Coronavírus leva Novo Banco a isentar parte das comissões. CGD, BCP e Totta apostam em linhas de crédito às empresas
Pandemia global e estado de alerta em Portugal está a levar a medidas de exceção. Bancos e seguradoras estão a adaptar-se com soluções para os clientes que já têm e ofertas para captar novos.
Enquanto está a adotar planos de contingência interna devido ao surto de coronavírus, a banca está também a lançar novos produtos para responder a esta realidade. Os maiores bancos lançaram serviços que vão desde o reforço dos canais digitais para os clientes, a linhas de crédito para empresas que estejam a ser afetadas.
“O Novo Banco lançou um pacote de produtos e serviços ajustados ao momento dominado pelo Covid-19 e destinado a reduzir os riscos inerentes ao contágio”, anunciou o banco liderado por António Ramalho em comunicado. “A partir de hoje, um conjunto de transações essenciais aos clientes através dos canais digitais ficarão, temporariamente, isentas de comissões: desde as transferências interbancárias, pagamentos de serviços, cash-advance e transferências MBWay, até às isenções da primeira anuidade nos novos cartões de débito e pré-pago ou substituições”.
O banco diz esperar um aumento de recurso aos meios digitais, pelo que está a reforçar o suporte tecnológico às transações através de meios eletrónicos de pagamento, bem como a capacidade de atendimento no serviço de Banca Telefónica, NBdireto. “Estas medidas terão efeito temporário e visam reduzir drasticamente os pontos de toque e a troca de dinheiro pouco aconselhada neste período. Este pacote de serviços é apenas destinado aos atuais clientes do Novo Banco”, explica.
Em simultâneo, o Novo Banco lançou também medidas para facilitar a utilização de pagamentos eletrónicos em detrimento da utilização de dinheiro, válidas até 30 de abril. Estas incluem a anuidade gratuita do cartão de débito para novos pedidos e para substituições, a anuidade gratuita do cartão pré-pago (NB Pocket) para novos pedidos e a isenção de custos fixos nas transações efetuadas através de TPA, permitindo aos comerciantes aceitar pagamentos de valor reduzido sem custos acrescidos.
200 milhões em crédito às empresas com condições mais favoráveis
Os comerciantes e pequenos negócios que sejam clientes do Novo Banco vão ter acesso às mesma condições temporárias, mas também medidas direcionadas, incluindo a isenção de custos do serviço de homebanking NBnetwork até 30 de abril, para novos pedidos. Mas é no crédito que os bancos estão a apostar. O banco liderado por António Ramalho criou uma linha de conta corrente dedicada a apoiar os comerciantes e pequenos negócios afetados pelo Covid-19 (com isenção de comissões nos primeiros seis meses) e está também a alinhar com a linha de crédito Capitalizar Covid-19.
Esta linha de crédito, que totaliza 200 milhões de euros e será operacionalizada por todos os bancos que queiram, foi anunciada pelo Governo para apoiar as empresas cujas receitas sejam penalizadas pelo coronavírus. A nova linha tem como principal objetivo reforçar o apoio ao nível da Tesouraria e Fundo Maneio para acomodar os impactos negativos decorrentes do surto. O ECO sabe que os bancos como a Caixa Geral de Depósitos, o Santander Totta ou o BCP estão a aderir à iniciativa.
“Enquadrado no Pacote de medidas de Estado de apoio às empresas para minimizar o impacto do novo coronavírus na economia, a Caixa terá disponível, nos próximos dias, uma nova uma linha de crédito, dirigida às Micro, Pequenas e Médias Empresas“, anunciou o banco liderada por Paulo Macedo, esta sexta-feira, em comunicado. Até 31 de maio, cada empresa pode financiar-se até 1,5 milhões, nas finalidades de Fundo Maneio e Tesouraria, com maturidades até quatro e três anos, respetivamente.
“As operações beneficiarão de uma garantia mútua até 80% do montante financiado e a respetiva comissão da garantia será integralmente bonificada, aumentando a acessibilidade e competitividade desta linha”, explica ainda a CGD. “Decorrente da experiência existente neste tipo de linhas de crédito protocoladas com o Estado (linhas Capitalizar), a Caixa tem condições para uma resposta rápida às necessidades de curto prazo das empresas afetadas pelo do Covid-19”.
Também o Santander Totta está nesta linha, que tem duas sub-dotações: a dotação Covid 19 – Fundo de Maneio com 160 milhões de euros e a dotação Covid 19 – Plafond de Tesouraria no valor de 40 milhões. “O Santander mantém a sua missão de apoio à economia e tecido empresarial, associando-se naturalmente a uma iniciativa que visa que as empresas afetadas pelos efeitos económicos resultantes do surto de Covid-19 possam aceder a financiamento bancário com custos adequados”, diz o fonte oficial do banco ao ECO.
O BCP pretende igualmente disponibilizar um conjunto alargado de soluções de apoio a empresas condicionadas direta e indiretamente com o Covid-19, mas ainda não especifica quais são. “O banco dará a conhecer ao mercado estas medidas de forma detalhada, mas adianta que terão um foco nos empréstimos de tesouraria/fundo de maneio às empresas, apoio nas exportações e importações, créditos a colaboradores das empresas e, ainda, uma componente digital importante para transformar os habituais contactos presenciais e com proximidade em interações digitais com o banco”, explica fonte oficial, ao ECO.
Seguradoras compensam salários e isentam testes ao Covid-19
Não é só a banca que se está a adaptar à nova realidade trazida pelo coronavírus, que já foi classificado como pandemia global pela Organização Mundial de Saúde e levou o Governo português a decretar estado de alerta por todo o país. Também nos seguros, há novidades. Apesar de epidemia e pandemia serem exclusões habituais em todos os seguros de danos pessoais, a crise Covid-19 traz novas realidades aos limites da responsabilidade das seguradoras.
A GNB Seguros, do grupo Novo Banco, também lançou medidas para responder às necessidades dos clientes que detêm uma apólice de seguros. Estes vão ter assegurada a cobertura, no âmbito das apólices de Seguros de Saúde, para as consultas, tratamentos e exames realizados devido ao Covid-19. Nos casos de baixa por doença, será pago o diferencial entre o salário e o valor a receber da Segurança Social, para os clientes com apólice de Seguros de Proteção Salário e, para os clientes com apólices de Seguros de Proteção ao Crédito, será pago das prestações de crédito.
A Fidelidade anunciou igualmente que “para facilitar o diagnóstico atempado da infeção por Covid-19, vai isentar os clientes do seu Seguro de Saúde Multicare do custo de co-pagamento no caso de terem que fazer o teste de despiste ao Covid-19 por prescrição médica“.
Em simultâneo, a Fidelidade e a Multicare desenvolveram uma ferramenta digital on-line chamada symptom checker que, através de um questionário interativo, ajuda os clientes a identificarem patologias possivelmente associadas a sintomas de saúde, incluindo a infeção por Covid-19. “No final do questionário é feito o aconselhamento de próximos passos, incluindo uma consulta médica através de videoconferência”, acrescentou o grupo em comunicado. “A Multicare disponibiliza ainda a linha de apoio telefónica Medicina On-line, que está disponível que 24h por dia, sete dias por semana, e com um atendimento integralmente feito por médicos”.
(Notícia atualizada às 17h10 com resposta do BCP e Santander Totta)
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