Bruxelas tem dois mil milhões para combater pobreza energética. Portugal é um dos alvos

  • Capital Verde
  • 30 Março 2021

Apesar de ter sido iniciado em setembro de 2020, o projeto europeu Powerpoor só vai começar as suas primeiras iniciativas em Portugal em abril de 2021.

A União Europeia quer tirar mais de 22 mil famílias da pobreza energética na Europa até 2023 e para isso lançou o projeto Powerpoor, uma iniciativa financiada pelo programa de Investigação e Desenvolvimento Horizonte 2020 com uma verba de quase dois milhões de euros.

Além de Portugal, o projeto Powerpoor vai desenvolver programas de mitigação da pobreza energética em mais sete países europeus que, juntamente com Portugal, são dos mais afetados a nível europeu, nomeadamente, Bulgária, Croácia, Estónia, Grécia, Hungria, Letónia, e Espanha.

Este valor vai ser investido no desenvolvimento de programas e modelos de apoio a cidadãos que tenham “poucas ou nenhumas condições de acesso à energia e incentivar o uso de modelos de financiamento alternativos”, tais como comunidades locais de energia, crowdfunding, crowdlending, entre outros.

Por cá, o projeto Powerpoor vai ser coordenado pela cooperativa de energia renovável Coopérnico – Cooperativa de Desenvolvimento Sustentável, através da criação de uma rede de Apoiantes de Energia e Mentores de Comunidades de Energia, mas também da organização de webinars e workshops focados na pobreza energética e nas medidas para amenizar o problema.

Apesar de ter arrancado em setembro de 2020, o Powerpoor só vai começar agora as suas primeiras iniciativas em Portugal em abril de 2021. O arranque vai acontecer quando a cooperativa Coopérnico começar a formar os primeiros Apoiantes de Energia para que se possam identificar, contactar, envolver e ajudar as primeiras famílias em pobreza energética.

“Estamos muito orgulhosos por fazer parte deste projeto. Há muito tempo que reconhecemos que o problema existe em Portugal, assim como o desconhecimento sobre esta temática combinada com uma elevada iliteracia energética na população portuguesa. Ao desenvolver o Powerpoor em Portugal pretendemos não só chamar atenção para o problema, como também formar pessoas capazes de combater o problema e ajudar o seu concidadão, o seu vizinho, o seu familiar ou o seu amigo a mitigar, aliviar ou combater a pobreza energética nas suas casas, nos seus bairros ou nas próprias comunidades locais”, afirmou, em comunicado, Nuno Brito Jorge, presidente da direção da Coopérnico.

O projeto europeu Powerpoor tem como missão implementar intervenções de eficiência energética em pequena escala e a opção por fontes de energia renováveis, com vista a aumentar a participação dos cidadãos.

Segundo os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística, referente a 2019, a pobreza energética afeta quase dois milhões de pessoas em Portugal, ou seja, cerca de 19% da população portuguesa não tem acesso ou tem acesso deficitário a serviços de energia elétrica.

Segundo o Eurostat estima-se que o cenário seja pior: 27% dos agregados familiares portugueses vivem em pobreza energética. Portugal surge em 5.º lugar da lista de países com maior fatia da população em situação de pobreza energética, logo a seguir a Chipre (22%), Grécia (23%), Lituânia (28%) e Bulgária (34%).

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Governo estima em 250 milhões impacto dos apoios sociais

  • ECO
  • 30 Março 2021

Mais de 40 milhões de euros por mês é quanto vão custar as medidas Covid aprovadas contra a vontade do Governo. Executivo volta a recorrer ao jurista e ex-assessor de Cavaco Silva.

O Governo estima que as medidas aprovadas contra a sua vontade no Parlamento para colmatar o impacto da pandemia tenham um efeito de 250 milhões de euros nas contas anuais do Estado. De acordo com o Observador (acesso pago), o impacto mensal toca os 40,4 milhões de euros.

Carlos Blanco de Morais, ex-assessor de Cavaco, fez as contas e concluiu que o apoio extraordinário para trabalhadores independentes custará 1,4 milhões de euros e para sócios gerentes outros 38 milhões de euros. Já o apoio para as famílias em teletrabalho com filhos em casa terá um custo de um milhão de euros mensais, ficando apenas por fazer a conta à extensão do período laboral e contratações de pessoal de saúde.

E onde há custo estimado, anota o jurista, “tem-se por violada a norma-travão”, refere o documento a que o Observador teve acesso, limitando ao Governo alterações orçamentais que reduzam a receita ou aumentem a despesa. E tratando-se de medidas transitórias, as alterações que introduzem “não são suscetíveis de aplicação diferida, sem mais, para o ano económico de 2022”.

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Centros de vacinação vão precisar de mais de 5.000 profissionais de saúde

  • ECO
  • 30 Março 2021

Vão ser necessários cerca de 2.500 enfermeiros, 400 médicos e 2.300 auxiliares para se avançar com o plano de vacinação que pretende passar a vacinar mais de 100 mil pessoas por dia.

Portugal já vacinou mais de um milhão de pessoas contra a Covid-19, mas o ritmo de vacinação vai acelerar. Com a chegada de mais doses das várias vacinas, vai arrancar a vacinação em massa, sendo que para isso será necessário contratar mais profissionais de saúde, sendo que a estimativa da task force aponta para a necessidade de mais de 5.000 médicos, enfermeiros e auxiliares.

De acordo com o Público (acesso pago), vão ser necessários cerca de 2.500 enfermeiros, 400 médicos e 2.300 auxiliares, nomeadamente administrativos, para se avançar com o plano de vacinação que pretende passar a vacinar mais de 100 mil pessoas por dia.

O número final de profissionais a contratar ainda está a ser calculado. Muitos destes são profissionais já trabalham no Serviço Nacional de Saúde (SNS), sendo necessário fazer contas às necessidades adicionais para que este plano de vacinação em massa possa avançar quando começarem a chegar a Portugal grandes quantidade de doses das várias vacinas já aprovadas.

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Hoje na notícias: Vacinação, alunos e radares

  • ECO
  • 30 Março 2021

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

Para a campanha de vacinação em massa estima-se que seja necessário contratar mais de 5.000 profissionais de saúde, enquanto as medidas de apoio às famílias deverão custar 250 milhões de euros aos cofres públicos. Nota ainda para os impactos da pandemia na aprendizagem dos alunos, bem como para as multas de trânsito: só com os radares, foram passadas coimas no valor de mais de 45 milhões de euros em 2020.

Centros de vacinação vão precisar de mais de 5.000 profissionais

Para a campanha de vacinação em massa, a iniciar-se em abril, serão precisos cerca de 2.500 enfermeiros, 400 médicos e 2.300 auxiliares. Um total de 5.200 profissionais, segundo as estimativas da task force que coordena o processo de imunização em Portugal. Para assegurar um ritmo mais rápido de vacinação, que permita que se vacinem mais de 100 mil pessoas por dia, serão precisos mais profissionais, embora fonte da task force adiante que os cálculos que permitirão saber quantos serão precisos ao certo ainda estão a ser efetuados. Leia a notícia completa no Público (acesso pago)

Uma em cada cinco empresas dá cortes no emprego como permanentes

Um inquérito do Banco Europeu de Investimento (BEI) adianta que uma em cada cinco empresas em Portugal antecipa uma redução permanente no emprego. Porém, no setor dos serviços o impacto será ainda maior, com um terço das empresas a esperar este desfecho. O estudo mostra ainda que tanto em Portugal, como na União Europeia, 21% das empresas dizem esperar essa mesma redução permanente nos níveis de emprego. Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago)

Governo estima em 250 milhões impacto dos apoios sociais

O Governo voltou a recorrer ao antigo assessor de Cavaco Silva, Carlos Blanco de Morais, para analisar as alterações aos decretos-lei das medidas de apoio às famílias, trabalhadores independentes, sócios gerentes e profissionais de saúde. Em causa voltava a estar a violação da lei-travão, com o Governo a estimar mesmo em 40,4 milhões de euros o impacto mensal provocado pelas alterações, aprovadas por todos os partidos exceto o PS na Assembleia da República, e em 250 milhões euros o seu impacto anual. Leia a notícia completa no Observador (acesso pago)

Radares “caçam” mais de 45 milhões de euros em multas

Em Portugal, mais de 764 mil condutores foram identificados em excesso de velocidade em 2020, um aumento de 14,5% face a 2019, de acordo com um relatório da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR). Para além de ter sido o único tipo de infração a ter registado um aumento em 2020, rendeu multas de valor total de 45,8 milhões de euros. Considerando a totalidade das infrações, estas angariaram um mínimo de 83 milhões de euros para os cofres do Estado. Leia a notícia completa no Correio da Manhã (acesso pago)

Metade dos alunos nem as competências básicas atingiu

Um estudo do IAVE — Estudo do Instituto de Avaliação Educativa concluiu que o ensino à distância trouxe consequências para os alunos, dado que cerca de metade deles não atingiu sequer as competências básicas. Uma das conclusões indica mesmo que os alunos mais velhos, de 14 anos, estão piores do que os colegas de oito anos que frequentam o terceiro ano. Face a isto, o Governo está a preparar um plano de recuperação das aprendizagens, para o qual será criado um grupo de trabalho. Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (acesso pago)

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Com aumento dos casos, Europa aperta o cerco à Covid-19 na semana da Páscoa

  • Lusa
  • 30 Março 2021

Pandemia não dá tréguas. Vários países europeus estão a enfrentar um novo aumento de casos, obrigando-os a novas medidas restritivas para tentar conter o vírus.

O receio que uma quarta vaga de Covid-19 provoque um aumento descontrolado de infeções, especialmente durante as férias da Páscoa, levou vários países europeus a considerar medidas mais restritivas para evitar também a saturação nas Unidades de Cuidados Intensivos.

Itália confinada na semana Santa

Itália contabilizou 417 mortes devido à Covid-19 nas últimas 24 horas e a pressão hospitalar aumentou, enquanto 12.916 novas infeções foram registadas, menos em comparação com os últimos dias devido a menos testes realizados, segundo o Ministério da Saúde.

O número de óbitos em Itália desde o início da emergência sanitária, em fevereiro do ano passado, subiu para 108.350, num total de 3.544.957 infeções.

Quanto às restrições para evitar a propagação do vírus, a partir de hoje 10 regiões italianas estão na zona “vermelha”, aquela com maiores restrições, e assim vão continuar para os três dias festivos da Semana Santa, 03, 04 e 05 de abril, quando todo o país estará em confinamento.

A indústria hoteleira italiana está indignada devido à confirmação da permissão de realizar viagens ao exterior durante essa semana, enquanto o país está praticamente confinado com as atividades encerradas e a proibição de circulação entre regiões.

“Não posso sair da minha cidade, mas posso voar para as ilhas Canárias. É um absurdo que 85% dos hotéis italianos se vejam obrigados a permanecerem encerrados”, indicou Bernabò Bocca, presidente da Federalberghi, a associação que reúne os hoteleiros do país, numa entrevista hoje ao jornal Corriere della Sera.

França: Setor da Saúde pede um “verdadeiro confinamento”

A saturação nas Unidades de Cuidados Intensivos em França tem levado o setor da saúde a levantar a voz para exigir ao Presidente da República, Emmanuel Macron, um “verdadeiro confinamento” que permita reduzir a pressão a que estão submetidos.

Enquanto aguardam que a estratégia de vacinação se traduza numa desaceleração da epidemia, a sua constatação é clara: sem medidas mais restritivas, só terão a opção de transferir pacientes para regiões menos afetadas, abrir novas camas de reanimação ou selecionar os doentes que podem cuidar.

A taxa de incidência em sete dias chegou aos 362 casos por cada 100.000 habitantes, muito acima do nível de alerta de 50.

Alemanha: Merkel defende restringir circulação interna

A Alemanha vai exigir, a partir da meia-noite, um teste negativo à Covid-19 para quem entre no país através da via aérea, enquanto a chanceler, Angela Merkel, defende a restrição de movimentos internos e estuda como os ministros-presidentes das regiões implementam consistentemente as medidas acordadas.

A obrigatoriedade do teste foi introduzida como resposta às muitas reservas em Maiorca, Espanha, quando as ilhas Baleares deixaram de ser consideradas como zona de risco e tem como objetivo garantir que os viajantes regressem saudáveis ao país, segundo o comissário para o Turismo do governo alemão, Thomas Bareiss.

O aumento da procura de viagens para Maiorca obrigou o Executivo a apelar à população a prescindir de viagens desnecessárias e a companhias aéreas e operadores turísticos a não oferecer voos adicionais, mas teve pouco sucesso.

A chanceler disse que uma medida estrita de limitação de movimentos da população – que até ao momento ainda não foi imposta na Alemanha – poderia ser eficaz.

Em conferência de imprensa, o porta-voz do governo, Steffen Seibert, destacou hoje que as medidas acordadas entre o governo federal e os responsáveis regionais oferecem “instrumentos eficazes” para o combate à pandemia.

Entre estas novas ferramentas, destacou o “travão de emergência” a ser aplicado a nível regional quando a incidência semanal ultrapassar os 100 novos casos por cada 100.000 habitantes: recolher obrigatório, redução de contactos e teletrabalho, que está a ser utilizado menos do que o desejado.

A incidência cumulativa na Alemanha continua a aumentar e é agora de 134,3 novos casos por 100.000 habitantes, com cerca de 211.500 casos ativos.

Espanha mantém restrições até 30 de abril

A Espanha prolongou até 30 de abril a restrição temporária de viagens não essenciais de países terceiros para a União Europeia e países associados ao espaço europeu Schengen.

O país roça o alto risco de transmissão da doença Covid-19 (mais de 150 infeções por 100.000 habitantes nos últimos 14 dias) ao aumentar a incidência média cumulativa para 149,2 casos, segundo dados oficiais publicados hoje.

O Ministério da Saúde contabilizou 15.501 infeções e 189 mortes desde sexta-feira, com o número total de contagiados a atingir os 3.270.825 desde o início da pandemia, em fevereiro do ano passado, e o total de óbitos a subir para 75.199.

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Empresários do Algarve anseiam por turistas e temem falências

  • Lusa
  • 30 Março 2021

Com poucos turistas, negócios temem que muitas empresas não consigam aguentar o inverno e abram falência até ao verão.

Os empresários do Algarve anseiam por turistas e antecipando mais um verão fraco face às restrições para conter a pandemia de Covid-19 temem que muitas empresas não consigam aguentar o inverno e abram falência.

Apesar de, para muitos, a imagem mais comum do Algarve continuar a ser o sol e a praia, são os campos de golfe que no final do inverno “abrem” a época turística da região, atraindo milhares de golfistas, sobretudo britânicos, para umas partidas no clima ameno do sul da Europa.

De há uns anos para cá este tem sido o motor que anima o tipicamente sazonal turismo algarvio durante a época baixa, mas a pandemia está a provocar um verdadeiro “desastre” no setor, já que os praticantes estão impedidos de jogar.

No Algarve estamos muito mal, porque vive só do turista golfista, são muito poucos os residentes que jogam golfe na região. Só nos primeiros três meses de 2021 são mais de 300 mil voltas de golfe que não se jogaram. É um desastre”, lamenta o administrador do Grupo Pestana para o golfe.

Em declarações à Lusa, José Matias recorda que são já “duas épocas altas do golfe sem turistas”, uma vez que em outubro do ano passado, a outra altura do ano em que os campos de golfe ficam cheios no Algarve, “também houve confinamento”.

Os cinco campos de golfe que o grupo gere na região representam 60 mil voltas não realizadas em 2021, o que equivale a perdas de dois milhões de euros, sublinha o também presidente da associação Algarve Golfe.

“O nosso agosto é agora. A época alta do golfe é no inverno, estamos na nossa época altíssima“, realça, estranhando que, com os casos a baixar na região, a modalidade “não possa ser praticada”, como “já acontece na Madeira”.

“O golfe é jogado por pessoas individuais, em campo aberto, não divide nada com o outro jogador, nem a bola, nem os tacos de golfe. Por isso, não se compreende que nós estejamos fechados e outras atividades estejam abertas”, refere.

Muitos dos residentes dos empreendimentos de golfe são estrangeiros que compraram casa para praticar a modalidade e estão “fechados em casa”, apenas podendo fazer caminhadas nos campos, como é o caso de um residente holandês que se aproxima da reportagem da Lusa para perguntar a José Matias quando poderá jogar. Mas a resposta é vaga: “Talvez a depois da Páscoa”.

Aquele responsável revela que continuam a “receber e a reagendar reservas” de ingleses, irlandês, escoceses alemães e suecos, que estão “desejosos de vir jogar golfe para o Algarve”, sublinha.

Mais perto do mar, o desalento é semelhante, com algumas empresas marítimo-turísticas em “situação muito crítica”, depois de um verão “muito curto”, sem o mercado britânico que lhe permitiria arrecadar receita para a “travessia no deserto” no inverno, aponta Carlos Viegas.

“Há empresas, neste momento, que estão com embarcações à venda, a passar dificuldades e os apoios também não são suficientes”, realça o empresário, que pertence à direção da Associação Portuguesa de Empresas de Congressos, Animação Turística e Eventos (APECATE).

A esperança agora é que o “passaporte da vacinação” possa permitir abrir os corredores aéreos e justificar a retoma da atividade, afirma, avisando que este verão “vai ser muito curto”.

Com as moratórias aos créditos a terminarem em setembro, Carlos Viegas receia que muitas empresas “não consigam aguentar” mais um inverno, depois de em 2020 apenas terem conseguiram começar a operar em julho.

Um outro empresário do setor relata à Lusa que “há muitas famílias” a viverem de seis meses de trabalho, mas que têm de fazer face aos custos quando “estão parados”, o que não se consegue com apenas “um mês ou um mês e meio de trabalho”.

No entanto, ainda tem alguma esperança para este verão: “[O] Reino Unido aqui para nós é o mundo, é tudo. Se abrirem [os corredores aéreos] e tivermos umas expectativas boas e nada de pandemias e confinamentos, eu penso que teremos um bom verão”, estima Pedro Gregório.

Já na área da restauração, o otimismo não reina e um passeio pelas ruas de Albufeira nos últimos dias de março revela uma cidade despida da habitual animação que muitos dos turistas britânicos trazem nesta altura do ano àquela que é apelidada de “a capital do turismo” no Algarve.

Na Praia da Oura, principal zona de animação da cidade, um dos bares de apoio de praia é alvo de manutenção, mas previsões para abertura, para já, “não há” e está tudo dependente da “abertura dos corredores aéreos”, diz à Lusa o proprietário.

“Estou a fazer manutenção. Não sei quando vou abrir e se não houver turismo não vale a pena abrir, porque no ano passado tive de pagar a 38 empregados durante três meses como se estivessem a trabalhar e eles em casa”, assume Jorge Brito.

O empresário revela que “nesta altura” – março e abril – as despedidas de solteiro de ingleses costumam ser uma “importante fonte de rendimento” e que chegavam a significar “mais lucro que em julho ou em agosto”.

Previsões para o verão não faz, já que na Praia da Oura, “90% da clientela é britânica”, e tudo depende da abertura, ou não, dos corredores aéreos com Portugal.

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Receitas da Altice Portugal crescem com mais clientes e vendas de telemóveis

Os resultados da Altice Portugal mantiveram-se estáveis em 2020, face ao ano anterior, amparados pelo aumento da base de clientes e vendas de telemóveis, aliados ao "rigoroso" controlo das despesas.

A Altice Portugal fechou 2020 com subidas marginais no EBITDA e nas receitas, mantendo resultados financeiros estáveis num ano marcado pelo impacto da pandemia. As contas foram amparadas pelo “aumento da base de clientes e de serviços” e “rigoroso controlo” dos custos operacionais.

Como é habitual, a empresa que detém a Meo não divulga o resultado líquido do negócio, por estar integrada num grupo maior, a Altice Europe, cotado na bolsa de Amesterdão. No entanto, a empresa indica, ainda assim, que os lucros antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) subiram 0,2% no ano passado, para 833,6 milhões de euros, enquanto as receitas aumentaram 0,5%, para 2.121,2 milhões de euros. É a primeira subida desde que Alexandre Fonseca está aos comandos da empresa.

O desempenho da Altice Portugal foi mais significativo no último trimestre, marcado pela recuperação de algumas rubricas de receita. Entre outubro e dezembro, a empresa viu as receitas crescerem 2,7% face ao período homólogo, para 558,3 milhões de euros.

“Nesta recuperação, o crescimento das vendas de equipamentos, principalmente telemóveis, o retorno da receita de conteúdos premium desportivos e o ligeiro aumento das receitas de roaming foram fundamentais”, destaca a empresa num comunicado.

Meo ganha 29,5 mil clientes em 2020

O segmento de consumo da Altice Portugal cresceu 0,4% em receitas, voltando “à trajetória de crescimento sustentado, após a recuperação iniciada em 2018”. “A expansão continuada da sua base de clientes, aliada ao controlo dos desligamentos, potenciada pela cobertura em fibra e pela oferta de serviços convergentes, foram fatores determinantes para este desempenho”, informa a empresa.

Do ponto de vista operacional, a Meo, marca da Altice Portugal para o segmento de consumo, viu o número de clientes únicos aumentar 29,5 mil em 2020. A Altice Portugal conseguiu ainda, em 2020, 169,8 mil adições líquidas nos serviços fixos, enquanto o negócio móvel pós-pago alcançou 196,5 mil adições no ano em análise.

No segmento empresarial, que inclui os serviços prestados a empresas, o negócio grossista de telecomunicações e as demais unidades de negócio do grupo, as receitas cresceram 4,1% em 2020.

“O notável desempenho operacional foi novamente demonstrado pela crescente base de clientes quer nos serviços fixos, quer nos serviços móveis, resultando da dinâmica, da resiliência e da sustentabilidade da atividade operacional dos segmentos de consumo e serviços empresariais”, indica a Altice Portugal. “Para este desempenho, contribuiu também o foco na qualidade de serviço ao cliente, a resiliência e segurança das redes e o alargamento do portefólio de serviços”, sublinha.

Em 2020, a empresa também reforçou o investimento. O capex aumentou 6,9%, para 465,7 milhões de euros, um “valor recorde”. A empresa fechou o ano com um total de 5,6 milhões de casas passadas com esta tecnologia.

Fonseca vê um dos “piores contextos de que há memória”

Numa mensagem que acompanha os resultados da Altice Portugal, o presidente executivo, Alexandre Fonseca, admite ver um dos “piores contextos socioeconómicos de que há memória”, devido à pandemia, que continua “sem fim à vista”. Mas o cenário não é melhor no setor das telecomunicações em concreto, pois “está envolto num ambiente regulatório conturbado e hostil, com consequências imprevisíveis, ao mesmo tempo que se inicia um novo ciclo nas comunicações” com a chegada do 5G.

“Agudiza-se um contexto manifestamente difícil, diretamente relacionado com o ambiente regulatório adverso, hostil e imprevisível imposto pela Anacom, resultando em profundas alterações no mercado, causadas pelos benefícios injustificados aos novos entrantes e pelo desequilíbrio artificial de mercado daí resultante, com consequências imprevisíveis para o setor, para os clientes e para a economia em geral”, refere.

Para o gestor, “a destruição de valor que a atual postura regulatória está a gerar é de tremenda gravidade, pondo em causa não apenas a sustentabilidade do setor das comunicações e o investimento desta indústria no país, mas também colocando sérios riscos na capacidade de inovação, no emprego e no posicionamento de Portugal na Europa, numa área tão relevante para o futuro e competitividade” da economia portuguesa.

“Desta forma, estão igualmente em causa a manutenção dos nossos compromissos com o país na inovação e investimento, os fundamentais investimentos no 5G, a melhoria da qualidade e alcance das nossas redes, ou ainda o âmbito dos serviços disponibilizados às famílias e empresas nacionais”, avisa Alexandre Fonseca.

Ainda assim, destacando que as redes de comunicações atuais se mostraram resilientes, mesmo com a subida acentuada do tráfego em resultado do trabalho e do ensino à distância, Alexandre Fonseca aponta que “o rigor financeiro, a capacidade de adaptação, a agilidade e resiliência permitiram manter o ritmo de crescimento ao longo de 2020”. Atribui, por isso, o desempenho da Altice Portugal no ano da pandemia ao “rigoroso controlo de custos”, mas também ao aumento da base de clientes de consumo e empresariais.

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Mais de 1.280 condutores ficaram sem carta de condução

  • Lusa
  • 30 Março 2021

ANSR indica que 1.715 condutores têm zero pontos no título de condução, dos quais 1.608 já têm o processo instruído.

Mais de 1.280 condutores ficaram sem carta de condução desde a entrada em vigor do sistema “carta por pontos”, em 2016, e 1.715 perderam a totalidade dos pontos, revelou hoje a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR).

O relatório de sinistralidade e fiscalização rodoviária relativo a 2020, hoje divulgado pela ANSR, avança que desde a entrada em vigor do sistema de carta por pontos um total de 1.284 condutores viram o seu título de condução cassado, tendo sido 2019 o ano em que mais automobilistas ficaram sem carta (491), seguido de 2018 (359) e 2020 (354).

Segundo o relatório, no ano em que entrou em vigor a carta por pontos, junho de 2016, foram cassadas 16 cartas e, em 2017 foram 64.

A ANSR indica que 1.715 condutores têm zero pontos no título de condução, dos quais 1.608 já têm o processo instruído.

A Segurança Rodoviária precisa que 671 desses 1.608 encontram-se na fase de audição da intenção de cassação do título de condução e 937 encontram-se na fase de notificação da decisão final de cassação do título de condução.

De acordo com o documento, estão em fase de instrução 107 processos.

Após a subtração da totalidade dos pontos, o condutor só fica sem a carta de condução depois de ter sido instaurado um processo autónomo administrativo e de ter sido efetivada a notificação da cassação, desde que não seja impugnada judicialmente.

O relatório mostra também que 242.241 condutores perderam pontos na carta de condução.

No sistema da Carta por Pontos são atribuídos ao condutor 12 pontos, que aumentam ou diminuem em função das infrações, ficando o automobilista sem a carta de condução, após ter perdido a totalidade dos pontos.

Depois da cassação do título, estes automobilistas vão ficar inibidos de conduzir durante dois anos e têm de tirar novamente a carta.

Segundo a ANSR, 164.318 condutores perderam 10 pontos, 1.996 ficaram sem nove pontos, 34.531 perderam oito e 3.520 ficaram sem sete.

Os dados mostram que 32.431 automobilistas perderam seis pontos, estando a metade dos pontos de ficar sem carta, 195 ficaram sem cinco pontos e 1.531 perderam quatro.

A ANSR indica ainda que, a 115 condutores, foram subtraídos três pontos e dois pontos a 448.

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Destinos proibidos tiram uma centena de voos à TAP até 15 de abril

Voos diretos do Reino Unido e Brasil continuam vedados, pelo menos, mais duas semanas. Empresa admite que "qualquer restrição à mobilidade em mercados onde a TAP opera tem impacto na atividade".

As companhias aéreas vão continuar, pelo menos mais 15 dias, impedidas de voar diretamente entre Portugal e o Brasil ou Reino Unido devido à pandemia. A TAP — empresa para a qual o mercado brasileiro é um dos com maior peso — tinha 50 voos planeados por semana, no mês de abril, para estes dois destinos e admite que a decisão tem “impacto na atividade”.

“As restrições legais à mobilidade das pessoas e ao tráfego aéreo, em vigor a cada momento, condicionam a realização de voos. Qualquer restrição à mobilidade em mercados onde a TAP opera tem impacto na atividade da companhia“, confirma fonte oficial, ao ECO, sublinhando que “a TAP sempre cumpriu e continuará a cumprir todas as determinações e recomendações das autoridades, nacionais e internacionais, e a elas adapta a operação prevista”.

Todos os voos, comerciais ou privados, dos aeroportos ou aeródromos de Portugal continental, com origem ou destino no Brasil e no Reino Unido continuarão suspensos até 15 de abril, como refere o despacho publicado esta segunda-feira em Diário da República. Voar diretamente não é possível (prolongando-se uma proibição que se esperava que terminasse no fim de março) e, se a viagem for feita através de escalas, é necessário apresentar um teste negativo ao novo coronavírus e ficar em quarentena.

O plano de voos da TAP para o segundo e terceiro trimestres, a que o ECO teve acesso, aponta para 15 travessias semanais entre Lisboa e Londres em abril (um número que iria subir para 19 por semana em maio e 21 nos meses seguintes). A estes acrescem quatro voos por semana entre Porto e Gatwick. De Lisboa para os aeroportos britânicos de Gatwick ou Manchester não havia ainda marcações para abril.

Para os diversos aeroportos no Brasil, a TAP iria voar, em abril, para Brasília, Belo Horizonte, Fortaleza, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo num total de 31 voos por semana. São Paulo e Rio de Janeiro eram os destinos com mais oferta: oito e sete, respetivamente. No que diz respeito às rotas que ligam Lisboa a Belém, Maceió, Natal ou Porto Alegre bem como entre Porto e São Paulo, a TAP estava já a contar com o impacto da pandemia e não estava a planear qualquer voo em abril ou maio.

"A TAP sempre cumpriu e continuará a cumprir todas as determinações e recomendações das autoridades, nacionais e internacionais, e a elas adapta a operação prevista. Qualquer restrição à mobilidade em mercados onde a TAP opera tem impacto na atividade da companhia.”

Fonte oficial da TAP

Pelo menos na primeira quinzena de abril estes voos não se deverão realizar e não é certo que a medida não volte a ser estendida por mais tempo já que estas restrições — que pretendem limitar a disseminação de novas estirpes do coronavírus — têm sido alvo de sucessivos prolongamentos. As exceções são voos de “natureza humanitária”, como repatriamentos. No caso do Reino Unido, mesmo que Portugal o venha a permitir antes, as autoridades britânicas têm imposta uma proibição de viagens ao estrangeiro até 17 de maio.

A TAP está a ajustar a oferta consoante o desenvolvimento da pandemia e tem voado abaixo da capacidade disponível (medida através do indicador ASK, que conjuga o número de lugares face aos quilómetros percorridos). As projeções da companhia são de que a percentagem da capacidade, face a igual período de 2019, se situe em menos 61% em abril, menos 58% em maio e menos 45% em junho. A partir de julho a recuperação estabiliza, com uma quebra de 33%, que irá manter-se nos mesmos níveis até outubro.

Além do ajuste no número de voos, a companhia aérea está igualmente a repensar as rotas. Para o verão irá reforçar os voos para destinos como a Madeira e Cabo Verde, bem como criar novas rotas para a Europa e para África. Em agosto, mês de maior afluência turística, estão planeados 879 voos por semana, num total de 100 rotas (incluindo oito nacionais). Uma das principais novidades é a rota direta para a cidade mexicana de Cancún, que arrancou no último fim de semana de março e continuará nos próximos meses com três voos semanais.

“Ao longo dos próximos meses, a TAP vai repor gradualmente a sua operação, ainda que com uma recuperação lenta devido aos constrangimentos legais que existem atualmente à mobilidade das pessoas e aos tráfego aéreo”, anunciou aquando da apresentação do plano para o verão, na semana passada. “A TAP acompanha em permanência a evolução dinâmica da pandemia e os seus impactos operacionais e a lista de rotas e voos disponível em sistema de reservas será ajustada sempre que as circunstâncias o exijam”.

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5 coisas que vão marcar o dia

Mário Centeno fala de moratórias no Parlamento. Ex-diretor do Banco de Portugal é ouvido na comissão de inquérito ao Novo Banco. DGS atualiza campanha de vacinação em Portugal.

O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, vai ao Parlamento por causa das moratórias. A comissão de inquérito ao Novo Banco vai inquirir Vasco Pereira, ex-diretor do departamento de supervisão prudencial do Banco de Portugal. A Direção-Geral de Saúde (DGS) faz nova atualização da campanha de vacinação contra a Covid-19. O Instituto Nacional de Estatística (INE) publica os inquéritos de conjuntura às empresas e aos consumidores e mais uma bateria de indicadores. A dona da Meo anuncia os resultados de 2020.

Centeno ouvido sobre moratórias

Moratórias de crédito no valor de 3,7 mil milhões de euros vão expirar agora no final de março. Ao todo, os bancos tinham mais de 45 mil milhões de euros de crédito com prestações suspensas, uma “dimensão significativa” e que preocupa as autoridades. O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, vai ao Parlamento a pedido do Bloco sobre o assunto. Centeno disse na sexta-feira que Portugal não pode ficar isolado na Europa sendo o único país com moratórias quando elas acabarem. A audição tem lugar depois das 16h00.

Prossegue inquérito ao Novo Banco

A primeira fase de audições da comissão de inquérito ao Novo Banco prossegue. Já foram ouvidos ex-responsáveis do Banco de Portugal e do BES. Esta terça-feira os deputados vão inquirir Vasco Pereira, ex-diretor do departamento de supervisão prudencial do Banco de Portugal. Segundo Pedro Duarte Neves, ex-vice-governador do supervisor, foi Vasco Pereira quem não lhe submeteu uma nota produzida internamente em 2011 e onde constavam alertas sobre a complexidade do GES que dificultava a sua fiscalização.

Quantas vacinas já foram administradas em Portugal?

O número de pessoas que já tomaram uma dose da vacina chegou aos 942.825, dos quais 471.204 já têm a vacinação completa, de acordo com os dados revelados há uma semana. A DGS faz nova atualização da campanha de vacinação esta terça-feira depois da “pausa” por causa das dúvidas em torno da vacina da AstraZeneca que a Agência Europeia do Medicamento assegurou que a vacina é “segura”. Costa garantiu este fim de semana que a vacinação vai acelerar este mês.

INE publica bateria indicadores

O INE publica os inquéritos de conjuntura às empresas e aos consumidores, com dados relativos a março de 2021. O gabinete de estatísticas atualiza mais uma série de outros indicadores: índices de produção industrial (fevereiro de 2021); índice de volume de negócios, emprego, remunerações e horas trabalhadas no comércio a retalho (fevereiro de 2021).

Altice publica resultados e dá conferência

A Altice Europa (dona da operadora Meo em Portugal) apresenta os resultados do ano passado e ao início da tarde realiza a habitual conferência com analistas. O evento surge numa altura em que Patrick Drahi tem em curso uma oferta pública de aquisição para comprar os 22% da empresa que fundo e ainda não controla.

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Subida dos apoios sociais obriga a retificativo? Só as Finanças sabem

É mais um braço de ferro entre o Governo e a AR por causa da polémica norma-travão da Constituição. Especialistas em finanças públicas dizem que só os Finanças sabem se viola ou não teto da despesa.

A norma-travão da Constituição da República Portuguesa é dos pedaços de legislação que mais fricção causa entre o Governo e o Parlamento. O tema ganhou importância nos últimos anos uma vez que o Governo é minoritário e que se formam geometrias variáveis da Assembleia da República quando a esquerda e a direita se unem contra o PS. O tema voltou outra vez a estar em cima da mesa com a aprovação de alterações aos apoios sociais que vão implicar mais despesa pública. Os especialistas em finanças públicas dizem ao ECO que só o Ministério das Finanças tem a informação necessária para dizer se há ou não cabimento orçamental e que, no final das contas, a decisão é política.

Não há seguramente uma resposta económica objetiva para a questão que colocou“, responde Rui Nuno Baleiras, coordenador da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO), ao ECO, quando questionado sobre se a alteração dos três diplomas — a principal mudança é a fórmula de cálculo do apoio dirigido aos trabalhadores independentes, o qual aumentaria — por parte dos deputados viola a norma-travão e se, violando, obrigará a um Orçamento Retificativo. O especialista em finanças públicas considera que a “chave” para esta questão está na interpretação da palavra “previstas” definida na norma-travão.

Já Paulo Trigo Pereira, ex-deputado do PS e especialista em finanças públicas, diz ao ECO que se trata de uma “clara violação da norma-travão”, a qual “não tem sido levada a sério em Portugal, nomeadamente pelos parlamentares”, e que é um dos fatores que explica as sucessivas crises das finanças públicas no país. Para o professor do ISEG, há inconstitucionalidade independentemente de ter ou não cabimento orçamental. Quanto a isso, “poderá haver margem, mas tem de ser visto com a globalidade do Orçamento” pelo Ministério das Finanças. “O exercício orçamental é sempre muito complexo e muito abrangente”, argumenta.

A Constituição define que “os Deputados, os grupos parlamentares, as Assembleias Legislativas das regiões autónomas e os grupos de cidadãos eleitores não podem apresentar projetos de lei, propostas de lei ou propostas de alteração que envolvam, no ano económico em curso, aumento das despesas ou diminuição das receitas do Estado previstas no Orçamento“. As previsões são feitas logo quando o Governo entrega a proposta de Orçamento no Parlamento e, mesmo com a introdução de novas alterações durante a fase de especialidade, os tetos de despesa não costumam ser aumentados ou reduzidos.

Ou seja, presume-se que o Executivo parte para o processo com uma folga, apesar de esta não ser pública. “Saber se a norma-travão é violada ou não ex ante [antes da aplicação do que é aprovado pela AR] exige um domínio de informação que não está disponível“, argumenta Rui Nuno Baleiras, assinalando que só as Finanças podem chegar à resposta — o Expresso noticiou que o Governo estima um custo mensal de 38 milhões de euros com as alterações relativas ao apoio dos trabalhadores independentes. Além disso, em última análise, o coordenador da UTAO considera que a questão é se existe ou não “vontade política” para executar estas medidas de política, admitindo que existem custos de oportunidade, seja descartar outras despesas ou ter um défice maior do que o estimado.

Porém, Trigo Pereira considera que não há dúvidas de que se trata de uma violação da norma-travão dado que a alteração à lei vai aumentar a despesa pública face ao legislado no OE 2021, tal como o Presidente da República admite na justificação da promulgação. A interpretação de Marcelo “é muito criativa”, adjetiva o professor de finanças públicas, referindo-se à frase em que o Presidente diz que “os diplomas podem ser aplicados, na medida em que respeitem os limites resultantes do Orçamento do Estado vigente”. Para o ex-deputado do PS a questão deve ser resolvida em sede orçamental, ou seja, com um Orçamento Retificativo — altura em que a AR é “soberana em termos orçamentais” –, o qual considera inevitável dada a alteração do cenário macroeconómico.

Tanto há razões que podem levar o Governo a dizer que não tem como acomodar esta despesa adicional como há argumentos para se dizer que tem. Por um lado, o Executivo já teve de disponibilizar mais apoios à economia do que o previsto por causa do segundo confinamento (que tem impacto no PIB e, por isso, na receita pública), o qual não estava nos planos do OE 2021, como já admitiu o ministro das Finanças. Acresce que há bastante incerteza sobre a evolução da pandemia e, por isso, sobre quanto tempo irão durar as medidas atuais e qual o universo de beneficiários abrangidos, o que tem impacto no nível de despesa a executar.

Por outro lado, o Ministério das Finanças até tem um ponto de partida mais favorável uma vez que o défice de 2020 ficou em 5,7%, em vez dos 7,3% estimados em outubro do ano passado, o que facilita a redução para 4,3% como previsto no OE2021. Acontece que estes números já estão desatualizados por causa do segundo confinamento e João Leão já admitiu que o défice a apresentar no Programa de Estabilidade até 15 de abril será maior (e, portanto, a sua redução face a 2020 será menor), pelo que essa folga foi “consumida” pela realidade.

Mas Leão ainda tem uns trunfos que o próprio controla: além das cativações (ainda tem de publicar o decreto de execução orçamental que define a proporção destas), o ministro mais do que duplicou as dotações centralizadas (mais 796 milhões face a 2020) no OE2021, entre as quais estão 500 milhões apenas para despesas imprevistas com a pandemia, à qual pode recorrer, para lá da dotação provisional e reserva orçamental que tem todos os anos num total de mil milhões de euros. Estes são “amortecedores” que podem evitar que esta despesa adicional signifique uma violação do teto de despesa previsto no OE 2021, mas tal depende da gestão orçamental do Governo.

Se se confirmar que a despesa adicional é de 34 milhões por mês, esta poderá ser uma “gota” no “oceano” de despesa pública prevista para 2021 de um total de 100 mil milhões de euros. Até ao momento, o ministro das Finanças tem recusado a ideia de que é necessário um Orçamento Retificativo, apesar de não excluir esse cenário. A evolução da pandemia e o ritmo de recuperação económica, assim como as dúvidas relativas à injeção no Novo Banco sem recorrer a uma retificação do OE, deverão ditar se haverá ou não uma segunda versão do OE 2021, a qual implicará uma nova ronda de negociação parlamentar.

O ECO questionou o Ministério das Finanças sobre este tema, mas não obteve uma resposta até à publicação deste artigo.

Recorde-se que as discussões sobre a norma-travão têm sido frequentes com o Governo a ameaçar enviar decretos do Parlamento para o Constitucional, tal como acontece neste caso. No ano passado, o Executivo disse o mesmo relativo ao Orçamento Suplementar, dizendo, na prática, que apenas o poder executivo poderia aumentar a despesa ou reduzir a receita. Contudo, entre os constitucionalistas a questão criou divisão e o Suplementar acabou por ser aprovado com várias medidas dos partidos (e não do Governo) com impacto orçamental, sem o Executivo concretizar a ameaça de recorrer ao Palácio Ratton.

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Marcelo contrariou Costa ao promulgar apoios sociais. É episódio “banal”, mas que sinaliza maior “autonomia”

Promulgação de apoios sociais contra vontade do Governo é episódio pouco significativo, mas pode representar maior autonomia e mesmo uma "reinterpretação da função presidencial", dizem politólogos.

O Presidente da República promulgou os apoios sociais aprovados no Parlamento à revelia do PS, depois de o Governo ter tentado impedir as mudanças, por argumentar que violavam a norma travão, que impede a Assembleia da República de aumentar a despesa orçamentada. O que é que este passo significa na relação entre Marcelo e Costa? Para os politólogos ouvidos pelo ECO, é um episódio “banal”, mas mostra sinais de que o Presidente vai assumir uma postura mais “autónoma” e “reguladora do sistema político”. Poderá ainda representar uma “reinterpretação da função presidencial”.

Para o politólogo José Adelino Maltez, “tanto a relação entre Governo e Presidente quanto entre Governo e Parlamento, é o banal da separação de poderes”, diz, ao ECO. A situação é assim natural, já que “o Governo chora sempre a dizer que está a lutar contra a dívida e Parlamentos dão sempre tudo, de vez em quando há uma coligação negativa”, aponta.

Neste contexto, há ainda a agravante de ser durante uma pandemia, que “alterou completamente os planos da pólvora”. Mas, mesmo “com a chegada de um tempo novo, é o eterno bailado entre poderes separados e interdependentes”, reitera. Para além disso, o politólogo relativiza a questão da lei travão, apontando que é algo “muito flexível”, pelo que “estamos a jogar com metáforas” nas questões financeiras.

“Temos de situar isto no quanto é, portanto é fazer considerações relativas”, nomeadamente por exemplo ao “dividir auxílios a TAP por esta verba, quantas vezes dá”, salienta. Os estudos do Governo apontavam para que a mudança nas medidas de apoio social representa cerca de 38 milhões de euros por mês.

António Costa Pinto também reitera que, “enquanto episódio, não representará nada de especial, tendo em vista o escasso impacto orçamental e conjuntura de apoio generalizado à economia”, ao ECO. É uma “medida pontual e não tem impacto a longo prazo”, ou seja, não põe em causa os próximos orçamentos, “tem impacto imediato e singular”, sinaliza o politólogo.

O Presidente “limitou-se no fundamental a dizer a Governo que pode tomar ele iniciativa de recorrer ao Tribunal Constitucional e sendo Governo minoritário terá que fazer mais esforço para evitar coligações negativas”, dando assim a nota de que “compromissos parlamentares são fundamentais”, explica Costa Pinto.

Adelino Maltez aponta que a promulgação “tem a sua justificação”, sendo que o Presidente “sabe fazer muito bem justificações e Governo sabe fazer fintas a processo”. Na nota, Marcelo admite que os diplomas “implicam potenciais aumentos de despesas ou reduções de receitas”, mas sublinha que são “de montantes não definidos à partida, até porque largamente dependentes de circunstâncias que só a evolução da pandemia permite concretizar”.

O Presidente aponta ainda que cabe ao Governo a decisão de suscitar um “pedido de fiscalização sucessiva da constitucionalidade”, apelando no entanto para entendimentos políticos que impeçam alguma crise.

Apesar de a situação em si não ser significativa, também “expressa que, numa conjuntura de segunda fase do último mandato deste Governo, que é minoritário”, o Presidente “tem não só mais poder como mais poder regulador”, nota Costa Pinto. “Será essa a natureza da relação entre Presidente e Governo, tem a ver com a natureza da conjuntura política, o Presidente ficará cada vez mais autónomo em relação ao Governo”.

Isto não quer, contudo, “dizer que o Presidente possa ser ator de crise”. Já o primeiro-ministro salientou, esta segunda-feira, em reação à mensagem de Marcelo Rebelo de Sousa, na promulgação dos apoios, que alertava para a necessidade de entendimentos para evitar uma “crise”, que não acredita “que haja qualquer crise política no horizonte”.

Assim, nesta fase em que o Governo vai “a caminho de esgotamento do segunda mandato, é natural que o Presidente cada vez mais seja regulador do sistema político”. Um Chefe de Estado que, embora continue a manter a “estabilidade governamental, se manifeste mais autónomo” face ao Executivo, sublinha Costa Pinto.

Já para Pedro Adão e Silva, este episódio pode mesmo corresponder a uma “reinterpretação da função presidencial neste momento”, segundo aponta ao ECO. Esta função é de garantir o cumprimento da Constituição, nomeadamente a separação de poderes, mas a situação “sugere que o Presidente quer juntar função a ser um contra poder”.

Isto porque a promulgação dos apoios “implica uma interpretação diferente desde logo de norma travão”, que o “próprio Presidente na nota dá conta disso”. Desta forma, Marcelo, “na tensão entre garantir cumprimento da constituição e funcionar como contrapoder, desta feita, escolheu a segunda opção”, reitera o analista político.

Para Adão e Silva, a decisão “tem várias consequências, uma sobre prioridade ao rigor orçamental”, nota. Mas “talvez a principal consequência é dificuldades que cria a Portugal, abrindo precedente, a governos minoritários”, aponta, questionando como é possível “governar em minoria sem assistência da norma travão”.

O politólogo sublinha ainda que poderá existir nesta decisão uma questão “de má consciência e pecado original”, devido à “ideia de que podíamos começar a legislatura sem ideia de compromisso” para apoio ao Governo. Já a “má consciência” deriva de ser “tarde que o Presidente alertou para o problema”, considera.

Como Costa Pinto também destacou, o Presidente “apelou também a que, no fundo, o Governo tente negociar mais no Parlamento justamente a legislação de exceção”, sendo que a viabilidade “é exercício obrigatório que terá de fazer para o Orçamento”. O apelo de Marcelo foi à “negociação com parceiros de Parlamento, que asseguram viabilidade”, numa situação “sem acordos estáveis de governação”, concluiu Adão e Silva.

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