estabelecidos entre agosto e o início de setembro.

Taxas Euribor já dão sinais de inversão. Futuros reforçam

Entretanto, desde esses mínimos é percetível uma tendência generalizada de subida, dos indexantes. Tal acontece depois de o Banco Central Europeu ter descido, em setembro, a taxa de depósito para um valor ainda mais negativo — 0,5% — mas estabelecendo a sua aplicação apenas sobre o excesso de liquidez dos bancos.

Aquando dessa decisão, o Commerzbank antecipou que tal iria levar a taxa de depósito a tornar-se menos negativa em dez pontos base. Passando esta taxa a ser menos negativa, seria expectável que as Euribor acompanhassem esse movimento, acabando por refletir-se numa subida das prestações de quem tem crédito à habitação.

Já o mercado de futuros aponta para que a Euribor a 3 meses se mantenha acima em torno dos -0,4% até setembro de 2022, para depois dessa ocasião começar a assumir valores menos negativos daí em diante. A boa notícia é que o mercado também espera que pelo menos até junho de 2024, o indexante se mantenha negativo.

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5 coisas que vão marcar o dia

Esta sexta-feira não é um dia qualquer, é Black Friday. Mas há mais do que apenas promoções nas lojas. Há dados importantes, como a inflação e o desemprego na Europa.

No dia em que os grandes descontos invadem todas as lojas, o Eurostat divulga dados sobre a inflação e o desemprego, e o INE anuncia os dados sobre as contas nacionais referentes ao terceiro trimestre deste ano. Entre as empresas, a Teixeira Duarte está em foco já que vai apresentar aos investidores os seus resultados.

Um dia cheio de descontos. É assim a Black Friday

Celebrado o Dia de Ação de Graças, segue-se agora a Black Friday, um dia tradicionalmente marcado por grandes descontos em múltiplos bens e serviços, da tecnologia à banca. A Black Friday teve origem nos Estados Unidos, mas entretanto já chegou a muitos outros países, incluindo Portugal. E em Nova Iorque, Wall Street encerra mais cedo para assinalar a data.

Como está a evoluir a economia portuguesa?

O Instituto Nacional de Estatística divulga, esta sexta-feira, as contas nacionais trimestrais relativas ao terceiro trimestre do ano. De acordo com a estimativa rápida publicada no início deste mês, o PIB aumentou 1,9% em termos homólogos, de julho a setembro, tendo sido registado um contributo positivo da procura interna com o consumo privado a acelerar. No segundo trimestre, a economia tinha crescido 1,8% face ao mesmo período do ano anterior.

Desemprego subiu em Portugal. E lá fora?

O gabinete de estatísticas da União Europeia divulga, esta sexta-feira, os dados do desemprego relativos a outubro deste ano. Por cá, o INE já indicou que, nesse mês, a taxa de desemprego terá estabilizado em 6,5%, tendo revisto em uma décima o valor de setembro (de 6,4% para 6,5%). A confirmar-se o valor provisório indicado agora pelo INE para outubro, a taxa apresentará apenas uma redução de uma décima face ao mesmo mês do ano passado. Em outubro de 2018 a taxa de desemprego situou-se em 6,6%.

E que trajetória está a fazer a inflação?

Numa altura em que o Banco Central Europeu mudou de mãos (Mario Draghi passou a liderança a Christine Lagarde, o gabinete de estatísticas da União Europeia divulga, esta sexta-feira, uma estimativa rápida dos dados da evolução dos preços no bloco comunitário relativa a novembro deste ano. Um dos desafios herdados por Lagarde foi precisamente uma inflação persistentemente baixa e distante do objetivo de 2%.

Teixeira Duarte apresenta contas

A construtora Teixeira Duarte apresenta, esta sexta-feira, as suas contas consolidadas referentes ao terceiro trimestre do ano. Nos primeiros seis meses do ano, a construtora registou um resultado líquido de 12,3 milhões de euros, o que significa um decréscimo de 29,3% face ao mesmo período de 2018. Os proveitos operacionais foram de 490 milhões de euros, recuando 1% em termos homólogos.

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Ao ritmo atual, só em 2052 é que os salários em Portugal vão igualar a média europeia

Desde 2016 que os salários em Portugal estão a convergir com a Europa. Mas a manter-se o ritmo atual de crescimento, só daqui a mais de 30 anos é que os rendimentos igualarão a média europeia.

Na negociação dos salários em sede de concertação social que arrancou esta semana, o Governo fixou como objetivo “acelerar a convergência com a média da União Europeia, de modo a reduzir o diferencial durante a legislatura”.

De acordo com os números que Governo apresentou aos patrões e sindicatos esta quarta-feira, “Portugal encontra-se 3,2 pontos percentuais abaixo da média europeia da importância dos salários pagos no PIB”.

Remunerações dos empregados em % do PIB

Governo + Eurostat

Para atingir este objetivo, o Governo propõe-se a “promover não só o aumento do salário mínimo nacional, mas também um aumento substancial dos salários médios e medianos dos trabalhadores”.

Mas afinal, quanto ganha, em média, um trabalhador português? E um europeu? E em quanto tempo é que podemos conseguir alcançar a média europeia?

Segundo os números do Eurostat, o rendimento médio (líquido de impostos) de um português no ano passado foi de 13.458,4 euros/ano, ou seja, 961,31 euros por mês (considerando a remuneração paga em 14 meses). Já os europeus levam para casa no final do ano, em média, 24.700,77 euros “limpos”, o que corresponde a 1.764,34 euros por mês (considerando que a remuneração é paga em 14 meses) ou 2.058 euros (se paga em 12 meses).

Estes valores do gabinete de estatísticas europeu referem-se a um português solteiro, sem filhos, e que ganha um salário igual à média nacional. O Eurostat também disponibiliza números de rendimentos das famílias, com e sem filhos. Para consultar, clique aqui.

Mas a conclusão repete-se sempre: um europeu ganha, em média, quase o dobro de um português. Na Europa a 28, as remunerações médias anuais variam entre os 41.943,59 euros do Luxemburgo (mais do triplo do que em Portugal) e os 5.512,98 euros da Bulgária (menos 60% do que a remuneração paga em Portugal).

Rendimento líquido anual na União Europeia

Fonte: Eurostat. Caso de um solteiro, sem filhos, e com uma salário igual à média nacional.

Para convergir com a média europeia, o Governo liderado por António Costa, no âmbito do Acordo de Médio Prazo sobre Competitividade e Rendimento, sugeriu aos patrões esta quarta-feira um referencial para a atualização dos salários que tivesse em conta a soma do crescimento da produtividade e a inflação. Para o próximo ano, o aumento sugerido é de 2,7% e vai aumentando até chegar aos 3,2% em 2023.

Tal como o ECO noticiou esta quarta-feira, nos últimos dois anos, os patrões, mesmo sem nenhum acordo com o Governo, negociaram aumentos salariais a nível de contratação coletiva superiores a 3%, colocando os rendimentos em Portugal em rota de convergência com a média europeia.

Os números do Eurostat mostram que os salários em Portugal têm registado um crescimento maior do que a média europeia desde 2016. Nesse ano, o primeiro completo de António Costa como primeiro-ministro, os rendimentos em Portugal cresceram 2,73%, enquanto na Europa a 28 registou-se uma contração de 0,79%. Em 2017, os rendimentos em Portugal aumentaram 1,9% (e na Europa apenas 0,74%) e no ano passado subiram 3,12% (contra os 2,28% na União Europeia).

A subida dos rendimentos pode resultar quer do aumento dos salários, quer da descida dos impostos e das contribuições para a Segurança Social.

A manter-se o ritmo médio de crescimento dos salários dos últimos três anos (2,58% em média em Portugal, versus 0,74% da Europa), Portugal continuará a convergir com os restantes países da União Europeia mas só em 2052, ou seja, daqui a mais de 30 anos é que poderemos igualar a média do rendimento dos outros europeus. Isto se, e é um grande “se”, Portugal conseguir manter o atual ritmo de convergência.

Convergência dos salários, se Portugal e Europa mantiverem os atuais ritmos de crescimento

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7 dicas para não ser enganado nesta Black Friday

Estar de olho nos preços, comparar a oferta com a concorrência, recolher informações sobre os vendedores ou manter em segurança os dados pessoais são alguns dos cuidados que devem ser tidos em conta.

Após dias e dias de publicidade nas rádios, na televisão ou na internet, chegou a Black Friday. O grande dia para as compras natalícias, importado da tradição norte-americana, vem recheado com a promessa de muitas promoções e descontos. Oportunidades de poupança que muitas pessoas não querem perder, mas em que por vezes o que parece barato pode sair caro ou trazer dores de cabeça. O ECO compilou um conjunto de sete dicas ajudar ajudar a tirar o melhor partido e evitar ir ao engano neste Black Friday.

1. Esteja de olho nos preços

“Nem tudo o que parece é”. O ditado é um importante aliado para quem não se quer deixar enganar nas compras desta Black Friday. É que por mais sonante que possa parecer a promessa de descontos de 50% ou 70%, por vezes podem não tratar-se de negócios assim tão vantajosos. Nos últimos anos, a Deco identificou diversos casos de subida dos preços antes da Black Friday, por forma a simular promoções mais interessantes, mas enganosas para o consumidor. Nesse sentido, é conveniente que o consumidor procure acompanhar a evolução dos preços do produto em que está interessado antes da Black Friday.

Se não teve oportunidade de fazer esse trabalho de casa, a Deco disponibiliza o Comparar Preços. Esta ferramenta de pesquisa regista a evolução dos preços dos produtos nas lojas online ao longo dos últimos dias, para aconselhar ou não a sua compra. Mediante a pesquisa, através do link completo do produto ou do seu nome, a ferramenta devolve um semáforo com três cores: verde (sinal de um bom negócio), amarelo (preços atuais semelhantes aos dos últimos 30 dias) e vermelho (compra desaconselhada porque o preço já esteve mais baixo).

2. Compare a oferta das diferentes lojas

Mas não basta comparar dentro da loja. Convém também olhar para a oferta da concorrência, já que muitas vezes, apesar de haver desconto, é possível encontrar preços originalmente mais baixos noutras lojas. Também aí o Comparar Preços da Deco dá uma ajuda. Ao pesquisar um produto numa dada loja, surgem simultaneamente resultados com as lojas onde este também está venda, ordenados pelo preço.

3. Verifique a qualidade dos produtos

O preço não é necessariamente um indicador da qualidade de um produto. Antes de avançar com a compra procure saber quais as características do produto e se estas estão de acordo com as suas expectativas. Muitos sites já permitem fazer essa comparação, ajudando a avaliar se uma determinada característica compensa ou não a diferença de preço.

Há ainda fóruns de discussão de compradores que partilham a sua experiência de utilização dos produtos. O Portal da Queixa, por exemplo, disponibiliza uma área específica dedicada ao Black Friday, onde os consumidores podem partilhar as suas experiências negativas na ida às compras nesta época.

4. Recolha informação sobre o vendedor

Outra das indicações que deve ser seguida, e que é válida nas compras online, é verificar os sites em que está a ser feita a aquisição. Nomeadamente, se é um site seguro, a identificação de quem tem a responsabilidade pelo site e se existe uma morada física para onde reclamar caso seja necessário. Para além de prevenir “dores de cabeça” no processo de compra do produto, ao fazer este tipo de verificação, o consumidor também se protege de eventuais fraudes.

Ao nível da segurança do site, por exemplo, é importante garantir que o respetivo domínio seja precedido pelo protocolo https, em vez do habitual http, menos seguro. E mesmo aí não há garantias totais. “Só porque o link começa por https não significa necessariamente que é seguro. Algumas fraudes começam aqui”, diz a fintech Monese, recomendando assim ao comprador que “tenha a certeza que faz compras em lojas online e usa sites de pagamentos onde o link é seguro e verificado”.

5. Proteja os seus dados

Ao fazer compras online pense duas vezes quando lhe pedirem dados pessoais adicionais. “Estão a pedir-lhe o número do passaporte ou da carta de condução? Alguns dados são irrelevantes para fazer compras e a sua identidade pode acabar por ser ‘roubada’ e usada para outros fins“, alerta a Monese, aconselhando os consumidores a protegerem “o seu ativo mais valioso, os seus dados”.

6. Conheça a políticas de compra e devolução

Optar pelas compras online em detrimento de ir a uma loja física pode evitar muitas dores de cabeça nesta Black Friday. E se essa for a opção, o utilizador está mais protegido no que respeita à política de devoluções. Qualquer que seja o argumento — seja por as características do produto não corresponderem ao esperado ou simplesmente porque o consumidor se arrependeu — pode devolver o produto. “Para o fazer, deve comunicar a sua desistência até 14 dias após a receção do produto, através do envio do formulário próprio para o efeito, ou de uma carta registada com aviso de receção ou qualquer outra declaração inequívoca de resolução do contrato”, explica a Deco. Mas há exceções. Não é possível devolver consumíveis, tais como alimentos, software descarregado online ou produtos personalizados.

No caso das lojas físicas, o comerciante não está obrigado a receber devoluções, à exceção de produtos com defeito. Neste cenário, verifique se a loja aceita devoluções e em que condições, e ainda se existem regras especiais para a devolução de produtos em períodos de promoções como é o caso da Black Friday.

7. Tem razões de queixa? Reclame

Quando tiver razões de queixa sobre o serviço prestado por um comerciante online, o consumidor deve ainda fazer valer os seus direitos procurando o apoio das entidades competentes e das várias ferramentas que estão disponíveis. Nomeadamente, o Livro de Reclamações e o Livro de Reclamações Eletrónico, onde pode inscrever a sua queixa e, por vezes, tal é o suficiente para que haja uma resolução do problema. Para ajudar a resolver conflitos relacionados com as compras online, os consumidores também podem recorrer aos centros de arbitragem de conflitos de consumo, entidades que na maioria das situações prestam serviços de forma gratuita, ou à Deco, por exemplo.

http://videos.sapo.pt/hKmSERn7ecKTt3aVQV7H

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Lá fora já é online. Black Friday em Portugal é cada vez mais corrida às lojas

Nasceu nas lojas físicas nos EUA e tem vindo a ganhar mais expressão no mundo digital. Porém, em Portugal, o fenómeno da Black Friday segue em contraciclo.

A Black Friday é esta sexta-feira e é o principal dia de descontos e promoções no ocidente. EPA/ANDY RAIN

A Black Friday nasceu nos EUA, primeiro nas lojas físicas e só mais tarde chegou ao mundo digital. Os portugueses ouvem falar dela há cinco anos e o fenómeno já está bem enraizado na sociedade. Mas a tendência tem sido exatamente a oposta no mercado nacional. A Black Friday conquistou primeiro as lojas virtuais portuguesas e só depois é que o conceito foi adaptado às lojas físicas das principais marcas de retalho.

Nesta “sexta-feira negra”, o ECO quis perceber qual o peso das vendas na internet quando comparadas com o volume de vendas em lojas físicas. E as fontes contactadas apontam para uma realidade que segue a contraciclo com a sofisticação do digital que se tem visto em economias de maior dimensão, como a norte-americana ou a chinesa.

Há alguns anos, a Black Friday era o dia de os norte-americanos afluírem às lojas em grandes massas, mas a tecnologia tem permitido uma experiência de comércio eletrónico substancialmente melhor do que na década passada. Em Portugal, em contrapartida, o conceito começou no comércio online, mas há cada vez mais — e maiores — campanhas nas lojas nos grandes centros comerciais.

“A Fnac foi dos primeiros retalhistas a importar o conceito de Black Friday para Portugal, há cerca de cinco anos. Nessa altura, era um conceito que utilizávamos ainda apenas no online e foi de ano para ano tornando-se mais omnicanal”, assumem ao ECO, por email, o diretor comercial da Fnac Portugal, Pedro Falé, e a diretora de e-commerce da marca, Paula Alves. Nestes momentos mais promocionais, o online ganha peso, mas não vai além de um quarto das vendas globais nacionais.

A Fnac Portugal é, assim, um desses exemplos em que a Black Friday nasceu digital e é cada vez mais física, apesar do aumento da sofisticação da loja na internet. “Na Fnac em Portugal, a Black Friday começou no online e só depois começou a ser transposto para as lojas físicas. Em igualdade de circunstâncias de preço, e como os estudos de Portugal digital o demonstram, os clientes portugueses preferem ir às lojas”, apontam os mesmos responsáveis da empresa.

A corrida às lojas é, por isso, explicada com o facto de permitir toda uma experiência social que a internet ainda não permite. As lojas “são espaços de aconselhamento, de experiência e de gratificação imediata”. “Contamos que a maioria dos clientes se continue a deslocar às nossas lojas, não prescindindo de pesquisar características, preços e disponibilidades na loja virtual”, estimam Pedro Falé e Paula Alves.

Na Fnac em Portugal, a Black Friday começou no online e só depois começou a ser transposto para as lojas físicas. Em igualdade de circunstâncias de preço, e como os estudos de Portugal digital o demonstram, os clientes portugueses preferem ir às lojas.

Na Black Friday do ano passado, vídeos publicados nas redes sociais documentaram a corrida às lojas… em sentido literal. Centenas de portugueses irromperam pelas lojas dentro, procurando conseguir os melhores descontos antes que o stock se esgotasse. A prova do crescimento da Black Friday em loja é a campanha que está a ser levada a cabo pela Worten: a marca teve uma promoção pré-Black Friday e começou a meio desta semana a aceitar reservas dos clientes para poderem entrar nas maiores lojas antes de todos os outros. Há pulseiras e até música, como se fosse um autêntico festival. Contactada, a marca da Sonae não respondeu a tempo de publicação deste artigo.

“Diria que a predominância se mantém nas lojas físicas, também ainda por um comportamento que privilegia a experiência, o toque, o cheiro, o gosto de uma certa perseguição do produto certo ao melhor preço, mesmo após as pesquisas online, explica também ao ECO a professora Ana Paula Cruz, do IPAM. E sublinha: “Ainda somos maioritariamente offline nestas coisas”.

A especialista recorda também que, por um lado, já existem produtos e condições de venda “que são oferecidos quer pelas grandes cadeias, quer pelas lojas singulares, exclusivamente para o ponto de venda físico”. “Toda uma seleção de produtos é comunicada aos potenciais clientes como chamariz à loja, onde outras maravilhas não consideradas à partida como objeto de compra, esperam pelo consumidor. Ele, aliás, também espera por isso”, elenca Ana Paula Cruz.

“Por outro lado, também na web há artigos que são exclusivos do online e que não encontraremos nas lojas físicas”, admite. Já para não falar de que, “para os amantes do online“, a confusão característica do Black Friday nas lojas “é a grande razão que os leva a optar” pela internet: “Nada melhor que o conforto de um sofá, passeando entre lojas e entre separadores do browser“.

Questionada sobre se a Black Friday é cada vez mais um evento físico ou digital, Ana Paula Cruz não é determinista: “Tenderá para um equilíbrio, com o online a crescer mais para se aproximar da compra no ambiente físico. Haverá sempre quem prefira a excitação da busca do artigo perfeito ao preço ideal, da escolha no momento de uma oferta em que não se pensava, mas não há dúvida que o online ainda terá muito por onde crescer”, conclui.

Enquanto isso, empresas como os CTT vão assistindo com entusiasmo ao crescimento deste fenómeno, que é já uma importante ocasião nas contas e operações da empresa de correios. Afinal, alguém tem de levar as encomendas desde os armazéns até à porta da casa dos consumidores (isto é importante, porque a Amazon já é capaz de entrar mesmo dentro de algumas habitações).

Fonte oficial dos CTT assume ao ECO que, “nesta altura do ano, os CTT observam uma concentração de compra em momentos ou campanhas específicas, como é exemplo a Black Friday, com alguns fluxos a registarem crescimentos superiores a 30% face ao período comparável do ano anterior”. Este crescimento acontece não só nas compras dentro do país como também nas compras dos portugueses em lojas localizadas noutros países europeus, ou mesmo em territórios extracomunitários.

Ainda assim, nem mesmo os CTT, parte interessada no crescimento do online devido ao negócio do Expresso e Encomendas, arriscam dizer que a Black Friday caminha para ser um evento na internet. “O comércio é cada vez mais omnicanal e haverá sempre uma grande oportunidade para as compras offline, até pela tipologia de produtos que são alvo também das campanhas de desconto e que não é ainda comum serem comprados online derivado da sua natureza (peso/dimensões) ou da necessidade de serviços complementares à entrega (instalação, por exemplo)”, justifica a mesma fonte.

E é disto que se faz a Black Friday em Portugal. Não só de portugueses sentados no sofá a comprar com o telemóvel, mas cada vez mais de consumidores em grandes centros comerciais. No que aos CTT diz respeito, a empresa de correios espera “recordes” para esta sexta-feira, 29 de novembro.

“Esperamos que estas campanhas com descontos extraordinários a atuarem sobre as compras online tenham um efeito de pico, batendo-se os recordes das campanhas de anos anteriores. Há, de qualquer modo, um efeito atenuador de concentração do fenómeno de pico, já que o apelo às campanhas de desconto, sob o desígnio de Black Friday, se inicia muito antes da referida sexta-feira, levando a que os clientes tomem decisões de compra antecipadamente”, aponta a empresa liderada por João Bento.

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📹 O que é a Black Friday? Perguntou ao Google, nós respondemos

É o maior dia de promoções e descontos no ocidente, mas porque se assinala a Black Friday? Neste vídeo, explicamos de onde veio o fenómeno e qual a sua dimensão.

O Dia de Ação de Graças nos EUA assinala-se sempre na quarta quinta-feira de novembro. E, logo a seguir, vem a Black Friday. Muita gente já sabe que a “sexta-feira negra” é o maior dia de descontos e promoções do ocidente, em que as lojas enchem-se de campanhas a prometer preços 50% abaixo do valor original. Mas de onde é que surgiu este fenómeno? Assista a este vídeo e fique a conhecer a Black Friday um pouco melhor.

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Gadgets, roupa e até bacalhau. Na Black Friday, há descontos para todos os gostos

Este é o dia dos descontos e rara é a marca que não oferece promoções na Black Friday. Em várias áreas, desde supermercados a clubes de futebol, pode comprar artigos a metade do preço normal.

Chegou finalmente a última sexta-feira de novembro, quando se celebra a Black Friday. Este dia tem vindo a ser bastante antecipado, e este ano as promoções até começaram a aparecer mais cedo. Algumas marcas têm descontos no site já desde o início da semana, tentando prolongar o período de compras e algumas vão até estender-se até segunda-feira, Cyber Monday, 2 de dezembro.

As promoções da Black Friday multiplicam-se, e hoje em dia, rara é a marca que não adere. Desde supermercados a clubes de futebol, passando por lojas de moda e canais de televisão, veja os descontos exclusivos deste evento, que teve origem nos Estados Unidos e ocorre logo após o Dia de Ação de Graças.

  • Promoções em Playstations, telemóveis e portáteis? É só escolher

A tecnologia é uma das categorias de produtos mais procurada na “sexta-feira negra”, e não há falta de oferta. No caso da Worten, os preços baixaram em muitos telemóveis, televisões e acessórios, como auscultadores Bluetooth. A Fnac também tem descontos em tecnologia e não só. Sem PlayStation 4 ou quer oferecer uns jogos pelo natal, há um catálogo especial de descontos de até 60% numa vasta gama de títulos. Se estava de olho na consola, pode agora poupar mais de 100 euros.

A AliExpress e a Amazon, que têm um sortido mais geral, também têm descontos em vários produtos. Pode ser a oportunidade de se render à moda dos assistentes virtuais e comprar um dispositivo da gama Alexa. Por exemplo, o Echo Show 5, que tem um ecrã e responde a comandos de voz, custa 49,99 euros, um desconto direto de 44%.

Já a Radio Popular cortou nos preços dos telemóveis e portáteis, com descontos que rondam os 30%, noutros, sendo que há até produtos em que conseguirá poupar centenas de euros, como no caso do Galaxy S10+ da Samsung. A Media Markt tem descontos em categorias desde os smartphones aos wearables, passando pelos jogos, televisões, aparelhagens e eletrodomésticos. A loja online da PhoneHouse tem alguns descontos exclusivos.

A Apple também se rendeu à sexta-feira das promoções. Num email enviado aos utilizadores de produtos da marca, a fabricante do iPhone deixa a dica: “Receba um vale-oferta da Apple Store até 200 euros em produtos selecionados durante os quatro dias especiais”, isto é, desde a Black Friday à segunda-feira de Cyber Monday.

  • Supermercados

Precisa de fazer as compras do mês? Alguns supermercados aderiram à Black Friday para fazer promoções especiais. É o caso da Auchan, onde os descontos incluem um pouco de tudo, desde televisões a brinquedos, passando por eletrodomésticos e charcutaria. Acontece em todas as lojas em Portugal, físicas e online, e tem, por exemplo, promoções de 15% na picanha de novilho, 30% em capas e edredões e até 25% numa seleção de frigoríficos e combinados.

O Continente também celebra o “Black Weekend”, mas apenas online. Entre as promoções disponíveis encontra-se de tudo, desde uma redução de 10% nos cabazes de Natal, 25% nos brinquedos, 20% numa seleção de bacalhau inteiro, e um desconto de 75 euros na Nintendo Switch.

No El Corte Inglés todos os departamentos participam na Black Friday, como moda, desporto e decoração, passando pelo supermercado e o gaming. Há descontos de até 30% numa seleção de fragrâncias e 25% em maquilhagem. Já na tecnologia, há promoções de até 50% na informática e som e imagem e até 35% em smartphones. Grandes eletrodomésticos terão o preço reduzido em 40%.

  • Telecoms oferecem descontos no videoclube e subscrições de canais a metade do preço

Nas telecomunicações, a Nos aderiu a este “feriado”. Tem descontos até 400 euros, em smartphones, televisões, acessórios, pacotes e até no videoclube. Já a Vodafone tem promoções que incluem ofertas de acessórios e de internet móvel sendo que, por exemplo na compra de certos equipamentos, oferecem três mensalidades.

A Black Friday também lhe dá uma oportunidade de obter um “passe de meia época” para canais de desporto. A Eleven Sports lançou uma campanha que dá aos clientes acesso a todos os conteúdos do canal durante seis meses por menos de metade do preço de uma subscrição anual, 39,99 euros. A campanha é válida até dia 2 de dezembro e exclusiva para subscrições através de elevensports.pt ou dos operadores Meo, Nos, Nowo e Vodafone.

  • Casacos, sapatos e vestidos a metade do preço

Para quem quer renovar o guarda-roupa, esta poderá ser uma boa altura, já que a maior parte das lojas de moda e beleza tem descontos esta sexta-feira. A Women’secret, Springfield, Cortefiel e Pedro del Hierro têm descontos até 50% em artigos selecionados, e 25% nos restantes.

As marcas do grupo Inditex, como a Zara, Pull&Bear, Bershka e Stradivarius, não divulgaram com antecedência os descontos, mas confirmaram que vão fazer parte da Black Friday. A La Redoute, loja conhecida pelos catálogos, terá descontos de até 60%.

As marcas portuguesas também entram na Black Friday. A MO terá 25% de desconto direto em compras superiores a 25 euros no site, enquanto nas lojas físicas o desconto é em Cartão Continente. Já a DiVERGE, marca de sneakers personalizáveis, tem descontos que podem ir até 40%.

  • Livros, ebooks e música com descontos até 50%

Se quer acrescentar mais uns volumes à pilha de livros que tem para ler, pode aproveitar os descontos das livrarias. A Bertrand e a Wook oferecem 20% a 50% de desconto imediato em todos os livros e 20% nos ebooks em português que estão assinalados com o respetivo desconto.

A Almedina tem também descontos imediatos de Black Friday, entre 20% a 50%, mas as novidades não estão incluídas. A francesa Fnac, que tem uma seleção de produtos em áreas como a tecnologia, videojogos, livros e música, oferece descontos até 50% durante todo o fim de semana, de 29 de novembro a 2 de dezembro.

  • Clubes de futebol dão descontos nas camisolas e visitas

Nem os clubes desportivos deixam passar este feriado em branco. O Benfica está a fazer descontos sobre equipamentos e visitas. Pode-se comprar duas réplicas pelo preço de uma, peças da gama Adidas com 30% de desconto direto, ou ter 50% de desconto nas visitas ao Estádio da Luz e ao Museu Benfica-Cosme Damião.

O Futebol Clube do Porto também adere ao feriado, oferecendo 20% de desconto nas lojas online e a oferta dos portes para compras na FC Porto Online Store, tanto para Portugal, em compras superiores a 20 euros, como para o resto do mundo, em compras superiores a 100 euros.

  • No turismo, há voos a 10 euros e descontos de 40% nas estadias

E até para os amantes de escapadinhas e noites em hotéis há promoções nesta Black Friday. Nas viagens, são muitas as companhias aéreas que oferecem descontos, e não apenas esta sexta-feira. A easyJet tem voos entre dez e 20 euros, enquanto a TAP promete muitas milhas e a Ryanair está há uma semana a oferecer ofertas diferentes todos os dias.

Na hora de escolher onde passar a noite, há várias cadeias de hotéis com ofertas de Black Friday. Os hotéis Vila Galé têm estadias a partir de 50 euros, enquanto o Grupo Pestana está com saldos até 57%. As estadias nos hotéis NH e Tivoli estão com descontos de 40% e as unidades Intercontinental de 20%. Já o site de reservas Booking oferece descontos a partir de 40%.

Mas para quem não gosta de se preocupar com pesquisas, também há promoções nas agências de viagens. A Logitravel está em Black Week até 2 de dezembro, enquanto a Agência Abreu vai estender estes “saldos” até dia 8. O El Corte Inglés promete poupanças até 300 euros e, para quem gosta de “cuscar” a Odisseias, há 30% de desconto nas melhores experiências.

  • Na banca, há descontos no crédito ao consumo

A banca não resistiu à euforia do Black Friday, numa altura propícia ao consumo por impulso. O BCP, está a promover o crédito pessoal, com a oferta de uma taxa promocional no crédito pessoal (TAN de 6,25% e TAEG de 9,3%). Também o Santander aposta em descontos no crédito pessoal, riscando uma TAN de 7% e substituindo-a por uma de 6,2% e publicitando ainda uma TAEG de 10,1% em contratações até 2 de dezembro.

Já o BPI faz o seu Black Friday “sem juros” e TAEG desde 0,7% numa gama de 350 produtos que sejam adquiridos até 30 de novembro através de crédito pessoal do banco. O Bankinter opta por enviar por uma mensagem como forma de chegar aos clientes, promovendo a Black Week até 1 de dezembro com descontos na TAN do crédito pessoal através do homebanking e da app, sem adiantar valores. No Crédito Agrícola, o foco são os seus cartões de crédito.

  • Marcas automóveis aceleram na Black Friday. Há descontos dos 200 aos 20 mil euros

As marcas automóveis não hesitaram em avançar para promoções. O Grupo Auto-Industrial, que comercializa desde a Abarth à Alfa Romeo, Fiat, Ford e Renault, bem como a Mercedes-Benz, juntou-se à celebração, com “centenas de viaturas novas, semi-novas e usadas”, nas concessões e Norte a Sul do país – Porto, Aveiro, Coimbra, Leiria, Lisboa e Setúbal”, lê-se no site. Há descontos de 500 euros, mas também de 1.000 e até 5.000 euros, e ainda casos mais extremos, em que os valores em campanha chegam a ser de 15.000 a 20.000 euros inferiores aos habituais.

A Arval, empresa do grupo BNP Paribas, também tem ofertas e condições especiais de renting, até 2 de dezembro e limitado ao stock existente. A empresa de locação automóvel destaca os modelos da BMW e Mini, sendo que o novo Série 1 da fabricante de Estugarda fica a 329 euros por mês, IVA incluído.

As empresas direcionadas para o mercado de usados também aproveitam esta altura para aumentarem as vendas. É o caso, entre outras, da Matrizauto, que tem em vigor a campanha “Black Week” onde oferece descontos que variam entre 250 a 500 e até 1.000 euros. A AutoUsados, do Grupo Auto-Industrial, segue o exemplo, colocando vários modelos usados na campanha da Black Friday, enquanto a MS-Auto aposta em descontos em serviços para quem comprar um dos veículos usados que tem em stock.

  • Precisa de dar um toque à casa? Tem descontos em móveis ou colchões

Queria dar uma nova vida à sua casa? Na Leroy Merlin pode aproveitar os descontos para comprar materiais de construção, acabamento, decoração, jardinagem e bricolagem. E se não tem passado bem a noite, a Conforama tem camas, colchões, e até de eletrodomésticos, com descontos até 50% da Conforama. Para decorar a casa, pode espreitar as promoções da Zara Home.

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Governo fixa meta de contratação de mais 5.000 cientistas até 2023

  • Lusa
  • 29 Novembro 2019

Os novos contratos previstos serão celebrados ao abrigo do programa de estímulo ao emprego científico, até finais de 2023.

O Governo fixou como meta a contratação, até 2023, de mais 5.000 investigadores-doutorados, incluindo a integração de 1.500 na carreira, segundo o novo acordo de legislatura com as universidades e os institutos politécnicos públicos.

O Contrato de Legislatura” entre Governo e as instituições de ensino superior públicas, para o período 2020-2023, será assinado esta sexta-feira na residência oficial do primeiro-ministro, António Costa, em Lisboa.

Uma das metas traçadas é a contratação de 5.000 investigadores-doutorados (a somarem-se aos 5.166 desde 2017), incluindo 1.500 para ingresso na carreira (através de concursos regulares) e 500 por tempo indeterminado – estes últimos a serem feitos pelos laboratórios associados (instituições científicas com estatuto próprio).

Ainda do total de investigadores, com doutoramento concluído, a contratar, mil serão por concursos anuais individuais e 800 por concursos bianuais institucionais, a lançar pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), principal entidade que subsidia a investigação científica em Portugal.

As restantes contratações estimadas até 2023 serão efetuadas em associação com os projetos de investigação (200) ou pelas unidades de investigação (agregadas ou não a universidades e politécnicos, 400), pelos laboratórios colaborativos (que também têm estatuto próprio, 100) e pelas empresas (500).

Os novos contratos previstos serão celebrados ao abrigo do programa de estímulo ao emprego científico, até finais de 2023, nomeadamente através de fundos estruturais e fundos europeus.

A aplicação da legislação de estímulo ao emprego científico, que determina a contratação de investigadores-doutorados até um prazo máximo de seis anos, com possibilidade de ingresso na carreira, foi marcada, na anterior legislatura, por queixas dos cientistas, que invocaram atrasos nos concursos e resistência das universidades em contratar.

As instituições de ensino superior alegaram, por sua vez, falta de verbas para contratar investigadores, apesar de haver contratos-programa financiados pela FCT.

O anterior acordo entre o Governo e as universidades e os institutos politécnicos foi assinado em julho de 2016 e vigorava até 2020.

As instituições acusaram, posteriormente, o executivo socialista de faltar aos compromissos, designadamente em termos de financiamento.

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Governo vai rever incentivos fiscais às empresas para apoiar qualificação dos trabalhadores

  • Lusa
  • 29 Novembro 2019

"Formação de adultos é cada vez mais crítica”, tendo em conta o contexto de “acelerada transformação digital”, diz o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor.

O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, revelou que envolver as empresas nos objetivos de qualificação dos seus trabalhadores vai passar por incentivos fiscais, que serão “atualizados nos próximos anos”.

“Hoje temos um quadro de incentivos fiscais à sociedade de informação e à formação profissional muito ativo e que será particularmente importante, sendo atualizado nos próximos anos, porque é dos mecanismos mais importantes para ativar a perceção das empresas e empregadores para a formação dos seus quadros”, disse à Lusa Manuel Heitor.

“Empregar melhor com mais e melhor integração entre educação, investigação e inovação e uma respetiva articulação com as empresas, o tecido produtivo e a administração pública” é um dos quatro eixos que norteiam os objetivos do “Contrato de Legislatura” que o Governo assina esta sexta-feira com as instituições de ensino superior públicas, em Lisboa, na residência oficial do primeiro-ministro, em São Bento.

Heitor defendeu que a formação de adultos é “uma questão complexa e difícil”, porque “não depende apenas da oferta, mas também, e sobretudo, da relação com os empregadores”, sublinhando que os estudantes universitários portugueses são dos mais jovens da Europa, “entram cedo e saem cedo” e não regressam para formação ao longo da vida.

Para o ministro “a formação de adultos é cada vez mais crítica”, tendo em conta o contexto de “acelerada transformação digital” e a necessidade de qualificar a população empregada.

Neste domínio, o ensino à distância “é uma oportunidade cada vez mais evidente”, referiu, lembrando a reforma recente do regime legal deste tipo de ensino, que considera “uma oportunidade para a próxima década”.

Manuel Heitor antevê dificuldades junto das empresas num tema que é também uma preocupação ao nível da concertação social, mas sublinhou que um dos compromissos assumidos pelas instituições de ensino superior nesta matéria no Contrato de Legislatura é o aumento da oferta em horário pós-laboral.

A meta do Governo para os jovens adultos, entre os 30 e os 34 anos, é que a percentagem de diplomados pelo ensino superior, atualmente nos 34%, atinja em 2023 os 40% e os 50% em 2030.

Atualmente, nesta faixa etária existem 1.500 alunos inscritos no ensino à distância, mas o objetivo do Governo é que sejam 10 mil em 2023 e 15 mil em 2030. Quanto a diplomados neste tipo de ensino espera três mil até ao final da legislatura e 50 mil até 2030.

Os números do executivo apontam para 20% de estudantes adultos em cursos técnicos superiores – as formações curtas não conferentes de grau académico ministradas nos politécnicos – e 10% em licenciaturas em universidades e politécnicos até 2023, valores que crescem para os 25% e para os 15%, respetivamente, até 2030.

O acordo entre Governo e instituições prevê ainda um reforço do número de inscritos em formações de especialização, como pós-graduações e doutoramentos.

O Contrato de Legislatura com as instituições de ensino superior é hoje assinado e prevê um aumento no financiamento de 55 milhões de euros já em 2020, acomodando aspetos como a redução do valor das propinas suportado pelas famílias, e um crescimento anual na dotação orçamental de 2% ao ano até 2023.

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Orey Antunes avança com PER. Pede perdão de 50 milhões

Orey Antunes abriu um processo especial de revitalização (PER). Pede perdão de 90% a 95% sobre dívidas que ascendem a 50 milhões de euros.

A Orey Antunes avançou com um pedido de “abertura de processo especial de revitalização (“PER”) junto do Tribunal Judicial de Comarca de Lisboa,
Juízo de Comércio de Lisboa, com vista à sua recuperação”, de acordo com o comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Pede, no âmbito do PER, perdão de 90% a 95% sobre dívidas que ascendem a 50 milhões de euros.

Este PER, que não abrange a Orey Gestão Imobiliária nem a Orey Financial, é apresentado na sequência do processo acelerado de desalavancagem e de aumento de rentabilidade que tem vindo a ser implementado ao longo dos últimos quatro anos, processo exigente e desafiante na medida em que tem sido levado a cabo em continuidade, com acesso limitado a liquidez para a gestão do dia-a-dia e com recurso ao empenho e disponibilidade das equipas, credores e demais stakeholders“, diz.

Apesar dos esforços recentes, “mantém-se ainda um desequilíbrio financeiro de curto prazo de cerca de 12 milhões de euros, o que representa um risco de liquidez”, diz a empresa, justificando assim a entrada em PER.

A Orey pretende com este processo “estabelecer negociações com os seus credores de modo a concluir um acordo conducente à sua revitalização, através da implementação de medidas de regularização do passivo que assegurem a viabilidade da sociedade a longo prazo”. Nesta negociação pede aos credores detentores de créditos não subordinados e créditos subordinados perdão de parte das dívidas.

"Mantém-se ainda um desequilíbrio financeiro de curto prazo de cerca de 12 milhões de euros, o que representa um risco de liquidez.”

Orey Antunes

Comunicado enviado à CMVM

Há créditos que serão pagos, como os créditos tributários, créditos privilegiados e os garantidos, que equivalem, em conjunto, a mais de 75 milhões, tanto a pronto como em prestações, mas há depois outros com um valor global de cerca de 50 milhões que ou não serão pagos de todo ou com um perdão entre 90% a 95% do montante em dívida e a totalidade dos juros.

Novos investidores. Nova Orey em seis a nove meses

A Orey diz que o “plano de recuperação proposto considera que a sociedade é suscetível de recuperação, considerando a sociedade ser esta a solução que melhor tutela os interesses dos credores”, mesmo tendo em conta o perdão de dívida que lhes é pedido. Além deste perdão, o PER “pressupõe também a entrada de investidores que possam contribuir para dotar a SCOA dos meios necessários para reembolsar os credores após a aprovação do mesmo”.

Este processo, acredita o Conselho de Administração, “decorrerá por um período de seis meses a nove meses, até ao seu término”. Após a conclusão do processo do PER, haverá uma nova Orey, focada “na gestão e administração de um conjunto de negócios associados ao setor de transportes e logística”, diz a empresa em comunicado enviado à CMVM.

“Tendo em consideração as perspetivas futuras, estima-se que as receitas da SCOA serão suficientes para assegurar as operações da sociedade e o reembolso da divida tributária, de acordo com os termos a aprovar no PER“. No cenário de aprovação e cumprimento do plano de revitalização, é expectativa do Conselho de Administração que a sustentabilidade e continuidade da SCOA se encontrarão asseguradas”, remata.

(Notícia atualizada às 00h05 com mais informação)

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Portugal brilha nos óscares do turismo. É o melhor destino do mundo pelo terceiro ano consecutivo

Portugal trouxe para casa mais de uma dezena de óscares do turismo. Há distinções para cidades, hotéis, companhias aéreas e até atrações turísticas.

E como não há duas sem três, Portugal voltou a trazer pela casa, pelo terceiro ano consecutivo, o prémio de Melhor Destino Turístico do Mundo. Na cerimónia dos World Travel Awards (WTA), que decorreu esta quinta-feira em Omã, os portugueses trouxeram ainda para casa mais de uma dezena de outros prémios, como melhor hotel, melhor resort, melhor companhia aérea e melhor porto de cruzeiros.

Numa feroz competição entre 22 concorrentes de todo o mundo, Portugal foi eleito o Melhor Destino Turístico do Mundo, levando a melhor sobre países como Brasil, Costa Rica, Grécia, Jamaica, Maldivas e Sri Lanka.

Esta distinção “volta a confirmar que Portugal é o melhor destino turístico mundial. É uma honra ter recebido este prémio, que distingue a excelência de Portugal e dos Portugueses e, simultaneamente, eleva a exigência. Todos devemos continuar a trabalhar para reforçar a afirmação internacional de Portugal“, diz a secretária de Estado do turismo, Rita Marques, em comunicado.

Em 2016 e 2017 este prémio também veio para cá, fazendo de Portugal o primeiro país europeu a receber este galardão. Mas não foi só este troféu que voou de Omã para terras lusas… há mais de uma dezena.

Destaque também para a cidade de Lisboa que, pelo segundo ano consecutivo, trouxe para casa o prémio de Melhor Destino City Break do Mundo, superando cidades como Atenas, Dubai, Las Vegas, Nova Iorque e Sidney. Além disso, a Madeira foi eleita o Melhor Destino Insular do Mundo, competindo com 18 ilhas, entre as quais Bali, Bora Bora, Fiji, Havai e Maldivas.

Nas companhias aéreas, a TAP também está de parabéns por ter sido eleita a Melhor Companhia Aérea a voar para África e a Melhor Companhia Aérea a voar para a América do Sul. Além disso, a empresa recebeu ainda o prémio de Melhor Revista de Voo do Mundo, com a UP Magazine.

No setor hoteleiro, Olissippo Lapa Palace Hotel, em Lisboa, foi eleito o Melhor Hotel Clássico do Mundo, enquanto o Dunas Douradas Beach Club, em Almancil, recebeu a distinção de Melhor Golf&Villa Resort do Mundo. Também o Amazing Evolution Management — que gere unidades como o 1908 Lisboa Hotel e o Aldeia dos Capuchos — foi eleito o Melhor Operador de Hotel Boutique do Mundo.

Os Passadiços do Paiva, em Arouca, que já são reconhecidos como Património Geológico da Humanidade pela UNESCO, foram eleitos a Melhor Atração Turística do Mundo no campo Aventura, competindo com atrações internacionais como a Dolphin Cove (Jamaica) e o Jebel Jais Flight (perto do Dubai). Por sua vez, a Parques de Sintra – Monte da Lua foi distinguida como a Melhor Empresa Líder em Conservação do Mundo.

Por último, mas não menos importante, Portugal trouxe ainda para casa o prémio de Melhor Organismo Oficial de Turismo do Mundo com o Turismo de Portugal, numa competição com empresas como a Mazatlán Tourism Board, a Public and Municipal Company of Tourism, Civic Promotion and International Relations of Guayaquil, a Rio Convention & Visitors Bureau e a Visit London.

Para Paula Oliveira, diretora-executiva da Associação Turismo de Lisboa, citada em comunicado, “o trabalho desenvolvido na requalificação do património, promoção do destino e melhoria da oferta cultural, gastronómica e turística tem posicionado o destino como uma referência no que diz respeito às boas práticas e isso reflete-se nestas distinções”.

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Investimento em obrigações. Vale a pena?

  • ECO + DIF
  • 28 Novembro 2019

Obrigações foram, durante muito tempo, um valor de rendimento fixo. Em 2014, o BCE fez história, quando levou os juros para terreno negativo, virando o sistema de pernas para o ar.

Existem variadíssimas definições para as obrigações, no entanto, cremos que a mais correta é a que José Ignacio de Assilaga apresenta na sua obra “Emisión de obligaciones y protección de los obligacionistas”. Diz Assilaga que uma obrigação é um titulo de crédito uniforme, negociável e indivisível, emitido por uma empresa que representa uma fração igual de um empréstimo, a médio ou a longo prazo, que confere ao seu titular o direito de receber juros e ao reembolso do seu valor nominal pelo menos numa determinada data’’.

Os antecedentes históricos dos empréstimos por emissão de obrigações encontram-se nos empréstimos públicos, nomeadamente nos empréstimos coletivos da Idade Média. O aparecimento e a divulgação das obrigações como títulos emitidos por entidades privadas são recentes e estão associados ao aparecimento da sociedade anónima. A título de curiosidade, a nossa palavra juros vem das obrigações que se chamavam Juros e que eram então negociadas no século XV, XVI e XVII nas principais praças financeiras da Península Ibérica, como Sevilha e Lisboa.

A emissão de obrigações é uma operação de crédito, ou melhor, um contrato de mútuo como usura, celebrado entre a sociedade e os obrigacionistas ou estado e obrigacionistas, contrato que, embora se possa considerar único pelo lado da sociedade, se desdobra em tantos contratos distintos, quantas as pessoas que entregam o dinheiro. Assim, as obrigações são títulos de crédito, isto é, documentos que representam uma divida da emitente para com os seus possuidores, aqui considerados obrigacionistas.

As obrigações foram durante muito tempo, e algumas ainda o são, um valor de rendimento fixo. No século passado, o juro obtido era considerado uma renda, sendo por isso entendido como uma aplicação excelente, pois o seu capital guardava o seu valor sem flutuações.

Em 2014, o Banco Central Europeu fez história, quando levou os juros para rendimentos negativos, fazendo com que agora cerca de 40% das obrigações emitidas pelos estados da Zona Euro apresentem rendibilidades negativas. O resultado para aqueles que poupam quando investem nestas obrigações é emprestar e ainda pagar.

O sistema parece estar de pernas para o ar e o incentivo vai todo para o consumo, sobretudo quando se vê que alguns bancos, como o Jyske na Dinamarca, pagam 0,5% às pessoas para fazerem um empréstimo! Ou quando a Cofidis ou a Cetelem devolvem 3% das suas compras com o cartão de crédito!

Serão estas as novas regras? Será que o endividamento se tornou riqueza? Será que este modelo veio para ficar?

Vejamos o problema sob outro prisma. Quando uma empresa se encontra perante necessidades de financiamento, esta pode optar por um leque de alternativas. Aquela que nos interessa aqui é o recurso a uma emissão de obrigações. O fim económico que se pretende alcançar com a emissão do empréstimo obrigacionista é o de aumentar, por determinado período de tempo, os meios financeiros. Nunca nenhum emitente se colocou como questão: ‘’Que produto poderemos nós pôr à disposição dos investidores para nos enriquecer?’’

A questão que todos os emitentes se põem na realidade é: ‘’Temos de obter dinheiro dos investidores e a estratégia é tornar suficientemente atrativo um empréstimo obrigacionista para que haja investidores interessados, mas com o menor custo possível para o emitente.’’

Toda a dinâmica das obrigações repousa sobre as necessidades de financiamento dos emitentes e sobre os esforços que estejam dispostos a consentir para obter os capitais. Não admira por isso o constante aperfeiçoamento das técnicas financeiras para otimizar os empréstimos, ou seja, para reduzir os custos para os emitentes, mas surpreende que com o auxilio do Banco Central, algumas empresas tenham conseguido que os investidores aceitem o favor de investir com taxas negativas, ou seja, emprestar e ainda receber menos do valor emprestado!

Quanto às obrigações do Estado, o absurdo é ainda maior! Como referimos, 40% das emissões têm atualmente rendibilidades negativas e a Alemanha inclusive fez uma emissão a 20 anos, em agosto de 2019, com taxa negativa, porque, segundo se diz, o risco de perder dinheiro é nulo, pois têm a garantia do Estado Alemão. Como se existisse algo seguro para além da morte?

Este é, aliás, o lema das obrigações emitidas pelos estados: o risco de perder dinheiro é quase nulo, porque têm a garantia do Estado, este dificilmente irá à falência, atendendo que tem o monopólio de confiscar os cidadãos num determinado território. Estas obrigações, que eram as preferidas dos pequenos investidores, passaram a ser agora inacessíveis para estes últimos.

Quando e como comprar obrigações? Os investidores interessados em comprar obrigações podem agora fazê-lo online na DIF Broker. Aqui podem investir em lotes com um valor mínimo de 1000 euros. As ordens de compra devem ser dadas através de ordens tipo limite ou ao melhor, que se pode seguir na plataforma. Na bolsa as obrigações são negociadas até à véspera do seu reembolso. A oferta e a procura das obrigações cotadas depende da evolução das taxas de juro; e agora, dos humores dos bancos centrais.

Como vimos, apesar de ser considerado um investimento sem risco, segundo o pensamento dominante, as obrigações necessitam agora de um acompanhamento permanente.

De uma forma simplista, as taxas baixam com a baixa da inflação e vice-versa. Ao acompanhar as obrigações, a sua leitura deverá ser efetuada da seguinte forma: tal título vale 99% do seu valor facial ou tal título vale 104% do seu valor facial.

Todas as obrigações, excetuando as de cupão zero, vencem um juro diário, embora os rendimentos a que dão origem só sejam distribuídos (ou seja pagos) normalmente a cada seis meses, ou anualmente, através do cupão. É graças a este juro diário que os títulos cotados podem ser negociados sem prejuízo para o vendedor ou comprador do título. De facto, os juros vencidos até à data de venda ficam da propriedade do vendedor e a partir dessa data pertencerão ao comprador.

Quando as taxas de juro sobem, as cotações baixam e quando as taxas de juro descem as cotações sobem. Porquê? Imagine que alguém possui títulos de obrigações com uma taxa de cupão de 10% e que são emitidas novas obrigações cuja taxa é de 8% (ou seja a taxa de juro desce). Os títulos antigos vão ser mais procurados porque oferecem mais 2% de juro. Por essa razão, a sua cotação vai subir, até que o rendimento real oferecido seja equivalente ao da nova emissão e não haja diferença entre a aquisição de uns ou de outros.

A razão porque damos este exemplo de taxa a 10% é porque esta era a realidade das taxas de juro há cerca de 10 anos atrás, mesmo se hoje essa realidade parece muito distante. O problema coloca-se no caso oposto, isto é, se o juro praticado pela nova emissão for mais alto, a cotação das obrigações mais antigas teria obviamente que cair, porque a oferta e a procura das obrigações depende da evolução das taxas de juro.

A rendibilidade das obrigações está portanto associada à sua cotação. Se tiver intenção de maximizar os rendimentos, é vantajoso estar atento ao andamento do mercado e quando prever uma subida das taxas de juro vender as obrigações de taxa fixa e adquirir obrigações de taxa variável.

Convém aqui lembrar factos históricos. A erosão monetária e a inflação destruíram fortunas que se julgavam protegidas pelas ‘’rendas’’ obtidas regularmente com os empréstimos obrigacionistas quando estes estavam a 10 ou até 20%.

A rendibilidade das obrigações também está associada à sua duração. Os profissionais calculam a taxa de rendimento eventual até à maturidade como forma de avaliar uma obrigação. Estes cálculos são complicados, mas um investidor não terá que fazer esses cálculos porque a plataforma da DIF Broker proporciona-lhe esses cálculos.

É evidente que o cálculo em questão não tem em consideração o custo da operação nem possíveis alterações de taxa.

Como escolher uma carteira de obrigações ideal?

Deverá ter em consideração o tipo de investidor que é, nomeadamente a sua idade, o risco que se dispõe a correr, a sua situação fiscal e o tipo de rendimento que pretende obter: juros semestrais, anuais ou trimestrais.

Regra geral, a segurança é o principal critério que se tem em conta no momento da decisão, provavelmente por isso são a aplicação típica do pequeno investidor, dado que habitualmente se refugia em obrigações do Estado não cotadas, como os certificados de aforro.

Teoricamente isto também deveria acontecer com as obrigações emitidas pelas empresas. Quanto ao risco, estão claramente demonstradas as limitações destas aplicações quando as taxas de juro se encontram negativas em euros e perto do zero em moeda norte-americana, havendo o risco destas subirem quando se perder o controlo da inflação.

Imagine a família Pimenta, riquíssima que fez fortuna no volfrâmio, que em 1942 subscreveu 1.000.000 de escudos num empréstimo do Estado Português perpétuo, designado por Consolidado 1942. As obrigações pagavam uma taxa de 3% ‘’ad eternum’’. Cinquenta anos depois, em 1992, a família Pimenta teria tido uma rendibilidade de 1500 contos de forma linear; se os juros tivessem sido reinvestidos à mesma taxa, o rendimento deste investimento teria sido de mais ou menos 3.384 contos. Como se pode ver, para além de um péssimo negócio, que na época certamente era ótimo, o poder de compra do juro adquirido em 1942 (30 contos) não tinha a mesma equivalência em 1992, isto porque o índice de preços no consumidor teve uma variação de 7370% no mesmo período.

Assim, se se tomar como referência a data de subscrição do empréstimo, pode-se dizer que os mil contos (um milhão de escudos) de 1942 tinham uma equivalência em poder de compra de 133 contos. Se formos avaliar o capital, verificamos que a cotação do titulo em 1992 era de 300 escudos ou seja os mil contos transformavam-se em 300 contos. O balanço não foi animador durante esse ciclo de subida de taxas de juro que durou 50 anos.

Repare-se que no contexto da época do lançamento do Consolidado, como agora, uma taxa de juro de 3% era muito boa e segura, mas a manutenção do ativo ao longo de 50 anos foi um negócio ruinoso.

Estamos numa época de taxas negativas, creio que assim fica mais claro compreender o investimento em obrigações e o fenómeno monetário que lhe está inerente.

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