Responsável da Huawei diz que Portugal “está a ficar para trás” no lançamento do 5G
Portugal "sempre foi um país pioneiro", mas "está a ficar para trás" no lançamento do 5G, alertou o responsável da Huawei Portugal pela relação comercial com as operadoras.
O diretor da Huawei Portugal para a relação comercial com as operadoras também considera que o país está atrasado no lançamento do 5G. Num encontro com jornalistas em Lisboa, João Matos Maria alinhou, assim, com a posição que tem sido transmitida pelos principais players do setor.
“Portugal sempre foi um país pioneiro. Sinto que não está a acontecer com o 5G. Está a ficar para trás”, avisou João Matos Maria, key account director na empresa e referenciado pela própria empresa como um dos membros mais antigos da equipa portuguesa. “Noutros países, já temos espetro leiloado”, recordou.
Nesse sentido, João Matos Maria advertiu ainda para as consequências e erros que podem surgir caso se decida, nesta altura, acelerar o processo: “Efetivamente, espero que não façamos [agora] as coisas a correr. Por exemplo, fazer uma alocação de espetro que não seja suficiente para o 5G e, depois, estejamos limitados daqui a uns anos”, afirmou.
As operadoras têm alertado para uma escassez de espetro disponível para o 5G, com o presidente executivo da Nos, inclusivamente, a alertar que o país pode vir a ter “um 5G que não é bem 5G”. Em causa, o facto de a empresa Dense Air controlar uma parte significativa do espetro, devido a uma licença de utilização que herdou no passado, numa altura em que o atual 4G ainda dava os primeiros passos.
Na mesma ocasião, Nuno Miguel António, diretor de serviços na Huawei Portugal, na empresa desde o início de 2006, alertou para outro problema ao nível do know-how. Para o responsável, o facto de os engenheiros noutros países já estarem a lidar com o 5G em ambiente real pode deixar para trás o talento português.
“A nível do know-how, os engenheiros de rádio [noutros países], que estão a fazer otimizações, estão a trabalhar já em live [ambiente real]. Estamos a perder um bocadinho esse comboio”, disse Nuno Miguel António, considerando isto um “risco”.
Portugal sempre foi um país pioneiro. Sinto que não está a acontecer com o 5G. Está a ficar para trás.
Este encontro de responsáveis da Huawei Portugal com jornalistas aconteceu em plena visita do secretário de Estado dos EUA a Lisboa, esta quinta-feira. Mike Pompeo reuniu com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, e advertiu para o que considerou serem “riscos envolvidos” em lançar o 5G em Portugal com a tecnologia da Huawei.
A empresa chinesa tem sido, reiteradamente, acusada por responsáveis norte-americanos de poder ser usada pelo regime de Xi Jinping para operações de espionagem internacional em favor da China. Uma acusação que a empresa sempre rejeitou com veemência.
Augusto Santos Silva, por sua vez, assegurou que, em qualquer investimento estrangeiro realizado em Portugal, o Governo garante que “a economia está subordinada ao poder político, à ordem política democrática e aos interesses de segurança nacional”, disse, citado pela Lusa.
Os avisos de Mike Pompeo surgem cerca de um mês depois de o principal conselheiro de Donald Trump para a área da tecnologia, Michael Kratsios, ter subido ao palco do Web Summit, no Altice Arena, em Lisboa, para criticar os países que “abriram os braços” à China.
“O Governo chinês viola a privacidade de todos os cidadãos no seu país. A lei chinesa obriga todas as empresas, incluindo a Huawei, a colaborar com o Governo”, disse. Após as declarações de Kratsios, no início de novembro, a Huawei não tardou a considerá-las “falsas”.
Correção: Nuno Miguel António é diretor de serviços da Huawei e não gestor de projeto, como constava numa versão anterior deste artigo. A informação desatualizada tinha tido origem no LinkedIn. Aos leitores e ao visado, as nossas desculpas.
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