Se aprovação do OE for “impossível”, Marcelo inicia de imediato processo de dissolução do Parlamento

Presidente da República diz que "ou há Orçamento ou não há Orçamento" e que, no segundo caso, irá avançar "logo a seguir" para o processo de dissolução da Assembleia da República.

O PCP anunciou esta segunda-feira que vai votar contra o Orçamento do Estado para 2022 (OE2022), juntando-se, assim, ao Bloco de Esquerda, o que ditará o chumbo da proposta apresentada pelo Governo. Marcelo Rebelo de Sousa já reagiu, afirmando que, caso isso aconteça, avançará imediatamente com a dissolução da Assembleia da República, tal como já tinha equacionado este domingo.

“Acabei de tomar conhecimento dessa declaração [do sentido de voto do PCP]. Vou refletir sobre ela no sentido de que, até ao momento da votação [esta quarta-feira] é sempre possível, penso eu, continuar a falar e construir o que é desejável e esperado. Essa é a minha expectativa e o meu desejo. Se isso não for possível, é a dissolução”, afirmou o Presidente da República hoje, em declarações aos jornalistas transmitidas pela RTP3.

Até quarta-feira, dia em que o OE2022 é votado na generalidade do OE2022, Marcelo vai “ponderar serenamente” e “perceber o estado de espírito dos diversos protagonistas” destas negociações, de forma a perceber se “é possível, de alguma forma, encontrar o número de deputados para viabilizar o Orçamento”, explicou.

Mas Marcelo foi assertivo. “A minha posição é muito simples: ou há Orçamento ou não há Orçamento [e, nesse caso], avanço para o processo de dissolução” da Assembleia da República, tal como já tinha dito ontem.

“É preciso pensar nas consequências e nos passos que se dão. Vamos ponderar até ao último segundo. Mantenho o que disse: o mais desejável, e que esperaria que acontece, é que o OE passasse. Se isso for impossível, inicio logo a seguir o processo de dissolução [do Parlamento] e convoco um Conselho de Estado“, disse o Chefe de Estado, acrescentando que irá “ver o que se passa, serenamente e com bom senso”.

O Bloco de Esquerda anunciou ontem que irá votar contra a proposta de OE2022, mostrando-se, contudo, disponível para negociar. O mesmo sentido de voto foi dado hoje pelo PCP, com Jerónimo de Sousa a dizer que “Portugal não precisa de um Orçamento qualquer”. A confirmarem-se mesmo estas duas votações na quarta-feira, a proposta do Governo para o OE2022 será chumbada, mesmo com a abstenção do PAN e das deputadas não inscritas.

Marcelo sempre se mostrou confiante na aprovação do OE2022, mas isso não o impediu de equacionar o pior dos cenários: eleições antecipadas, possivelmente para janeiro, como referiu a 13 de outubro. Nesse sentido, um novo Orçamento emergiria em abril.

(Notícia atualizada às 13h22 com mais informação)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

PCP anuncia voto contra e chumba Orçamento para 2022

Os comunistas anunciaram esta segunda-feira que vão votar contra a proposta do Governo para o Orçamento do Estado para 2022 (OE 2022) que, assim, chumba.

O PCP anunciou esta segunda-feira que vai votar contra na votação na generalidade do Orçamento do Estado para 2022 (OE 2022) que ocorre na quarta-feira. Assim, com o voto contra dos comunistas e dos bloquistas, o documento não será viabilizado para a fase de especialidade. “Portugal não precisa de um Orçamento qualquer, precisa de uma resposta aos problemas concretos e, neste contexto, o PCP votará contra o Orçamento do Estado“, disse Jerónimo de Sousa, sem mostrar abertura para mais negociações perante aquilo que apelida de recusa por parte do PS.

Para o líder do PCP “não é compreensível que sendo possível dar essa resposta esta seja adiada“, acusando diversas vezes o Governo de não querer ir mais longe na resposta aos problemas que identifica, apesar das cedências anunciadas por António Costa na semana passada. Jerónimo de Sousa assegura que mostrou “sempre disponibilidade para encontrar soluções” nas conversas com o Executivo socialista, mas recusa “abdicar de tudo aquilo que é necessário fazer em nome de um qualquer Orçamento ou em nome de eleições antecipadas”.

Sobre uma potencial reviravolta que leve o PCP a mudar o sentido de voto, Jerónimo de Sousa disse que, perante as longas negociações que já se realizaram, seria necessário um “golpe de magia”. “Foram longas as horas de discussão, nomeadamente no sábado, mas o Governo não nos quis acompanhar”, notou, após a reunião do comité central que decidiu o voto contra, afirmando que “o esforço da nossa parte não encontrou eco da parte do Governo”. Não estão previstas mais negociações, até porque o PCP diz que a divergência vai além do Orçamento: “Impõe-se, no Orçamento do Estado e em outras opções da ação governativa, assumir compromissos e dar sinais claros que apontem um caminho de solução aos problemas nacionais e de elevação das condições de vida do povo”.

Mesmo com a abstenção dos três deputados do PAN e as duas deputadas não inscritas Joacine Katar Moreira e Cristina Rodrigues, a proposta do Governo para o Orçamento de 2022 não irá passar na votação na generalidade na quarta-feira uma vez que os votos contra vão superar os votos favoráveis. Esta será a primeira vez desde 1979, o primeiro Orçamento após o resgate do Fundo Monetário Internacional (FMI), que um Orçamento será chumbado pelo Parlamento, salvo alguma reviravolta.

Na justificação do voto contra, Jerónimo de Sousa elencou uma série de questões, mas focou-se particularmente nos salários, comparando a subida do salário mínimo em Portugal com o que vai acontecer em Espanha e na Alemanha. Para o PCP é um “obstáculo intransponível” o facto de o Governo não valorizar mais os salários, o que considera ser uma “emergência nacional” dado que “não há um futuro para o país com baixos salários“. Mesmo o aumento das pensões é insuficiente: “Dão como uma mão e tiram com a outra“, chegou a dizer Jerónimo de Sousa na conferência de imprensa, utilizando uma frase que tem sido repetida pela direita nos últimos anos.

Não assistiram durante toda a campanha para as eleições autárquicas do agitar dos milhares de milhões que viriam para Portugal para resolver os problemas? Venham! Faça-se isso. Agora não queiram agitar e propagandear essa bandeira e depois quando se trata de responder a problemas concretos, designadamente a defesa do Serviço Nacional de Saúde, os problemas da administração pública, as forças de segurança (…)”, afirmou Jerónimo de Sousa, relembrando as várias intervenções de António Costa sobre o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) em setembro.

Sobre o cenário de eleições antecipadas, o líder do PCP remeteu para o Presidente da República e o Governo, responsabilizando o Partido Socialista. “O PCP está preparado para resolver os problemas do país. Discutir se há ou não eleições, se há ou não uma situação de crise, eu creio que visa fundamentalmente esconder aquilo que é real e que precisa de resposta“, considerou Jerónimo de Sousa, assegurando que “está pronto” para eleições. O líder comunista clarificou que, “se houver eleições por decisão do Presidente da República, nós não batalhámos por eleições, procurámos resolver os problemas e nesse sentido ainda bem que existe esse direito do povo português de exercer o seu direito de voto“.

(Notícia atualizada às 12h50 com mais informações)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

TTR. Uría Menéndez – Proença de Carvalho lidera valor de operações com 3.134 milhões de euros

Segundo o relatório da TTR, nos primeiros nove meses de 2021 as maiores operações de M&A foram assessoradas pela Uría, VdA e Cuatrecasas. SRS com maior número de transações.

O recente ranking da TTR – Transactional Track Record, com análise do período entre 1 de janeiro e 30 de setembro de 2021, revela quais foram os principais escritórios de advogados e legal advisors, nas principais operações de M&A, Venture Capital, Private Equity e Asset Acquisition. A Uría Menéndez-Proença de Carvalho liderou por valor total das operações, cerca de 3.134,39 milhões de euros. A SRS Advogados liderou o ranking de assessores jurídicos por número de transações, com 16.

Segundo o relatório da TTR, nos primeiros nove meses de 2021 foram realizadas 361 transações que se traduziram num valor total de 9.587 milhões de euros. Das quatro áreas, M&A destacou-se com 180 transações (3.061 milhões de euros), seguida por Asset Acquisition com 83 transações (3.364 milhões de euros), Venture Capital com 76 transações (1.247 milhões de euros), e Private Equity com 22 transações (1.915 milhões de euros).

O TTR selecionou como transação do trimestre o aumento de capital no valor de 177 milhões de euros da Greenvolt. A Vieira de Almeida esteve do lado da Greenvolt e PLMJ do lado da Joint Global Coordinators.

M&A, Private Equity, Venture Capital e Asset Acquisitions

As sociedades em destaque são a Uría Menéndez-Proença de Carvalho, com um valor de 3.134,39 milhões de euros, seguida pela Vieira de Almeida, com 3.035,80 milhões, e a fechar o top 3 a Cuatrecasas com um valor total de 1.128,31 milhões de euros. A fechar o top 5 ficaram a Morais Leitão, com 997,04 milhões, e a DLA Piper ABBC, com 530 milhões.

No que concerne ao número de transações em M&A, Private Equity, Venture Capital e Asset Acquisitions a liderar a tabela ficou a SRS Advogados, como 16, seguida pela Morais Leitão (15) e Garrigues (14). No top 5 ficou também a Cuatrecasas, com 13, e a PLMJ com 12 negócios

Private Equity

Na área de Private Equity as sociedades em destaque são a VdA, com um valor de 1.358,40 milhões de euros, seguida pela Uría Menéndez – Proença de Carvalho, com 1.355,40 milhões, a Morais Leitão e Cuatrecasas, com 528 milhões cada, e a PLMJ, com 207,07 milhões.

Já relativamente ao número de transações, a PLMJ ficou em primeiro lugar, com cinco transações, seguida pela VdA, Uría Menéndez – Proença de Carvalho e Morais Leitão, cada uma com três.

Venture Capital

Na área de Venture Capital as sociedades em destaque são a Garrigues, com um valor de 175,84 milhões de euros, a Uría Menéndez-Proença de Carvalho, com 168,99 milhões de euros, e a Morais Leitão, com 108,84 milhões de euros.

Já relativamente ao número de transações, a SRS Advogados ficou em primeiro lugar, com 13 transações, seguida pela Morais Leitão (seis), PLMJ (quatro) e Garrigues, Cuatrecasas e Antas da Cunha Ecija, com três cada.

Equity Capital Markets

A Morais Leitão foi a sociedade de advogados referenciada com as transações de Equity Capital Markets de maior valor, 1.600 milhões de euros. O top 3 contou com a DLA Piper ABBC e a Uría Menéndez – Proença de Carvalho com 1.500 milhões de euros cada. Relativamente ao número de transações, a Morais Leitão e a VdA lideram com duas operações cada.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Novo Banco é agora novobanco. “Entramos no novo ciclo de crescimento”, diz Ramalho

Novo Banco renovou imagem. Passa a chamar-se novobanco. Para o CEO António Ramalho, a mudança era uma necessidade para esquecer o passado e olhar para o "novo ciclo de crescimento".

O Novo Banco é a partir desta segunda-feira novobanco. A instituição apresentou a sua nova identidade que “responde ao novo ciclo de crescimento”, destacou António Ramalho no lançamento da nova imagem, em Lisboa.

A renovação da marca vai representar um investimento de 80 milhões de euros, revelou o CEO do Novo Banco aos jornalistas. Dos quais 1,5 milhões correspondem à parte criativa (de elaboração da nova imagem) e à campanha de meios que arrancará agora nos jornais, televisões e rádios. “É metade do que nos custa uma auditoria especial regular”, notou Ramalho, referindo-se aos custos de três milhões de euros que tem para a realização de auditorias por causa das ajudas pedidas ao Fundo de Resolução.

O banco renova a imagem depois de anos e anos de prejuízos e de ver o nome discutido na praça pública, nomeadamente na comissão de inquérito no Parlamento que terminou na passada sexta-feira, e quer agora um novo rumo para mostrar que “tem algo para dar à sociedade portuguesa”.

“Não se muda de imagem porque não se acredita”, frisou o CEO, que disse que o sucesso do Novo Banco “demorará o seu tempo” mas “será reconhecido” mais tarde ou mais cedo.

CEO aponta a lucros

Com o Novo Banco a apresentar os resultados do terceiro trimestre esta semana, o presidente da instituição escusou-se a levantar o véu sobre as contas, mas deixou a ideia de que o banco se vai manter na trajetória dos lucros que regista na primeira metade do ano.

“Os resultados do semestre são conclusivos sobre a rota de lucro em que o banco está. 137 milhões de resultados positivos [no primeiro semestre] é o que os portugueses gostam de ver. Mas o que os portugueses não veem é que os resultados se devem ao crescimento da margem do produto bancário e redução de custos, ou seja, têm uma origem saudável, e não têm tendência para mudar até final do ano“, explicou António Ramalho.

Ramalho vê oportunidades “na segunda linha de bancos”

O período de reestruturação do banco termina no final do ano, data a partir da qual terminam determinadas restrições, como a aquisição de outros bancos.

Sobre este tema, Ramalho afirmou que vai olhar para “todas as possibilidades de crescimento” do negócio, seja pela via orgânica ou por aquisição “numa segunda linha de bancos” em Portugal. Os jornais já veicularam o interesse do Novo Banco na compra do EuroBic. Quanto à possibilidade de o próprio Novo Banco vir a ser comprado por outra instituição, o CEO remeteu a questão para os acionistas: o fundo americano Lone Star e o Fundo de Resolução.

Ramalho também disse estar convicto de que a razão está do lado do banco nas divergências de 500 milhões de euros com o Fundo de Resolução, as quais estão a ser dirimidas pelos tribunais.

(Notícia atualizada às 12h50)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

A cultura organizacional como fator preponderante para a gestão e definição estratégica

  • PESSOAS + EY
  • 25 Outubro 2021

Eliana Canteiro, consultant EY, People Advisory Services, explica em que medida a cultura organizacional tem um papel fundamental no funcionamento das organizações.

A dinâmica de trabalho nas organizações é fundamentalmente marcada pela orgânica, individual e de grupo, e pelo meio social em que as pessoas se inserem. Os gestores são recomendados a dar toda a atenção ao tema da cultura organizacional e a definir estratégias para estabelecer e desenvolver a cultura mais apropriada ao seu negócio e à sua atividade.

Podemos definir a cultura organizacional, de forma simples, como o conjunto de valores, costumes, comportamentos, as regras não escritas estabelecidas na organização e seguidas tanto a nível individual como a nível de grupo, por todos os colaboradores, quer sejam gestores ou técnicos. Neste sentido, é muito importante que os gestores compreendam os aspetos da cultura para que, acima de tudo, possam implementar medidas que permitam ajustar estes elementos, em benefício dos objetivos da organização e da satisfação das pessoas.

"Pretende-se que as organizações tenham pessoas produtivas e satisfeitas, mas também, que a organização tenha um grupo de pessoas coesas que vivem a sua cultura, os seus princípios, que acreditem nos seus valores e costumes.”

Eliana Canteiro

Consultant EY, People Advisory Services

Numa organização, pretende-se que as pessoas tenham um ambiente de trabalho saudável e que trabalhem motivadas. Os gestores preocupam-se bastante com o wellbeing ou a satisfação das pessoas porque uma pessoa satisfeita no seu dia-a-dia profissional é uma pessoa motivada e mais produtiva. Para o efeito e para o desenvolvimento do conhecimento dos níveis de satisfação, os gestores realizam, e devem realizar periodicamente, pesquisas de clima e satisfação no trabalho. É sim bastante positivo, e os resultados das pesquisas indicam, por vezes, aspetos fáceis e rápidos de corrigir e de implementar que alavancam a satisfação individual e de grupo, levando à melhoria dos resultados produzidos.

Há organizações que, tentando proporcionar níveis de satisfação elevados no ambiente interno, implementam ações que, de alguma forma, podem distorcer a cultura organizacional ou o alinhamento com a mesma. Deve perceber-se que há uma diferença entre estes conceitos, nos seus objetivos e nas ações que podem ser implementadas para os gerir. Pretende-se que as organizações tenham pessoas produtivas e satisfeitas, mas também, que a organização tenha um grupo de pessoas coesas que vivem a sua cultura, os seus princípios, que acreditem nos seus valores e costumes. As organizações também falam, também se expressam e têm a sua própria identidade. O papel dos Gestores é fundamental para garantir que a cultura seja muito própria e que seja seguida pelos restantes.

"Cultura estabelecida e pessoas alinhadas, a combinação perfeita para os gestores atingirem as suas metas de negócio e para as pessoas desempenharem as funções estando satisfeitas (porque se identificam com a cultura), atingirem as suas metas de desenvolvimento profissional e de carreira.”

Eliana Canteiro

Consultant EY, People Advisory Services

As ações estratégicas devem ser pensadas no sentido Organização-Pessoa e não o inverso. Com isto, dizer que sob o ponto de vista organizacional e dos gestores, uma forma de atuar é fazer com que o grupo e os indivíduos se ajustem à cultura existente. É neste sentido que é necessário estudar e identificar comportamentos desviantes, quando as organizações sabem que querem estabelecer uma cultura com certas características e que o grupo adira às mesmas. É um caminho talvez um pouco subjetivo, mas possível. Mostrar às pessoas que se beneficiam também da cultura organizacional se optarem por seguir os valores, adotar os comportamentos e assimilar as crenças implícitas na organização.

Este trabalho de gestão vai facilitar a implementação de estratégias com vista à gestão da cultura organizacional e das pessoas, a vários níveis. Quer a nível de gestão das pessoas que já fazem parte da organização, quer a nível de retenção e recrutamento. Há pessoas que procuram trabalhar em certas organizações por causa da sua cultura e forma de estar no mercado de trabalho. Os gestores vão conseguir estabelecer um grupo de trabalho que “veste a camisola”.

Estas pessoas devem “comunicar” com a organização e agir de acordo com a sua cultura estando perfeitamente comprometidas. Acredita-se que neste caso, quando as pessoas abraçam a cultura há uma harmonia saudável, win-win. Cultura estabelecida e pessoas alinhadas, a combinação perfeita para os gestores atingirem as suas metas de negócio e para as pessoas desempenharem as funções estando satisfeitas (porque se identificam com a cultura), atingirem as suas metas de desenvolvimento profissional e de carreira.

Interessado em saber mais? Subscreva aqui as comunicações da EY Portugal (convites, newsletters, estudos, etc).

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

PAN vai abster-se na votação do Orçamento do Estado na generalidade

O PAN decidiu abster-se na votação na generalidade do Orçamento do Estado, que está marcada para quarta-feira na Assembleia da República.

O PAN vai abster-se na votação da proposta de Orçamento do Estado (OE) para 2022 na generalidade, anunciou a porta-voz do partido, Inês Sousa Real. O partido tinha apresentado ao Governo um memorando de entendimento com cerca de 50 propostas essenciais para a viabilização do documento.

A decisão chega depois de uma “ponderada análise do OE, aquele que é o acolhimento das medidas, atendendo ao momento complexo do país, o esforço de diálogo e responsabilidade acrescida de construção de pontes”, que é “ainda maior para toda e qualquer força política”, apontou Inês Sousa Real, que falava numa conferência de imprensa transmitida pelas televisões.

A líder do PAN enunciou um conjunto de medidas que foram acolhidas pelo Governo, nomeadamente o apoio à agricultura biológica e boas práticas no setor, um pacote que “visa garantir a adaptação das habitações à crise climática”, medidas para garantir mais oferta de transportes públicos, através de uma maior verba, bem como o fim do uso de chumbo na pesca e na caça e uma campanha nacional de esterilização de animais de companhia.

Existem ainda medidas, como avanços no projeto-piloto para o rendimento básico incondicional, que o Governo não acolheu, mas tal “não significa que não continuemos em diálogo”, sinalizou a deputada.

No que toca à votação final global do OE, o PAN não se compromete com o apoio à viabilização. Inês Sousa Real indica que “está tudo em aberto”: “Temos de fazer balanço do que fica inscrito no OE”, que “terá que sair da Assembleia da República com uma marca que não seja exclusiva do Governo”, sublinhou. A responsável apontou que “ainda não estão fechadas as negociações”, apesar de já permitirem a abstenção do PAN na generalidade.

Na manhã desta segunda-feira, as deputadas não inscritas Cristina Rodrigues e Joacine Katar Moreira também anunciaram a respetiva abstenção na votação na generalidade. Já o PCP, determinante para a proposta do Governo passar no crivo da Assembleia da República, acabou por anunciar que iria votar contra, pondo em causa a aprovação do OE.

(Notícia atualizada pela última vez às 11h05)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Setor dos componentes para automóveis pode perder quatro mil empregos em 2021

  • Lusa
  • 25 Outubro 2021

O presidente da Associação de Fornecedores da Indústria Automóvel alertou que o setor dos componentes automóveis em Portugal pode perder cerca de quatro mil postos de trabalho este ano.

O setor dos componentes automóveis em Portugal pode perder cerca de quatro mil postos de trabalho este ano, quatro vezes a perda de emprego verificada em 2020, avisa o presidente da Associação de Fornecedores da Indústria Automóvel (AFIA).

Em declarações à agência Lusa, José Couto garante, no entanto, que as 358 empresas do setor, que empregam diretamente 61 mil pessoas, não pretendem que haja despedimentos, dada a especialização e qualificação dos seus trabalhadores.

“Podemos ter uma queda de quatro mil trabalhadores. Acreditamos que as empresas vão fazer um esforço para não despedir, mas no estudo que fizemos, numa primeira análise, esse foi o numero que nos indicaram”, afirmou o dirigente associativo.

Estes dados, revelou José Couto, são do conhecimento do Governo, a quem a AFIA pede medidas para contrariar o possível aumento do desemprego, nomeadamente a reativação do lay-off simplificado.

“Em 2019, tínhamos 62 mil trabalhadores, baixamos 2% em 2020, passamos para 61 mil. E, neste momento, a nossa expectativa é que diminua o número de população empregada. De 2019 para 2020, o país teve instrumentos para conter o desemprego e o lay-off simplificado foi uma medida que se revelou eficaz. O que sugerimos ao Governo é reativar este instrumento, porque, se nada for feito, os nossos associados dizem-nos que o desemprego vai aumentar”, enfatizou.

Em causa, no setor dos componentes para automóveis, está a diminuição das encomendas dos clientes, nomeadamente dos construtores europeus, com efeitos na diminuição da produção, a que se somam os custos de logística com a “demora” das matérias-primas “em chegar da Ásia à Europa”.

Ao nível das matérias-primas soma-se ainda a escassez de semicondutores no mercado, “um problema complicadíssimo e a expectativa é que não tenha resolução nos próximos anos” e o próprio aumento do preço “nalguns casos de 180%”, explica José Couto.

Depois, há ainda os custos da energia “que cresceram significativamente”: “Não é só o preço dos combustíveis, o preço do gás também está altíssimo e o preço da eletricidade é incomportável. As empresas sofrem muito, é quase uma tempestade perfeita”, ilustrou.

No estudo que a AFIA elaborou sobre a realidade da área dos componentes para automóveis e de acordo com José Couto – que preside à associação criada em 1966 em representação da Microplásticos – “a maior parte das empresas dizem que vão acabar [2021] com menos trabalhadores, o que significa uma diminuição da capacidade de produção pela diminuição dos custos fixos ligados ao emprego”.

“Temos, neste momento, um conjunto de informação que diz que podemos perder bastantes trabalhadores, porque as empresas necessitam de diminuir os seus custos”, reafirmou, notando que, “embora possam ter de libertar um conjunto de trabalhadores”, as unidades industriais não o querem fazer, já que “são trabalhadores altamente especializados e significam um custo enorme para as empresas no processo de formação e qualificação”.

“A indústria automóvel tem necessidade de manter níveis de produtividade altíssimos e as empresas procuram manter esses trabalhadores nos quadros e não desfazer-se desse ativo muito importante”, afiança.

Segundo José Couto, em 2020, a venda de automóveis novos na Europa caiu 23,6% (menos 4,4 milhões de veículos) e em 2021, até agosto, já se comercializaram menos 24,4%. “Isto tem um efeito enorme sobre a produção de veículos automóveis, e o expectável é que em 2021 se vão produzir menos cinco milhões de automóveis. E em 2022 e 2023 não é expectável que se possa recuperar aquilo que foi a produção de 2019”, sublinha o presidente da AFIA.

“Neste momento, a queda da produção automóvel determina uma queda das componentes e a indústria portuguesa não é mais do que as outras, temos aqui uma diminuição de atividade significativa. Em agosto andava à volta dos 12,5%, mas nós temos já indicações que, até ao final do ano, este número irá aumentar para cima de 20%”, frisou José Couto.

Metalúrgica e eletrónica em maioria nos componentes automóveis

As áreas metalúrgica/metalomecânica e elétrica/eletrónica representam 63% dos componentes para automóveis produzidos em Portugal, em 385 fábricas pertencentes a 358 empresas, maioritariamente localizadas (85%) nas regiões Norte e Centro, revelam dados de uma associação do setor.

De acordo com informação disponibilizada à agência Lusa pela Associação de Fornecedores da Indústria Automóvel (AFIA), a metalurgia e metalomecânica têm um peso de quase um terço (32%) dos componentes fabricados no nosso país, logo seguidas das industrias elétrica e eletrónica (31%), dos plásticos, borrachas e outros materiais compósitos (18%), têxteis e revestimentos (11%) e montagem de sistemas (5%).

Segundo os mesmos dados, as 358 empresas existentes em Portugal – 63% de capital maioritariamente português e 37% de capital maioritariamente estrangeiro – estão situadas na Região Norte (55%), seguida da Região Centro, com cerca de 30%. A região de Lisboa e Vale do Tejo congrega cerca de 8% das indústrias do setor e o Alentejo 6%.

Por distritos, as 385 fábricas localizam-se, predominantemente, no litoral Norte e Centro: Aveiro conta com 83 unidades industriais, o Porto com 82, Braga tem 48 e Viana do Castelo 31, representando estes quatro territórios 63% do total de unidades industriais. O distrito de Lisboa possui 26 fábricas, Santarém e Leiria 22, Setúbal 20 e Coimbra 11.

Há ainda fábricas de componentes para automóveis em Viseu (14), Évora (10), Bragança (5), Guarda (4) e Vila Real (3), enquanto Portalegre e Castelo Branco possuem duas unidades industriais cada, sendo Beja e Faro os únicos distritos onde estas indústrias não existem, de acordo com a AFIA.

Entre 2015 e 2019, a taxa de crescimento média anual do volume de negócios situou-se nos 8,8%, atingindo 11,9 mil milhões de faturação em 2019, antes da pandemia de covid-19. Em 2020, o volume de negócios foi de 10,4 mil milhões de euros (cerca de 5,6% do Produto Interno Bruto nacional), menos 12,6% do que no ano anterior.

Segundo José Couto, presidente da AFIA, 85% das empresas diminuíram o volume de negócios em 2020 face a 2019, “e 73% diz que, em 2021, terá um volume abaixo de 2019”.

“A diminuição é menor do que aquela que aconteceu em 2020, mas mesmo assim é relevante. E, dessas empresas, 43% têm quedas registadas e expectáveis superiores a 20%, o que é uma queda muito importante”, notou.

Em termos relativos, por regiões, o Norte representou 54% do volume de negócios e 57% dos 61 mil postos de trabalho do setor em 2020, enquanto o Centro congregou 24% da faturação e 27% dos postos de trabalho. Em sentido contrário, em Lisboa e Vale do Tejo o volume de negócios (18%) foi superior ao emprego gerado (10% do total) pelos fornecedores de componentes automóveis.

As 358 empresas são 0,9% do total da indústria transformadora, na qual representam 8,8% dos postos de trabalho. Entre 2015 e 2019, foram criados mais de 14 mil postos de trabalho no setor dos componentes para automóveis, uma tendência sempre crescente, que contribuiu para uma taxa de crescimento média anual de emprego de 6,6%, nesse período.

De 2019 para 2020, em plena pandemia de Covid-19, o emprego caiu 2% (cerca de mil postos de trabalho), situando-se, atualmente, nas 61 mil pessoas (58% homens e 42% mulheres, proporção que, segundo a AFIA, tem sido constante).

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Aicep expõe produtos “made in Portugal” na loja chinesa da Alibaba

De acordo com a Aicep, o comércio online no segmento de comida e bebidas poderá crescer mais de 8% ao ano até 2024. A agência considera que e-commerce "pode ser a chave para o sucesso das empresas".

A Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (Aicep) vai lançar esta quarta-feira a iniciativa “Agregador de Produtos Agroalimentares Portugueses”, uma espécie de montra de produtos agroalimentares portugueses no marketplace chinês Alibaba. “O e-commerce pode ser a chave para o sucesso das empresas do setor”, acredita a Aicep.

O projeto juntará artigos de diversas empresas portuguesas do setor agroalimentar numa página web comum na plataforma chinesa, com gestão comercial e de marketing conjunta. Com o apoio da Aicep e da AMVOS Digital, “será possível garantir uma gestão profissional desta página web e reduzir significativamente os encargos financeiros das empresas, o que criará condições propícias para um melhor desempenho no e-commerce.

A Aicep espera que o comércio online no segmento de comida e bebidas cresça mais de 8% ao ano até 2024, o que aumenta a necessidade de as empresas portuguesas desenvolverem estratégias de e-commerce eficazes. O objetivo é ganhar quota de mercado e aumentar o volume de negócios das empresas participantes, aumentando a “competição online” a médio prazo.

“O setor agroalimentar irá enfrentar grandes desafios nas próximas décadas, num contexto de rápida mudança das tendências e escolhas dos consumidores. O e-commerce pode ser a chave para o sucesso das empresas do setor, que conseguirão competir mais livremente e com acesso a um grande mercado global”, explica a Aicep em comunicado.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

BE acusa Governo de “não mostrar vontade para negociar”

  • ECO
  • 25 Outubro 2021

O Bloco argumenta que o Governo "sabe há muito tempo" quais são as nove propostas que o BE levou a negociação, essenciais para a viabilização do Orçamento do Estado.

À medida que se aproxima a votação na generalidade do Orçamento do Estado, mantém-se o impasse nas negociações entre o Bloco de Esquerda e o Governo. Depois de o Executivo pedir ao partido que faça uma avaliação do OE para além das nove propostas que exigiu para a viabilização, o Bloco diz que o Governo “não mostra uma vontade de negociar”.

“Do ponto de vista negocial, é estranho que o Governo peça isso, porque o Governo sabe há muito tempo que estas são as nove propostas que o BE levou a negociação”, reiterou Pedro Filipe Soares, líder parlamentar do BE, em entrevista à TSF. No que diz respeito a estas medidas, o Governo “não deu respostas satisfatórias, e na maioria delas, não deu sequer resposta”, apontou.

O Bloco anunciou este domingo que votará contra o OE “se nada for feito”, o que motivou o Governo a acusar o partido de “intransigência”. Pedro Filipe Soares defende que “não faz sentido ao longo de todo este processo acusar o BE de intransigência e, desse ponto de vista, o BE tem disponibilidade para dialogar e negociar com o Governo”. As negociações poderão assim continuar, até à votação na generalidade, que está marcada para esta quarta-feira, no Parlamento.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Clima incerto e vespa asiática ameaçam produção de mel na região Centro

  • Lusa
  • 25 Outubro 2021

A instabilidade climática e os ataques da vespa asiática são as principais causas da baixa produção de mel dos últimos anos. “Se o Estado não tomar medidas, a apicultura entra em declínio”.

A instabilidade climática é uma das causas da baixa produção de mel dos últimos anos, no Centro de Portugal, podendo os novos projetos evitar o futuro amargo traçado para esta atividade por alguns apicultores.

Ao clima irregular, que não atinge por igual todos os municípios da região, juntam-se a proliferação da vespa velutina, predadora de abelhas e outros insetos, os custos de produção e o impacto dos incêndios no coberto vegetal, entre outros fatores.

“Se o Estado não tomar medidas de apoio direto à produção, por colmeia, a apicultura entra em declínio”, alerta a diretora executiva da Lousãmel – Cooperativa Agrícola dos Apicultores da Lousã e Concelhos Limítrofes, Ana Paula Sançana.

Devido aos ataques da também designada vespa asiática, que vieram somar-se à infestação das colmeias pela varroa, um ácaro que dizima as colónias de abelhas, “são agora muitos os encargos”, afirma à agência Lusa.

“O maneio precisa cada vez de mais cuidados, para não perdermos os efetivos”, adianta Ana Paula Sançana, ao enfatizar que a velutina “traz muitos problemas”.

Idêntica opinião tem Tiago Valdeira João, que possui 300 colmeias na Sertã, distrito de Castelo Branco.

“A apicultura é dos negócios mais instáveis que existem. Muitos fatores podem influenciar a abelha e o próprio clima não é certo”, refere.

Tiago João, de 28 anos, iniciou em 2018 um projeto, financiado pelo Programa de Desenvolvimento Rural (PDR), que deveria terminar em 2023, mas que foi prolongado até 2024, na sequência da pandemia da Covid-19.

O apicultor reconhece que “as dificuldades surgem sempre”, mas recusa uma visão pessimista do seu trabalho.

“Este ano, já tive alguma quantidade de mel”, após três anos a apostar no “desdobramento dos enxames” tendo em vista cumprir a meta das 300 colmeias, que estão distribuídas por nove apiários, entre Sertã e Proença-a-Nova.

Na região demarcada do mel com denominação de origem protegida (DOP) Serra da Lousã, gerida pela Lousãmel, no distrito de Coimbra, as manchas de urze, cuja flor determina as características deste produto natural, têm diminuído por causa dos fogos e da propagação das espécies invasoras.

“A qualidade do mel DOP não está em causa. O problema é a quantidade”, assegura Ana Paula Sançana, segundo a qual “há apicultores desmotivados com o aumento dos encargos fixos e que acabam por sair do processo de certificação”.

O presidente da Lousãmel, António Carvalho, confirma o atual panorama do mel DOP Serra da Lousã.

“Desde os incêndios de 2017, tem sido uma desgraça, com quantidades muito pequenas para a procura que temos. Este ano foi ainda pior do que 2020”, lamenta.

Para António Carvalho, tal tendência “tem a ver igualmente com as alterações climáticas e com a grande concentração de colmeias” na Serra da Lousã.

O dirigente, todavia, deposita “esperança nalguns jovens apicultores que têm aparecido e com mais entusiasmo”.

“Não temos tido anos favoráveis. Antes, o clima era muito mais regular”, sublinha à Lusa, por sua vez, Luís Estêvão, presidente da Pampimel – Cooperativa de Apicultores e Produtores de Medronho de Pampilhosa da Serra.

As áreas de urze “têm vindo a diminuir” neste concelho montanhoso do interior, onde predominam os apiários familiares.

“Os grandes produtores vão adaptar-se. Os pequenos pagam para produzir mel, não fazem contas, enquanto os médios terão muitas dificuldades em sobreviver”, prevê Luís Estêvão.

No concelho da Figueira da Foz, António Graça, de 70 anos, que trabalhava na construção civil, dedica-se à apicultura a tempo inteiro desde a última década.

“Mas estou a desistir um bocado disto e já abandonei cinco colmeais”, revela à Lusa.

De ano para ano, António Graça tem registado “um decréscimo substancial” da colheita de mel e associa as maiores perdas à ação nefasta da vespa asiática.

Em Pinhel, Pedro Fernandes, de 36 anos, prossegue uma atividade familiar que já vinha do avô. “Não adianta nada ser pessimista quanto ao futuro”, defende.

A empresa, que também se dedica ao turismo rural, possui mil colmeias nos concelhos de Pinhel e Trancoso, distrito da Guarda, e Penedono, distrito de Viseu.

A velutina interfere “muito pouco” nas quantidades de mel obtidas na zona, diz.

“Esta atividade não é linear”, aceita, para admitir que, na Beira Alta, o principal inimigo dos apiários “tem sido a instabilidade climática”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Nas notícias lá fora: Endesa, Polónia e hidrogénio azul

Líder da Endesa diz que o setor está a viver um drama. Arábia Saudita vai usar campo de gás natural para produzir hidrogénio azul. Tesla retira novo software do mercado após reclamações.

Os preços da eletricidade continuam a marcar a atualidade. O líder da Endesa diz que o “setor está a viver um drama” e que, ao longo da carreira, nunca assistiu a uma escalada nos preços da eletricidade como a de agora. A Arábia Saudita vai usar um campo de gás de 100 mil milhões para produzir hidrogénio azul. Conheça estas e outras notícias que marcam a atualidade na imprensa internacional.

Cinco Días

Líder da Endesa diz que o setor está a viver um drama

O líder da Endesa, José Bogas, propõe intervir no mercado do gás natural para aliviar a crise provocada pelos preços altos da eletricidade. O responsável descreve a situação do setor como um “drama” e avisa que não pode comprar energia a 200 euros por MWh para a vender a 60. O gestor diz ainda que, ao longo da sua carreira, nunca assistiu a uma escalada nos preços da eletricidade como a que se observa atualmente.

Leia a notícia completa no Cinco Días (acesso livre/conteúdo em espanhol).

Financial Times

Primeiro-ministro polaco acusa UE de “armas apontadas à cabeça”

O primeiro-ministro polaco acusou a UE de fazer exigências a Varsóvia como uma “arma apontada à cabeça”, exortando Bruxelas a recuar na ameaça de sanções judiciais e financeiras ao país, depois de a Comissão ter concluído este mês que partes da Constituição polaca não respeitam as regras comunitárias. Mateusz Morawiecki prometeu acabar com a câmara disciplinar para juízes que o Tribunal Europeu de Justiça considera ser ilegal, um dos fatores a provocar este choque, mas disse que se Bruxelas quiser “começar a terceira guerra mundial” ao não desbloquear fundos comunitários à Polónia, o país se defenderá “com todas as armas que tem ao seu dispor”.

Leia a notícia completa no Financial Times (acesso pago, conteúdo em inglês).

Reuters

Tesla retira software de condução autónoma do mercado após problemas

A Tesla, fabricante de carros elétricos, retirou do mercado a mais recente atualização ao software de condução autónoma “Full Self Driving” dos seus automóveis, depois de alguns utilizadores se terem queixado de falsos avisos de colisão e outros problemas técnicos relacionados com a novidade. Elon Musk, líder da empresa, disse no Twitter que a marca vai recuar na versão do programa, da 10.3 para a 10.2.

Leia a notícia completa na Reuters (acesso pago/conteúdo em inglês).

Wall Street Journal

Democratas estudam imposto sobre mais-valias não realizadas

Um novo imposto anual sobre as mais-valias não realizadas dos multimilionários poderá ser incluído no pacote orçamental que os Democratas norte-americanos esperam finalizar esta semana. “Provavelmente teremos um imposto sobre o património”, afirmou Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes. As mais-valias realizadas são os ganhos relacionados com o incremento de valor de um ativo financeiro no mercado, mas que ainda não foi vendido pelo seu titular.

Leia a notícia completa no Wall Street Journal (acesso condicionado/conteúdo em inglês).

Bloomberg

Arábia Saudita vai usar campo de gás natural para produzir hidrogénio azul

A Arábia Saudita vai recorrer a um dos maiores projetos mundiais de gás natural para produzir hidrogénio azul — um combustível altamente inflamável obtido a partir do gás natural, mas cujo dióxido de carbono emitido no processo é capturado, armazenado e enterrado no solo. Uma grande parte do gás do desenvolvimento Jafurah, avaliado em 110 mil milhões de dólares (94 mil milhões de euros), será utilizada para o hidrogénio azul, que desempenhar um papel de relevo na descarbonização da economia mundial.

Leia a notícia completa no Bloomberg (acesso pago/conteúdo em inglês).

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Economia portuguesa continua a crescer sem aumentar emissões e aquecer o planeta

  • Capital Verde
  • 25 Outubro 2021

O Instituto Nacional de Estatística revelou os principais resultados das Contas das Emissões Atmosféricas para 2019. Este ano foi o que registou os valores mais baixos desde 1995.

Em 2019, o Potencial de Aquecimento Global continuou a diminuir num contexto de crescimento económico. A conclusão é do Instituto Nacional de Estatística. Neste ano pré-pandémico, o Potencial de Aquecimento Global e o de Acidificação diminuíram 4,7 e 1,8%, respetivamente. Já o Potencial de Formação de Ozono Troposférico aumentou 0,2%. Por outro lado, observou-se um crescimento da atividade económica: o Valor Acrescentado Bruto (VAB) cresceu, em termos reais, 2,6%.

Os números não mentem e mostram uma redução da intensidade energética e, ao mesmo tempo, da relação entre emissões e procura de energia. Entre 2010 e 2019, a emissão de CO2 por unidade de VAB decresceu 15,5% em Portugal, diz o INE. OU seja, estamos a poluir menos para que a economia possa crescer.

Em 2019, o Potencial de Aquecimento Global (GWP) atingiu 66,2 milhões de toneladas de equivalente de CO2, o que correspondeu a uma diminuição de 4,7% face ao ano anterior. Os dados são do Instituto Nacional de Estatística, retirados das Contas e Emissões Atmosféricas para 2019, ano em que o GWP atingiu o valor mais baixo da série de dados iniciada em 1995 pelo INE.

À semelhança do que tem vindo a ser registado desde 1998, o ramo de atividade económica que mais contribuiu para o GWP em 2019 foi o da energia, água e saneamento (25,2%). No entanto, relativamente ao ano anterior, este foi também o ramo de atividade que mais reduziu as suas emissões (-22,3%).

Ainda assim, e apesar da diminuição, o ramo da energia, água e saneamento, juntamente com a indústria, perfizeram 53,4% do total de emissões de CO2 e são, por isso, os ramos de atividade que contribuem mais para o GWP. Já a agricultura, silvicultura e pesca emitiram as maiores quantidades de metano e óxido nitroso (75,7% e 48,5%, respetivamente).

Nestes dados do INE, consta também a intensidade carbónica da economia, que quantifica a relação entre as emissões do GWP necessárias para a obtenção de todos os bens e serviços produzidos, medida através do rácio entre o total nacional de emissões do GWP e o Produto Interno Bruto (PIB).

Também aqui foi registado o menor número desde 1995, já que, em 2019, a intensidade carbónica da economia portuguesa decresceu 7,1% relativamente ao ano anterior. Entre 2010 e 2019, o decréscimo foi de 13,1%.

Mais uma vez, a redução no ramo de energia, água e saneamento (-19,1%) foi a que mais contribuiu para estes números. No entanto, esta tendência só se começou a verificar em 2019, isto porque no período 2010-2019 o mesmo ramo de atividade foi o que registou a menor diminuição da intensidade das emissões de GWP (-3,0%), em comparação com os decréscimos na indústria (-21,4%), na construção (-10,4%), na agricultura, silvicultura e pesca (-6,4%) e nos transportes, informação e comunicação (-3,2%).

A redução de 48,1% no consumo do carvão em 2019 face ao ano anterior, aliada a um aumento de 9,5% das produções das energias eólica, geotérmica e fotovoltaica são, de acordo com os dados do INE, outros dos motivos que levaram à diminuição do GWP em 2019, apesar da forte redução da produção da energia hídrica (-24,1%) devido ao tempo quente e seco desse ano.

As conclusões do INE apontam, por isso, a melhoria da eficiência energética (redução do indicador de intensidade energética) e a redução da relação entre as emissões e a procura de energia, com evidência progressiva no recurso a fontes de energia menos poluentes, como sendo os fatores mais determinantes para o decréscimo das emissões de GWP na economia portuguesa.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.