Fim de estímulos nos EUA deixa bolsas na corda bamba

Bolsas europeias abriram a última sessão da semana sem grande definição, depois de a administração Trump ter anunciar que não vai prolongar vários programas de estímulo.

Com olhos colocados no fim de semana, as bolsas europeias abriram a sessão desta sexta-feira em terreno indefinido, com os investidores a avaliarem a decisão da administração Trump de colocar um ponto final aos vários programas de estímulo nos EUA no âmbito da resposta à pandemia.

O PSI-20, o principal índice português, avança 0,33% para 4.382,09 pontos, embora já tenha estado abaixo da linha de água esta sessão.

Lá por fora, não se regista grandes variações face a quinta-feira, sendo que o Stoxx 600, o índice de referência na Europa, cede 0,2% e praças importantes com a de Paris e Frankfurt também estão em baixa ligeira.

Além da decisão americana de não prolongar os programas de empréstimos destinados a apoiar a recuperação económica, decorrente da pandemia, depois de 31 de dezembro, as medidas de restrição extraordinárias na Califórnia, com o recolher obrigatório à noite, também está a pesar no sentimento dos investidores.

Entretanto, na praça portuguesa, eram oito as cotadas que puxavam o índice para a zona de ganhos. Entre os pesos pesados, o BCP soma 1,18% para 0,1114 euros e a Galp avança 0,86% para 8,896 euros.

Também os CTT valorizam 0,85% para 2,36 euros. O ECO avança esta sexta-feira que o Governo está a negociar com o PCP o controlo público do operador dos correios, podendo o Estado vir a tornar-se o maior acionista da empresa liderada por João Bento.

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Nas notícias lá fora: Vacinas, fraudes fiscais e BBVA

  • ECO
  • 20 Novembro 2020

A União Europeia pode pagar mais de dez mil milhões pela vacina da Pfizer e da CureVac, enquanto por ano perdem-se 427 mil milhões de dólares em paraísos fiscais.

A União Europeia poderá desembolsar mais de dez mil milhões de euros por vacinas da Pfizer e da CureVac, ao mesmo tempo que a Organização Mundial de Saúde desaconselha o uso de remdesivir no tratamento do coronavírus. É ainda notícia os 427 mil milhões de dólares perdidos por ano em paraísos fiscais e a forma como o trabalho flexível pode impulsionar em 20% as candidaturas de mulheres a cargos de topo.

Reuters

UE pode pagar mais de dez mil milhões pela vacina da Pfizer e da CureVac

A União Europeia tem vindo a assinar contratos com várias farmacêuticas para comprar vacinas contra o coronavírus. Já firmou cinco, tendo o da Pfizer-BioNTech sido o mais recente. Por esta vacina, mas também pela da CureVac, poderá vir a pagar mais de dez mil milhões de euros, de acordo com fonte europeia da Reuters. Isto equivale a 15,50 euros por cada dose de vacina. Leia a notícia completa na Reuters (acesso livre, conteúdo em inglês)

Financial Times

OMS desaconselha Remdesivir no tratamento da Covid-19

Afinal, o Remdesivir não tem eficácia contra a Covid-19. Um grupo de peritos da Organização Mundial de Saúde (OMS) desaconselhou o uso deste medicamento antiviral por falta de provas de que seja eficaz. O painel de peritos internacionais diz que o uso do medicamento em doentes hospitalizados com coronavírus, estejam ou não em situação grave, não faz sentido por falta de provas de que influencie a sobrevivência ou a necessidade de ventilação. Leia a notícia completa no Financial Times (acesso condicionado, conteúdo em inglês)

The Guardian

427 mil milhões de dólares perdidos por ano em fraudes fiscais

Fraudes fiscais estão a custar aos países 427 mil milhões de dólares (360,4 mil milhões de euros) em receitas perdidas, revela um estudo da Tax Justice Network. Mais de 50% das perdas vieram de empresas que transferiram 1,38 biliões de dólares (1,16 biliões de euros) em lucros para paraísos fiscais, onde as taxas são baixas ou inexistentes. Já os particulares pagaram 182 mil milhões de dólares (153,6 mil milhões de euros) a menos em impostos, acumulando mais de dez biliões de dólares (8,44 biliões de euros) em ativos financeiros no exterior. Leia a notícia completa no The Guardian (acesso livre, conteúdo em inglês)

El Economista

Sabadell quer mais do que 2.500 milhões para aceitar oferta do BBVA

O Sabadell está a negociar cada pormenor da fusão com o BBVA, apesar da sua baixa rentabilidade. Os diretores do banco catalão não querem aceitar uma oferta baixa e consideram que um prémio de cerca de 30% sobre o preço da última sexta-feira é muito pouco atraente, já que a proposta chegaria a apenas 2.500 milhões de euros. O Sabadell acredita que uma oferta desse tipo é insuficiente, pois o valor contabilístico do banco chega a 12,7 mil milhões de euros. Leia a notícia completa no El Economista (acesso livre, conteúdo em espanhol)

Bloomberg

Trabalho flexível pode impulsionar em 20% as candidaturas femininas a cargos de topo

O trabalho flexível pode ser a solução para as empresas que lutam para recrutar mais mulheres para cargos de chefia, mostra um estudo do Zurich Insurance Group. As candidaturas de mulheres para cargos de gestão aumentaram 20% depois de a seguradora ter anunciado todos os cargos possíveis com opções de part time ou trabalho flexível. Leia a notícia completa na Bloomberg (acesso condicionado, conteúdo em inglês)

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Comissão Europeia espera “novo começo” com EUA com Biden

  • Lusa
  • 20 Novembro 2020

Biden "é um forte apoiante de alianças internacionais, de multilateralismo e da melhoria das relações com a UE", diz Valdis Dombrovskis.

A Comissão Europeia espera um “novo começo” com os Estados Unidos na nova administração de Joe Biden, em áreas como o comércio e os apoios públicos à aviação, dadas as disputas sobre ajudas à Airbus e à Boeing.

“O presidente eleito Biden disse publicamente que é um forte apoiante de alianças internacionais, de multilateralismo e da melhoria das relações com a UE. Pensamos que isto nos permite esperar um novo começo nas nossas relações transatlânticas, na resolução das nossas disputas existentes e em como podemos facilitar o sistema comercial multilateral”, declarou o vice-presidente executivo da Comissão Europeia com a pasta do Comércio, Valdis Dombrovskis.

Em entrevista à agência Lusa e a outros órgãos de comunicação social europeus, em Bruxelas, o responsável letão notou que os Estados Unidos são “parceiros estratégicos” da UE, dado que Bruxelas e Washington partilham “valores e interesses comuns”.

“É muito importante que a UE e os Estados Unidos continuem a trabalhar juntos e isso aplica-se à área do comércio e do investimento porque aí as nossas relações são das principais e das maiores no mundo”, insistiu Valdis Dombrovskis.

Já questionado pela Lusa especificamente sobre a disputa nos apoios públicos às fabricantes aeronáuticas Airbus e Boeing, o vice-presidente do executivo comunitário notou que é um “assunto que está a ser trabalhado, ainda com a atual administração”, mas que deverá continuar na liderança de Joe Biden, o 46.º Presidente dos Estados Unidos.

“Do lado da UE, já sublinhámos que estamos dispostos a resolver esta situação: estamos disponíveis para retirar as tarifas [retaliatórias] a qualquer momento, quando os Estados Unidos estiverem dispostos a retirar as suas”, salientou Valdis Dombrovskis.

Lamentando a “falta de esforços do lado norte-americano”, o responsável vincou que o “cenário favorito” da UE é que “ambos os lados retirem as suas tarifas” adicionais sobre importações de alguns produtos.

“E, em vez disso, que nos concentremos em formas de disciplina nos apoios para o setor da aviação”, adiantou Valdis Dombrovskis.

Em meados deste mês, a UE adotou tarifas retaliatórias contra os Estados Unidos na sequência da autorização da Organização Mundial do Comércio (OMC) por ajudas públicas à aviação, avisando que só as retirará mediante reciprocidade norte-americana.

Tal retaliação surgiu depois de, em meados de outubro, a OMC ter autorizado a UE a avançar com tarifas retaliatórias de quatro mil milhões de dólares (3,4 mil milhões de euros) contra os Estados Unidos no caso que opõe os dois blocos por ajudas diretas à aviação.

Estas tarifas adicionais abrangem taxas de 15% sobre aeronaves e 25% para bens agrícolas e industriais, anunciou a Comissão Europeia, explicando que estas foram determinadas na base da reciprocidade face ao adotado pelo bloco norte-americano há um ano.

Em causa está a disputa comercial entre Washington e Bruxelas por causa de ajudas públicas à aviação norte-americana (Boeing) e europeia (Airbus), que já dura há vários anos, e no âmbito da qual a OMC já declarou como culpados tanto os Estados Unidos como a UE.

Antes, em outubro de 2019, a OMC decidiu a favor dos Estados Unidos e autorizou o país a aplicar tarifas adicionais de 7,5 mil milhões de dólares (quase sete mil milhões de euros) a produtos europeus, em retaliação pelas ajudas da UE à fabricante francesa de aeronaves, a Airbus.

Essa foi a sanção mais pesada alguma vez imposta por aquela organização.

Entretanto, em dezembro passado, os juízes da OMC defenderam que estas tarifas adicionais deviam ser reduzidas em cerca de dois mil milhões de dólares para perto de cinco mil milhões de dólares.

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Aumento “inevitável” de crédito malparado leva Bruxelas a reforçar medidas

  • Lusa
  • 20 Novembro 2020

"Com a crise, é quase inevitável que haja um aumento do crédito malparado", diz Valdis Dombrovskis. Bruxelas prepara plano para atacar problemas da banca.

A Comissão Europeia admite que a crise da Covid-19 vai gerar um “aumento inevitável” de crédito malparado na União Europeia (UE), pelo que vai apresentar uma estratégia para combater este incumprimento, no qual Portugal é dos piores.

“Temos de acompanhar cuidadosamente a evolução dos NPL [non-performing loans]. Com a crise, é quase inevitável que haja um aumento do crédito malparado”, declarou o vice-presidente executivo da Comissão Europeia Valdis Dombrovskis.

Em entrevista à Lusa e a outros órgãos de comunicação social europeus, em Bruxelas, o responsável pela pasta de “Uma economia ao serviço das pessoas” explicou que, por essa razão, o executivo comunitário vai “nos próximos meses avançar com um plano de ação atualizado para o crédito malparado”.

“A dívida dos privados também é um problema que temos de acompanhar de forma próxima e é exatamente isso que estamos a fazer”, assegurou Valdis Dombrovskis.

Os empréstimos não vencidos – ou NPL – são empréstimos bancários que estão sujeitos a reembolso tardio ou que dificilmente serão reembolsados pelo mutuário, tanto privados como empresas.

Como o reembolso é dificultado em alturas de crises, em alguns países europeus foram criadas moratórias para adiar o pagamento das prestações, nomeadamente do crédito à habitação, visando evitar um incremento dos NPL.

Em Portugal, devido à crise económica provocada pela pandemia, estão em vigor empréstimos às empresas com garantias do Estado e uma moratória pública dos créditos bancários das famílias e empresas, recentemente prolongada até 30 de setembro de 2021.

Portugal é, inclusive, um dos países da UE e da Zona Euro com nível mais elevado de NPL, apenas superado pela Grécia e Chipre, sendo que o volume total de malparado tem vindo a diminuir acentuadamente.

Os dados mais recentes do Banco Central Europeu, relativos ao segundo trimestre de 2020, revelam que em junho passado o rácio de crédito malparado em Portugal era de 6,5%, só ultrapassado por 13,5% no Chipre e 30,3% na Grécia.

Questionada pela Lusa sobre a nova estratégia do executivo comunitário, uma porta-voz da Comissão Europeia para a área dos serviços bancários e financeiros explicou que, para Bruxelas, “é importante enfrentar os NPL de uma forma eficaz”.

“Este tem sido e continuará a ser um objetivo fundamental e de longa data da nossa política financeira”, acrescentou.

A mesma fonte acrescentou à Lusa que, “tirando lições da última grave crise económica, é imperativo abordar o mais cedo possível qualquer nova acumulação de NPL nos balanços dos bancos, tendo ao mesmo tempo em conta as questões de proteção do devedor, a fim de combater as implicações da pandemia”.

Assim, o novo plano de ação será uma “combinação de ações políticas complementares” para evitar um pior cenário, que se centra então na “reestruturação, insolvência e enquadramento de recuperação de dívidas” e ainda no “desenvolvimento de mercados secundários para os NPL”, adiantou a fonte comunitária à Lusa.

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Bloco afunda após chumbo no OE. PS capta 37,1% dos votos

  • ECO
  • 20 Novembro 2020

O Bloco é o partido mais penalizado nas intenções de voto, perdendo mais de três pontos e, reunindo, assim, 7,7% das preferências. Socialistas continuam à frente na corrida.

Numa altura em que a discussão e aprovação do Orçamento do Estado para 2021 (OE2021) está em cima da mesa, o Bloco de Esquerda sai penalizado quanto às próximas eleições legislativas, e tudo devido ao voto contra na proposta orçamental do Governo. Segundo uma sondagem da Intercampus para o Jornal de Negócios e Correio da Manhã, (ambos com acesso pago), o Bloco é o partido mais penalizado nas intenções de voto.

Os bloquistas perderam mais de três pontos nas intenções de votos dos portugueses, reunindo, assim, 7,7% das preferências, abaixo do PSD e do PS. De acordo com o Negócios, este cenário pode ser explicado pelo facto de o Bloco estar a ser “castigado” depois de anunciar que vai votar contra a proposta do OE2021 na generalidade, naquele que representa o primeiro chumbo desde que nasceu a geringonça.

O PS continua à frente com 37,1% das intenções de voto, à frente do PSD com 24,2%. A mesma sondagem mostra que os sociais-democratas teriam de se aliar aos três partidos à direita para superior os socialistas. Em terceiro aparece o Bloco, à frente do Chega com 7,3% das intenções de voto e do PAN com 5,3%. Atrás surgem a CDU (4,9%), o CDS (4,1%), a Iniciativa Liberal (3,3%) e o Livre (1,8%).

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Leilões de energia solar em Portugal na mira de Bruxelas

  • ECO
  • 20 Novembro 2020

Investigação aprofundada aos leilões de energia solar em Portugal por parte do regulador europeu da concorrência poderá colocar em causa investimentos de mil milhões de euros.

A Comissão Europeia poderá abrir uma investigação por suspeitas de ajudas de Estado ilegais e violação das regras da concorrência nos leilões de energia solar em Portugal, avança o Jornal Económico (acesso pago).

A Direção-Geral da Concorrência europeia (DG-Comp) tem estado em contacto com as autoridades portugueses desde o início de setembro, tendo solicitado informações sobre a regras dos concursos de energia solar.

O Governo ficou de enviar uma reposta à DG-Comp até ao final do mês, que poderá ser determinante para a abertura ou não de uma investigação aprofundada aos leilões, ficando em causa investimentos na ordem dos mil milhões de euros.

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Juros quase zero na dívida pública dão margem financeira a Leão no OE

A dívida pública sobe, mas a queda dos juros dá margem orçamental a Leão para as negociações do OE 2021. A poupança poderá também ser a chave para a avaliação da Fitch ao rating nacional.

Os juros da dívida portuguesa estão cada vez mais próximos de zero, graças à forte procura dos investidores por obrigações, num contexto de compras avultadas por parte do Banco Central Europeu (BCE). Estes mínimos históricos permitem ao país poupar nos custos de gestão da dívida (e consequentemente o montante suportado pelos contribuintes), mas dão também ao ministro das Finanças, João Leão, maior margem política para negociar com os restantes partidos.

Toda a dívida portuguesa com maturidade até nove anos está a negociar no mercado secundário com juros negativos. Trata-se de mais de 100 mil milhões de euros e quase três quartos do total da dívida nacional. Estes juros negativos correspondem ao valor que negoceia no mercado secundário e não ao valor a que efetivamente Portugal emitiu e cujo cupão é pago a quem emprestou. Porém, permitem que as novas emissões tenham um juro cada vez mais baixo.

Apesar de ainda estar positiva, a yield das obrigações a 10 anos está muito próxima da linha d’água. A taxa destes títulos tocou esta sexta-feira o valor mais baixo de sempre de 0,034%.

O mínimo foi tocado na véspera da última avaliação ao rating de Portugal em 2020. A Fitch — que coloca o país atualmente em BBB (segundo degrau acima do limiar de “lixo”) com perspetiva estável — vai divulgar esta sexta-feira um relatório sobre a dívida nacional e os baixos juros são o ponto a favor de Portugal, num cenário de elevada incerteza, nomeadamente sobre o peso da recessão e a rapidez com a bazuca europeia começará a apoiar a retoma da economia portuguesa.

A tendência de queda nos juros tem sido generalizada, com os investidores a mostrarem maior apetite por ativos de refúgio, nomeadamente obrigações, num contexto de agravamento da pandemia um pouco por todo o mundo. A referência europeia, as yields das Bunds alemãs a 10 anos, tocou no juro mais baixo desde março, em -0,671%, ou seja, mais de 17 pontos base abaixo da taxa de depósitos do BCE. Toda a dívida alemã negoceia no mercado secundário com juro negativo.

Nos países comparáveis a Portugal, acontece o mesmo. Em Espanha, o juro das obrigações a 10 anos negoceia em 0,08%, enquanto todos os prazos até aos 9 anos estão também abaixo de 0%. E em Itália, onde o peso das yields negativas no total da dívida é menor, ainda assim abrange os títulos com maturidade até cinco anos, enquanto o juro a 10 anos toca os 0,622%.

Grande parte da dívida europeia negoceia com juro negativo

Fonte: Reuters

A indefinição em torno das eleições norte-americanas, nos dias que se seguiram ao escrutínio, exacerbaram as quedas das yields, mas estas não são novas. Na Europa, há mais de sete biliões de euros em dívida pública a negociar no mercado secundário com juros negativos. No fim do ano passado, era 50% de 8,8 biliões de euros em obrigações e bilhetes. A principal razão tem sido a bazuca do BCE, que lançou um mega programa de estímulos (o PEPP, na sigla em inglês), com 1,35 biliões de euros para comprar dívida pública e privada dos países da Zona Euro.

Esta tem sido a rede de segurança que permitiu aos países continuarem a financiar-se com custos contidos numa altura em que reforçaram a ida aos mercados para responder à pandemia. No caso de Portugal, a dívida pública nominal estava, em setembro, em 267.114 milhões de euros, aliviando ligeiramente do máximo histórico atingido em agosto. Para a totalidade do ano, o Governo espera um recorde de 134,8% do PIB.

E em 2021 dívida pública vai continuar a crescer, mas a fatura dos juros vai descer. Estranho? À primeira vista pode parecer, mas a redução significativa da taxa de juro média dos empréstimos do Estado permite fazer a quadratura do círculo. Exemplo disso foi o reembolso de uma obrigação do Tesouro do tempo do Governo de José Sócrates no verão deste ano, cujo juro era muito superior à taxa com que o Tesouro conseguiu emitir nova dívida para pagar esse empréstimo. E este efeito de substituição de dívida mais cara por mais barata continuará a verificar-se, compensando os acréscimos do stock do endividamento público.

Se pensarmos em termos de stock, estamos a prever [um custo de] 2% em 2021, quando em 2018 tínhamos sensivelmente 2,8%“, quantificou João Nuno Mendes, secretário de Estado das Finanças, numa entrevista ao ECO, explicando que “a taxa de juro das novas emissões, como tem vindo a baixar, tem arrastado a taxa de juro do stock da dívida”.

Se pensarmos em termos de stock, estamos a prever [um custo de] 2% em 2021, quando em 2018 tínhamos sensivelmente 2,8%. A taxa de juro das novas emissões, como tem vindo a baixar, tem arrastado a taxa de juro do stock da dívida.

João Nuno Mendes

Secretário de Estado das Finanças

Em 2021, se nada fizesse, o Governo contaria logo com uma poupança de 161 milhões de euros a menos na fatura dos juros, segundo o cenário de João Leão em políticas invariantes, mas a gestão da dívida pública deverá gerar ainda mais poupanças. No total, na proposta do Orçamento do Estado para 2021, o Ministério das Finanças prevê uma poupança de 332 milhões de euros, menos 5,7% do que no ano passado. O Estado pagará 5.487 milhões de euros em juros em 2021, em comparação com 5.819 milhões de euros que prevê pagar até ao final deste ano.

Estas poupanças têm sido uma “arma política” do atual Governo. Na discussão do OE 2021 no Parlamento, Leão fez questão de assinalar no seu discurso a “continuação da redução acentuada dos juros da dívida pública suportados pelos portugueses”. Ao todo, segundo o ministro das Finanças, Portugal acumulará em 2021 uma poupança de juros de 2.750 milhões de euros face a 2015.

Porém, esta é a previsão do OE 2021 no cenário benigno, mas não se pode excluir outras hipóteses, tal como recordou a Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) na análise ao OE 2021: “Não é demais lembrar que as administrações públicas enfrentam um risco de taxa de juro muito significativo“, escreveram os técnicos, admitindo que não fosse previsível um aumento no próximo ano. Contudo, recordam que o consenso entre países e bancos centrais em 2009 “rapidamente se esboroou”, contribuindo para a crise das dívidas soberanas da Zona Euro, incluindo Portugal.

Caso a taxa de juro implícita da dívida pública suba um ponto percentual, a consequência na fatura dos juros “seria muito considerável”, antecipava a UTAO, referindo que custaria mais 360 milhões de euros “só em 2021”, o que corresponde a 0,17% do PIB.

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58% das propostas para alterar OE 2021 são dos que o viabilizaram

Os partidos que viabilizaram o OE 2021, sem contar com o PS, entregaram 58% das propostas de alteração, com um total de 898 medidas. O PCP, que é decisivo na votação final, é o que mais quer mudar OE.

Os partidos que vão ajudar o PS a viabilizar o Orçamento do Estado para 2021 (OE 2021) são os que mais propostas apresentam para o alterar na fase de especialidade, sinalizando que vão cobrar “cara” a abstenção na votação final global a 26 de novembro. Ao todo, PCP, PAN, PEV e as duas deputadas não inscritas entregam 898 medidas, o que corresponde a 58% do total de propostas entregues pelos partidos.

O PCP, cuja abstenção é decisiva para que o OE 2021 seja aprovado, destaca-se com o maior número de propostas (351) entre todos os partidos, mais do que as 313 propostas que tinha apresentado no OE 2020, que também viabilizou. Em segundo lugar surge o PAN com 263, seguindo-se o PEV com 123, Cristina Rodrigues com 101 e Joacine Katar Moreira com 60.

Contabilizando as 78 propostas do PS, a percentagem das propostas dos partidos que viabilizaram o OE sobe para 63,3%.

Do outro lado da barricada estão os partidos que votaram contra o OE. O Bloco é a grande novidade, tanto pelo voto contra como pelas 12 propostas na fase de especialidade, um número bastante inferior ao dos anos anteriores, tal como o ECO já escreveu anteriormente.

Já o PSD entregou 168 propostas, o CDS 114, a Iniciativa Liberal 115 e o Chega 157. Ao todo, a oposição ao OE apresentou 36% das propostas de alteração ao OE 2021.

Número de propostas apresentadas por cada partido nos Orçamentos

Fonte: Assembleia da República.

A apresentação de muitas propostas na especialidade por parte dos partidos que negociaram com o Governo não é uma estratégia nova, mas os números mostram que intensificou-se nesta legislatura em que não ficou escrito no papel um acordo de incidência parlamentar.

Segundo os dados cedidos pelo Parlamento ao ECO, no OE 2019 os partidos que o viabilizaram (exceto PS) apresentaram 552 propostas, o que representava 55,7% do total (991). No OE 2018 avançaram com 352 propostas, o que correspondia a 49,8% do total (707). No OE 2017 entregaram 233, o que correspondia a 45,7% do total (510). Em 2016, entregaram 132, o que correspondia a 53% do total de 249 propostas desse ano. Nesses anos, era o próprio PS a apresentar mais mudanças à proposta do seu Governo.

Seguindo a tendência de aumento das propostas, a nova legislatura que arrancou no final de 2019 deu um salto a este nível, com 1.333 propostas entregues no OE 2020, das quais 877 (65,8% do total) eram dos partidos que tinham viabilizado o documento (exceto o PS). No OE 2021, esta tendência manteve-se, como demonstram os números citados em cima.

No Orçamento Suplementar de 2020 — que é diferente por ter um âmbito mais limitado de aumento da despesa do Estado por causa da pandemia –, o PCP foi o que mais apresentou propostas: 71 num total de 265. Os comunistas inicialmente abstiveram-se, mas acabaram por votar contra este Orçamento. Ainda assim, juntando o PCP com BE, PEV, PAN e Joacine Katar Moreira, este grupo de suporte do Governo apresentou 147 propostas, o equivalente a 55,4% do total. O Orçamento Suplementar acabaria por ser viabilizado também pelo PSD.

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Hoje nas notícias: Leilões de energia solar, sondagens e PCP

  • ECO
  • 20 Novembro 2020

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

O PCP não tenciona fazer a medição da temperatura dos delegados ou pedir teste a quem participar no congresso. Uma aliança entre o PSD e o Chega não seria suficiente para Rui Rio chegar ao Governo, mostra uma sondagem. A líder parlamentar do PS considera que se não se mantiver caminho iniciado em 2015, com a geringonça, corre-se o risco de se vir a ter “uma direita mais radical” do que o Governo de Passos Coelho. Isto numa altura em que Bruxelas poderá vir a investigar as ajudas de Estado nos leilões de energia solar em Portugal.

Leilões de energia solar em Portugal na mira da Comissão Europeia

A Comissão Europeia poderá abrir uma investigação por suspeitas de ajudas de Estado ilegais e violação das regras da concorrência nos leilões de energia solar em Portugal. Em causa estão investimentos na ordem dos mil milhões de euros. Exemplo disso foi a Direção-Geral da Concorrência da Comissão Europeia que teve conhecimento de certos leilões pela imprensa portuguesa. Leia a notícia completa no Jornal Económico (link indisponível).

“Corremos perigo de ter direita mais radical” do que governo de Passos Coelho

Ana Catarina Mendes critica a posição do Bloco de Esquerda nas negociações para o Orçamento do Estado para 2021, afirmando que os bloquistas apresentaram propostas que sabiam que o Governo não ia aceitar. “Ou o BE não queria negociar e apresentou para dizer “nós até quisemos negociar”; ou então (…) o BE tem medo de partilhar a gestão do risco”, disse. A líder parlamentar do PS considera que se o BE mantiver este caminho, iniciado em 2015, o país corre o “perigo” de vir a ter uma direita mais radical do que do Governo de Passos Coelho. Leia a entrevista no Expresso (link indisponível).

Nem pacto com Chega dá Governo a Rio. Bloco afunda nas sondagens

Uma aliança entre o PSD e o Chega não seria suficiente para Rui Rio chegar ao Governo, mostra uma sondagem, que concluiu que, juntos, os dois partidos não superam os 37,1% de intenções de voto dos socialistas. Para ultrapassar o PS, os sociais-democratas — que reúnem 24,2% das intenções de voto — teriam de se alinhar com todos os partidos à direita, tal como aconteceu nos Açores. Com Chega, CDS-PP e Iniciativa Liberal, seria possível atingir 38,9% e superar, assim, os socialistas. Contudo, bastaria ao PS voltar a juntar-se a um dos antigos parceiros de geringonça para assegurar a manutenção do poder. Leia a notícia completa no Correio da Manhã (acesso pago).

Congresso do PCP sem testes nem medições de temperatura

O PCP não tenciona fazer a medição da temperatura dos delegados ou elementos da comunicação social na entrada para o congresso que terá lugar no Pavilhão Paz e Amizade, em Loures, entre os dias 27 e 29. As orientações de segurança sanitária também não preveem o pedido de testes aos participantes. Leia a notícia completa no Público (acesso pago).

Portugal compra milhares do medicamento contra Covid desaconselhado pela OMS

A OMS decidiu desaconselhar o uso do antiviral remdesivir contra a Covid-19. Os especialistas concluíram não haver evidência de que melhore a sobrevivência ou diminua as necessidades de usar ventilador. O Governo português anunciou em outubro que vai adquirir 100 mil frascos de remdevisir, prevendo gastar 35 milhões até março. Leia a notícia completa na TSF (acesso livre).

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Europa quer “solução aceitável para todos” na “bazuca” contra a Covid-19

  • Lusa
  • 20 Novembro 2020

"Precisamos de manter a união nesta questão. Este pacote financeiro é essencial para a nossa recuperação económica", diz Charles Michel.

O presidente do Conselho Europeu confirmou que “alguns” países continuam a rejeitar aprovar o orçamento comunitário plurianual e o Fundo de Recuperação, pelo que prosseguirão as discussões “para encontrar uma solução aceitável para todos”.

No final de uma videoconferência dos chefes de Estado e de Governo da União Europeia, Charles Michel indicou que, ao ser abordada a questão do mecanismo que condiciona o acesso aos fundos ao respeito pelo Estado de direito, “a vasta maioria dos Estados-membros concordam com o compromisso sobre a mesa, enquanto alguns indicaram que não estão em condições de apoiar a maioria”.

Sem mencionar os países em questão – que são Hungria e Polónia, que contam agora com o apoio de Eslovénia -, Charles Michel disse que as discussões irão continuar, em busca de uma solução que seja aceite pelos 27, reiterando a importância de o plano de relançamento da economia europeia face à crise da Covid-19 ser implementado o mais rapidamente possível.

“Como sabem, em julho acordámos por unanimidade o Quadro Financeiro Plurianual e o Fundo de Recuperação, e precisamos de manter a união nesta questão. Este pacote financeiro é essencial para a nossa recuperação económica. Precisamos de o implementar tão cedo quanto possível”, declarou.

Charles Michel disse acreditar que os líderes europeus conseguirão ultrapassar mais este obstáculo, até porque, argumentou, “a magia da UE é conseguir encontrar soluções mesmo quando se pensa que é impossível”, e congratulou-se com a vontade de todas as partes de “trabalhar intensamente” nos próximos dias para chegar a uma solução.

Também a presidente da Comissão Europeia sublinhou a importância de o atual impasse ser rapidamente ultrapassado, apontando que “milhões de empresas e cidadãos europeus estão à espera da resposta” para os ajudar a superar esta “crise sem precedentes”.

“A força da nossa União sempre foi superar situações difíceis. Por isso, continuamos a trabalhar arduamente para alcançar um acordo em breve”, declarou Ursula von der Leyen, que reiterou o apoio da Comissão ao compromisso alcançado este mês entre os negociadores do Conselho e do Parlamento Europeu, que precisa de ser agora aprovado pelos 27.

Fontes diplomáticas já haviam indicado, pouco após o arranque dos trabalhos, que a discussão sobre o veto de Hungria e Polónia foi curta (menos de 20 minutos) e inconclusiva, ressalvando que o objetivo não era chegar a um acordo na videoconferência de hoje.

Após uma introdução de Charles Michel, a chanceler alemã Angela Merkel fez, pela parte da presidência rotativa alemã do Conselho da UE, o ponto da situação das discussões em curso, tendo então tomado a palavra os primeiros-ministros da Hungria, Victor Orbán, e da Polónia, Mateusz Morawiecki, e ainda o da Eslovénia, Janez Jansa, que na véspera se colocou do lado dos seus homólogos húngaro e polaco nesta matéria.

De acordo com várias fontes, a tranquilidade em torno do debate foi calculada, de modo a não extremar ainda mais as posições, tendo Charles Michel contactado todas as delegações antes do início da reunião para assegurar que a discussão de hoje se mantinha “sob controlo”, até porque “uma videoconferência não é o formato apropriado para discutir um assunto tão complexo”.

Essa postura apaziguadora foi confirmada por Charles Michel durante a conferência de imprensa, quando questionado sobre se não considera as posições de Hungria e Polónia “uma traição ou chantagem”. “Não quero dizer nada que torne a situação ainda mais difícil”, respondeu.

Na última segunda-feira, a Hungria ‘de’ Victor Orbán, apoiada pela Polónia, concretizou a ameaça de bloquear todo o processo de relançamento da economia europeia – assente num orçamento para 2021-2027 de 1,08 biliões de euros, associado a um Fundo de Recuperação de 750 mil milhões – , por discordar da condicionalidade no acesso aos fundos comunitários ao respeito pelo Estado de direito.

A ameaça de um veto de Hungria e Polónia, que já era ‘acenada’ há algum tempo pelos primeiros-ministros Orbán e Morawiecki, concretizou-se durante uma reunião das representações permanentes dos Estados-membros junto da União Europeia, na qual era suposto os 27 ‘selarem’ o compromisso alcançado pela presidência alemã.

Sem a habitual cumplicidade dos outros membros do chamado Grupo de Visegrado – Eslováquia e República Checa não se associam a Hungria e Polónia nesta matéria -, húngaros e polacos, sem força para vetar o mecanismo sobre o Estado de direito, já que este elemento do pacote necessitava apenas de uma maioria qualificada para ser aprovado, vetaram então outra matéria sobre a qual não têm quaisquer reservas, a dos recursos próprios, pois, esta sim, precisava de unanimidade, bloqueando então todo o processo.

Na quarta-feira, Orbán e Morawiecki ‘ganharam’ no entanto outro aliado, o primeiro-ministro conservador da Eslovénia, país que curiosamente forma, com Alemanha e Portugal, o atual trio de presidências da UE, recebendo o ‘testemunho’ da presidência portuguesa no final do primeiro semestre do próximo ano.

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Em 19 dias houve mais mortes por Covid do que nos últimos cinco meses

Novembro é já o mês mais mortífero no que toca à Covid-19. Nos últimos 19 dias, já morreram 1.194 pessoas, mais do que a soma dos últimos cinco meses, que totaliza 1.097 óbitos.

A pandemia de Covid-19 não tem dado tréguas em Portugal. Se abril tinha sido o mês mais “negro” no que toca ao número de óbitos registados por Covid-19, a verdade é que novembro já ultrapassou todos os recordes. Só nos últimos 19 dias, já morreram quase 1.200 pessoas vítimas do novo coronavírus, mais do que a soma dos últimos cinco meses.

Nos primeiros 19 dias de novembro, a Direção-Geral da Saúde (DGS) contabilizou 1.194 mortes por Covid-19, superando, assim, a fasquia dos 829 óbitos registados em abril, aquele que foi considerado o pico da pandemia durante a primeira vaga e até, então, o mês mais mortífero. Em média, este mês morreram 62 pessoas vítimas do novo coronavírus, mais do dobro da média de 27 mortes por dia registada de abril. De salientar que a meio deste mês, a 16 de novembro, foi atingido um novo recorde de óbitos decorrentes da Covid-19, com 91 mortos registados num dia, superando a anterior fasquia de 82 mortes.

Mas se compararmos com os últimos cinco meses o cenário é ainda mais desolador. Entre junho e outubro, morreram 1.097 pessoas por Covid-19, ou seja, menos 97 do que nos primeiros 19 dias deste mês. Analisando unicamente estes cinco meses, o mês outubro foi responsável por quase metade dos óbitos registados (48,9%), o que permite constatar que a segunda vaga é bem mais grave do que a primeira e comprova uma aceleração dos óbitos a lamentar. Isto significa que em outubro morreram, em média, 17 pessoas por dia vítimas do SARS-CoV-2, que provoca a doença Covid-19.

Segue-se o mês junho, com 166 mortes registadas a nível nacional (em média, cinco por dia), enquanto em julho foram registados 159 óbitos (também cerca de cinco por dia) e setembro, com 149 mortes (quatro por dia). Certo é que nestes cinco meses, agosto foi o menos mais “suave”, tendo sido declarados 87 óbitos, isto é, uma média de dois por dia.

Estes dados refletem-se também no número de infetados. Em pouco mais de quinze dias, 101. 730 pessoas foram infetadas pelo novo coronavírus em Portugal, segundo o último balanço das autoridades de saúde. Neste período, em média há 5.354,2 novas infeções por dia. De referir, que esta quinta-feira, Portugal votou a registar um novo recorde no que toca aos novos casos, com 6.994 novas infeções a ser identificadas pelas autoridades de saúde nas últimas 24 horas.

Desde modo, novembro ultrapassou já o recorde registado em outubro, com 65.737 novos casos a serem identificados naquele período. Se compararmos com o mês de abril, período em que foram registados 17.249 casos, são já mais 84.481 infetados. Contas feitas, este mês houve mais do que o quíntuplo das infeções registadas em abril.

Norte com quase um terço das mortes por Covid-19

Desde que a pandemia chegou a Portugal, a 2 de março, 3.701 pessoas morreram vítimas da doença. Isto significa que quase um terço do total de mortes (32,3%) foi registo este mês. E à semelhança do que aconteceu durante a primeira vaga, a região Norte continua a ser a mais afetada pela pandemia.

Com mais de três milhões de habitantes, esta região representa cerca de um terço da população portuguesa, e em oito meses de pandemia, acumula já 1.726 óbitos por Covid-19, ou seja quase metade do total nacional (46%). Só este mês, já morreram 615 pessoas no Norte, ou seja, uma média de 32 mortes por dia.

Esta região é seguida por Lisboa e Vale do Tejo, que desde o início de março contabiliza 1.363 mortes por Covid-19, ou seja, quase 37% do total nacional. Só em novembro, morreram 371 pessoas vítimas da doença nesta região, uma média de 19 por dia.

Este mês tem sido, por isso, um mês “negro” no que toca à mortalidade causada pelo novo coronavírus em Portugal. No que toca às outras regiões, em novembro, o Alentejo contabiliza já 42 mortes (89 desde o início da pandemia) enquanto no Algarve há 12 óbitos a lamentar este mês (40 no total). Certo é que as regiões autónomas tem sido mais “poupadas” nesta segunda vaga, com a Madeira a registar dois óbitos este mês, ao passo que até à data nos Açores não foram declarados óbitos por Covid-19 este mês, tendo a região 15 mortes a lamentar desde o início da epidemia.

Na quinta-feira, na reunião do Infarmed, o epidemiologista Manuel do Carmo Gomes estimou que Portugal atinja o pico de novos casos por Covid-19 no fim de novembro, o que corresponde a uma média diária de sete mil novos casos. Quanto ao número de mortos, deverá aumentar ainda até meados de dezembro, revelou.

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OMS desaconselha remdesivir no tratamento da Covid-19

  • Lusa
  • 20 Novembro 2020

Especialistas sublinharam que não há provas de que o remdesivir tenha qualquer benefício para os doentes. E desaconselham o seu uso.

Um grupo de peritos da Organização Mundial de Saúde (OMS) desaconselhou o uso do medicamento antiviral remdesivir para tratar a Covid-19, por falta de provas de que seja eficaz.

O painel de peritos internacionais, especialistas de todo o mundo que fazem parte de um grupo de desenvolvimento de linhas orientadoras da OMS, não sugere o uso do medicamento em doentes hospitalizados com Covid-19, estejam ou não em situação grave, por falta de provas de que influencie a sobrevivência ou a necessidade de ventilação.

O remdesivir tem sido apontado como um tratamento potencialmente eficaz para casos graves de Covid-19 e é muito usado para tratar pessoas hospitalizadas.

A recomendação agora divulgada, segundo um comunicado da OMS, baseia-se numa nova revisão de provas, comparando os efeitos de vários medicamentos contra a Covid-19, e inclui dados de quatro ensaios internacionais que envolveram mais de 7.000 pessoas hospitalizadas com Covid-19.

Após uma revisão exaustiva das provas o painel de peritos concluiu que o remdesivir “não tem qualquer efeito significativo na mortalidade ou noutros resultados importantes para os doentes, como a necessidade de ventilação ou a rapidez nas melhoras”, diz o comunicado.

Os especialistas sublinharam que não há provas de que o remdesivir tenha qualquer benefício para os doentes. E desaconselham o seu uso, quer pela possibilidade de efeitos secundários quer pelo que implica a sua administração (intravenosa).

Em 16 de outubro foram divulgados pela OMS os resultados de um ensaio que patrocinou segundo os quais os medicamentos remdesivir e interferon não eram eficazes na luta contra a Covid-19.

Nesse mesmo dia, em conferência de imprensa, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que até então a dexametasona corticosteroide era a única terapêutica comprovada como eficaz contra a Covid-19, para doentes com doenças graves.

Tedros Adhanom Ghebreyesus disse que os responsáveis da OMS assinalaram que os ensaios provisórios mostraram que o remdesivir e o interferon “têm pouco ou nenhum efeito na prevenção da morte por covid-19 ou na redução do tempo no hospital”. E frisou que se tratou do maior ensaio já feito, envolvendo 13 mil pessoas de 500 hospitais em 30 países.

Os resultados do estudo foram questionados pela farmacêutica norte-americana Gilead (que desenvolveu o antiviral), que disse parecerem “inconsistentes”, lembrando que outros ensaios validam o benefício do antiviral.

A pandemia de Covid-19 provocou pelo menos 1.350.275 mortos resultantes de mais de 56,2 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 3.701 pessoas dos 243.009 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

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