Altice Europe vê mais “potencial de crescimento” em Portugal

A casa-mãe da dona da Meo está satisfeita com o desempenho da Altice Portugal em 2020 e admite que vê agora mais "potencial de crescimento" na empresa do que via há dois anos.

A administração da Altice Europe está agora mais confiante do “potencial de crescimento” da subsidiária em Portugal, dona da operadora Meo. “Há dois anos, sentíamos que o potencial de França era maior. (…) Mas Portugal tem tido sucesso porque houve uma pandemia, perderam receitas de roaming, mas continuaram a crescer em todos os segmentos”, confessou Dennis Okhuijsen, ex-CFO e atual conselheiro da administração da empresa.

O comentário do gestor foi feito numa apresentação dos resultados anuais aos investidores, no dia em que a Altice Portugal revelou ter alcançado subidas marginais nos principais indicadores financeiros em 2020. As contas foram amparadas pelo aumento da base de clientes e de serviços, pelas vendas de equipamentos (sobretudo telemóveis) e pela recuperação das receitas com conteúdos premium desportivos.

Perante estes indicadores financeiros e operacionais, para Dennis Okhuijsen, o negócio da Altice em Portugal “tem mostrado resiliência durante a crise” e é um “ativo de estabilidade” no grupo. O responsável considerou ainda que, mesmo perante o contexto atual do setor das comunicações eletrónicas, em que se registam quebras expressivas nas receitas de roaming por causa das limitações nas viagens para travar a Covid-19, “a Altice Portugal teve um desempenho muito bom no ano passado”.

Os administradores da Altice Europe foram várias vezes questionados sobre o leilão do 5G que decorre em Portugal. Está em curso a fase principal do leilão de frequências da Anacom, mas os responsáveis da casa-mãe da Altice Portugal não quiseram avançar detalhes. Porém, não se coibiram a tecer duras críticas à atuação da Anacom, o regulador das comunicações em Portugal.

Desde logo, Dennis Okuijsen repetiu o que já tinha afirmado no final do ano passado: “Portugal tem tido um papel de liderança no rollout de tecnologia na Europa, sobretudo no 4G e na construção de fibra, em comparação com a Europa.” Porém, o gestor indicou que isso só foi possível devido ao “enquadramento regulatório favorável” que promoveu a concorrência entre “players sofisticados”. “O regulador está tentar agir contra este ecossistema, que trouxe muitos benefícios para os players e para as pessoas de Portugal. Não estamos contentes com essas ações”, reforçou.

Liderada por João Cadete de Matos, a Anacom tem justificado as medidas que tem tomado com a proteção dos direitos dos consumidores e promoção da concorrência no mercado. O leilão do 5G incluiu uma fase exclusivamente desenhada para “novos entrantes”, uma medida que foi amplamente criticada pelas operadoras já estabelecidas no mercado. As empresas que adquiriram frequências nessa fase do leilão vão ter acesso às redes das operadoras atuais ao abrigo de acordos comerciais de roaming nacional obrigatórios, válidos por dez anos, pelo menos.

A Altice Portugal tem ameaçado parar de investir em Portugal, estimando perdas de 50 milhões de euros em receitas entre 2016 e 2019 com as decisões regulatórias da Anacom. Esta terça-feira, numa mensagem a acompanhar os resultados anuais, Alexandre Fonseca, presidente executivo da empresa, avisou: “Em causa a manutenção dos nossos compromissos com o país na inovação e investimento, os fundamentais investimentos no 5G, a melhoria da qualidade e alcance das nossas redes, ou ainda o âmbito dos serviços disponibilizados às famílias e empresas nacionais.”

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Poder versus empatia. Pandemia criou dois mundos e duas lideranças

O mundo mudou, as pessoas mudaram e, consequentemente, as organizações também. A liderança dividiu-se em dois: numa perspetiva hierárquica e tradicional e numa ótica coletiva e empática.

Quase se pode falar de uma liderança antes da pandemia mundial e de outra depois dela. O mundo alterou-se, as pessoas mudaram e, consequentemente, as organizações também tiveram de adaptar-se a novas dinâmicas e ritmos de vida. A liderança deixou de ser apenas um título, e passou a ser uma atitude. E pode ser desenvolvida por qualquer pessoa. No entanto, nem todos os líderes mudaram de perspetiva e souberam mergulhar neste novo mundo que a pandemia veio acelerar.

“Tivemos dois mundos a funcionar em paralelo. Primeiro, um mundo de controlo, em que as pessoas estão muito cansadas. O não presencial fez com que se inventassem coisas para saber se as pessoas estavam ou não em casa a trabalhar, ao ponto de controlarem se as câmaras estavam ligadas. Por detrás disso, estão posicionamentos de liderança muito tradicionais“, começa por dizer Ana Tereza Maçarico, human capital & management consulting da Optimistic Consulting e associate senior consultant da CEGOC, durante o painel “As skills dos novos líderes: quem são, de que maneira a pandemia os mudou e como eles vão mudar o mundo e as empresas?” integrado na conferência que assinala o segundo aniversário da revista Pessoas, sob o tema “Trabalho, esse lugar estranho”.

Conferência “Trabalho, esse lugar estranho” - 25MAR21
Ana Tereza Maçarico é human capital & management consulting da Optimistic Consulting e associate senior consultant da CEGOC.Hugo Amaral/ECO

Por outro lado, Ana Tereza Maçarico fala de um segundo mundo, distinto e completamente oposto, em que há mais autonomia, propósitos e empowerment. “Estas pessoas também trabalharam muito mas com um novo propósito, com uma alegria muito grande e com outra energia”, continua, acrescentando que viu líderes adquirirem uma capacidade de compaixão enorme, estando empáticos com quem tem, por exemplo, filhos em casa ou familiares doentes.

Anabela Chastre também fez parte deste painel e confessou também ter visto dois tipos de líderes. A CEO da Chastre Consulting considera que a pandemia trouxe competências, sobretudo sociais, que, até então, não eram muito observadas. Empatia, interação e comunicação constituem o caminho que os líderes têm de percorrer para encontrar formas de chegar às pessoas, face à ausência de partilha de um espaço físico comum. “No outro dia ouvi uma frase que dizia que estamos todos na mesma tempestade, mas em barcos diferentes. É real. É isso que o líder tem de ver”, afirma.

"No outro dia ouvi uma frase que dizia que estamos todos na mesma tempestade, mas em barcos diferentes. É real. É isso que o líder tem de ver.”

Anabela Chastre

Chastre Consulting

O estudo sobre “Future Leaders” desenvolvido pela LLYC, também demonstra que os líderes do futuro têm, agora, uma presença emocional muito maior. “Têm menos receio de expor as suas emoções pela positiva face àquilo que eram os modelos de liderança tradicionais e, portanto, no fundo, têm um perfil mais humano”, revela Tiago Vidal, sócio e diretor geral em Portugal da LLYC.

Da liderança hierárquica à liderança coletiva

Para Tiago Vidal, o conceito de liderança sempre esteve muito associado à questão hierárquica. Agora, fala-se mais da liderança coletiva, algo que já estava em cima da mesa dos gestores, mas que, com a pandemia, se tornou ainda mais urgente, relevante e evidente. A liderança coletiva, mais do que a questão do poder, leva-nos ao tema de liderar pelo know-how, pela experiência e capacidade criativa relativamente a um determinado tema.

“Eu tenho projetos na minha empresa em que sou liderada por pessoas que têm menos 20 anos do que eu, porque sabem muito mais daquele tema do que eu sei. O meu papel de líder aí é agregar esse talento e conduzi-lo para os objetivos, porque eles lideram o processo pelo conhecimento”, conta o sócio e diretor geral em Portugal da LLYC.

"Eu tenho projetos na minha empresa em que sou liderada por pessoas que têm menos 20 anos do que eu, porque sabem muito mais daquele tema do que eu sei.”

Tiago Vidal

Sócio e diretor geral em Portugal da LLYC

A liderança torna-se, portanto, cada vez mais transversal e está ao alcance de qualquer um, pois lideram-se opiniões, projetos, momentos, ideias… É o “estar” líder e não tanto o “ser” líder numa ótica de poder. “Quanto mais hierárquicos ou formais forem estes modelos, menos as empresas têm oportunidade de se destacar”, considera Anabela Chastre.

Conferência “Trabalho, esse lugar estranho” - 25MAR21
Anabela Chastre é CEO da Chastre Consulting.Hugo Amaral/ECO

Carla Sequeira, secretária-geral da CIP, acrescenta que é, também, muito importante que o gestor seja cuidador das suas pessoas e que seja capaz de dar-lhes esse espaço de autonomia e de momentos de liderança. “A liderança sempre foi um processo de influência social. Quem está a mudar são os gestores. Estão a sentir que têm de ser mais líderes e menos gestores de processos”, afirma a secretária-geral da CIP, acrescentando que, desde o líder ao trabalhador, as pessoas mudaram e isso reflete-se nas organizações. “Percebem que há coisas mais importantes e que nós não estávamos a valorizar”, continua.

Uma nova caixa de ferramentas para líderes

Essa mudança obriga, também, a uma aprendizagem e adaptação. Os próprios líderes gestores têm de aprender a liderar neste “novo mundo”, a liderar pessoas e empresas diferentes. “Eu não sei bem muito bem como vou liderar num futuro híbrido“, confessa Tiago Vidal.

“Nós não podemos ir para o escritório fazer o mesmo que fazemos em casa. Temos de aproveitar esse momento conjunto de outra forma. Portanto, há aqui um conjunto de ferramentas que temos de aprender. Vão ajudar-nos a fazer esse upskiling enquanto gestores e até a trazer aqueles que ficaram mais para trás”, considera.

Conferência “Trabalho, esse lugar estranho” - 25MAR21
Tiago Vidal é sócio e diretor geral em Portugal da LLYC.Hugo Amaral/ECO

Para Ana Tereza Maçarico, atravessamos um período de incerteza demasiado grande para tomar decisões arrojadas. “Esta não é uma altura de decisões. É uma altura para aprender muito e para apanhar tudo o que vem com otimismo”, diz.

Sobre o futuro há poucas certezas mas um modelo híbrido é, tal como alguns estudos e especialistas têm vindo a indicar, o mais expectável. “A mobilidade vai ser o tema. Não tanto se fica dentro ou fora, mas mais o estar móvel. O trabalhar deixa de ser um local e passa a ser uma ação”, diz Carla Sequeira. O diretor-geral da LLYC está de acordo, considera que serão os modelos híbridos e as as situações intermédias que permitirão tirar o melhor de todos os modelos existentes.

Conferência “Trabalho, esse lugar estranho” - 25MAR21
Carla Sequeira é secretária-geral da CIP.Hugo Amaral/ECO

Se não teve oportunidade de assistir em direto à conferência “Trabalho, esse lugar estranho”, realizada pela Pessoas, poderá assistir agora através deste link.

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Morreram duas pessoas de Covid-19, o número mais baixo desde setembro. Há 388 novos casos

Desde o início da pandemia, já foram detetados 821.104 casos de Covid-19. Morreram 16.845 pessoas da doença provocada pelo coronavírus.

As autoridades de saúde detetaram 388 novos infetados pelo coronavírus e registaram dois óbitos provocados pela doença nas últimas 24 horas. Trata-se do menor número diário de mortes desde 6 de setembro. Segundo o boletim epidemiológico desta terça-feira, já foram detetadas 821.104 infeções desde o início da pandemia, tendo morrido 16.845 pessoas.

As duas mortes registadas nas últimas 24 horas ocorreram na região de Lisboa e Vale do Tejo. Quanto aos novos casos, a maioria foi no Norte (147) e em Lisboa e Vale do Tejo (140). Seguiu-se as regiões do Centro (46), Madeira (37), Açores (11), Algarve (4) e Alentejo (3).

Boletim epidemiológico de 30 de março de 2021:

O boletim da DGS dá também conta de um total de 777.503 recuperados, mais 1.654 do que na segunda-feira. Já os casos ativos continuam a descer, havendo menos 1.268 que no dia anterior. Há, atualmente, 26.756 pessoas com infeção ativa.

Entre os casos ativos, a maioria encontra-se a recuperar em casa. Contudo, estão ainda 584 pessoas hospitalizadas (menos 39), das quais 129 em unidades de cuidados intensivos (menos sete).

O boletim epidemiológico dá, por fim, conta de mais 228 pessoas sob vigilância ativa das autoridades de saúde, depois de terem contactado com outro caso positivo. O número de pessoas nesta situação tem vindo a subir nos últimos dias. No total, estão 15.853 pessoas sob vigilância das autoridades de saúde.

(Notícia atualizada pela última vez às 14h42)

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McDonald’s reduz plástico e poupa 500 toneladas num ano em Portugal

Até ao final do primeiro semestre de 2021 serão introduzidos, em todos os restaurantes nacionais da marca, mais paletinas (para cappuccino e meia de leite) e talheres em madeira e bioplástico.

As mudanças estão à vista, e os resultados também: a estratégia de sustentabilidade que tem vindo a ser implementada desde há dois anos pela McDonald’s vai permitir reduzir o consumo de plástico da marca em mais de 500 toneladas, por ano, nos restaurantes em Portugal.

Tudo começou já em 2019, intensificou-se em 2020 e continua agora com novas medidas que serão implementadas ao longo de 2021. O famoso gelado Sundae da McDonald’s que há 30 anos, desde a estreia da marca em Portugal, era servido num copo de plástico passou a vir num recipiente de papel, e o mesmo aconteceu ao copo e à tampa em plástico do gelado McFlurry, substituído por uma só embalagem em papel sem tampa.

Os copos para bebidas também perderam o tradicional plástico e adotaram o papel (sem tampa e apenas a pedido do cliente), as colheres passaram a ser de madeira e as palhinhas, tal como a tampa das embalagens de sopa, são agora de papel.

A McDonald’s prepara-se agora para introduzir as próximas alterações para a migração do plástico para materiais alternativos, nos seus restaurantes. Até ao final do primeiro semestre de 2021 serão introduzidos, em todos os restaurantes nacionais, mais paletinas (para cappuccino e meia de leite) e talheres em madeira e bioplástico, assim como tampas em papel para os copos de bebidas quentes e de bebidas frias quando servidos no McDrive, McDelivery e Takeaway.

“O conjunto destas alterações vai permitir à McDonald’s reduzir, no país, o consumo de plástico em mais de 500 toneladas, por ano, número que inclui 68 milhões de palhinhas e mais de 72 milhões de tampas de bebidas, entre outros”, refere a marca em comunicado.

Por seu lado, Inês Lima, diretora-Geral da McDonald’s Portugal, explicou: “Ao lado dos nossos fornecedores e parceiros continuámos a repensar, reduzir e reutilizar os materiais das nossas cadeias de negócio. Acreditamos que é nesta articulação de esforços e partilha de boas práticas que iremos conseguir alcançar um impacte ambiental positivo nas comunidades em que nos integramos”

Esta estratégia de transição para embalagens mais sustentáveis alinha-se com a meta global, subscrita pela McDonald’s Portugal, de reduzir a utilização de plástico em excesso nas embalagens e de, até 2025, garantir 100% de embalagens provenientes de fontes renováveis, recicladas ou certificadas e, em simultâneo, simplificar a variedade de materiais usados sem comprometer a qualidade e o desempenho das mesmas. Já hoje, em Portugal, toda a matéria-prima de papel utilizada nas embalagens McDonald’s é certificada pela FSC (Forest Stewardship Council).

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“Capacidade de aprender”: a única skill que não fica obsoleta

Formação contínua, estabilidade emocional e confiança são competências fundamentais no mercado de trabalho do futuro.

Conferência “Trabalho, esse lugar estranho” - 25MAR21
Chitra Stern, United Lisbon International School, Clara Raposo, ISEG, Munique Martins, Ironhack LisboaHugo Amaral/ECO

Se uma competência aprendida hoje pode estar obsoleta daqui a três anos, aprender a aprender é cada vez mais importante. Trata-se de, além de adquirir as competências mais técnicas e específicas, aprender a assimilar e procurar matérias novas ao longo da vida. A formação é contínua e só há uma competência que é para a vida.

“Só há uma skill que nunca está obsoleta: a capacidade de aprender. Essa é que é a grande skill que nós todos temos de ter”, afirma Clara Raposo, presidente do ISEG Lisbon School of Economics and Management da Universidade de Lisboa, durante a conferência “Trabalho, esse lugar estranho”, realizada pela revista Pessoas.

“Temos de ser capazes de ensinar a capacidade de continuar a aprender, ou seja, que a base que nós damos de formação seja suficiente para que o cérebro continue a ser capaz de assimilar coisas novas que surjam e até a inventá-las”, explica.

Conferência “Trabalho, esse lugar estranho” - 25MAR21
Clara Raposo é a presidente do ISEG.Hugo Amaral/ECO

Por outro lado, a presidente do ISEG acrescenta que “conversar sobre o que é a vida” é também fundamental. Transmitir o lado humano faz do ensino um espaço seguro em que as várias opiniões são bem-vindas e aceites, e esse tem sido o grande desafio nos últimos meses, confessa. Com a pandemia, “tornámo-nos um bocadinho menos humanos e um bocadinho mais artificiais”.

As skills tecnológicas, cada vez mais procuradas e ensinadas, foram, sem dúvida, aceleradas com a pandemia, mas Clara Raposo salienta que é preciso continuar atento e a ensinar “o que queremos que as pessoas tenham e sejam no futuro”. Para a responsável pelo campus de Lisboa da Ironhack, Munique Martins, as soft skills são cada vez mais importantes no mercado de trabalho.

"O currículo não é só um currículo, é também tudo o que se constrói para além do técnico.”

Munique Martins

Responsável pelo campus de Lisboa da Ironhack

“O currículo não é só um currículo, é também tudo o que se constrói para além do técnico”, refere, acrescentando que estabilidade emocional e confiança são competências fundamentais e que devem ser transmitidas desde as idades mais precoces, nas crianças.

Concorrer com o mundo. Melhorar e aprender ao longo da vida

Conferência “Trabalho, esse lugar estranho” - 25MAR21
Chitra Stern, United Lisbon International SchoolHugo Amaral/ECO

A United Lisbon International School tem capacidade para acolher alunos desde o jardim de infância até ao 12.º ano de escolaridade. Além da formação mais técnica, privilegiam-se experiências fora da sala de aula, parcerias com outras entidades e a prática de desporto. Além disso, o teatro é um dos pilares da formação dos alunos, contribuindo para a sua confiança, autoestima e sentido de trabalho de equipa.

“Quando temos inteligência artificial [IA], machine learning e todas essas ferramentas, as soft skills do futuro são comunicação, capacidade para trabalhar em equipa… Estas competências vão ser muito mais importantes no [mercado de trabalho do] futuro”, afirma Chitra Stern, CEO da escola internacional.

O objetivo desta escola que foge ao ensino mais convencional é que os alunos sejam “mais globais em pensamento”, confiantes e conscientes do que se passa à sua volta. “Esta é a razão pela qual nos chamamos ‘United’, pois só unidos podemos resolver problemas que são globais”, justifica Chitra Stern.

Mas alunos globais têm, também, acesso ao mundo e, por isso, concorrem com candidatos de qualquer parte do planeta. Além disso, Munique Martins recorda que, neste momento, “o mercado está inundado também por pessoas que perderam os seus empregos e que são muito qualificadas”. “A competição tem sido muito maior”, diz.

"Ensinar a ouvir, a estar sossegado, a ser tolerante e por aí fora é algo que tem de começar desde pequenino e continuar ao longo da vida.”

Clara Raposo

Presidente do ISEG

Ensinar inteligência emocional e confiança pode ser uma tarefa difícil, sobretudo tendo em conta que não há estudantes iguais. E “ainda bem”, “o direito à diferença também tem de ser preservado na forma como nós ensinamos”, frisa Clara Raposo. “Mas isto tem de ser gerido por professores que sabem muito bem fazê-lo. É um ensinamento para quem fala e para quem ouve. E ensinar a ouvir, a estar sossegado, a ser tolerante e por aí fora é algo que tem de começar desde pequenino e continuar ao longo da vida”, acrescenta.

Das escolas para as empresas, a aprendizagem é contínua

A capacidade para uma aprendizagem contínua deve ser um trabalho a três: entre escolas, estudantes e, mais tarde, com o incentivo das empresas. Para a presidente do ISEG, o empregador deve investir nas suas pessoas, dando-lhes condições para desenvolverem certas competências.

“Nos contactos que vou tendo com os empregadores típicos dos nossos alunos, seja em Portugal ou lá fora, peço-lhes sempre para não procurarem macaquinhos perfeitos e impecáveis. Peço que estejam atentos às pessoas e não esperem o pacote completo logo à partida, porque o resto da aprendizagem ainda há de vir“, explica. Para Chitra Stern, “lifelong learning é parte da vida” e, por isso mesmo, é que a vida não é um “sprint”, mas sim uma “maratona”. Nunca é tarde para aprender, mas também nunca é cedo.

"A vida é uma maratona, não é um sprint.”

Chitra Stern

CEO da United Lisbon International School

Na escola de tecnologia Ironhack, a mudança, atualização e renovação de competências são algo frequente pois, a cada ano, as tecnologias mudam. Já ser curioso e ter vontade de se atualizar faz parte daquilo que deve ser o caminho dos estudantes ao longo de todo o processo de aprendizagem. Por isso mesmo é que a escola se esforça para quebrar o paradigma de que “o professor tem de dar 100% do conhecimento”. “O professor tem de ser mais um mentor. Tem de ser a pessoa que te passa o caminho e não a pessoa que te pega na mão e te arrasta pelo caminho“, acrescenta.

Conferência “Trabalho, esse lugar estranho” - 25MAR21
Munique Martins é responsável pelo campus de Lisboa da Ironhack.Hugo Amaral/ECO

Pode ver ou rever a conferência “Trabalho, esse lugar estranho” através deste link.

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Região de Berlim suspende vacina AstraZeneca após nove mortes na Alemanha

  • Lusa
  • 30 Março 2021

As autoridades alemãs detetaram 31 casos de trombose em pessoas que receberam a vacina da AstraZeneca, das quais nove morreram. Berlim voltou a suspender o fármaco para maiores de 60 anos.

As autoridades alemãs detetaram 31 casos de trombose em pessoas que receberam a vacina contra a Covid-19 da AstraZeneca, das quais nove morreram, e o estado alemão de Berlim voltou a suspender o fármaco para maiores de 60 anos.

O Instituto Paul-Ehrlich, centro de referência em vacinação na Alemanha, constatou que em 19 casos foi detetada uma deficiência de plaquetas no sangue, indicando que dos nove mortos apenas dois eram homens, com 36 e 57 anos, e todos os outros casos de trombose venosa sinusal surgiram em mulheres com idades entre os 20 e os 63 anos, de acordo com a peça da Der Spiegel.

Perante estes dados, o estado alemão de Berlim suspendeu de novo o uso da vacina com o produto da AstraZeneca para maiores de 60 anos, e Dilek Kalayci, principal responsável do departamento de saúde da região, explicou que se tratava de uma medida de precaução, antes de uma reunião de todos os 16 estados da Alemanha onde o tema será discutido.

Relatos de formas pouco comuns de coágulos sanguíneos na cabeça, conhecidos como trombose da veia sinusal, levaram vários países europeus, incluindo Portugal, a suspender temporariamente o uso da vacina da AstraZeneca, no início deste mês.

Após uma revisão do fármaco por parte de especialistas da Agência Europeia de Medicamentos, foi concluído que os benefícios da vacina superavam os riscos, embora tenha sido recomendado que médicos e pacientes deviam ser alertados para possíveis efeitos colaterais raros.

De acordo com o instituto de virologia Robert Koch, na Alemanha, um total de 2,7 milhões de pessoas já receberam doses desse fármaco.

Na Alemanha, 3.877.914 pessoas receberam as duas doses de qualquer vacina contra a Covid-19, 4,7% da população, e 9.001.925 (10,8%), pelo menos uma.

Nas últimas 24 horas, 123.170 pessoas na Alemanha receberam a primeira dose da vacina e outras 44.522, a segunda.

A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 2.792.586 mortos no mundo, resultantes de mais de 127 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

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DGS garante que pessoas anteriormente infetadas “vão ser vacinadas”

  • Lusa
  • 30 Março 2021

Exclusão das pessoas anteriormente infetadas com SARS-CoV-2 da primeira fase de vacinação deve-se à escassez de vacinas. Vacinação dessas pessoas pode ocorrer quando houver mais vacinas.

As pessoas que já tiveram Covid-19 e recuperaram da doença também vão ser alvo de vacinação, garantiu esta terça-feira a Direção-Geral da Saúde (DGS), explicando que a sua exclusão da primeira fase se deve à escassez de vacinas.

Num esclarecimento enviado à agência Lusa, na sequência da denúncia da Ordem dos Médicos a partir do relatório do Centro Europeu para o Controlo de Doenças (ECDC), que destacou na segunda-feira Portugal e Islândia como os únicos países a não incluírem atualmente na vacinação as pessoas anteriormente infetadas pelo vírus SARS-CoV-2, a autoridade de saúde nacional diz que o tema está “em constante monitorização”.

“Em Portugal, as pessoas que recuperaram da infeção por SARS-CoV-2 vão ser vacinadas. Não se trata de não vacinar os recuperados. No entanto, neste momento, encontramo-nos num cenário em que o número de vacinas ainda é limitado. Por isso, num contexto de escassez, devem ser priorizadas as pessoas com maior risco de contrair a infeção por SARS-CoV-2 e que não tenham ainda tido a possibilidade de desenvolver resposta imunológica”, refere a DGS.

Salientando o “princípio de maximização do benefício” perante a reduzida disponibilidade de vacinas, o organismo liderado por Graça Freitas reitera que “a vacinação de pessoas recuperadas poderá vir a ocorrer logo que a disponibilização de vacinas aumente”. A task force responsável pelo plano de vacinação contra a Covid-19 já realçou o aumento das entregas de vacinas previsto para o segundo trimestre.

Por outro lado, a DGS rebate as críticas com os dados sobre as reinfeções por SARS-CoV-2 a nível mundial, argumentando que o número “é muitíssimo baixo” e que as “pouquíssimas reinfeções são habitualmente quadros clínicos ligeiros” da doença.

Os estudos têm mostrado que a imunidade adquirida após a infeção por SARS-CoV-2 é duradoura e protege de reinfeções, pelo menos com a mesma eficácia que as vacinas (ou até com mais eficácia)”, indica a autoridade de saúde, acrescentando: “A infeção natural pode conferir imunidade até para as novas variantes e por mecanismos adicionais do que a mera produção de anticorpos”.

Sem deixar de expressar a leitura de que os testes serológicos não devem ser tidos em conta para as decisões sobre vacinação, e “enquanto as vacinas forem um bem escasso, a estratégia é vacinar quem mais beneficia da vacinação, isto é, as pessoas que não tiveram oportunidade de adquirir imunidade por não terem tido Covid-19”, conclui a DGS.

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98 h de trabalho/semana, 5 horas de sono/noite. A vida dos jovens analistas do Goldman Sachs num relatório sobre as condições de trabalho no banco

No relatório sobre as condições laborais, os jovens colaboradores pedem que o limite semanal de horas de trabalho seja de 80 horas, ou seja, 16 horas diárias.

Noventa e oito horas de trabalho por semana, cinco horas de sono por dia. Estes são os números que ilustram a vida dos jovens analistas que trabalham no Goldman Sachs, revela um documento sobre as condições de trabalho realizado por jovens bancários no seu primeiro ano de contrato, que foi apresentando à direção do banco.

Os trabalhadores cumprem, em média, 95 horas semanais de trabalho, dormem apenas cinco horas por noite e deitam-se, regra geral, por volta das três da manhã. No relatório, os jovens colaboradores fazem alguns pedidos ao empregador, entre eles a definição de um limite semanal de horas de trabalho. O pedido é de que o trabalho se resuma a “80 horas”, o que significa 16 horas diárias.

Outro dos pedidos feitos pelos jovens analistas é que seja respeitada a política da sexta-feira à noite e do sábado, proibindo que os bancários juniores trabalhem depois das 21h de sexta-feira ou durante o sábado, sem uma exceção pré-aprovada, “visto que é o único tempo pessoal salvaguardado que temos”.

“Para dar o nosso melhor no trabalho, precisamos de estar descansados e livres de malabarismos de insuperáveis quantidades de fluxos de trabalho”, justificam os 13 analistas que participaram na elaboração do documento. Como consequência do fluxo de trabalho, os profissionais avaliam a sua saúde mental com uma classificação de 2.8 em dez pontos, e a saúde mental com uma nota de 2.3, também em dez. Antes de começarem a trabalhar no banco de investimento, estas pontuações eram de, respetivamente, 8.8 e nove pontos, representando descidas significativas.

Para os 13 analistas, o excesso de horas laborais tem consequências negativas nas relações com a família e amigos. Já 77% admite ter sido vítima de abusos no local de trabalho e 75% diz ter procurado ou considera procurar aconselhamento, terapia ou outros serviços para conseguir lidar com o stress.

“Às vezes eu não comia, não tomava banho nem fazia mais nada a não ser trabalhar de manhã até depois da meia-noite”. “O meu corpo dói-me fisicamente o tempo todo e mentalmente estou num lugar realmente escuro”. “Eu não vim para este emprego à espera de um horário das nove às cinco, mas também não esperava trabalhar sempre das nove da manhã às cinco da manhã”. “Não consigo dormir, porque os meus níveis de ansiedade estão a aumentar”. Estes são alguns dos depoimentos dos funcionários que podem ler-se no documento.

Estas experiências fazem com que a média de satisfação dos jovens que compõem o relatório na empresa seja tão baixa, de dois pontos em dez. Os inquiridos atribuem a mesma pontuação quando questionados sobre se estão satisfeitos com o equilíbrio entre vida profissional e pessoal. E, se questionados apenas se estão contentes com a sua vida pessoal, a pontuação baixa para apenas um ponto.

De acordo com a BBC, o Goldman Sachs já se pronunciou, dizendo que pretende reduzir a pressão nos seus colaboradores mais jovens, nomeadamente permitindo que a partir das 21h de sexta-feira não se trabalhe. No entanto, David Solomon, presidente executivo do banco de investimento, recorda que, “se todos fizermos um esforço adicional pelo cliente, mesmo quando sentimos que estamos a chegar ao nosso limite, podemos marcar a diferença”.

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O escritório tem futuro, maiores copas e terraços. “Bem-estar” é a palavra de ordem

O escritório do futuro é construído a pensar nos colaboradores e no seu bem-estar, que vai além de copas maiores ou terraços agradáveis. Saúde psicológica e cognitiva é fundamental.

Não há dúvida de que os escritórios não vão deixar de existir, mas também não há dúvida de que não vão voltar ser os mesmos. Com a pandemia mundial, mudaram as pessoas, as empresas e os locais de trabalho que, mais do que nunca, são construídos a pensar nos colaboradores e no seu bem-estar. Este será muito mais do que copas maiores e mais bem equipadas ou terraços mais agradáveis, mas também será isso.

“Há alguns anos que a tecnologia exercia sob os espaços de escritório uma pressão constante, que exigia que as organizações estivessem permanentemente a olhar para o que vinha a seguir e a olhar para as novas tendências. Tínhamos processos estruturados, pensados com alguma antecipação. Mas aquilo que nós tivemos agora foi uma bomba que nos caiu em cima e tivemos todos de desatar a fugir e encontrar formas de lidar com isto”, começa por dizer Rui Macalta, diretor da Steelcase em Portugal na conferência “Trabalho, esse lugar estranho”, realizada pela Pessoas, que acaba de cumprir dois anos.

Conferência “Trabalho, esse lugar estranho” - 25MAR21
Rui Malcata é diretor da Steelcase em Portugal.Hugo Amaral/ECO

“O que temos tentado é que as mudanças que estão neste momento a acontecer não sejam mudanças para uma proteção imediata, mas que possam ser aproveitadas. A pandemia vai acabar um dia e, quando isso acontecer, ninguém vai voltar igual para o escritório. Ninguém quer voltar para aquilo que era o escritório antes“, continua.

Tentar que estas mudanças, aceleradas pela pandemia, perdurem, e que passem a ser as novas dinâmicas de trabalho, exige, no entanto, um trabalho de “educação, procura e investigação” com as próprias organizações, no sentido de fazê-las entender que tipo de espaço de trabalho podem e querem ter. E, embora, cada caso seja um caso e a “personalização” seja, também, uma palavra de ordem, juntamente com a “flexibilidade”, há algo que é comum a todas: construir escritórios pensando no bem-estar das pessoas.

"A cultura da empresa é o fator número um para construir um escritório porque as empresas querem não um depósito de computadores e arquivos, querem construir geografias emocionais.”

Caetano de Bragança

Head of sustainability da JLL Portugal

Caetano de Bragança, head of sustainability da JLL Portugal, que também faz parte do painel “O futuro do escritório ou o escritório do futuro?”, considera que cada empresa tem de construir uma visão à sua medida para a forma como quer trabalhar. “As empresas têm de se perguntar quem querem atrair, quem querem reter, qual a performance de que necessitam… A cultura da empresa é o fator número um para construir um escritório porque as empresas querem não um depósito de computadores e arquivos, querem construir geografias emocionais”, refere.

Bem-estar psicológico e cognitivo

Para Caetano de Bragança, a preocupação com as pessoas aumenta. Tal como aconteceu no mercado imobiliário, os profissionais querem espaços exteriores e varandas nos escritórios, e os empregadores querem garantir que as pessoas têm acesso a coisas básicas. De acordo com um dos estudos da JLL, a baixa de produtividade está diretamente relacionada com a qualidade do ar, seguindo-se a temperatura e a qualidade acústica. Todos são elementos que nos rodeiam.

Conferência “Trabalho, esse lugar estranho” - 25MAR21
Caetano Bragança é head of sustainability da JLL Portugal.Hugo Amaral/ECO

Por outro lado, o head of sustainability da JLL Portugal recorda o objetivo da Europa em atingir a neutralidade de emissões de carbono até 2050, algo que considera que é, cada vez mais, tido em conta pelas empresas. “Tanto colaboradores como empresas já perceberam que o futuro são modelos híbridos“, afirma, salientando que esta preocupação com o planeta é, também, um fator de atração e retenção de talento.

“O bem-estar das pessoas não é só a copa ou o terraço, temos de considerar o bem-estar psicológico e o bem-estar cognitivo”, considera Rui Malcata. “Ganhámos um medo e estamos a aprender a viver com ele. É algo que vai ficar connosco. A necessidade que as pessoas vão ter no futuro de se sentirem protegidas, de que pensem nelas, vai ser um fator preponderante para a escolha de trabalhar nesta empresa ou naquela empresa”, continua.

"O bem-estar das pessoas não é só a copa ou o terraço, temos de considerar o bem-estar psicológico e o bem-estar cognitivo.”

Rui Macalta

Diretor da Steelcase em Portugal

Embora não haja resposta para o que será o futuro dos espaços de trabalho, é desta forma que se pode começar a prepará-lo. Um coisa é certa: “Vamos continuar a ter escritórios, mas com novas preocupações”, resume João Leite Castro, sócio da Predibisa.

Os espaços sociais dentro dos escritórios são fundamentais para promover a interação humana e os momentos de convívio mas, sobretudo, para transformar a ida ao escritório em momentos de criatividade e discussão de ideias. “A vinda ao escritório vai ser completamente diferente, com dias de componentes sociais muito fortes, porque o teletrabalho tem um problema. Há um perigo enorme de perder a cultura”, alerta.

Conferência “Trabalho, esse lugar estranho” - 25MAR21
João Leite Castro é sócio da Predibisa.Hugo Amaral/ECO

Se não teve oportunidade de assistir em direto à conferência “Trabalho, esse lugar estranho”, realizada pela Pessoas, poderá assistir agora através deste link.

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Com pandemia, burla informática teve “crescimento bastante significativo”

O crescimento das burlas informáticas prende-se "com o contexto de pandemia, e também com a necessidade de esperança das pessoas", diz a ministra da Justiça.

Com a pandemia de Covid-19, que levou a que os portugueses estivessem mais tempo em casa devido às medidas para travar o contágio pelo coronavírus, o número de crimes associados à utilização de meios digitais, nomeadamente a burla informática, aumentou, revelou o ministro da Administração Interna.

Apesar de se verificar uma “generalizada redução dos tipos criminais”, nomeadamente levando a que se registassem os “mais baixos índices de criminalidade desde que existe relatório anual”, houve “alguns tipos específicos de crime que cresceram e de alguma forma associados a estes tempos”, sinalizou Eduardo Cabrita, em declarações transmitidas pelas televisões.

O país “passou a viver mais por forma digital e há um crescimento de crimes associados à utilização de meios digitais”, e particularmente crimes como burla informática, “têm um crescimento bastante significativo”, adiantou o ministro. Já a ministra da Justiça sinalizou também que tal como o país acelerou transição digital, “as organizações criminosas também”.

A “explicação para a circunstância de mais crimes, nomeadamente burlas informáticas, prende-se também com o contexto de pandemia, e também com a necessidade de esperança das pessoas”, apontou Francisca Van Dunem. “Aparecem milagreiros no espaço virtual, prometer curas, pessoas fragilizadas têm mais tendência a aderir”, notou.

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Teletrabalho “não pode ser considerado solução universal”, diz Miguel Cabrita

Na conferência "Trabalho, esse lugar estranho", da Pessoas, o secretário de Estado sublinhou que a solução do teletrabalho deve ser avaliada caso a caso, por ser uma solução mas também um risco.

Conferência “Trabalho, esse lugar estranho” - 25MAR21
Miguel Cabrita, Secretário de Estado Adjunto, do Trabalho e da Formação Profissional.Hugo Amaral/ECO

Miguel Cabrita considera que o teletrabalho “não pode ser solução universal” mas, pelo contrário, deve ser analisado caso a caso. Na abertura da conferência do segundo aniversário da Pessoas, “O trabalho, esse lugar estranho”, transmitida esta manhã, o secretário de Estado Adjunto, do Trabalho e da Formação Profissional disse que, “tal como pandemia teve efeitos desiguais, também o teletrabalho tem de ser considerado dentro de cada contexto”.

Há profissões que não são transformáveis em trabalho à distância. Esta discussão e esta estranheza aplica-se não apenas ao teletrabalho. (…) Não me parece que voltemos ao dia zero de pandemia. (….) mas este quadro de generalização pode não se manter para o futuro. Teremos provavelmente um quadro intermédio”, assinalou, acrescentando: “O teletrabalho não pode ser considerado solução universal para todos os trabalhadores e empresas. Tem potencial do ponto de vista de criação de emprego, para reduzir as deslocações, na organização do tempo e territorial, mas estas mesmas oportunidades estão ligadas a riscos quando as condições fazem com que o teletrabalho seja um obstáculo acrescido à relação de trabalho”.

Dois dos temas em cima da mesa ao longo dos últimos meses são, para o responsável, a transformação dos locais de trabalho — o que significa o trabalho e a sua relação com o espaço físico –, e a questão das qualificações e competências aos mais diferentes níveis.

“Tem havido um profundo debate na realidade de cada empresa sobre o futuro dos locais de trabalho e a forma como o trabalho é organizado. E ainda que Portugal tenha sido dos primeiros países a ter a figura do teletrabalho, desde 2003., tínhamos percentagens residuais de pessoas em teletrabalho, e no último ano, no segundo trimestre, segundo dados do INE, chegámos a ter 1 em cada 4 em teletrabalho”, detalha o responsável. Esta realidade demonstra, além de uma alteração nos hábitos e rotinas dos trabalhadores, uma “mudança radical que muito mais empresas, lideranças e trabalhadores tiveram de experimentar”.

Miguel Cabrita diz que temas como o futuro do escritório ou o desenvolvimento de competências são “absolutamente tempestivos e que têm mobilizado a atenção de todos os agentes”. Por isso, a ideia da “estranheza” do trabalho, impressa no título da conferência que comemora o segundo aniversário da Pessoas, é atual. “Esta ideia do lugar estranho, o sentimento em que nos encontramos neste momento, vem da estranheza que sentimos quando vemos a rapidez das mudanças, a sua profundidade, o que está a acontecer e as exigências”, assinala o secretário de Estado.

Para Miguel Cabrita, a “ideia de estranheza” está ligada ao último ano que vivemos. Para o secretário de Estado, a pandemia “não trouxe coisas inteiramente novas — a não ser as questões de saúde pública — mas uma aceleração muito grande de tendências de mudança”.

Conferência “Trabalho, esse lugar estranho” - 25MAR21
Miguel Cabrita, Secretário de Estado Adjunto, do Trabalho e da Formação ProfissionalHugo Amaral/ECO

Além do teletrabalho, outra dimensão na discussão sobre o trabalho à distância tem sido o trabalho através de plataformas digitais, “associado muitas vezes a plataformas de entrega de alimentos ou outro tipo de bens, ou de motoristas em plataformas”. Todos estes temas, adiantou o secretário de Estado, têm sido debatidos ao longo dos últimos meses e, durante 2020 ganharam maior relevância. “Temos de a prosseguir (a discussão) na ótica das políticas públicas”. As balizas destas dinâmicas serão, concluiu, apresentadas “nos próximos dias” através da divulgação do Livro Verde do Futuro do Trabalho, documento que será conhecido nos próximos dias.

Esta segunda-feira, o Presidente da República promulgou o diploma que considera o teletrabalho obrigatório até ao fim deste ano. “Atendendo aos motivos sanitários invocados, apesar das óbvias limitações que podem resultar para entidades coletivas de trabalhadores e empresários, o Presidente da República promulgou o diploma do Governo que prorroga até 31 de dezembro de 2021 o regime excecional e transitório de reorganização do trabalho e de minimização de riscos de transmissão da infeção da doença Covid-19 no âmbito das relações laborais”, lê-se no comunicado divulgado no site da Presidência da República.

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Agências de viagens pedem continuação dos apoios e regras claras para reabertura

  • Lusa
  • 30 Março 2021

"Temos de continuar com um sistema de apoios, que será apenas coerente e apenas minimamente justo se continuar", disse o presidente Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT).

O presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), Pedro Costa Ferreira, defendeu esta terça-feira a continuação dos apoios às empresas no momento da retoma, que será “crítico”, e pediu regras claras para a reabertura.

“O momento da retoma é efetivamente o momento mais crítico do ponto de vista da tesouraria. […] Temos de continuar com um sistema de apoios, que será apenas coerente e apenas minimamente justo se continuar, e permitirá que os anteriores apoios não caiam em saco roto”, disse Pedro Costa Ferreira, que foi ouvido pelos deputados da comissão eventual para o acompanhamento da aplicação das medidas de resposta à pandemia.

Na opinião do responsável, é necessário regras claras para a reabertura da atividade, bem como a harmonização das restrições às viagens, para que o setor do turismo consiga ser o “motor” da recuperação económica.

Estamos a complicar muito as questões relacionadas com a retoma, mantemos uma produção legislativa muito grande, mantemos declarações de ministros infelizes, como foi agora a do ministro da Administração Interna”, apontou o presidente da APAVT, referindo-se à decisão de alargar até 15 de abril a suspensão de voos com origem no Brasil e no Reino Unido.

“A nossa palavra de ordem é: vacine-se e descomplique-se”, acrescentou. Pedro Costa Ferreira sublinhou que o setor tem resistido, mas está sacrificado e vai ter “dificuldades em levantar-se”, uma vez que as empresas estão endividadas e algumas delas até tecnicamente falidas. Porém, a APAVT acredita que, com as medidas adequadas, daqui a três anos essas mesmas empresas estarão recuperadas.

Assim, a associação defende que seja desenhado um esquema de recapitalização das empresas, antes do fim das moratórias, com a fixação de um montante específico para as pequenas empresas. A APVT pretende, ainda, um modelo híbrido de saída das moratórias, com a extensão do prazo de pagamento do serviço dívida em simultâneo, e a manutenção do Apoiar Rendas durante o segundo semestre deste ano.

“Abram a economia e a sociedade sem legislar sobre se se pode pôr o cotovelo ao postigo ou o nariz fora da janela, vamos cingir-nos ao que é fundamental, para que todos possamos começar a trabalhar”, frisou o responsável.

Pedro Costa Ferreira deixou também largas críticas à decisão de não se permitir tirar o passaporte, a não ser que se comprove que existe um motivo de força maior para viajar. “Este atropelo legislativo como que banalizou a entrada na nossa vida privada”, lamentou, considerando que tirar o passaporte é um direito dos cidadãos.

Para o futuro do turismo, a APAVT espera que haja menos sazonalidade e mais território turístico, considerando ainda importante “vencer o desafio dos mercados distantes”, como o brasileiro, americano, chinês ou indiano. “Para tal, será fundamental que o ‘hub’ aéreo português se mantenha e, para isso, a TAP tem de ser manter, por um lado. Por outro lado, que avancemos com o novo aeroporto, seja onde for. […] O aeroporto é uma questão estratégica e não percebo como é que uma questão conjuntural [crise pandémica] volta a atrasar questões estratégicas. Tem de haver uma resposta no quadro da aviação, uma vez que o nosso país está muito dependente do turismo”, defendeu.

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