Aplicações de refeições antecipam forte “aumento da procura” no recolher obrigatório
O estado de emergência introduziu novas restrições à restauração e as aplicações de entregas são das principais alternativas. Uber Eats, Glovo e Bolt Food esperam uma subida expressiva na procura.
As aplicações de entrega de refeições ao domicílio estão a preparar-se para um aumento significativo no número de pedidos, face às restrições do novo estado de emergência decretado no país. Desde quarta-feira que os portugueses não podem sair à rua a partir das 23 horas, restrição agravada aos fins de semana para todo o período da tarde de sábado e domingo nos 121 concelhos de maior risco.
Neste cenário, o setor da restauração, já severamente prejudicado pela pandemia da Covid-19, deverá reforçar a aposta nas plataformas de entrega de refeições. O take-away continua a ser permitido, mas os cidadãos só podem levantar as encomendas até ao início do período do recolher obrigatório, pelo que aplicações como a Uber Eats e a Glovo tornam-se as principais opções no cardápio.
Disponível na generalidade das principais cidades portuguesas, de norte a sul do país, a Uber Eats admite continuar a reforçar a aposta em medidas de incentivo ao consumo por parte dos utilizadores, de forma a puxar pelo negócio dos restaurantes que usam a aplicação como montra.
“Acreditamos que a forma mais eficiente de apoiar o setor é, como temos feito desde o início da pandemia, concentrar o nosso investimento em medidas que aumentem a procura dos nossos parceiros, sabendo que essa é a sua principal preocupação nesta fase, e na segurança, sem a qual nenhum negócio pode operar”, diz ao ECO fonte oficial da Uber Eats. A aplicação “procura dar resposta às necessidades de restaurantes, parceiros de entrega e utilizadores”, sublinha.
A Uber Eats gera receitas aplicando uma taxa sobre o valor das encomendas remetidas pela aplicação aos restaurantes. A taxa varia, mas pode chegar aos 30% do valor total em alguns casos. É ainda cobrada uma taxa adicional aos utilizadores que reverte a favor do estafeta responsável pela entrega, que também varia, mas pode chegar aos 3,90 euros.
"Acreditamos que a forma mais eficiente de apoiar o setor é, como temos feito desde o início da pandemia, concentrar o nosso investimento em medidas que aumentem a procura dos nossos parceiros, sabendo que essa é a sua principal preocupação nesta fase.”
Presente em diversas das principais cidades portuguesas, a aplicação Glovo também tem vindo a preparar-se para um aumento na procura por causa do ressurgimento da pandemia. “Relativamente à evolução do mercado, a expectativa da Glovo é de que haja naturalmente um aumento de encomendas e adesão de novos parceiros”, afirma ao ECO o diretor-geral da empresa em Portugal, Ricardo Batista.
Para o gestor, a tendência é clara: “Em primeiro lugar, porque durante a primeira vaga e confinamento foi possível garantir a continuidade de um conjunto de negócios, através da nossa plataforma, especialmente para restauração e pequenos negócios. Em segundo lugar, porque a Glovo tem vindo a aumentar substancialmente a sua cobertura geográfica e o número de parceiros e de leques de atividades que vieram dar aos clientes finais o acesso a uma variedade muito grande de produtos sem terem de sair das suas casas.”
Ricardo Batista sublinha que a plataforma conta já com 3.500 estabelecimentos disponíveis no catálogo em Portugal. Trata-se de um crescimento de 13% face ao mês passado, e de 150% (2,5 vezes mais) do que no início da pandemia. “A expectativa é de que esta tendência se mantenha”, ressalva o responsável. A empresa segue um modelo de negócio semelhante ao da Uber Eats, mas apostou inicialmente nas entregas não só de refeições como também de outros produtos de conveniência.
Relativamente à evolução do mercado, a expectativa da Glovo é de que haja naturalmente um aumento de encomendas e adesão de novos parceiros.
A alternativa mais recente no mercado português é a Bolt Food, que em outubro arrancou com uma operação de menor dimensão “numa área limitada de Lisboa”, contando já com “centenas de estafetas” e “mais de 260 restaurantes” no catálogo na capital. Três semanas depois do lançamento, fonte oficial da empresa assegura ao ECO que “a procura do novo serviço nestes primeiros dias de lançamento tem sido bastante elevada”.
“Neste momento, a Bolt continua a aumentar o número de estafetas para conseguir dar uma resposta adequada nas próximas semanas, em que se prevê um aumento da procura, visto que as pessoas vão ficar mais tempo em casa”, admite a mesma fonte. Assim, perante o decreto do estado de emergência, a empresa sublinha estar “a trabalhar em campanhas promocionais e descontos” para incentivar o consumo nos restaurantes através da aplicação.
As novas restrições para controlar a Covid-19 entraram em vigor com o estado de emergência na quarta-feira e deverão manter-se pelo menos até ao próximo dia 26 de novembro. O recolher obrigatório deverá condicionar ainda mais a atividade da restauração e, numa carta aberta ao primeiro-ministro, a Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) alertou que ameaçam “ferir de morte” o setor.
“Sabemos do difícil e instável cenário que vivemos, sabemos que a atual situação pandémica nos dificulta a vida a todos, mas não é possível continuar neste rumo desastroso para as nossas atividades económicas”, apelou a associação.
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