EUA vão processar Google por posição dominante e anticoncorrência

  • Lusa
  • 25 Setembro 2020

Processo contra a empresa pode representar a maior ofensiva governamental para assegurar a concorrência desde o inédito processo contra a Microsoft, há quase 20 anos.

O Departamento de Justiça norte-americano deve dar entrada com uma ação legal antitrust, ou seja, contrária a uma posição dominante, contra a gigante da web Google, sendo expectável que dê entrada nas próximas semanas, adiantou a Associated Press (AP).

A ação centra-se no domínio da Google enquanto motor de busca na internet e em determinar se foi usado para impedir a concorrência e prejudicar os consumidores, segundo explicou à AP fonte ligada ao processo.

O Departamento de Justiça também está a examinar as práticas de publicidade online da Google, disse a fonte anónima.

Responsáveis da área ‘antitrust’ do departamento informaram hoje o procurador-geral estadual sobre a ação planeada contra o gigante informático e procuram apoio de outros estados do país que também partilhem preocupações com a conduta da Google.

O processo contra a empresa pode representar a maior ofensiva governamental para assegurar a concorrência desde o inédito processo contra a Microsoft, há quase 20 anos.

Legisladores e defensores dos direitos dos consumidores acusam a Google de abusar da sua posição dominante na pesquisa ‘online’ e na publicidade para sufocar a concorrência e potenciar os seus lucros.

Também a União Europeia (UE) está num processo de repressão da hegemonia dos gigantes digitais, com a Comissão Europeia a querer avançar com medidas até ao final de 2020, que podem mesmo levar à exclusão dos GAFA (acrónimo de Google, Amazon, Facebook e Apple) do mercado único europeu, segundo adiantou o comissário do Mercado Interno, Thierry Breton, ao Financial Times.

Os GAFA são “demasiado grandes para não se preocuparem”, disse o comissário, referindo que a União Europeia “precisa de uma melhor supervisão” destes gigantes, seguindo o exemplo da regulação mais rigorosa da atividade bancária depois da crise de 2008.

A Comissão Europeia deverá revelar nova legislação até ao final do ano (a “Lei dos Serviços Digitais”), uma prioridade do executivo da UE, para controlar melhor a forma como as principais plataformas expandem as suas atividades, combater a desinformação ou gerir dados pessoais.

O objetivo de Bruxelas é proteger melhor os consumidores e os concorrentes mais pequenos.

A escala de sanções para plataformas que, por exemplo, forçam os seus utilizadores a utilizar apenas o seu serviço, poderia chegar ao ponto de os forçar a despojar-se de algumas das suas atividades.

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Évora acolhe projeto de nova aeronave. Pode criar 1.200 empregos

  • Lusa
  • 25 Setembro 2020

Programa ATL-100 visa “o desenvolvimento e industrialização de uma aeronave ligeira de nova geração para um mercado de curtas distâncias”.

O primeiro programa aeronáutico completo de Portugal, o ATL-100, para desenvolver, fabricar e operar uma nova aeronave ligeira, é apresentado na sexta-feira em Évora, numa parceria entre o CEiiA e a empresa brasileira DESAER.

O Programa ATL-100 resulta de uma joint-venture entre o CEiiA – Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto e a DESAER e vai ficar centrado na cidade alentejana, que já acolhe diversas empresas na área da aeronáutica, como as duas fábricas da construtora brasileira Embraer.

“Com este programa, queremos reforçar de forma definitiva aquele que é o polo aeronáutico nacional em Évora, com o desenvolvimento de um programa completo e inovador que nos permite criar um novo integrador a partir de Portugal, para a industrialização e operação de aeronaves de nova geração”, destacou Miguel Braga, da direção do CEiiA.

Já Roberto Figueiredo, acionista da DESAER, considerou que “esta parceria, que agrega competências complementares do setor aeroespacial de Portugal e do Brasil, além de ser um importante projeto de inovação tecnológica e de criação de emprego em ambos os países, assume ainda mais relevância num contexto de crise do setor provocado pela pandemia” da Covid-19.

A cerimónia de lançamento começa às 16:30, nas instalações do CEiiA no Parque do Alentejo de Ciência e Tecnologia (PACT), estando presentes no encerramento, às 17:20, os ministros da Coesão Territorial e da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Ana Abrunhosa e Manuel Heitor.

Este é o “primeiro programa aeronáutico completo que vai desde o desenvolvimento, industrialização e operação de aeronaves de nova geração a partir de Portugal”, destacou o CEiiA, revelando que o “trunfo” do país para atrair esta iniciativa “resulta da capacidade criada nos últimos anos em programas como o KC-390”, a aeronave militar da Embraer.

No KC-390, o CEiiA foi responsável com a OGMA, por três importante estruturas do avião, desde a fase preliminar de desenvolvimento, passando pelo fabrico e até à certificação, num total de mais de 500 mil horas de engenharia da responsabilidade daquele centro.

O Programa ATL-100 visa “o desenvolvimento e industrialização de uma aeronave ligeira de nova geração para um mercado de curtas distâncias”.

A nova aeronave ligeira a desenvolver, fabricar e operar vai ser “multi-configurável para maior flexibilidade na logística de passageiros e mercadorias”, sendo desenhada “para menores custos operacionais e maior sustentabilidade” e “prevendo a evolução para plataforma neutra em carbono”, acrescentou.

Com um cronograma de desenvolvimento “a cinco anos”, o programa prevê o envolvimento de “mais de 30 empresas e universidades nacionais e internacionais, nomeadamente ligadas aos programas como o MIT”.

Os promotores estimam que o programa “tenha um impacto direto de 1.200 empregos qualificados” criados na região do Alentejo, pode ler-se no comunicado.

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Associação automóvel quer redução do ISV para superar a crise

  • Lusa
  • 25 Setembro 2020

ARAN diz que “é urgente o apoio do Governo ao setor automóvel na atual crise económica” e que o pacote de medidas proposto “é fortemente vantajoso para potenciar a retoma económica do setor”.

A Associação Nacional do Ramo Automóvel (ARAN) propôs ao Governo a redução do Imposto Sobre Veículos (ISV) e a criação de um registo profissional de revendedores automóveis para a recuperação do setor, impactado pela pandemia de Covid-19.

“A redução do ISV é uma das medidas sugeridas, considerada relevante pois permitirá aumentar a tesouraria das empresas (transformando mercadorias em liquidez), apoia a renovação do parque automóvel e atenua o impacto da quebra da receita fiscal (ISV e IVA)”, defende a ARAN em comunicado.

Entre as cinco medidas com vista a impulsionar a retoma do setor automóvel, afetado pela crise causada pela pandemia de covid-19, a ARAN propõe ainda a criação de um registo profissional de revendedores de veículos automóveis.

Para a associação, este registo teria “forte impacto na tesouraria das empresas, importante no combate à evasão fiscal e potenciaria a criação de uma base estatística fidedigna referente ao comércio de automóveis usados”.

As deduções à coleta do IVA referente a despesas de manutenção e reparação automóvel é a terceira medida proposta pela ARAN, que considera “muito relevante para estimular a recuperação do setor, combater a evasão fiscal e a economia paralela”.

“Por outro lado, a exclusão, em sede de tributação autónoma, dos encargos suportados pelas empresas com manutenção e reparação de automóveis é uma medida com vantagens ao nível do apoio à tesouraria das empresas, promoção de justiça fiscal e da segurança rodoviária”, continua a associação.

A ARAN propõe também “incentivos à renovação do parque automóvel” como “medida impulsionadora da renovação e modernização do parque automóvel e da reconversão e transição do setor e mobilidade”.

O presidente da ARAN, Rodrigo Ferreira da Silva, defende que “é urgente o apoio do Governo ao setor automóvel na atual crise económica” e que o pacote de medidas proposto “é fortemente vantajoso para potenciar a retoma económica do setor”.

“Está em causa a sobrevivência do setor automóvel composto por diferentes tipologias de empresas, desde as maiores exportadoras, às PME, a microempresas”, sublinha Ferreira da Silva, citado no documento.

A associação realça que o setor automóvel “é estratégico para a economia, representando cerca de 20% das receitas fiscais do Estado, 19% do PIB português e empregando cerca de 200 mil pessoas”.

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5 coisas que vão marcar o dia

Os deputados vão debater a realização de um inquérito parlamentar ao Novo Banco, bem como o prolongamento dos apoios às rendas.

Nesta sexta-feira vão ser conhecidos alguns indicadores económicos, nomeadamente a execução orçamental e dados sobre os empréstimos e depósitos bancários. No Parlamento, os deputados vão discutir pedidos de um inquérito parlamentar sobre o Novo Banco, bem como votar o prolongamento dos apoios às rendas. Para além disso, serão também apresentadas novas medidas relacionadas com o Cartão de Cidadão.

DGO revela execução orçamental

A Direção-Geral do Orçamento divulga a síntese de execução orçamental até agosto deste ano. O Estado português registou um défice de 8.332 milhões de euros em contabilidade pública até julho, um período marcado pelo impacto da crise pandémica nas contas públicas. O agravamento do défice resultou de uma contração da receita e do crescimento da despesa, segundo explicou o Ministério das Finanças, na altura.

Inquérito parlamentar sobre Novo Banco em debate

Nesta sexta-feira, a Assembleia da República debaterá, pelo menos, quatro projetos diferentes que pedem um inquérito parlamentar sobre o Novo Banco da autoria das bancadas do PS, BE, IL e Chega. Os requerimentos são motivados pelo financiamento de campanhas políticas pelo Grupo Espírito Santo, pelas operações de alienação de ativos do Novo Banco e pelos prejuízos do banco.

Parlamento decide sobre prolongamento dos apoios às rendas

Vai tomar lugar na Assembleia da República, esta sexta-feira, a votação dos projetos de lei que estendem os apoios ao arrendamento. Em causa está o alargamento do regime extraordinário de proteção aos arrendatários até 31 de dezembro de 2021, definindo o prazo para entrega de candidaturas para apoio financeiro do IHRU até ao final do ano.

Há novas medidas para o Cartão de Cidadão

Vão ser apresentadas, esta sexta-feira, novas medidas relacionadas com o Cartão de Cidadão pela ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, e pela ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública, Alexandra Leitão. Estas novidades surgem numa altura em que o atendimento presencial nos serviços públicos enfrenta limitações, devido à pandemia, provocando atrasos em alguns processos, como o levantamento do Cartão de Cidadão.

BdP divulga dados sobre empréstimos e depósitos

O Banco de Portugal vai divulgar vários indicadores económicos, nomeadamente relativos aos empréstimos e depósitos bancários, no oitavo mês deste ano. Em julho, a taxa de variação anual dos empréstimos a particulares para habitação foi de 1,8%, e de 3,8% para os empréstimos para consumo. Já os depósitos de particulares nos bancos residentes atingiram os 159,2 mil milhões de euros no final de julho, segundo o Banco de Portugal.

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Lei laboral que mudou período experimental está há um ano parada no Constitucional

Um ano depois da esquerda ter pedido a fiscalização das alterações feitas à lei laboral, o Tribunal Constitucional ainda não deu resposta. Enquanto isso, a pandemia trouxe à ribalta novas questões.

Um ano depois dos partidos mais à esquerda terem pedido a fiscalização sucessiva das alterações feitas ao Código do Trabalho, está ainda por conhecer a posição do Tribunal Constitucional. Bloquistas e comunistas lembram que não há prazo para a resposta, mas salientam que as mudanças feitas em 2019 à lei laboral vieram agravar a situação de muitos trabalhadores durante a crise pandémica, pelo que é urgente revertê-las.

Foi a 25 de setembro de 2019, que Bloco de Esquerda, PCP e PEV anunciaram que tinham enviado ao Tribunal Constitucional um requerimento para a fiscalização da constitucionalidade das alterações à legislação laboral. As bancadas mais à esquerda pediram especificamente “a declaração de inconstitucionalidade” da flexibilização dos contratos de muito curta duração, da caducidade da contratação coletiva e do alargamento do período experimental para os trabalhadores à procura do primeiro emprego e para os desempregados de longa duração.

Um ano depois, cresceu a preocupação da esquerda em relação a essas mudanças legislativas, com a pandemia a acentuar as fragilidades do mercado laboral português. É ainda mais urgente reverter o alargamento do período experimental, salientam BE, PCP e PEV, já que os trabalhadores nessas circunstâncias foram “as primeiras vítimas” da crise que se instalou por causa da Covid-19. A direita contesta e lembra que essa medida serviu de contrapartida à limitação da contratação a termo.

Apesar das divergências, em ambos os lados do hemiciclo, há um ponto em comum: a crise pandémica trouxe novos desafios a acrescentar aos demais, como a necessidade de regular o teletrabalho.

As mudanças feitas em 2019 ao Código do Trabalho foram aprovadas com o voto favorável do PS e a abstenção do PSD e do CDS-PP, tendo o PCP e o BE votado contra. “As alterações foram coordenadas pelo PS com a direita“, começa por lembrar José Luís Ferreira, do PEV, em conversa com o ECO.

Para o deputado, a revisão de 2019 da lei laboral padece, por isso, “de três pecados capitais”: Fragiliza ainda mais a contratação coletiva, ameaça a conciliação da vida familiar, pessoal e profissional e aumenta a precariedade ao alargar o período experimental.

Essa extensão foi, de resto, a medida que mais gerou polémica, tendo o Presidente da República deixado um recado à esquerda, referindo que o acórdão do Tribunal Constitucional que impediu, em 2008, o prolongamento do período experimental para os trabalhadores indiferenciados não se deveria aplicar aos trabalhadores à procura do primeiro emprego e aos desempregados de longa duração, alvos do alargamento aprovado no ano passado.

O aviso de Marcelo Rebelo de Sousa não foi, contudo, suficiente para evitar que PCP, BE e PEV pedissem a avaliação dos juízes do Palácio do Ratton. Apesar do pedido de fiscalização, os trabalhadores passaram a ter de cumprir, a partir de 1 de outubro de 2019, um período experimental de 180 dias e já não de 90 dias, o que deixou muitos numa situação de maior fragilidade especialmente durante a crise pandémica, salientam os partidos mais à esquerda.

Em declarações ao ECO, António Filipe salienta que é, por isso, imperativo alterar o Código do Trabalho para reforçar os direitos dos trabalhadores, até porque a pandemia está a ser usada para agravar as suas situações. O deputado comunista explica que, durante o período experimental, o trabalhador “pode ser simplesmente despedido”, o que causa “instabilidade tremenda”.

José Soeiro acrescenta: “Os primeiros trabalhadores a serem dispensados foram os que estavam em período experimental, porque puderam ser descartados sem fundamento ou compensação. Foram as primeiras vítimas. É uma figura de desproteção radical, até a trabalhadora grávida pode ser dispensada. É uma medida errada, injusta e, do nosso ponto de vista, inconstitucional”.

O bloquista adianta que já pediu ao Governo dados sobre quantos trabalhadores foram dispensados durante a pandemia estando em período experimental, não tendo conseguido resposta. Isto porque “não é fácil” fazer esse apuramento, já que os empregadores não precisam de comunicar diretamente à Segurança Social a dispensa do trabalhador em período experimental. A única maneira de chegar a esses números é “por via dos subsídios de desemprego”, diz Soeiro, e muitos dos trabalhadores não cumprem os requisitos para receberem essa prestação social.

“Sabemos que o período experimental é de absoluta precariedade. A entidade empregadora pode despedir sem qualquer indemnização. A duplicação do período experimental remete os trabalhadores para uma situação de ainda maior precariedade”, concorda José Luís Ferreira.

O deputado do PEV diz que faz, portanto, “uma leitura muito negativa” da revisão do Código do Trabalho de 2019 e salienta que são urgentes novas alterações, sendo prioritária a diminuição do período experimental, a reposição do princípio do tratamento mais favorável, a reposição do valor das indemnizações em caso de despedimento e a revogação da caducidade da contratação coletiva.

Questionado sobre se este é o momento certo para fazer tais alterações — tendo em conta o impacto da pandemia no mercado laboral e no tecido empresarial — José Luís Ferreira frisa: “A justiça social é sempre oportuna. Viria repor algum equilíbrio entre empregador e trabalhador. Há forças políticas que consideram que nunca é oportuno alterar a legislação do trabalho para proteger os trabalhadores. Qualquer altura é oportuna”.

O PCP também considera importante fazer alterações à lei laboral no presente, limitando a possibilidade de os empregadores alterarem unilateralmente os horários, dignificando a contratação coletiva, valorizando em termos remuneratórios o trabalho por turnos e recuperando o princípio do tratamento mais favorável.

António Filipe salienta ainda que esta era uma “boa oportunidade” para voltar à semana de trabalho de 35 horas. Questionado sobre a abertura do Governo e do PS para avançar com estas alterações, o parlamentar declara: “Infelizmente, não temos tido essa indicação”.

E o que diz o Bloco de Esquerda? Há pouco menos de um ano, Catarina Martins sublinhava que a indisponibilidade do PS para mudar a legislação laboral e eliminar a herança da troika tinha posto fim à possibilidade de uma nova geringonça.

Agora, a líder bloquista tem avisado que a negociação do Orçamento do Estado para 2021 não poderá ser desligada da discussão do Código do Trabalho.

Ao ECO, o bloquista José Soeiro insiste nessa necessidade de rever a lei laboral, para reforçar a proteção do emprego e dos rendimentos. “Só evitando ao máximo os despedimentos e mantendo os rendimentos em empresas que têm apoios ou lucros é que se pode responder à crise”, sublinha o deputado, referindo que “para os patrões nunca é oportuno” fazer mudanças na legislação “quando se trata de reforçar os direitos dos trabalhadores”. “Mas foram os primeiros em 2012 a querer mexer na legislação para baixar salários“, atira.

Além da diminuição do período experimental, o Bloco de Esquerda gostaria de ver reforçada, numa eventual revisão do Código do Trabalho, a negociação coletiva e defende que é preciso abordar a questão dos estafetas das plataformas (como a UberEats), que não têm direito a contrato de trabalho ou a proteção social e que se relevaram essenciais durante o confinamento.

Da parte do PS e do Governo, tem havido, contudo, resistência para avançar com tais mudanças à legislação do trabalho, admitem os bloquistas. Há alguns sinais de abertura nas medidas de proteção social, mas resistência em “recuperar formulações que existiam antes da troika, revela José Soeiro, nomeadamente o valor das indemnizações em caso de despedimento e o princípio do tratamento mais favorável.

Reduzir agora período experimental prejudicaria trabalhadores, diz CDS-PP

À esquerda, há consenso: o alargamento do período experimental para os trabalhadores à procura do primeiro emprego e desempregados de longa duração deve ser revertido. À direita, o CDS-PP sublinha que tal seria “retirar uma parte do acordo” conseguido em Concertação Social que serviu de base à revisão de 2019 do Código do Trabalho.

Em conversa com o ECO, o centrista João Almeida sublinha que o alargamento do período experimental “teve como contrapartida a limitação da contratação a termo”, não fazendo sentido agora eliminar essa parte do acordo negociado entre os parceiros sociais.

Além disso, diz o deputado, avançar com tal reversão seria sinónimo de dificultar a contratação, o que não só não beneficiaria as empresas, como acabaria por prejudicar os trabalhadores, particularmente num momento de crise como o atual. “As empresas não vão arriscar” em novas contratações, com um período de experiência menor, diz.

João Almeida salienta, além disso, que qualquer alteração à legislação do trabalho deve resultar de um acordo conseguido em sede de Concertação Social, para que seja estável. A deputada social-democrata Clara Marques Mendes concorda: “O PSD mantém a posição que sempre tem defendido, ou seja, estas matérias devem ser devidamente debatidas e concertadas em diálogo social com os parceiros sociais”.

O deputado do CDS-PP defende, ainda assim, que há um ponto da lei laboral que carece de alterações e aprofundamento: o teletrabalho. Essa regulamentação, afirma, tem de ser “equilibrada entre a proteção dos trabalhadores e a viabilidade das empresas“, não ameaçando o emprego a médio prazo.

Os centristas querem ver, assim, alterações no sentido de abrir ao máximo as possibilidades de trabalhadores e empregadores, com soluções que permitam a conjugação do trabalho presencial e remoto. “Achamos que o trabalhador beneficiaria de uma visão mais moderna da relação de trabalho“, afirma João Almeida.

Clara Marques Mendes sublinha que também sobre esta questão deve ser promovido “um diálogo social alargado para avaliar a necessidade de serem introduzidas alterações ao Código do Trabalho“. “As medidas de distanciamento social em resultado da Covid-19 originaram mudanças também no modo de trabalhar. Pelo que, pode haver necessidade de fazer ajustamentos, melhoramentos à lei. Contudo, essa é uma avaliação que deverá ocorrer em diálogo social”, frisa a deputada.

“Houve melhorias em 2019, mas não compensaram agravamento”

Nem todas as mudanças feitas em 2019 ao Código do Trabalho merecem nota negativa dos partidos que pediram a fiscalização sucessiva da lei laboral, mas estes salientam que as alterações positivas não chegaram para “compensar” as demais. “A alteração ao período experimental foi de tal modo grave que não compensa”, salienta António Filipe.

Uma das medidas que veio proteger os trabalhadores foi a limitação dos contratos a termo, que passaram a ter como duração máxima dois anos em vez de três, no caso dos contratos a termo certo, e quatro anos em vez de seis anos, no caso dos contratos a termo incerto. José Luís Ferreira salienta, contudo, que se continua a registar uma proliferação dos contratos a prazo, tendo os trabalhadores vínculos precários embora estejam a dar resposta a necessidades permanentes.

O saldo entre umas medidas e outras não permite celebrar. De facto, limitaram-se algumas formas de precariedade, como a contratação a termo e o fim do banco de horas individual. Essas medidas apoiamos. O problema é que o Governo negociou com os patrões um conjunto de contrapartidas“, acrescenta o bloquista José Soeiro.

No mesmo sentido, e em conversa com o ECO, a líder da CGTP reconhece que a revisão de 2019 do Código do Trabalho trouxe “ligeiras melhorias”, mas acabaram por ser ofuscadas pelas medidas colocadas em práticas “a favor do patronato”.

Isabel Camarinha considera “muito negativo” o Tribunal Constitucional ainda não ter dado resposta ao pedido de fiscalização enviado pelo PCP, BE e PEV, já que esta é “uma matéria que exigia muita urgência”, especialmente face à crise pandémica e ao seu efeito no mercado laboral português. Que o digam os trabalhadores que estavam no período experimental de 180 dias e ‘que foram mandados fora'”, salienta a sindicalista, que refere também como prioridade a eliminação da caducidade das convenções coletivas e a reposição do princípio do tratamento mais favorável.

Do lado dos patrões, a posição generalizada é a de que não é oportuno rever a lei laboral no presente, defendendo-se que a prioridade deve ser “salvar as empresas e o emprego”.

Não podemos estar sempre a rever a legislação laboral. Todos os anos, por vezes várias vezes ao ano, fazemos alterações. É um mau princípio, cria insegurança. Temos muitas reservas em relação a alterações, neste contexto”, detalha a secretária-geral da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), ao ECO.

Para Ana Vieira, as alterações à lei do trabalho seriam positivas se trouxessem alguma flexibilidade. Por exemplo, a reposição do banco de horas individual “por mais algum tempo” (medida que também o CDS-PP entende como positiva para as empresas durante a pandemia). “No contexto político atual, não tenho a certeza que isso vá acontecer”, remata a responsável.

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Em direto: Conferência 40 anos – Fundo de Garantia Automóvel

  • ECO Seguros
  • 24 Setembro 2020

A ASF transmitiu em direto a Conferência comemorativa dos 40 anos do Fundo de Garantia Automóvel. Reveja o vídeo da sessão

Conferência ASF – 40 anos FGA: Eduardo Cabrita (MAI); Margarida Lima Rego (AIDA); Isabel Carrola (FGA); Margarida Aguiar (ASF); Rui Ribeiro (ANSR); Painel discussão

O Fundo de Garantia Automóvel celebrou 40 anos, assinalados em conferência comemorativa acompanhada em direto através de ECOseguros. A abertura da conferência foi realizada por Margarida Corrêa de Aguiar, Presidente da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) e Eduardo Cabrita, ministro da Administração Interna (MAI).

No evento, presencial e transmitido pela web, foi apresentado o estudo “Caracterização dos sinistros em que o responsável não possui seguro válido”. Entre os participante convidados estiveram Isabel Carrola diretora do Fundo de Garantia Automóvel, Margarida Lima Rego, presidente da AIDA Portugal e professora Associada e Subdiretora da Nova School of Law, Fernando Bação – Professor Associado na Nova Information Management School e Francisco Rodrigues Rocha, Mestre em Direito dos Seguros e Bancário, e Assistente Convidado na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.

Apresentado estudo, seguiu-se um painel “Prevenção da condução sem seguro”, com intervenções de Rui Ribeiro, presidente da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária e Pedro Romano Martinez, professor Catedrático da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.

A concluir realizou-se a cerimónia de obliteração do selo comemorativo dos 40 anos do FGA com intervenção do presidente dos Correios de Portugal e com assinatura de diplomas alusivos entregues à ASF e ao Governo. João Nuno Mendes, Secretário de Estado das Finanças, encerrou a conferência.

Pode rever o vídeo do direto aqui.

(Conteúdo atualizado, com imagens, às 13h15 de 25 de setembro)

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Marcelo quer plano de recuperação com “amplo apoio político” e sem crises orçamentais

  • Lusa
  • 24 Setembro 2020

O Presidente da República defende que existe uma "incompatibilidade" entre o processo de desenvolver o plano de recuperação, "desde logo no seu arranque, e crises orçamentais".

O Presidente da República defendeu esta quinta-feira que o plano de recuperação do país com recurso a financiamento europeu deve ter “amplo apoio político”, para ter continuidade, e advertiu para o preço de eventuais crises orçamentais.

“Há matérias relativamente às quais, porque ultrapassam mandatos presidenciais e mandatos governamentais – e não apenas um, mas dois ou três – tem de haver uma continuidade que supõe um consenso político e social duradouro”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.

O chefe de Estado falava no encerramento de uma iniciativa da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) de apresentação do documento “Ambição Agro 2020-30”, em que decidiu comparecer presencialmente, em vez de discursar por videoconferência, como estava previsto.

A meio da sua intervenção, Marcelo Rebelo de Sousa referiu-se ao plano de recuperação da crise provocada pela pandemia de covid-19 como “um projeto global que exige consenso político e social”. O Presidente da República realçou que está em causa um processo com recurso a “vários tipos de financiamento europeu e nacional” e que representa “um esforço muito longo”, que “não se pode confundir com o momento do arranque”.

No seu entender, “há parceiros económicos e sociais que percebem a necessidade do mais vasto consenso social” e impõe-se “a mesma predisposição em termos de consenso político”.

“Isso significa a incompatibilidade entre este processo, desde logo no seu arranque, e crises orçamentais que radicalizem não só o discurso, mas também enfraqueçam condições iniciais de execução daquilo que se quer virado para o médio longo prazo”, acrescentou.

Marcelo Rebelo de Sousa especificou que “há duas maneiras de provocar crises orçamentais”, sendo uma delas “inviabilizando orçamentos”, e a outra “a multiplicação de iniciativas legislativas aprovadas que significam o esvaziamento do quadro orçamental vigente no ano em que tal ocorre”, ou seja, “que questionem de forma direta ou indireta a viabilidade do Orçamento”.

Ambas têm “um preço elevado” num momento como o atual, advertiu o chefe de Estado. “É bom que se tenha a noção do preço envolvido”, reforçou. O Presidente da República disse que “este é um dado que não tem a ver com um Governo ser um ou ser outro e a oposição ser uma ou ser outra”, contrapondo: “Aplica-se a qualquer Governo com qualquer oposição. Quem for Governo ao longo de dez anos defrontar-se-á com esta questão”.

Ressalvando que “a democracia supõe o pluralismo” e “implica alternativas”, Marcelo Rebelo de Sousa apelou: “Conviria que se não somasse aos ciclos eleitorais miniciclos orçamentais de desfecho imponderável e imprevisível”.

“Muito pode a economia, mas pouco pode se o funcionamento dos sistemas políticos for disfuncional. Como se passa, aliás, em vários países europeus. Pode ser o plano mais brilhante, a visão mais excecional, mais acabada, se entretanto existir uma situação crítica em termos dos protagonistas políticos – não digo sociais – isso significa obviamente uma limitação enorme concretização do plano almejado“, argumentou.

O Presidente da República enquadrou a estratégia de recuperação do país como algo que “não é de uma personalidade, não é de um partido, não é de um Governo, não é de uma classe social, não é de uma corporação, não é de um setor económico, social ou outro”. “Deve ser assumido como de todos os portugueses e com o mais amplo apoio político, traduzindo esse consenso nacional”, insistiu.

No fim do seu discurso, Marcelo Rebelo de Sousa observou que “mais vale prevenir do que remediar” e que as suas palavras foram para “prevenir acerca de crises evitáveis” e “gestos insensatos” bem como “conjunturalismos sem visão de médio longo prazo”.

“Para que depois não seja tarde de mais e não demos connosco a descobrir que as sociedades não corresponderam, as democracias fraquejaram e que se perdeu uma oportunidade única que não podemos perder. E que não perderemos”, concluiu.

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Wall Street em alta com dados sobre vendas de casas. Tecnológicas ajudam

Numa sessão volátil, que arrancou com perdas mas acabou por ser de valorizações, os investidores analisaram dados sobre o desemprego e sobre a venda de casas novas.

O dia foi de volatilidade em Wall Street. Os principais índices de referência arrancaram a sessão em queda, com dados desanimadores dos pedidos de desemprego a pesar no sentimento, mas acabaram por inverter a tendência e fechar em terreno positivo. A contribuir para esta mudança estiveram os dados sobre vendas de casas novas, bem como subidas nas cotadas tecnológicas.

Dados que revelaram que 870 mil norte-americanos se inscreveram para receber subsídio de desemprego na semana que terminou em 19 de setembro penalizaram no arranque da sessão. No entanto, foi depois conhecido que as vendas de novas residências familiares atingiram seu nível mais alto em quase 14 anos em agosto, animando o sentimento.

Para além disso, conversas sobre o novo pacote de estímulos para a economia, depois de semanas de impasse no Congresso, também animaram os investidores.

Depois de altos e baixos, os principais índices de referência registaram ganhos ligeiros. O industrial Dow Jones subiu 0,2% para os 26.815,44 pontos, enquanto o S&P 500 avançou 0,3% para 3.246,59 pontos. Já o tecnológico Nasdaq ganhou 0,4% para 10.672,27 pontos.

A impulsionar o desempenho em Wall Street encontram-se as tecnológicas. A Apple avançou 1,03% para os 108,22 dólares, a Microsoft subiu 1,30% para os 203,19 dólares e a Alphabet, dona da Google, ganhou 0,96% para os 1.422,86 dólares.

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Manuel Vicente rejeita acusações de gestor de Isabel dos Santos

  • ECO
  • 24 Setembro 2020

Manuel Vicente nega ter-se apropriado de 193 milhões de euros da Sonangol, como denunciou o antigo gestor de Isabel dos Santos, e apelida a acusação de "indecorosa manobra de diversão".

“Ataques falsos e graves” que visam servir de defesa a “alguém em sérios apuros”. É desta forma que Manuel Vicente, ex-vice-presidente de Angola, sob a presidência de José Eduardo dos Santos, reage à queixa que o antigo assessor de Isabel dos Santos na Sonangol, Mário Leite da Silva, apresentou junto de reguladores internacionais relativamente a um “contrato falso” que terá lesado a petrolífera angolana em 193 milhões de euros em 2005.

Este contrato é falso e foi levado ao conhecimento oficial pelo Ministério Público de Angola num processo judicial de arresto contra as pessoas de Isabel dos Santos e seu marido Sindika Dokolo e contra a minha pessoa”, escreve Mário Leite da Silva, na denúncia dirigida a reguladores internacionais, entre os quais o Banco de Portugal, a que a agência Lusa teve esta quarta-feira acesso.

Em causa está o acordo da Sonangol – então liderada por Manuel Vicente – com a Amorim Energia para entrada no capital da Galp. Para tal, a Sonangol constituiu com a Exem Energy, de Isabel dos Santos, a ‘joint-venture’ Esperaza, cabendo 60% à petrolífera e os restantes 40% à empresária. Posteriormente, a Esperaza detém 45% do capital da Amorim Energia, holding que tem uma posição de 33,34% na petrolífera portuguesa. Indiretamente, os angolanos controlam assim 15% da Galp. Segundo a Justiça angolana, o capital inicial da Esperaza, no valor de 193 milhões de euros, foi investido na totalidade pela petrolífera angolana, que reclama judicialmente o valor em dívida que corresponderia à parte da empresária.

Manuel Vicente considera que “a alegada falsificação de um contrato de suprimento entre a Sonangol e a Esperaza” é “uma imputação nitidamente falsa”, diz o ex-presidente da Sonangol, num comunicado enviado às redações., “sendo ilustrativa da má-fé e/ou dos interesses inconfessos dos seus autores”, acrescenta, precisando que vai analisar com os advogados “os meios de reação mais adequados”.

O presidente do Conselho de Administração da Sonangol até janeiro de 2012 recorda que esta não é a primeira vez que lhe são dirigidos “ataques falsos e graves” que na sua avaliação “mais não são do que indecorosas ‘manobras de diversão'”. Segundo Mário Leite Silva a sociedade Esperaza foi adquirida em 2006 mas o contrato para entrada na joint-venture, que Mário Leite Silva diz ser falso, “tem data do dia 30 de novembro de 2005” e terá permitido a retirada dos 193 milhões de euros da Sonangol.

Para Manuel Vicente esta queixa do antigo assessor da Isabel dos Santos “parece ter como objetivo servir a estratégia de defesa de alguém que estará, certamente, em sérios apuros”.

A carta de 19 páginas assinada por Mário Leite da Silva foi enviada de Lisboa a 11 de setembro para o Banco de Portugal, Banco Nacional de Angola, De Nederlandsche Bank, Banco Central Europeu, ABN AMRO Bank, Banco Comercial Português, Bank of America, Standard Chartered Bank e para o Parlamento Europeu. O queixoso pede aos reguladores que seja efetuada uma “averiguação reforçada” e urgente “às circunstâncias que dão contexto ao surgimento do referido ‘contrato’, de modo a apurar atos de natureza ilícita e quem foram os responsáveis”. A carta inclui mais de uma dezena de documentos em anexo, entre os quais o contrato entre a Sonangol e a Esperaza que Mário Leite da Silva diz ser “falso”.

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Seguro Covid dá 18 mil euros ao Hospital da Cruz Vermelha

  • ECO Seguros
  • 24 Setembro 2020

A Tranquilidade e a AdvanceCare recolheram um euro por cada novo seguro Covid-19 que agora vão servir para aumentar os testes rápidos do hospital da CVP.

A Tranquilidade e a AdvanceCare entregaram um donativo de 18.226 euros à Cruz Vermelha Portuguesa (CVP), em resultado da componente solidária da venda do Seguro de Saúde Covid-19, que previa a oferta de 1 euro à CVP por cada pessoa segura. Este valor vai contribuir para aumentar a capacidade de testagem à Covid-19 da CVP, nomeadamente de testes rápidos,

O lançamento deste seguro de saúde em abril, em plena crise do Covid-19, destinou-se a permitir às empresas atribuir proteção aos seus colaboradores que viessem a contrair o novo coronavírus. Era particularmente relevante para aquelas que continuavam em atividade com os seus colaboradores mais expostos ao risco de contágio.

Desenvolvido em parceria com a AdvanceCare, o Seguro de Saúde Covid-19 da Tranquilidade garantia um subsídio diário de 100 euros por cada dia de hospitalização causada por infeção de Covid-19 durante um período de 10 dias, pagos após o 7º dia de internamento. Incluía ainda uma indemnização de convalescença de 3 mil euros paga após a alta de hospitalização, causada por infeção de Covid-19, numa unidade de cuidados intensivos. O produto tinha um preço de 19,90 euros por colaborador e era válido durante 90 dias.

Em cerimónia simbólica Francisco George, Presidente da Cruz Vermelha Portuguesa, recebeu o cheque de Rogério Dias e Luís Prazeres, membros da Comissão Executiva da Tranquilidade e da AdvanceCare, respetivamente.

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Governo prolonga regime de exceção nos contratos de seguros por causa da Covid-19

  • ECO Seguros
  • 24 Setembro 2020

O regime temporário de excecionalidade nos seguros foi decretado em maio para vigorar até final de setembro. Em reunião de Conselho de Ministros, o Executivo prorrogou a medida por mais seis meses

O Governo decidiu prolongar o regime excecional e temporário que vigora para os contratos de seguro, revela o comunicado do Conselho de Ministros desta quinta-feira, onde aprovou a extensão temporal das moratórias de crédito às famílias e empresas, decretadas no quadro da pandemia da Covid-19.

No final da reunião após o Conselho de Ministros, o ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira referiu que, no caso dos contratos de seguro, o prazo para pagamento de prémios foi prorrogado até 21 de março de 2021, quando estava previsto vigorar até 30 de setembro deste ano. O ministro justificou esta medida com «a diminuição de risco nos contratos de seguro, decorrentes da redução significativa ou de suspensão de atividade».

A decisão que estende prazos e flexibilidade no setor segurador, sendo esperada, encontra a autoridade de Supervisão “preparada” para a fazer aplicar.

Prolongando-se o regime que terminava no final deste mês para os seguros, renova-se a possibilidade de, na falta de uma convenção entre seguradora e tomador do seguro, “em caso de falta de pagamento do prémio ou fração na data do respetivo vencimento, em seguro obrigatório”, o contrato seja automaticamente prolongado por 60 dias “a contar da data do vencimento do prémio ou da fração devida”.

Já em agosto, a ASF reconhecia que o diploma (de 12 de maio de 2020) “veio, de forma equitativa e transversal a toda a sociedade, criar soluções para amenizar e flexibilizar o impacto da crise do Covid-19 nas famílias e junto do tecido empresarial”.

Em resultado do regime temporário de exceção nos seguros decretado pelo Governo em maio, números de Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) indicam que, entre 13 de maio e 30 de junho, cerca de 3,3 milhões de apólices viram prolongadas em 60 dias as suas coberturas, e houve renegociação do pagamento dos prémios em 1,3 milhões de contratos.

As renovadas moratórias para o crédito e os seguros integram um Decreto-Lei “que altera as medidas excecionais e temporárias relativas à pandemia da doença Covid-19,” introduz o documento do Conselho de Ministros. Segundo dispõe o Executivo no comunicado da reunião: “As medidas excecionais de proteção dos créditos das famílias, empresas, instituições particulares de solidariedade social, e demais entidades da economia social, passam a vigorar até 30 de setembro de 2021.”

Referindo o setor de seguros, a comunicação menciona que a medida legislativa “prorroga o regime excecional e temporário relativo aos contratos de seguro,” sendo que, no encontro com a imprensa, Siza Vieira esclareceu a data da extensão (março de 2021).

Na reunião desta quinta-feira (24 de setembro) o Governo aprovou ainda 8 diplomas que transpõem e executam para a ordem jurídica interna legislação europeia referente a diferentes matérias. Um dos Decretos-Lei transpõe parcialmente a Diretiva UE 2019/2177, “relativa ao setor segurador, que revê o risco associado à componente nacional com impacto nos produtos de seguro.”

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Opioides: Nova Iorque processa Johnson & Johnson por violação da lei de seguros

  • ECO Seguros
  • 24 Setembro 2020

O procedimento legal visa responsabilizar a farmacêutica que, alega o Estado nova-iorquino, defraudou os consumidores e subestimou riscos, prosseguindo objetivos de lucro.

O Estado de Nova Iorque anunciou a abertura de um processo legal contra a Johnson & Johnson (J&J) e algumas subsidiárias da companhia, acusando o conglomerado farmacêutico de atuação fraudulenta na promoção de opioides prescritos para dor crónica e, tendo reiteradamente minimizado os riscos dos efeitos secundários (e custos) associados à utilização dessas substâncias. Com isso violou parte da lei de seguros, afirma em comunicado oficial, assumindo que é missão do Governo estadual zelar pela integridade da indústria seguradora.

De acordo com os procedimentos por infração abertos pela entidade que conduz o processo, o Departamento de Finanças do Estado (DFS na sigla original), a J&J, e as subsidiárias Janssen Pharmaceuticals, Janssen Pharmaceutica e a Ortho-McNeil Janssen “lideraram durante anos campanhas enganosas e fraudulentas” no mercado (retalhista e grossista) de substâncias nocivas que prejudicaram a sociedade, originaram danos a pessoas que se tornaram dependentes das substâncias e causaram elevados prejuízos à indústria de seguros.

No comunicado do departamento de serviços financeiros, o governador Andrew Cuomo salienta: ” A crise dos opiáceos tirou demasiadas vidas. O Estado de Nova Iorque continuará a tomar medidas contra aqueles que ajudaram a alimentar esta catástrofe de saúde pública, levando alguma justiça às famílias que perderam entes queridos. A informação enganosa sobre consumo de opiáceos com fins lucrativos é indesculpável e utilizaremos todos os instrumentos necessários para garantir que os responsáveis sejam plenamente responsabilizados“, desfere Cuomo.

Alegando que a J&J violou partes da lei de seguros do estado, o documento da acusação legal indica que que, por cada prescrição, a companhia cometeu uma infração separada, equivalente a penalização de 5 mil dólares cada. O processo tem como objetivo tentar recuperar 2 mil milhões de dólares resultantes de agravamento de prémios de seguro pagos por residentes do estado de Nova Iorque.

A visada já reagiu ao anúncio de abertura do processo legal afirmando que a sua atividade é fortemente regulada e fiscalizada pelas autoridades e que agiu de modo responsável e apropriado nas campanhas de marketing relacionadas com os medicamentos em causa.

No âmbito do processo, as envolvidas foram notificadas para uma audição agendada para 25 de janeiro de 2021.

A J&J não é a primeira companhia farmacêutica acusada pelo Estado de Nova Iorque no quadro da designada epidemia dos opioides. Anteriormente, Allergan, Teva e outras foram alvo de alegações igualmente ligadas à crise dos opiáceos que, entre outras substâncias, envolvem o fentanil e a oxicodona, que, no passado, também já motivou processo contra a farmacêutica Purdue.

A DFS refere que a J&J fabricou substâncias opioides no Estado, incluindo Nucynta (tapendatol) e o Duragesic (um adesivo impregnado de fentanil), e que – durante o desenvolvimento e produção-, a Food and Drug Administration (regulador na indústria de alimentação e farmácia dos EUA) emitiu diversas comunicações contestando as condições de comercialização do Duragesic.

O impacto da noticiada epidemia dos opiáceos é devastador nos EUA. Segundo informação dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças recorrentemente citados e também referidos no procedimento agora aberto em Nova Iorque “desde 1997, mais de 400.000 pessoas morreram nos EUA, por overdose de analgésicos opiáceos”. Esta realidade, “gerada e disseminada pela ganância” causou centenas de milhares de milhões de dólares em danos à economia dos EUA, alega Nova Iorque no documento que formaliza o procedimento legal.

Segundo alega a acusação, as visadas produziram informação enganosa e subestimaram o risco em proveito próprio, originando prejuízos pelos quais devem ser responsabilizadas. Neste sentido, o Estado nova-iorquino exige que as acusadas assumam a despesa de todas as sanções que resultem do processo.

Recuperando fundamentos de processos legais anteriores, a nova acusação sustenta que esses medicamentos causam habituação e uso abusivo (com consequências graves para a saúde e risco de morte). Sendo prescritos para serem administrados em casos extremos (doentes oncológicos terminais ou pós-cirurgias), a sua utilização para tratamento de dor crónica vulgarizou-se, ao ponto de integrarem os circuitos do tráfico ilegal. Rapidamente, as implicações sociais e económicas associadas ao fenómeno que implica as farmacêuticas tornaram-se evidentes na designada crise dos opioides.

No quadro de outro processo judicial amplamente noticiado, julgado em 2019 no Oklahoma, foi revelado que mais de 4600 pessoas morreram por overdose de analgésicos nos 10 anos até 2017. O julgamento conduzido por Thad Balkman, juiz do condado de Cleveland (Oklahoma), em agosto de 2019, culminou em sanção de 572 milhões (dois meses depois retificada para 465 milhões de dólares) também contra a J&J.

Informações oficiais incluídas no julgamento revelavam que, em 2017, o número de receitas de medicamentos opioides aviadas em farmácias rondou 480 atos por hora, só naquele Estado.

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