Von der Leyen alerta 27 que Europa não pode perder esta oportunidade

  • Lusa
  • 19 Junho 2020

Ursula von der Leyen exorta os Chefes de Estado e de Governo dos 27 a “focarem-se no essencial”, pede sentido de união e diz que a Europa não pode desperdiçar esta oportunidade.

A presidente da Comissão Europeia exortou esta sexta-feira os líderes europeus a concentrarem-se no essencial nas discussões sobre o plano de recuperação para superar a crise de Covid-19, argumentando que a Europa não pode desperdiçar esta oportunidade.

Numa mensagem divulgada no início de uma cimeira por videoconferência na qual os chefes de Estado e de Governo da União Europeia começam a negociar as propostas de um Fundo de Recuperação e do orçamento plurianual para 2021-2027 apresentadas pelo seu executivo comunitário no final de maio, Ursula von der Leyen defende que o seu plano “é ambicioso e equilibrado”.

“Ajuda não só as economias dos países que foram mais atingidos pelo vírus, como também os países cujas economias sofreram um forte impacto indiretamente devido aos confinamentos”, aponta.

Segundo Von der Leyen, “a Europa deve agora investir e reformar para sair da crise”, e o pacote de recuperação que a Comissão propõe – denominado “PróximaGeraçãoUE” – está concebido de modo a que a retoma europeia seja “resiliente, sustentável e digital”.

“Por outras palavras, ajudará a Europa a modernizar-se”, sustenta, defendendo então que “esta é uma oportunidade que a Europa não pode desperdiçar”.

Ursula von der Leyen exorta por isso os chefes de Estado e de Governo dos 27 a “focarem-se no essencial”, pede sentido de união e adverte que “não há tempo a perder”.

Os líderes europeus iniciaram hoje, às 09:00 de Lisboa, as negociações em torno do Fundo de Recuperação e orçamento plurianual da UE propostos pela Comissão Europeia, numa cimeira por videoconferência que, seguramente, não será conclusiva.

Na carta-convite dirigida aos chefes de Estado e de Governo dos 27, entre os quais o primeiro-ministro António Costa, o próprio presidente do Conselho Europeu assume que esta primeira cimeira para discutir as propostas apresentadas em 27 de maio passado pelo executivo comunitário visa apenas desbravar caminho com vista a um acordo numa posterior cimeira, já em julho, se possível presencial.

Na missiva, o presidente do Conselho Europeu, que tem procedido a consultas com os 27 nas últimas semanas, assume que ainda não há consenso em diversas matérias, que enumera.

Essas matérias são, basicamente, todas as questões-chave do pacote: “o tamanho e duração dos diversos elementos do Plano de Recuperação”, “as melhoras formas de alocar a assistência e a questão dos empréstimos e subvenções”, “questões relacionadas com a condicionalidade e a governação” e, por fim, “a dimensão e o conteúdo do Quadro Financeiro Plurianual [2021-2027], incluindo os recursos próprios e os ‘rebates’”, os descontos de que beneficiam alguns Estados-membros nas suas contribuições para o orçamento comunitário.

Sobre a mesa, os líderes europeus têm as propostas de um Fundo de Recuperação da economia europeia no pós-pandemia, no montante global de 750 mil milhões de euros – 500 mil milhões em subvenções e 250 mil milhões em empréstimos -, e de um Quadro Financeiro Plurianual revisto para 2021-2027, no valor de 1,1 biliões de euros.

Portugal poderá vir a arrecadar um total de 26,3 mil milhões de euros, 15,5 mil milhões dos quais em subvenções e os restantes 10,8 milhões sob a forma de empréstimos (voluntários) em condições muito favoráveis.

Como sucedeu em fevereiro, numa anterior tentativa de chegar a acordo sobre o orçamento plurianual da União, deverá registar-se um ‘choque’ entre os chamados países ‘frugais’ [Holanda, Áustria, Dinamarca e Suécia] e um conjunto bem mais vasto de Estados-membros intitulados ‘amigos da coesão’.

A crise de Covid-19, contudo, provocou novas alianças, já que os interesses dos Estados-membros divergem em função dos apoios que lhes podem vir a caber no quadro do Fundo de Recuperação.

Inalterada é a posição dos ‘frugais’, que, além de não quererem aumentar as contribuições para os cofres comunitários, defendem que os apoios de recuperação aos países mais fragilizados sejam na forma de empréstimos e sob condições estritas, e aqui reside o principal obstáculo a ultrapassar nas negociações.

Fontes diplomáticas congratularam-se por, pelo menos, o “tom” das intervenções dos diversos Estados-membros nas reações às propostas já não ser tão ‘bélico’ como em fevereiro passado, fazendo votos para que as discussões de hoje não abram novas ‘frentes’ de conflito entre os 27.

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Sassoli: Proposta de Bruxelas “é uma gota de água no que é preciso” para recuperar

Presidente do Parlamento Europeu marcou o arranque do Conselho Europeu em que os líderes vão discutir a proposta de fundo de recuperação com 750 mil milhões de euros.

O fundo de recuperação da União Europeia após a pandemia, proposto pela Comissão Europeia e que é alvo de debate esta sexta-feira no Conselho Europeu, é apenas uma pequena parte do que é preciso para a retoma da economia da moeda única, segundo o presidente do Parlamento Europeu. David Sassoli rejeita, por isso, que possa ser acordada uma solução abaixo dos 750 mil milhões de euros que estão em cima da mesa.

“Gostaria de começar por agradecer à Comissão por apresentar uma proposta ambiciosa. No entanto, por mais ambiciosa que seja, a nosso ver, é apenas uma gota de água no que é preciso fazer. Não aceitaremos qualquer recuo face a essa posição inicial, que devemos tomar como ponto de partida e melhorar, para garantir que as decisões críticas que tomamos agora beneficiem a todos”, disse Sassoli.

O presidente do Parlamento Europeu discursou no arranque do Conselho Europeu, que acontece esta sexta-feira. Os líderes dos 27 e das instituições comunitárias reúnem-se por videoconferência, pela primeira vez desde que a Comissão Europeia apresentou as propostas para criação de um Fundo de Recuperação económica e do orçamento europeu de longo prazo atualizado, para ajudar a Europa a sair da recessão anunciada.

O montante total do Fundo de Recuperação proposto para o conjunto da UE atinge o valor de 750 mil milhões de euros, dos quais 500 mil milhões em subvenções e 250 mil milhões em empréstimos. Mas esta opção tem de conseguir a aprovação de todos os 27. Para financiar este fundo, a UE vai ao mercado emitir dívida.

“O Parlamento quer enfatizar que qualquer dívida comum emitida deve ser paga de forma justa, sem onerar as gerações futuras. Podemos consegui-lo com foco no trabalho e bem-estar social. Neste contexto, não devemos esquecer que a prestação de apoio apenas sob a forma de empréstimos teria um impacto assimétrico no endividamento de cada Estado-Membro e seria mais onerosa para a União no seu conjunto. Temos agora a oportunidade de remodelar a Europa e torná-la mais igual, mais verde e mais direcionada para o futuro”, sublinhou Sassoli.

Apesar de reconhecer, na conferência de imprensa que se seguiu, que há divergências políticas entre os vários países, o italiano explicou que a maior parte dos eurodeputados concordam. “Queremos estabelecer a questão da receita de uma vez todas com soluções que tornem a UE mais forte e auto-suficiente. A grande maioria do Parlamento acredita que um acordo sobre o quadro financeiro muti-anual tem de cumprir esta condição”.

(Notícia atualizada)

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Revista de imprensa internacional

Secretária-adjunta de Estado demite-se em protesto contra gestão de Trump, numa altura em que o endividamento público do Reino Unido atinge um nível recorde e ultrapassa os 100% do PIB.

O último dia da semana é marcado pela demissão da secretária-adjunta de Estado em protesto contra a forma como o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem gerido as manifestações antirracismo no país. No Reino Unido, o endividamento público atingiu um nível recorde e a dívida ultrapassa os 100% do Produto Interno Bruto, um valor que já não se registava desde 1963. O maior acionista da Lufthansa quer conversar com o Governo alemão sobre plano de salvamento da empresa, enquanto a Nissan reduz turnos noturnos nas fábricas de automóveis no Japão devido à quebra de vendas.

The Washington Post

Secretária-adjunta de Estado demite-se em protesto contra gestão de Trump

A secretária-adjunta do Departamento de Estado para os Assuntos Legislativos, Mary Elizabeth Taylor, que estava na Administração Trump desde o primeiro dia, demitiu-se na quinta-feira, em protesto contra a forma como o Presidente dos Estados Unidos tem gerido as manifestações antirracismo no país. “Os comentários e as ações do Presidente em torno da injustiça racial e dos negros americanos contrariam drasticamente os meus valores e convicções fundamentais”, escreveu Mary Elizabeth Taylor na carta de demissão, citada pelo jornal Washington Post. “Devo seguir os ditames da minha consciência e demitir-me do cargo de secretária de Estado Adjunta para os Assuntos Legislativos”, acrescentou.

Leia a notícia completa no The Washington Post (acesso livre / conteúdo em inglês).

Financial Post

Reino Unido: Vendas a retalho recuperam em maio, mas dívida pública ultrapassa 100% do PIB

As vendas a retalho britânicas recuperaram 12% no mês de maio, após uma quebra histórica de 18,0% em abril, apesar do endividamento público ter atingido um nível recorde e a dívida ultrapassado 100% do Produto Interno Bruto (PIB), o que já não acontecia desde 1963. “A recuperação de maio nas vendas a retalho não deve ser interpretada como um sinal de que a economia está a iniciar uma recuperação saudável”, disse Samuel Tombs, economista da Macroeconomia do Pantheon.

Leia a notícia completa no Financial Post (acesso livre / conteúdo em inglês).

Reuters

Nissan reduz turnos nas fábricas de automóveis no Japão devido à baixa procura

A Nissan disse esta sexta-feira que vai cortar turnos nas três fábricas de montagem no Japão devido à queda das vendas provocado pela pandemia. Numa declaração, a empresa lamenta cancelar todos os turnos noturnos nas suas instalações de produção em Kyushu, no sul do Japão, de 29 de junho a 31 de julho, à semelhança de outra unidade da Nissan em Kyushu, que irá cancelar os mesmo turnos de 20 a 31 de julho. Além destes cortes, a Nissan vai suspender a produção na sua fábrica de Oppama, na prefeitura de Kanagawa, nos dois primeiros dias de julho, enquanto a sua fábrica em Tochigi será encerrada durante oito dias, segundo a declaração.

Leia a notícia completa na Reuters (acesso livre / conteúdo em inglês).

Handelsblatt

O maior acionista da Lufthansa quer conversar com o Governo alemão sobre plano de salvamento da empresa

O maior acionista da Lufthansa, o bilionário alemão Heinz Hermann Thiele, contactou os políticos de Berlim para conversações em relação à última etapa de um impasse sobre a ajuda de nove mil milhões de euros para a companhia aérea. O empresário opõe-se a que a Alemanha assuma uma participação de 20% na companhia aérea, condições que a Lufthansa e o Governo alemão acordaram no âmbito do plano de salvamento da empresa. Os acionistas da Lufthansa têm de aprovar o pacote de salvamento, mas Thiele, que acumulou uma participação de 15% da Lufthansa, criticou as condições do plano de salvamento e está a angariar mais dinheiro através da venda de 760 milhões de euros de ações da Knorr-Bremse, fornecedora de veículos ferroviários e comerciais. A Lufthansa receia que a falta de aprovação de um acordo de salvamento por parte do maior acionista faça cair o pacote de salvamento na assembleia geral Anual da próxima semana.

Leia a notícia completa no Handelsblatt (acesso livre / conteúdo em alemão).

El Confidencial

Empresas familiares em Espanha mudam estrutura para fugir aos impostos

As empresas familiares em Espanha estão a fazer fila nos escritórios de advogados para simplificar as estruturas das empresas. Em causa está a possível mudança de uma lei que permite incluir vários membros da família na isenção de impostos sobre dividendos dos grupos. O Governo espanhol está a estudar mudar o regime fiscal e as empresas estão a apressar-se em procurar alternativas para evitar um potencial rombo fiscal.

Leia a notícia completa no El Confidencial (acesso condicionado / conteúdo em espanhol).

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“Não devemos resolver tudo, mais uma vez, só com dívida”, diz Isabel Ucha

  • ECO
  • 19 Junho 2020

Presidente da bolsa de Lisboa alerta, em entrevista ao Jornal Económico, para o risco de sustentar a retoma no endividamento. Dependência poderá levar a uma repetição da situação semelhante a 2011.

A presidente da bolsa de Lisboa defende que o financiamento privado através do mercado de ações tem de fazer parte da recuperação económica após a pandemia. Em entrevista ao Jornal Económico (acesso pago), Isabel Ucha alerta que a elevada dependência da dívida pública e privada poderá levar o país a uma nova crise como em 2011.

“Mais uma vez, e estamos aqui num período particularmente relevante nesse tema, não vamos poder e não deveremos resolver tudo com dívida, porque senão daqui a dois ou três anos vamos estar outra vez como estávamos em 2011, quando o excesso de dívida acabou por levar o país a uma nova crise e à necessidade de intervenção externa. Espero que tenhamos todos aprendido a lição do passado recente”, disse Ucha, ao semanário.

A líder da bolsa nacional elogia a iniciativa do Governo de criar um veículo público para ajudar pequenas e médias empresas (PME) a ter acesso ao mercado de capitais. Mas defende que é preciso mais, apontando instrumentos de investimento, sociedades ou fundos, que agreguem instrumentos de dívida ou capital de empresas mais pequenas numa única sociedade. Em simultâneo, pede regulação mais simples e um quadro fiscal mais atrativo para a poupança.

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ADSE comparticipa testes à Covid-19 antes de cirurgias

  • Lusa
  • 19 Junho 2020

O valor máximo do teste laboratorial para SARS-COV-2 é de 87,95 euros, sendo 68,50 euros financiados pela ADSE e 19,45 euros financiados pelo beneficiário.

A ADSE passou a comparticipar os testes de diagnóstico à Covid-19 realizados aos seus beneficiários antes de qualquer cirurgia, desde que feitos no regime convencionado, disse à Lusa fonte oficial do Ministério da Administração Pública.

“No seguimento das orientações da Direção-Geral da Saúde (DGS), que estabeleceram a obrigatoriedade de rastreio de Covid-19 antes dos tratamentos do foro oncológico, bem como antes de qualquer cirurgia, foi alargada a comparticipação pela ADSE aos beneficiários que se encontrem nessa situação”, afirmou o gabinete da ministra Alexandra Leitão.

A mesma fonte referiu ainda que, tal como já estava estipulado, “também as grávidas assintomáticas com contacto com casos suspeitos ou confirmados de Covid-19 ou com sintomas sugestivos daquela doença devem realizar o teste laboratorial”.

Este alargamento da comparticipação comunicado hoje entra imediatamente em vigor“, adianta o Ministério da Modernização do Estado e da Administração Pública.

Para que o beneficiário tenha direito à comparticipação, acrescenta o ministério, a prescrição do teste laboratorial “deverá ser feita por prestadores do regime convencionado [com acordo com a ADSE], podendo no caso das grávidas a prescrição ser feita por um médico do regime livre”.

De acordo com a nota informativa enviada esta quinta-feira aos beneficiários da ADSE e aos prestadores do regime convencionado, a que a Lusa teve acesso, “a ADSE financia o diagnóstico laboratorial do SARS-CoV-2 aos beneficiários da ADSE que se encontrem nas condições previstas” nas normas 9/2020 e 13/2020 da DGS e na orientação 18/2020.

A mesma nota realça que “não são financiados pela ADSE atos cuja prescrição tenha origem numa entidade pertencente ao SNS [Serviço Nacional de Saúde]”.

O instituto de proteção e assistência na doença da Função Pública refere ainda que “a ADSE não reembolsa nenhum teste que não venha acompanhado de uma prescrição médica que indique os motivos do teste (…) e, no caso das grávidas, deve constar também a descrição do respetivo estado de gravidez e razão da prescrição”.

O valor máximo do teste laboratorial para SARS-COV-2 é de 87,95 euros, sendo 68,50 euros financiados pela ADSE e 19,45 euros financiados pelo beneficiário.

Segundo a nota, a ADSE não procede ao reembolso do teste laboratorial efetuado em regime livre (entidades sem acordo com a ADSE).

Em 16 de abril o ministério de Alexandra Leitão anunciou a comparticipação pela ADSE dos testes de diagnóstico do novo coronavírus a grávidas e doentes oncológicos bem como a possibilidade de entrega de pedidos de reembolso das despesas de saúde de forma desmaterializada, através do portal ADSE Direta, uma medida prevista no Orçamento do Estado para 2020.

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Teles nega ter recebido chumbo do BdP no EuroBic

Sócio de longa data da empresária angolana estava disponível para reforçar posição no EuroBic, mas antes da entrada do Abanca em jogo. Espanhóis ofereceram cerca de 170 milhões pelo banco.

Fernando Teles estava disponível para comprar a posição acionista de Isabel dos Santos no EuroBic, mas garante que esse cenário foi colocado no dia anterior ao aparecimento da oferta do Abanca e que, por isso, não chegou a ser discutido com o Banco de Portugal. É a resposta do empresário e sócio de Isabel dos Santos à notícia de que teria recebido o sinal negativo do supervisor a este negócio.

De acordo com informações recolhidas pelo ECO junto de fontes que conhecem o dossiê, Fernando Teles mostrou disponibilidade para ultrapassar o impasse acionista no EuroBic na sequência do Luanda Leaks e o fracasso das negociações com o Abanca, mas o acionista do banco, com 37,5% do capital, desmente os passos deste processo. “A possibilidade de avançar para a compra da posição da engª Isabel dos Santos é verdadeira, mas foi no dia anterior ao anúncio da oferta do Abanca, e por isso não houve discussões com o Banco de Portugal, nem qualquer chumbo”, diz Fernando Teles ao ECO.

O Banco de Portugal, questionado sobre este processo, esclareceu que “a autorização (que corresponde, em termos formais, a um procedimento de não oposição) para a aquisição de participações qualificadas em instituições de crédito para além de certos limites previstos na lei (artigo 102.º do RGICSF) é da competência do BCE, sob proposta do Banco Portugal”. Mas para que esse processo seja formalizado, é necessária “a apresentação de projeto pelos interessados que contenha todos os elementos de informação legalmente exigidos (vide artigo 103.º do RGICSF)”. E como o ECO já tinha noticiado, os acionistas do EuroBic não apresentaram uma proposta formal de negócio.

O banco galego liderado por Juan Carlos Escotet apresentou uma oferta inicial no valor de cerca de 240 milhões. Terá feito, posteriormente, uma proposta substancialmente mais baixa. O ECO apurou que os espanhóis apresentaram uma oferta a rondar os 170 milhões de euros, isto é, cerca de 0,3 vezes os capitais próprios do EuroBic, isto para refletir as conclusões da due diligence e também o impacto da pandemia de Covid-19. O valor não agradou aos acionistas angolanos do EuroBic e o processo ficou por terra.

Já esta quinta-feira, depois de confirmado o fim das negociações com o Abanca, Isabel dos Santos informou que já está a proceder à análise de “propostas de interesse que se manifestaram” para comprar a sua posição no banco português.

“A Santoro Finance e a Finisantoro mantêm a sua vontade de, nos termos legais competentes, dar continuidade ao processo de alienação de tal participação social, dando de imediato início à apreciação de outras propostas de interesse que já se manifestaram“, referiu Isabel dos Santos em comunicado divulgado esta quarta-feira. A empresária detém, através daquelas duas sociedades, 42,5% do banco português.

O restante capital está dividido por outros acionistas angolanos, nomeadamente Fernando Teles, que controla cerca de 37,5%.

O EuroBic obteve lucros de cinco milhões de euros nos quatro primeiros meses do ano. Depois de ter perdido cerca de 600 milhões de euros em depósitos no primeiro trimestre, devido ao impacto do Luanda Leaks, o banco registou um aumento dos depósitos na ordem dos 100 milhões de euros em abril e maio, segundo informações do banco à Lusa.

(Notícia atualizada às 08h54 com resposta oficial do Banco de Portugal).

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EDP e Galp Energia dão força à bolsa de Lisboa

Na última sessão de uma semana marcada por elevada volatilidade, as bolsas negoceiam em terreno positivo.

As bolsas europeias negoceiam no verde, na última sessão de uma semana volátil em que os investidores têm tentado avaliar o risco de uma segunda vaga de coronavírus. Lisboa acompanha os ganhos, com o impulso da EDP.

No dia em que os líderes europeus se reúnem em Conselho Europeu para discutir o fundo de recuperação europeu com 750 mil milhões de euros, as ações seguem em alta. O Stoxx 600 ganha 0,5%, o francês CAC 40 sobe 0,8%, o espanhol IBEX 35 valoriza 0,7% e tanto o britânico FTSE 100 como o alemão DAX somam 0,6%.

O português PSI-20 sobe 0,45% para 4.448,21 pontos, impulsionado pela energia. A EDP ganha 1,2% para 4,205 euros por ação, enquanto a Galp Energia avança 1% para 11,105 e a EDP Renováveis sobe 0,51%. Os pesos-pesados Nos (+0,74%), Jerónimo Martins (+0,23%) e BCP (+0,26%) também ajudam o índice.

A Corticeira Amorim avança 0,9% para 10,08 euros, depois de ter comprado, através da participada Amorim Bartop, mais 30% da empresa sueca Elfverson & Co AB, ficando assim com a totalidade da produtora de tops de madeira para rolhas capsuladas, utilizadas por grupos da indústria de bebidas espirituosas.

Em sentido contrário, a cotada que mais cai é a operadora postal CTT, que cede 0,45% para 2,205 euros por ação. A Altri desliza 0,27%, a REN perde 0,2% e a Mota-Engil recua 0,17%.

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Costa aproxima-se de Marcelo na aprovação dos eleitores

  • ECO
  • 19 Junho 2020

A confiança dos eleitores refere-se, não só a António Costa, mas também ao partido que lidera. Se houvesse novas eleições, o PS venceria de forma confortável.

A crise do coronavírus mudou a avaliação que os eleitores fazem dos líderes partidários e quem mais ganhou foi António Costa. A conclusão é do barómetro da Aximage para o Jornal Económico (acesso pago), que indica que o primeiro-ministro tem já um nível de aprovação próximo do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. O líder do Executivo subiu para 15,9 pontos (contra 9,8 pontos em março, antes do início da pandemia), enquanto o Chefe de Estado aumentou a confiança para 17,1 (face aos anteriores 15,6).

Atrás fica o presidente do PSD Rui Rio, que também melhorou a avaliação, mas para apenas 12,9 pontos (contra 8,9 em março). A confiança dos eleitores refere-se, não só a António Costa, mas também ao partido que lidera. Se houvesse novas eleições, o PS venceria de forma confortável. Essa é a conclusão da sondagem da Aximage, mas também do barómetro da Intercampus para o Correio da Manhã, CMTV e Jornal de Negócios.

O partido de António Costa mantém-se como o partido que acolhe mais intenções de voto dos eleitores em Portugal, apesar de ter registado, em junho, um recuo de três décimas face a maio para 40%, de acordo com o barómetro da Intercampus. Em sentido contrário, o PSD subiu oito décimas para 24,1%. Já o Bloco de Esquerda inverte a tendência de queda registada nos dois meses anteriores e reúne 9,8% das intenções de voto, seguido do Chega com 6,8% e da CDU com 6,2%.

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PCP desafia Governo PS a mudar código laboral e aumentar salário mínimo

  • Lusa
  • 19 Junho 2020

Para o PCP, a “solução é valorizar os salários, garantir que os trabalhadores têm poder de compra para fazer a dinamização do mercado interno” num momento que se pretende que “seja também de retoma".

O PCP vai desafiar o Governo do PS a alterar “normas gravosas” do Código do Trabalho e a dizer “se tem vontade política” para fazer um “aumento significativo do salário mínimo nacional”.

O desafio será feito, esta sexta-feira, à ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho, na interpelação do PCP ao Governo, na Assembleia da República, centrada na “proteção, direitos e salários dos trabalhadores”, na atual conjuntura de pandemia de Covid-19 e de paragem da economia, “uma realidade” que, alertam os comunistas, já causou “mais de 100 mil desempregados” desde março.

Em declarações à Lusa, a deputada Diana Ferreira afirmou que “este é o momento” de “confrontar o Governo com essa realidade” para dizer se “está disponível para revogar um conjunto de normas gravosas que persistem no Código do Trabalho e que retiram direitos aos trabalhadores e que agravam as suas condições de trabalho”.

Logo no início da legislatura, em novembro de 2019, a bancada comunista propôs mudanças na legislação laboral como o alargamento do horário de trabalho a 35 horas ao setor privado, a reposição do princípio do tratamento mais favorável e eliminação da caducidade da contratação coletiva, a reposição dos 25 dias de férias e dos valores salariais no trabalho extraordinário.

E, recordando que os efeitos positivos para a economia da “reposição de direitos e rendimento” na anterior legislatura (2011-2015), quando o PCP e a esquerda assinaram um acordo parlamentar que permitiu ao PS governar em minoria, a deputada comunista deixou um segundo repto.

“Está o Governo disponível, tem vontade política de fazer um caminho de uma valorização geral dos salários e de um aumento significativo do salário mínimo nacional para os 850 euros como o PCP tem defendido”, questiona.

Para os comunistas, a “solução é valorizar os salários, garantir que os trabalhadores têm poder de compra para fazer a dinamização do mercado interno” num momento que se pretende que “seja também de retoma”.

Diana Ferreira evitou fazer uma avaliação ou dar uma nota à resposta do atual Governo na resposta que deu aos problemas laborais e atirou com uma frase: “Não podem ser os trabalhadores mais uma vez pagar a fatura de toda esta situação, tem que haver disponibilidade e vontade política para garantir aos trabalhadores os direitos e os rendimentos que são fundamentais numa sociedade que se quer evoluída.”

Não podem ser os trabalhadores mais uma vez pagar a fatura de toda esta situação, tem que haver disponibilidade e vontade política para garantir aos trabalhadores os direitos e os rendimentos que são fundamentais numa sociedade que se quer evoluída.

Diana Ferreira

Deputada do PCP

Olhando para os últimos três meses, desde o início da pandemia, a deputada critica os “atropelos laborais” sobre os trabalhadores por parte do patronato e avançou com alguns números.

Desde março há mais “cerca de 100 mil novos desempregados inscritos, fora aqueles que não estão inscritos” e, até quarta-feira, há uma “média diária de inscrições, no mês de junho, era de 1.600 trabalhadores”, comparando com a média de maio que “andava à volta dos 1.400”. E quanto a despedimentos coletivos, Diana Ferreira estimou que, “só nos primeiros oito dias de junho”, tenha envolvido 617 trabalhadores.

Os efeitos causados pela crise do surto do novo coronavírus, argumentou, somam-se aos “problemas estruturais” do país, como é o caso da precariedade.

Foram os precários, afirmou, “os primeiros a ser dispensados na atual crise”, assim como os trabalhadores em “período experimental”, disposição que foi alterada na última revisão do Código do Trabalho, já com o PS de António Costa no Governo.

A juntar a este cenário há ainda uma outra “realidade” em que “mais de 10% dos trabalhadores estão em situação de pobreza”, o que quer dizer, segundo a deputada, que “empobrecem a trabalhar”, e que “o salário que ganham não chega para cobrir o conjunto das despesas que têm”.

A intervenção de abertura da interpelação cabe a Diana Ferreira, a que seguirá outra da ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, num debate que tem um tempo previsto de duas horas e 20 minutos. Pela parte do PCP, o encerramento cabe ao vice-presidente da bancada António Filipe.

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Hoje nas notícias: PS, bolsa e fotovoltaico flutuante

  • ECO
  • 19 Junho 2020

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

A liderança do PS nas intenções de voto tem-se consolidado com a pandemia, mas a diferença face ao PSD diminuiu em junho. Este é uma das notícias nas manchetes dos jornais nacionais, onde se destacam ainda a entrevista da presidente da bolsa sobre a recuperação económica, o projeto de fotovoltaico flutuante no Alqueva e o atraso nas pensões devido a um extravio de papéis na Segurança Social.

PS recua, mas mantém liderança

O PS é o partido que acolhe mais intenções de voto dos eleitores em Portugal. A situação mantém-se assim, apesar de ter registado, em junho, um recuo de três décimas face a maio. Em sentido contrário, o PSD subiu oito décimas para 24,1%. Já o Bloco de Esquerda inverte a tendência de queda registada nos dois meses anteriores e reúne 9,8% das intenções de voto, seguido do Chega com 6,8% e da CDU com 6,2%. Leia a notícia completa no Correio da Manhã (acesso pago).

 

“Não podemos, mais uma vez, tentar resolver tudo só com dívida”, diz Isabel Ucha

A presidente da Euronext Lisbon, Isabel Ucha, defende que o financiamento privado através do mercado de ações tem de fazer parte do plano de recuperação após a pandemia e que a retoma não pode ser feita só através de dívida. Considera essencial que haja regulação mais simples e que sejam criados veículos para as PME cotarem de forma agregadas. A líder da bolsa de Lisboa avança ainda que o impacto da pandemia nos mercados e no processo de atração de novos emitentes já está a diminuir e que há operações prestes a ocorrer, incluindo em Portugal. Leia a notícia completa no Jornal Económico (acesso pago).

Fotovoltaico flutuante no Alqueva em espera devido ao vírus

A Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA) colocou em espera o projeto para o maior projeto fotovoltaico flutuante da Europa. Este tinha sido anunciado há oito meses, mas a “situação de bloqueio económico associada à pandemia” levou a empresa gestora do Alqueva a adiar o concurso de 50 milhões de euros de investimento para a instalação de dez centrais com 127 mil painéis. “Temos sinais de retoma, vamos ver se avançamos ou esperamos mais alguns meses”, diz fonte oficial da empresa. Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago).

Extravio de papéis na Segurança Social atrasa atribuição de pensões

A Provedora de Justiça, Maria Lúcia Amaral, destaca que apesar do “esforço louvável” dos trabalhadores, o Centro Nacional de Pensões (CNP) da Segurança Social continua sem resolver os atrasos na aprovação de pensões e outras prestações sociais. Há pedidos que demoram mais de um ano a serem aprovados, sendo que as principais falhas prendem-se com processos tramitados à mão, informações em falta no sistema informático, extravio interno de correspondência e má articulação com a Caixa Geral de Aposentações. De acordo com o relatório entregue, esta quinta-feira, na Assembleia da República, os atrasos no processamento e pagamento de pensões deram azo à maioria dessas reclamações. Perante tantas reclamações, as queixas continuam a chegar à Provedoria. Leia a notícia completa no Público (acesso condicionado).

“Não tenho dúvidas que um dia seremos um grande partido”, diz líder da Iniciativa Liberal

João Cotrim de Figueiredo, líder da Iniciativa Liberal, destaca que a nível económico a ideologia do partido aproxima-se mais da direita, enquanto no que toca a questões como a eutanásia e a legalização das drogas leves, a Iniciativa Liberal está mais próxima da esquerda. Para o líder “proibir e obrigar” são dois termos que lhe causa muita confusão”. Em relação ao caminho que a Iniciativa Liberal está a percorrer, o deputado não tem dúvidas que “um dia serão um grande partido”. Leia a notícia completa no i (link indisponível).

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📹 Como são feitas as injeções no Novo Banco? Perguntou ao Google, nós respondemos

Todos os anos, o Fundo de Resolução tem injetado milhões de euros no Novo Banco ao abrigo do chamado "mecanismo de capital contingente". Mas o que é e como funciona este mecanismo? Nós respondemos.

Ano após ano, o Fundo de Resolução tem injetado milhões de euros no Novo Banco ao abrigo do chamado “mecanismo de capital contingente“. A cada injeção cresce a contestação política em relação à venda do banco ao fundo norte-americano Lone Star. Mas o que é e funciona este mecanismo? Nós respondemos.

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Câmara de Lisboa quer autorizar dois alojamento local em zona de contenção

Os imóveis, localizados na Graça, foram vendidos pela própria Câmara em hasta pública em 2016. Agora, os novos donos querem convertê-los em alojamento local e a autarquia quer dar "luz verde".

A Câmara de Lisboa (CML) quer autorizar a conversão de dois edifícios em alojamento local (AL) localizados numa zona de contenção. Os imóveis já pertenceram à autarquia, mas foram vendidos em hasta pública há cerca de quatro anos através do programa “Reabilita Primeiro Paga Depois“. O Regulamento Municipal do Alojamento Local não permite novos AL nestas zonas, mas prevê exceções. Estas são as duas primeiras exceções que Fernando Medina tentou aprovar na reunião camarária desta quinta-feira.

É nos números 86, 87 e 88 da Calçada de São Vicente e no número 25 da Rua Josefa de Óbidos, na zona da Graça, que estão dois imóveis que pertenceram outrora à CML e que estão neste momento em cima da mesa para serem convertidos em alojamento local.

Os edifícios foram alienados pela autarquia em 2016 através do programa “Reabilita Primeiro Paga Depois” — que durou entre 2013 e 2016 –, e previa que a autarquia vendesse imóveis devolutos a privados em hasta pública. O valor do negócio era acordado entre ambas as partes, a escritura era assinada, mas o dinheiro entrava apenas depois de o comprador efetuar obras de reabilitação no imóvel — tinha entre 21 e 28 meses para o fazer — e o vendesse ou arrendasse.

Estes imóveis estão localizados numa das várias zonas de contenção criadas pela CML, que não permitem a abertura de novos alojamento local. Mas, esta quinta-feira, Fernando Medina propôs na reunião camarária que estes edifícios fossem convertidos nessa modalidade, conta ao ECO João Pedro Costa, vereador do PSD na Câmara. “São as duas primeiras situações que a CML quer criar como exceção ao regulamento de AL”, explica.

O regulamento prevê exatamente isso, a possibilidade de “por via de exceção” serem permitidos novos registos de AL, desde que nos últimos cinco anos o imóvel não tenha sido usado para habitação. Esta autorização é concedida por apenas cinco ou 10 anos, e apenas quando o edifício estiver ou ruínas ou devoluto há mais de três anos, quando o edifício se encontre num “estado de conservação mau ou péssimo” e tenha sido reabilitado nos últimos dois anos ou quando o uso do edifício tenha mudado nos últimos dois anos (indústria para habitação, por exemplo).

“A Câmara de Lisboa, em vez de fazer obras no seu património e colocá-lo no mercado, vende-o para alojamento local”, diz João Pedro Costa, referindo que, “por ironia, estes dois casos são edifícios que eram da Câmara”. O vereador explica que, após discussão na reunião camarária, o assunto acabou por ser adiado por opção da própria autarquia. Contactada pelo ECO, não foi possível obter esclarecimentos da CML a tempo da publicação deste artigo.

Durante os três anos de duração do programa “Reabilita Primeiro Paga Depois”, a autarquia realizou oito hastas públicas, alienando 118 imóveis, num total de 35 milhões de euros, referia a Lusa em 2016, citando dados da Câmara.

Esta decisão acontece numa altura em que a Câmara lançou o programa “Renda Segura”, no qual vai arrendar imóveis a proprietários de alojamento local para depois os subarrendar a preços acessíveis no Programa de Renda Acessível.

Proprietários admitem avançar para tribunal se decisão não for favorável

Na altura do negócio, os imóveis foram vendidos especificamente com essa finalidade. “Trata-se de um direito adquirido. Quando comprámos os imóveis, a CML já anunciava no próprio concurso que estes dava para alojamento local“, conta ao ECO Pedro Crespo, um dos proprietários do imóvel na Calçada de São Vicente. O outro edifício foi adquirido por um sócio. “Todo o investimento efetuado foi feito com esse propósito”.

O prédio foi comprado por cerca de 900 mil euros e pago a pronto pagamento, tendo os novos donos beneficiado de um desconto de 10%, tal como prevê o regulamento do programa. Havia um prazo de 24 meses para serem feitas as obras de reabilitação, prazo esse que Pedro Crespo garante ter sido cumprido.

“Na data em que obtive a licença de utilização, como o regulamento do alojamento local estava em elaboração, interditaram temporariamente o registo do alojamento local”, recorda, referindo que foi informado pela autarquia de que teria de expor o seu caso. “Mandei para lá a minha situação, a afirmar que teria de haver saída para estes casos”. Mas as respostas têm sido escassas e tardias.

“Tive de cumprir o regulamento do programa, quer em prazos de obras, quer em pagamentos de mais-valias. A Câmara não pode vender um imóvel, em que tinha explícito na hasta pública que dava para alojamento local, e depois retirar um direito adquirido e pago“, afirma o proprietário, que diz que desde 2018 tem o imóvel parado, uma vez que as obras foram feitas com a finalidade de este ser utilizado como alojamento local. “Desde 2018 que não consigo vender uma fração do imóvel, porque o edifício foi comprado e projetado para o alojamento local”.

Assim, com o prédio fechado há dois anos, Pedro Crespo está decidido a obter uma licença de alojamento local. “Se a CML não me der a licença, terei de ir para tribunal, porque o imóvel foi vendido com essas condições”, afirma, referindo a “total desilusão” com os “obstáculos” que tem tido.

(Notícia atualizada às 16h34 com reação de um dos proprietários)

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