“Não queremos nacionalizar a Groundforce”
O ministro das Infraestruturas convocou uma conferência de imprensa para dizer que o Governo não quer nacionalizar a Groundforce. Apelou ao privado que aceite as condições para o empréstimo da TAP.
O Governo não está interessado em nacionalizar a Groundforce. A afirmação foi feita pelo ministro das Infraestruturas numa conferência de imprensa de emergência na noite desta quinta-feira.
O pano de fundo são as dificuldades financeiras da empresa de handling, que não foi capaz de pagar os salários de fevereiro aos 2.400 trabalhadores, bem como a aparente divergência nas negociações entre o maior acionista da Groundforce e a TAP.
“Não está em causa querer nacionalizar a companhia. [Mas] não podemos continuar a adiantar dinheiro sem proteger a TAP”, afirmou o ministro das Infraestruturas, apelando a Alfredo Casimiro, que controla 50,1% das ações da Groundforce, para que aceite a derradeira proposta do Governo e da companhia aérea.
Os contornos são estes: Casimiro, que inicialmente não quis aceitar dar as suas ações como garantia para um novo empréstimo da TAP à Groundforce, acabou por aceitar dar os títulos como penhor. Mas exigiu que, caso a TAP executasse essa garantia, mantivesse a gestão da empresa, mesmo estando minoritário no capital.
No entanto, a TAP e o Governo recusaram essa hipótese e só aceitam que mais dinheiro seja adiantado à empresa de handling se Casimiro aceitar a garantia sobre as ações. Neste momento, a Groundforce está também a negociar um financiamento bancário e a TAP exige que, assim que o dinheiro chegue à conta da empresa, a Groundforce regularize as suas dívidas para com a companhia aérea.
Na conferência de imprensa, Pedro Nuno Santos disse ser necessário “perceber porque é que a Groundforce não aceita a exigência da TAP, se de facto faz intenção de pagar à TAP depois de receber o financiamento bancário”.
Questionado se a empresa pode entrar em falência caso o privado não aceite as condições em cima da mesa, o governante elevou a pressão: “Acreditamos que o privado vai entender que a TAP tem o direito a proteger-se. Acreditamos que o dinheiro [emprestado pela TAP] possa entrar na Groundforce. Depois de um financiamento bancário à Groundforce, a Groundforce paga à TAP e a garantia [o penhor sobre as ações de Casimiro] deixa de existir. É nesta base que estamos a trabalhar”, afirmou.
"Não está em causa querer nacionalizar a companhia. [Mas] não podemos continuar a adiantar dinheiro sem proteger a TAP.”
Esta conferência de imprensa do ministro das Infraestruturas foi convocada de emergência, horas depois de o acionista privado da Groundforce ter emitido um comunicado. Nele, Alfredo Casimiro critica duramente a última proposta do Governo para o desbloqueio de verbas para pagar os salários em atraso de 2.400 trabalhadores.
“É o que quer o Senhor Ministro Pedro Nuno Santos: nacionalizar a Groundforce e entregá-la daqui a uns tempos a outro privado. Estão a aproveitar-se da pandemia para fazer um roubo”, escreveu o empresário.
Questionado acerca do tom da carta de Casimiro, Pedro Nuno Santos respondeu: “Tenho de dar um desconto ao tom da carta que foi tornada pública”, disse, falando em “desespero” para resolver uma situação que afeta milhares de trabalhadores que estão numa “situação de grande ansiedade, porque têm as suas vidas e despesas”.
TAP propõe empréstimo de dois milhões
Numa carta enviada à Pasogal de Alfredo Casimiro, com o conhecimento do Executivo, a TAP diz ser “sensível à situação” e mostra-se disponível para emprestar à SPdH (Groundforce) o montante de 2,05 milhões de euros “a título de adiantamento do pagamento de serviços a prestar” no mês de maio de 2021, “com a finalidade de este montante poder ser utilizado […] para fazer face ao pagamento dos referidos salários e de fornecedores críticos”. Mas com “determinadas condições”.
Numa “derradeira proposta”, apresentada “de forma irrevogável”, a TAP exige que Casimiro celebre um contrato de promessa de penhor das suas ações na Groundforce e que informe a companhia das diligências para obter o financiamento bancário, sujeito à prestação de uma garantia do Banco de Fomento no montante de 30 milhões de euros.
A TAP exige também que a Groundforce proceda “ao reembolso integral da dívida”, assim que entre o dinheiro do financiamento, ou mediante um calendário definido, de 31 de maio a 31 de agosto. A empresa quer ainda poder executar o penhor se não for feito o reembolso da dívida.
(Notícia atualizada pela última vez às 22h40)
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