Hoje nas notícias: Obras públicas, SNS e doentes

  • ECO
  • 7 Setembro 2020

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

As construtoras nacionais conquistaram pouco mais do que um quinto dos concursos para as grandes obras públicas. O SNS apresentava no final de julho um raro excedente financeiro de 160 milhões de euros. O número de doentes não prioritários nos hospitais está a aumentar e representou já 45% do total durante o mês de agosto. Uma funcionária de uma escola do agrupamento escolar de Ermesinde desviou cerca de meio milhão de euros em salários. O conselho regional de Lisboa da Ordem dos Advogados analisa 254 processos de “procuradoria ilícita”.

Construtoras nacionais só ganham 20% das grandes obras

As construtoras nacionais conquistaram pouco mais do que um quinto dos concursos para as grandes obras públicas, acima de 10 milhões de euros, desde o início do ano. Com base nos dados do portal Base e na informação divulgada pelas empresas, em 11 grandes investimentos públicos contratados este ano, num total de 760 milhões de euros, as empresas portuguesas asseguraram quatro, no valor de 166 milhões. As construtoras espanholas lideram com 72% das obras em termos de investimento (544 milhões). Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago).

SNS com excedente em pandemia

O SNS apresentava no final de julho um excedente financeiro de 160 milhões de euros, de acordo com a síntese de execução orçamental, valor que contrasta com o défice de 216,5 milhões registado há um ano. Este superávite, que não sendo inédito é uma situação que acontece poucas vezes, deve-se ao reforço das transferências do Orçamento do Estado para a saúde. Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (link indisponível).

Doentes ligeiros nas urgências já são 45% do total

O número de doentes não prioritários nos hospitais está a aumentar e representou já 45% do total durante o mês de agosto (acima dos 42% observados no ano passado). Em altura de regresso à escola, espera-se um aumento da pressão nas urgências e o objetivo é tentar que os doentes não prioritários sejam encaminhados para os centros de saúde. O problema é que muitos não aceitam. Leia a notícia completa no Público (acesso pago).

Funcionária de escola desvia meio milhão em salários

Uma funcionária de uma escola do agrupamento escolar de Ermesinde desviou cerca de meio milhão de euros em salários. Responsável por processar as remunerações e controlar as operações bancárias, a funcionária apropriou-se de valores relativos a retenções de IRS e descontos para a Segurança Social. Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (link indisponível).

Ordem abre 254 processos contra falsos advogados

O conselho regional de Lisboa da Ordem dos Advogados analisa 254 processos de “procuradoria ilícita”, encontrando-se a investigar atos próprios de advogados ou de solicitadores que foram praticados de forma ilegal por outros profissionais. Trata-se de um aumento do número de processos face aos 199 aberto no ano passado, sendo que muitos dos casos têm a ver com advogados cuja inscrição se encontra suspensa (alguns já expulsos). Leia a notícia completa no Correio da Manhã (acesso pago).

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Quer apoio para ter janelas eficientes? Já pode candidatar-se

Programa público tem 4,5 milhões de euros para ajudar as famílias a melhorarem a sustentabilidade e eficiência energética das casas com mais de 14 anos. Candidaturas abrem esta segunda-feira.

O novo apoio para melhorar a eficiência energética das casas já está disponível. O Programa de Apoio Edifícios Mais Sustentáveis do Ministério do Ambiente e da Ação Climática tem um total de 4,5 milhões de euros para famílias que vivam em habitações anteriores a 2006. As candidaturas arrancam esta segunda-feira, 7 de setembro.

Este apoio é destinado a pessoas singulares (e não empresas) que sejam proprietárias de casas, já existentes e ocupadas, que tenham sido construídas até ao final de 2006. Os proprietários devem estar identificadas na Caderneta Predial Urbana “ou serem usufrutuários que comprovem o seu direito sobre o imóvel em causa identificado na CPU”, de acordo com o regulamento.

Ficam assim de fora deste apoio casas devolutas, desocupadas ou mais recentes. Além disso, os apoios só são para Portugal Continental, deixando de fora os Açores e a Madeira.

Cada candidato pode apresentar candidaturas para várias casas diferentes e cada candidatura pode incluir uma ou mais tipologias de projetos entre os que estão disponíveis para comparticipação. Cada candidato que seja escolhido pode receber um apoio até 7.500 euros por casa, num total de duas habitações, perfazendo um limite de 15 mil euros de apoio por candidato.

Dentro de cada categoria há também um limite de comparticipação de até 70% das despesas ou um máximo definido por cada categoria. Há seis tipos de projetos, com subcategorias, que poderão ter o apoio do Estado:

  1. As janelas eficientes;
  2. O isolamento térmico (desde que efetuado com ecomateriais ou materiais reciclados);
  3. Os sistemas de aquecimento e/ou arrefecimento ambiente e de águas quentes sanitárias (AQS) que recorram a energia de fonte renovável;
  4. A instalação de painéis fotovoltaicos e outros equipamentos de produção de energia renovável para autoconsumo;
  5. As intervenções que visem a eficiência hídrica;
  6. E as intervenções que promovam a incorporação de biomateriais, materiais reciclados, soluções de base natural, fachadas e coberturas verdes e soluções de arquitetura bioclimática.

O prazo para apresentação das candidaturas ao incentivo decorre até às 23h59 do dia 31 de dezembro de 2021 ou até esgotar a dotação prevista. Tem de ter em conta que os 4,5 milhões de euros distribuem-se entre 1,75 milhões já em 2020 e os restantes 2,75 milhões em 2021. O regulamento do apoio está disponível no site do Fundo Ambiental.

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Exportações da China aumentam 9,5% em agosto

  • Lusa
  • 7 Setembro 2020

Crescente superavit comercial ilustra a recuperação da China após o fim das medidas de prevenção contra a doença, tendo sido impulsionada pelas exportações e investimento.

As exportações da China aumentaram 9,5% em agosto passado, em termos homólogos, ilustrando a rápida recuperação da segunda maior economia do mundo, após ter paralisado devido à pandemia do novo coronavírus, segundo dados das alfândegas chinesas.

Apesar de as exportações terem superado as previsões de analistas, as importações caíram 2,1%, face a agosto de 2019, sinalizando uma recuperação desigual nas trocas comerciais entre a China e o resto do mundo.

No total, a balança comercial do país diminuiu para os 58,93 mil milhões de dólares (49,85 mil milhões de euros), depois de se ter fixado nos 62,33 mil milhões de dólares (52,66 mil milhões de euros), em julho passado.

O crescente superavit comercial ilustra a recuperação da China após o fim das medidas de prevenção contra a doença, tendo sido impulsionada pelas exportações e investimento, ao invés de um aumento significativo no consumo.

As exportações para os Estados Unidos aumentaram 20%, em agosto, em relação ao mesmo período do ano anterior, para 44,8 mil milhões de dólares (37,8 mil milhões de euros), enquanto as importações subiram 1,8%, para 10,5 mil milhões de dólares (8,8 mil milhões de euros).

A China alcançou um excedente comercial nas trocas com os EUA de 34,2 mil milhões de dólares (28,8 mil milhões de euros), em agosto, um aumento de 27% em relação ao mesmo mês do ano anterior.

O comércio entre a China e os EUA é politicamente sensível, já que os dois países travam uma prolongada guerra comercial e tecnológica.

A lenta aceleração nas importações ocorre apesar dos esforços feitos pela China para cumprir os termos da primeira fase de um acordo comercial com Washington e de agosto ser um mês durante o qual se realizam grandes compras de soja e milho, dois bens agrícolas importantes nas exportações norte-americanas para o país asiático.

A China recorre frequentemente ao boicote na importação de determinados produtos, como forma de retaliação em disputas com países estrangeiros.

No último mês, o país asiático proibiu as importações de cevada oriunda da Austrália e abriu investigações antidumping sobre as exportações de vinho australiano. Pequim proibiu ainda parcialmente as compras de carne bovina australiana.

O governo da Austrália defendeu um inquérito independente sobre as origens da pandemia do novo coronavírus, que foi detetado pela primeira vez na cidade chinesa de Wuhan.

A queda das trocas comerciais entre a China e o resto do mundo, nos cinco primeiros meses do ano, fizeram com que, no conjunto, o comércio internacional chinês tenha encolhido 0,6%, entre janeiro e agosto, em termos homólogos.

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Agência que gere os fundos europeus está sem presidente. Já foi lançado concurso para o escolher

Comissão de serviço do presidente da AD&C, Costa Dieb, terminou. "Seguir-se-á o procedimento concursal para provimento do lugar", explicou ao ECO fonte oficial do Ministério do Planeamento.

A Agência para o Desenvolvimento e Coesão vai ter um novo presidente. António Costa Dieb cessou funções a 28 de julho e o seu substituto vai agora ser escolhido através de um concurso.

A “cessação da comissão de serviço”, por ter sido atingido o limite de cinco anos foi publicada esta quarta-feira em Diário da República, onde é explicado que a opção do Executivo foi não renovar o mandato de António Costa Dieb, nomeado em 2015, pelo então ministro Miguel Poiares Maduro.

“A comissão de serviço do presidente da AD&C terminou. Seguir-se-á o procedimento concursal para provimento do lugar, nos termos da legislação aplicável”, explicou ao ECO fonte oficial do Ministério do Planeamento, acrescentando que “a realização do concurso é competência da CRESAP”.

A comissão de serviço do Presidente da AD&C terminou. Seguir-se-á o procedimento concursal para provimento do lugar, nos termos da legislação aplicável. A realização do concurso é competência da CRESAP.

Fonte oficial do Ministério do Planeamento

De acordo com a lei, a decisão de renovação da comissão de serviço deve ser “comunicada por escrito aos interessados até 60 dias antes do seu termo, devendo tal comunicação ser acompanhada de determinação para abertura do correspondente procedimento concursal, quando a comissão de serviço não tenha sido renovada”. Ora a opção foi não manter no cargo o responsável que já foi presidente da CCDR Alentejo, um cargo agora ocupado por Roberto Grilo, até à realização, em meados de outubro, das eleições indiretas para os presidentes e um dos vice-presidentes das cinco comissões de coordenação e de desenvolvimento regional. O segundo vice-presidente é nomeado pelo Governo.

A AD&C é a estrutura responsável pela gestão dos fundos europeus, pela programação das verbas atribuídas pelos Programas Operacionais, mas também pela avaliação dos resultados e pela auditoria dos apoios concedidos. O novo presidente da agência vai exercer funções num momento particularmente importante para os fundos já que entrará em vigor o novo quadro comunitário e será necessário concluir a execução do Portugal 2020. Além disso, há a “bazuca” que a Comissão Europeia acordou para ajudar os Estados-membros a recuperarem as respetivas economias dos efeitos da pandemia de coronavírus.

A Agência para o Desenvolvimento e Coesão resultou da fusão de três entidades públicas: o Instituto Financeiro para o Desenvolvimento Regional (IFDR), o Instituto de Gestão do Fundo Social Europeu (IGFSE) e a Estrutura de Missão Observatório do QREN. António Costa Dieb foi substituir Rosa Maria Simões, ex-presidente do IGFSE e que ocupava o cargo em regime de substituição, quando José Soeiro foi nomeado o primeiro curador dos Fundos Europeus Estruturais e de Investimento, um cargo extinto na primeira legislatura de António Costa.

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Espanha já sofre “segunda vaga” e outros países europeus estão por dias

  • Lusa
  • 7 Setembro 2020

Europa poderá regressar a uma situação semelhante à de março, quando eclodiu uma transmissão descontrolada do novo coronavírus.

Espanha já está a enfrentar uma “segunda vaga” da pandemia do novo coronavírus, defende um estudo desenvolvido por um hospital e uma universidade da Catalunha conhecido hoje, alertando que esta pode chegar aos outros países europeus nos próximos dias.

Conhecido só hoje, este estudo, datado de 02 de setembro (passada quarta-feira), é assinado pelo Hospital Universitário Germas Trias i Pujol, de Badalona (Barcelona), e pela Universidade Politécnica da Catalunha e foi entretanto enviado à Comissão Europeia.

Intitulado “Análise e previsão da Covid-19 para a União Europeia (UE) – Associação Europeia de Comércio Livre (EFTA) – Reino Unido, na tradução em português”, o estudo adverte as autoridades europeias de que o atual momento é crucial para travar uma segunda vaga.

Caso nada seja feito nesse sentido, advertem os investigadores, a Europa poderá regressar a uma situação semelhante à de março, quando eclodiu uma transmissão descontrolada do novo coronavírus.

No documento, os investigadores questionam-se por que razão Espanha está a liderar o número de novos casos de infeção nesta “segunda vaga”, uma vez que é um país com altas temperaturas e com fortes costumes culturais que privilegiam as atividades ao ar livre.

Os dois centros de investigação da comunidade autónoma espanhola da Catalunha explicam que “o efeito dos bares e dos restaurantes pode ter grandes repercussões na evolução das epidemias”, espaços onde as medidas de prevenção são muito menos respeitadas pelas pessoas do que em outras circunstâncias, nomeadamente o distanciamento físico e a utilização de máscaras de proteção individual.

O relatório menciona que a taxa de contágio é 20 vezes mais baixa em espaços ao ar livre quando comparada com a incidência em espaços fechados.

Segundo os últimos dados oficiais, divulgados na sexta-feira pelo Ministério da Saúde espanhol, Espanha contabilizou nesse dia 10.476 novos casos da doença Covid-19, um aumento de quase 1.500 em relação a quinta-feira, elevando para 498.989 o número de infetados desde o início da pandemia.

Para os investigadores, a chave para compreender a atual situação em Espanha passa pelo facto de o país ter levantado as restrições à mobilidade, especialmente entre províncias, antes que os outros países da UE, numa altura em que “a taxa de casos positivos podia ser três vezes superior ao que estava a ser efetivamente detetado”.

E como tal, frisaram os investigadores, a atividade social aumentou significativamente.

Com perto de meio milhão de casos de infeção confirmados desde o início da crise pandémica, Espanha segue distanciada em relação a outros países europeus, como é o caso de Itália (mais de 277 mil casos), França (324.777), Reino Unido (347.152) ou Portugal (60.258), de acordo com os dados mais recentes.

Números citados pela agência espanhola EFE, e referenciados no estudo, indicam que Espanha também se distancia de outros países europeus quando analisada a incidência de novos casos nos últimos 14 dias por 100 mil habitantes, com 216,8 infeções, à frente de França (98,2), da Roménia (69,9), da Ucrânia (65,7), da Bélgica (49,2) e dos Países Baixos (40,4).

Espanha também liderava, em 01 de setembro, o parâmetro da incidência total acumulada por cem mil habitantes na Europa, com 1.002 infetados, seguida da Suécia (837), Bélgica (737), Portugal (571), Roménia (461), Itália (447), França (438), Países Baixos (415) e Alemanha (292), de acordo com o mesmo estudo, citado pela EFE.

O alerta feito no estudo tem já, alias, tradução em vários países europeus que estão a testemunhar um aumento do número de infetados à medida que a sociedade reabre após o confinamento e existe uma maior circulação de pessoas.

Por exemplo, França registou, na passada sexta-feira, 8.975 novos casos de Covid-19 um recorde absoluto desde o início da pandemia no país.

Já hoje as autoridades do Reino Unido anunciaram 2.988 novas infeções pelo novo coronavírus nas últimas 24 horas, o maior número diário de novos casos desde 23 de maio.

No sábado, Portugal registou mais 486 casos novos de covid-19, um número que não era tão alto desde o início do desconfinamento.

A pandemia da doença Covid-19 já provocou pelo menos 880.396 mortos e infetou mais de mais de 26,9 milhões de pessoas em todo o mundo desde dezembro, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

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Boris Johnson aponta 15 de outubro como data limite para acordo pós-Brexit

  • Lusa
  • 7 Setembro 2020

"Deve registar-se um acordo com os nossos amigos europeus até ao Conselho Europeu de 15 de outubro, para que entre em vigor até ao final do ano”, diz Boris Johnson.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, considera que 15 de outubro é a data limite para a conclusão de um acordo pós-Brexit com a União Europeia (UE), antes do início em Londres esta semana da oitava ronda de negociações.

De acordo com Downing Street, o chefe do Governo conservador deverá anunciar hoje “a fase final das negociações com a UE”, fazendo aumentar a pressão antes do reinício das negociações agendadas para esta semana, além de reafirmar que o Reino Unido não transigirá na sua independência.

O Reino Unido deixou formalmente a UE em 31 de janeiro, cerca de quatro anos após o histórico referendo que assinalou o fim de 50 anos de integração na União Europeia.

No entanto, permanece submetido à regulamentação europeia até ao final de 2020, tentando as duas partes concluir um acordo de comércio livre.

“A UE é muito clara em termos do calendário. Eu também. Deve registar-se um acordo com os nossos amigos europeus até ao Conselho Europeu de 15 de outubro, para que entre em vigor até ao final do ano”, no final do período de transição pós-Brexit, será a mensagem de Boris Johnson, segundo o seu gabinete.

“Não tem sentido pensar em prolongar este prazo”, considera. “Se não conseguirmos um acordo até lá, não vejo a possibilidade de um acordo de comércio livre entre nós”.

“Teríamos um acordo comercial com a UE semelhante ao registado com a Austrália”, amplamente menos vasto, e que na sua perspetiva representaria “uma boa saída para o Reino Unido”, que prepara as suas infraestruturas alfandegárias e portuária para semelhante cenário.

“Teríamos a liberdade de concluir acordos comerciais com todos os países do mundo. E iremos prosperar”, acrescentou, mas “deve ser sempre promovido um acordo (…). Continuaremos a trabalhar duramente em setembro para o alcançar”.

As negociações estão bloqueadas designadamente nas pescas e nas condições equitativas de concorrência.

“Mesmo neste estado tardio, caso a UE esteja preparada para repensar a sua posição (…) ficarei satisfeito”, concluiu Boris Johnson, advertindo que a Reino Unido não fará compromissos “nos fundamentos do que significa ser um país independente”.

O chamado ‘período de transição’, contemplado no Acordo de Saída negociado entre as partes e consumado em janeiro passado, termina em 31 de dezembro, mas, por questões processuais e jurídicas, as partes devem chegar a um acordo sobre as relações futuras, designadamente a nível comercial, o mais tardar até final de outubro, cenário que se afigura cada vez menos provável à luz da evolução das negociações e das recriminações de parte a parte.

Na ausência de acordo antes de 31 de dezembro, diversas empresas de transporte de carga britânicas com atividade nos portos e o fornecimento de bens essenciais para o Reino Unido poderão ser “severamente atingidos” a partir de 01 de janeiro de 2021.

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5 coisas que vão marcar o dia

O país vai ficar a conhecer as novas restrições que entrarão em vigor com o estado de contingência. Wall Street encerrado para o feriado.

O arranque da semana será dominado pelas medidas de combate à pandemia: após o regresso das reuniões do Infarmed, o Governo vai anunciar quais as restrições que entram em vigor com o Estado de Contingência, a 15 de setembro. Na justiça, há desenvolvimentos no caso do Banco Espírito Santo (BES) e, nas bolsas, há menor liquidez com Wall Street fechado.

Reuniões do Infarmed retomam no Porto

As reuniões que juntam especialistas, políticos e parceiros sociais no Infarmed para analisar a evolução da pandemia vão ser retomadas. A partir de agora a exposição dos dados vai ser pública, segundo anunciou o Governo na semana passada, após o último Conselho de Ministros. O encontro tem lugar no Porto, a partir das 15h00, e vai ter como tema central o conjunto de medidas que serão definidas para a próxima fase do combate ao vírus.

Conselho de Ministros decide medidas para o estado de contingência

Após o encontro do Infarmed, será a vez de o Executivo liderado por António Costa reunir-se para fechar as medidas para o país. Depois de uma redução progressiva das restrições no país nos últimos meses, as medidas vão voltar a apertar. Portugal vai entrar em situação de contingência a partir de 15 de setembro, para preparar o combate à pandemia durante o outono e inverno.

Leitura da sentença de Ricardo Salgado e Amílcar Pires

O julgamento do recurso das coimas aplicadas pelo Banco de Portugal, em 2017, a Ricardo Salgado e Amílcar Pires vai dar novos passos esta segunda-feira, com a leitura da nova sentença. Em causa está a ausência de medidas de prevenção de branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo em unidades do BES no estrangeiro. Dos quatro condenados, só Ricardo Salgado (condenado ao pagamento de uma coima de 350 mil euros) e Amílcar Morais Pires (ao pagamento de 150 mil euros) recorreram. António Souto, condenado a uma coima de 60 mil euros, e o BES (25 mil euros) não recorreram.

Consumo de eletricidade na Zona Euro reflete desconfinamento

Entre os dados económicos, o destaque estará no consumo de eletricidade na Zona Euro. O Eurostat divulga dados referentes a junho, depois de, em maio, a eletricidade usada pelos consumidores continuar mais de 10% abaixo da média dos últimos quatro anos devido ao fecho de escolas e empresas. O consumo em junho poderá, no entanto, começar a refletir já as primeiras medidas de desconfinamento em vários países da moeda única.

Labor Day deixa Wall Street fechado

Já nas bolsas será uma sessão de menor liquidez com as praças norte-americanas fechadas. Wall Street só voltar a negociar na terça-feira depois do fim de semana prolongado nos EUA, onde se celebrou o Labor Day (Dia do Trabalhador). A pausa acontece depois de uma semana que acabou por ser negativa devido ao pessimismo da Reserva Federal norte-americana quanto à recuperação económica após a pandemia e a dados económicos pouco animadores.

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Brexit: Nova ronda negocial com cenário de no deal cada vez mais próximo

  • Lusa
  • 7 Setembro 2020

"Período de transição", contemplado no Acordo de Saída negociado entre as partes e consumado em janeiro passado, termina em 31 de dezembro. Ainda não há acordo.

União Europeia (UE) e Reino Unido iniciam esta segunda-feira, 7 de setembro, em Londres, a oitava ronda de negociações sobre a relação no pós-Brexit, com o cenário de um no deal cada vez mais próximo, face à persistente ausência de progressos.

O chamado “período de transição”, contemplado no Acordo de Saída negociado entre as partes e consumado em janeiro passado, termina em 31 de dezembro, mas, por questões processuais e jurídicas, as partes devem chegar a um acordo sobre as relações futuras, designadamente a nível comercial, o mais tardar até final de outubro, cenário que se afigura cada vez menos provável à luz da evolução das negociações e das recriminações de parte a parte.

Numa entrevista publicada no domingo pelo jornal Mail on Sunday, o negociador-chefe britânico, David Frost, sublinha que o Reino Unido “não receia” deixar em definitivo o bloco europeu sem um acordo e diz que Londres está a preparar-se para esse cenário, uma posição em tudo idêntica à do seu homólogo europeu, Michel Barnier, que há muito tem exortado os 27 a prepararem-se para o ‘não acordo’.

A ronda negocial que hoje se inicia em Londres tem lugar duas semanas após a sétima, celebrada em Bruxelas, e que terminou uma vez mais sem quaisquer progressos tangíveis e com acusações recíprocas.

No final da ronda negocial de agosto, Michel Barnier afirmou-se “desiludido e preocupado” com a ausência de progressos, argumentando que, “tal como na ronda de julho, os negociadores britânicos não mostraram qualquer vontade de progredir em questões fundamentais para a UE”.

Barnier lamentou que, “apesar de toda a flexibilidade” demonstrada pela UE nos últimos meses para “trabalhar nas três linhas vermelhas” traçadas por Boris Johnson para esta negociação – o papel do Tribunal de Justiça da UE, a autonomia legislativa do Reino Unido e as pescas -, ainda não se tenha observado “uma preocupação recíproca” do lado britânico com as matérias prioritárias para os 27, que, sublinhou, “são as mesmas desde 2017”.

“Não percebo porque estamos a perder tempo valioso […]. Para ser franco, não estou a ver como deixar para mais tarde as questões mais difíceis”, apontou, insistindo em que, nesta fase, um acordo é praticamente “impossível”.

David Frost acusou na altura a UE de estar a tornar as negociações da saída do bloco europeu “desnecessariamente difíceis”, por querer impor um compromisso para manter Londres vinculada a políticas europeias de apoios estatais e pescas antes de avançar noutros dossiês.

“Existem outras áreas importantes que ainda precisam ser resolvidas e, mesmo naquelas em que existe um amplo entendimento entre os negociadores, há muitos detalhes que precisam de ser trabalhados. O tempo é curto para ambos os lados”, admitiu.

A fase de transição que foi negociada após a saída formal do Reino Unido da UE, em 31 de janeiro deste ano, e que manteve o acesso do país ao mercado único europeu e à união aduaneira, termina em 31 de dezembro.

Se UE e Reino Unido não conseguirem chegar a um acordo atempadamente, apenas as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), nomeadamente os direitos aduaneiros, serão aplicáveis a partir de janeiro de 2021 às relações comerciais entre Londres e os 27.

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Receitas da Vista Alegre disparam em agosto. Online brilha

Empresa registou um volume de negócios de 10 milhões em agosto, 66% acima do ano passado. Faturação no acumulado do ano cai, mas "são evidentes os sinais positivos de retoma da atividade".

A pandemia praticamente parou a atividade de muitas empresas. Com o desconfinamento, a partir de maio, os negócios voltaram, acelerando nos meses de verão. É isso mesmo que está a sentir a Vista Alegre que em agosto bateu de forma expressivas as receitas geradas no mesmo mês do ano passado. Faturou 10 milhões de euros.

“O Grupo Vista Alegre atingiu no mês de agosto um volume de negócios de 10 milhões de euros, superando em cerca 66% o período homólogo (6 milhões de euros), continuando a mostrar um sinal da recuperação gradual da sua atividade face à situação de pandemia que vivemos atualmente, em Portugal e no mundo”, diz a empresa em comunicado enviado à CMVM.

Este forte aumento das vendas, para o qual contribuiu a recuperação o Grés Forno e o Grés Mesa, essencialmente com vendas para países como França, Holanda e Espanha”, foi alcançado graças ao canal private label, que cresceu 164%. No retalho, apesar da reabertura das lojas a partir de julho, em agosto as vendas mantiveram-se aquém das de agosto de 2019 (-1,2%), enquanto o negócio online disparou: teve um crescimento de 184%.

Com um mês de agosto de forte crescimento, o “Grupo Vista Alegre atingiu assim um volume de negócios total de 64,4 milhões de euros no final de agosto 2020”. “Apesar da quebra verificada face ao período homólogo são já evidentes os sinais positivos de retoma da atividade“, nota a empresa em comunicado.

“Continua a viver-se um cenário de incerteza, face à evolução da crise pandémica que atravessamos mas, mantendo-se uma evolução positiva do cenário macroeconómico, tendo em conta os contratos conquistados, e a tendência de crescimento mensal registada nos últimos três meses, os restantes meses de 2020 serão de uma gradual recuperação das vendas da Vista Alegre“, remata.

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Há sinais positivos no consumo. Crédito, carros e gastos com multibanco já recuperaram da crise

Os últimos dados do crédito ao consumo e habitação, da compra de carros e do uso do multibanco mostram que já recuperaram da crise pandémica. Mas os economistas recomendam cautela nas conclusões.

Há sinais positivos para o consumo privado em Portugal, a componente do PIB que mais penalizou a economia no segundo trimestre. Seja no crédito ao consumo ou à habitação, seja nas vendas de carros ou nos pagamentos por multibanco, os indicadores micro já recuperaram da crise pandémica, sinalizando uma melhoria da atividade económica em julho. Ainda assim, os economistas recomendam cautela na retirada de conclusões gerais sobre a economia dada a incerteza elevada.

Há aqui várias questões com leituras diferentes“, começa por dizer ao ECO Filipe Garcia, economista da IMF, argumentando que, por exemplo, “a maior utilização do multibanco decorre essencialmente da maior adoção desse método de pagamento devido à pandemia” uma vez que tanto os bancos como as autoridades de saúde promovem o uso de cartão em vez de dinheiro.

Ainda assim, o economista considera que “há, sem dúvida, uma recuperação dos níveis de atividade“. Uma afirmação corroborada por Paula Carvalho, economista-chefe do BPI, em declarações ao ECO: “Os indicadores de consumo e investimento apontam para uma recuperação forte depois dos mínimos de abril“, diz, apesar de agora indiciarem uma “quase estabilização em julho/agosto”.

A economista-chefe do BPI acrescenta que os dados da construção, como o investimento no setor e as vendas de cimento, assim como os dados de ofertas de emprego no IEFP, “que aumentaram ligeiramente em agosto mensalmente”, são bons sinais para a recuperação da economia portuguesa.

Porém, quanto ao consumo privado em específico, Filipe Garcia diz que não é possível tirar já conclusões gerais sobre os dados. “Por um lado as moratórias de crédito estão a dar uma folga orçamental às famílias, que não têm tido de pagar prestações do crédito pessoal ou à habitação; por outro lado, os bancos continuam generosos na concessão de crédito”, explica, referindo as razões pelas quais o consumo pode estar a melhorar temporariamente.

Só quando tivermos o final das moratórias será possível perceber em rigor qual a saúde financeira das famílias portuguesas e, já agora, das empresas“, diz o economista da IMF.

Paula Carvalho está ainda mais cautelosa quanto à recuperação económica, principalmente por causa da situação epidemiológica. “Atendendo à evolução dos indicadores de saúde pública, diria que o ritmo de atividade nos próximos meses tenderá a evoluir muito moderadamente”, responde, afirmando que o nível da recuperação dependerá “sobretudo da evolução da crise de saúde pública”.

  • Compras nacionais por multibanco crescem 0,7% em julho

Face ao ano passado, as compras nacionais com recurso ao multibanco aumentaram 0,7% em julho, segundo os dados do Banco de Portugal divulgados na passada segunda-feira. “Os pagamentos mostram sinais de progressivo regresso à normalidade“, concluía o banco central, revelando ainda que os dados relativos a agosto confirmavam essa tendência, crescendo 8% em duas semanas consecutivas, “pela primeira vez desde o início da pandemia”. Ainda assim, é de notar que o valor dos levantamentos continua abaixo dos números do ano passado.

Pagamentos por multibanco

Fonte: Banco de Portugal

 

  • Crédito ao consumo aproxima-se dos níveis de março. Crédito à habitação sobe

Os últimos dados mostram que o crédito ao consumo, relativamente a julho, fixou-se nos 402 milhões de euros, após uma queda acentuada em abril, como mostra o gráfico do Banco de Portugal. Este valor fica já próximo dos 421 milhões de euros concedidos em crédito ao consumo em março.

Já no caso do novo crédito à habitação, este subiu para 931 milhões de euros em julho, mais 98 milhões de euros face a junho e pouco aquém dos 966 milhões de euros de julho de 2019. Contudo, é de notar que neste caso a queda não foi acentuada em abril, como mostra o gráfico do Banco de Portugal.

Crédito ao consumo

Fonte: Banco de Portugal

 

  • Venda de carros ligeiros com queda de apenas 0,1% em agosto

Os dados da Associação do Comércio Automóvel de Portugal (ACAP) mostram que a venda de automóveis ligeiros de passageiros caiu apenas 0,1% em agosto, face ao mesmo mês do ano passado. Este é um sinal de recuperação após as fortes quedas durante o período de confinamento (com os stands fechados), o que resultou numa queda acumulada até agosto de 40% nas vendas de carros.

  • Consumo de gasóleo e gasolina recuperam

Segundo os números de consumo de gasóleo e gasolina da Entidade Nacional para o Mercado de Combustíveis (ENSE), há uma aproximação progressiva aos valores “normais”, antes da crise pandémica. No caso do gasóleo, a quebra homóloga em julho já é de apenas 8,23%. No caso da gasolina, ainda é de 11,55%, mas os dados ao longo dos meses mostram uma clara melhoria.

Consumo de gasolina

Fonte: ENSE
  • Portugal foi o país da UE onde as vendas a retalho mais cresceram em julho

Segundo os dados do Eurostat, as vendas a retalho em Portugal cresceram 3,9% em julho face ao mês anterior, a maior subida entre os países da União Europeia. Apesar deste sinal positivo, é de assinalar que as vendas a retalho ainda estão 3,9% aquém dos valores de julho de 2019. Na comparação europeia, mesmo em termos homólogos, Portugal compara bem face a alguns países como Holanda, Luxemburgo, entre outros, mas mal em relação à média da Zona Euro em que já se regista um crescimento de 0,4%.

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Prisa dispensada de autorização prévia da ERC para vender TVI

Parecer de Paulo Mota Pinto explica que a venda de 65% das ações da Media Capital a vários investidores torna desnecessária a autorização prévia do regulador dos media.

A Prisa anunciou a venda de cerca de 65% das ações da Media Capital a um conjunto de investidores independentes e sem acordos parasociais entre eles, por um valor de 36,8 milhões de euros, um modelo de operação que dispensa um pedido de autorização prévia à Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC), segundo um parecer de Paulo Mota Pinto, professor de Direito da Universidade de Coimbra, a que o ECO teve acesso.

Em causa, neste negócio, está o apuramento do que é considerado “alteração de domínio” de acordo com as leis da televisão e da rádio. É que até agora a Prisa controlava a maioria do capital, cerca de 65%, seguido do empresário Mário Ferreira, com 30% do capital, e mais 5% do Abanca, com o remanescente nas mãos de particulares.

Para o jurista consultado pela Prisa, a conclusão é clara: “Pesem embora as aparentes variações de critério da ERC nas deliberações citadas no número anterior, não temos dúvidas, em conformidade com o entendimento correto, atrás fundamentado, da noção de “alteração de domínio” para efeitos dos artigos 4º, nº 6, da Lei da Rádio e 4º-B, nº 4, da Lei da Televisão e dos Serviços Audiovisuais a Pedido, de que a operação indicada na Consulta, de alienação pela Prisa da participação social de 64,47% do capital da sociedade Grupo Media Capital., sociedade aberta e cotada em bolsa na Euronext Lisboa, a vários adquirentes separadamente, em percentagens variáveis entre 2.5%, 5%, 10% e 20%, sem que exista qualquer acordo parassocial entre os adquirentes, não está sujeita a autorização prévia pela ERC. Isto, sempre e na medida em que não exista em resultado dessas vendas nova influência dominante sobre a Media Capital, em substituição do domínio da Prisa”, lê-se no parecer de Paulo Mota Pinto, com 59 páginas e assinado a 27 de agosto.

O professor de Coimbra admite que as decisões passadas da ERC sobre esta matéria nem sempre foram coerentes, mas recorre à ultima, em 2017, relativa à alteração de domínio na Controlinveste (atual Global Media, dona da TSF, Jornal de Notícias e Diário de Notícias). “O domínio sobre o operador de televisão resulta sempre da titularidade de mais de metade do capital social, de mais de metade dos direitos de voto em assembleia geral ou da possibilidade de designação da maioria dos membros do órgão de administração, e poderá resultar, mesmo na falta destes elementos, de outras circunstâncias – tais como acordos de voto – que permitam a um adquirente exercer direta ou indiretamente uma influência dominante sobre a Media Capital”, descreve Mota Pinto. Ora, do que foi anunciado na sexta-feira, a venda daqueles 65% são feitos em blocos independentes, sem acordos entre os diversos investidores.

Como o ECO revelou em primeira mão, entre os investidores que assinaram contratos-promessa de compra de ações da Media Capital estão Cristina Ferreira, Pedro Abrunhosa e Tony Carreira, assim como empresários como Avelino Gaspar, Luís Guimarães e João Serrenho, entre outros.

De acordo com o parecer jurídico de Paulo Mota Pinto, as condições para uma chamada “influência dominante” na Media Capital não existem “se nenhum dos acionistas detiver a maioria do capital, dos direitos de voto ou a possibilidade de designar a maioria dos administradores, nem existir qualquer acordo estável sobre estas matérias, ficando antes a tomada de deliberações na assembleia geral, e a consequente governação da sociedade, na dependência de acordos ou entendimentos de circunstância, em cada caso.

O professor de Coimbra aconselha a Prisa a comunicar este negócio à ERC. “Deve ser dado conhecimento das alienações à ERC, a fim de que esta possa averiguar se, em seu entender, existem circunstâncias que preencham a previsão dos artigos” em causa, relativos à Lei da Rádio e da Televisão. Assim, refere-se no parecer, “a Prisa dirigir um requerimento à ERC em que expõe a posição sobre a desnecessidade de autorização prévia para dispersão das ações da Media Capital, sem que daí resulte um novo domínio (…) subsidiariamente, requer autorização da ERC para a realização das vendas, apenas para o caso de a ERC responder à consulta prévia no sentido de que as vendas estão sujeitas à sua autorização prévia, e sempre reservando-se o direito de impugnação judicial de tal decisão da ERC sobre a necessidade de autorização prévia, em sentido diverso do que se entende resultar da lei e da Constituição da República Portuguesa”.

A venda dos cerca de 65% da Media Capital foi feita por cerca de 36,8 milhões de euros, o que corresponde a um valor implícito da dona da TVI de 150 milhões de euros (dívida incluída), depende ainda da aprovação dos credores da própria Prisa. E, a confirmar-se, torna ‘ferida de morte’ a Oferta Pública de Aquisição (OPA) lançada pela Cofina a 41,5 cêntimos por ação, 63% abaixo do valor do negócio agora anunciado.

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Marques Mendes: “Governo não vai inscrever um único euro no OE para o Novo Banco”

Luís Marques Mendes considera a não divulgação da auditoria da Deloitte ao Novo Banco uma "pouca vergonha" e assegura que, no OE, não haverá "um único euro" para o banco liderado por António Ramalho.

O Governo não pretende canalizar “um único euro” do próximo Orçamento do Estado para o Fundo de Resolução do Novo Banco. A garantia foi dada esta noite por Luís Marques Mendes, no seu habitual comentário de domingo, na SIC.

“O fundo de resolução vai ter de se financiar sem ser no OE. O Governo não vai inscrever um único euro no OE com vista ao Novo Banco. Quem é que iria aprovar isso?”, assinalou o comentador.

Sobre a auditoria da Deloitte ao Novo Banco, Luís Marques Mendes refere ainda que a não divulgação do documento é uma manifestação de uma “cultura salarazenta, de enorme opacidade e secretismo. Acho isto uma pouca vergonha”, disse o comentador.

Combate à corrupção

A ministra da Justiça quer que os políticos que foram condenados deixem de poder candidatar-se em novas eleições, disse ainda esta noite Luís Marques Mendes.

De acordo com o comentador, que teve acesso à “Estratégia de combate à corrupção“, plano desenhado pela ministra da Justiça, Francisca Van Dunem propõe, entre outras coisas, que “os políticos condenados não possam ser candidatos a novas eleições”, intenção que Marques Mendes considera uma medida “corajosa e positiva”.

“Este plano pode surgir tardiamente, é muito genérico, mas as orientações essenciais vão numa boa direção”, assinala o comentador. Entre as medidas da estratégia estão ainda o fim dos megaprocessos e o “reforço da penalização das empresas e não apenas das pessoas individuais”.

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